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Sumário

DIREITO CONSTITUCIONAL..............................................................................6
Aula 1: Constitucionalismo...................................................................................6
1) Teoria da Constituição – Introdução...........................................................6
a) Constitucionalismo:.................................................................................6
2) Evolução Histórica do Constitucionalismo.................................................6
a) Constitucionalismo antigo:......................................................................6
b) Constitucionalismo moderno:..................................................................6
3) Modelos de Constitucionalismo moderno..................................................7
c) Constitucionalismo social/histórico.........................................................7
d) Constitucionalismo contemporâneo........................................................8
e) Constitucionalismo e Globalização:........................................................8
Aula 2: Conceitos da Constituição e Direito Constitucional.................................9
1) Direito Constitucional:.................................................................................9
2) Conceito de Constituição: há vários...........................................................9
a) Conceito sociológico...............................................................................9
b) Conceito político......................................................................................9
c) Conceito jurídico-formal..........................................................................9
d) Conceito jurídico-material:.......................................................................9
3) Tipologia/Classificação das Constituições: há 10 critérios......................10
a) Origem da Constituição.........................................................................10
b) Conteúdo...............................................................................................10
c) Forma....................................................................................................10
d) Extensão................................................................................................10
e) Estrutura:...............................................................................................11
f) Alterabilidade.........................................................................................11
g) Correspondência à realidade................................................................11
h) Modo de elaboração..............................................................................11
i) Relação dogmática:...............................................................................12
j) Origem...................................................................................................12
4) Classificação da Constituição de 88.........................................................12
5) Classificação conforme o ordenamento jurídico, do prof. Virgilio Afonso
da Silva: as tradicionais trazem pouco proveito:............................................12
a) Constituição lei:.....................................................................................12
b) Constituição fundamento/total:..............................................................13
c) Constituição moldura.............................................................................13
6) Questão histórica – características importantes das constituições
brasileiras........................................................................................................13
a) Constituição de 1824 – Primeiro Reinado.............................................13
b) Constituição de 1891 – República........................................................13
c) Constituição de 1934 – Vargas.............................................................13
d) Const. 1937 – Estado Novo, Polaca.....................................................14
e) Const. 1946 – redemocratização..........................................................14
f) Const. 1967 – ditadura militar...............................................................14
g) Const. 88 – redemocratização..............................................................15
Aula 3 e 4: Poder Constituinte............................................................................15
1) Conceito de Poder Constituinte................................................................15
2) Origem do Poder Constituinte..................................................................15
3) Poder Constituinte Originário (PCO):.......................................................15
a) Titularidade............................................................................................15
b) Natureza jurídica...................................................................................15
c) Características (Doutrina majoritária)...................................................15
4) Poder Constituinte Derivado (PCD):.........................................................16
5) PCD reformador:.......................................................................................16
a) Revisão Constitucional (art. 3 ADCT):..................................................16
b) Emendas Constitucionais (estudado em processo legislativo).............17
6) PCD decorrente:.......................................................................................17
a) Estados membros..................................................................................17
 Princípio da simetria:..........................................................................18
b) Municípios:............................................................................................18
7) Mutação Constitucional:...........................................................................18
d) Formas de manifestação:......................................................................19
e) Quais os limites da Mutação Constitucional?.......................................19
Aula 5: Normas Constitucionais.........................................................................19
1) Normas Constitucionais:...........................................................................19
a) Características:......................................................................................19
b) Conteúdo...............................................................................................20
7) Normas Constitucionais especiais............................................................20
a) Preâmbulo:............................................................................................20
 Efeitos do preâmbulo............................................................................20
b) Disposições constitucionais transitórias................................................20
2) Diferenças entre regras e princípios.........................................................21
a) Paulo Bonavides....................................................................................21
b) Como distinguir regra e princípio?........................................................21
3) Classificação das normas constitucionais em relação à eficácia............22
a) (Ruy Barbosa).......................................................................................22
b) (Pontes de Miranda)..............................................................................22
c) (José Afonso da Silva)..........................................................................22
4) Normas Constitucionais no tempo............................................................23
a) Princípios reitores..................................................................................23
b) Se a Constituição for silente? Há três posições...................................23
5) Normas Constitucionais novas e antigas: qual a relação?......................23
c) Posição do STF:....................................................................................24
6) Constituição nova com leis infraconstitucionais editadas pela velha
constituição. Todas as infraconstitucionais são inválidas?............................24
a) Teoria da recepção (Hans Kelsen):......................................................24
Aula 6: Hermenêutica e interpretação constitucional.........................................25
1) Terminologia:............................................................................................25
2) O que é interpretar?..................................................................................25
3) Quem interpreta a Constituição?..............................................................25
a) Supremacia judicial:..............................................................................26
b) Supremacia legislativa:.........................................................................26
c) Teoria do diálogo:..................................................................................26
4) Métodos clássicos de interpretação.........................................................26
a) Elemento gramatical/verbal/semântico/filológico/textual......................27
b) Elemento histórico.................................................................................27
c) Elemento sistemático............................................................................27
d) Elemento teleológico.............................................................................27
5) Princípios especiais de interpretação.......................................................27
b) Princípio da concordância prática.........................................................27
c) Princípio do efeito integrador:...............................................................28
d) Princípio da máxima efetividade...........................................................28
e) Princípio da força normativa da constituição........................................28
f) Princípio da justeza/correção funcional................................................28
g) Princípio da razoabilidade e proporcionalidade....................................28
i. Natureza jurídica...................................................................................28
ii. Aplicabilidade........................................................................................28
b) Visão do Luis Roberto Barroso.............................................................29
6) Métodos especiais de interpretação.........................................................29
a) Método tópico problemático (theodor vieg):..........................................29
b) Método hermenêutico concretizador (conrav hess):.............................29
c) Método científico-espiritual (Rudolf ismend):........................................29
d) Método normativo-estruturante (Friedrich Miller):.................................29
7) Patriotismo Constitucional (HABERMAS):...............................................29
Aula 7 e 8: Organização do Estado e dos poderes............................................29
1) Conceito de Estado (Dallary):...................................................................29
2) Formas de Estado....................................................................................30
a) Estado unitário/simples:........................................................................30
b) Estado regional......................................................................................30
c) Estado federal:......................................................................................30
3) Estado Federal.........................................................................................30
a) Características:......................................................................................30
b) Tipologia do federalismo.......................................................................30
c) Estrutura................................................................................................31
d) Centralização.........................................................................................31
e) Repartição de competências.................................................................31
4) Distinção entre soberania e autonomia....................................................31
a) Soberania:.............................................................................................31
b) Autonomia:............................................................................................32
Aula 9: Organização do Estado e dos poderes..................................................32
1) Federalismo na Const. De 88...................................................................32
2) Técnicas para a repartição de competências...........................................32
a) Repartição horizontal/modelo clássico/norte-americano......................32
b) Repartição vertical/modelo moderno....................................................32
c) Mista......................................................................................................32
3) Entes da federação brasileira...................................................................32
a) União federal.........................................................................................32
b) Competências da união (art. 21)...........................................................33
c) Competências legislativas:......................................................................33
 Competência privativa...........................................................................33
 Competências legislativas concorrentes...............................................33
b) Estados Membros:.................................................................................34
 Regiões metropolitanas.........................................................................34
c) Municípios:............................................................................................35
Aula 10: Organização do Estado e dos poderes................................................36
d) Distrito Federal:.....................................................................................36
4) Territórios federais: não possuem natureza de entes federais................36
5) Federação e COVID-19: qual ente federado tem competência em tomar
as medidas de enfretamento da pandemia?..................................................36
a) Dispositivos:..........................................................................................36
 Visão do STF sobre a pandemia...........................................................37
6) Intervenção federal: mecanismo drástico, último, quando há risco da
unidade da federação, entre entes maiores ou menores...............................37
b) Natureza jurídica...................................................................................37
c) Intervenção federal................................................................................37
 Pressupostos de natureza material para intervenção federal..............37
 Pressupostos formais............................................................................38
=> Tipos de iniciativa:..................................................................................38
a) Intervenção espontânea........................................................................38
b) Intervenção solicitaria............................................................................38
c) Intervenção requisitada.........................................................................38
 Levandowski:.....................................................................................38
7) Intervenção estadual: quando um estado membro intervém em um dos
seus municípios, é medida excepcional (Art 35)............................................39
a) Materiais de intervenção estadual........................................................39
b) Pressupostos formais............................................................................39
DIREITO CONSTITUCIONAL

