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PERÍCIA GRAFOSCÓPICA PROFICIÊNCIA

EM GRAFOSCOPIA
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Sumário
PERÍCIA GRAFOSCÓPICA PROFICIÊNCIA EM GRAFOSCOPIA ........ 0

TITULO- MODELO DE APOSTILA ......................................................... 1

FACUMINAS .......................................................................................... 3

INTRODUÇÃO ....................................................................................... 4

1. GRAFOSCOPIA ............................................................................ 6

QUAIS PONTOS SÃO LEVADOS EM CONSIDERAÇÃO PELA


GRAFOSCOPIA? .......................................................................................... 7
2. GRAFISMO ................................................................................... 7

3. ELEMENTOS TÉCNICOS ............................................................. 9

3.1 Calibre......................................................................................... 10
3.2 Espaçamento .............................................................................. 11
3.3 Alinhamento ................................................................................ 11
3.4 Inclinação Axial ........................................................................... 12
3.5 Segmentos Angulares e Segmentos Curvilíneos ......................... 13
3.6 Mínimos Gráficos ........................................................................ 14
3.7 Velocidade .................................................................................. 15
4. PERÍCIA GRAFOTÉCNICA ......................................................... 16

COMO É REALIZADA UMA ANÁLISE GRAFOTÉCNICA? ............... 16


4.1 Qualidade do traçado .................................................................. 17
4.2 Elementos de ordem geral ....................................................... 18
4.3 Elementos de natureza genética ................................................. 19
5. PEÇAS PADRÃO E QUESTIONADA .......................................... 19

6. FRAUDE DOCUMENTAL ............................................................ 20

6.1 Falsificação sem imitação ........................................................... 20

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6.2 Falsificação de memória ............................................................. 21


6.3 Imitação servil ............................................................................. 22
6.4 Falsificações exercitadas ............................................................ 23
6.5 Decalques ................................................................................... 24
6.5 Falsificação por recorte ............................................................... 25
6.6 Falsificação ideológica ................................................................ 26
6.7 Assinatura à mão guiada ............................................................. 26
7. AS AUTENTICIDADES ................................................................ 27

7.1 Autofalsificação ........................................................................... 27


7.2 Simulação de falso ...................................................................... 27
7.3 Transplante de escrita ................................................................. 28
7.4 Negativa de autenticidade ........................................................... 28
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................... 29

REFERÊNCIAS .................................................................................... 31

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FACUMINAS

A história do Instituto Facuminas, inicia com a realização do sonho de um


grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos
de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a Facuminas, como
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A Facuminas tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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INTRODUÇÃO

Grafoscopia, também reputada por grafotécnica ou grafotecnia, é a área


associada à documentoscopia. Estuda a escrita, analisando a falsidade ou
autenticidade de documentos e assinaturas por meio do conhecimento das
particularidades que são distintas em cada indivíduo. Com isso, o profissional
desse âmbito, chamado de perito grafotécnico, deve seguir uma junção de
técnicas e leis.

A documetoscopia tem feito da escrita, um meio de prova para o mundo


jurídico, procurando determinar a autenticidade do documento, quem foi o seu
autor e os meios empregados (MENDES, 2010).

A grafotécnica, ao contrário, do que muita gente pensa exige um alto


nível de conhecimento técnico-científico, até mesmo porque os mecanismos de
fraudes a cada dia se qualificam muito mais.

Há alguns conceitos que não devem ser confundidos: Grafoscopia: Ligada


à criminalística, sendo uma das Ciências Forenses, oferece provas da
veracidade de autoria; estudo que visa identificar uma grafia por meio de uma
comparação da letra. Grafotécnica: Conjunto de recursos técnicos para a
identificação da escrita. Grafologia: Utiliza os escritos para descobrir a psicologia
humana.

A grafoscopia tradicional foi desenvolvida com o objetivo de esclarecer


questões criminais. Tratando-se de um campo da criminalística, ela tem sido
conceituada como a área cuja finalidade é a verificação da autenticidade e da
autoria de um documento, a partir de características gráficas utilizadas na
elaboração de um documento [JUSTINO, 2001].

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Como se sabe, a perícia grafotécnica baseia-se na comparação e


confronto, sob o aspecto morfocinético, de um ou mais escritos questionados
com outro (s) denominado (s) padrão (ões) de confronto, autêntico (s), e estes
podem ser de duas categorias: padrões pré-existentes, ou seja, produzidos
anteriormente ao documento questionado e sem fins periciais, e padrões
coletados pelo perito para fins periciais.

