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UNIDADE I
GRAFOSCOPIA
Elaboração
Andréia Moura de Abreu Motta
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................................. 4
UNIDADE I
GRAFOSCOPIA........................................................................................................................................................................................ 5
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA GRAFOSCOPIA.............................................................................................................. 5
REFERÊNCIAS................................................................................................................................................16
INTRODUÇÃO
A Constituição deste material tem como base as mais diversas fontes utilizadas em nossa
bibliografia Nacional e Internacional. Seu desenvolvimento foi produzido em quatro
unidades com a finalidade de incentivar um maior aprendizado e aproveitamento do
curso.
O material apostilado tem como objetivo apresentar conteúdos teoricos e práticos trazendo
em sua composição exemplos reais e ilustraçoes técnico-profissionais. O Programa foi
dividio em três partes, que são: Conceitos, Técnicas e Procedimentos.
No entanto, não se deve descartar o interesse permanente pela pesquisa das matérias
científicas para a busca efetiva de um aperfeiçoamento através de um conhecimento
conciso e atualizado.
Objetivos
» Classificar a natureza da Grafoscopia.
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GRAFOSCOPIA UNIDADE I
Capítulo 1
INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA GRAFOSCOPIA
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UNIDADE I | Grafoscopia
A Grafoscopia é uma ciência que tem por objetivo precípuo verificar a autenticidade ou
determinar a autoria dos manuscritos. Ela se ocupa da análise desses escritos manuais.
Mas tão mais importante que identificar a autoria e dizer também quem não escreveu
tais documentos é determinar o que chamamos de Autoria Negativa.
» Escrita: é o registro gráfico que deve conter elementos técnicos mínimos para a
determinação de sua origem.
A GRAFOSCOPIA É MOVIMENTO
No início a grafoscopia era exercida sem nenhuma base científica, somente se baseava na
interpretação subjetiva do analista para determinar a falsidade documental, ou a autoria
da escrita. Com isso, a grafotécnica foi condicionada a delicados erros de conclusões
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Grafoscopia | UNIDADE I
levando a condenações injustas, como foi o caso real que ocorreu no exército França no
final de 1894, do capitão do exército francês Alfred Dreyfus.
Para saber um pouco mais sobre o capitão do exército francês Alfred Dreyfus, assista
ao Filme sobre o caso Dreyfus: “O Oficial e o Espião”, 2019.
1.1.1.1. Primeiro
Como será observada, a escrita é individual e inconfundível, pois ela é resultante dos
estímulos cerebrais. Apesar de a formação cerebral ser semelhante a todos, seus estímulos
são diferenciados e isso que causa a individualização da escrita.
1.1.1.2. Segundo
As 04 (quatros) leis básicas do grafismo têm como postulado que a escrita independe
dos alfabetos utilizados, porém é prudente acrescentar que o perito tem por necessidade
conhecer os métodos utilizados no aprendizado daquele determinado alfabeto, para
poder ter um apanhado do limite de variações existente para aquele determinado punho.
As leis do grafismo, demonstradas pelo francês Solange Pellat, são de extrema importância
para o expert, pois elas sempre irão nortear seu trabalho de análise.
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UNIDADE I | Grafoscopia
1.1.3. Requisitos
Os requisitos estão diretamente ligados aos Padrões de Confronto, e o que são esses
padrões? Na Documentoscopia as perícias são realizadas com base num confronto, ou
seja, a peça exame (questionada) X os exemplares padrões cedidos pelo seu autor. Logo,
para conseguir uma boa análise, é necessário ter uma excelente qualidade de padrões.
Para isso é necessário seguir alguns requisitos nos procedimentos de coletas e ter alguns
cuidados. Tais como: análise prévia da questionada, padrões coletados pelo próprio
examinador, a peça de exame nunca deverá ser exibida à pessoa que cede seus padrões,
é de bom tom conter os dados pessoais de quem a fornece, local, data.
