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1. CONCEITO E EVOLUÇÃO
E) BOA-FÉ
É um dos pilares do código civil. Miguel Reale, organizador do nosso CC/02 diz
que o CC é norteado por 3 grandes princípios, paradigmas: operabilidade,
socialidade e eticidade.
* Eticidade é a boa-fé: comportamento ético e honesto das partes – por isso a
boa-fé não é importante só para contratos, é para toda e qualquer relação
2ª - Questão:
Castor Ltda. adquire de Sonar Tecnologia uma impressora 3D. No contrato de
compra e venda, restou acordado que a garantia do equipamento seria de um
ano, a contar da entrega da coisa, o que ocorreu logo após a pactuação. O
contrato também previa nas suas cláusulas que a instalação do equipamento
deveria ser realizada pela alienante.
A instalação foi concluída um mês após a compra, quando então a impressora
pôde ser utilizada pelo comprador.
Ocorre que, após 11 meses e 15 dias de uso do equipamento, este apresentou
defeito, e o comprador requereu, conforme previsto nas cláusulas de garantia
da impressora, a substituição da peça com problema por uma nova. Todavia a
alienante argumentou que teria que cobrar pela peça, pois o defeito ocorreu
após o período de garantia estabelecido no contrato, que teve o seu início a
partir da aquisição do equipamento.
Diante do exposto e tendo em vista que às partes contratantes não se aplica o
Código de Defesa do Consumidor, decida fundamentadamente a questão.
→ ex: vendo um terreno para João e ele deixa claro que compra porque gosta
da vista e vai construir uma casa ali. Depois de vender e transferir, compro o
terreno da frente e construo antes dele p/ acabar com a vista = quebra do
dever de lealdade
Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do
contrato.
O QUE SÃO CONTRATOS MISTOS? Acaba por ser um contrato formado pela
fusão de elementos de outros contratos → uso regras de vários contratos para
criar um novo, autônomo (ex: contrato de hospedagem → conjugo com
elementos de locação, depósito, compra e venda)
ex²: eu vou p/ casa de um americano e ele vem p/ minha = não é contrato de
aluguel porque a prestação precisa ser em $ e aqui não é; não é comodato
porque tem contraprestação; não é permuta/troca porque o art. 533 fala em
propriedade e não em posse)
1ª - Questão:
Ipatinga Produtos de Petróleo S.A. propõe demanda de despejo por falta de
pagamento em face de Posto Veloz. A demandante aduz, em síntese, que
firmou com a ré um contrato de sublocação de posto de serviço, por meio
do qual locou imóvel com equipamentos nele instalados para a operação de
posto de gasolina. Todavia, informa a autora que a sublocatária deixou de
arcar com o pagamento de aluguéis e acessórios contratuais nos últimos 12
meses do contrato. Logo, não resta à autora outra conduta senão pedir a
extinção do contrato e o despejo do demandado do imóvel para que possa dar
continuidade às suas atividades ofertando negócios perante terceiros
interessados.
O magistrado, ao receber o pedido, de ofício, extingue o processo sem
resolução do mérito por entender que a autora é carecedora de demanda. O
Magistrado sustenta que é inadequada a ação de despejo para rescindir o
contrato de sublocação firmado entre as partes, pois a Lei nº 8245/91 só teria
aplicabilidade ao caso se o preço pago decorresse unicamente do uso e gozo
da coisa, todavia o que se observa da narrativa inicial é que existe uma gama
de deveres impostos a ambas as partes, em que a locação é indissociável da
compra e venda de produtos da demandante em razão da cláusula de
exclusividade, tornando inviável a extinção do pacto através de mera denúncia
vazia.
Diante do exposto, agiu corretamente o magistrado? Decida
fundamentadamente a questão abordando a classificação do contrato firmado
entre as partes.
Art. 644. O depositário poderá reter o depósito até que se lhe pague a
retribuição devida, o líquido valor das despesas, ou dos prejuízos a que se
refere o artigo anterior, provando imediatamente esses prejuízos ou essas
despesas. = DÁ O DIREITO DE RETENÇÃO DA COISA ATÉ QUE SEJA
PAGA
- SE NÃO DEVOLVE O CACHORRO É CRIME? NÃO, não configura
sequestro, nem apropriação indébita ou exercício arbitrário das próprias razões
→ É UMA EXCLUDENTE DE ILICITUDE -> exercício regular de um direito
Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos
futuros, cujo risco de não virem a existir um dos contratantes assuma,
terá o outro direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, DESDE
QUE DE SUA PARTE NÃO TENHA HAVIDO DOLO OU CULPA, AINDA QUE
NADA DO AVENÇADO VENHA A EXISTIR.
Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o
adquirente a si o risco de VIREM A EXISTIR EM QUALQUER QUANTIDADE,
terá também direito o alienante a todo o preço, desde que de sua parte não
tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior
à esperada.
• CAPACIDADE E LEGITIMAÇÃO
CAPACIDADE: é a capacidade genérica, aquela para todos os atos
da vida civil que divide em plenamente capazes, relativamente incapazes e
absolutamente incapazes
Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em
hasta pública:
I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens
confiados à sua guarda ou administração;
II - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica
a que servirem, ou que estejam sob sua administração direta ou indireta;
III - pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros
serventuários ou auxiliares da justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar
em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde servirem, ou a que se estender a
sua autoridade;
IV - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam
encarregados.
Parágrafo único. As proibições deste artigo estendem-se à cessão de crédito.
- SILÊNCIO VINCULATIVO
Art. 539. O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou
não a liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça,
dentro dele, a declaração, entender-se-á que aceitou, se a doação não
for sujeita a encargo.
2. ELEMENTOS OBJETIVOS
O QUE PODE SER OBJETO DE CONTRATO? Qualquer bem (no sentido mais
amplo) → é tudo que é apreciado, seja uma coisa ou um comportamento
* qualquer coisa pode ser objeto de contrato, mas para validade a lei impõe
alguns requisitos → então é como se tivesse 2 etapas = o 1º é metajurídico,
pode ser qualquer coisa e o 2º é o plano normativo, em que precisamos
analisar as exigências normativas (ex: requisitos de validade)
3. FORMA
- CAUSA E MOTIVO
O direito brasileiro não conceitua e não prevê a causa como requisito
A. PROPOSTA:
OFERTA AO PÚBLICO
FALÊNCIA DO PROPONENTE:
se o proponente vier a falir isso não o priva da capacidade de contratar,
embora os contratos não sejam oponíveis à massa falida (ou seja, não
prejudicam os seus credores)
B. ACEITAÇÃO
- é uma manifestação de vontade concordante do ACEITANTE/OBLATO que
adere à proposta que lhe fora apresentada
- deve ser externada SEM VÍCIOS DE CONSENTIMENTO
ACEITAÇÃO TARDIA
RETRATAÇÃO DA PROPOSTA
1ª - Questão:
Carlos, proponente, pretende formalizar um contrato de prestação de serviços
com João, e para tanto envia a proposta ao mesmo com o prazo de 15 dias
para a resposta. No décimo quarto dia, João responde confirmando a
contratação, contudo, a sua resposta somente chega ao proponente no
décimo sexto dia.