A fim de que seja feito o exame, o perito necessita da peça contestada e


de um modelo de confronto. O modelo de confronto é um documento com a
assinatura ou texto verídico que irá auxiliar na comparação da vistoria. E para
que se obtenha sucesso no resultado do exame grafotécnico, o responsável
deve ser objetivo e imparcial, isto é, não tomar partido em hipótese alguma em
referência ao material a ser investigado.

O perito precisa ter a competência em desvendar quem realizou o


documento e/ou assinatura, quando foi criado e com quais recursos. Esse ofício
é muito mais melindroso e amplo do que somente uma observação das
peculiaridades do documento em questão. Com isso, como a Documentoscopia
é uma das áreas que mais dependem da habilidade e competência do
profissional, o desfecho depende exclusivamente do perito grafotécnico.

A busca pela verdade foi à diretiva de vida de muitos homens, e por vezes,
resultava em momentos de desilusão. Todavia, extremamente gratificante é
quando a busca pelo verdadeiro, do real, é concluída através de fundamentos
técnicos e científicos. Dessa forma, cremos, sem dúvidas, que ela é a mais fiel
cópia da verdade (FALAT, 2013).

Como a escrita está sujeita a inúmeras mudanças, decorrentes de causas


variadas, ela exige conveniente interpretação técnica para o completo êxito dos
exames grafoscópicos periciais. As variações do grafismo originam-se de causas
normais, artificiais e ocasionais. As primeiras são aquelas que acompanham o
próprio desenvolvimento humano, nos períodos abrangidos pela infância e

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adolescência, maturidade e velhice. Já as segundas, são transformações da


escrita causadas pelo artificialismo ocorrido nos casos de falsificações e
dissimulações gráficas. As causas ocasionais originam-se das moléstias, dos
estados emocionais, de lesões na mão e de outros fatores físicos [JUSTINO,
2001].

1. GRAFOSCOPIA

Grafoscopia é a parte da documentoscopia que estuda as escritas com a


finalidade de verificar se são autênticas ou não e determinar a autoria quando
desconhecida. Essa especialidade possui diversas denominações: grafoscopia,
grafística, grafotécnica, grafotecnia e perícia gráfica (MENDES, 2010).

“A palavra grafoscopia é originária do grego (graf(o) + scop + ia) que se


refere ao exame minucioso da grafia, ou seja, a análise que objetiva o
reconhecimento de uma grafia, utilizando-se, para isso, das técnicas
comparativas dos aspectos da letra” (FALAT, 2013).

A Grafoscopia tem sido conceituada como a disciplina de espírito policial


que visa esclarecer questões criminais, mas no entender de Gomide (2000) a
sua aplicação é mais ampla, abrangendo outras áreas, tais como o Direito, as
Artes, a História, a Medicina, a Administração de Empresas e a Informática.
Analisando todas essas utilizações é possível constatar que o objetivo da
disciplina é averiguar determinadas características da escrita que compõe um
documento.

“Ordinariamente, os exames visam solucionar questões especificas, como


por exemplo, a determinação do autor ou autores do documento (Quem?), a data
de sua elaboração (Quando?), o local e a forma de sua preparação (Onde?

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Como?) e o real significado do seu conteúdo (Por quê?), ou seja, descobrir a


origem do documento” (GOMIDE, 2000).

QUAIS PONTOS SÃO LEVADOS EM CONSIDERAÇÃO PELA


GRAFOSCOPIA?

Chamamos o jeito e as características particulares da escrita de cada pessoa de


grafismo. De acordo com o desenvolvimento da escrita, o grafismo evolui,
podendo ser classificado em 4 etapas. São elas:

 Canhestra: fase inicial da escrita (crianças e pessoas semi-analfabetas ou com


pouca instrução);

 Escolar: aqui, o escritor busca a perfeição e tem mais segurança e firmeza na


escrita;

 Emancipado: fase que apresenta mais velocidade e criatividade, com menor


preocupação quanto à perfeição;

 Senil: nessa etapa, o escritor apresenta regressão na escrita em decorrência da


idade.

Todos nós passamos e estamos em alguma das fases da escrita. Quem


está na fase escolar da escrita não vai conseguir imitar a de um emancipado —
mesmo que inconscientemente, o “eu” sempre fala mais alto.

2. GRAFISMO

O saber e o ofício da perícia grafotécnica são apoiados nas Leis do


Grafismo, criado por Solange Pellat, considerado um dos pais da grafoscopia.
Sendo elas:

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 Primeira lei do grafismo

“O gesto gráfico está sob influência imediata do cérebro. Sua forma não é
modificada pelo órgão escritor se este funciona normalmente e se encontra
suficientemente adaptado à sua função.”

