MIGRANTES? Até a vigência da Lei 6815/80, a definição de quem era considerado estrangeiro estava relacionada à identificação daqueles que não se enquadravam na categoria de nacionais, ou seja, aqueles que não se enquadravam no artigo 12 da Constituição de 1988, que descreve as condições para se tornar um brasileiro nato ou naturalizado, eram considerados estrangeiros. Essa questão da nacionalidade é comum no Direito Constitucional e tem implicações no Direito Internacional, já que a Constituição estabelece quem é considerado brasileiro e, por exclusão, quem é estrangeiro. A Constituição brasileira de 1988, no artigo 12, define quem são os brasileiros, tanto natos quanto naturalizados, excluindo assim os estrangeiros. A Lei 6815/80, conhecida como o Estatuto do Estrangeiro, tratava das questões relacionadas à situação jurídica dos estrangeiros no Brasil e estabelecia várias restrições e regulamentações. No entanto, em sua essência, o Estatuto mantinha a distinção entre brasileiros e estrangeiros. No campo do Direito Internacional, existem princípios relacionados à questão da nacionalidade, que incluem: a) O direito internacional confere a cada Estado o poder de determinar como se adquire e se perde a sua nacionalidade. b) Nenhum Estado pode estabelecer as condições para adquirir ou perder uma nacionalidade estrangeira. c) A decisão do Estado na determinação da nacionalidade está sujeita às limitações do Direito Internacional, que incluem tratados, costumes e princípios gerais de direito. d) Uma declaração de nacionalidade por um Estado tem efeitos legais em relação a outros Estados. e) No entanto, essa declaração não é válida se violar o direito internacional. f) Os Estados só podem conceder sua nacionalidade a pessoas com uma relação efetiva e permanente com o Estado. g) A naturalização de um estrangeiro legalmente capaz não pode ocorrer sem o seu consentimento. h) Uma naturalização que não exija o consentimento dos interessados só é possível em caso de cessão territorial, quando os indivíduos tenham seu domicílio ordinário no território cedido. i) O princípio de que a nacionalidade implica uma relação efetiva e permanente com o Estado de que é súdito implica que as disposições que fazem depender a perda da nacionalidade de uma exclusão formal do Estado são ineficazes perante o direito internacional se a pessoa tiver adquirido a nacionalidade de outro Estado sem ter sido excluída do Estado anterior. j) Somente no território do Estado é que ele tem o direito de legislar sobre a nacionalidade, e as naturalizações realizadas em territórios ocupados por uma potência estrangeira não têm validade perante o direito internacional. No entanto, a Lei 13.445/2017, conhecida como a Lei de Migração, introduziu mudanças significativas nessa área. A nova lei não se limita apenas a questões terminológicas, mas também elimina várias restrições que eram impostas aos estrangeiros com base no Estatuto do Estrangeiro de 1980. Ela reconhece a figura do imigrante e do visitante, substituindo o termo estrangeiro. Além disso, a nova lei busca garantir os direitos e deveres dos migrantes e visitantes no Brasil, regulando sua entrada e estadia no país e estabelecendo princípios e diretrizes para políticas públicas relacionadas a migrantes e emigrantes, o que representa uma mudança significativa em relação à abordagem anterior que estava mais voltada para a segurança nacional.
A NOVA LEI DE MIGRAÇÃO
A nova Lei de Migração brasileira (Lei 13.345/2017) trouxe significativas mudanças no cenário da política migratória do Brasil. Antes de sua promulgação, o país estava regido pelo Estatuto do Estrangeiro, criado durante o governo militar, que tinha um enfoque mais restritivo e centrado em questões de segurança nacional e interesses econômicos do Brasil. A nova Lei de Migração reflete uma abordagem mais moderna, que se concentra em promover os direitos humanos e garantir a igualdade de tratamento para migrantes e não discriminá-los com base em sua situação migratória. Ela desburocratiza o processo de regularização migratória, institucionaliza a política de vistos humanitários e, notavelmente, não criminaliza as migrações em si. Algumas das mudanças e direitos assegurados pela nova lei incluem: 1. Garantia dos direitos humanos, sem discriminação, independentemente da situação migratória. 2. Procedimentos de regularização migratória mais rápidos e acessíveis. 3. Não criminalização das migrações, incluindo a não detenção de migrantes por razões migratórias. 4. Igualdade de acesso a serviços, programas e benefícios sociais para os migrantes. 5. Direito de reunião familiar do imigrante com seu cônjuge, companheiro e filhos, familiares e dependentes. 6. Acesso à educação pública sem discriminação com base na nacionalidade e na situação migratória. 7. Garantia de cumprimento de obrigações legais e contratuais trabalhistas. 8. Direito de associação, inclusive sindical, para fins lícitos. 9. Acesso à justiça e assistência jurídica gratuita para migrantes com insuficiência de recursos. 10. Direito à liberdade de circulação em território nacional. 11. Direito de transferir recursos decorrentes de renda e economias pessoais para outro país, observando a legislação aplicável. 12. Amplo acesso à justiça e à assistência jurídica gratuita para migrantes com insuficiência de recursos. 13. Direito de abrir uma conta bancária. 14. Direito de sair, permanecer e reingressar em território nacional, mesmo durante o processo de regularização migratória. A nova Lei de Migração recebeu elogios por promover os direitos humanos e a igualdade, mas também enfrentou críticas de grupos mais conservadores, que manifestaram preocupações com a entrada de estrangeiros no país. No entanto, a legislação reflete a ênfase na igualdade e não discriminação consagrada na Constituição brasileira. Portanto, a nova lei de migração no Brasil representa um avanço significativo na proteção dos direitos dos migrantes e na promoção de uma política migratória mais inclusiva e compatível com os princípios de direitos humanos.
