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Disciplina: Clínica Médica de Equinos

Período: 2022.1

Dermatologia equina

MV. Esp. Msc. Walter Henrique Cruz Pequeno


Considerações iniciais
→ A pele e os pelos constituem o manto de revestimento do organismo
animal,
→ Barreira de proteção ao frio, ao sol, da desidratação e das
contaminações externas,sendo um dos componentes importantes na
manutenção da termorregulação
Glândulas Sudoríparas
→ Distribuídas praticamente por todo o corpo do animal, exceto nas
extremidades,

→ Conferindo uma grande capacidade de suar, que associada a mecanismos de


ereção dos pêlos, formam um perfeito sistema de resfriamento.
Principais afecções
→ Anidrose termogênica
→ Habronemose cutânea
→ Pitiose
→ Sarcóide
→ Melanoma
→ Dermatofitose
→ Dermatofilose
→ Pênfigo
→ Tratamentos de ferida
Anidrose termogênica
→ E uma alteração funcional das glândulas sudoríparas que acomete cavalos
submetidos a exercícios, em regiões de clima quente e úmido.

→ A falha no mecanismo da sudorese responsável pela manutenção do equilíbrio da


temperatura corporal gerado pela incapacidadie das glândulas sudoríparas de
responderem aos estímulos da adrenalina circulante, retendo calor desnecessariamente.

→ Existem suspeitas de que a capacidade de adaptação ao clima tropical,


principalmente de animais oriundos de regiões temperadas ou de clima frio,
→Possui um componente hereditário.
Sinais clínicos

→ Dispneia;

→ Alterações de sudorese, logo após o exercício;


→A produção de suor reduz se gradativamente, podendo restringir- se
apenas as regiões do pescoço e entre as coxas;
→ Podem apresentar elevação de temperatura de até 41 a 42°C logo
após o exercício;
→ Pele ressecada, escamosa e sem elasticidade
Tratamento
→ Retirar os animais dos climas quentes

→Banhos frios nos horários quentes

→ Soluções eletrolíticas

→Vit e

→ Ventilador / resfriamento
Habronemose cutânea
→ Etiologia
Habronema muscae
Habronema microstoma (H. majus)
Draschia megastoma (H. megastoma)
→ Parasitas pouco importantes no ciclo convencional, porém o ciclo
errático que causa sérios problemas causando:
→ Granulomas cutâneos resistentes

→ Desconfiar em casos de feridas que não melhoram após tratamento


convencional
Habronemose Cutânea
→ Larvas eclodem de ovos nas fezes

→ Ingeridas por varejeiras

→ Terceiro estágio (infectante)

→ Migram para a boca e lábio da mosca

→ Mosca pousa em algo quente e úmido

→ Lábio, conjuntiva ou feridas

→ engolidas (completam o ciclo)

→ feridas ou conjuntiva (beco sem saída)

→ Larvas aberrantes (Maiores transtornos)


Habronemose
→ Ampla distribuição geográfica,

→ Relatado em todo o país.

→ Acomete equinos de qualquer idade.

Nomes populares: Câncer dos pântanos, Ferida de verão, Esponja.


Locais mais frequentes
→ Canto medial dos olhos
→ Comissura labial
→ Cernelha
→ Processo uretral
→ Pênis
→ Regiões distais dos membros
→ Porção ventral do abdômen
Lavagem do ducto nasolacrimal
Habronemose

→ Massas ulcerativas e nodulares com larvas

→ Infecção bacteriana e micótica secundárias

→ Processo uretral
Aumento de volume

Sangramento durante o coito

Diminuição da libido e fertilidade


Habronemose Conjuntival
→ Deposição das larvas no tecido ocular
→ Corrimentos oculares e feridas periocular
→ Conjuntivite granulosa – blefaroconjuntivite
→ Alteração no funcionamento da pálpebra
→ Irritação da córnea
→ Lacrimejamento
→ Obstrução do ducto nasolacrimal
Diagnóstico
→ Histórico e Sinais Clínicos
→ Forma cutânea
Biópsia cutânea – histopatologia
Raspado cutâneo profundo
DD: → Ptiose
→Carcinoma de células escamosas
→Sarcóide
→Botrimicose - granuloma bacteriano
→Forma gástrica – difícil diagnóstico
→Difícil demonstração dos ovos em OPG
Tratamento