Um escritor destro consegue efetuar a escrita correta das letras com a


mão esquerda, pois é o cérebro que comanda a ação enviada aos músculos.
Sendo assim, as características individuais não são perdidas.

 Segunda lei do grafismo

“Quando se escreve, o “eu” está em ação, mas o sentimento quase


inconsciente de que o “eu” age passa por alternativas contínuas de intensidade
e de enfraquecimento. Ele está no seu máximo de intensidade onde existe um
esforço a fazer, isto é, nos inícios, e no seu mínimo de intensidade onde o
movimento escritural é secundado pelo impulso adquirido, isto é, nas
extremidades.”

O ato de escrever se inicia por um comando, mas continua de forma


espontânea — um instinto natural — sem que o escritor se dê conta de detalhes
da escrita.

 Terceira lei do grafismo

“Não se pode modificar voluntariamente em um dado momento sua escrita


natural senão introduzindo seu traçado a própria marca de esforço que foi feito
para obter a modificação.”

Quando alguém tenta escrever se passando por terceiros, isso é


perceptível, pois a pessoa fica mais atenta aos detalhes e movimentos que

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precisa executar. Ou seja, há perda de espontaneidade e, em algum momento,


fica registrado algum detalhe que é exclusivamente da escrita dela.

 Quarta lei do grafismo

“O escritor que age em circunstâncias em que o ato de escrever é


particularmente difícil, traça instintivamente ou as formas de letras que lhe dão
são mais costumeiras, ou as formas de letras mais simples, de um esquema fácil
de ser construído.”

Quando o suporte e o instrumento da escrita não são adequados e


causam algum tipo de incômodo, o escritor executa traços mais simples.

Levando em consideração as leis do grafismo, podemos determinar


critérios para uma análise mais imparcial e clara. Esses são apenas alguns dos
pontos considerados pela grafoscopia, pois a perícia grafotécnica é um processo
extremamente minucioso e aprofundado.

A grafoscopia está atrelada à documentoscopia: ambas têm a função de


mitigar fraudes relacionadas a contratos e empréstimos bancários, pois o
número de fraudes por falsificação de assinaturas e de documento tem crescido
consideravelmente.

3. ELEMENTOS TÉCNICOS

Os elementos técnicos usados nos exames das identidades gráficas são:

• Genéricos: que se dividem em calibre, espaçamento, proporção,


comportamento pauta, comportamento base, valores angulares, valores
curvilíneos e inclinação axial;

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• Genéticos: que se subdividem em dinâmicos (pressão, progressão) e


trajetos (ataques, desenvolvimentos, remates, mínimos gráficos). Cada um
desses elementos pode ser enquadrado. Em um exame grafoscópico, com
convergência ou divergência (mínima, média, máxima).

No que se refere às assinaturas analisadas, elas nem sempre


apresentam-se em perfeitas condições, ocorrendo casos em que existem
recobrimentos, falhas devido a dobras ou desgastes de papel, ou outras
anomalias, impedindo o levantamento de elementos técnicos suficientes para
uma conclusão decisiva [JUSTINO, 2001].

Por mais que alguma semelhança nas assinaturas ou escrita de cada


autor possa existir, elementos indicadores de individualidade estarão presentes
na sequência de letras de uma palavra. São características discriminantes
observadas de perto pelo perito durante uma perícia. A seguir são apresentadas
algumas dessas características individuais.

3.1 Calibre

É o tamanho da escrita relacionado com o espaço gráfico disponível,


sendo uma característica intrínseca de cada autor. No contexto de assinaturas
este tipo de característica é melhor visualizada em assinaturas cursivas. A Figura
4.1 (a) mostra um exemplo de uma assinatura de reduzido calibre e outra
assinatura de alto calibre 4.1(b).

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3.2 Espaçamento

Corresponde a interrupção do curso da escrita entre combinações de


segmentos e letras. O espaçamento ocorre com certa frequência em assinaturas
cursivas quando normalmente a escrita é formada por nome composto, conforme
representado na Figura 4.2.

3.3 Alinhamento

Em Relação à Linha Base esta característica corresponde à capacidade


do escritor de produzir linhas de textos alinhadas com uma linha guia horizontal
fictícia (não-pautado) ou real (pautado). As assinaturas podem apresentar graus

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distintos de inclinação, usualmente para baixo em documentos pautados e não-


pautados, confira na Figura 4.3.

