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Tinha

Dermatofitoses

Segundo Denise Aaron (2021), são infecções fúngicas da queratina na pele e unhas (a infecção
das unhas é denominada tinha ungueal ou onicomicose). Os sinais e sintomas variam com o
local da infecção. Diagnóstico baseia-se na aparência clínica e no exame micológico. O
tratamento varia de acordo com o local, mas sempre envolve antifúngicos tópicos ou orais

Fungos potencialmente patogênicos incluem leveduras, (organismos de célula única, p. ex.,


Candida albicans) e dermatófitos. Os dermatófitos são fungos (filamentos multicelulares de
organismos) que exigem queratina para a nutrição e devem viver na camada córnea, pelo ou
unhas para sobreviver. As infecções humanas são causadas por Epidermophyton, Microsporum,
Trichophyton SPP Essas infecções diferem da candidíase por raramente invadir o organismo.
A transmissão é de pessoa para pessoa, animal para pessoa e, raramente, solo para pessoa. O
organismo pode persistir indefinidamente. A maioria das pessoas não desenvolve a infecção
clínica, aqueles que a desenvolvem podem ter resposta reduzida das células T decorrente de
uma alteração nas defesas locais (p. ex., trauma com comprometimento vascular) ou por
diabetes primária (hereditária) ou secundária (p. ex., diabetes, HIV imunossupressão).

Dermatofitoses comuns incluem:

 Tinha do corpo;
 Tinha da cabeça;
 Tinha da barba;
 Tinea cruris; e
 Tinha do pé.

Sinais e sintomas das dermatofitoses

Os sinais e sintomas das dermatofitoses variam conforme o local (pele, cabelo e unhas). A
gravidade do organismo é determinada pela virulência do organismo, suscetibilidade do
hospedeiro e hipersensibilidade. Geralmente, há pouca ou nenhuma inflamação, lesões
assintomáticas ou com leve prurido, contendo descamação com bordas ligeiramente elevadas e
que regridem e recidivam intermitentemente. Às vezes, a inflamação é mais grave,
manifestando-se como uma súbita doença vesicular ou bolhosa (em geral, nos pés) ou como
lesão nodulocrostosa do couro cabeludo (quérion).
Diagnóstico das dermatofitoses

 Aparência clínica e
 Exame micológico (hidróxido de potássio).

O diagnóstico das dermatofitoses baseia-se no aspecto clínico e local da infecção e pode ser
confirmado por exame micológico com hidróxido de potássio (KOH) que revela hifas ou por
cultura dos pelos coletados. Para onicomicose, o teste mais sensível é uma coloração ácida
periódico-Schiff do raspado de unhas. Para o exame micológico com KOH, a área afetada da
placa ungueal, não detritos subungueais, deve ser comparada e testada (AARON et al, 2021).

A identificação dos organismos específicos pela cultura não é necessária, exceto em casos de
infecção no couro cabeludo (onde uma fonte animal pode ser identificada e tratada) e em unhas
(que pode ser causada por fungos não dermatófitos). A cultura também é útil quando a infecção
secundária por bactérias e a inflamação são graves e/ou acompanhadas de alopecia.

Diagnóstico diferencial das dermatofitoses

 Foliculite decalvante (uma alopecia rara e cicatricial na qual uma mancha de alopecia
com pústulas aumenta);
 Piodermas bacterianos;
 Entidades que causam alopecias cicatriciais, como lúpus discoide eritematoso, líquen
planopilar e pseudopelada; e
 Celulite dissecante.

Tratamento das dermatofitoses

 Antifúngicos tópicos ou orais e


 Algumas vezes, corticoides.

Antifúngicos tópicos geralmente são adequados para infecções cutâneas. Terbinafina de venda
livre é fungicida e permite menor duração do tratamento. Econazol ou ciclopirox podem ser
melhores se não for possível excluir candidíase. Outros fármacos tópicos de venda livre
adequados incluem clotrimazol e miconazol.

