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Direito Internacional

(AGU – PGE)
Aula 1
Prof. Alvaro Gouveia
Nacionalidade
Noções Gerais
• Conceito
– É o vínculo jurídico-político que liga o indivíduo ao
Estado (Pontes de Miranda).

• Modalidades
– Nacionalidade primária ou originária
• Seus requisitos são adquiridos no momento do nascimento.

– Nacionalidade secundária ou derivada


• Seus requisitos são adquiridos posteriormente ao
nascimento.
Critérios de aquisição de Nacionalidade
Originária
Jus Soli Jus Sanguinis

• Aquisição de nacionalidade do • Aquisição de nacionalidade dos


país em cujo território se nasceu, pais à época do nascimento.
não importando a nacionalidade
que os pais tinham à época do
nascimento, nem posteriores
modificações na nacionalidade
dos pais.
Nacionalidade Originária
(Brasil - cumulação de critérios)
Jus Soli
• Jus Soli + Critério Funcional (a contrario sensu)

• CRFB/88, art. 12, I, “a”: os nascidos na


República Federativa do Brasil, ainda que de
pais estrangeiros, desde que estes não estejam
a serviço de seu país;
Nacionalidade Originária
(Brasil - cumulação de critérios)
Jus Sanguinis
• Jus sanguinis + critério funcional
• CRFB/88, art. 12, I, “b”: “os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro
ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da
República Federativa do Brasil”.

• Jus sanguinis + registro em repartição consular brasileira ou


residência no país e opção pela nacionalidade dos pais.
• CRFB/88, art. 12, I, “c”: “os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro
ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição
brasileira competente ou venham a residir na República Federativa
do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a
maioridade, pela nacionalidade brasileira”. (EC 54/2007)
Naturalização ou Nacionalização

• Conceito

– É ato unilateral pelo qual, mediante solicitação ou de


forma automática por previsão legal, um Estado
concede a condição de nacional a estrangeiro
determinado.

– Em regra, é ato discricionário do Estado no exercício


de sua soberania, podendo conceder ou negar a
nacionalidade ao estrangeiro que a requeira.
Modalidades de naturalização no Direito
brasileiro
Aquisição derivada ordinária Aquisição derivada
extraordinária
• art. 12, II, “a” da CRFB/88 • art. 12, II, “b” da CRFB/88
• “os que, na forma da lei, • “os estrangeiros de
adquiram a nacionalidade qualquer nacionalidade,
brasileira, exigidas aos residentes na República
originários de países de Federativa do Brasil há mais
língua portuguesa apenas de quinze anos ininterruptos
residência por um ano e sem condenação penal,
ininterrupto e idoneidade desde que requeiram a
moral”. nacionalidade brasileira”.