3.4 Inclinação Axial

A inclinação axial é o ângulo de inclinação da escrita, em relação ao eixo


vertical, sendo o eixo horizontal representado por uma linha de base imaginária.
Essa inclinação pode ocorrer à esquerda ou à direita, conforme Figura 4.4(a) e
(b). A inclinação axial da escrita pode ocorrer desde o princípio de uma palavra
até o final da mesma, ou desde o princípio de uma oração, parágrafo ou página,
até o final das mesmas. Não são raros os casos em que o escritor apresenta um
misto dessa inclinação, isto é, inclinações à esquerda, à direita e alinhado ao
eixo vertical (com inclinação axial nula). Se essa mudança de inclinação axial é
habitual, ela pode ser considerada uma característica identificadora. Embora
esteja longe de ser uma regra definitiva, uma escrita com inclinação axial à direita
ou à esquerda pode indicar a existência de um escritor destro ou canhoto,
respectivamente. No entanto, é comum entre os escritores canhotos, o
posicionamento inclinado do documento, no momento da escrita. Esse
procedimento tem como objetivo produzir uma inclinação axial nula, ou quase
nula. Esse hábito pode ser considerado uma característica ou estilo do escritor
[JUSTINO, 2002].

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Muitos peritos quantificam as variações na inclinação axial encontradas


por todo o documento, medindo os ângulos fisicamente e pondo os resultados
no laudo pericial. Com isso, é possível trazer à luz diferenças sutis entre a escrita
questionada e a analisada. Alguns cuidados devem ser tomados nesses casos,
pois a variação intrapessoal (variações de escrita do mesmo escritor) pode
conduzir a uma análise incorreta.

3.5 Segmentos Angulares e Segmentos Curvilíneos

Os segmentos angulares formam ângulos que mudam bruscamente de


direção. Já os segmentos curvilíneos estão relacionados a uma escrita sem
segmentos retos com formas arredondadas, conforme os exemplos de
assinatura na Figura 4.5(a) e (b).

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3.6 Mínimos Gráficos

Os mínimos gráficos são formados pelos pontos finais, vírgulas, os pingos


nos ‘i’s, acentos (crase, circunflexo, til e agudo) e cedilhas. Uma pequena porção
de escritura como um mínimo gráfico pode, em alguns casos, tornar-se uma
característica identificadora relevante. Os pingos nas letras ‘i’s podem
apresentar diferentes formas, dependendo do estilo de escrita do autor. Podem
possuir um formato curvo e aberto para cima na forma de um traço (clave)
horizontal ou vertical, pode estar inclinado à esquerda ou à direita, ou apresentar
a forma de um simples ponto, confira na Figura 4.6.

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3.7 Velocidade

A velocidade da escrita é frequentemente uma característica essencial


para a identificação do autor. Está relacionada com os elementos técnicos
genéticos da progressão. Um movimento rápido do objeto de escrita é difícil de
ser duplicado por um falsificador, confira na Figura 4.7.

Os elementos seguintes descrevem alguns indicadores de escrita rápida e lenta:

• Rápida
• Traçado tenso, sem tremor;
• Alongamento na finalização dos traços;
• Falta de legibilidade;

• Lento
• Vacilação e tremor, escritura mais angular;
• Cruzamentos dos ‘t’ em posição correta;
• Parada e recomeço abrupto (clave);
• A escrita é feita de letras individuais e legíveis;
• Movimento pode apresentar ornamentos.

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4. PERÍCIA GRAFOTÉCNICA

“O grafismo é individual e inconfundível. Este é o princípio fundamental,


presidindo a todos os trabalhos grafotécnicos” (DEL PICCHIA, 2005).

Na definição de Mendes (2010) a escrita é um gesto gráfico


psicossomático, que inclui elementos que individualizam o punho escritor, pois é
a expressão muscular do centro nervoso do cérebro.

A principal base do exame grafotécnico é a qualidade do traçado e os


elementos objetivos da escrita, que foram divididos em: de ordem geral e
natureza genética (TELLES, 2010).

COMO É REALIZADA UMA ANÁLISE GRAFOTÉCNICA?

Para realizar uma análise grafotécnica, é preciso fazer a análise e


comparação da assinatura padrão x assinatura questionada. A assinatura
padrão é aquela que consta em um documento de identidade autêntico ou em
algum documento no qual o escritor reconheça sua assinatura. Já a assinatura
questionada deriva de qualquer documento que o cidadão não reconheça ter
assinado.