Antifúngicos orais são usados para a maioria das infecções das unhas e couro cabeludo, em
infecções resistentes da pele e em pacientes que não desejam tratamento prolongado com
regimes tópicos; as doses e a duração dependem do local da infecção.
Corticoides são algumas vezes usados além de cremes antifúngicos para ajudar a aliviar o
prurido e a inflamação. Mas deve-se evitar combinar corticoides tópicos e cremes antifúngicos
quando possível porque os corticoides tópicos promovem o crescimento fúngico. Corticoides e
antifúngicos de venda livre não devem ser usados como substitutos à obtenção de um
diagnóstico preciso via exame micológico (KOH) ou cultura (AARON et al, 2021).

Conceito da tinha

Tinha é uma infecção fúngica comum da pele ou das unhas. Tinha não tem nada a ver com
vermes. Mas a erupção cutânea que ela causa pode ser em forma de anel.

Agente causador da tinha

A tínea corporal é geralmente causada pelo fungo Trichophyton ou Microsporum. A infecção


geralmente causa placas arredondadas e de cor entre rosa e vermelha, com bordas escamosas
elevadas que tendem a permanecer claras na parte central. Por vezes, a erupção cutânea é
pruriginosa.

Tinea Corporis (tinha do corpo - tronco e extremidades)

É uma infecção por dermatófitos na face, tronco e extremidades. Diagnóstico baseia-se na


aparência clínica e no exame micológico. O tratamento envolve antifúngicos tópicos ou orais.

A tinha do corpo é uma demartofitose que causa manchas anulares (na forma de O) róseo-
avermelhadas e placas com bordas ligeiramente elevadas que se expandem perifericamente e
tendem a ser liberadas centralmente. Uma forma variante rara manifesta-se como placas
numulares (na forma circular ou arredondada) descamativas com pápulas ou pústulas. Causas
comuns são Trichophyton mentagrophytes, T. rubrum, Microsporum canis (AARON et al,
2021).

A lesão, que costuma ser pruriginosa, normalmente se inicia com uma placa eritematosa, com
descamação e bordas mais elevadas (figura 1). O crescimento da lesão é centrífugo com
tendência ao clareamento central. Com o aumento do número das lesões e seu agrupamento,
assume um padrão circinado (figura 2).
Diagnóstico da tinha do corpo

 Avaliação clínica e
 Exame micológico (hidróxido de potássio).

Diagnóstico diferencial da tinea capitis

 Pitiríase rósea;
 Erupção por fármacos;
 Dermatite numular;
 Eritema multiforme;
 Tinha versicolor;
 Eritrasma;
 Psoríase e
 Sífilis secundária.

Tratamento da tinea corporis

Na maioria dos casos o tratamento inicial é com antifúngico tópico que deve ser aplicado na
lesão e 2 centímetros ao redor da mesma, sobre a pele sem infecção. Os antifúngicos tópicos
(como miconazol, clotrimazol, itraconazol, terbinafina ou ciclopirox olamina) são utilizados 2
vezes ao dia por 1 a 3 semanas. O tempo de tratamento varia conforme a resposta clínica,
mantendo-se até a resolução da infecção. Nistatina tópica não é efetiva para o tratamento de
dermatofitoses e, portanto, não deve ser utilizada. Em lesões muito extensas ou na falha do
tratamento tópico pode-se utilizar antifúngico sistêmico (quadro 1) (PFEIL; GOMES, 2017).

Os antifúngicos orais de primeira escolha são a terbinafina e o itraconazol. Na impossibilidade


de utilizá-los, o fluconazol e griseofulvina são opções de segunda escolha, porém devem ser
usados por maior tempo e tem menor chance de resposta. O cetoconazol sistêmico deve ser
evitado para tratamento de dermatofitoses, pois o perfil risco-benefício é desfavorável em
comparação com as outras opções disponíveis (PFEIL; GOMES, 2017).

Quadro 1 - Posologia dos antifúngicos sistêmicos para adultos e crianças (> 2 anos) com tinea
corporis.