• É discricionária (lei 6.815/1980, • É considerada um direito


art. 121). adquirido do estrangeiro.
Requisitos para a naturalização ordinária
no Brasil
• Lei 6.815/1980, art. 112. São condições para a concessão
da naturalização:
– I - capacidade civil, segundo a lei brasileira;
– II - ser registrado como permanente no Brasil;
– III - residência contínua no território nacional, pelo prazo mínimo de
quatro anos, imediatamente anteriores ao pedido de naturalização;
– IV - ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as condições do
naturalizando;
– V - exercício de profissão ou posse de bens suficientes à
manutenção própria e da família;
– VI - bom procedimento;
– VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação no Brasil ou
no exterior por crime doloso a que seja cominada pena mínima de
prisão, abstratamente considerada, superior a 1 (um) ano; e
– VIII - boa saúde.
Diminuição do prazo de residência para a
naturalização ordinária no Brasil
• Art. 113. O prazo de residência fixado no artigo 112, item III,
poderá ser reduzido se o naturalizando preencher quaisquer das
seguintes condições:
– I - ter filho ou cônjuge brasileiro;
– II - ser filho de brasileiro;
– III - haver prestado ou poder prestar serviços relevantes ao Brasil, a juízo do
Ministro da Justiça;
– IV - recomendar-se por sua capacidade profissional, científica ou artística;
ou
– V - ser proprietário, no Brasil, de bem imóvel, cujo valor seja igual, pelo
menos, a mil vezes o Maior Valor de Referência; ou ser industrial que
disponha de fundos de igual valor; ou possuir cota ou ações integralizadas
de montante, no mínimo, idêntico, em sociedade comercial ou civil,
destinada, principal e permanentemente, à exploração de atividade
industrial ou agrícola.
• Parágrafo único. A residência será, no mínimo, de um ano, nos
casos dos itens I a III; de dois anos, no do item IV; e de três anos,
no do item V.
Dispensa de requisitos para a
naturalização ordinária no Brasil
• Lei 6.815/1980, art. 114. Dispensar-se-á o
requisito da residência, exigindo-se apenas a
estada no Brasil por trinta dias, quando se tratar:
– I - de cônjuge estrangeiro casado há mais de cinco
anos com diplomata brasileiro em atividade; ou
– II - de estrangeiro que, empregado em Missão
Diplomática ou em Repartição Consular do Brasil,
contar mais de 10 (dez) anos de serviços
ininterruptos.
Perda da nacionalidade brasileira
Perda-Punição Perda-Mudança
• CRFB/88, art. 12, §4º, I da • CRFB/88, art. 12, §4º, II da CRFB/88
CRFB/88 • “Será declarada a perda de
• “Será declarada a perda nacionalidade do brasileiro que
da nacionalidade do adquirir outra nacionalidade, salvo
brasileiro que tiver nos casos: a) de reconhecimento
cancelada sua de nacionalidade originária pela lei
naturalização, por estrangeira; b) de imposição de
sentença judicial, em naturalização, pela norma
virtude de atividade estrangeira, ao brasileiro residente
nociva ao interesse em estado estrangeiro, como
nacional”. condição para permanência em
seu território ou para o exercício
de direitos civis”.
Cancelamento de naturalização e
Reaquisição de nacionalidade
• Cancelamento de naturalização
– A concessão de naturalização é de competência do Poder
Executivo, mas seu cancelamento é da competência do
Judiciário Federal (arts. 24 a 34 da lei 818/1949).

• Reaquisição de nacionalidade
– Os brasileiros natos e naturalizados poderão, nos termos
do art. 36 da lei 818/1949, readquiri-la com o
(re)estabelecimento de domicílio no Brasil, desde que a
eleição de outra nacionalidade não tenha sido motivada
para se eximir de dever a cujo cumprimento estaria
obrigado se se conservasse brasileiro.
Saída Compulsória do Estrangeiro

Deportação, Expulsão e Extradição


Deportação
(Lei 6.815/1980, arts. 57 a 64)
• Conceito
– Ato pelo qual o Estado retira compulsoriamente de seu
território um estrangeiro que ali entrou ou permanece de
forma irregular.
• Irregularidades
– Falta de documentação
– Passaporte vencido
– Passaporte não válido para o país no qual se pretenda
entrar.
– Uso de documento não aceito para estrangeiros.
– Visto vencido
– Exercício de atividade incompatível com o visto concedido.
– Ausência de visto, quando exigido.
Deportação
(Lei 6.815/1980, arts. 57 a 64)
• Natureza Jurídica
– Ato discricionário do Estado, mas não poderá ser
executada aos asilados e refugiados.

• Competência
– Departamento de Polícia Federal.

• Destino dos deportados (art. 58)


– Ir para qualquer país que os aceitem.
Deportação
(Lei 6.815/1980, arts. 57 a 64)
• Quem arca com as custas da deportação (art. 59)
– Transportador
– Estrangeiro ou terceiro
– Tesouro nacional

• Vedações (art. 63)


– Não é permitida a deportação quando configurar extradição
inadmitida pela lei brasileira (ex: crime político ou não tipificado no
Brasil).

