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Resumo
O presente artigo científico analisa a situação dos refugiados venezuelanos no Brasil. Traz-se
inicialmente alguns conceitos jurídicos pertinentes, como o de migrantes, refugiados e
imigrantes, até a legislação relacionada, nacional e internacional. Faz-se, ademais, uma breve
abordagem sobre a Convenção de Genebra de 1951 e o Protocolo de Nova Iorque de 1967 no
que tange às garantias, direitos e deveres internacionais assegurados. Outrossim, sumariza-se
algumas considerações sobre as leis brasileiras nº 13.445/2017 (Lei de Imigração) e
9.474/1997 que regulam a situação dos refugiados e imigrantes no Estado brasileiro. Além
disso, comenta-se sobre o refúgio e o procedimento para aquisição da benesse. Em um
segundo momento, averigua-se a conjuntura em concreto dos refugiados no país, trazendo
aspectos sociais, econômicos e culturais vivenciados e partilhados. Por último, procura-se
expor como a jurisprudência nacional tem visto o assunto no que tange a resolução das
diversas problemáticas advindas da vivência dos refugiados venezuelanos no Brasil.
1. Conceituação
No trecho supracitado, a definição consegue ser mais ampla vez que faz alusão ao
animus de constituir residência habitual, do âmbito para onde se dá a movimentação, se
nacional ou estrangeiro, o tempo de permanência e aos motivos que levam ao deslocamento
migratório. Estes são elementos complementares ao núcleo definidor do instituto jurídico,
mas que melhor qualificam o conceito, resultando numa melhor completude deste.
No que tange à classificação, a ONU subdivide a migração em regular e irregular. A
partir da visão de Louise Arbour2, a sua representante para a migração internacional, assim
define-se a migração regular: “refere-se a pessoas que entram ou permanecem em um país no
qual não são nacionais por meio de canais legais, e cuja posição naquele país é obviamente
conhecida pelo governo e em conformidade com todas as leis e regulamentos”. Continua,
agora, definindo a migração irregular: “é a situação das pessoas que estão em um país, mas
cujo status não obedece os requisitos nacionais”. Interessante, ademais, que ela traz que o
migrante irregular pode ser regularizado, caso não seja, precisa ser devolvido ao seu país de
origem.
A Agência das Nações Unidas para Refugiados, ACNUR3, esclarece o que se entende
por refugiado, de modo a melhor categorizar o termo na temática da regularidade migratória.
Assim sendo, conceitua-se o refugiado como alguém forçado a se evadir do seu país por
questões de guerra, perseguição ou violência. Além disso, acrescenta-se que o refugiado sai
do seu país de origem, por causa de um receio motivado na perseguição por questões ligadas
à raça, religião, nacionalidade, opinião política ou filiação em determinado grupo social.
1
INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR MIGRATION. About migration. Disponível
em:<https://www.iom.int/about-migration>. Acesso em: 15 out. 2022.
2
NAÇÕES UNIDAS. Saiba tudo sobre o pacto global para migração. ONU NEWS. Disponível
em:<https://news.un.org/pt/story/2018/12/1650601>. Acesso em: 15 out. 2022.
3
ACNUR. Agência da onu para refugiados. Disponível em:<https://www.acnur.org/portugues/>. Acesso em:
16 out. 2022.
No Blog Virtual Âmbito Jurídico4, o termo refugiado, a partir de uma análise
dialógica de todos os dispositivos legais que trazem uma definição sobre a designação, assim
conceituam o termo. Neste ínterim, expõe-se:
A Lei nº 9.474 de 1997, em seu art. 1º, incs. I, II e III, define o que se entende por
refugiado, incluindo os requisitos objetivos e subjetivos que ocasionam no enquadramento de
uma pessoa como refugiada no Brasil. A título expositivo, deve-se mostrar literalmente o que
diz a lei. Nesse sentido, tem-se o seguinte:
II - não tendo nacionalidade e estando fora do país onde antes teve sua
residência habitual, não possa ou não queira regressar a ele, em função das
circunstâncias descritas no inciso anterior;
A despeito do migrante poder ser regular ou irregular, que seja, ser recebido
legalmente, com conhecimento estatal, ou ilegalmente, podendo ser clandestino, o refugiado
estaria acobertado pela legislação do país receptor diante da sua vulnerabilidade. Seria mais
um pedido de ajuda ou refúgio, do que uma simples migração em condições normais de
vivência humana, de modo a se ater a questão da regularidade do migrante-refugiado. O
4
MORAIS, Ângela Maria Fonsêca; DA SILVA, Rubens Alves. Refugiados e imigrantes no brasil e no
mundo. Âmbito Jurídico, 2020. Disponível em:<
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-internacional/refugiados-e-imigrantes-no-brasil-e-no-mundo/>.