Diante do exposto, pode-se afirmar que o contrato está formalizado?
Responda fundamentadamente a questão.
Resposta:
* Sim, haja vista a adoção expressa pelo Código Civil da teoria da expedição,
nos termos do art. 428, inciso III. Como João respondeu, expediu a vontade
dentro do prazo, tem-se por formalizado o contrato.
2ª - Questão:
Leandro doou sua biblioteca para o conceituado professor Fernando e, no ato
da doação, deixou consignado que o motivo que o levou a doar os bens
foi justamente o mérito acadêmico do professor, que com os livros em
seu patrimônio poderia aprofundar ainda mais as suas pesquisas acadêmicas.
Ocorre que após seis meses da doação, o doador, através de notícia na
imprensa que deixa claro que os fatos foram comprovados, vem a saber que o
aludido professor é um farsante e enganador e que todos os seus diplomas são
falsos. Ato contínuo, Leandro pretende extinguir a doação, enquanto que
Fernando sustenta que a situação narrada não se encontra nas hipóteses de
revogação da doação prevista no artigo 555 do Código Civil.
Diante do exposto, pergunta-se: quais fundamentos jurídicos poderiam ser
alegados por Leandro para extinguir a doação?
Responda fundamentadamente a pergunta apontando o(s) dispositivo(s)
pertinente(s) do Código Civil para o deslinde da controvérsia.
CONTRATO PRELIMINAR
ex: quero comprar o apartamento de Gabriel por 1 milhão, mas não tenho
esse dinheiro e vou pagar 500 mil e parcelar a diferença. Mas como ele me
vende se não paguei o preço e eu fico como se já paguei 500 mil? →ao inves
de fazer o contrato definitivo de compra e venda, faz a promessa de compra e
venda
* quando assino o contrato de promessa de compra e venda os 2 são credores
e devedores ao mesmo tempo: eu sou credor de dar os 500 mil que faltam e
ele é credor de uma obrigação de fazer, que é a celebração do contrato
definitivo
CONCEITO
É um negócio jurídico bilateral pelo qual uma ou mais de uma parte se
compromete a celebrar o contrato definitivo.
UNILATERAL X BILATERAL
O contrato bilateral, como sendo um contrato, é sempre um negócio jurídico
bilateral, mas pode ser classificado como CONTRATO UNILATERAL OU
BILATERAL
O contrato de opção traz segurança para aquele que quer garantir dentro do
prazo do contrato a opção de compra → a opção é unilateral, ela amarra de
forma unilateral e depois pode recorrer a justiça: pedir tutela provisória de
urgência p/ ele vender em execução específica
Art. 466. Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena de ficar
a mesma sem efeito, deverá manifestar-se no prazo nela previsto, ou,
inexistindo este, no que lhe for razoavelmente assinado pelo devedor.
* pode ter uma opção com prazo ou sem prazo → (ex: no contrato preliminar
de opção a construtora pediu 03 meses = se passou esse prazo e ela não
procurou, fica sem efeito)
* E SE NÃO TIVER PRAZO FIXADO? Pode analisar o que seria razoável,
analisando a razão de ser do contrato → é um conceito jurídico indeterminado
submetido ao controle judicial sob pena de abuso de direito
EXCEÇÃO: art. 1.417 – a própria lei fala que pode ser celebrada
por instrumento público ou privado
REQUISITOS
Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os
requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado
* pelo art. 462 o contrato preliminar de compra e venda poderia ser verbal = o
legislador já falou que não precisa seguir quanto à forma, mas o art. 1417 já
exigiu que fosse escrito
* art. 462 abre a brecha, mas o art. 1417 restringe para a promessa de
compra e venda
RESPONSABILIDADE CIVIL:
- FASE PRÉ-CONTRATUAL (art. 186, 187 e 927) – responsabilidade
subjetiva, regra geral do art. 186, mas são tantas exceções que a lei objetiva,
que podemos dizer que há mais objetiva do que subjetiva hoje em dia
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos,
mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente
estabelecidos, e honorários de advogado.
OBRIGATORIEDADE DO REGISTRO
PRECISO REGISTRAR A PROMESSA DE COMPRA E VENDA?
PARA EXIGIR A ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA DO IMÓVEL PRECISA DE
REGISTRO?
JURISPRUDÊNCIA
A averbação do desmembramento de imóvel urbano é condição
indispensável para a procedência da ação de adjudicação compulsória
1ª - Questão:
José, promitente vendedor, celebrou com Marcos, promitente comprador,
contrato preliminar de compra e venda de imóvel situado em Niterói, por
instrumento particular não averbado no registro imobiliário, sem qualquer
cláusula de arrependimento. Pergunta-se:
a) Cumpridas todas as prestações por parte de Marcos, esclareça se é cabível,
no caso em tela, pedido de adjudicação compulsória do imóvel em face de
José, considerando o que estabelecem os artigos 1417 e 1418 do Código Civil.
b) Supondo que na hipótese acima José, na pendência do contrato preliminar,
alienou o referido imóvel para Caio, esclareça se Marcos, cumprindo todas as
prestações decorrentes do pré-contrato, poderá legitimamente requerer a
adjudicação compulsória do imóvel em face do adquirente do aludido bem
1ª - Questão:
(Caio).
JURISPRUDÊNCIA²:
É admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de
posse advinda do compromisso de compra e venda, AINDA QUE
DESPROVIDO DE REGISTRO, de imóvel adquirido na planta que se
encontra em fase de construção
Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de
constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível
com o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por
meio de embargos de terceiro.
JURISPRUDÊNCIA
O caput art. 32 da Lei nº 6.766/78 afirma que, se o promitente-comprador
atrasar o pagamento da prestação, o contrato será rescindido 30 dias depois
de constituído em mora o devedor.
O § 1º do art. 32 estabelece que o devedor será constituído em mora por meio
de intimação feita pelo Oficial do Registro de Imóveis. Mesmo sem estar
expressamente previsto no dispositivo, o STJ entende que essa intimação de
que trata o § 1º do art. 32 pode ser feita através de carta com aviso de
recebimento, desde que assinado o recibo pelo devedor.