• Não gera sequela (art. 64)


– É possível o retorno do deportado ao território nacional, desde que
possua os documentos cabíveis e ressarça o Tesouro Nacional, com
correção monetária, das despesas com a sua deportação e efetue, se
for o caso, o pagamento da multa devida à época, também corrigida.
Expulsão
(Lei 6.815/1980, arts. 65 a 75)
• Conceito e hipóteses (art. 65)
– Ato pelo qual o Estado retira do território nacional o
estrangeiro considerado nocivo ou inconveniente aos
interesses nacionais.
• Art. 65. É passível de expulsão o estrangeiro que, de
qualquer forma, atentar contra a segurança nacional, a
ordem política ou social, a tranqüilidade ou moralidade
pública e a economia popular, ou cujo procedimento o
torne nocivo à conveniência e aos interesses nacionais.
• Parágrafo único. É passível, também, de expulsão o
estrangeiro que:
– a) praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou permanência no
Brasil; (...)
Expulsão
(Lei 6.815/1980, arts. 65 a 75)
• Procedimento
• Instauração de inquérito de Expulsão pelo Diretor do
Departamento de Estrangeiros, da Secretaria Nacional de
Justiça (Ministério da Justiça).
• Processo administrativo no âmbito do Ministério da Justiça,
com ampla defesa e contraditório ao expulsando.
• Decisão sobre expulsão ou revogação de expulsão é de
competência do Ministro da Justiça, por delegação do
Presidente da República, vedada a subdelegação (Decreto nº
3.447/2000).
– Essa decisão é ato discricionário e sujeito a controle de legalidade e
constitucionalidade, sem que possa o Judiciário imiscuir-se no juízo de
conveniência e oportunidade da medida (STF, HC 82.893/SP e
informativo 554).
Expulsão
(Lei 6.815/1980, arts. 65 a 75)
• Consequências da Expulsão
– Saída compulsória e proibição de retorno do estrangeiro
ao território nacional.

• Pedido de Reconsideração (arts. 71 e 72)


– Da decisão de expulsão, cabe pedido administrativo de
reconsideração, no prazo de 10 dias após a publicação da
Portaria de expulsão (art. 72), com efeito suspensivo (STF,
HC 74.244/SP).
– Casos de proibição o pedido de reconsideração:
• Ex: casos de comércio, posse ou facilitação de uso
indevido de substância entorpecente ou que determine
dependência física ou psíquica (processo sumário com
duração máxima de 15 dias).
Expulsão
(Lei 6.815/1980, arts. 65 a 75)
• Crime de reingresso de estrangeiro expulso (art. 338
do CP)
– O estrangeiro só poderá retornar ao Brasil se o decreto de
expulsão for revogado, de ofício ou por petição do
interessado.
– Caso contrário, está sujeito à pena de reclusão de 1 a 4
anos, sem prejuízo de nova expulsão após o cumprimento
da pena.
– Crime de competência da justiça federal (CRFB/88, art.
109, X).
• Destino dos expulsos
– O expulso pode ir para qualquer país que aceite recebê-lo,
mas apenas tem do direito de retornar ao país do qual é
nacional.
Expulsão
(Lei 6.815/1980, arts. 65 a 75)
• Impedimentos à expulsão (art. 75)
– Quando se implicar extradição inadmitida pela lei brasileira.
• Ex: responder a processo por crime político ou por crime não tipificado no Brasil.

– Quando o estrangeiro tiver


• a) Cônjuge brasileiro do qual não esteja divorciado ou separado, de fato ou de
direito, e desde que o casamento tenha sido celebrado há mais de 5 (cinco) anos
(Sum. 1 STF);
– Deve ser interpretada de forma a proteger a entidade familiar e, por isso,
também deve ser aplicada às Uniões Estáveis. (STJ, HC 98.735/DF e
90.790/DF)

