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13 - ELEMENTOS TÉCNICOS PARA CONFRONTO

  das peças, deve-se observar os seguintes elementos


Para analisar a autenticidade do grafismo e elaborar o confronto
técnicos:

13.1 – Partes da assinatura


 
Teoricamente, toda assinatura extensa, e muitas das assinaturas reduzidas ou mesmo rubricas, podem ser divididas em até 4
partes:
 
1 = Grafia capital
2 = Caixa caligráfica (ou signatural)
3 = Passantes
4 = Rasgo de saída

Nem toda assinatura apresenta as 4 partes, mas URCIA BERNABÉ, em seu livro “Verificacion de Firmas”, assegura que, numa
amostragem de 100 mil firmas, verificou que 85% apresentavam todas elas.

13.2 - Caixa caligráfica


 
= Limitantes gráficas: são linhas que delimitam a pauta da caixa caligráfica. As caixas regulares podem apresentar
diversos formatos, tais como simples, dupla, sinuosa, côncava, convexa, retilínea, paralela, gladiolada (em forma de espada
ou gládio), ingladiolada, ascendente, descendente ou horizontal.

Linhas de caixa caligráfica:


13.3 - Registros gráficos
 
= Ponto: registro gráfico produzido por um único toque do instrumento
 
= Traço: é o arrasto do instrumento escrevente sobre o suporte. Pode ser essencial (faz parte da configuração do caracter)
ou acessório (conectam caracteres).
 
= Traçado: registro gráfico representado por um ou mais traços. Quando um traço se superpõe a outro, forma o retraço ou
retraçado.
 
= Rasgos: linhas secundárias que se agregam ao modelo padrão, por hábitos adquiridos pelo autor do escrito, em geral no
início ou no fim das assinaturas.
 
= Grama, ou unidade gráfica, é o resultado de um gesto gráfico feito sem mudança brusca de sentido e sem interrupção.
Deste modo, a cada mudança de direção, surge um novo grama.
 
Nas imagens abaixo, pode-se identificar os traços que compõem letras do modelo caligráfico padrão, com o respectivo
número de gramas. De acordo com Del Picchia, as letras são divididas quanto ao número de gramas:

= letras formadas por 1 grama: c; o; u


= letras formadas por 2 gramas: a; b; d; e; f; h; i; j; l; n; p; q; r; s; t; u; v; x; y; z

= letras formadas por 3 gramas: k; m; g

= letras formadas por 4 gramas: w


OBS: com as variações formais da escrita, as letras podem não conter o número mínimo de gramas especificado
no exemplo.
= Os pingos das letras I e J, cedilhas, barras do T e o til são traços que podem ser estudados quanto à sua posição,
forma, presença ou ausência.

Circular:

Semicircular:

Sinuoso:
Vertical:

Horizontal:

Laçada:
A letra é a unidade do alfabeto. As letras possuem características para sua identificação em um exame grafotécnico e
podem se apresentar de variadas formas:

A – Gramas não passantes: gramas que permanecem entre as linhas de base e ápice

B – Gramas passantes superiores: gramas que extrapolam a delimitação determinada pela linha
de ápice (hastes das letras):
C – Gramas passantes inferiores: gramas que extrapolam a delimitação determinada pela linha de base
(pernas das letras):

D – Gramas duplo passante: gramas que ultrapassam os limites tanto da linha de base com da linha de ápice
(letra F):

OBS: As letras minúsculas são sempre consideradas passantes.


E – Gramas com presilhas: letras V e B minúsculas

F – Gramas com dupla presilha: letra R minúscula

G – Gramas com anel: letra E e L minúsculas

H – Gramas com platô: letra R minúscula


13.4 – Inclinação axial
A inclinação axial define-se através de um eixo perpendicular imaginário em relação à linha de base, que pode ser
imaginária ou real. Assim, partindo-se do ângulo inicial de 90°, o grafismo pode comportar-se das seguintes
formas quanto à inclinação:

A - Vertical, alinhada ou perpendicular (mantém-se o eixo de 90 graus):

B - Destrógira (à direita)

C - Sinistrógira (à esquerda)
13.5 – Ataque
É o traço inicial do grafismo que acontece sempre que o instrumento escritor é colocado sobre a superfície de um papel. Para
cada movimento gráfico haverá um ataque. Trata-se de uma característica individual, que varia de cada punho escritor e pode
ser classificada como:

A - Apoiada: traço que começa com pressão provocando aparecimento de um ponto na parte inicial, típico de punho pesado e
cultura gráfica baixa

B - Não apoiada: a pressão se mantém igual ao restante do traço, com o mesmo calibre.

C – Infinita: o punho desce em grande velocidade e, ao tocar o papel, o traço fica claro, afilado, firme, reto e fluente.
Neste caso, temos o predomínio da progressão e é um comportamento característico de punho leve e cultura gráfica alta.

D – Em arpão: o punho desce em grande velocidade e, ao tocar o papel, ainda em velocidade, produz um traço reto,
firme, claro e afilado parecendo um anzol.
13.6 – Remate
É a parte final do grafismo e tem grande relevância, pois muitas vezes, passa despercebida pelo falsificador,
evidenciando a imitação.