Assim, a constituição em mora, para fins de rescisão de contrato de
compromisso de compra e venda de imóvel em loteamento, sujeito à disciplina
da lei nº 6.766/79, PODE SE DAR POR CARTA COM AVISO DE
RECEBIMENTO, DESDE QUE ASSINADO O RECIBO PELO PRÓPRIO
DEVEDOR, NOS TERMOS DO ART. 49 DA MESMA LEI. STJ. 3ª Turma. REsp
1745407/SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 11/05/2021 (Info
696).
CONCEITO
ex: Neymar pede p/ alguém negociar uma compra e venda para ele para não
correr o risco de subirem o preço por ser ele
RESPONSABILIDADE CIVIL:
REGRA: a responsabilidade é do promitente
Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por
perdas e danos, quando este o não executar.
EXCEÇÃO: art. 439, PU
Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o
cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e
desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a
recair sobre os seus bens.
* essa responsabilidade civil não vai existir se o terceiro for cônjuge de quem
prometeu + o ato prometido dependia de sua anuência + a indenização
atingiria seus bens por causa do casamento
Ex: a fiança exige o consentimento do cônjuge para ser válida, salvo na
separação absoluta. João, na qualidade de fiador, promete ao locador, que a
sua esposa Maria iria assinar também → “assina aqui que eu vou colher a
assinatura dela também
* isso é criticado porque cria uma irresponsabilidade civil – ex: sou casado pela
comunhão parcial, falo com locador que vou assinar a fiança e pegar a
assinatura da minha esposa. Meu patrimônio inteiro é dividido com ela. Se
houver ação de responsabilidade civil, o locador autor da ação vai penhorar
meus apartamentos = isso prejudica a minha mulher e a vítima fica sem
indenização
* ela não praticou nenhuma conduta e por isso não pode ser alcaçnada de
qualquer modo pela minha conduta de prometer e não cumprir
- ler perda de uma chance
1. VÍCIOS REDIBITÓRIOS
CONCEITO
São defeitos ocultos de coisa recebida em virtude de contrato comutativo ou
doação onerosa que a torna imprópria ao fim a que se destina.
AÇÕES EDILÍCIAS
O adquirente titulariza as AÇÕES EDILÍCIAS, ou seja, um concurso de ação
que lhe permite optar entre:
3. EVICÇÃO
CONCEITO
É a perda, pelo adquirente (evicto) da posse ou propriedade da coisa
transferida em razão de uma SENTENÇA OU ATO ADMINISTRATIVO que
reconheceu o direito anterior de terceiro (evictor)
REQUISITOS
São 3: AQUISIÇÃO DE UM BEM + PERDA DA POSSE OU PROPRIEDADE +
SENTENÇA OU ATO ADM.
DIREITOS DO EVICTO
Para exercer o seu direito da evicção, o evicto vai ingressar com AÇÃO
INDENIZATÓRIA em face do alienante → O QUE ELE VAI PEDIR?
Art. 450. SALVO ESTIPULAÇÃO EM CONTRÁRIO, tem direito o evicto, além
da restituição integral do preço ou das quantias que pagou:
I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;
II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que
diretamente resultarem da evicção;
III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.
Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da
coisa, na época em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no
caso de evicção parcial.
Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada
esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente.
Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não
tiver sido condenado a indenizá-las, o valor das vantagens → se o evicto já foi
compensado por essas deteriorações, o alienante pode deduzir do valor a ser
pago
→ QUAL O PRAZO PARA INGRESSAR COM A AÇÃO? A lei não fala e a doutrina
discute
Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue,
pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206.
* a pretensão nasce no 1º dia do prazo e morre no último
* TODOS OS PRAZOS PRESCRICIONAIS ESTÃO NO ART. 205 E 206!!!
ATÉ QUANDO UMA DÍVIDA PODE SER COBRADA? Ex: alguns bancos
enviam cobranças a clientes de dívidas já prescritas ou registram no cadastro
positivo do cliente uma dívida já prescrita de 20, 30 anos e eles ingressam em
juízo. Banco defendia falando que não prejudica e falavam que podiam
continuar cobrando porque o que não podia ocorrer é a cobrança judicial
*cadastro positivo: são todas as informações feitas pelo sujeito (ex: paguei
uma conta em dia → gera um score (é diferente do cadastro negativo!)
* ex: fiz dívida, prescreveu e o banco não cobrou = pretensão perdida → vira
obrigação natural (tem o schuld mas não tem o haftung) e 20 anos depois eles
continuam notificando ou inscrevendo no cadastro positivo
ELE PODE FAZER ISSO? Pablo fala que não, se perdeu a pretensão, não pode
fazer nem extrajudicial → se for assim, podem fazer isso p/ sempre?
* ler o texto do Pablo = após a prescrição, o credor não pode mais tomar
nenhuma medida contra o devedor
CAUSA IMPEDITIVA
* a mesma causa que impede pode suspender → DICA: há causas que
suspendem e impedem e outras que interrompem
→ DECADÊNCIA
É a PERDA DO DIREITO POTESTATIVO que não foi exercido no prazo da lei
ou definido pelas partes
* DIREITO POTESTATIVO É O DIREITO DE INTERFERÊNCIA NA ESFERA
JURÍDICA DE OUTREM
PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA
PERDA DA PRETENSÃO → poder de PERDA DO DIREITO POTESTATIVO
exigir o cumprimento da obrigação → direito de interferência na esfera
jurídica de outrem
PRAZO LEGAL! PRAZO LEGAL OU CONVENCIONAL
Juiz pode reconhecer de ofício e pode Se for convencional o juiz não pode
ser alegada em qualquer grau reconhecer de ofício
DEVEDOR PODE RENUNCIAR → mas PODE RENUNCIAR O CONVENCIONAL –
só quando acabar a pretensão legal NUNCA
* é matéria de defesa dele
Ex: prazo de ajuizar ação de Ex: anular negócio jurídico ou vício
reparação civil → EVICÇÃO redibitório
CAUSAS QUE IMPEDEM, SUSPENDEM
E INTERROMPEM
1ª - Questão:
João propõe demanda indenizatória em face de Pedro. Aduz, em síntese, que
adquiriu do réu um bem móvel e que veio a perdê-lo por evicção. Diante da
perda, pleiteia o direito reparatório, com fulcro no artigo 450 do Código Civil.