Aula 1: Constitucionalismo

a) Teoria da Constituição – Introdução


a) Constitucionalismo: limitação de poder político
- Baliza externa: garantia de direitos fundamentais;
- Baliza interna: separação de poderes (Exc, Leg, Jud).
(Artigo 16 da Declaração de Direitos Universais do Homem)
Obs: Canotilho – mecanismo de limitação com fins garantidos

i. Não é = a existência de Constituição, pode existir sem


documento escrito
Ex: Reino Unido, Nova Zelândia, não existe uma
constituição escrita, mas há limitação de poder construídos
pelos costumes e práticas consideradas jurídicas

ii. É possível não existir constitucionalismo e existir uma


constituição, isto é, há o documento escrito, mas não a
limitação de poder
Ex: ditaduras e tiranias

b) Evolução Histórica do Constitucionalismo


a) Constitucionalismo antigo: já cria limitação de poder (substancial e
formal)
i. Hebreus – Deus uno;
ii. Gregos antigos – Democracia ateniense;
iii. Roma antiga – verifica-se instituições, como o senado, que
limitam o poder;
iv. Idade Média – dois fênomenos: Estruturação – feudalismo,
sem centralização; Filósofos – Sto. Tomás de Aquino
(hierarquia das leis)
v. Absolutismo: não há constitucionalismo, é uma contraposição
a esse regime

b) Constitucionalismo moderno: começa a se esboçar na Inglaterra,


contra o Absolutismo:
i. Constituição primeira: americana;
- Bill of rights da Virginia é apenas uma carta de Direitos
- Revolução Gloriosa;
- Magna Carta (não é a primeira constituição porque ela não tinha
universalidade – foi apenas garantido aos aristocratas)
- Revolução Francesa: ruptura
Obs: alguns só consideram esse
i. Revoluções burguesas e liberais
ii. Constitucionalismo britânico: supremacia do parlamento

3) Modelos de Constitucionalismo moderno:


i. Britânico: construção histórica (de costumes, leis
esparsas que foram limitando o poder),
 Monarquia Parlamentar – supremacia X common law
 Exercício com o primeiro-ministro – chefe de estado,
pode dissolver o parlamento e convocar novas eleições
 Chefe de governo
 Separação de poderes não é drástica, porque o chefe
de governo é eleito pelo parlamento e pode ser
removido por ele
 Ausência de um regime formal de Direito Administrativo
 Ausência de controles de constitucionalidade

ii. Estadunidense: há um momento de ruptura, não tão


grande quanto o francês
 Sistema da common law herdado do inglês;
 Constituição: documento escrito – o primeiro;
 Regime presidencialista
 Separação de poderes mais acentuada
 Supremacia da constituição e rigidez
 Possibilidade de controles constitucionais
 Federalismo: divisão espacial do poder feita
reconhecendo a autonomia dos Estados
 Poder constituinte é titularizado pelo povo

iii. Francês: ruptura drástica com a Revolução, romper


com o passado e construir o futuro com base na razão
(iluminismo)
 Constituição destinada a uma mudança social brusca,
construindo um novo Estado, respeito aos direitos
individuais
 Teoria do Poder Constituinte, Abade Sieyes
 Poder constituinte é titularizado pela nação
 Separação estanque de poderes: valorização do
legislativo, civil law
 Poder judiciário olhado com desconfiança pelos
revolucionários
c) Constitucionalismo social/histórico: Revolução Industrial
i. Aumento da renda, condições insalubres;
ii. Formação de sindicatos para reivindicar direitos sociais;
iii. Surgimento do marxismo;
iv. Formação do imaginário de que não basta garantir liberdades,
mas o Estado deve garantir uma vida digna também
v. Estado não somente garante liberdades, mas deve ter uma
atuação maior, com auxílios materiais às pessoas
 - Constituição Mexicana, 1917
 - Constituição de Weimar, 1919

d) Constitucionalismo contemporâneo: 2 guerra mundial


i. Direito X Moral;
ii. Positivismo jurídico não foi causa das mazelas da segunda
guerra, não foi culpa do Kelsen, ele era um opositor
iii. Positivismo de Kelsen: como as pessoas não partilham as
mesmas ideias, não é possível adotar uma só, deve existir um
procedimento neutro de elaboração de normas. Só está
preocupado com o procedimento
iv. Mecanismos:
 Cláusulas gerais, valoração moral;
 Garantir efetividade às constituições;
 Força normativa da constituição;
 Diminuição de discricionariedade do legislador, limitado
pela constituição;
 Novos princípios normativos*: princípios interpretativos

e) Constitucionalismo e Globalização: problemas antes isolados,


tornaram-se globalizados
Obs: Canotilho – isso leva a um mal-estar da Constituição
i. Meio ambiente;
ii. Crime organizado;
iii. Crise econômicas;
iv. Reconhecimento dos Direitos Humanos: situação complexa
em relação à soberania do território, que pode decidir o que é
Direito;
v. Formação de blocos regionais, como a U.E. – ordem jurídica
supranacional
vi. Influxos da Lex Mercatoria: Estado se vê obrigado a adotar
regras externas de comércio
vii. Nomenclaturas:
 Constitucionalismo Global: fenômeno de formação de
organismos internacionais e formação de ordem jurídica
supranacional (minoritário)
 Constitucionalismo Multinível: há uma ordem jurídica
supranacional, e um constitucionalismo nacional – há
vários níveis de constitucionalismo
 Trans constitucionalismo (Marcelo Neves): mais do que
níveis, cada um desse níveis contribuem para solução
de problemas, não há uma supremacia de
constitucionalismos. Não há um simples diálogo de
cortes, mas existe uma contribuição de vários polos de
constitucionalismo.

Aula 2: Conceitos da Constituição e Direito Constitucional

1) Direito Constitucional: ramo do direito público que estuda as normas


constitucionais/o fenômeno do constitucionalismo.

2) Conceito de Constituição: há vários

a) Conceito sociológico (prof. Ferndinand Lassale): constituição é o


somatório dos poderes/forças sociais de um determinado momento.
i. O documento escrito é “uma mera folha de papel” se não
está de acordo com os fatores de poder da sociedade

b) Conceito político (prof Carl Schmitt: decisão política fundamental


i. O documento não é propriamente constituição se não estar
de acordo com a decisão política fundamental

c) Conceito jurídico-formal (Hans Kelsen): a constituição é aquela


norma superior hierarquicamente no ordenamento jurídico porque
teve um processo específico
 Sistema jurídico como pirâmide: as de baixo obedecem as
de cima. Não está preocupada com o que é dito na lei, mas
sim com a forma, se está de acordo com a hierarquia.
I. Constituição;
II. Leis
III. Legislações/decretos
IV. Infraconstitucionais
Obs/crítica: essa constituição, no topo, qual é sua
validade/fundamento? Kelsen: norma fundamental hipotética, que
é, deve-se cumprir as leis. Ela não é uma norma jurídica
d) Conceito jurídico-material: constituição é aquilo que tem normas
substancialmente constitucionais. Quais são as matérias
constitucionais?
i. Separação de poderes;
ii. Limitação do poder político por meio de estabelecimento de
direitos fundamentais;
iii. Organização do Estado.

