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Faculdade Integrada CETE – FIC

Allan Felipe Andrade Paes


Erick Willie Cumarú Costa
Guturruan da Silva Melo
Kayky Cesar Ferreira de Freitas
Marcelo Pereira
Marta Geovanna Cardoso da Silva
Raquel Martins
Samira Valença Almeida
Thays Augusta Galindo Tenório

Trabalho de Tópicos Integrados

Garanhuns
2023
1. Pitiríase Versicolor (Pano branco ou micose de praia)

1.1. Epidemiologia

Micose de pele provocado pelo fungo Malassesia antigamente chamado de


phytirosfolium ovole. Não é uma doença contagiosa e não tem relação com a higiene
do paciente. O fungo Malassesia costuma ser um germe que já habita a flora natural
da nossa pele, pode ser encontrada em cerca de 20% das crianças e mais de 90%
dos adultos.
Regiões com clima tropical são mais acometidos a casos de pitíriase
versicolor, em Pernambuco a região com maior número de casos é na grande Recife
e no Brasil na Amazônia devido a seu clima quente e úmido em todo o ano.

1.2. Transmissão

Não é possível a transmissão do fungo por contato. O uso de toalhas na


praia, a areia da praia ou uso de espreguiçadeira não tornam a transmissão
possível, visto que o fungo Malassesia já existia na pele do hospedeiro.
O que acontece é que devido a exposição solar o fungo Malassesia começa a
se manifestar clinicamente. A pele sadia ao redor da área lesionada consegue se
bronzear enquanto a área afetada não consegue, dessa forma aumentando o
contraste e evidenciando a lesão, assim surgiu o termo micose de praia.

1.3. Sintomas
Os pacientes geralmente são assintomáticos, mas alguns podem apresentar
coceira na região descamativa.
1.4. Fatores que influenciam

- Oleosidade excessiva
- Locais quentes e úmidos
- Sudorese excessiva
- Alterações hormonais
- Uso de pílulas anticoncepcionais
- Adolescência
- Histórico familiar
- Baixa imunidade

1.5. Características do patógeno

Por ser um fungo que depende de gordura para sobreviver ele costuma ser
facilmente encontrado em áreas oleosas do nosso corpo como tronco, pescoço, face
e couro cabeludo.
As lesões costumam se apresentar como manchas hipopigmentadas,
manchas mais claras que a pele na maioria das vezes.
Alguns pacientes podem apresentar manchas hiperpigmentadas, ou seja,
mais escuras que a pele, ou lesões avermelhadas, nesse caso a área afetada deve
estar sofrendo algum processo inflamatório.
As lesões se apresentam com formato oval, habitualmente com uma fina
camada descamativa, e se localizam preferencialmente no porte superior do tranco e
pescoço. Nas crianças a face é o local mais acometido.
As lesões em geral são pequenas, mas se forem múltiplas podem se juntar,
formando grandes manchas na pele.
A pitíriase versicolor é uma infecção fúngica muito superficial e não costuma
causar maiores problemas de saúde e outros sintomas em geral. Os pacientes só
procuram o médico por conta do incomodo estético.

1.6 Diagnóstico

O diagnóstico é feito a partir de:


- Exame clínico: inspecionar a pele em busca de manchas hipopigmentadas ou
hiperpigmentadas que variam de cor (geralmente brancas, rosadas ou
acastanhadas).
- Lâmpada de Wood: a luz ultravioleta emitida por esta lâmpada pode realçar as
lesões, facilitando a identificação.
- Raspagem da pele: coleta de material da lesão para exame microscópico. Pode
revelar a presença de hifas fúngicas.
- Cultura Fúngica: crescimento do fungo em meio apropriado. Não é sempre
necessário, mas pode ser feito para confirmação.

1.7 Tratamento

O tratamento tópico é o tratamento de primeira escolha. As opções são:

- Antifúngicos azólicos tópicos (cremes, loções, sprays): miconazol, cetoconazol,


clotrimazol, oxiconazol: aplicar 1 a 2 vezes ao dia, por 1 a 4 semanas;
- Cetoconazol 2% xampu: deixar em contato com a pele por 5 a 10 minutos, 1 vez ao
dia, por 1 a 4 semanas.

O tratamento oral é utilizado para casos extensos, recorrentes ou refratários


ao tratamento tópico:

- Fluconazol 300 mg, 1 vez por semana, por 2 a 4 semanas; ou


- Itraconazol 200 mg, 1 vez ao dia, por 5 a 7 dias.