→ Objetivos
→ Reduzir o tamanho da lesão

→ Reduzir inflamação

→ Eliminação do parasita do estômago

→ Reduzir os vetores
Tratamento
→ Terapia inseticida sistêmica
Eliminar parasitas do estômago
Ivermectina - 4 aplicações com 7 dias de intervalo – 0,2 mg/kg
Ivermectina pasta
Organofosforados
Triclorfon pó – 25 a 40 mg/kg – repetir após 20 dias

→curetagem e limpeza diária da lesão


→Pasta cutânea
-Aplicar 1 a 3 vezes ao dia
Controle e prevenção
→ Remover os dejetos, cama suja e lixo;
→ Higienizar periodicamente locais ocupado pelos animais;
→ Uso de anti-helmínticos em animais infectados – controle de nematóides
adultos;
→ Utilizar armadilhas mata-moscas;
→ Usar inseticidas;
→ Tratar ferimentos e escoriações;
Pitiose

→ Infecção invasiva, ulcerativa, proliferativa, piogranulomatosa causada


pelo Pythium insidiosum

→ Acomete

Membros
Abdômen
Tórax
Pitiose
Pythium insidiosum é o agente causador da pitiose, um oomiceto presente
principalmente em áreas tropicais, subtropicais e temperadas, sua forma infectante, o
zoósporo, se desenvolve em áreas alagadas e com temperatura ambiente entre 30°C e
40ºC
Sinais clínicos
Lesões macroscópica
Granulomas subcutâneos
Lesões ulceradas, bordas irregulares
Corrimento serossanguinolento
Prurido
Grandes concreções – “ kunkers”
Massas necróticas
Branco-amarelada
Células inflamatórias
•Sinais Clínicos não cutâneos
→Claudicação
→ Anemia
→ Hipoproteinemia
→ Emagrecimento
→ Debilidade
Tratamento
→ Remoção cirúrgica

Remoção com extensa margem

→ Imunoterapia
Cultura fúngica liofilizada – vacina
→ Limpeza diária da ferida
Novas Terapias

→ Acetato de triancinolona, intramuscular por sete dias nas doses 20; 16; 12;
8; 4; 2; 2 e 2 mg/dia, com intervalo de 20 dias e 4 repetições, até a cicatrização
completa.
→ LIMPEZA DA FERIDA
Terapêutica
Acetato de triancinolona, 50 mg/animal, por via intramuscular (IM), a
cada sete dias, em um total de três aplicações, associado ao iodeto de potássio,
10 g/animal, via oral (VO), a cada 24 horas (SID), por 15 dias.

O tratamento resultou em melhora clínica completa, com remissão


macroscópica das lesões, sem a necessidade de exérese cirúrgica, podendo
ser considerado como uma boa alternativa no tratamento de pitiose equina.
Sarcóide
→Tumor do tecido fibroso
→ Etiologia viral (papiloma vírus)
→ Ocorre forte predisposição genética
→ Cabeça
→ Membros
→Abdômen ventral
→ Região de trauma
Sarcoide
→ É a neoplasia cutânea mais frequente entre os equinos e o único tumor
cutâneo encontrado em asininos, muares e zebras

→ Não possui predileção por raças, entretanto, há maior susceptibilidade nos


animais Appaloosa, Puro Sangue Árabe, Quarto de Milha, Paint Horse, Puro
Sangue Inglês e Crioulo.

