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DIREITO CONSTITUCIONAL

Direitos da Nacionalidade
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DIREITOS DA NACIONALIDADE

NACIONALIDADE (Artigos 12 e 13)


No tema nacionalidade há dois critérios tão antigos e internacionais que são colocados
em latim: jus solis e jus sanguinis.

CRITÉRIOS PARA A DEFINIÇÃO DA NACIONALIDADE

Jus solis (território) x Jus sanguinis (sangue)

Qual o modelo adotado no Brasil?

Lendo o texto constitucional, está previsto a possibilidade de aquisição da nacionalidade


para quem nasceu no Brasil e para quem nasceu fora, mas que seja filho de brasileiros.
Pode-se, com isso, concluir que o Brasil adota o critério misto?
Não. O Brasil adota o critério territorial, mas esse critério pode ser extremado ou temperado.
A adoção do critério territorial extremado significa que só quem nasceu no Brasil, é bra-
sileiro. O critério territorial temperado é o critério territorial, com exceções: esse é o critério
adotado pelo Brasil. Algumas situações relacionadas ao direito sanguíneo admitem a aquisi-
ção da nacionalidade originária.
Nato é nacionalidade primária originária de primeiro grau.
Naturalizado é nacionalidade secundária, derivada, adquirida ou de segundo grau.
Portanto, o Brasil adota o critério territorial de forma temperada.
É uma constante no mundo, o país colonizador adotar o critério sanguíneo e o país colo-
nizado adotar o critério territorial, como regra. Na Europa predomina o critério sanguíneo:
países colonizadores, para onde foram, levaram o sangue.

TEXTO CONSTITUCIONAL

Art. 12. São brasileiros:


I – natos:
a. os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que
estes não estejam a serviço de seu país;
ANOTAÇÕES

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Os pais (pai e mãe) precisam estar a serviço de seu país de origem? O fato, por exemplo,
da embaixadora da Austrália, estar a serviço do seu país no Brasil, independentemente do
marido também ser funcionário da embaixada australiana, os filhos dela nascidos aqui são
brasileiros natos? Não, são australianos.
5m
Outra situação: o pai alemão, a mãe sueca. A mãe sueca estava a serviço da Noruega
no Brasil. Nasce um filho no Brasil. Esse filho é brasileiro nato: “os nascidos na República
Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a ser-
viço de seu país”.
O critério sanguíneo nunca está sozinho, ele é associado a alguma outra condição.
b. os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer
deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;
Essa situação é contrária a da alínea “a”: criança nascida lá fora de pai ou pai brasileiros
desde que qualquer um deles esteja a serviço do Brasil, é brasileiro nato.
O que é “estar a serviço do Brasil”?
É em sentido amplo e automático. A serviço da União, Estados, Distrito Federal (DF),
Municípios, administração direta ou indireta.
c. os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam
registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federa-
tiva do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela naciona-
lidade brasileira;
O disposto na alínea “c” veio por meio de Emenda n. 54/07.
E preciso entender o alcance de uma Emenda à Constituição Federal (CF). A Emenda n.
54/07 veio para corrigir um grande problema do Brasil. Mais de 200 mil filhos de brasileiros
eram apátridas por conta de um defeito na CF.
A situação do apátrida está retratada no filme “O Terminal”: quando o cidadão entra na
França, o país dele tinha acabado, o cidadão tornou-se apátrida e apátridas não entram
em vários países do mundo. O personagem fica morando no Aeroporto Charles de Gaulle
durante 18 anos, na ala internacional.
10m
Esse cidadão ganhou tamanha notoriedade que, 11 anos depois de morar no aeroporto,
abriu uma concessão, abriu uma exceção, autorizando que ele entrasse na França. Ele recu-
sou e continuou morando no aeroporto, até que adoeceu e foi dali retirado para tratamento.
Com relação a alínea “c”: pai e mãe brasileiros foram tentar a vida na Itália, nenhum dos
dois estava a serviço do Brasil, a criança nasceu na Itália, pelo critério sanguíneo os pais não
têm sangue italiano – a criança é apátrida.
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Por exemplo, jogador de futebol Ronaldo, o filho mais velho, o primogênito, era apátrida
porque não foi registrado na repartição brasileira competente, isso não estava previsto na CF,
veio para o Brasil e, antes de ter 18 anos, ele não podia optar pela nacionalidade brasileira,
a denominada nacionalidade potestativa. Esse pedido não obedece a prazo, não prescreve
não tem decadência.
Antes dos 18 anos o filho do jogador Ronaldo era apátrida, tinha nascido na Espanha.
E se a criança vier para o Brasil com 10 anos de idade, continua sendo apátrida?
O Supremo Tribunal Federal (STF) entende que a partir do momento em que o filho de
pai ou mãe brasileiros, nascido no exterior sem ter feito o registro, vier a residir no Brasil, ele
é nato até os 18 anos porque não pode optar. A partir do momento em que ele pode optar, a
nacionalidade fica suspensa aguardando confirmação.
O STF deparou-se com uma situação muito interessante: um sujeito nasceu na Espanha,
filho de pai e mãe brasileiros que não estavam a serviço do Brasil. Esse sujeito era apátrida.
Quando tinha 21 anos, matou uma pessoa na Espanha. Aos 25 anos ele veio para o Brasil, a
Espanha pediu a extradição. Durante o andamento do pedido de extradição, o sujeito adqui-
riu a condição de nato de forma retroativa ao nascimento.
15m
O Brasil não extradita brasileiro nato. O processo de extradição desse sujeito, morreu.
Nada impede que ele responda por esse crime aqui no Brasil, o que, de fato, veio a
acontecer.