Áreas de hipopigmentação podem permanecer após o tratamento, a


repigmentação será gradual, ao longo dos meses após o tratamento. A
despigmentação persistente não é critério para falência ao tratamento tópico.
Deve-se considerar tratamento profilático para casos recorrentes com
Cetoconazol 2% xampu, aplicar em todo o corpo, manter por 10 minutos, 1 vez por
mês, principalmente nos meses quentes.
O tratamento oral não é usualmente utilizado em crianças. Tebinafina oral não
é efetiva no tratamento de pitiríase versicolor. Cetoconazol oral não deve ser
utilizado para tratamento de micoses superficiais.
Encaminhar para dermatologia os pacientes com pitiríase versicolor se:
- Quadro extenso em pacientes imunocomprometidos (por medicamentos, HIV,
outras imunodeficiências) ou refratária ao tratamento clínico otimizado.
2. Dermatofitoses

2.1. Introdução

As dermatofitoses (popularmente conhecidas por tínea, tinha, impigem ou


impige) são um grupo de infecções causadas por dermatófitos, fungos pertencentes
aos gêneros Microsporum, Trichophyton e Epidermophyton.
Os fungos desses gêneros, são parasitas que sobrevivem da queratina da
pele, dos pelos e das unhas, estruturas são caracterizadas por possuírem função de
proteção do organismo.
Além disso, os esporos desses fungos conseguem sobreviver por até 12
meses no hospedeiro (Wolff, 2014). Por esse motivo, é necessário um tratamento
rigoroso, como será abordado posteriormente, afim que não haja um regresso do
quadro infeccioso.

Figura 1 – Tinea corporis manifestada no rosto

Fonte: Google Imagens

2.2. Epidemiologia e Etiologia

Existem cerca de 40 espécies de dermatófitos, sendo 30 dessas, patogênicas


aos seres humanos. Sua distribuição é universal, tendo sua prevalência em zonas
de clima tropical e subtropical, em regiões de clima quente e úmido (AZULAY, 2015).
Vale salientar que não existem dados quantitativos a nível nacional por esta ser uma
doença difícil de ser contabilizada por não exigir notificação aos órgãos públicos.

Figura 2 – Zonas tropicais e subtropicais em vermelho e amarelo


Polarandsubpolarzone
Temperatezone

Subtropicalzone

Tropicalzone

Fonte: Google Imagens

Além disso, uma mesma espécie pode provocar mais de um quadro clínico,
por exemplo, manifestar no couro cabeludo e na pele. Também é possível que haja
uma associação da infecção fúngica com uma infecção bacteriana, agravando o
estado de saúde do paciente e sua recuperação. Diabéticos, pessoas com dermatite
atópica, pessoas que fazem corticoterapia por tempo prolongado, e pacientes com
candidíase munocutânea crônica, podem manifestar dermatofises de forma mais
intensa. Pessoas imunocomprometidas também são mais vulneráveis a
manifestação de dermatofitoses, que por sua vez costumam se manifestar de forma
mais extensa e reincidente.

Figura 3 – Infecção fúngica associada de infecção bacteriana em caso de Tinea pedis

©2000GaldermaSA 038367H
Fonte: Google Imagens

A idade também exerce influência na região afetada, por exemplo, crianças


tem uma maior predominância em manifestar no couro cabeludo, enquanto que em
idosos a predominância em unhas é significante.

2.3. Fisiologia do agente

Mesmo sendo microscópicos, os dermatófitos não são como as leveduras, ou


seja, ainda se apresentam, organizam e comunicam-se pela grande rede ramificada
denominada de hifas.
Os dermatófitos do gênero Microsporum, costumam apresentar aspecto
fusiforme. Por sua vez, os dos gêneros Trichophyton e Epidermophyton, costumam
apresentar aspecto ovalar ou arredondado, sendo que o primeiro pode se dispor em
arranjo de cachos e o segundo assemelha-se a uma cápsula. Os gêneros
Microsporum e Trichophyton, apresentam macroconídios e microconídios, enquanto
que os do gênero Epidermophyton apresentam somente os macroconídios em sua
estrutura.

Figura 4 – Diferenças fisiológicas entre os dermatófitos


Fonte: Google Imagens

2.4. Formas de transmissão do agente

A transmissão dos dermatófitos pode se dar por três formas: a partir do


contato com outra pessoa ou de objetos contaminados, a partir de animais,
sobretudo de filhotes de cães e gatos e por meio do solo.