Em defesa, sustenta o demandado pela prescrição, uma vez que o trânsito em
julgado do reconhecimento da evicção se deu em janeiro de 2013, enquanto
que a presente demanda somente foi distribuída agora, em 2017, sendo certo
que o pedido em questão se submete ao prazo prescricional previsto no artigo
206, §3º, IV ou V do CC/02.
Em réplica, sustenta o autor que o ordenamento jurídico não prevê
expressamente o prazo prescricional da pretensão indenizatória em
decorrência da evicção, e assim sendo, deve a evicção se submeter ao prazo
geral legal de 10 anos previsto no artigo 205 do mesmo diploma legal.
Decida fundamentadamente a questão.
- a doutrina questiona isso e há quem entenda que deve ser aplicado o mesmo
prazo das ações edilícias. Pablo Stolze defende que na verdade, o que se tem
aqui é a perda de uma pretensão de reparação de um direito violado e,
portanto, o prazo é prescricional e entra na regra do prazo de 03 anos porque
é reparação civil
No curso da ação ajuizada pelo evictor não correrá o prazo de evicção para o
evicto demandar o alienante (art. 199, III). Porém, a posição majoritária
defende que é dever do evicto denunciar a lide o alienante para lhe assegurar
os direitos previstos no art. 450 do CC.
Porém, mesmo sem a denunciação ele pode buscar a restituição do preço pago
de forma atualizada em ação própria para evitar o enriquecimento sem causa.
2ª - Questão:
Renato adquire um automóvel de João. Nos primeiros dias de uso do automóvel, um vício oculto
que já existia antes da aquisição vem a ser revelado pelo adquirente que comunica tal fato a João.
Todavia, Renato antes de optar pelas garantias previstas nos artigos 441 e 442 do Código Civil, teve
o veículo roubado por um meliante.
Apesar do caso fortuito ter gerado a perda da coisa, Renato, pretende a devolução dos valores
pagos, tendo em vista que a lei lhe conferia tal solução jurídica a partir da revelação do vício.
2ª - Questão:
Restou demonstrado que Renato pagou R$ 15.000,00 (quinze mil reais) pelo veículo e que o vício
oculto depreciava a coisa em R$ 3.000,00 (três mil reais).
Diante do exposto, apresente a solução jurídica para o caso.
Resposta:
Levando em consideração que Renato valer-se-ia do que dispõe o art. 442 do
Código Civil, ou seja, reclamaria o abatimento do preço e, por fato alheio a sua
vontade e domínio, a coisa lhe foi subtraída, entende-se pela manutenção do
direito de perceber, a título de abatimento, o valor de R$ 3.000,00, que era o
montante depreciado pelo vício. Não se pode olvidar em reconhecer que, em
razão do incoveniente ocorrido, ou seja, da subtração, João seja beneficiado.
TEMA 06
Espera-se que o contrato termine pelo adimplemento, mas o código civil não
fala expressamente do adimplemento como forma de extinção, isso está
tratado no pagamento → os contratos como sendo fonte obrigacional
* recorremos a teoria do adimplemento
EXTINÇÃO ANORMAL
1. CAUSA ANTECEDENTE
Se o que motiva a extinção do contrato sem ter sido cumprida total ou parcial
é uma causa que já estava presente na elaboração do contrato, ELA VAI SER
ANTECEDENTE
* a causa vai ser invocada na execução do contrato, mas ela já estava
presente no momento em que se deu o vínculo ou em momento anteriormente
Por isso o art. 182 diz que, anulado o negócio jurídico, as partes retornarão ao
status anterior, salvo quando por outras razões não seja possível reverter os
seus efeitos, hipótese em que reverte em perdas e danos
COMO CONCILIAR O ART. 177 E O ART. 182? o art. 177 fala que a
anulabilidade só tem efeitos depois da sentença, ex nunc e o art. 182 fala que
é ex tunc e retoma ao status anterior (art. 177 é erga omnes e o art. 182 é
inter partes, olha para as partes do contrato) = vamos modular com a
premissa de que o 177 é erga omnes e 182 é inter partes
Art. 177. A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença,
nem se pronuncia de ofício; só os interessados a podem alegar, e aproveita
exclusivamente aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou
indivisibilidade. = fala que a anulabilidade só gera efeitos da sentença em
diante → EX NUNC
* ex: idoso vendeu casa para uma construtora e, por inexperiência, pagou
preço vil. A incorporadora lançou o empreendimento, prometeu vender
unidade a compradores. No prazo de 4 anos, o idoso ingressa com ação
pleiteando a anulação por inexperiência, o que desequilibrou o contrato e
queria a extinção.
- RESOLVEMOS ISSO NO PLANO DA EFICÁCIA: o negócio é válido e
eficaz até a anulação
- MAS E OS ADQUIRENTES QUE ESTAVAM DE BOA-FÉ? Como não tem
como desfazer tudo, converte em perdas e danos e o idoso recebe a diferença
do valor pago e o valor real
2. CAUSA SUPERVENIENTE
QUAL A DIFERENÇA ENTRE RESOLUÇÃO E RESILIÇÃO?
RESOLUÇÃO RESILIÇÃO
Ela é causal - é motivada em uma É um ato de mera vontade livre (não
justa causa legal ou contratual precisa estar apoiado em uma justa
causa)
RESILIÇÃO RESOLUÇÃO
DISTRATO – bi JUDICIAL
RESIL. UNI - uni PLENO DIREITO
Essas causas tendem a nos levar a uma solução com efeitos daqui para frente
e não retroativa (como é o caso da antecedente)
* art. 478 fala em resolução do contrato por EXCESSIVA ONEROSIDADE por
acontecimento imprevisível → efeitos retroagem da data da citação, ou seja,
momento posterior a data do acontecimento
RESILIÇÃO
a) DISTRATO: resilição bilateral
ENUNCIADO 584 DA JDC: desde que não haja forma exigida para a substância
do contrato, admite-se que o distrato seja pactuado por forma livre
O distrato por si é simples, é um consenso, mas pode ser que haja algum vício
de consentimento no distrato e isso vai ser discutido da mesma forma em que
seria discutido qualquer negócio jurídico.