BRASILEIROS NATOS:

• Critério territorial
• Critério sanguíneo + trabalho
• Critério sanguíneo + opção ou registro na repartição competente (nacionalidade
potestativa)

Naturalização tácita?
Existe a naturalização tácita do “quem cala, consente”?
Não, a naturalização tácita aconteceu no Brasil na chamada grande naturalização do ano
de 1891. Na segunda CF, de 1891, havia a previsão para quem estivesse no Brasil e que no
período de 6 meses NÃO pedisse para NÃO ser brasileiro, era brasileiro.
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O fato do estrangeiro estar no Brasil há 10, 15, 20 anos não o torna brasileiro, ele deve
entrar nas situações de naturalização e fazer o requerimento.

Art. 12. São brasileiros:


II – naturalizados:
a. os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de paí-
ses de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
b. os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há
mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionali-
dade brasileira.

A CF traz duas hipóteses de naturalização: ordinária e extraordinária. Contudo, na legis-


lação há QUATRO hipóteses.
A nova Lei de Migração, de 2017, veio para substituir um documento muito importante –o
Estatuto do Estrangeiro – e prevê QUATRO hipóteses de naturalização: ordinária, extraordi-
nária, temporária e especial.
20m

SÃO BRASILEIROS NATURALIZADOS:

Naturalização ORDINÁRIA Naturalização EXTRAORDINÁRIA


Originários de países de língua portuguesa: Requisitos:
- 1 ano de residência - 15 anos de residência
- idoneidade moral - não ter condenação no Brasil
Originários de outros países:
Preenchidos os requisitos, pessoa tem direito subje-
"os que, na forma da lei, adquiram" Lei n. 13.445/17
tivo à naturalização.
(Nova Lei de Migração)

Art. 12. São brasileiros:

§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de


brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta
Constituição.
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos
previstos nesta Constituição.
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
I – de Presidente e Vice-Presidente da República;
II – de Presidente da Câmara dos Deputados;
III – de Presidente do Senado Federal;
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IV – de Ministro do Supremo Tribunal Federal;


V – da carreira diplomática;
VI – de oficial das Forças Armadas.
VII – de Ministro de Estado da Defesa.

CARGOS PRIVATIVOS DE BRASILEIROS NATOS – MP3.COM

I – Ordem de vocação sucessória

• Presidente e Vice-Presidente da República


• Presidente da Câmara dos Deputados
• Presidente do Senado Federal
• Ministros do STF

II – Segurança

• Ministro de Estado da Defesa


• Oficiais das Forças Armadas

III – Relações Internacionais

• Membros da carreira diplomática


25m

DISTINÇÃO ENTRE NATOS e NATURALIZADOS

Hipótese Dispositivo Tratamento


Nato
Extradição Art. 5°, LI Naturalizado
Estrangeiro
Ordem de vocação sucessória
Cargos públicos Art. 12, § 3° Segurança
Negociações Internacionais
Funções públicas Art. 89 Conselho da República
Brasileiros Natos
Propriedade de
Art. 222 Naturalizados há mais de dez anos
empresa jornalística
PJ constituída sob leis brasileiras (EC n. 36/2002)
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Há duas situações com relação ao art. 89 que elencam as pessoas que podem integrar o
Conselho da República, dentre elas seis cidadãos natos (2 escolhidos pela Câmara, 2 esco-
lhidos pelo presidente, 2 escolhidos pelo Senado).
Nem todos os integrantes do Conselho da República precisam ser brasileiros natos.
No art. 89: “atua como membro nato do Conselho da República, o presidente, o vice-
-presidente […]”. Ser “membro nato” não significa ser “brasileiro nato”, significa que ele é
obrigatoriamente um integrante do Conselho da República.

PERDA DA NACIONALIDADE DO BRASILEIRO

Art. 12. […]


§ 4º Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:
I – tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao
interesse nacional;
II – adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;
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Situação do polipátrida, o sujeito pode ter várias nacionalidades sem perda da sua
originária.

b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado es-


trangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis;

PERDA DA NACIONALIDADE

• Cancelamento da naturalização, em decisão judicial transitada em julgado


• Uso de documentação falsa

Por decisão administrativa, NUNCA. Foi escolha do constituinte a exigência de decisão


transitada em julgado. Apenas por via judicial seria possível cancelar, não pode ser cance-
lado por via administrativa.
O nato pode deixar de ser brasileiro, mas o nato não pode ser extraditado.
Quando um nato pode deixar de ser brasileiro?
“A porta da rua é serventia da casa.” Quem, de forma voluntária, optar.
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Há como se readquirir a nacionalidade?


Sim, por ação rescisória.
• Por opção voluntária
• Natureza da decisão que reconhece perda

Não há perda:
• Reconhecimento de nacionalidade originária
• Imposição unilateral

Entre as hipóteses de perda e suspensão dos direitos políticos: se alguém optar por outra
nacionalidade de forma voluntária, este perde a condição de brasileiro e, como consequência
natural, também perde os direitos políticos (art. 15).

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Aragonê Fernandes.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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