Antifúngico sistêmico Dose Duração do tratamento


Terbinafina1 (125 ou 250 Adultos: 250 mg 1 vez por dia
mg) Crianças: 10 a 20 kg: 62,5 mg 1 1 a 2 semanas
vez ao dia 20 a 40 kg: 125 mg 1 vez
ao dia > 40 kg: 250 mg 1 vez ao dia
Itraconazol 1 (100 mg) Adultos: 200 mg 1 vez ao dia
Crianças: 3 a 5 mg/kg 1 vez ao dia 1 semana
(dose máxima de 200 mg por dia)
1
Fluconazol (100 ou 150 Adultos: 150 a 200 mg 1 vez por
mg) semana 2 a 4 semanas
Crianças: 6mg/kg 1 vez por
semana (dose máxima 150 mg)
Griseofulvina1 (500 mg) Adultos: 500 a 1000 mg 1 vez por
dia 2 a 4 semanas
Crianças: 10 a 20 mg/kg 1 vez por
dia (dose máxima de 1000 mg/dia)

1 - Não existe formulação em solução oral, devendo ser diluído para atingir dose recomendada
conforme o peso.

Tinea Capitis (Tinha do couro cabeludo)

Tinea capitis é uma infecção fúngica do escalpo que ocorre primariamente em crianças em
idade pré-escolar. É contagiosa e pode ser epidêmica. O agente etiológico mais comum nos
EUA é Trichophyton tonsurans, seguido por Microsporum canis e M. audouinii; outras
Trichophyton spp (p. ex., T. schoenleinii, T. violaceum) são comuns em outras regiões.

É uma infecção por dermatófitos no couro cabeludo. O diagnóstico baseia-se na aparência


clínica e no exame de pelos arrancados, ou pelos e escamas à microscopia a fresco com
hidróxido de potássio. O tratamento envolve antifúngicos orais.
Os achados mais comuns são placas de alopecia (únicas ou múltiplas) com prurido, descamação
e pontos pretos, que correspondem aos fios de cabelo tonsurados (figura 3 e 4). Outros tipos de
apresentação clínica incluem: descamação difusa do couro cabeludo com discreta perda dos
fios; placa edematosa, exsudativa e dolorosa chamada quérion (figura 5); e a tinea favosa, com
lesões pustulosas crateriformes em torno dos óstios foliculares (figura 6). Após os 16 anos a
doença é rara, achada mais comumente em áreas rurais. O diagnóstico é clínico, mas pode-se
solicitar exame micológico direto quando houver falha ao tratamento ou dúvida diagnóstica.
Diagnósticos diferenciais incluem: dermatite seborreica e psoríase (OLIVEIRA; ROMAN,
2017).

Diagnóstico da tinha da cabeça

 Aparência clínica;
 Exame micológico (hidróxido de potássio) e
 Algumas vezes, exame com lâmpada de Wood e às vezes cultura.

A tinha da cabeça é diagnosticada pelo aspecto clínico e exame micológico (hidróxido potássio)
dos pelos arrancados ou pelos e escamas obtidos por raspagem ou escovação. O tamanho do
esporo e sua aparência dentro (endotrix) ou fora (ectotrix) do pelo distingue o organismo,
auxiliando na escolha do tratamento. Fluorescência azul-esverdeada durante um exame com luz
de Wood é diagnóstica para infecção por M. canis e M. audouinii, podendo também distinguir
tinha de eritrasma
Cultura fúngica dos pelos arrancados pode ser feita quando necessário. Lesão do couro cabeludo
em uma criança similar a um abcesso pode ser um quérion; se necessário, culturas podem ajudar
a fazer a distinção.

Diagnóstico diferencial da tinha da cabeça

 Dermatite seborreica e
 Psoríase.