- teoria da quebra eficiente do contrato = mas no brasil isso não cola, é mais
lá fora → o direito do credor a prestação
ex: Contrato BTS (built to suit) = locação por encomenda – é um contrato que
tem no centro da operação uma locação, mas ela é uma locação mais
sofisticada (na locação normal o art. 4º permite que o locatário peça a
resilição) = aqui eu, locatária, encomendo uma construção de modo
personalizado e o locador vai investir nisso. Então não é uma locação pura e
simples
CUIDADO: na locação simples se o locatário quiser sair, paga a multa
pactuada (ex: se você morou 5 meses, você descumpriu 25 meses → a multa
é proporcional ao descumprimento (ex: aluguel de 1000, multa de 3 meses
(3.000). 3.000 divido por 30 meses é 100 reais – se faltam 25 meses é 25
meses x 100)
- MAS NO BTS, pelo art. 54-A a multa pode ser referente a 100% dos
alugueres a vencer (ex: contrato de 10 anos, 100 mil de aluguel = saio em 2
anos.
- isso já seria resolvido pelo art. 473, PU, CC
1ª - Questão:
Fastcar veículos ltda. propõe demanda em face de coronel motors do brasil
ltda., na qual afirmar ser, desde 1973 e por TEMPO INDETERMINADO,
concessionária exclusiva da demandada para a venda de veículos automotores
na cidade do rio de janeiro. Aduz que a ré a notificou acerca da rescisão do
contrato em 2015, impedindo-a de dar continuidade às suas atividades.
Sustenta que a rescisão do contrato é nula, pois configura abuso do poder
econômico e exercício arbitrário de posição dominante. Pleiteia, então, a
continuidade do contrato nos seus exatos termos.
Em defesa, sustenta a demandada ser descabida a manutenção forçada
do contrato de concessão, o que configura atentado ao princípio da
autonomia da vontade e liberdade de contratar. Afirma, por fim, que,
ocorrendo o rompimento de uma relação contratual, as partes podem até ficar
sujeitas a eventuais perdas e danos, mas não podem ser obrigadas a continuar
a contratação. Decida fundamentadamente a questão.
- É contrato de trato sucessivo → se renova periodicamente, se renova ao
longo do tempo e as obrigações vão se prolongando
- É contrato de prazo indeterminado e a ruptura se deu em prazo exíguo frente
ao investimento? Não, começou em 1953 e estaria sendo resilido em 2015 = o
investimento já teria sido dissolvido
* o que poderia mudar é se tivesse tido algum investimento recente, mas a
questão não fala nada
* a lei não proíbe a resilição + não tem investimento recente = a princípio
seria caso de permissão e o STJ entendeu que se houver algum prejuízo,
resolve em perdas e danos (ex: estoque etc)
2ª - Questão:
Callcenter Ltda. propõe demanda indenizatória em face de Boa Vida Saúde.
Aduz, em síntese, que a demandada mantinha com a autora contrato de longa
data para a prestação de serviços de telemarketing. A demandante afirma que
no último aditivo contratual, restou pactuado entre as partes uma ampliação
dos serviços de call center, o que demandou grande fluxo de investimentos por
parte da autora. Todavia, um ano após o termo aditivo, a demandada resolveu
resilir unilateralmente o vínculo jurídico, o que, consequentemente, lhe trouxe
sérios prejuízos financeiros. Assim sendo, com fulcro no artigo 473, parágrafo
único, do Código Civil, faz-se imperioso o devido ressarcimento substitutivo,
ora pleiteado, tendo em vista a impossibilidade da suspensão dos efeitos da
resilição unilateral, apta a permitir a recuperação dos investimentos realizados.
Em defesa, a empresa ré não nega os fatos. Entretanto, alega que não
cometeu qualquer ato ilícito capaz de ensejar o pedido indenizatório ventilado.
A demandada sustenta que foi convencionada no termo aditivo a possibilidade
de resilição unilateral após um ano da pactuação a qualquer dos contratantes.
Portanto, por existir prazo determinado convencionado livremente entre
partes, não há que se falar na aplicação do artigo 473 do CC e no suposto
direito indenizatório. Decida fundamentadamente a questão.
Resposta:
* convencionaram que depois de 1 ano podia acabar a relação sem
indenização, mas isso não fecha os olhos para que no curso do contrato com
consentimento da outra fez investimentos no contrato, eu não posso te
prejudicar ignorando tudo = faz a tutela especifica exigindo a continuação
compulsória ou converte em perdas e danos
* geralmente quando chega na justiça é porque não da mais para continuar de
forma compulsória
JURISPRUDÊNCIA
Exemplo: João celebrou contrato de promessa de compra e venda de um lote
de terreno com uma empresa (promitente-vendedora). João obrigou-se a
pagar o valor de R$ 96 mil, parcelados em 48 meses. Durante a vigência do
contrato, João já ficaria na posse do lote porque ali iria construir uma casa.
Depois de 1 ano pagando as parcelas, João perdeu seu emprego. Como não
mais iria conseguir adimplir as prestações, ele ajuizou ação de resilição
contratual requerendo o desfazimento do negócio com a restituição dos valores
que havia pagado. Vale ressaltar que a casa que João pretendia edificar nem
começou a ser construída no local. A empresa apresentou resposta
pedindo para que João fosse condenado ao pagamento de taxa de
ocupação pelo período de 1 ano que passou na posse do imóvel.
Não é devida a taxa de ocupação. No contrato de compra e venda de
imóveis residenciais, o enriquecimento sem causa do comprador é
identificado pela utilização do bem para sua moradia, a qual deveria
ser objeto de contraprestação mediante o pagamento de aluguéis ao
vendedor pelo tempo de permanência. Na presente hipótese, o terreno
não está edificado, de modo que não existe possibilidade segura e concreta de
se afirmar que a empresa auferiria proveito com a cessão de seu uso e posse a
terceiros, se não o tivesse concedido ao promitente-comprador, estando, pois,
ausente o requisito de seu empobrecimento. STJ. 3ª Turma. REsp 1936470-SP,
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 26/10/2021 (Info 718).
* NÃO TEM QUE PAGAR TAXA DE OCUPAÇÃO PORQUE NÃO AUFERIU
VANTAGEM NENHUMA. SÓ PAGA QUANDO E PELO USO
* RESILIÇÃO DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA: DEVOLVE O BEM E
DEVOLVE O QUE FOI PAGO
* QUANDO VAI SER DEVIDA A TAXA?
É devida a condenação ao pagamento de taxa de ocupação (aluguéis) pelo
período em que o comprador permanece na posse do bem imóvel, no caso de
rescisão do contrato de promessa de compra e venda, independentemente de
ter sido o vendedor quem deu causa ao desfazimento do negócio.
Ex: João e Pedro celebraram promessa de compra e venda de um
apartamento. Pedro (promitente comprador) estava morando no imóvel há 6
meses e pagando regularmente as prestações. Ocorre que o contrato foi
desfeito por culpa de João. Todo o valor pago por Pedro deverá ser devolvido,
assim como ele terá que ser indenizado pelas benfeitorias que realizou. Por
outro lado, Pedro terá que pagar taxa de ocupação (aluguel) pelos
meses em que morou no apartamento. O fundamento para isso não está
na culpa, mas sim na proibição do enriquecimento sem causa.