Os paradigmas (padrões) para serem úteis e de boa qualidade, devem seguir os seguintes
requisitos essenciais, em regra:
» Autenticidade.
» Contemporaneidade.
» Adequabilidade.
» Quantidade.
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Há padrões que possuem sua autenticidade presumida, segundo o artigo 405 do Código
de Processo Civil brasileiro de 2015.
Existe a autenticidade ex-officio (fé pública), que se refere à autenticidade emitida pelo
perito, ou seja, quando o perito sabe da autenticidade da assinatura. E ela pode ser
indireta quando o perito tem a ciência de que as assinaturas são do punho escritor e
quando confrontada preliminarmente com os padrões gráficos coletados ou de origem
de outros documentos e na certeza de que foi identificada a autenticidade entre si.
Os padrões devem serem contemporâneos. Como será visto mais à frente, a escrita
manual sofre modificações ao longo das diversas fases que atravessa que vai de sua
evolução até seu declínio ou involução como costumam citar alguns autores. O Perito
deve buscar, além dos documentos e grafismos atuais, os de época próxima a peça que
está sendo questionada. Para com isso ter a percepção de sua evolução ou involução,
além de suas características invariáveis.
No que tange à Quantidade em uma coleta de padrões sempre será: quanto maior o
número de padrões coletados, melhor será análise do expert. Um perito nunca faz sua
análise 1x1.
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UNIDADE I | Grafoscopia
» Se a pessoa usar óculos para perto, não deve coletar sem eles.
» Dentre outros.
» Escolar.
» Automatismo.
» Senil.
Para saber um pouco mais sobre a escrita rústica, ler no livro do Dell Picchia (2016,
p. 146), que descreve grafia rústica ou canhestra.
» Escrita escolar: na fase escolar, o grafismo é mais lento e com formas caligráficas.
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» Escrita Senil: tremores e indecisões são típicos pela perda da tonicidade muscular
dos membros, além da diminuição dos impulsos cerebrais.
Idade Gráfica
Como verificamos diante das noções anteriores, não podemos confundir idade gráfica
com idade civil ou cronológica. Tem mais a ver com habilidade do membro escritor e
com as funções cerebrais. As modificações do grafismo podem ter muitos fatores que
serão pontuados mais a frente.
A Cultura Gráfica nada tem a ver com o nível de escolaridade do escritor. Ela está
relacionada à habilidade que aquele punho desenvolveu durante o desenvolvimento
do escritor.
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UNIDADE I | Grafoscopia
A Cultura Gráfica, além de estar ligada à Idade Gráfica, também está relacionada ao grau
ou zonas de dificuldades que aquele punho escritor possui no todo ou em parte da escrita.
Quanto maior a dificuldade, maior também será seu esforço para adequação daquele
punho para executar determinado movimento. Muitas vezes poderá suprimir alguns
alógrafos, ter tremores, sobreposição dos traços, forte pressão, paradas e retomadas,
hesitações. Estes movimentos estão relacionados à baixa cultura gráfica que por sua vez
está relacionada à Idade gráfica rústica.
Já o punho que se movimenta com maior fluidez, automatismo, traços mais firmes,
afilados, traduzem uma Cultura Gráfica de média à alta.
E em que seria útil tal informação para o perito? O Perito de posse dessa informação
e diante da peça padrão X a peça questionada (exame) consegue comparar as idades
gráficas e suas respectivas culturas. Ou seja, uma escrita de baixa cultura gráfica não
pode ser atribuída a um escritor que tenha uma elevada cultura gráfica e vice-versa.
A morfologia gráfica é o aspecto exterior do traço, sua forma, seu desenho. Esse conceito
está ligado ao sistema caligráfico aprendido de acordo com o Alfabeto Latino.
Dentro da morfologia gráfica cabe ao expert ter conhecimento do sistema gráfico existente
e não somente conhecer o alfabeto.
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Grafoscopia | UNIDADE I
No esquema cursivo ela poderá, fora desse esquema essencial, ter traços alongados ou
adicionados, traços ornamentais, de ligação e qualquer outro que traga o registro pessoal
daquele punho escritor.