 Na prática, o que prevalece, é o conceito de constituição total: que


engloba todos esses aspectos, inclusive, na doutrina pátria.
Constituição é o conjunto de normas escritas/costumeiras que,
tornando o fenômeno político em jurídico, criam/refundam um
Estado e limitam/organizam esse Estado

3) Tipologia/Classificação das Constituições: há 10 critérios

a) Origem da Constituição
i. Outorgada: poder ou autoridade impõe a constituição, sem
participação popular (cartas constitucionais)
ii. Promulgada: há participação da sociedade, com Assembleia
Constituinte;
iii. Cesarista: diz-se quando ela é imposta pela sociedade,
porém, há uma chancela/participação popular
- Crítica: não há uma participação popular verdadeira, somente há
para dar um ar de legitimidade

b) Conteúdo
i. Material: aquilo que adota/trata de normas substancialmente
constitucionais
ii. Formal: não importa se é substancialmente constitucional,
mas sim seu processo de que se tornou constituição,
procedimento. (A de 88 é dita formal) – art. 242, parágrafo
segundo, é um exemplo de norma sem conteúdo
materialmente constitucional

c) Forma
i. Escritas: está prevista em documento ou leis esparsas
ii. Costumeiras: não há constituição escrita, porém, existem
normas costumeiras (Costume: repetição de um
comportamento reconhecido como exigível pela sociedade)

d) Extensão
i. Sintética/Concisa: aquela que trata de poucos temas (é curto,
trata de poucos temas)
Ex: Constituição Americana (tendem a permanecer mais no
tempo)
ii. Analítica/Prolixa: aquela que desce à minúcias (trata de
diversos temas)
Ex: Constituição Federal de 88

e) Estrutura:
i. Constituição garantia: mais liberais e clássicas, que
estruturam o Estado e preveem liberdades individuais
ii. Constituição compromisso/programática: há programas/metas
a serem alcançadas, coloca fins ao Estado e mira neles
iii. Constituição Balanço: constituição dos estados socialistas,
servia como parâmetro para ver se o Estado avançava ou não

f) Alterabilidade
i. Constituição rígida: o procedimento de modificação é mais
dificultoso do que para leis Infraconstitucional
ii. Constituição flexível: o procedimento de modificação é igual a
editar lei infraconstitucional
iii. Constituição semirrígida: há uma mistura das outras duas
anteriores, porque algumas normas são mais difíceis e outras
não
iv. Constituição imutável/granítica: que não pode ser mudada,
tendem a durar menos, comuns em Estados teocráticos
v. Constituição super-rígida: é aquela que mistura critérios de
rígida e outras normas são imutáveis

g) Correspondência à realidade
i. Normativas: condiz exatamente com a realidade, há uma
identidade
ii. Nominais: o que ela prevê não condiz com a realidade, pode
prever metas, p. ex., há dever-ser que não estão na realidade.
As autoridades políticas lutam para que o que está na lei
condize com a realidade
iii. Semântica: há um deslocamento com o que é previsto e os
fatos, porém, há desinteresse das autoridades em condizê-las
com a realidade. É uma mera aparência por parte do Estado

h) Modo de elaboração
i. Dogmáticas: editadas em determinado momento do tempo,
tendem a ser escritas;
ii. Histórica: construída historicamente, ao longo do tempo

i) Relação dogmática:
i. Ideológica: única ideologia, típica dos socialistas;
ii. Compromissória: adota diversas ideologias para que diversas
partes atendam
Ex: Constituição de 88

j) Origem
i. Autônoma: editada pelo próprio Estado/povo ou nação;
ii. Heterônoma: editada por outro(s) Estado(s) ou organismos
internacionais
Ex: Constituição japonesa, que foi imposta pelos EUA e bem
recebida

d) Classificação da Constituição de 88

i. Promulgada: editada por uma Assembleia Constituinte (críticas a


essa Assembleia, que não foi específica para o tema da
Constituição, por isso, aliás ser analítica)
ii. Formal: todo texto é considerado Constituição, independente do
assunto (art. 242, parágrafo 2) ,
iii. Escrita
iv. Analítica/Prolixa
v. Dirigente/Programática/compromisso
vi. Rígida (doutrina majoritária), há doutrina minoritária que a
Constituição é super-rígida, existem cláusulas pétreas (elas
podem ser alteradas, só não podem ser abolidas)
vii. Nominal: descompasso com a realidade, porém, há interesse e
disposição de tornar as normas realidade
viii. Dogmática: editada em certo momento
ix. Compromissória: eclética, traz diversas ideologias
x. Autônoma

e) Classificação conforme o ordenamento jurídico, do prof. Virgilio


Afonso da Silva: as tradicionais trazem pouco proveito:

a) Constituição lei: indicação do que deve ser, mas pode seguir qualquer
caminho conforme sua concepção;
b) Constituição fundamento/total: determina todos os caminhos, trata de
todos os temas, não dá espaço ao legislador, que serva mais como um
intérprete
c) Constituição moldura: faz o meio-termo, prevê um limite e, dentro dele,
o legislador tem seu espaço

d) (não foi colocada pelo prof. Virgílio) Constituição dúctil


(Zargrebelski): não há mais ideologias que abarcam a sociedade, não
há consenso e, dentro disso, a constituição deve ser maleável para que
as pessoas se autodeterminem, faz esse procedimento

f) Questão histórica – características importantes das


constituições brasileiras

a) Constituição de 1824 – Primeiro Reinado


i. Outorgada, Carta de 1824
ii. Previu uma monarquia constitucional
iii. Divisão de poderes em 4 (exec, leg, jud e mod)
iv. Monarca não é sujeito a responsabilização
v. Catolicismo como religião principal, não proibiu culto privado
vi. Semirrígida, não há controle de constitucionalidade

b) Constituição de 1891 – República


i. Promulgada
ii. Inspiração norte-americana forte
iii. Participação do Ruy Barbosa (Estados Unidos do Brasil)
iv. Sistema Federalista, poderes assim divididos, de dentro para
fora
v. Presidencialismo
vi. Poder legislativo bicameral: STF no texto
vii. Controle de difuso de constitucionalidade
viii. Rígida
ix. Previu o habeas corpus
Ex: Ruy Barbosa, doutrina brasileira do habeas corpus

c) Constituição de 1934 – Vargas


i. Federação cooperativa
ii. Poder legislativo bicameral
iii. Pod. Jud: 11 membros – ministros
iv. Controle de constitucionalidade: reserva de plenário
v. Senado federal, pelo STF, suspende eficácia, suspender atos
constitucionais difusos
vi. Justiça Eleitoral e Justiça do Trabalho
vii. Ação interventiva, embrião do controle concentrado da
constitucionalidade
viii. Direitos fundamentais – habeas corpus, mandado de
segurança, voto feminino (primeira vez que surge em uma
constituição, já havia no ordenamento), ação popular

d) Const. 1937 – Estado Novo, Polaca


i. Outurgada
ii. Mais autoritária
iii. Federalismo, mas com o poder concentrado na União
iv. Pod. Leg. Dissolvido e não retomado => atos normativos por
decretos leis do presidente
v. Direitos fundamentais restringidos
vi. Liberdade de expressão restringida

e) Const. 1946 – redemocratização


i. Promulgada
ii. Valorização dos municípios
iii. Tripartição mais rígida
iv. Justiça eleitoral volta
v. Garantias voltam ao texto
vi. Justiça do Trabalho tratada no pod. Jud
vii. Controle difuso de constitucionalidade

f) Const. 1967 – ditadura militar


i. Autoritária
ii. Concentração no poder executivo
iii. Restringe direitos fundamentais
iv. Atos do Comando Superior Revolucionário não podem ser
analisados pelo pod. Jud
v. Há direitos fundamentais previstos, mas sem interesse em
aplica-los (normativa)

 Emenda Constitucional n. 1 (1969): a partir do AI-5, tornam


constitucional. Há um debate se foi uma mera emenda ou uma nova
constituição. Não há um caráter de refundar o Estado, por isso parece
apenas uma emenda, porém, majoritariamente, diz-se que é uma nova
constituição
g) Const. 88 – redemocratização
i. Promulgada
(irá ser analisada nas próximas aulas)

Aula 3 e 4: Poder Constituinte

1) Conceito de Poder Constituinte :


a) poder de criar uma constituição fundando ou refundando o Estado
b) reformar a Constituição
c) poder dos estados membros de editar as constituições
 Crítica: (Ana Paulo de Barcelos) Poder constituinte é somente o poder
originário, o poder derivado é constituído, não constituinte.

2) Origem do Poder Constituinte: todo Estado tem sempre uma força


original, que é um poder constituinte.