STJ. 3ª Turma. REsp 1613613-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado
em 12/06/2018 (Info 629).
RESOLUÇÃO
RESOLUÇÃO RESILIÇÃO
Ela é causal - é motivada em uma É um ato de mera vontade livre (não
justa causa legal ou contratual precisa estar apoiado em uma justa
causa)
A. POR INADIMPLEMENTO
Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do
contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos
casos, indenização por perdas e danos.
- o inadimplemento é uma justa causa LEGAL para se resolver o contrato,
mas precisamos ver se esse inadimplemento é absoluto ou relativo (a
diferença entre eles é QUALITATIVA)
INADIMPLEMENTO ABSOLUTO: não consigo mais curar a mora e
preciso extinguir → a prestação se tornou inútil
INADIMPLEMENTO RELATIVO: é a simples mora e eu posso tratar,
curar
O que o art.474 está dizendo é que COMO VOU SABER SE É SIMPLES MORA
CORRIGÍVEL OU INADIMPLEMENTO ABSOLUTO? Ou porque a cláusula
expressamente me disse ou porque o juiz no caso concreto entendeu assim
→ ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL:
O QUE É? Significa que a prestação já foi substancialmente útil para o credor
= isso já satisfaz a utilidade para o credor → ele já não pode mais pedir
resolução por não ser mais útil
O que falta é só um acerto de contas que pode ser cobrado, mas não tira a
utilidade do negócio
* ex: noiva contratou o vestido e ele foi entregue em condições de ser usado,
mas faltaram 3 botões que faziam parte do acabamento → o julgador vai
analisar se essa falta inutilizava ou não, vai medir o grau de inadimplemento. -
SE FOR MENOR, SEM IMPACTO que inviabilize a prestação = inadimplemento
substancial e se for resolvido, é abuso de direito e resolve pela mora, sem
resolver
- mas isso não está expresso no CC, está implícito no art. 422 e 187 = boa-fé
e abuso do direito como impeditivo da resolução
- O ART. 500, §2º É UM EXEMPLO DA APLICAÇÃO DESSA TEORIA: quando a
venda é ad mensurum e a diferença for menor que 1/20 da área total, vai ser
desconfigurado
O devedor pode justificar que não cumpriu a sua prestação porque a outra
parte não cumpriu a sua e o meu pagamento era condicionado ao seu = se
você não faz a sua parte, não pode exigir a minha (ex: não pode me executar
exigindo que eu te entregue o carro se acordamos que eu entregaria quando
você me pagasse)
AQUI FAZ DIFERENÇA QUEM TEM QUE PAGAR PRIMEIRO E QUEM PAGA
DEPOIS? Sim – só posso alegar que não cumpri porque ele descumpriu
primeiro se ele tinha que cumprir primeiro (se não fosse assim seria uma
discussão infinita)
* SÓ ALEGA EXCEPTIO NON ADIMPLENTI CONTRATO QUEM TEM QUE CUMPRIR
DEPOIS!
Eu vou deixar de cumprir a minha parte, que era primeiro, porque tenho receio
de que, diante das circunstâncias, ele não vai cumprir a dele e então me
recuso a cumprir até que ele me garanta, me prove que vai cumprir a dele
* é uma defesa em cima de acontecimentos novos = eu tinha que cumprir
primeiro, mas não confio mais nele
* costuma ser um inadimplemento ex persona = eu preciso comunicar a outra
parte que vou deixar de cumprir ou ingressar em juízo
Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes
contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar
duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar-se à
prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê
garantia bastante de satisfazê-la.
→ BTG e americanas: tinha cláusula de que se pedisse RJ, a outra parte podia
parar de cumprir
2 hipóteses:
BILATERAIS – art. 478: preciso de uma balança que pesa mais para
um do que para outro → fica excessivamente oneroso para uma e muito
vantajoso para outro
CONTRATO ELETRÔNICO
- não é um tipo de contrato e sim uma forma de contratar
obs.: muita coisa aqui não está consolidado e não tem nada dominante e lei
própria.
Contrato eletrônico é um contrato em que o consenso se opera por um meio
eletrônico ou tecnológico.
QUAIS SÃO OS MAIS CONHECIDOS? Aqueles que são conduzidos por
ASSINATURA ELETRÔNICA (a lei descreve o que é essa assinatura e ela é
importante)
1ª - Questão:
No dia seguinte à aquisição on line ( através de atendimento direto em tempo real ) de um programa
anti-vírus em um site da Internet, mediante o pagamento de um preço, tendo sido o bem objeto de
download no mesmo ato, o consumidor, ao verificar que o produto não correspondeu às suas
expectativas, se arrependeu do negócio, e resolveu desfazê-lo. Pergunta-se : a) A pretensão do
consumidor encontra amparo no ordenamento jurídico brasileiro? b) Em que momento o contrato se
considerou formado?
Resposta:
- decreto 7962/2013 → tem direito de arrependimento sim, a não ser que
tenha se consumido por completo, esgotado
obs.: passagem aérea comprada em site → só mudou com a resolução da
ANAC e dá o direito a cancelar – mas é pior que o do CDC pois dá 24h para
cancelar e tem que ser um voo com 7 dias de antecedência → GERA UMA
DISCUSSÃO: PODE A ANAC ESTABELECER UM PRAZO MENOR QUE UMA
LEI FEDERAL? JÁ FOI OBJETO DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA E FOI
IMPROCEDENTE E ENTENDEU QUE A ANAC TEM SIM COMPETÊNCIA – mas
nesse caso não vincula pois é improcedente então o consumidor pode buscar
no judiciário e o juiz decidir diferente
1ª - Questão:
No dia seguinte à aquisição on line ( através de atendimento direto em tempo real ) de um programa
anti-vírus em um site da Internet, mediante o pagamento de um preço, tendo sido o bem objeto de
download no mesmo ato, o consumidor, ao verificar que o produto não correspondeu às suas
expectativas, se arrependeu do negócio, e resolveu desfazê-lo. Pergunta-se : a) A pretensão do
consumidor encontra amparo no ordenamento jurídico brasileiro? b) Em que momento o contrato se
considerou formado?
Tem direito – decreto garante
CLASSIFICAÇÃO
Art. 483. A compra e venda pode ter por OBJETO COISA ATUAL OU
FUTURA. Neste caso, ficará sem efeito o contrato se esta não vier a existir,
salvo se a intenção das partes era de concluir contrato aleatório.