Pode ser encontrado também o polimorfismo que ocorre quando quem escreve se utiliza
de mais de uma forma concomitantemente. Como por exemplo, cursiva e tipográfica ao
mesmo tempo. No entanto, as diferenças nas representações gráficas dos nomes não
são consideradas polimorfismos.
1.1.6. Escrita
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Ainda de acordo com Del Picchia (2016, p. 126), “não basta um sinal gráfico representar
uma ideia para que o perito grafotécnico esteja diante de grafismo. É indispensável que
essas representações gráficas contenham característicos suficientes à sua identificação”.
Podemos adiantar que a escrita não é um desenho, muito menos uma impressão gráfica.
Como assim? A escrita exige execuções complexas neuromotoras para sua formação e
devido a essas complexidades seu aprendizado exige um longo tempo de treinamento.
Durante esse treinamento a escrita passa por algumas fases, também conhecidas na
grafoscopia como idade gráfica (supracitada).
Diante disso, podemos afirmar que a Escrita Manual é uma Competência Biológica,
Comportamental e Biométrica.
A escrita envolve um complexo sistema humano que envolve a parte motora (músculos
e nervos) e o sistema cerebral. Logo, tem-se o sistema neuromotor envolvido na escrita.
Tratando-se de uma competência Biológica.
Essa combinação “neuro + motora” torna a escrita única, pois quem escreve é o cérebro.
Tornando a escrita única e individual, singular. É um dado Biométrico importantíssimo e
peculiar. É um dado biométrico “mutável”, sofre variações naturais até porque ninguém
escreve 2X da mesma forma, diferentemente das digitais. Essa é a beleza da escrita no
mundo das ciências forenses.
A produção da escrita passa por algumas fases, como dito anteriormente, referente à
primeira lei do grafismo, ela emana da influência cerebral. Portanto, para se executar
uma escrita ela terá 03 momentos. São eles: Evocação, Ideação e, por fim, a Execução.
» Evocação: a evocação, como o próprio nome traduz, é o que traz à mente o que
está armazenado na memória à medida que vamos acumulando aprendizados. E
em relação à escrita, traz à mente os símbolos caligráficos aprendidos no decorrer
da trajetória de vida. Só se consegue evocar o que é aprendido. Uma pessoa não
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conseguirá evocar uma escrita que não faça parte de sua vivência, como por exemplo,
outro sistema caligráfico.
» Tendência de punho: está relacionada à forma do traço que pode ser curvilíneo,
retilíneo ou misto.
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REFERÊNCIAS
DEL PICCHIIA, J. F.; DEL PICCHIA, C. M. R.; DEL PICCHIA, A. M. G. Tratado de Documentoscopia
da Falsidade Documental. São Paulo: Editora Pillares Ltda, 3. ed., 2016.
DINAMARCO, C.R. Instituições de Direito Processual Civil. VIII. 5ª Ed. Versão atual. São Paulo:
Malheiros, 2005, p. 564.
FBI. Departamento Federal de Investigação. Uma nova era de segurança nacional, 2001-2008. Site
oficial do Governo dos EUA, 2021.
FERNANDES, J. R. Perícias em Áudio e Imagens Forenses. São Paulo: Editora Millennium, 2014.
GOMIDES, T. L. F; GOMIDES, L. Manual de Grafoscopia. 3ª ed. São Paulo: Editora Leud, 2016.
MIRABETE, J.F. Manual de Direito Penal. Vol. 3. 20ª Ed. rev. atual. São Paulo: Atlas 2005, p.238.
Imagens
https://www.fbi.gov/history/brief-history/a-new-era-of-national-security. Acesso em: 19 out. 2021.
Sites
https://www.ibape-sp.org.br/adm/upload/uploads/1608314202-Norma%20de%20Pericias%20
Grafoscopicas%20e%20Digitais.pdf. Acesso em: 15 out 2021.
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