Alguns aspectos são levados em consideração no momento em que o


laudo é realizado, como o suporte (mesa, prancheta, etc.) e o instrumento
(caneta, lápis, caneta tinteiro) utilizados para a realização da assinatura e a
diferença de idade entre cada uma. Observam-se também os elementos técnicos
genéricos, ou seja, características da escrita que não mudam conforme o tempo
ou condição da escrita.

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4.1 Qualidade do traçado


O traçado é um conjunto de traços que formam uma escrita, sendo
resultante de duas forças, vertical e lateral. A força vertical é a pressão do
instrumento escrevente, e a força lateral é a velocidade do movimento no
suporte. Portanto o traçado é o registro do movimento que forma um lançamento
gráfico, ele não pode ser medido, mas é avaliado de acordo com o seu aspecto,
se o mesmo é espontâneo ou artificial. Um traçado espontâneo é lançado
naturalmente, é escorreito e pode apresentar espessura variável, pois o traçado
não possui a mesma espessura ao longo do desenvolvimento, ele varia em
traços finos e grossos. Já o traçado artificial, apresenta trêmulos, morosidade,
paradas anormais do instrumento escrevente, indecisão (D’ÁLMEIDA, 2015).

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4.2 Elementos de ordem geral

Nos elementos de ordem geral do grafismo temos os subjetivos e objetivos. Os


elementos subjetivos são aqueles no qual não é possível demonstra-los
concretamente, embora eles sejam sentidos pelo examinador. Os elementos
mais apontados pelos especialistas são: ritmo da escrita, velocidade, habilidade
do punho e dinamismo gráfico (MENDES, 2010).

Os elementos objetivos do grafismo, ao contrário dos subjetivos, podem ser


medidos, analisados e ilustrados. São elementos objetivos: calibre, inclinação
axial, espaçamentos gráficos, andamento gráfico, alinhamentos gráficos, valores
angulares e curvilíneos. Segundo Mendes (2010), os elementos objetivos não
são identificadores, embora possa revelar hábitos inconscientes do escritor, que
o falsário não reproduz nas falsificações.

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4.3 Elementos de natureza genética

De acordo com D’Almeida (2015) os elementos de natureza genética são de


elevada importância para à análise da escrita, pois eles que estabelecem a
conclusão da perícia, seja de uma autenticidade ou falsidade gráfica. Esses
elementos são formados por aspectos dinâmicos da escrita, e responsáveis pela
forma durante a construção do traço, registrando elementos específicos de cada
punho escritor. Cada punho tem as suas características gráficas produzidas por
impulsos cerebrais. Esses elementos são representados por ataques, remates,
ligações, traços e maneirismos gráficos.

Ao periciar a grafia, o perito deve, principalmente, atentar-se à formação dos


pontos de ataques e remates dos traços, aos efeitos dos traços ornamentais, às
construções das letras maiúsculas e minúsculas, às construções das letras que
possuem formato em lançadas (como: “l”, “g”) ou em hastes (como: “h”, “t”), às
ligações entre as letras, aos movimentos curvos ou de vai e vem reto,
provocando acúmulo de tinta, e aos maneirismos, como, a forma de pingar a
letra “i”, as alturas e posições das letras, os traços e pontos, a presenças de
pontos finais, a angulação dos traços, entre outros (D’ÁLMEIDA, 2015).

5. PEÇAS PADRÃO E QUESTIONADA

De acordo com Monteiro (2008) a peça padrão consiste em assinaturas


autênticas em documentos que indicam credibilidade, por exemplo, cédulas de
identidade, para que o examinador possa utilizá-la como base de comparação.
É recomendado dispor do maior número possível de padrões, sendo necessário
no mínimo três padrões, para identificar elementos da grafia que se repetem ou
não na peça questionada.

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Gomide (2000) ressalta os requisitos são importantes nos padrões de


confronto. A autenticidade, requisito essencial para o exame, a adequabilidade,
como a qualidade do papel e a utilização do mesmo instrumento escrevente, a
contemporaneidade, procurando não exceder o prazo de dois anos da peça
questionada, e a quantidade, quanto maior o número de padrões melhor para a
perícia.

Quanto à peça questionada, trata-se do grafismo colocado sob suspeita, que


deverá ser periciado, para determinar sua autenticidade ou não (MONTEIRO,
2008).

6. FRAUDE DOCUMENTAL

No entender do professor Gomide (2000) as fraudes documentais em escritas


ocorrem indevidamente, durante ou após a escrita, e são classificadas de acordo
com o procedimento utilizado pelo falsário. Revisaremos os processos de
falsificações em escritas, evidenciando as suas principais características.

