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Direitos Humanos

O que trata a Lei de Migração?


A lei de migração apresenta a concessão de direitos ao migrante
e visa facilitar a regularização dele no país. Desse modo, a lei
13.445/17 revoga o Estatuto do Estrangeiro.

Já no artigo 1º, parágrafo 1º, há a descrição das pessoas desta lei.


São, portanto:

II – imigrante: pessoa nacional de outro país ou apátrida que trabalha


ou reside e se estabelece temporária ou definitivamente no Brasil;

III – emigrante: brasileiro que se estabelece temporária ou


definitivamente no exterior;

IV – residente fronteiriço: pessoa nacional de país limítrofe ou


apátrida que conserva a sua residência habitual em município
fronteiriço de país vizinho;

V – visitante: pessoa nacional de outro país ou apátrida que vem ao


Brasil para estadas de curta duração, sem pretensão de se
estabelecer temporária ou definitivamente no território nacional;

VI – apátrida: pessoa que não seja considerada como nacional por


nenhum Estado, segundo a sua legislação, nos termos da Convenção
sobre o Estatuto dos Apátridas, de 1954, promulgada pelo Decreto nº
4.246, de 22 de maio de 2002, ou assim reconhecida pelo Estado
brasileiro.

Nota-se, em comparação com o Estatuto do Estrangeiro, que a


terminologia é diferente. Usa-se migrante e não mais estrangeiro.

Outra diferença é que o texto do Estatuto focava mais nas vedações


aos estrangeiros do que os direitos.

Além disso, incluiu-se o emigrante, ou seja, o brasileiro que deixa o


país, e não mais somente quem entra em território brasileiro.

A lei de migração propõe-se a regulamentar a entrada e saída do


estrangeiro, bem como estabeleceu a acolhida humanitária.

Princípios, diretrizes e garantias na lei de


migração
No artigo 3º da lei, estão previstos os 22 princípios e diretrizes. Alguns
que, inclusive, não estavam presentes no estatuto do estrangeiro.

Vale ressaltar os seguintes incisos:

I – universalidade, indivisibilidade e interdependência dos direitos


humanos;

III – não criminalização da migração;

IV – não discriminação em razão dos critérios ou dos procedimentos


pelos quais a pessoa foi admitida em território nacional;

V – promoção de entrada regular e de regularização documental;

VIII – garantia do direito à reunião familiar;

IX – igualdade de tratamento e de oportunidade ao migrante e a


seus familiares;

X – inclusão social, laboral e produtiva do migrante por meio de


políticas públicas;

XI – acesso igualitário e livre do migrante a serviços, programas e


benefícios sociais, bens públicos, educação, assistência jurídica
integral pública, trabalho, moradia, serviço bancário e seguridade
social;

E no art. 4º da mesma lei trata-se das garantias e direitos, conforme


prevê:

Art. 4º Ao migrante é garantida no território nacional, em condição de


igualdade com os nacionais, a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade […]

Situação documental do migrante: vistos


O visto é o documento que permite a entrada legal do migrante no
Brasil.

De acordo com o art. 7º da lei 13.445/2017:

O visto será concedido por embaixadas, consulados-gerais,


consulados, vice-consulados e, quando habilitados pelo órgão
competente do Poder Executivo, por escritórios comerciais e de
representação do Brasil no exterior.
Salvo situação de impedimento ao solicitante, poderão ser concedidos
os vistos de visita, temporário, diplomático, oficial e de cortesia.

O visto não é autorizado quando o solicitante já tenha sido expulso do


Brasil, seja condenado ou esteja respondendo a processo, tenha o
nome incluído na lista de restrições de ordem judicial.

Bem como, se apresentar documentação falsa e entre outros,


conforme prevê o art. 45º da lei 13.445/17.

Visto de visita

Este poderá ser concedido ao visitante que venha ao Brasil para


estada de curta duração, sem intenção de estabelecer residência.

Como por exemplo: turismo, negócios, trânsito, atividades artísticas e


desportivas.

No entanto, o visto de visita não permite que o migrante exerça


atividade remunerada, porém permite que o migrante receba diária,
pró-labore, premiações, ajuda de custo e dentre outros.

Visto temporário

Será concedido para o imigrante que queira estabelecer residência


no Brasil por tempo determinado.

Como por exemplo: pesquisa, ensino ou extensão acadêmica,


tratamento de saúde, acolhida humanitária, estudo, trabalho, dentre
outros, conforme art. 14.

Para vínculo empregatício, é necessário comprovar ensino superior


compatível com a função que exercerá.

Acolhida Humanitária com visto temporário

No parágrafo 3º do Artigo 14 estabelece-se que:

O visto temporário para acolhida humanitária poderá ser concedido ao


apátrida ou ao nacional de qualquer país em situação de grave ou
iminente instabilidade institucional, de conflito armado, de calamidade
de grande proporção, de desastre ambiental ou de grave violação de
direitos humanos ou de direito internacional humanitário, ou em outras
hipóteses, na forma de regulamento.
Como aconteceu com os haitianos há alguns anos. Buscaram
melhores oportunidades e melhor qualidade de vida no Brasil, frente
ao desastre ambiental ocorrido no país de origem.

Vistos oficial, diplomático e de cortesia

Os vistos oficial e diplomático poderão ser transformados em


autorização de residência e poderão ser concedidos a autoridades e
funcionários estrangeiros que estejam no Brasil em missão oficial
(transitória ou permanentemente).

Estes vistos poderão ser estendidos aos dependentes.

Proteção do apátrida
Aplica-se ao apátrida todos os direitos atribuídos ao migrante
conforme o artigo 4º da Lei de Migração.

O apátrida poderá solicitar naturalização brasileira. Porém, pode


permanecer no Brasil com um visto de autorização de residência,
mesmo que não opte pela nacionalidade brasileira.

Nacionalidade e perda da nacionalidade


brasileira
O artigo 75 da Lei de Migração apresenta as situações em que o
migrante pode perder a nacionalidade brasileira.

Art. 75 O naturalizado perderá a nacionalidade em razão de


condenação transitada em julgado por atividade nociva ao interesse
nacional, nos termos do inciso I do § 4o do art. 12 da Constituição
Federal.

Parágrafo único. O risco de geração de situação de apatridia será


levado em consideração antes da efetivação da perda da
nacionalidade.

Nesta última parte, vamos relembrar o artigo 12 da Constituição


Federal que trata da nacionalidade e naturalização.

Brasileiros natos e naturalizados


É possível ter nacionalidade brasileira de forma originária ou
derivada. No Brasil, adota-se os critérios jus solis (nascido no país)
ou jus sanguinis (descendente do país) para nacionalidade originária.
De acordo com o artigo 12 da Constituição Federal, são brasileiros:

I – natos:

a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais


estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;

b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira,


desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do
Brasil;

c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira,


desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou
venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em
qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade
brasileira;

II – naturalizados:

a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira,


exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas
residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;

b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República


Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem
condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver


reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos
inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição.

§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e


naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.

Atenção para esta informação: não é autorizada a extradição de


brasileiro nato. Portanto, muita atenção à interpretação dos casos
apresentados nas questões.

Conteúdo: Kultivi
Profª Mariana Neves

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