Tratamento da tinea capitis

Segundo Taiane de Souza e Katz (2017, p. 7), O tratamento sempre deve ser realizado com
antifúngicos sistêmicos (quadro 2). As medicações de primeira escolha são a griseofulvina e a
terbinafina. Fluconazol e itraconazol apresentam indicação limitada visto que possuem eficácia
inferior às medicações de primeira linha. Cetoconazol sistêmico não deve ser utilizado para
tratamento da tinea capitis.

Quadro 2 - Posologia dos antifúngicos sistêmicos para crianças (>2 anos) e adultos com tinea
capitis

Antifúngico Posologia Efeitos adversos Observação


sistêmico1
Griseofulvi Dose: Sintomas Griseofulvina é melhor absorvida
na 1 (500 Adultos e crianças: 20 a 25 gastrointestinais, cefaleia quando ingerida com alimentos
mg) mg/kg 1 vez ao dia (dose e erupções cutâneas. gordurosos. Não é necessário
máxima diária de 1000 mg). Raramente apresenta solicitar exames laboratoriais antes
Duração do tratamento: 6 a 12 toxicidade hepática ou de iniciar a medicação em pessoas
semanas. hematológica. sem comorbidades. Se tratamento
persistir por mais de 8 semanas,
sugere-se realizar hemograma,
plaquetas, TGO e TGP.
Terbinafina Dose: Sintomas Preferencialmente deve-se solicitar
1 (125 ou Adultos: 250 mg 1 vez ao dia gastrointestinais, exames de função hepática prévia ao
250 mg) alteração no paladar, tratamento com terbinafina. Porém,
Crianças: 10 a 20 kg: 62,5 mg 1 cefaleia, aumento de essa conduta não deve atrasar o
vez ao dia 20 a 40 kg: 125 mg 1 transaminases e erupções tratamento em pessoas sem doença
vez ao dia > 40 kg: 250 mg 1 cutâneas. hepática conhecida. Se o tratamento
vez ao dia durar mais de 6 semanas, deve-se
Duração do tratamento: 4 a 6 repetir TGO, TGP, hemograma e
semanas. plaquetas.
Itraconazol Dose: Sintomas Avaliar função hepática prévio ao
1 (100 mg) Adultos e crianças: 3 a 5 mg/kg gastrointestinais, tratamento em pacientes com
1 vez ao dia (dose máxima de erupções cutâneas, hepatopatia conhecida. Os exames
400 mg/dia). cefaleia, vertigem e também devem ser solicitados se o
Duração do tratamento: 4 a 6 alterações em tratamento durar mais que 4 semanas.
semanas. transaminases. Não é necessário avaliar função
Esquema alternativo: 3 a 5 hepática se o tratamento com
mg/kg/dia durante 1 semana no itraconazol for em pulsoterapia em
mês. Repetir por 2 a 3 meses. pacientes sem hepatopatia conhecida.
Fluconazol Dose: Sintomas Avaliar função hepática prévio ao
1 (100 ou Adultos e crianças: 6 mg/kg 1 gastrointestinais, tratamento em pacientes com
150 mg) vez ao dia (dose máxima de 400 erupções cutâneas, hepatopatia conhecida ou se uso de
mg). anormalidades em fluconazol contínuo (diariamente).
Duração do tratamento: 3 a 6 transaminases. Não é necessário avaliar função
semanas. Raramente ocorre hepática se o tratamento for semanal
Esquema alternativo: 6 hepatotoxicidade ou em pacientes sem hepatopatia
mg/kg/dia 1 vez por semana por prolongamento do conhecida.
6 a 12 semanas. intervalo QT

1 - Não existe formulação em solução oral, devendo ser diluído para atingir dose recomendada
conforme o peso.

Medidas preventivas da tinea capitis

Segundo Denise M. Aaron (2021), deve-se examinar os familiares que moram com a pessoa
infectada para adequado diagnóstico e tratamento. Familiares assintomáticos podem ser
reservatórios dos dermatófitos, possibilitando a recorrência da infecção. Por isso, recomenda-
se que os familiares assintomáticos utilizem shampoo com antifúngico (como sulfeto de selênio
2,5% ou cetoconazol 2% ou ciclopirox 1%) por 2 a 4 semanas para diminuir o risco de
reinfecção.

