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INTRODUÇÃO
A pele humana apresenta três principais camadas, que são a epiderme, a derme e a hipoderme. A epiderme
apresenta poros, pelos, camada queratinizada e terminações nervosas. A derme apresenta glândulas
sudoríparas e sebáceas, além de músculo eretor dos pelos e folículo piloso. A camada mais interna, a
hipoderme, é onde se encontram as veias, artérias e o tecido adiposo. Esta aula terá como foco as micoses
As micoses superficiais, como o próprio nome diz, são tão superficiais que a resposta celular contra essas
condições é ausente. Além disso, trata-se de condições que raramente são sintomáticas e, por conta disso, a
infecção que se estabelece é crônica. A ocorrência das micoses superficiais está relacionada principalmente aos
pacientes imunocomprometidos.
PITIRÍASE VERSICOLOR
A pitiríase versicolor é o distúrbio de pigmentação mas comum em todo o mundo. As representações típicas
é o desconforto do paciente por conta da coalescência e da extensão que as lesões podem adquirir.
A pitiríase versicolor é causada por uma levedura lipofílica chamada Malassezia spp. Atualmente existem
diversas espécies de Malassezia, mas caso não exista a oportunidade de descobrir a espécie especifica que está
sendo investigada, ela será identificada apenas como Malassezia spp. São leveduras que fazem parte da biota
da pele (20% em crianças e 99% em adultos) e vivem dentro dos folículos pilosos, se alimentando do produto
das nossas glândulas sebáceas. Portanto, em situações normais, essa levedura encontra-se presente em nossa
No entanto, em situações nas quais ocorre uma alteração do equilíbrio da nossa relação com essa levedura
presente na biota da nossa pele, as mesmas passam a desenvolver as lesões características. Alguns exemplos
de alteração do equilíbrio são: diminuição do turnover das células escamosas (leva à hiperpigmentação),
predisposição genética, estado nutricional precário, infecções crônicas, sudorese excessiva, gravidez,
lubrificantes na pele e etc. É comum, ainda, que essas lesões apareçam durante o verão (temporada na qual
há maior sudorese e uso de lubrificantes de pele) e desapareçam durante o inverno, sem a necessidade de
imune humoral.
▪ Lesões hipocrômicas: a mais aceita delas, até o momento, é a do ácido azeláico. O ácido azeláico ou
centeio e cevada, além de ser utilizado em produtos para clareamento de pele. No entanto, é também
uma substância naturalmente produzida pelo fungo Malassezia furfur que atua inibindo a cadeia de
síntese da melanina, fazendo com que as células atingidas não consigam adquirir coloração mesmo
quando expostas ao sol. Existe, ainda, uma outra teoria que acredita que o próprio crescimento da
levedura atue como um filtro, bloqueando o contato dos raios UV com a pele, devido ao material lipídico
espessura da camada de queratina da epiderme e de uma maior resposta inflamatória celular, aos
O diagnóstico diferencial da pitiríase versicolor é muito importante porque ela pode ser confundida com outras
doenças, como a psoríase (composta de placas vermelhas descamadas que podem surgir em qualquer lugar
do corpo, mas principalmente em regiões de maior atrito), a tinea corporis (se estende lentamente formando
manchas em forma de anel) e até mesmo com o vitiligo (provoca máculas simétricas brancas).
O diagnóstico laboratorial de pitiríase versicolor é feito a partir do material com escamas de pele. Uma fita
adesiva pode ser utilizada, colando ela na lesão e depois em uma lâmina para análise microscópica. Uma
segunda maneira de realizar o diagnóstico laboratorial é através da escarificação. Nesse caso, as escamas de
pele são coletadas em um placa de Petri, que depois pode ser submetida ao exame direto (aplicação de KOH
20%) ou pode ser cultivada em ASD + azeite de oliva. No exame direto é possível identificar um aglomerado
de “bolinhas” e uma grande quantidade de peseudohifas, disposição comumente denominada nos livros de
DERMATOFITOSES
As dermatofitoses são ocasionadas por fungos filamentosos septados hialinos que, por serem
queratinofílicos, acometem principalmente a pele, os pelos, cabelos e as unhas. Os três gêneros de fungos mais
morfológica das espécies pertencentes a esses três gêneros depende das estruturas apresentadas.