* fazer remissão ao art. 458 – contrato aleatório
EFEITOS DO CONTRATO
O principal efeito do contrato de compra e venda é a obrigação de dar coisa
certa → CONTRATO NÃO TRANSFERE A PROPRIEDADE!
- o que transfere é registro no RGI se for bem imóvel (art. 1.245 c/c 1.227) ou
a tradição, se bem móvel
ELEMENTOS ESSENCIAIS
1. CONSENTIMENTO:
Há vontade em jogo → precisamos voltar no art. 104 e ver se o agente tem
CAPACIDADE DE FATO (a capacidade oriunda da personalidade não basta
aqui) → por isso a máxima: a capacidade limita a personalidade
- em algumas situações o consentimento não vai bastar, precisamos de uma
CAPACIDADE ESPECÍFICA → ex: tutor é capaz, mas se ele for vender o
bem, precisa de autorização judicial para legitimar essa operação
VENDA ANULÁVEL: questão da família, não é ordem pública → por isso não
pode ser declarada de ofício e a parte precisa alegar
- SEM O CONSENTIMENTO VAI REGISTRAR OU NÃO? Registra, o tabelião não
entra nessa questão → o que pode acontecer é entrarem com uma AÇÃO
ANULATÓRIA para desconstituir aquele ato
E. NULIDADE ABSOLUTA
Art. 497. Sob pena de NULIDADE, não podem ser comprados, ainda que em
hasta pública:
I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens
confiados à sua guarda ou administração;
II - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica
a que servirem, ou que estejam sob sua administração direta ou indireta;
III - pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros
serventuários ou auxiliares da justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar
em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde servirem, ou a que se estender a
sua autoridade;
IV - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam
encarregados.
Parágrafo único. As proibições deste artigo estendem-se à cessão de crédito.
2. PREÇO
Na compra e venda tem um valor a ser pago ao alienante → VALOR EM
DINHEIRO → E SE NÃO TIVER $? vai entrar em outro contrato (ex: permuta,
troca, dação em pagamento)
- no contrato de troca e permuta aplica-se as regras do contrato de compra e
venda, salvo
ex: comprei um carro de R$ 100 mil, dei o meu antigo como entrada de R$ 30
mil e dei o resto em dinheiro → não vai ser contrato de compra e venda, vai
ser de permuta porque +50% do negócio foi permuta
* se for 50% troca e 50% compra: posso escolher
JURISPRUDÊNCIA 2022
É possível a utilização da taxa SELIC, desde que pactuada, como índice de
correção monetária das parcelas ajustadas em contrato de compra e venda de
imóvel.
Vale ressaltar, contudo, que a taxa SELIC abrange juros e correção monetária.
Em razão disso, não pode ser cumulada a nenhum outro índice que exprima
tais consectários. Assim, se for pactuada a incidência da taxa SELIC a título de
correção monetária das parcelas contratuais, não será possível cumulá-la com
juros remuneratórios, uma vez que os juros já estão englobados nesse
índice. Isso não impedirá, contudo, a estipulação de juros de mora, já que
possuem finalidade distinta dos juros remuneratórios.
3. COISA
Qualquer bem que esteja no comércio pode ser objeto de compra e venda:
bem móvel, imóvel, atual ou futuro → basta que as partes entrem em um
consenso quanto ao preço
* E SE TIVER CLÁUSULA DE INALIEBILIDADE? Não vai estar no comércio; bem
público também
VENDA A NON DOMINO (venda sem domínio): venda pactuada sem
titularidade, mas para ser valida e produzir efeitos primários, deve se
encontrar no patrimônio do alienante no momento do pagamento
- ex: compra e venda de um carro, mas só vai ser entregue depois 1 mês → as
partes colocaram um termo ali, elemento acidental e isso não importa, o que
ele precisa fazer é cumprir com a obrigação naquele prazo
2ª - Questão:
Conceitue amostra, protótipo e modelo, bem como aponte o princípio jurídico que cerca essa
técnica de venda e a consequência contratual se ele não for respeitado. Estabeleça ainda a diferença
entre a venda por amostra e a venda a contento ou sujeita a prova.
As respostas devem ser fundamentadas.
§2º Se em vez de falta houver excesso, e o vendedor provar que tinha motivos
para ignorar a medida exata da área vendida, caberá ao comprador, à sua
escolha, completar o valor correspondente ao preço ou devolver o excesso.
- é um direito potestativo do comprador, mas geralmente o comprador fala
que o vendedor pode ficar com o excesso → é uma área inútil, mas depende
do caso
- COMPRADOR DE BOA-FÉ E SEM $ PARA COMPLEMENTAR? A ideia do
contrato é paridade, mas não tem $ e para não gerar enriquecimento sem
causa, resolve o contrato
§3º Não haverá complemento de área, nem devolução de excesso, se o imóvel
for vendido como coisa certa e discriminada, tendo sido apenas enunciativa
a referência às suas dimensões, ainda que não conste, de modo expresso, ter
sido a venda ad corpus
- ex: comprei a fazenda X
JURISPRUDÊNCIA:
Na hipótese em que as dimensões de imóvel adquirido não correspondem às
noticiadas pelo vendedor, cujo preço da venda foi estipulado por medida de
extensão (venda ad mensuram), aplica-se o prazo decadencial de 1 (um) ano,
previsto no art. 501 do CC/2002, para exigir:
• o complemento da área;
• reclamar a resolução do contrato; ou
• o abatimento proporcional do preço.
STJ. 3ª Turma. REsp 1890327/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
20/04/2021 (Info 693).
1ª - Questão:
Fernando propõe demanda anulatória de negócio jurídico cumulada com
declaratória de direito de preferência em face de Antônio e João. O autor aduz,
em síntese, que o primeiro demandado, sem o seu consentimento e sem que
lhe fosse conferido o direito de preferência previsto no artigo 504 do Código
Civil, vendeu para o segundo réu fração de imóvel indiviso, do qual também é
proprietário. Informa ainda que somente soube da alienação da fração ideal do
imóvel com o registro da compra e venda no Cartório de Registro de Imóvel e
dentro do prazo decadencial previsto em lei, contado a partir de então,
ingressou com a presente demanda e efetuou o depósito dos valores pagos
"tanto por tanto". Em defesa, sustentam os demandados a decadência do
direito do autor, isso porque a compra e venda foi realizada há mais de um
ano da propositura da presente demanda, sendo certo que o prazo previsto em
lei se inicia da venda e não do registro da mesma no Cartório de Registro de
1ª - Questão:
Imóveis como quer crer o demandante. Por fim, os demandados aduzem ainda
que os valores depositados pelo autor foram realizados com base naqueles
descritos na escritura de compra e venda. Todavia, os valores ali consignados
foram descritos a menor pelas partes contratantes, justamente para fins de
redução de carga tributária. Logo, os valores depositados para gerar o direito
de sequela sobre o bem seriam aqueles estabelecidos pelo mercado e não
pelas partes em contrato, sob pena de, em assim se mantendo, gerar o
enriquecimento sem causa do depositante. Decida fundamentadamente a
questão.