Também deve-se lavar roupas de cama e travesseiro da pessoa infectada e evitar que a mesma
compartilhe roupas de cama ou acessórios de cabelo enquanto estiverem com a infecção.

Animais domésticos (como gatos e cachorros) podem ser reservatórios assintomáticos dos
dermatófitos ou apresentarem infecção (com evidência de lesão cutânea ou queda de pelos).
Orientar avaliação do animal por médico veterinário, especialmente se houver diversas pessoas
acometidas na família ou recorrência da infecção.

Tinha da barba (prurido do barbeiro)

Tinha da barba (prurido da barba) é uma infecção por dermatófitos na região da barba,
geralmente causada por Trichophyton mentagrophytes ou T. verrucosum. O diagnóstico é por
exame micológico (hidróxido de potássio) dos pelos arrancados. O tratamento é com
antifúngicos orais e, às vezes, prednisone.

A tinha da barba e uma dermatofitose que se manifesta na barba por lesões superficiais anulares,
mas que podem ser mais profundas, semelhantes à foliculite. Tinha da barba também pode
ocorrer como um quérion inflamatório (lesão do couro cabeludo úmida causada por reação
inflamatória grave a dermatófitos) que pode resultar em perda de cabelo cicatricial.

Fig 7: Tinha da barba (Imagem fornecida por Thomas Habif, MD).

Fig 8: Tinha da barba (lesões anulares eritematosas). Essa foto mostra grandes lesões anulares
e eritematosas na área da barba de um paciente com tinha da barba.
Diagnóstico da tinha da barba

 Exame micológico (hidróxido de potássio).

O diagnóstico de tinha da barba é feito pela identificação do elemento fúngico (hifas) no exame
micológico com hidróxido de potássio de pelos arrancados, cultura ou biópsia.

O diagnóstico diferencial de pápulas e pústulas foliculares na região da barba é a foliculite


bacteriana.

Tratamento da tinha da barba

 Antifúngicos orais e
 Prednisona ocasionalmente.

O tratamento da tinha da barba é feito com griseofulvina micronizada, 500 mg a 1 g, por via
oral uma vez ao dia, até 2 a 3 semanas após a resolução clínica. Terbinafina, 250 mg por via
oral uma vez ao dia, e itraconazol, 200 mg por via oral uma vez ao dia, também têm sido
utilizados.

Se as lesões estiverem gravemente inflamadas, um curso curto de prednisona deve ser


acrescentado (para diminuir os sintomas e talvez reduzir a probabilidade de cicatriz), iniciando
com 40 mg por via oral uma vez ao dia (para adultos) e diminuindo a dose por 2 semanas.

Tinea Cruris (tinha crural)

Tinea crural é uma dermatofitose que geralmente é causada pelo Trichophyton rubrum ou T.
mentagrophytes. Os fatores ambientais associados à umidade (isto é, clima quente, roupas
quentes e apertadas, obesidade causando atrito entre as dobras da pele) são os fatores de risco
primários. Os homens são mais acometidos que as mulheres pelo contato do escroto com a
virilha.

Tipicamente, lesões arciformes pruriginosas estendem-se da dobra crural até a região da face
interna da coxa. A infecção pode ser bilateral. As lesões se modificam por maceração, miliária,
infecção bacteriana ou candidíase secundárias e reações ao tratamento. Além disso, dermatite
pruriginosa e liquenificação podem ocorrer. A recidiva é frequente porque os fungos podem
infectar repetidas vezes os indivíduos suscetíveis ou pessoas com onicomicose ou tinha do pé,
que podem servir com depósito de dermatófitos. As erupções são mais constatadas durante o
verão.
Fig 9: Tinha crural é uma infecção por dermatófitos nas regiões inguinais que é mais comum
em homens. Manifesta-se como uma lesão ou placa pruriginosa e descamativa que envolve a
dobra entre o escroto e a coxa.