6.1 Falsificação sem imitação

Segundo Falat (2003) a falsificação sem imitação ocorre nos casos em


que a vítima perde ou tem o seu talão de cheques furtado. Dessa forma o falsário
só possui o nome da vítima contido no documento, sem um padrão de assinatura
para se basear. Desconhecendo os padrões gráficos da vítima, o falsário escreve
o nome do proprietário do documento com o seu próprio grafismo. Esse tipo de
falsificação é facilmente identificado. Com uma simples visualização será
possível observar que a peça questionada possui gênese conflitante com a da
vítima.

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6.2 Falsificação de memória

Na percepção de Mendes (2010) a falsificação de memória é aquela em


que o falsário memoriza determinada escrita ou assinatura autêntica de sua
vítima, procurando reproduzi-la sem os padrões gráficos no momento da
falsificação. No entanto a memória só guardará os aspectos gerais do grafismo,
gestos mais aparentes, como as letras iniciais e traços ornamentais que
arrematam as assinaturas, mas não o conjunto todo.

A comparação da falsificação com os padrões revela uma divergência nas


características genéticas da escrita. É necessária uma análise mais cuidadosa
no confronto da peça para evidenciar uma mistura de grafias razoavelmente bem
imitada com outras totalmente diferentes da escrita da vítima (MENDES, 2010).

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6.3 Imitação servil

Aos ensinamentos de Falat (2003) a imitação servil é a falsificação com o


modelo à vista, realizada por cópia de um padrão disponível. Durante a cópia o
falsário é sujeito a pausar sua escrita para olhar o modelo novamente, o que
resulta em paradas no traçado.

A análise deste tipo de fraude pode se tornar dificultosa, quando o falsário


esforçar-se a melhorar o lançamento por meios de retoques. Todavia, um perito
grafotécnico, dispondo de seus conhecimentos, identificará os antagonismos
gráficos. Por mais que a peça questionada apresente uma semelhança formal,
será evidente na escrita o traçado moroso, a gênese conflitante e as paradas do
traço.

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6.4 Falsificações exercitadas

No entender de Silva (2013) as falsificações exercitadas também são


realizadas com o modelo à vista. Contudo a falsificação só ocorrerá depois de
treinar exaustivamente, até que seja possível reproduzi-lo automaticamente,
sem o modelo. O resultado final é uma escrita com aspecto formal compatível
com o modelo, sem apresentar traçado moroso e pressão excessiva da caneta.

Embora essa técnica produza uma escrita com características do modelo,


ao realizar uma perícia grafoscópica será notada uma discrepância nos
elementos genéticos. Pois a diferença em relação à escrita modelo será mais
frequentes em características pouco perceptíveis ao falsificador.

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6.5 Decalques

As falsificações por decalque, na percepção de Silva (2013), são bem


características, e podem ser feitas de modo direto ou indireto. Essas imitações
são semelhantes às falsificações servis, onde nota-se grande semelhança formal
com o modelo, porém apresenta divergências nos elementos de natureza
genética.

“No decalque direto, a fraude é realizada por transparência diretamente


no papel, sem qualquer esboço prévio. No decalque indireto, a fraude é realizada
indiretamente, através de debuxo feito à ponta seca por carbono (ex.: papel-
carbono), transferindo o traçado da assinatura ao documento para depois
recobrir o debuxo com o instrumento escrevente” (D’ÁLMEIDA, 2015).

Ao analisar uma falsificação por decalque, Silva (2013) ressalta que a


grande semelhança formal com o modelo, não esconde o traçado lento, os
trêmulos, a parada do instrumento escrevente e a gênese conflitante. O atrativo
desse método para os falsários, é que uma vez provada a falsificação, não é
possível determinar a autoria.

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6.5 Falsificação por recorte

A falsificação por recorte consiste na montagem de um texto com letras


retiradas de um manuscrito autêntico. Após a montagem dessas letras é
realizado o processo de decalque direto, criando o documento definitivo. Ao
analisar um documento que sofreu falsificação por recorte, um perito
grafotécnico irá notar a presença de trêmulos, indecisões, paradas anormais,
retoques, desigualdade do calibre das letras, modificação da inclinação axial, e
características da falsificação por decalque, devido à justaposição dos recortes
em outra folha de papel (MENDES, 2010).

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6.6 Falsificação ideológica

Esse tipo de falsificação raramente é realizado, no entender de Gomide


(2000), trata-se de uma fraude refinada onde o falsário aproveita da ingenuidade
da vítima. Fraudes desse tipo costumam ocorrer em cheques assinados em
branco, ou em um papel que já contenha uma assinatura.