• b) filho brasileiro que, comprovadamente, esteja sob sua guarda e dele dependa
economicamente.
– OBS1: Não constituem impedimento à expulsão a adoção ou o
reconhecimento de filho brasileiro supervenientes ao fato que o motivar.
– OBS2: Verificados o abandono do filho, o divórcio ou a separação, de fato ou
de direito, a expulsão poderá efetivar-se a qualquer tempo.
– O Pacto de San José proíbe a expulsão coletiva (art. 22, §9º).
Expulsão
(Lei 6.815/1980, arts. 65 a 75)
• STJ, HC 269.860/SP (1ª Seção): permite-se a expulsão
de estrangeira que teve filhos na prisão e que não
moram no Brasil.
– “A expulsão do estrangeiro pode ser evitada para proteger
os interesses do filho brasileiro menor de idade.
Entretanto, se o filho reside em outro país, é legal a
portaria do Ministério da Justiça que determina sua
expulsão do território nacional. [...] a permanência do
estrangeiro no território nacional tem como fundamento a
necessidade de proteção dos interesses da família e do
menor. É o que consta das alíneas a e b do inciso II do
artigo 75, da Lei 6.815/80. Contudo, o caso julgado não
apresenta hipóteses que inibem a expulsão do
estrangeiro”. (Notícia do STJ – 22/01/2014)
Extradição
(Lei 6.815/1980, arts. 76 a 94)
• Conceito
– Ato pelo qual um Estado solicitado entrega a Estado
solicitante indivíduo que tenha violado as leis penais deste
ente estatal (em seu território ou não), para que neste
responda pelo ilícito cometido.
– Configura-se ato de cooperação penal internacional, visando
atender ao princípio da justiça universal.
• É possível de ser pedida tanto na fase processual, como
após condenação, diante de mera ordem de prisão.
• Tipos
– Ativa
• Quando o Estado a pede.
– Passiva
• Quando o Estado é solicitado a respeito.
Extradição
(Lei 6.815/1980, arts. 76 a 94)
• Fundamentos
– Tratado internacional:
• Bilateral (Tratado de Extradição Brasil-Austrália – 1991)
• Plurilateral (Acordo de Extradição entre os Estados Partes
do Mercosul – 1994)

– Promessa de reciprocidade
• Será discricionariamente aceita pelo Estado solicitado e, se
aceita, permite apenas o exame do pedido de extradição e
não a sua concessão.
• A legislação do solicitante deve permiti-la (STF, Ext.
1.047/Líbano).
Extradição
(Lei 6.815/1980, arts. 76 a 94)
• Procedimento (3 fases)
– Executiva
• Recebimento por via diplomática do pedido de extradição.

• O Ministério da Justiça deve pedir ao STF a prisão do


extraditando até o final do processo e não mais se pode
proceder à prisão cautelar de forma administrativa (art. 82,
com redação pela Lei 12.878/2013).

• O Estado estrangeiro deverá, no prazo de 90 (noventa) dias


contado da data em que tiver sido cientificado da prisão
cautelar do extraditando, formalizar o pedido de extradição.
– Findo esse prazo, o extraditando deverá ser posto em liberdade.
Extradição
(Lei 6.815/1980, arts. 76 a 94)
• Procedimento (3 fases)
– Judiciária (CRFB/88, art. 102, I, g)
• O STF analisa a adequação do pedido ao ordenamento
jurídico brasileiro e internacional cabível (tratado ou
reciprocidade), sem adentrar na questão de mérito (sistema
de contenciosidade limitada – STF, Ext. 1.082/Uruguai).
– Defesa do extraditando pode versar somente sobre: a identidade da
pessoa reclamada, a existência de vícios formais nos documentos
apresentados ou a ilegalidade da própria extradição (STF, Ext. 549).
• A concordância do extraditando não dispensa a verificação
da legalidade do pedido (STF, Ext. 1.056/França).
• A decisão do STF é irrecorrível e se for negada a extradição
não se admite pedido baseado no mesmo fato.
Extradição
(Lei 6.815/1980, arts. 76 a 94)
• Procedimento (3 fases)
– Executiva
• Concedida a extradição, o Executivo informa o solicitante e coloca
o extraditando a disposição deste.
• O solicitante deverá retirar o extraditando do território nacional
no prazo de 60 dias após a comunicação oficial do Ministério das
Relações Exteriores a respeito (art. 86).
– Se não retirado o extraditando no prazo, este ganha liberdade (art.
87 e Súmula 367 do STF), mas podendo ainda ser expulso.