Até pouco tempo atrás existia uma grande preocupação na transmissão das dermatofitoses, principalmente,
pelo uso de piscinas coletivas. No entanto, atualmente, sabe-se que piscinas adequadamente tratadas e
submetidas às técnicas rigorosas de higienização já não são perigosamente decisivas na transmissão, a qual
ocorre por contato (contato humano próximo, compartilhar roupas, pentes, toalhas, escovas, roupas de cama
e contato homem-aniaml) e, principalmente, quando a pele apresenta previamente algum trauma. O período
de incubação pode variar de 3 semanas a 4 meses e depende da susceptibilidade do indivíduo. Ainda, sabe-se
que se houver uma remoção mecânica rápida (por exemplo, realizando a lavagem do local onde ocorreu o
No entanto, caso o fungo consiga se fixar, a partir do contato dos conídeos com a nossa pele, ele irá se
desenvolver na camada córnea, uma região rica em queratina. Encontrando um bom ambiente, o fungo será
capaz de ocasionar uma pequena lesão, de aparência arredondada e excêntrica (bordas ativas), na qual muitas
vezes o centro já se encontra recuperado, quanto a periferia contém o maior número de fungos ativos, e que
recebe o nome de acordo com a sua localização no corpo. O fato dessa lesão se desenvolver de forma excêntrica
e traçar um caminho parecido com o de uma larva dá o nome de “Tinea” às lesões causadas pelos dermatófitos
As principais manifestações clínicas das dermatofitoses ocorrem na pele, nas unhas e/ou no couro cabeludo.
✓ Tinea corporis: na pele, como anteriormente, surgem lesões circulares, secas, eritematosas,
✓ Tinea unguium: nas unhas, é possível notar espessamento, deformação, friabilidades, descoloração
e/ou acúmulo de material subungueal. Os agentes mais frequentes são T. rubrum, T. mentagrophytes
e E.flocossum (todos antropofílicos que, geralmente, causam micoses de unhas difíceis de serem
✓ Tinea capitis/tonsurante: no couro cabeludo, a lesão leva à queda do cabelo na região (alopécia) e
que, caso haja uma infecção secundária, pode levar à destruição do bulbo capilar (kerion). É contagiosa
principalmente entre crianças de 2 a 10 anos, ocasionando vermelhidão, queda de cabelo, com uma ou
várias áreas de alopécia e prurido. Nos casos em que existe de 1 a 2 placas de alopécia temos o
Microsporum como gênero causador, enquanto lesoes múltiplas, muito descamativas, são causadas pelo
suas glândulas sebáceas que protegem e inibem, na grande maioria das vezes, os agentes causais da
tinea capitis.
✓ Tinea pedis: nos pés, a lesão pode se apresentar nas laterais dos pés ou nos espaços interdigitais. a
lesão pode apresentar aspecto agudo (prurido, eritema, vesiulas) ou crônico (prurido, descamação e
antropofílicos que, geralmente, causam micoses de unhas difíceis de serem eleminadas e que
✓ Tinea barbae: as lesões são localizadas nos pelos da barba e apresentam aspecto eritematoso
edemaciado (nesse caso, não há descamação). São lesões de difícil tratamento, porque o próprio ato
de se barbear pode agravar as lesões. Ainda, os agentes causais mais frequentes são o T. rubrum e o
✓ Tinea cruris: as lesões são localizadas na virilha e, mesmo após o tratamento, deixam manchas que
não irão desaparecer. A lesão tem caráter eritematosa, descamativa e pruriginosa. Os agentes causais
✓ Tinea incognito: é caracterizada por lesões padrão Tinea corporis que se encontram modificadas por
aplicação de corticoesteróides. Nesse caso, as lesões não apresentam bordas delimitadas, há eritema
difuso, pápulas e pústulas foliculares. O teste com corticoesteróides não deve ser realizado e o paciente
OBS: Dermatofítides são lesões que se encontram, normalmente, nas faces lateral e flexora dos dedos das
mãos, na região palmar ou até mesmo em qualquer outra parte do corpo. São pruriginosas, vesiculares e
bolhosas. Trata-se de uma reação a distância da tinea pedis e, por isso, quando analisada, deve nos orientar a
olharmos entre o 4° e o 5° dedo do pé do paciente, porque ali encontra-se a lesão ativa. As dermatofítides não
abrigam fungos.
A resposta imunológica aos dermatóficos geralmente depende das defesas do hospedeiro aos metabólitos
dos fungos, da virulência da cepa ou espécie infectante (observar a classificação ecológica) e também da
localização anatômica da lesão. O predomínio celular ou humoral da RI definirá o quadro clínico e o prognóstico
da infecção, levando à cura ou cronicidade. As lesões crônicas normalmente estão associadas ao gênero
Trichopyton de caráter antropofílico. Nesse contexto, a espécie T. rubrum merece destaque por ser a mais
estudada até então, da qual se conhece todos os mecanismos envolvidos no escape do sistema imune do
hospedeiro. Por outro lado, os fungos geofílicos e zoofílicos induzem resposta inflamatória efetiva, o que
O diagnóstico laboratorial das dermatofitoses geralmente envolve a coleta, através de raspagem, das
escamas das lesões. O exame direto ao micrscópio ótico evidencia a presença de filamentos micellanos
refringentes (artroconídeos). Ainda, para identificação da espécie fúngica envolvida, pode ser realizada uma
cultura em ágar Sabouraud dextrose ou Mycosel, em temperatura ambiente, e que crescerá entre 30 a 45 dias.
A partir do crescimento deste fungo, ou seja, da formação da colônia, é possível observa-lo macro e
micromorfologicamente, o que produz dados para a análise epidemiológica e para as possíveis terapêuticas.