A ADMISSÃO E A RETIRADA COMPULSÓRIA DO MIGRANTE
A nova Lei de Migração brasileira (Lei 13.445/2017) e seus principais
aspectos relacionados ao ingresso, permanência e saída de estrangeiros no Brasil. A Lei de Migração revogou o antigo Estatuto do Estrangeiro e trouxe várias mudanças significativas na abordagem da legislação migratória do Brasil. A nova lei estabelece critérios mais objetivos para a entrada de estrangeiros no Brasil, aceitando diversos tipos de documentos de viagem, como passaportes e outros documentos reconhecidos por tratados internacionais. Além disso, a lei estabelece diferentes tipos de vistos, como vistos de visita, temporários, diplomáticos, oficiais e de cortesia, permitindo uma maior flexibilidade para os imigrantes em conformidade com suas necessidades e situações. A legislação também aborda a questão de apátridas, pessoas que não têm nacionalidade de nenhum país, e oferece proteção especial a eles, bem como um processo simplificado de naturalização, se desejarem se tornar cidadãos brasileiros. A lei também trata do asilo, estabelecendo que o asilo não pode ser concedido a indivíduos que tenham cometido crimes graves, como genocídio e crimes contra a humanidade, de acordo com o Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional. Além disso, o texto menciona medidas de retirada compulsória, como repatriação, deportação e expulsão, que podem ser aplicadas em casos de irregularidades na situação migratória dos indivíduos, mas enfatiza que a nova lei evita a criminalização por razões migratórias e permite que os imigrantes continuem circulando livremente até o vencimento do prazo para regularização. Portanto, a nova Lei de Migração brasileira busca garantir uma abordagem mais inclusiva e respeitosa dos direitos humanos no que diz respeito aos estrangeiros que desejam entrar, permanecer e sair do Brasil, promovendo princípios de igualdade, não discriminação e proteção para aqueles que deixaram seus países por diversos motivos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: O QUE SE ESPERA A PARTIR DA
NOVA LEI MIGRATÓRIA BRASILEIRA? O texto aborda a importância da não indiferença no contexto das relações internacionais e destaca a relevância da nova Lei de Migração brasileira (Lei 13.445/2017) como um exemplo de respeito aos direitos humanos e ao princípio da não indiferença. A não indiferença refere-se à necessidade de os Estados e atores internacionais não ficarem indiferentes diante de situações adversas que afetam a humanidade, como crises econômicas, catástrofes ambientais, conflitos armados e migrações em massa. O texto destaca que a migração é uma das questões mais prementes e complexas no cenário internacional, com um aumento significativo no número de refugiados e migrantes econômicos em busca de oportunidades e segurança em outros países. Tais migrações podem ser motivadas por fatores como pobreza extrema, desastres naturais e conflitos armados, onde as pessoas estão, em última instância, tentando salvar suas vidas. Além disso, o texto menciona que a globalização econômica tem desempenhado um papel na geração de problemas sociais e econômicos, afetando muitas pessoas em todo o mundo. A falta de controle sobre a globalização econômica tem levado a prejuízos e sofrimentos para muitas comunidades. Nesse contexto, a não indiferença, que enfatiza a solidariedade, compaixão, direitos humanos e a importância de respeitar a dignidade humana, é crucial. A nova Lei de Migração brasileira é vista como um passo importante nessa direção, uma vez que promove direitos e deveres para não nacionais que se encontram no Brasil, substituindo o antigo Estatuto do Estrangeiro, que era considerado mais restritivo. A Lei de Migração busca garantir um tratamento mais justo e inclusivo para os migrantes no Brasil e fortalece a participação do país no cenário internacional. Portanto, o texto elogia a nova lei como um marco importante na proteção dos direitos das pessoas que se encontram na situação de migração e no cumprimento do princípio da não indiferença.