 Abade Seyes: o poder constituinte, que cria o ordenamento jurídico, é


atribuído à nação, os demais poderes são constituídos

3) Poder Constituinte Originário (PCO): poder de criar constituição/criar


e refundar a constituição

a) Titularidade
i. Titularizado pela nação (agrupamento de pessoas com
laço histórico, cultural, tendo um presente e passado
em comum). – Doutrina minoritária
ii. Prevalece – doutrina majoritária - que a titularidade é do
povo (grupo de pessoas ligado a estado nacional pela
nacionalidade)

b) Natureza jurídica
i. Poder de fato (d majoritária): não é limitado
ii. Poder de direito (d minoritária): limitado

c) Características (Doutrina majoritária)


i. Inicial: não é cronologicamente, mas sim inicial em
termos estruturantes, que funda um Estado
juridicamente;
ii. Incondicionado: não está submetido a procedimentos
anteriores, não tem amarras pelo ordenamento jurídico
anterior
iii. Ilimitado: não está preso por balizas jurídicas na sua
manifestação, é completamente livre, na parte
material/substancial
iv. Permanente: poder sobreno -> pleno em estado de
latência -> ruptura na organização -> poder levanta-se
novamente com nova estrutura jurídica
 Estado Soberano X Constitucionalismo (limitação de
poder), conciliação pelo PCO ser permanente

 Doutrina minoritária: poder de direito, faz uma crítica às características,


diz que não é inicial, não é incondicionado, não é ilimitado e também
não é permanente.

4) Poder Constituinte Derivado (PCD): é um poder constituído

a) Natureza: poder de direito


b) Derivado, não inicial
c) Limitado
d) Condicionado

5) PCD reformador: de reformar o texto constitucional

 Na Constituição de 88:

a) Revisão Constitucional (art. 3 ADCT): forma simplificada de


reformar o texto constitucional, com limites brandos, por meio de
análises práticas. Após 5 anos da CF, haverá a revisão
constitucional, votação de maioria absoluta, para simplificar

I. Limites materiais:

o (minoritária) Corrente minimalista: a revisão é somente necessária se


haver alteração e forma no sistema de governo conforme o art. 2
ADCT (em 5 anos de 88, plebiscito sobre presidencialismo ou
monarquia, ou seja, a revisão constitucional só serve se alguma
característica do sistema de governo mudar)
o (minoritária) Corrente maximalista: revisão não está fechada a
nenhum limite material, nem as cláusulas pétreas
o (essa prevaleceu) Corrente conciliatória/intermediária: revisão
constitucional aconteceria independe do resultado do plebiscita, mas
é limitada pelas cláusulas pétreas ou pela mudança de sistema
governamental do plebiscito
Obs: Na realidade, não houve uma revisão constitucional nos 5 anos
depois de 88. Os congressistas preferiram fazer as mudanças por
emenda constitucional, obedeceram aos limites formais
Obs2: possibilidade de, por meio emenda constitucional, colocar que
haverá uma revisão constitucional. Sim ou não? Isso depende dos
limites formais de cada processo. Na doutrina majoritária, isso não é
possível, pois não é dado ao PCD decidir qual é o processo. Na doutrina
minoritária, é possível, que não há nenhuma limitação, desde que tenha
apoio popular

b) Emendas Constitucionais (estudado em processo legislativo)

 Limites formais

o Iniciativa: presidente, um terço dos senadores/dep federais ou metade


das assembleias legislativas manifestadas por maioria simples
o Proposta: 3/5 de cada uma das casas, com dupla votação em cada
casa. Uma vez rejeitada, o tema não será novo assunto na mesma
sessão legislativa, mas sim na próxima

 Limites circunstanciais

o Durante vigência de intervenção federal, estado de sítio e estado de


defesa, não haverá emenda constitucional nesses momentos

 Limites materiais

o Forma republicana
o Separação dos poderes
o Direitos e garantias individuais
o Voto livre e periódico

6) PCD decorrente: poder atribuído aos entes menores (estados federais)


de reformar suas leis

a) Estados membros (art 11 ADCT): 1 ano da CF, as CE devem estar


editadas e observar os princípios básicos da CF.

 Quais os limites?

 Duas classificações desses limites (princípios reitores):


a) (Raul Machado Orta)
i. Regras de produção obrigatória: devem ser transportas,
obrigatoriamente
ii. Regras de imitação: podem ser transportas, não obrigatória

b) (José Afonso da Silva)


i. Sensíveis
ii. Estabelecidos: regras/normas aplicáveis às CEs
iii. Extensíveis: não se referem a CE, mas são aplicáveis a CE

 Princípio da simetria: CE não pode prever de forma diversa da CF,


utilizado pela jurisprudência do STF, usado para limitar o PCD
decorrente dos Estados Membros

Ex: casos nos quais se aplicam:


i. Processo legislativo (leis complementares, p.ex.)
ii. Fiscalizatória
iii. CPIs
iv. Atribuições de chefes do poder executivo
v. Prerrogativas de servidores públicos (foro de prerrogativa de
função)

 Crítica: não faz sentido o STF falar disso, porque não há previsão no
texto constitucional; além disso, os Estados Membros são autônomos,
logo, essa autonomia deve ser respeita e o STF não pode decidir por
meio de princípio da simetria, o que sufoca a autonomia; por fim, se
fosse respeitada a autonomia, haveria novos laboratórios para testes
políticos do que funciona ou não na esfera estadual para transpor para
esfera federal
Obs: Pode um estado membro editar nova Constituição Estadual?
 Doutrina majoritária diz que não, porque o art. 11 do ADCT diz que
apenas um 1 serão editadas as CE, mas isso não impede as Emendas
Constitucionais

b) Municípios: leis orgânicas são manifestação do PCD decorrente?

 Levemente majoritária: não são, porque há um duplo grau de


subordinação que não faz jus ao PCD decorrente
 Minoritária: são exercício de PCD decorrente, porque os municípios
foram concedidos autonomias e são entes, logo são exercício de PCD
decorrente

7) Mutação Constitucional: alteração informal da norma constitucional,


como é possível e adequado?
a) Em decorrência de mudanças sociais, é adequado sem um
procedimento longo;

b) Texto X Norma:
 Texto: documento;
 Norma: o que se deriva do texto legislativo pela interpretação;
Ex: caso do princípio de igualdade do Constitucionalismo americano,
que extraiu diversas interpretações entre pessoas negras e brancas
durante a história

c) Manifestação do poder constituinte difuso = mutação constitucional


(doutrina minoritária)

d) Formas de manifestação:
I. Interpretação constitucional;
II. Atuação legislativa, muda a percepção da norma constitucional
(é difícil falar disso, pois a NC é interpretada pela CF e não o
contrário)
III. Costumes: a prática reiterada com percepção jurídica pode
levar a mudança na norma constitucional, mas não pode ser
contrária a CF

e) Quais os limites da Mutação Constitucional?


I. Texto Constitucional
Ex: união homoafetiva, pois no texto constitucional diz união
entre homem e mulher
II. Ferir princípios basilares da CF
Ex: cláusulas pétreas

Aula 5: Normas Constitucionais

1) Normas Constitucionais: são espécies do gênero norma jurídica (nem


sempre foi assim), podem ser aplicadas diretamente pelo poder jud.

a) Características:
i. Superioridade hierárquica no ordenamento jurídico:
garantida pela rigidez constitucional;
ii. Parâmetro de validade para as demais normas
iii. Conteúdo marcadamente político, pois representam o
momento de transição entre exec para jud
iv. Tecitura aberta, linguagem mais abstrata, não somente
por ser política, mas pela sua missão de ser uma norma
fundamental e aberta ao momento histórico

b) Conteúdo
i. Organização – poderes etc
ii. Estabelecem direitos fundamentais
iii. Estabelecem princípios reitores e finalidades do Estado

g) Normas Constitucionais especiais

a) Preâmbulo: texto que antecede ao corpo permanente, varia


de constituição para constituição, e o conteúdo é variável e
tom grandiloquente

 Efeitos do preâmbulo: 5 posições


i. Não possui juridicidade
ii. É norma jurídica, mas não é norma constitucional, é norma
ordinária
iii. Possui efeito tão somente indireto, não pode ser aplicado ao caso
direto e concreto
iv. Jose Afonso da Silva: possui o poder indireto, mas, em uma
situação específica, ele possui poder direito
Ex: situação em que houver previsão de direitos humanos que
não estão previstos no corpo permanente
v. Bernardo Gonçalves: preâmbulo é norma jurídica e possui
aplicação imediata no caso concreto
vi. Opinião do STF: não possui eficácia jurídica, mas pode ser
usado como “reforço argumentativo”

b) Disposições constitucionais transitórias: já existia ordem


jurídica anterior e, por isso, é preciso fazer disposições
constitucionais transitórias para garantir a estabilidade da
sociedade. São normas transitórias para fazer a mudança de
ordenamento jurídico

i. Deve-se analisar o ADCT para ver quais são ou não,


porque existem outras permanentes;
ii. ADCT pode ser objeto de emenda à constituição, como
permanentes, pode ser reformado (doutrina majoritária)
iii. Não pode haver emenda à constituição como
permanente porque tem caráter transitório (doutrina
minoritária)
iv. STF: normas do ADCT possuem a mesma força jurídica
do corpo permanente

2) Diferenças entre regras e princípios : foi-se conferindo princípios como


normas jurídicas. Regras e Princípios hoje em dia são espécies de
norma jurídica
a) Paulo Bonavides – distinção de três momentos:

i. Fase jusnaturalista: princípios não são normas


jurídicas, mas meras abstrações;
ii. Fase positivista: princípios com maior relevância,
tratados pelo legislador, serviam para situações de
lacunas na lei
iii. Fase pós-positivista: princípios são como normas
jurídicas totalmente aplicáveis a situações fáticas

b) Como distinguir regra e princípio?