“A Grafoscopia pode auxiliar na apuração desse tipo de fraude através


dos exames do comportamento do texto (reflexos de evitamento), anacronismos
e prioridades de lançamentos (cruzamentos de traços). Porém, nem sempre tais
exames permitem o desvendar esse tipo de fraude, que na realidade não é uma
fraude documental, mas uma fraude intelectual” (GOMIDE, 2000).

6.7 Assinatura à mão guiada

Diferente dos outros tipos de fraude, a assinatura à mão guiada, pode ou


não ser realizada de má-fé. Mendes (2010) explica que essa fraude pode ocorrer
quando um indivíduo se encontra paralítico e ao seu pedido, terceiros guiam sua
mão para escrever. O resultado é uma escrita com características da mão-guia,
apresentando um lançamento arrastado, com indecisões e trêmulos. Outro caso
é o de um indivíduo impossibilitado de escrever, que ao pedir ajuda de terceiros,
apresentará um traçado com evidentes conflitos do gesto gráfico da mão-guia
com a mão guiada. Por fim, se um terceiro guia a mão de um indivíduo contra a
sua vontade, temos um traçado descontrolado, deformado devido à luta de dois
punhos escreventes. Independente da forma como a assinatura à mão guiada
ocorrer, ela sempre será considerada uma falsificação.

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7. AS AUTENTICIDADES

O nobre escritor Mendes (2010) explica que é um erro acreditar que a


fraude documental só ocorre por meio de falsificações e alterações, e faz
menção aos quatro tipos de fraudes de autenticidade, realizadas com
documentos que apresentam assinaturas legítimas. Essas fraudes são:
autofalsificação, simulação de falso, transplante da escrita e negativa de
autenticidade.

7.1 Autofalsificação

“A autofalsificação consiste na introdução de disfarces no lançamento da


própria assinatura” (GOMIDE, 2000).

Segundo Mendes (2010) o falsário lança a sua assinatura com algumas


modificações, reduzindo a velocidade do lançamento, alterando o calibre das
letras, deformando alguns caracteres, mudando a direção da inclinação axial e
introduzindo trêmulos, para no futuro acusar essa assinatura de falsa. Os
elementos formais citados podem sofrer algumas alterações, mas ao analisar a
assinatura o perito irá constatar a semelhança nos elementos de natureza
genética, concluindo tratar-se de uma assinatura autêntica.

7.2 Simulação de falso

Monteiro (2008) explica que a simulação de falso, diferente da


autofalsificação, ocorre quando o falsário lança a sua assinatura para depois
acrescentar vícios, como, emendas, tremores, retoques, e assim, no futuro,
questionar a autenticidade do documento. Dessa forma, ao analisar essa

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assinatura fica evidente a semelhança das características gráficas produzidas


por impulsos cerebrais, ou seja, os elementos de natureza genética.

Uma assinatura pode ser retocada sem a intenção da simulação de falso,


mas nesse caso, ao corrigir uma falha o escritor faria de forma aparente. Um
falsário procura fazer retoques cuidadosamente, de forma que não sejam
percebidos. É o examinador que deverá decidir se os retoques possuem
características de fraudes (MENDES, 2010).

7.3 Transplante de escrita

De acordo com Mendes (2010) o transplante de escrita consiste em


descolar o selo de um documento com o trecho de uma assinatura autêntica para
reaproveita-lo em outro documento com o texto que lhe é de interesse,
acrescentando apenas o início e final da assinatura. O resultado da perícia irá
apresentar uma assinatura verdadeira no corpo do selo, mas também
comprovará o transplante realizado pelo falsário, uma vez que, os traços
acrescentado no início e final não mostram solução de continuidade com a
assinatura do selo. Será possível analisar a diferença de tinta do instrumento
escrevente nos traços acrescidos, devido à diferença de fluorescência
apresentada em um exame sob os efeitos dos raios violetas. O selo deverá ser
destacado cuidadosamente para o estudo do seu dorso, que pode revelar o uso
de uma cola diferente, ou pequenos retalhos do documento primitivo que pode
ficar aderido.

7.4 Negativa de autenticidade

Ainda com os ensinamentos de Mendes (2010), a negativa de


autenticidade ocorre quando, o escritor assina um documento e depois alega

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falsidade para fugir da responsabilidade. Ao examinar a assinatura será


encontrada total semelhança nos elementos formais e nos elementos de
natureza genética. No entanto pode ocorrer que o escritor negue a autenticidade
do documento como vítima da modalidade de falsificação ideológica, já abordada
anteriormente.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A perícia grafotécnica tem como base da análise, a coincidência dos


elementos genéticos da escrita, os elementos de ordem formal são analisados
apenas para reforçar a conclusão (MENDES, 2010).