Acesso em: 20 out. 2022.
refugiado se desloca sob motivos justos e graves, principalmente, por perigo de vida,
procurando um Estado que o acolha e proteja.
Neste momento, faz-se imprescindível trazer uma definição sobre o que seria a
imigração, visto que como o foco da presente pesquisa se dá sobre a situação jurídica dos
venezuelanos em terras nacionais, como imigrantes que são, cabe apresentar um conceito
para tal palavra. Assim sendo, de acordo com o Blog Virtual Mundo Educação, a imigração
se define da seguinte forma:
Já em termos legais, a Lei de Imgração nº 13.445/2017, o seu art. 1º, §1º, inc. I, assim
define o imigrante: “pessoa nacional de outro país ou apátrida que trabalha ou reside e se
estabelece temporária ou definitivamente no Brasil”. Assim sendo, soma-se ao conceito de
estrangeiro que reside em país diferente do de origem, a questão do tempo de permanência no
país estrangeiro.
Resta indubitável, em suma, a partir das definições apresentadas, de que os
venezuelanos se classificam como migrantes, lato sensu. Todavia, mais especificamente, eles
se locomovem para dentro do território brasileiro em uma visível situação de imigração. Por
último, adjetivando o termo, diante das motivações que desembocam no deslocamento
internacional para um país estrangeiro, tem-se a qualidade de refugiado dos mesmos.
5
CAMPOS, Mateus. Imigração. MUNDO EDUCAÇÃO, 2021. Disponível
em:<https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/imigracao.htm#:~:text=A%20imigra%C3%A7%C3%A3o%2
0%C3%A9%20o%20processo,uma%20melhor%20condi%C3%A7%C3%A3o%20de%20vida.>. Acesso em: 16
out. 2022.
2. Instrumentos legais e normativos, nacionais e internacionais, que regulam a situação
jurídica dos refugiados
6
UNHCR - AGÊNCIA DA ONU PARA REFUGIADOS. Convenção de 1951. Disponível em:<
https://www.acnur.org/portugues/convencao-de-1951/>. Acesso em: 19 out. 2022.
O CONARE7 é um órgão colegiado vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança
Pública, que possui a principal atribuição de deliberar sobre as solicitações de
reconhecimento da condição de refugiado no Brasil. Precipuamente, o órgão atua
internamente, junto ao ACNUR BRASIL. Acrescente-se também que, como mais um órgão
administrativo do Poder Executivo que lida com os imigrantes, há o Conselho Nacional de
Imigração, CNIg8, o qual está incumbido de regulamentar as atividades laborais dos
refugiados no Brasil, exercendo um papel fundamental de adaptação dos estrangeiros no país.
7
COMITÊ NACIONAL PARA OS REFUGIADOS. Institucional. Disponível
em:<https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/seus-direitos/refugio/institucional>. Acesso em: 17 out. 2022.
8
PORTAL DE IMIGRAÇÃO. Informações gerais. Disponível em:<
https://portaldeimigracao.mj.gov.br/pt/informacoes-gerais. Acesso em: 17 out. 2022.
9
ÂMBITO JURÍDICO. O refúgio no Brasil: definição e requisitos. Disponível em:<
https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-90/o-refugio-no-brasil-definicao-e-requisitos/#:~:text=A%20partir
%20da%20an%C3%A1lise%20conjunta,religi%C3%A3o%2C%20nacionalidade%2C%20grupo%20social%20
ou>. Acesso em: 20 out. 2022.
“Aurélio Buarque de Holanda conceitua refúgio como “asilo, abrigo,
apoio, amparo”. O refúgio, juridicamente falando, não possui conceito
diferente deste trazido pelo dicionário. O ato de concessão de refúgio
consiste, realmente, em conceder abrigo, amparo, apoio, enfim, consiste em
conceder proteção àquele que foge de seu país porque lá não lhe é conferida
a proteção que necessita”. (grifos nosso)
10
UNODC-NAÇÕES UNIDAS SOBRE DROGAS E CRIMES, TRACK4TIP. Relatório Situacional do Brasil.