 Critérios quantitativos

i. Importância: princípios são mais importantes que as


regras
ii. Generalidade: princípios são normas aplicáveis a um
maior número (mais geral) que as regras, que são mais
específicas
iii. Indeterminabilidade: o princípio é mais aberto, mais
indeterminável, e difícil de saber quais casos serão
aplicados; regra é mais fechada, mais determinada, e
fácil de saber quais casos serão aplicados
 Critérios qualitativos
i. (Ronard Dworkin): regras aplicadas pelo “tudo ou
nada”, ou a regra é válida e se aplica, ou a regra é
inválida e não se aplica. Os princípios, se possuem
aplicabilidade, analisar qual possui maior peso e aplicá-
lo no caso concreto
ii. (Robert Alexi) – doutrina majoritária: princípios são
mandatos de otimização, se aplicam na maior medida
possível nos casos concretos. Quando há conflito, se
existir um maior princípio, deve existir ponderação e,
portanto, ver qual deve ser mais bem aplicado na
situação concreta; regras são mandatos definitivos, se
aplicam integral e imediatamente. Quando entram em
conflito, ou a regra é válida e se encaixa no caso
concreto, ou ela não é válida, ou existe uma regra de
exceção e, portanto, afasta sua aplicabilidade
c) Postulados (Humberto Ávila), doutrina minoritária – diferentes
de regras e princípios: são nomas de segundo grau,
metanormas, normas que se aplicam a outras normas
Ex: Princípio de proporcionalidade = Postulado

3) Classificação das normas constitucionais em relação à eficácia

a) (Ruy Barbosa)
i. Normas autoaplicáveis: não dependem de
intermediação legislativas;
ii. Normas não-autoaplicáveis: dependem de
intermediações legislativas

b) (Pontes de Miranda)
i. Normas bastantes em si: possuem todos os
elementos e aplicáveis no caso concreto;
ii. Normas não bastantes em si: precisam de
intermediação legislativas;
iii. Normas programáticas: estabelecem fins e
programas

c) (José Afonso da Silva)


i. Normas Constitucionais de eficácia plena/
imediata/direta: são aquelas que possuem todos os
elementos e se aplicam integralmente;
ii. Normas de eficácia contida: aplicam-se direta e
imediatamente, mas são restringíveis, a lei pode
restringir o exercício da sua norma
Ex: liberdade de exercício de certa profissão
iii. Normas de eficácia limitada: não possuem todos os
elementos para se aplicarem imediatamente,
precisam da intervenção
 Normas organizativas: criam organizações e precisam de
complemento do legislador para aplicar ao caso concreto

Ex: Direito à propriedade, há ele, mas a lei


que faz esses contornos; criam certos
órgãos, mas é necessário efetivação de leis
para ele funcionar
 Normas programáticas: estabelecem fins/programas para o
Estado, logo, dependem da intervenção legislativa.

Ex: efeitos de revogar as anteriores, caso


seja editada uma norma infraconstitucional
contra as NEL (normas de eficácia limitada),
vão ser vetores interpretativos. Logo, mesmo
as limitadas, possuem efeitos

4) Normas Constitucionais no tempo

a) Princípios reitores
i. Efeito imediata: aplica-se logo quando vigora-se;
ii. Retroatividade: reger todos os fatos que correrem no
tempo, a não ser os anteriores, que são pelas outras leis

 O princípio da eficácia imediata se aplica ao Direito Const, pode haver


uma “avacatio constitutiones”, avacacio legis prevista pela CF
 Porém, o princípio da retroatividade não atinge o poder constituinte
originário, pois este é ilimitado. Já as emendas à Constituição são
afetadas pelo princípio da retroatividade, porque, no art. 5, prevê o
direito ao PCD reformar observar a coisa julgada
b) Se a Constituição for silente? Há três posições
a) A regra é que se mantenha a norma no silêncio,
adotada ao STF na CF 67
b) Em regra, a Constituição nova, se for silente, a regra
não se mantém, não vai subsistir se forem
contrárias a nova (posição atual do STF)
c) Quando a CF disser expressamente que se aplica
ou não, vale a CF. No caso de silêncio, existe uma
ponderação, analisa-se o caso concreto entre a
nova e a velha CF

5) Normas Constitucionais novas e antigas: qual a relação?

a) Carl Schmitt: as normas que não forem contrárias a nova


constituição, elas permanecem, mas com status de lei ordinária.
Ponto de vista relacionado à visão política fundamental, as que não
tiverem relacionada com elas, vão se permanecer
b) (Manuel Gonçalves de Pereira Filho) as normas materiais
constitucionais antigas não permanecem, mas as formais, que não
contrariam, permanecem, mas com status de lei ordinária
c) Posição do STF: toda a constituição anterior fica revogada com uma
nova constituição, com a única exceção se a nova constituição se
manifestar expressamente sobre o assunto

 Ex do ADCT: art. 68, previu que uma das normas da CF antiga estaria
vigendo durante um período de tempo

6) Constituição nova com leis infraconstitucionais editadas pela velha


constituição. Todas as infraconstitucionais são inválidas?

a) Teoria da recepção (Hans Kelsen): Logicamente, faz sentido. Mas,


na prática, isso não é saudável e viável para um Estado. Logo, as
leis infraconstitucionais devem ser verificadas com a compatibilidade
em relação a nova constituição; o que for compatível, vai ser
recepcionado, o que não for, não vai ser
 Natureza jurídica da não recepção:
i. Hierárquica (doutrina minoritária): isso que
vai depender para recepcionar ou não;
ii. Revogação (doutrina majoritária): critério
temporal, norma posterior revoga a
anterior (do STF)

 Normas mantidas, serão interpretadas iguais a


antigamente com a nova CF?
i. É possível que a norma se mantenha válida,
mas se interpreta de forma nova

Ex: Direito de propriedade

 Compatibilidade material da norma, essa deve ser


analisada com a nova CF, não a compatibilidade
formal

 Mudança da competência: se for de competência


estadual na velha CF e a nova diz que é federal

i. Gilmar Mendes: Quando a matéria era federal


e passa a ser estadual, a lei se mantém
válida até que cada estado edite nova lei;
Quando a matéria é estadual e passa a ser
federal, não é possível reconhecer a validade
dessas leis, gerará um caos
ii. Luís Roberto Barroso: quando a matéria era
federal e passa a ser estadual, a lei se
mantém válida; quando a matéria é estadual
e passa a ser federal, as leis estaduais se
mantêm vigentes até que a união edite uma
nova lei. O caos não é pior que o vácuo
legislativo

 STF não admite constitucionalidade superveniente:


uma lei foi editada sob a égide de uma CF anterior,
considerada inconstitucional, e é editada uma nova
constituição. Com ela, a lei é considerada
constitucional. Porém, a lei não é aceita e não se
torna vigente, senão que a CF nova se manifeste
expressamente

Aula 6: Hermenêutica e interpretação constitucional

1) Terminologia: Hermenêutica =/ de interpretação constitucional;


hermenêutica é a ciência que estuda os métodos interpretativos, a
interpretação é o ato de interpretar

2) O que é interpretar?

a) Interpretativistas: ato de interpretar restrito a revelar o sentido da


norma, o papel do intérprete é modesto
b) Não-interpretativistas: o ato de interpretar é o ato de dar concretude
à norma, se valendo de valores, princípios e da realidade. Maior
papel ao intérprete

3) Quem interpreta a Constituição?