• OBS: há polêmica sobre o caráter vinculante ou não da


decisão de extradição do STF (art. 102, I, g – vinculante;
art. 84, VIII – não vinculante – Ext. 1085/Itália – Caso
Battisti).
Extradição
(Lei 6.815/1980, arts. 76 a 94)
• Princípios
– Princípio da “dupla tipicidade” ou “dúplice tipicidade”
(art. 77, II)

• O ato delituoso que baseia o pedido de extradição deve ser


considerado ilícito penal no Estado solicitante e no Estado
solicitado.

• Não é necessária a total coincidência entre as denominações


dos delitos nos ordenamentos do solicitante e solicitado,
mas a conduta praticada tem que ser tratada como crime em
ambos os Estados. (STF, Ext. 480/França).
Extradição
(Lei 6.815/1980, arts. 76 a 94)
• Princípios
– Princípio da identidade das penas
• O tipo de pena relativo ao delito que baseia a extradição tem
que existir tanto no solicitante quanto no solicitado.
– Brasil: proibida a extradição para Estado que adote penas de morte, de
caráter perpétuo, de trabalhos forçados, de banimento e cruéis (art.
5º, XLVII da CRFB/88).
• Caso não haja identidade de penas, a extradição só será
concedida caso o solicitante comprometa-se a comutar a pena,
cambiando-a para um tipo menos gravoso. (art. 91, III).

– Princípio da especialidade
• A extradição não será concedida senão para que o extraditando
seja processado e/ou julgado pelos fatos que basearam o pedido
extraditório.
Extradição
(Lei 6.815/1980, arts. 76 a 94)
• Impedimentos
– Art. 77. Não se concederá a extradição quando:
• I - se tratar de brasileiro, salvo se a aquisição dessa nacionalidade
verificar-se após o fato que motivar o pedido;
– Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de
crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado
envolvimento com tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na
forma da lei (art. 5º, LI da CRFB/88).
• II - o fato que motivar o pedido não for considerado crime no
Brasil ou no Estado requerente;
• III - o Brasil for competente, segundo suas leis, para julgar o
crime imputado ao extraditando;
• IV - a lei brasileira impuser ao crime a pena de prisão igual ou
inferior a 1 (um) ano;
Extradição
(Lei 6.815/1980, arts. 76 a 94)
• Impedimentos
– Art. 77. Não se concederá a extradição quando:
• V - o extraditando estiver a responder a processo ou já houver
sido condenado ou absolvido no Brasil pelo mesmo fato em que
se fundar o pedido;
• VI - estiver extinta a punibilidade pela prescrição segundo a lei
brasileira ou a do Estado requerente;
– O exame da prescrição faz-se levando-se em conta separadamente a
legislação do país solicitante e do país solicitado, descabendo a mescla
entre as legislações (critério unitário – Ext. 766/França).
• VII - o fato constituir crime político (art. 5º, II da CRFB/88);
– Poderá ser concedida a extradição quando houver conexão entre
crime de opinião e crime comum e este constituir o fato principal (art.
77, §1º)
• VIII - o extraditando houver de responder, no Estado requerente,
perante Tribunal ou Juízo de exceção.
Extradição
(Lei 6.815/1980, arts. 76 a 94)
• Impedimentos

– O reconhecimento da condição de refugiado obsta o


seguimento de qualquer pedido de extradição
baseado nos fatos que fundamentaram a concessão
do refúgio (art. 33 da lei 9.474/1997).