2.5. Tipos de manifestações das dermatofitoses

As dermatofitoses possuem uma grande variedade de nomenclaturas. Cada


uma remete a área afetada e podem possuir características específicas, seja na
questão dos sintomas quanto na aparência, como vista a seguir:

2.5.1. Tinha de couro cabeludo (tinea capitis)


A tinha de couro cabeludo se manifesta de forma comum nas crianças,
porém, raramente em adultos. Pode ser adquirida quando há um contato com
pessoas infectadas, com animais (sobretudo os domésticos), e através do solo.
Possui duas variantes, sendo a primeira causada pelos gêneros Trichophyton
e Microsporum (Tinea tonsurante), e a segunda, somente pelo gênero Trichophyton.
Essas variantes possuem a característica de formação de cotos pilosos,
descamação, surgimento de pústulas, e até uma possível alopecia definitiva a
depender da gravidade do caso (RIVITTI, 2018).

Figura 5 – Tinea tonsurante

Fonte: RIVITTI, 2018

2.5.2. Tinha de barba (tinea barbae)

A tinha de barba, é uma forma rara, que possui três variantes: tipo
inflamatório (com o aparecimento de lesões inflamatórias e com pus), tipo
sicosiforme (semelhante a foliculite bacteriana) e tipo herpes circinado (lesões
anulares, eritêmato-pápulo-vesicoescamosas nas bordas) (RIVITTI, 2018).

Figura 6 – Tinea tipo herpes circinado


Fonte: RIVITTI, 2018

2.5.3. Tinha do corpo (tinea corporis)

A tinha do corpo, também chamada de tinha da pele glabra ou glabrosa, pode


se manifestar na forma de placas, nódulos e vesículas (que se assemelham a
herpes). São causadas pelos gêneros Trichophyton e Microsporum, e podem se
espalhar pelo corpo causando lesões, limitando a vida do hospedeiro. Além disso,
existem três formas de manifestação clínica: vesiculosa (formação de vesículas que
explodem causando úlceras), anular (lesões eritematopapulosas que acompanham
prurido) e placas (essencialmente escamosas) (RIVITTI, 2018).

Figura 7 – Tinea corporis em forma de placas

Fonte: RIVITTI, 2018

2.5.4. Tinha do pé e da mão (tinea pedis e tinea manus)


Tendo como mais frequente a tinha do pé em relação a da mão, essas
infecções são causadas por fungos do gênero Trichophyton e Epidermophyton.
Essas infecções podem ser de três formas: vesicobolhosa (formam-se bolhas que
causam prurido, que após erupção, tornam-se úlceras), intertriginosa (há
descamação e maceração da pele entre os dedos, que podem causar fissuras e
prurido) e a escamosa (forma crônica, que apresenta a formação de escamas por
toda mão e pé, e possivelmente acompanhada de onicomicose) (RIVITTI, 2018).

Figura 8 – Tinha do pé e mão acompanhada de onicomicose


Fonte: WOLFF, 2014

2.5.5. Tinha crural (tinea cruris)

A tinha crural possui como característica principal a lesão eritematoescamosa,


que se inicia a partir da prega inguinal (popularmente conhecida por virilha). Nesse
tipo de tinha, o parasita pode avançar sob a coxa, pelo períneo, pelas nádegas,
região pubiana, entre outras regiões. Apresenta prurido intenso, e é mais comum em
homens e raramente é vista em mulheres. É causado por fungos do gênero
Trichophyton e Epidermophyton (AZULAY, 2015; RIVITTI, 2018).

Figura 9 – Tinea cruris com lesão bem delimitada

Fonte: WOLFF, 2014

2.5.6. Tinha da unha ou ungueal (tinea ungium ou onicomicose)

Sendo uma pequena exceção a regra, a tinha de unha pode ser causada não
tão somente pelos três dermatófitos já abordados, mas também pelo gênero
Candida, que ao contrário dos dermatófitos (interligados por hifas), esses são
leveduras. Podem afetar uma ou mais unhas, se espalhando com facilidade para as
demais que estiverem sadias. Além disso, sua predominância se dá em pessoas
acima dos 55 anos, sendo raramente vista em crianças (RIVITTI, 2018; AZULAY,
2015).
O parasita pode entrar na unha por qualquer parte. Inicialmente forma-se uma
borda na parte da unha, seguido por manchas brancas e escamosas. Para saber
com exatidão se realmente se trata de uma tinha ungueal, é preciso fazer exames,
que serão abordados posteriormente.