a) Tradicionalmente, porém não prevalece, é o Poder Jud, as cortes
constitucionais
b) Atualmente, quem interpreta é o pod jud, exec, leg e a sociedade
c) (Prof. Peter Abeli): saiu de uma sociedade fechada para uma
sociedade aberta dos intérpretes da constituição, pois houve uma
expansão da interpretação para a sociedade

 Na prática, que poder prevalece na interpretação? Todos interpretam a


constituição, mas a quem é dada a última palavra?
a) Supremacia judicial: cabe ao pod judiciário (prevalece no direito
brasileiro)
i. Democracia não é somente regra da maioria, mas também a
proteção de direitos fundamentais (ligados a democracia, para
seu bem desenvolvimento), estes são os direitos políticos que
o poder judiciário detém
ii. Os direitos fundamentais não somente são individuais e
políticos, como também direitos sociais. Logo, para garantir a
democracia, é preciso ter condições materiais de igualdade
para verdadeiramente exercer seu direito fundamental
iii. O pod jud tem maiores condições de exercer esse poder
democrático, pois, em primeiro lugar, por uma questão prática,
o poder jud está mais em consonância frequentemente com os
anseios populares do que o pod leg (crise de
representatividade); em segundo lugar, o pod jud interpreta a
constituição a fim de garantir a decisão popular baseada na
democracia representativa
iv. O pod jud tem uma capacidade institucional melhor de
deliberar essas questões, pois ele faz isso por natureza
v. O pod leg, se cabe a ele decidir a ultima palavra, ele vai ditar
seus próprios limites, o que vai contra a democracia

b) Supremacia legislativa: cabe ao pod leg


i. Quem representa o povo é o pod leg, pois são representantes
eleitos, diferente do jud
ii. Autogoverno das gerações: não pode manter um governo dos
mortos com vivos. Logo, quando há dúvida na interpretação,
deve-se deixar a maioria do momento, os legisladores eletios
pelo povo, daquela geração
iii. O pod leg tem mais capacidade institucional, pois há uma
aparato melhor de exercer essa deliberação, com a garantia
de que eles são eleitos pelo povo, ele está habituado a legislar
iv. O pod leg é o melhor intérprete porque o povo consegue
exercer maior controle, já que os legisladores são eleitos do
povo e podem ser retirados por ele. Além disso, é uma visão
romantizada dos juízes constitucionais que devem interpretar
com a última palavra de forma necessariamente boa, logo,
afasta o povo da decisão

c) Teoria do diálogo: nem pod jud, nem pod leg, mas sim um diálogo
entre eles e o povo. Há rodadas institucionais para que as decisões
sejam efetivadas
 Crítica: da ingenuidade, de que realmente haverá diálogo, e não que um
poder tomará logo a palavra

4) Métodos clássicos de interpretação: se aplicam às normas


constitucionais
(Saviny)
a) Elemento gramatical/verbal/semântico/filológico/textual: qual o
sentido das palavras?
i. Tem ganhado cada vez menos importância
ii. No texto constitucional, isso é mais evidente, porque o texto
constitucional é mais vago e aberto no caso brasileiro
iii. Impor os limites na atividade interpretativa
iv. O texto constitucional é feito do povo para o povo, logo, há
termos usados de forma não-técnica

b) Elemento histórico: buscar qual era a intenção e vontade do


legislador (constituinte), qual era a questão da época etc.
i. Tem ganhado cada vez menos importância
ii. Mentis legislatoris X Mentis legis (vontade objetiva)
iii. Nos EUA, há uma corrente de autores que se apega a esse
elemento, que é o originalismo + originalismo semântico (se
ele não é o único, é o mais importante)

c) Elemento sistemático: a constituição deve ser interpretada como


um todo
i. Tem ganhado mais importância
ii. Extrai-se três princípios da constituição:
 Princípio da unidade;
 Da concordância prática
 Do efeito integrador

d) Elemento teleológico: qual é a finalidade última da norma?


i. Buscar a ratio legis
ii. Ratio legis: força vivente móvel, pode ser mudada/alterada com o
tempo

5) Princípios especiais de interpretação


a) Princípio da unidade da Constituição
i. Normas constitucionais originárias não possuem hierarquia
formal, logo, a constituição deve ser interpretada com unidade e
não pode ser inconstitucional

b) Princípio da concordância prática: quando há uma colisão de


normas constitucionais, é preciso fazer uma concordância prática entre
as normas
i. Interpretação dos Direitos fundamentais
c) Princípio do efeito integrador: deve-se privilegiar as
interpretações que priorizem a integração política e social

d) Princípio da máxima efetividade: interpretar as normas de modo


a dar mais/máxima efetividade

e) Princípio da força normativa da constituição: interpretar as


normas de modo a dar uma efetividade ótima

f) Princípio da justeza/correção funcional: a interpretação


constitucional não pode bagunçar as atribuições previstas na própria
constituição, deixar cada função no seu local

g) Princípio da razoabilidade e proporcionalidade: derivado do


direito anglo-saxão, no devido processo legal não deve ser apenas
formal, mas também substancial, para ver se está realmente ligado à
justiça. Não devem passar por um crivo formal, mas também por um
substancial; derivado do direito alemão, refere-se ao controle de justiça
feito aos atos editados pelo poder público

Obs: doutrina majoritária (STF) diz que a mesma coisa


Obs: Doutrina minoritária diz que a razoabilidade é maior abstração e a
proporcionalidade é a técnica para empregar a razoabilidade

i. Natureza jurídica:
 Virgílio Afonso da Silva: não é um princípio, é uma regra
 Humberto Ávila: divisão tripartida, há postulados
normativos, que são metanormas, logo, razoabilidade é um
postulado
 (Majoritária): tem natureza jurídica de princípio pois pode
ser aplicado no caso concreto

ii. Aplicabilidade:
a) etapas com critérios
 Adequação/Idoneidade: analisar se os meios são
adequados para obter o fim desejado
Ex: gestor público, em um estádio com torcedores
brigando, coloca placas para parar as brigas. Essa
atitude tem pouca eficácia, logo, não é adequada para
obter o fim desejado, embora ajudem em alguma
medida
 Necessidade/Exigibilidade: existe algum outro meio,
menos gravoso, que promova igualmente o fim
pretendido quanto o outro? Geralmente sempre vai
existir um meio menos gravoso
 Proporcionalidade em sentido estrito: qual é o custo-
benefício da ação? Isso é proporcional em sentido
estrito? -> Criticado por parcela da doutrina por ser
abstrato

b) Visão do Luis Roberto Barroso:


 Razoabilidade interna: motivos, meios e fins
adequados;
 Razoabilidade externa: ato do poder público
em consonância com a CF?

6) Métodos especiais de interpretação

a) Método tópico problemático (theodor vieg): as normas


constitucionais são abertas, logo, o legislador deve pegar os lugares-
comuns (topoi, tópicos) a fim de solucionar um problema, o caso
concreto

b) Método hermenêutico concretizador (conrav hess): primeiro, ver


as pré-compreensões da norma; depois, ver a realidade; e, por fim,
voltar à norma e, assim, adequar a interpretação de modo que a
norma seja ditada por compreensões e por realidades

c) Método científico-espiritual (Rudolf ismend): crítico do


positivismo, não deve se apegar a elementos normativos, mas a
constituição deve abranger a sociedade como um todo e, assim,
extrair o espírito da constituição

d) Método normativo-estruturante (Friedrich Miller): dimensão


normativa + domínio fático = interpretação da constituição

7) Patriotismo Constitucional (HABERMAS): vive-se numa sociedade


plural, logo, qual é o elemento unificador de um Estado? A Constituição
é o elemento de unificação ao Estado

