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Variantes ilegais da Extradição

Asilo Político

FAEST - Faculdade de Educação de Tangará da Serra - MT


Disciplina: Direito Internacional
Docente: Ellim Fernanda Silva Ferrarezi
Discente: Yan Carpenedo Sampaio
Exemplos ilegais da
Extradição pela história
• Adolf Eichmann - 1960
Antigo coronel dos quadros SS, encarregado da “liquidação definitiva
da questão judia”, habitava um subúrbio de Buenos Aires quando, em
maio de 1960, se viu conduzido a Israel sem o conhecimento do
governo argentino.
• Antoine Argoud - 1963
Membro da Organização do Exército Secreto, e acusado de crimes
contra a segurança do Estado, o coronel Antoine Argoud desapareceu
misteriosamente de Munique, onde buscara asilo, e na noite de 25 de
fevereiro de 1963 reapareceu, envolto em cordas e mordaças, no
interior de um veículo estacionado no centro de Paris.
• Humberto Alvarez-Machain - 1990
Médico mexicano envolvido no tráfico de drogas e acusado do
assassinato de um agente da Drug Enforcement Administration,
Humberto Alvarez-Machain foi capturado no seu consultório em
Guadalajara, em 2 de abril de 1990, e levado aos Estados Unidos
mediante ação que se apurou haver sido organizada pela própria
polícia federal norte-americana.
Indiferença do direito
internacional
• Inexiste regra de direito internacional que proteja o indivíduo
naqueles casos em que se acabe por relevar a violação de território.
• A abdução não pode exatamente ser vista como quebra da
Declaração Universal dos Direitos do Homem, que previne a prisão
arbitrária. Isto porque, nas mais das vezes, um mandado regular de
prisão terá sido expedido contra o fugitivo por autoridade
competente, no Estado que o reclama.
• A vítima formal da ilegalidade é o Estado de refúgio, não o próprio
fugitivo.
• Alguma proteção do indivíduo contra a extradição arbitrária será
somente encontrável, porventura, no direito interno do Estado de
refúgio.
• lex specialis derogat generali.
O sistema protetivo no
direito brasileiro
• Lei de Migração - LEI Nº 13.445, DE 24 DE MAIO DE 2017.
• Art. 53. Não se procederá à deportação se a medida configurar
extradição não admitida pela legislação brasileira.
• Art. 55. Não se procederá à expulsão quando: I
- a medida configurar extradição inadmitida pela legislação
brasileira.
• A ausência de regras desse teor na legislação de outros países tem
às vezes feito com que seus tribunais enfrentem a contingência de
lembrar aos respectivos governos que expulsão e deportação
constituem medidas próprias unicamente para excluir o estrangeiro
do território local, sem que se lhe possa assinalar destino
compulsório.
A doutrina do caso Biggs
• Fugitivo de uma penitenciária inglesa onde cumpria pena por
participação num assalto notório, Biggs viveu por pouco tempo na
Austrália e ingressou em seguida no território brasileiro sob o falso
nome de Michael Haynes.
• Biggs requereu ao Tribunal Federal de Recursos uma ordem de
habeas corpus em que, dando como incontroversa a
impossibilidade da expulsão, em face da iminência de tornar-se pai
de uma criança brasileira, limitava-se a apontar ilegalidade também
na deportação que se lhe preparava em razão do ingresso ilegal no
território.
• O Tribunal, reconhecendo embora que se tratava de um caso de
“extradição inadmitida pela lei brasileira”, não negou a legitimidade
da custódia determinada pelo ministro da Justiça com vistas à
deportação, e por isso indeferiu a ordem de habeas corpus. Mas, no
mesmo passo, estatuiu que o paciente não poderia ser deportado
para a Grã-Bretanha, nem para qualquer outro país do qual aquele
pudesse obter sua extradição.
habeas corpus de Ronald
Biggs
• O conceito de “extradição inadmitida pela lei brasileira” é
consideravelmente amplo. Nele cabem não só as hipóteses de
extradição barrada por óbice substantivo, como a prescrição ou a
natureza política do crime, mas também aquelas em que a
impossibilidade da medida resulta de fator adjetivo, como ocorreria
no caso de indeferimento por falha documental não sanada em
tempo hábil.
• Não é, em absoluto, necessário que o Supremo tenha já indeferido
a extradição para que ela seja classificável como inadmitida pela lei
brasileira. A linguagem do legislador é unívoca quando omite toda
referência a uma prévia decisão da única instância judiciária
competente para a matéria extradicional.
• O intento do legislador só se pode valorizar eficazmente quando se
leve às últimas consequências o vigor da norma proibitiva.
Asilo político: Conceito e
espécies
• Asilo político é o acolhimento, pelo Estado, de estrangeiro
perseguido (geralmente, mas não necessariamente, em seu próprio
país patrial) por causa de dissidência política, de delitos de opinião,
ou por crimes que não configuram quebra do direito penal comum.
• O asilo político, na sua forma perfeita e acabada, é territorial:
concede o Estado àquele estrangeiro que, havendo cruzado a
fronteira, colocou-se no âmbito espacial de sua soberania, e aí
requereu o benefício. Em toda parte se reconhece a legitimidade do
asilo político territorial, e a Declaração Universal dos Direitos do
Homem faz-lhe referência.
• Conceder asilo político não é obrigatório para Estado algum, e as
contingências da própria política determinam, caso a caso, as
decisões de governo.
• O candidato ao asilo territorial não estará sempre provido de
documentação própria para um ingresso regular. Sem visto, ou
mesmo sem passaporte, ele aparece, formalmente, como um
deportando em potencial quando faz o pedido de asilo.
Natureza do asilo
diplomático
• É uma forma provisória do asilo político, só praticada regularmente
na América Latina, onde surgiu como instituição costumeira no
século XIX, e onde se viu tratar em alguns textos convencionais a
partir de 1928.
• No estudo do asilo diplomático, é o fato de que ele constitui uma
exceção à plenitude da competência que o Estado exerce sobre seu
território.
• Nos países que não reconhecem essa modalidade de asilo político,
toda pessoa procurada pela autoridade local que entre no recinto
de missão diplomática estrangeira deve ser de imediato restituída,
pouco importando saber se se cuida de delinquente político ou
comum.
• Naturalmente, o asilo nunca é diplomático em definitivo: essa
modalidade significa apenas um estágio provisório, uma ponte para
o asilo territorial, a consumar-se no solo daquele mesmo país cuja
embaixada acolheu o fugitivo, ou eventualmente no solo de um
terceiro país que o aceite.
Disciplina do asilo
diplomático
• Os locais onde esse asilo pode dar-se são as missões e, por
extensão, os imóveis residenciais cobertos pela inviolabilidade nos
termos da Convenção de Viena de 1961; e ainda, segundo o
costume, os navios de guerra porventura acostados ao litoral.
• A autoridade asilante, via de regra o embaixador, examinará a
ocorrência dos dois pressupostos referidos e, se os entender
presentes, reclamará da autoridade local a expedição de um salvo-
conduto com que o asilado possa deixar em condições de
segurança o Estado territorial para encontrar abrigo definitivo no
Estado que se dispõe a recebê-lo.
• A autoridade asilante dispõe, em regra, do poder de qualificação
unilateral dos pressupostos do asilo, mas na exata medida em que
exteriorize o ponto de vista do Estado por ela representado.
• O asilo, nos termos da Convenção de Caracas, é uma instituição
humanitária e não exige reciprocidade. Importa, pois, para que ele
seja possível, que o Estado territorial o aceite como princípio, ainda
que o Estado asilante não tenha igual postura.

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