Figura 10 – Tinea ungium em unhas dos pés

Fonte: RIVITTI, 2018


2.6. Diagnóstico
O diagnóstico é feito a partir de:

- Exame Clínico: observar a pele, especialmente entre os dedos, nas solas e laterais
dos pés em busca de sinais típicos como rachaduras, descamação e coceira.
- Raspagem da Pele: coleta de material da lesão para exame microscópico. Pode
revelar a presença de hifas fúngicas.
- Cultura Fúngica: semelhante ao pano branco, pode ser feita em casos mais
complexos ou quando há dúvidas no diagnóstico.
- Teste com Hidróxido de Potássio (KOH): uma amostra da lesão é tratada com
KOH, o que dissolve a queratina e libera as hifas fúngicas para facilitar a
visualização no microscópio.
- Exame de Cultura e Sensibilidade: identificação específica do fungo e teste de
sensibilidade aos antifúngicos, quando necessário.

2.7. Tratamento
O tratamento é feito por meio de cuidados individuais e do uso especifico de
cada antifúngicos, são empregadas drogas de uso tópico e de uso sistêmico.
As drogas tópicas são aquelas aplicadas na pele, apresentadas em forma de
pomadas, géis ou cremes e devem ser administrados somente no local onde há a
lesão no caso do uso tópico. As mais efetivas são: os derivados imidazólicos, como
isoconazol, tioconazol, econazol e outros. São usadas uma ou duas vezes por dia,
de 6 a 8 semanas.
As drogas sistêmicas, consideradas de uso oral, pois após a sua
administração exercem um efeito no local gastrointestinal, atingindo o sangue
exercendo efeitos sistêmicos. São usados os derivados imidazólicos, o itraconazol
ou fluconazol ou um derivado da alilamina, a terbinafina.
As indicações do tratamento tópico e/ou sistêmico em algumas dermatofitoses
são as seguintes:
- Tinha do couro cabeludo: necessita de tratamento sistêmico além do tópico. Pode
ser indicada a griseofulvina, ela deposita-se nas células precursoras da ceratina,
quando essas células se diferenciam, o fármaco encontra se firmemente ligado,
proporcionando uma resistência prolongada à invasão fúngica. A dosagem é de 15
a 20mg, em duas tomadas após as refeições, por 6 a 12 semanas. Em crianças, a
dosagem é de 3 a 6mg, o período de administração é de 4 a 8 semanas.
- Tinha da barba: o tratamento sistêmico é indicado: itraconazol 100mg/dia por 2 a 4
semanas. Estudos in vitro demonstraram que o itraconazol prejudica a síntese do
ergosterol em células fúngicas. O ergosterol é um componente vital da membrana
células dos fungos. A inibição da sua síntese tem como última consequência um
efeito antifúngico.
- Tinha do corpo: somente tratamento tópico por 2 a 4 semanas, aplicar somente no
local da lesão.

Referências:

AZULAY, Rubem David. Dermatologia. 6ª ed. rev. e atual. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2015.
HILAL-DANDAN, Randa. BRUNTON, Laurence. Manual de Farmacologia de
Goodman & Gilman. 2.ed. Porto Alegre: AMGH, 2015.
MORAIS, Patrícia Motta de; CUNHA, Maria da Graça Souza; FROTA, Maria Zeli
Moreira. Aspectos clínicos de pacientes com pitiríase versicolor atendidos em
um centro de referência em Dermatologia Tropical na cidade de Manaus (AM),
Brasil. Disponível em: http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0365-
05962010000600004. Acesso em: 13 set. 2023.
PEREIRA, R. A. et al. Tinea versicolor: uma abordagem médica abrangente.
Disponível em: https://doi.org/10.34117/bjdv9n8-159. Acesso em: 13 set. 2023.
RIVITTI, Evandro A. Dermatologia de Sampaio de Rivitti. 4ª ed. São Paulo: Artes
Médicas, 2018.
RIVITTI, Evandro A. Manual de dermatologia clínica de Sampaio de Rivitti. 1ª ed.
São Paulo: Artes Médicas, 2014.
WOLFF, Klaus. Dermatologia de Fitzpatrick: atlas e texto. 7ª ed. Porto Alegre:
AMGH, 2014.

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