→ Acomete animais com idade entre um e seis anos, independente de sexo e


características de pelagem.
Tipos de Sarcóide
→ O sarcóide equino apresenta seis formas distintas, visivelmente diferentes e
histologicamente reconhecíveis, classificadas em:

-Oculto,

-Verrucoso,

-Nodular,

-Fibroblástico,

-Misto

-Maligno
Sarcóide oculto
→ Caracterizado por áreas focais e circulares com
alopecia, descamação, espessamento da pele,
hiperqueratose e hiperpigmentação

→ Apresenta predileção por locais como a pele ao


redor da boca e olhos, pescoço, face, parte medial
dos membros, codilho e virilhas

DD: foliculites infecciosas (bacterianas e


dermatofitoses) e alopecia areata
Sarcoide verrucoso
→ Aparência de verruga com graus variáveis de descamação e dimensão, em
áreas mais limitadas ou amplas do corpo

→ Pequenas áreas ulceradas podem estar presentes.

DD: papiloma
Sarcoide nodular
→ Caracteriza-se por lesões, facilmente reconhecíveis, firmes e bem definidas no
tecido subcutâneo como nódulos esféricos (5-20 mm de diâmetro). A quantidade é
variável podendo chegar a centenas.
Sarcóide Fibroblastico
Aparência ulcerada, podendo ser pedunculado com base bem
definida (tipo A) ou difuso (tipo B).

- Semelhante ao tecido de granulação, com massas


ulceradas

DD: granulação, pitiose, habronemose e carcinoma de células


escamosas
Sarcoide misto
Lesão possui características de mais de um tipo
dos descritos anteriormente

Sarcóide Maligno
→ A forma maligna é agressiva e localmente
invasiva com infiltração dos vasos linfáticos,
resultando em múltiplos cordões de massas
tumorais que se estendem amplamente na pele e
tecido subcutâneo adjacente
Diagnóstico
→Histórico,

→Apresentação clínica

→ Exame histopatológico

A biópsia é realizada tanto para diferenciar o sarcoide equino de outras


enfermidades como também para determinar a escolha do tratamento. Contudo, é
necessário cautela na escolha da sua realização, já que o simples trauma da
técnica pode levar a proliferação e evolução do tumor
Tratamento
A excisão cirúrgica é recomendada para remoção completa do tumor Podendo
apresentar recidiva no período de até seis meses após o tratamento .

Assim, para minimizar essa característica, deve ser feita cirurgia com
margem de segurança de 0,5 a 1 cm de diâmetro, visto que é relatada a presença
de DNA de BPV nas margens das lesões.

Cauterização pós excisão


Tratamento
A crioterapia é comumente utilizada e demonstra sucesso nos resultados. É
realizada com nitrogênio líquido (- 185°C) ou óxido nitroso (- 80°C) e pode ser
executada isoladamente ou depois de redução cirúrgica do tumor.

Pode ocorrer despigmentação da pele e pêlo, além de alopecia após o


tratamento, permanecendo durante 6 meses ou mais
Tratamento
→ Tratamento de feridas

→Utilização de BCG intralesional


→ Aciclovir
Carcinoma de células escamosas
Melanoma
Células produtoras de melanina
→Acomete preferencialmente cavalos tordilhos
→ Ocorre com maior frequência em animais acima de 6 anos
→ Sinais Clínicos:
Base da cauda
Períneo
Ânus
Dermatofilose
Doença infecto-contagiosa aguda ou crônica, de caráter zoonótico,
distribuição cosmopolita, que acomete diversas espécies domésticas, com ênfase
nos bovinos, ovinos, equinos.

É causada pela bactéria Dermatophilus congolensis.