Nações Unidas, 2021. pp. 20-28. Disponível em:
<https://www.unodc.org/documents/lpo-brazil/Topics_TIP/Publicacoes/Relatorio_Situacional_Brasil_T4T.pdf.>
Acesso em: 20. Out. 2022.
Neste sentido, em 2018, ano em que surgiu a necessidade de uma resposta célere a
migração em massa dos venezuelanos, o Governo Federal em conjunto com o Exército
Brasileiro e o estado de Roraima - que faz fronteira com a Venezuela, tendo sido atingido de
forma mais significativa pelo fluxo migratório – instituíram a Operação Acolhida,
Neste trilhar, a Operação Acolhida conta com a colaboração de cerca de 120 (cento e
vinte) agências e instituições civis12 com o objetivo de levar dignidade humana a milhares de
venezuelanos migrantes e refugiados, por meio da atuação harmoniosa e solidária os militares
e civis buscam desenvolver e concretizar políticas públicas como a interiorização dos
imigrantes e refugiados.
11
KANAAN, Coronel; SIDMAR, 2° Tenente; TÁSSIO, Major. As ações do exército brasileiro na ajuda
humanitária aos imigrantes venezuelanos. In: ZUBEN, Catarina von, et. al. (org.). Migrações Venezuelanas.
Campinas, SP: Núcleo de Estudos de População ―Elza Berquó‖ – Nepo/Unicamp, 2018. p. 68. Disponível em:
https://www.nepo.unicamp.br/publicacoes/livros/mig_venezuelanas/migracoes_venezuelanas.pdf. Acesso em:
20. out. 2022.
12
BRASIL. Ministério da Defesa. Operação Acolhida. Gov.br, 2022. Disponível em:
<https://www.gov.br/defesa/pt-br/assuntos/exercicios-e-operacoes/acoes-humanitarias/operacao-acolhida.>
Acesso em: 15. Out. 22
Estima-se que cerca de 80 mil pessoas13 foram beneficiadas por esta política pública
desde 2018 até 2022, famílias inteiras receberam este auxílio e muitos já montaram seu
próprio negócio. No entanto, apesar do Brasil instituir respostas a esse imenso fluxo
migratório, esta ainda apresenta-se insuficiente, pois muitos migrantes não conseguiram ser
beneficiados por essa iniciativa, além de mostrarem-se ausentes de concretização alguns dos
eixos da proposta. É o que se depreende das pesquisas jurisprudenciais dos principais
tribunais do país. Em 2018, por exemplo, o Ministério Público do Trabalho impetrou uma
Ação Civil Pública no Tribunal do Trabalho da 11ª região, solicitando que fosse demonstrado
o cumprimento das políticas de inserção dos migrantes venezuelanos promovidas pela União.
Neste sentido,
13
ACNUR. Agência da ONU para refugiados. Disponível em:
<https://www.acnur.org/portugues/2022/06/12/interiorizacao-beneficia-mais-de-76-mil-pessoas-refugiadas-e-mi
grantes-da-venezuela-no
brasil/#:~:text=Interiorizados%20e%20adaptados&text=Hoje%20ele%20%C3%A9%20parte%20da,de%20inter
ioriza%C3%A7%C3%A3o%20do%20Governo%20Federal.> Acesso em: 15. Out. 2022
14
BRASIL. Tribunal regional do Trabalho (11ª). Ação Civil Pública 0000694-52.2018.5.11.0051. PODER
JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 11ª REGIÃO 1ª
Vara do Trabalho de Boa Vista PAP 0000694-52.2018.5.11.0051 REQUERENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO
TRABALHO REQUERIDO: UNIÃO FEDERAL (AGU) - RR. Requerente: MINISTÉRIO PÚBLICO DO
TRABALHO Requerido:UNIÃO FEDERAL (AGU) - RR. Relator: GLEYDSON NEY SILVA DA ROCHA,5
de setembro de 2018. TRT11 • Produção Antecipada de Provas • 0000694-52.2018.5.11.0051 • 1ª Vara do
Trabalho de Boa Vista do Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região - Inteiro Teor. RORAIMA, 2018.
Disponível em: <https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/trt-11/863219614/inteiro-teor-863219730.>
Acesso em: 17. out. 2022.