– Súmula 421 do STF


• Não impede a extradição a circunstância de ser o
extraditado casado com brasileira ou ter filho brasileiro.
Extradição
(Lei 6.815/1980, arts. 76 a 94)
• Pluralidade de pedidos
– Art. 79. Quando mais de um Estado requerer a extradição
da mesma pessoa, pelo mesmo fato, terá preferência o
pedido daquele em cujo território a infração foi cometida.
• § 1º Tratando-se de crimes diversos, terão preferência,
sucessivamente:
– I - o Estado requerente em cujo território haja sido cometido o crime
mais grave, segundo a lei brasileira;
– II - o que em primeiro lugar houver pedido a entrega do extraditando,
se a gravidade dos crimes for idêntica; e
– III - o Estado de origem, ou, na sua falta, o domiciliar do extraditando,
se os pedidos forem simultâneos.
• § 2º Nos casos não previstos decidirá sobre a preferência o
Governo brasileiro.
• § 3º Havendo tratado ou convenção com algum dos Estados
requerentes, prevalecerão suas normas no que disserem respeito
à preferência de que trata este artigo.
Imunidade dos Bens dos Sujeitos
de Direito Internacional no Brasil
Imunidades dos Bens dos Estados
• Para a fase de conhecimento (STF, Ag. Reg. no RE
222.368-4/PE)
– Há imunidade para os atos de império ou de autoridade
soberana.
– Não há imunidade para os atos de gestão ou de direito privado.
• Para a fase de Execução
– Imunidade dos bens das missões diplomáticas e repartições
consulares ligados à função representativa do Estado
acreditado (art. 22, 3 da Convenção de 1961 e art. 31, 4 da
Convenção de 1963).
– Não há imunidade para bens estranhos à sua própria
representação diplomática ou consular e que estejam no
Estado de foro (Convenção das Nações Unidas sobre
Imunidades Jurisdicionais dos Estados e seus Bens – Nova York,
2005, art. 19).
Imunidades dos Bens das Organizações
Internacionais (ONU)
• TST, OJ 416 da Seção de Dissídios Individuais, Subseção 1 (SDI-
1), de 14/02/2012
– “As organizações ou organismos internacionais gozam de imunidade
absoluta de jurisdição quando amparados por norma internacional
incorporada ao ordenamento jurídico brasileiro, não se lhes
aplicando a regra do Direito Consuetudinário relativa à natureza dos
atos praticados. Excepcionalmente, prevalecerá a jurisdição brasileira
na hipótese de renúncia expressa à cláusula de imunidade
jurisdicional”.
• STF, RE 578.543/MT e no RE 597.368 (Informativo 706)
– Seção 2 da Convenção sobre Privilégios e Imunidades das Nações
Unidas (Decreto 27.784/50)
• “A Organização das Nações Unidas, seus bens e haveres, qualquer que seja
sua sede ou o seu detentor, gozarão da imunidade de jurisdição, salvo na
medida em que a Organização a ela tiver renunciado em determinado caso.
Fica, todavia, entendido que a renúncia não pode compreender medidas
executivas”.
Órgãos das relações entre
Estados
Relações Diplomáticas
(Convenção de Viena de 1961 – Decreto 56.435/1965)
e
Relações Consulares
(Convenção de Viena de 1963 – Decreto 61.078/1967)
Distinções
Missões Diplomáticas Repartições Consulares
(Viena/1961) (Viena/1963)
Função Função
• Órgãos de representação política • Órgãos de representação
permanente dos Estados em território econômica/comercial permanente dos
alheio. Estados em território alheio.

Imunidades Imunidades
• Da missão diplomática (arts. 22, 24, • Da repartição consular (arts. 28 a 39)
25, 27, 28
• Dos representantes consulares (arts.
• Dos agentes diplomáticos (art. 31) 40 a 57)
• Criminal: só aceita a exceção da • Criminal: Gozam de
renúncia, por parte do governo do inviolabilidade pessoal, salvo em
agente. caso de crime grave, decidido por
autoridade judiciária
competente.

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