Aula 7 e 8: Organização do Estado e dos poderes

1) Conceito de Estado (Dallary):

a) Soberania: poder de dizer qual é o direito;


b) Território: limites pelos quais a soberania é exercida
c) Povo: submetidos ao soberano e dentro do território
2) Formas de Estado
a) Estado unitário/simples: centralizado em um ente específico, que
toma todas as decisões (a Const. prevê isso)
Obs: é inerente à figura do Estado a centralização de Estado, mesmo
descentralizado. No estado unitário, pode haver certa
descentralização, mas a Constituição não prevê isso
i. Puro: ente central descentralizada nada
ou quase nada
ii. Administrativa: descentraliza atividades
administrativas
iii. Política e ADM: o ente central
descentraliza a tomada de algumas
decisões

b) Estado regional: a Constituição diz que deve haver descentralização


para as regiões, mas deixa a cargo do ente central decidir o que
haverá de descentralização ou não

c) Estado federal: originado nos EUA, a Const. prevê a


descentralização das regiões e prevê as competências dessas
regiões

c) Estado Federal
a) Características:
i. Um estado único;
ii. Constituição;
iii. Não há direito de secessão;
iv. Cidadania única;
v. Repartição de competências;
vi. Repartição tributária;
vii. Estado nacional detém soberania, não os outros estados, que
possuem autonomia

b) Tipologia do federalismo
i. Origem
 Por agregação: EUA, diversos estados soberanos decidem
reunir-se em um estado único mantendo a autonomia
(mov. Centrípeto)
 Por desagregação: sai de um Estado unitário para estados
desagregados/federados (mov centrífugo)

ii. Simetria
 Simétrico: Const traz competências de forma igual, tanto
aos estados membros quanto ao estado federal
 Assimétrico: regiões são diferentes, logo, a Const
demanda que se adeque a isso, estabelecendo regras e
competências diferentes aos estados membro do que ao
estado federal
 Const de 88 prevê um federalismo simétrico, porém, há alguns detalhes
de assimetria no texto, p. ex, art 3, inciso 3 ,e art 151, inciso 1
 Crítica doutrinária: os estados brasileiros são tão diferentes que deveria
ser mais assimétrico do que é

c) Estrutura
i. Bidimensional: ente central e os entes regionais
ii. Tridimensional: ente central, ente regional e ente local

 Porf. Manuel Gonçalves pereira filho: federalismo de segundo grau, os


municípios, ou entes locais, se submetam a constituição do estado
membro e também à constituição federal

d) Centralização
i. Federalismo centralizador
 Federalismo de integração: situações em que a situação é
tão grande que coloca em risco a autonomia dos entes
menores
 Federalismo orgânico: a constituição esmiuça tanto que há
esvaziação da autonomia dos entes menores
ii. Descentralizado

e) Repartição de competências
i. Dual: repartidos de forma específico, o resto fica relegado aos
entes menores
ii. Coordenação entre os entes, não repartição, cada um cuida
das suas competências
iii. Cooperação: previstas competências comuns/concorrentes
aos diversos níveis de entes federativos, logo, devem exercer
em conjunto

d) Distinção entre soberania e autonomia

a) Soberania: poder incontrastável de dizer, nos limites de território,


qual é o direito e aplicá-lo pela força
b) Autonomia: capacidade conferida a todos os entes de um estado
federal de:
i. Se autogovernar: poder que é dado a cada um dos entes
federados de eleger seus governantes
ii. Se autoadministrar: poder conferido aos entes federados de
executarem as atividades e exercer suas competências
iii. Se auto-organizar: o poder conferido ao ente de editar a
própria constituição e, assim, se organizar
iv. (doutrina minoritária diz): auto legislar

Aula 9: Organização do Estado e dos poderes

1) Federalismo na Const. De 88
a) Art. 1°: união indissolúvel (apego tradicional de 1889) X Art 18: União
indissolúvel: é igual
i. Princípio da indissolubilidade: os Estados não podem se retirar
da federação

2) Técnicas para a repartição de competências


a) Repartição horizontal/modelo clássico/norte-americano: lista as
competências do ente central e silencia-se acerca das competências
dos entes regionais; divisão estanque e incomunicabilidade das
competências

b) Repartição vertical/modelo moderno: atribuir aos diferentes entes


da federação, em diferentes níveis, a mesma competência
i. Concorrentes
ii. Materiais comuns

c) Mista: junta as duas técnicas, diferenciando-se em cada caso


 Const. De 88 adota esse modelo, colocando para interesse local
(municípios), regional e federal

c) Entes da federação brasileira


a) União federal: ente central da federação, a pessoa jurídica de direito
público interno que agrega os demais entes federados e que se
constitui como ente central da federação
i. Bens da União: art. 20 os enumera (inciso primeiro)
ii. Critérios para atribuir esses bens:
 Segurança nacional (incisos 2, 3, 6 e 7)
 Proteção da economia do país (5 e 8)
 Interesse público nacional (2, 10 e 11)
 Extensão do bem (3)

b) Competências da união (art. 21)


i. Competências materiais exclusivas: praticar atos concretos
que atendam interesses individuais relacionados ao interesse
público. É exclusiva porque não pode ser delegada por outros
entes federados
ii. Competências materiais comuns (art 23): atribuídas a união,
estados, DF e municípios. Corre-se dois riscos: dos entes
deixarem de agir (vácuo de atuação); dos entes atuarem ao
mesmo tempo e, logo, aconteça uma desorganização
Ex: do segundo risco, quando há aplicação de multas, como
uma multa ambiental, poluir um rio, dá multa municipal,
estadual, da união
 Prevê que lei completar diga como funcionará essa
organização dos entes
c) Competências legislativas: poder que o ente tem de editar leis
 Competência privativa (art. 22): prevê que a união
pode delegar aos estados e DF suas competências
legislativas privativas, desde que:
iv. Haja edição de lei complementar;
v. Delegação de uma lei específica;
vi. (Art 19) união não pode delegar somente
para um estado e não outro, deve delegar
para todos ou não o faz
 Doutrina minoritária diz que é
possível delegar para um único
estado
 União, ao delegar, pode retomar
a qualquer momento voltar
(observando o princípio do
paralelismo de formas)
 União não pode delegar aos
municípios, nem os estados
podem subdelegar para os
municípios
 Competências legislativas concorrentes: regras (art.
24)
i. Cabe a união editar normas gerais
 Normas gerais são diretrizes gerais. Estados membros e DF vai ter uma
competência suplementar complementar, isto é, editar leis que
complementem, que coloca com maiores detalhes para aplicar ao caso
concreto. Os municípios não estão previstos no art. 24, porém, no art.
30, é dito que podem editar normas suplementares, desde que
observem as outras normas
Ex: se a união se omite, a CF prevê que cada estado pode editar suas
próprias normas gerais e suplementares –> Competência suplementar
supletiva. E se depois a união editar normas gerais depois de se omitir?
A CF diz que a norma geral do estado possui eficácia suspensa, não é
revogada, logo, caso a norma geral da união seja revogada, a norma
geral do estado volta a ser vigente. Caso a união e o estado se omita a
fazer normas gerais, o município não pode editar normas gerais, deve
esperar

b) Estados Membros: pessoa jurídica de direito público interno que atua


como ente regional na federação do Brasil
i. Formação dos Estados Membros:
i. Fusão: dois ou mais estados se unem e
formam um novo estado
 Incorporação: um estado agrega território de outro, mas mantém
existente
ii. Cisão: um único estado se divide em
outros estados
iii. Desmembramento: um estado perde parte
do território para formação de outro, mas
continua o mesmo estado
 Elevação de territórios federais a estados membros

 Requisitos para a formação dos Estados Membros:


i. Consulta a *população diretamente
interessada*: deve ser feito um plebiscito.
Se for favorável, passa-se para a segunda
etapa. Encaminha-se projeto de lei
complementar ao Congresso Nacional
*população diretamente interessada: somente a população de que gostaria que
seja feita a ação deve ser ouvida (doutrina minoritária); toda população do
estado (doutrina majoritária)

 Bens dos estados membros (art. 26 da CF): hall não é taxativo

 Competências dos estados membros: é residual, ou seja,


aquelas que não são vedadas pela CF, tanto material quanto
legislativa
Ex: competência especialmente constituída ao Estado, que é o serviço de gás
localizado
 Regiões metropolitanas (art 25 parágrafo terceiro da CF): em
determinados casos, os municípios eram tão próximos que,
tratar as questões particularmente, seria maléfico, logo, para
saciar o interesse público, deve-se tratar em diálogo.
 Não há personalidade jurídica, mas somente órgão de planejamento

o Região metropolitana:
i. Conurbação;
ii. Deve ter um município núcleo/polo
o Aglomeração urbana
i. Há conurbação, mas não municípios polo
Ex: região do ABC
o Microrregião: não há conurbação, mas questões de
interesse público e comuns, que levam a ter uma
microrregião

 O município deve concordar em participar da região metropolitana?