Importante destacar que a população indígena Venezuelana também foi prejudicada
pelas crises socioeconômicas e políticas do país. No Brasil, em 2022 o número de indígenas
venezuelanos migrantes é de mais de sete mil pessoas15, o que acarreta a necessidade de uma
rápida resposta humanitária do Governo Federal em conjunto com a Fundação Nacional do
Índio – FUNAI, para atender as vulnerabilidades dos mesmos. No entanto, há deficiências em
relação à celeridade de concretização das propostas referentes a estes povos. Em decorrência
disso, o Ministério Público Federal impetrou Ação Civil Pública no Tribunal Regional
Federal da 1 ª Região, em desfavor da União e da FUNAI, solicitando que seja prestada
assistência adequada aos povos indígenas, visto que muitos estavam sofrendo com
deportações em massa orientadas pela Polícia Federal Brasileira e outros foram acolhidos
como venezuelanos não índios, o que é um claro desrespeito à etnia e cultura desses grupos.
Neste trilhar,
15
ACNUR. Agência da onu para refugiados. Disponível em:
<https://www.acnur.org/portugues/2022/04/19/indigenas-venezuelanos-no-brasil-ja-somam-mais-de-7-mil-pesso
as-sendo-819-reconhecidas-como-refugiados/.> Acesso em: 17.out. 2022
16
BRASIL. Tribunal Regional do Federal (1ª). Ação Civil Pública 1000145-20.2019.4.01.4200. PODER
JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária de Roraima 2a Vara Federal Cível da SJRR. ATIVO:
É responsabilidade da União promover meios de subsistência, garantindo acolhida
humanitária, igualdade de tratamento e de oportunidade ao migrante e a seus familiares,
inclusão social, laboral e produtiva do migrante por meio de políticas públicas. Além de
observar a cultura e os costumes dos povos indígenas. De acordo com o Art. 5º, caput, da
Constituição Federal de 198817, como também o artigo 3º da Lei de Migração nº 13.445/2017
que rege os princípios e garantias dos migrantes18 , artigos 4ª e 5ª da Lei nº 13.684/201819,
que dispõe sobre a assistência emergencial para acolhimento a pessoas em situação de
vulnerabilidade decorrente de fluxo migratório provocado por crise humanitária. Além de
respeitar a Convenção nº 169 da OIT sobre Povos Indígenas e Tribais, visto ser o Brasil
signatário desta convenção e já a ter internalizado no ordenamento jurídico pátrio por meio
do Decreto nº 10.088, de cinco de novembro de 201920.
Desta feita, não resta dúvidas da necessidade de concretização das políticas de
proteção social que devem ser aplicadas pelo Governo Federal por meio da FUNAI a esses
grupos indígenas em situação de vulnerabilidade. Faz-se importante no acolhimento não
apenas dar abrigo e alimentação como também oferecer serviços de promoção cultural,
materiais multilíngues e pessoas capacitadas para ajudarem na adaptação e comunicação das
tribos de forma adequada e confortável para essas pessoas. Nos momentos de preparação para
oferecimento desses serviços e quando colocados em prática devem ser levado em
Ministério Público Federal (Procuradoria) (Apelante), PASSIVO: União Federal, PASSIVO: Fundacao Nacional
do Indio - Funai. Relatora: FELIPE BOUZADA FLORES VIANA,5 de fevereiro de 2019. TRF1 • AÇÃO
CIVIL PÚBLICA CÍVEL • Direitos Indígenas (9989) • 1000145-20.2019.4.01.4200 • Órgão julgador 2ª Vara
Federal Cível da SJRR do Tribunal Regional Federal da 1ª Região - Inteiro Teor. RORAIMA, 2022. Disponível
em: <https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/trf-1/1466615970/inteiro-teor-1466615971.> Acesso em: 17
out. 2022
17
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes…”. BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa
do Brasil. Brasília, DF:Diário oficial da República Federativa do Brasil, 2020. Disponível em:
<planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 22.out.2022
18
BRASIL. Lei nº 13.445, de 24 de maio de 201, Institui a Lei de Migração. Brasília, DF:Diário oficial da
República Federativa do Brasil, 2017. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13445.htm>. Acesso em: 22. out. 2022
19
BRASIL. Lei nº 13.684, de 21 de junho de 2018. Dispõe sobre medidas de assistência emergencial para
acolhimento a pessoas em situação de vulnerabilidade decorrente de fluxo migratório provocado por crise
humanitária; e dá outras providências. Brasília, DF: Diário oficial da República Federativa do Brasil, 2018.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/l13684.htm>. Acesso em:
22.out.2022
20
BRASIL.Decreto nº 10.088, de 5 de novembro de 2019. Consolida atos normativos editados pelo Poder
Executivo Federal que dispõem sobre a promulgação de convenções e recomendações da Organização
Internacional do Trabalho - OIT ratificadas pela República Federativa do Brasil. Brasília, DF:Diário
oficial da República Federativa do Brasil, 2019.Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/d10088.htm#:~:text=DECRETO%20N%C2
%BA%2010.088%2C%20DE%205,pela%20Rep%C3%BAblica%20Federativa%20do%20Brasil.>. Acesso em:
22. out. 2022.
consideração não apenas as estatísticas e números da migração, mas sim, a vida de cada uma
dessas pessoas que estão sendo influenciadas diretamente pela crise em seu país de origem e
estão migrando em busca da sobrevivência, onde a forma do acolhimento poderá fazer toda a
diferença, tornando-o assim humanizado.