As falsificações podem ser realizadas de diferentes formas, por


falsificação sem imitação, quando o falsário lança o nome da vítima sem se
preocupar em reproduzir uma assinatura parecida com a autêntica, ou por
falsificação de memória, quando o falsário guarda na memória a assinatura da
vítima para depois reproduzi-la, ou por falsificação servil, quando o falsário
reproduz uma assinatura com um modelo à vista, ou por falsificação por
decalque, quando a assinatura é reproduzida vista por transparência ou por
debuxo, ou por falsificação exercitada, quando o falsário treina a cópia da
assinatura da vítima para depois reproduzi-la sem a necessidade do modelo à
vista (D’ÁLMEIDA, 2015).

A falsificação por recorte é a montagem de texto com recortes de letras


da vítima. Por fim, a assinatura à mão guiada pode ou não ser realizada de má-
fé nos casos em que a mão está inerte, ou quando a mão é ajustada, ou forçada
(MENDES, 2010).

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É importante ressaltar que são consideradas autênticas as assinaturas no


caso de negativa de autenticidade, em que a pessoa nega a própria assinatura,
ou na falsificação ideológica, onde assinaturas autênticas são lançadas em
documentos “em branco”, ou no caso de autofalsificação, quando a pessoa lança
a sua assinatura com disfarce, ou quando ocorre a simulação de falso, onde a
pessoa modifica a própria assinatura por meio de retoques, ou no caso de
transplante de escrita, quando é reaproveitada parte da assinatura autêntica em
que o falsário acrescenta trechos iniciais e finais (D’ÁLMEIDA, 2015).

Revisando os vários métodos de fraude documental, fica claro que é


impossível ocorrer à falsificação perfeita, uma vez que, a escrita é um gesto
psicossomático individual de cada punho. O falsário, já possui o seu gesto gráfico
e ao tentar reproduzir uma assinatura de outrem, estará criando um choque entre
esforço consciente, reproduzindo as formas do modelo, e o subconsciente, a
movimentação do próprio punho. E nessa luta, ainda que não fique evidente para
ele, é o subconsciente que irá prevalecer ao longo prazo (MENDES, 2010).

Todos os dias, Juízes de Direito, Promotores de Justiça, Advogados e


outros profissionais da área da Justiça têm recorrido à ciência da Perícia
Grafotécnica para auxiliá-los a esclarecer, de forma clara, profissional, objetiva,
imparcial, inequívoca e conclusiva, questões e dúvidas referentes a
lançamentos caligráficos questionados na esfera judicial nos tribunais
brasileiros, através de conhecimentos técnicos e científicos de um expert.

Em 2019, aproximadamente 9 milhões de pessoas no Brasil sofreram


fraudes — e isso afeta tanto quem foi vítima quanto a instituição que sofreu o
golpe. As maiores porcentagens são de fraudes de clonagem de cartão de
crédito (41%) e uso indevido de dados pessoais para a contratação de
empréstimos (12%). Como evitar esses riscos? Existem alguns meios de análise
para que esses números caiam; um dos principais é a grafoscopia.

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1

REFERÊNCIAS

D’ÁLMEIDA, M. L. O; KOGA, M. E. T; GRANJA, S. M. Documentoscopia:


o papel como suporte de documentos. São Paulo: IPT, 2015.

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3
2

FALAT, L. R. F; REBELLO FILHO, H. M. Entendendo o laudo pericial


grafotécnico e a grafoscopia. Curitiba: Juruá, 2003.

GOMIDE, T. L. F; GOMIDE, L. Manual de Grafoscopia. 2ª ed. São Paulo:


Saraiva, 2000. MENDES, L. B. Documentoscopia. 3ª ed. Campinas/SP:
Millennium, 2010.

MONTEIRO, A. L. P. A grafoscopia a serviço da perícia judicial. 1ªed.


Curitiba: Juruá, 2008.

PICCHIA, J. D. F; PICCHIA, C.M.R.D; PICCHIA, A. M. G. D. Tratado de


documentoscopia: da falsidade documental. 2ªed. São Paulo: Pillares, 2005.

SILVA, E. S. C; FEUERHARMEL, S. Documentoscopia – Aspectos


Científicos, Técnicos e Jurídicos. 2ª ed. Campinas/SP: Millennium, 2013.

TELLES, V. L. C. N. Documentoscopia. Secretaria de Segurança Pública


Superintendência da Polícia Técnico-Científica, 2010.

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