Diagnóstico da tinha crural

O diagnóstico é clínico, mas pode-se solicitar exame micológico directo quando houver falha
ao tratamento ou dúvida diagnóstica. Diagnósticos diferenciais são: psoríase inversa, eritrasma,
dermatite seborreica e candidíase inguinal.

O escroto normalmente não é afetado, ou ocorre leve envolvimento; em contrapartida, no


intertrigo por cândida ou líquen simples crônico, o escroto está geralmente inflamado. Se a
aparência não é diagnóstica, exame micológico com hidróxido de potássio é útil.

Tratamento da tinea cruris

 Antifúngicos tópicos;
 Creme;
 Loção ou gel.

O tratamento é semelhante ao da tinea corporis. Na maioria dos casos, o tratamento inicial é


com antifúngico tópico (como miconazol, clotrimazol, itraconazol, terbinafina ou ciclopirox
olamina) 2 vezes ao dia por 1 a 3 semanas. O tempo de tratamento varia conforme a resolução
da infecção. Nistatina tópica não é efetiva para o tratamento de dermatofitoses e, portanto, não
deve ser utilizada. Em lesões muito extensas ou na falha do tratamento tópico pode-se utilizar
antifúngico sistêmico (quadro 3). Para evitar recorrência, deve-se avaliar e tratar pacientes que
apresentam outras infecções fúngicas concomitantes como tinea pedis e onicomicose.

Os antifúngicos orais de primeira escolha são a terbinafina e o itraconazol. Na impossibilidade


de utilizá-los, o fluconazol e griseofulvina são opções de segunda escolha, porém devem ser
usados por maior tempo. O cetoconazol sistêmico deve ser evitado para tratamento de
dermatofitoses, pois o perfil risco-benefício é desfavorável em comparação com as outras
opções disponíveis.

Quadro 3 – Posologia dos antifúngicos sistêmicos para adultos com tinea cruris.

Antifúngico sistêmico Dose Duração do tratamento

Terbinafina (250 mg) Adulto: 250 mg 1 vez 1 a 2 semanas


por dia
Itraconazol (100 mg) Adulto: 200 mg 1 vez ao 1 semana
dia
Fluconazol (100 ou 150 Adulto: 150 a 200 mg 1 2 a 4 semanas
mg) vez por semana
Griseofulvina (500 mg) Adulto: 500 a 1000 mg 2 a 4 semanas
1 vez por dia

Tinha do pé (pé de atleta) e tinha das mãos

Tinha do pé (pé de atleta) e tinha das mãos são infecções dos pés ou das mãos causadas por
dermatófitos. Usualmente, acometem adultos e adolescentes.

A tinea pedis apresenta-se clinicamente de três formas:

 Interdigital: lesão pruriginosa e eritematosa nas regiões interdigitais dos pés; Fissuras
associadas podem causar dor (figura 10).
 Hiperceratótica: placa hiperceratótica difusa envolvendo a planta e região medial e
lateral dos pés, lembrando um padrão do tipo “mocassim” (figura 11).
 Vesiculobolhosa: erupções vesiculobolhosas pruriginosas, com eritema; geralmente
acomete a região medial do pé (figura 12).

A tinha das mãos é uma infecção por dermatófitos que acomete as mãos, frequentemente de
forma unilateral na mão dominante. Costuma apresentar-se como placas descamativas
hiperceratóticas bem delimitadas na superfície palmar (figura 13). Pode ser assintomática ou
pruriginosa, porém a presença de fissuras costuma causar dor. A tinha das mãos do tipo
desidrótico cursa com pápulas, vesículas e bolhas. É necessário avaliar a presença de outras
infecções fúngicas, visto que estão frequentemente associadas à tinea pedis e à tinea cruris.
Na dúvida diagnóstica da tinha do pé (suspeita de psoríase vulgar, dermatite eczematosa,
ceratodermias, intertrigo por cândida) ou tinha das mãos (suspeita de dermatite de contato,
dermatite atópica, psoríase vulgar e líquen simples crônico) o exame micológico direto deve
ser solicitado.