A - Apoiado: traço final que passa da progressão para a pressão provocando aparecimento de um ponto escuro
produzido pelo excesso de tinta, típico de cultura gráfica baixa:

B - Sem apoio: a pressão se mantém igual à progressão, mantendo o mesmo calibre ao final do grafismo:

C – Em fuga (infinito): é o término da ação da pressão, culminando em um traço claro, afilado, reto e fluente
no final do lançamento. Característico de punho leve:

D – Em arpão: pode ocorrer quando finaliza o movimento gráfico ainda em velocidade, que resulta em um traço
com característica de um anzol:
13.7 – Observações
Em algumas escritas podem ocorrer situações que dificultam a identificação de ataques ou remates.

A – Encavalamento: movimentos sucessivos e sobrepostos coincidindo com as extremidades do grafismo:

B – Entintamento: massa de tinta descarregada no início ou final do grafismo:

C – Erro de planejamento: quando partes do grafismo situam-se fora do espaço destinado. Isto pode ser observado
em situações onde o espaço é reduzido, como, por exemplo, em cartões de crédito.

D – Fechamento dos gramas circulares


A gênese da escrita costuma seguir o movimento dos ponteiros de um relógio e o momento de seu fechamento se dará num
determinado horário. Cabe observar se ocorrerá alguma alteração no ponto do fechamento. O confronto dos gramas circulares
deve ser feito somente entre os símbolos correlatos, ou seja, o primeiro de uma peça com o primeiro de outra, e assim sucessivamente.
13.8 - Hábitos gráficos (Idiografismo ou Gesto-tipo)

É a formação de símbolos não convencionais que podem acontecer de diversas formas. São gestos típicos de cada pessoa
e são como um tique nervoso que tem grande valia na investigação de manuscritos.

Podem ser identificados no ataque, no remate, em pingos dos I, barras dos T, etc.

A – Gancho ou arpão: movimento regressivo que se manifesta em qualquer lugar da letra.

B – Golpe de sabre: movimento brusco, anguloso e seco, produzido por um impulso em qualquer direção.

C – Golpe de chicote: movimento para a frente, de maneira impulsiva com forma de laço.

D – Triângulo: gesto mais comum nas pernas das letras.


E – Espiral: lembra um caracol, podendo ser no início ou no final das letras. É mais comum nas letras C, L, M, N, R e S.

F – Laço: assemelha-se ao bucle, sendo comum nos F e Q.

G – Nó: sinal da vogal que cruza início e final das letras, podendo ser para dentro ou para fora.

H – Serpentina: barra do T em forma de til.

I – Guirlandas: curvas ascendentes que pode ser no início ou final das letras.
J – Arcos: curvas que iniciam de baixo para cima formando um arco antes das letras.

L – Unha de gato: traço regressivo à esquerda e por baixo da palavra.

M – Traço regressivo: gesto que retorna à esquerda e por cima da palavra.


N – Traço do procurador: movimento que se prolonga para a direita.

O - Tremor: movimentos bambos, frouxos e sem firmeza. Traços quebrados.

P - Torção: desvio de direção em traços que deveriam ser retos.


13.9 – Alinhamento gráfico
É a direção da escrita em relação às linhas de pauta, sendo ela real ou imaginária. Pode se apresentar da seguinte forma:

A – Alinhado (apoiado ou tangente): obedece rigorosamente à linha de pauta

B – Não alinhado (sem apoio ou superior) (a pessoa escreve acima da pauta):

C - Não alinhado (sem apoio ou inferior) (a pessoa escreve abaixo da pauta):

D – Ascendente: a grafia se eleva da esquerda para a direita:


E – Descendente: a grafia tende a descer durante sua execução:

F – Sinuoso: apresenta sinuosidade ao longo do traçado:

G – Arqueado convexo: traçado que sobe e desce em relação à pauta:

H - Arqueado côncavo: traçado que desce e sobe em relação à pauta:


13.10 – Tendência de punho
É o comportamento do gesto gráfico que leva à formação de ângulos ou curvas.

A – Anguloso: traços pontiagudos:

B – Arcada: traços arredondados formando arcos, principalmente em Ms e Ns:

C – Guirlanda: traços em forma de U, principalmente em Ms e Ns:


13.11 – Calibre
É a altura das letras não passantes. Neste aspecto, devemos considerar os espaços destinados à
assinatura em alguns documentos (ex: cartão de crédito).

A – Pequeno: altura inferior a 3mm:

B – Médio: varia entre 3 e 4mm:

C – Grande: altura superior a 4mm:


13.12 – Espaçamento

Este tópico considera o espaçamento entre os gramas, letras ou vocábulos.

A – Intervocabular: espaços entre palavras:

B – Interliteral: espaços entre letras:

C – Intergramatical: espaços entre os gramas:


13.13 – Gladiolagem
Em relação à altura dos gramas não passantes, é possível perceber, em alguns grafismos, aumentos ou
diminuições progressivas até o final do traçado.

A – Gladiolado positivo: letras não passantes que vão diminuindo progressivamente (decrescentes):

B – Gladiolado negativo: letras que começam pequenas e terminam grandes (crescentes):

C – Não gladiolado: letras que permanecem do mesmo tamanho do início ao fim:


13.14 – Trajetória do punho

A trajetória do punho diz respeito ao caminho utilizado pelo escritor para o desenvolvimento dos traços.

Deve-se observar, na comparação, se a trajetória desenvolvida é a mesma entre as peças.

Compare os dois exemplos abaixo:

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