Não há desculpas para o preconceito, por isso é dever do Governo Federal promover
políticas públicas de combate à xenofobia contra os imigrantes e refugiados venezuelanos,
bem como instituir ferramentas de suporte mais eficazes ao estado fronteiriço para assim
21
MENDONÇA, Heloísa. O “monstro da xenofobia” ronda a porta de entrada de venezuelanos no Brasil. El
País, Pacaraíma, 27. Ago. 2018. Disponível em:
<https://brasil.elpais.com/brasil/2018/08/17/politica/1534459908_846691.html.> Acesso em: 20. out. 2022.
conseguir desenvolver meios de receber e lidar da melhor forma com o fluxo migratório de
pessoas.
Destarte, faz-se importante trabalhar para combater o discurso de ódio e
discriminação, respeitando o artigo 2ª da Declaração Universal de Direitos Humanos, que
assegura o direito a todos de não serem discriminados por motivos de origem nacional.
Assim, o Brasil enquanto ente internacional e nacional tem a responsabilidade de promover
meios para que todas as pessoas em seu território tenham vida digna e oportunidades iguais.
Portanto, o Brasil ainda tem muito que fazer para resguardar os direitos dos imigrantes e
refugiados venezuelanos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho teve como escopo entender a real situação dos migrantes
venezuelanos à luz dos direitos humanos após a grande crise sociopolítica ainda em vigor na
República Bolivariana da Venezuela. Em um primeiro momento, nos propomos a entender
conceitos jurídicos pertinentes à nossa análise, como o de migrantes, imigrantes e refugiados.
Assim, após a exposição e ampla pesquisa doutrinária e legislativa foi possível
concluir que a forma mais adequada de classificação dos migrantes venezuelanos seria de
refugiados para aqueles que solicitarem e preencherem os requisitos legais para essa situação
de tratamento, cabe ressaltar que a situação deverá ser analisada caso a caso e então
concedida, uma vez que, gera mais segurança jurídica e facilita a aplicação de políticas
públicas, a exemplo da interiorização.
Destarte, posteriormente a exposição conceitual e legislativa analisamos a situação
real dos imigrantes e refugiados venezuelanos índios e não índios que chegam ao Brasil em
grande fluxo todos os dias, bem como a resposta humanitária concedida pelo governo federal
brasileiro em conjunto com o exército brasileiro e as organizações e instituições civis, com o
objetivo de dar acolhimento e qualificação para que estas pessoas tenham qualidade de vida e
novas oportunidades no mercado de trabalho brasileiro.
No entanto, ao decorrer da pesquisa jurisprudencial foi possível perceber que algumas
políticas públicas não estavam sendo concretizadas da maneira adequada, tendo a situação
que ser judicializada para gerar resultados positivos. Além disso, problemas com relação ao
preconceito de origem nacional e étnica se tornaram mais latentes no estado de Roraima e no
Brasil como um todo, tendo o governo federal a responsabilidade de promover políticas
públicas de enfrentamento à xenofobia e ao discurso de ódio contra os venezuelanos
indígenas e não indígenas.
Por conseguinte, espera-se que o Brasil continue comprindo e procurando sempre
concretizar as políticas públicas e planos de acolhimentos propostos, para uma acolhida
humanitária adequada em relação aos venezuelanos, os proporcionando segurança,
alimentação e conforto para que possam continuar suas vidas com condições dignas e em paz.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 13.455, de 24 de maio de 2017. Institui a Lei de Migração. Diário Oficial
da República Federativa do Brasil, DF, 24 de maio de 2017. Disponível em:<
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13445.htm#:~:text=Institui%2
0a%20Lei%20de%20Migra%C3%A7%C3%A3o.&text=Art.,pol%C3%ADticas%20p%C3%
BAblicas%20para%20o%20emigrante>. Acesso em: 19 out. 2022.