Figura 10 - Tinea pedis interdigital Figura 11 - Tinea pedis hiperceratótica

Figura 12 - Tinea pedis vesiculobolhosa Figura 13 - Tinea pedis e tinea mannum

Manifestações da tinha do pé (Tinea Pedis)

Figura 14: Tinea pedis

Tinea pedis uma infecção por dermatófitos nos pés (pé de atleta). Manifesta-se tipicamente
como lesões descamativas maceradas que surgem inicialmente entre o 3 e o 4º espaços
interdigitais e se estendem ao dorso lateral, superfície plantar ou ambos dos arcos dos pés.

Tratamento tinha do pé (pé de atleta) e tinha das mãos

O tratamento da tinha do pé (pé de atleta) e tinha das mãos é semelhante, devendo-se iniciar,
como primeira escolha, antifúngicos tópicos (como miconazol, clotrimazol, itraconazol,
terbinafina ou ciclopirox olamina) 2 vezes ao dia por 1 a 4 semanas, conforme a resolução da
infecção. Nistatina tópica não é efetiva para o tratamento de dermatofitoses e, portanto, não
deve ser utilizada. Na falha do tratamento tópico, pode-se utilizar antifúngico sistêmico (quadro
4), preferencialmente com terbinafina, itraconazol e fluconazol. Griseofulvina costuma ser
menos efetiva do que os demais antifúngicos orais (VARVAKI; AGOSTINHO, 2017).

Quadro 4 – Posologia dos antifúngicos sistêmicos para adultos com tinha do pé ou tinha das
mãos

Antifúngico sistêmico Dose Duração do tratamento

Terbinafina (250 mg) 250 mg 1 vez por dia 2 semanas

Itraconazol (100 mg) 200 mg 2 vez ao dia 1 semana

Fluconazol (100 ou 150 150 a 200 mg 1 vez por 2 a 6 semanas


mg) semana
Considerações finais

Chegando este momento podemos concluir que tinha é uma infecção fúngica comum da pele
ou das unhas. Tinha não tem nada a ver com vermes. Mas a erupção cutânea que ela causa pode
ser em forma de anel. Todavia, a tínea corporal é geralmente causada pelo fungo Trichophyton
ou Microsporum e o seu diagnóstico baseia-se na aparência clínica e no exame micológico. O
tratamento envolve antifúngicos tópicos ou orais.

Portanto, podemos dizer que o tratamento da tinea corporis na sua maioria dos casos o
tratamento começa com antifúngico tópico que deve ser aplicado na lesão e 2 centímetros ao
redor da mesma, sobre a pele sem infecção. Os antifúngicos tópicos (como miconazol,
clotrimazol, itraconazol, terbinafina ou ciclopirox olamina) são utilizados 2 vezes ao dia por 1
a 3 semanas. Sendo assim, também concluímos que tinha crural é uma infecção por dermatófitos
nas regiões inguinais que é mais comum em homens. Manifesta-se como uma lesão ou placa
pruriginosa e descamativa que envolve a dobra entre o escroto e a coxa. O diagnóstico é clínico,
mas pode-se solicitar exame micológico directo quando houver falha ao tratamento ou dúvida
diagnóstica. Diagnósticos diferenciais são: psoríase inversa, eritrasma, dermatite seborreica e
candidíase inguinal.

E por fim, chegamos a conclusão que a tinha das mãos é uma infecção por dermatófitos que
acomete as mãos, frequentemente de forma unilateral na mão dominante. E em casos duvidosos
o diagnóstico da tinha das mãos (suspeita de dermatite de contato, dermatite atópica, psoríase
vulgar e líquen simples crônico) o exame micológico direto deve ser solicitado.
Referências bibliografias

BOLOGNIA, J.; JORIZZO, J.; RAPINI, R. P. Dermatology. 3rd ed. Toronto: Elsevier, 2012.

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