i. STF diz que não precisa ter concordância em participar
ii. A autonomia do município é por uma gestão conjunta, partilhada,
logo os municípios são ouvidos, mas não é uma gestão paritária,
todos participam

c) Municípios: pessoa jurídica de direito pública local que formaliza um


ente local
 Questão doutrinária: os municípios não eram entes federados antes de
88 (não possuíam autonomia), mas a doutrina minoritária, mesmo com a
vigência de 88, diz que os entes federados não possuem autonomia
real, porque:
i. Não editam uma constituição;
ii. Não detém participação no ente central;
iii. Não tem pod. Jud próprio;
iv. Não tem polícia própria

 Formação dos municípios: requisitos


i. Lei complementar federal colocando em que período
será feita a formação -> essa lei nunca foi editada, logo,
fica inviabilizado a criação de novos municípios. A
despeito de não ter sido editada, houve a criação do
município
Ex: Luís Eduardo Magalhães, da Bahia, STF colocou
que foi inconstitucional, mas deu 24 meses para que a
nulidade seja feita. Não se consomou, pois, antes do
final do prazo, foi editada uma emenda constitucional
para validar a criação desses municípios
ii. Estudo de viabilidade econômica
iii. Plebiscito com consulta popular, Assembleia Legislativa
e Congresso Nacional
 Bens do município: não estão na CF, mas existem, como
logradouros públicos ou praças locais

 Competências do município (art. 30, inciso 1°)


i. Legislativa exclusiva para editar leis de assunto local
ii. Mas tem também competência material, que não consta
no inciso 1°
iii. Competência suplementar
iv. Competências matérias exclusivas
v. Competência material comum, como manter programas
de educação infantil ou serviços de saúde

Aula 10: Organização do Estado e dos poderes

d) Distrito Federal: sua importância está em ser uma sede física da união
federal, uma localidade neutra, que garante autonomia da união
 Natureza jurídica:
i. CF 88: tratado como um ente federado autônomo e conferiu
essa autonomia;
ii. Autonomia mitigada: fica a cargo da União a organização do
MP, DF, Pod. Jud, polícia federal, civil e militar e do corpo de
bombeiros – União auxilia nos serviços públicos
iii. Art. 32: não pode ser dividido em municípios

 Competências: estaduais e municipais

d) Territórios federais: não possuem natureza de entes federais


a) Art. 18 parágrafo segundo diz que os territórios federais integram a
união como entidades administrativas

b) Criação e modificação: por lei complementar

c) Podem ser divididos em municípios

d) As contas do governo serão submetidas ao Congresso Nacional pelo


TCU

e) Com a CF de 88, os territórios federais deixaram de existir na prática

e) Federação e COVID-19: qual ente federado tem competência em


tomar as medidas de enfretamento da pandemia?
a) Dispositivos:
i. Art 21, inciso 18: competência da união
ii.Art. 23 e 24: união, estados e municípios da saúde –
competência comum e concorrente
 Doutrina minoritária: A competência é da União federal por conta do art.
21, embora os estados não devem ficar de braços cruzados
 Doutrina majoritária: a competência é comum e concorrente, cabe
somente a União organizar, art. 21 mal colocado

 Visão do STF sobre a pandemia: adotou a segunda visão, de que a


competência é comum e concorrente. Se o estado fazer uma medida
restritiva no combate a pandemia, a federação não pode revoga-la
i. ADIs sobre a pandemia do STF
ii. DPF 770, ACO 3451: municípios podem
dispender vacinas pelas quais sejam
autorizadas pela ANVISA, ou
comprovadas por outros países
independes de aprovação da união
iii. ACO 3463: estado de SP teve autonomia
vilipendiada pela união devido ao bem,
apesar de empenhado, não ter sido
entregue

f) Intervenção federal: mecanismo drástico, último, quando há


risco da unidade da federação, entre entes maiores ou menores

a) Medida excepcionalíssima: art. 34, 35 e 36, a união não interverá,


exceto para certos casos. Isso não quer dizer que a união é superior
aos outros entes
b) Natureza jurídica: (doutrina majoritária – Lewandowski): ato político,
de governo, há discricionariedade envolvida;
(doutrina minoritária – Pontes de Miranda): ato jurídico vinculado a
essas circunstâncias
c) Intervenção federal (artigos 34 e 36): município localizado em
estado membro não é passível de intervenção, nem nos territórios
federais (que são meras descentralizações)
i. Nos estados membros;
ii. No DF;
iii. Nos municípios localizados nos territórios federais
iv.
 Pressupostos de natureza material para intervenção federal:
i. Integridade nacional;
ii. Repelir invasão estrangeiral;
iii. Grave descomprometimento da ordem pública
iv. Reorganizar finanças da organização
v. Assegurar observâncias dos princípios constitucionais
 São os chamados princípios sensíveis, porque, uma vez violados,
permitem a intervenção federal
ETC
 Pressupostos para união intervir em municípios do território, mesmos
dos estaduais

 Pressupostos formais: a competência é do presidente para a


intervenção, já a iniciativa vai depender de cada caso:

=> Tipos de iniciativa:


a) Intervenção espontânea: não é necessária provocação ou
inquisição, o presidente age de forma discricionária (art 34, incisivo 1,
2, 3 e 5)
b) Intervenção solicitaria (art 34, inciso 4): pod exec vai solicitar de
que há uma limitação e, dessa maneira, é necessária uma
intervenção. O presidente tem discricionariedade aqui também. Essa
solicitação deve ser clara e expressa de que haja necessidade de
intervenção
c) Intervenção requisitada: relacionada a questões envolvendo o pod
jud, logo, o STF faz essa requisição ao presidente (pode vir do TSE,
STJ e STF quando há desobediência de ordem ou decisão judicial).
Esse é ato vinculado, o presidente deve acatar, senão ele comete
crime de responsabilidade
 Levandowski: dependerá da matéria do caso para fazer a requisição,
deve depender dos assuntos que interessam a cada órgão.
d) Intervenção determinada pelo provimento de representação
interventiva: há o ajuizamento de uma representação interventiva
que, com a decisão judicial, impõe que o presidente intervenha,
desde que:
i. Haja necessidade de assegurar observação dos princípios sensíveis
ii. No caso de recusa da execução de lei federal

 Participação, meramente opinativa e não vinculante, do conselho da


república e do conselho de defesa devem se manifestar em relação a
intervenção federal
a) Essa manifestação deve acontecer em que momento?
i. Doutrina majoritária: acontece antes do ato interventivo, mas,
(Paulo Bonebranco diz que) em casos excepcionais, pode ser
feito posteriormente
ii. Doutrina minoritária: acontece depois do ato interventivo
Ex: aconteceu assim na intervenção de 2018 no RJ por
questões de segurança pública

b) Se os conselhos não forem ouvidos depois do ato interventivo?


i. Doutrina majoritária: devem ser ouvidos em todos os casos de
intervenção
 A CF de 88 não especificou nem restringiu
ii. Doutrina minoritária: somente nas intervenções espontâneas
que os conselhos devem se manifestar

c) A intervenção é formalizada por meio de um decreto presidencial,


submetido a análise do congresso nacional em até 24 horas, que fará
um parecer político.
i. Sempre vai passar por um parecer político?
 No art. 36, em alguns casos, quando a intervenção suspender algum ato
que fere a autonomia, por exemplo, sem outras medidas mais drásticas,
não é necessária a remessa congressional

d) Excepcionalmente, se violar algum direito, o pod. Jud poderá intervir


no ato político de intervenção
i. Extensão: menos possível

g) Intervenção estadual: quando um estado membro intervém em


um dos seus municípios, é medida excepcional (Art 35)
a) Materiais de intervenção estadual (hipóteses) são iguais do
território federal e são taxativas (não pode alargar pela CE essas
hipóteses)
i. Deixar de ser paga sem motivo de força maior com 2 anos
consecutivas de divida fundada;
ii. Não prestar contas na lei;
iii. Não ter o mínimo exigido da receita municipal no ensino e
serviços de saúde
iv. TJ der provimento devido a direitos fundamentais, ordem ou
decisão judicial

b) Pressupostos formais: a competência do governador, decretada


espontaneamente, excepcionalmente será necessário provimento de
representação interventiva (TJ)
 Só o PJJ caberá o ajuizamento (doutrina do STF): por meio de decreto,
assembleia e ato.

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