•Bacilo Gram +, filamentoso


Etiologia e Patogenia
•Desmama

•Carência alimentar

•Traumatismo

•Período chuvoso e quente

•Desequilíbrio imunológico da pele

•Resposta inflamatória aguda – microabcessos

•Crostas pustulares
Sinais clínicos
-Aglutinação de pêlos
-Alopecia
-Crostas escamosas
-Pêlos eretos, forma de tufo
-Lesões generalizadas
-Lesões na cabeça
-Focinho, face e olhos
-Lesões nos membros
Diagnóstico
-Histórico
-Sinais clínicos
-Raspado – Gram ou Giemsa
Forma filamentosa

-Biópsia
-Cultura
-Exame citológico
Tratamento
→ Penicilina, 20.000 a 40.000 UI/kg, via intramuscular, 48/48 horas, cinco doses.
→Aplicação tópica de solução antisséptica a base de iodopovidona em dias alternados
→ Banhos terapêuticos para remoção das crostas

-Povidine degermante – 1% - tópico


-Clorexidine - 3%

Medidas adicionais:

- Isolar os doentes e limpar Fômites


Dermatofitose
-“ringworm” ou “tinha”
-Micoses crônicas
Dermatófitos
§Tricophyton equinum
§Tricophyton mentagrophytes
§Microsporum equinum
§Microsporum gypseum
-Fungos filamentosos
-Zoonose
Patogenia
Lesões secas, arredondadas e comumente não pruriginosas que se distribuem
nos tecidos queratinizados da pele (a camada celular córnea da epiderme, pêlos
e potencialmente as unhas e cascos),
→ Levando à autólise das estruturas fibrosas, à fragmentação dos pêlos e à
alopecia.

Fatores predisponentes: Má nutrição, Doenças previas e o uso prévio de


medicamentos imunossupressivos. Além disso, a umidade crônica por
transpiração ou as agressões ambientais à barreira protetora da pele aumentam
as oportunidades de infecção.
Transmissão
→ Contato direto

→ Fômites
Tratamento

-uso tópico de iodo-polvidine (degermante) durante 7-14 dias


-Pomadas humanas: cetoconazol (Novacort); miconazol; nistatina
-Miconazole 2% and chlorhexidine 3% shampoo
-Sulfadianiza prata spray
-Miconazol 1% + banho com clorexidina
-Xampus sulfeto de selênio a 1% + tiabendazol 5% (banhos)
-Banhos com sulfato de cobre 1 a 3%; violeta de genciana
Feridas

•Etiopatogenia
§Objetos cortantes

§Objetos perfurantes

§Mordedura

§Agentes tóxicos

§Projéteis balísticos
Consequência das feridas
-Criação de um espaço anormal
-Interrupção do fluxo sanguíneo
-Perturbação da sensibilidade
-Acúmulo de tecidos desvitalizados
-Contaminação de grau variável
Tipos de cicatrização

PRIMÁRIA: bordas aproximadas com perda mínima tecidual; sem


infecção nem edema; sem granulação

SECUNDÁRIA: bordas afastadas; infectadas; cicatrização por contração


e epitelização

TERCEÁRIA: longo; contaminada; tratamento da infecção.


Suturar ou não?
Suturar ou não?
Fatores que afetam a cicatrização
-Idade
-Desnutrição (proteína total abaixo de 5,5 mg/dl espera-se 70% de
deiscência).
-Anemia e hemorragia
-AINES
-Uremia
-Deficiência de zinco ou cobre -Corticosteroides
-Deficiência vitamínica (A, K, E e C) -Estado imunológico
-Vascularização
-Oxigenação tecidual -Infecção (106 bactérias/g de
tecido)
Tratamento de feridas
- Assepsia
- tricotomia (gel de ultrassom)
- Solução salina
- Debridamento - solução salina ou gaze
- Clorexidina
Objetivos das bandagens
- Reduzir a quantidade de debris
- Minimizar o risco de infecção
O que buscar em uma ferida
Tecido de granulação exuberante
O tecido de granulação exuberante é uma complicação comum que ocorre
durante o manejo de feridas em equinos, podendo ser ocasionado pelo
tratamento prolongado, feridas em locais de maior movimentação e infecções.

Características:
- Pouco inervado
- Altamente Vascularizado
Tratamento
- Cirúrgico
- Bandagem compressiva
- Químico
- Sulfato de cobre
Perfusão regional Antibiotica
Principios

Como fazer?
Qual antibiótico ?
Amicacina

Ceftriaxona

tempo mínimo e maximo


Obrigado

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