MAS ELE PODE VENDER PARA OUTRO NESSES 3 ANOS? Sim, ele tem os 4
direitos inerentes a propriedade, mas o terceiro vai comprar sabendo que essa
propriedade é resolúvel, vai assumir esse risco → é um CONTRATO
ALEATÓRIO
- tem eficácia real
A. VENDA A CONTENTO
É a possibilidade de entregar a posse do bem para que a pessoa
EXPERIMENTE A COISA antes de definir se vai comprar ou não → a tradição
não é da titularidade, é da posse (ex: venda condicional no interior)
- enquanto isso a compra e venda está suspensa → CONDIÇÃO SUSPENSIVA
Art. 510. Também a venda sujeita a prova presume-se feita sob a condição
suspensiva de que a coisa tenha as qualidades asseguradas pelo vendedor e
seja idônea para o fim a que se destina.
Art. 511 é para as 2
Art. 512 fala do prazo
QUAL A DIFERENÇA DA VENDA A CONTENTO E A VENDA SUJEITA A
PROVA? Na venda a contento eu experimento a própria coisa que vou ficar, na
venda por amostra ele me dá um mostruário
COMO ENCAIXA O TEST DRIVE? É uma hipótese de fomentar a venda, mas
não se encaixa em nenhuma da hipóteses → dá para encaixar por analogia a
simetria adequada (não é protótipo porque está na vitrine; não é amostra etc)
* também não é venda a contento/sujeito a prova porque se eu gostar, ele me
dá outro carro e não aquele de teste drive
* mas tem que observar o dever de informação que vem da boa-fé (ex:
experimentei o top de linha e vou comprar o mais básico → eles precisam me
falar isso)
PREEMPÇÃO OU PREFERÊNCIA
É o alienante com a possibilidade de readquirir o bem nos prazos previstos em
lei, desde que ofertado o mesmo valor proposto ao terceiro SE O COMPRADOR
DECIDIR VENDER O BEM
QUAL A DIFERENÇA DA RETROVENDA? É a inversão de vontades → na
retrovenda se o comprador resolver recomprar, ele vai recomprar, é direito
potestativo dele. Na preempção/preferência é a vontade do comprador,
depende SE ele resolver vender no prazo legal → então tem só uma
expectativa de direitos, é uma promessa unilateral
RETROVENDA PREEMPÇÃO
DIREITO POTESTATIVO DO É EXPECTATIVA DE DIREITOS → se o
VENDEDOR comprador for vender, o vendedor
tem preferência
Propriedade resolúvel Propriedade plena
Transferível a terceiros – causa mortis Direito personalíssimo – mera
ou inter vivos expectativa e NÃO TRANSFERE!!!!
Eficácia real → direito de sequela Eficácia obrigacional → perdas e
danos
PRAZO MÁXIMO DE 3 ANOS - 180 DIAS MÓVEL (3 DIAS)
- 2 ANOS IMÓVEL (60 DIAS)
PRAZOS
RETROCESSÃO.
Art. 519. Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública,
ou por interesse social, não tiver o destino para que se desapropriou, ou não
for utilizada em obras ou serviços públicos, caberá ao expropriado direito
de preferência, pelo preço atual da coisa.
É o poder público desapropriando um bem imóvel com decreto exproprietário
→ está interferindo em um direito fundamental de propriedade e lá vai ter a
motivação + indenização. Quando ele viola, faz a tredestinação ilícita, ele não
viola um direito obrigacional, ataca direito fundamental e a sequela é oriunda
desse direito fundamental (vou pegar de volta) → o terceiro sabe disso, ele
comprou sem a matrícula (porque expropriação cancela a matrícula e ele viu
isso quando registrou)
• TREDESTINAÇÃO LÍCITA (ex: era p/ hospital e fez escola)
Art. 526. Verificada a mora do comprador, poderá o vendedor mover contra ele
a competente ação de cobrança das prestações vencidas e vincendas e o mais
que lhe for devido; ou poderá recuperar a posse da coisa vendida.
Art. 527. Na segunda hipótese do artigo antecedente, é facultado ao vendedor
reter as prestações pagas até o necessário para cobrir a depreciação da coisa,
as despesas feitas e o mais que de direito lhe for devido. O excedente será
devolvido ao comprador; e o que faltar lhe será cobrado, tudo na forma da lei
processual.
* o mais que de direito lhe for devido
1ª - Questão:
João adquiriu de Cássio uma propriedade imóvel. As partes consignaram no contrato de compra e
venda a cláusula de preempção a ser exercida na forma da lei. Ocorre que, APÓS UM ANO DA
AQUISIÇÃO DO BEM, João vende o imóvel a Sandro sem conceder o direito de preferência a
cassio. Inconformado com o descumprimento da cláusula contratual, Cássio pretende depositar o
preço e adquirir a propriedade, assim como acontece no pacto de retrovenda (art. 505 do CC), na
venda da fração ideal de bem indivisível em condomínio (art. 504 do CC), bem como nos contratos
de locação (art. 33 da Lei nº 8245/91). Diante do que dispõe a lei e conforme a interpretação
sistemática, terá Cassio sucesso na sua investida? Responda fundamentadamente a questão.
Resposta:
* preempção ou preferência – prazo máximo de 2 anos e 60 dias para
manifestar
* a lei não garante o direito de sequela ou a eficácia real ao direito de
preempção ou cláusula de preferência. Cassio então só tem direito a perdas e
danos, nos termos do art. 518
2ª - Questão:
João propõe demanda de preferência em face de José e Pedro, na qual busca,
com fulcro no artigo 504 do Código Civil, o reconhecimento do seu direito de
preferência perante terceiros na compra de quinhão de bem imóvel que
titulariza em condomínio voluntário com o primeiro réu. Para tanto,
2ª - Questão:
comprova nos autos o depósito dos valores no mesmo montante que foi pago
pelo segundo demandado. Em contestação, os réus não negam o fato de a
preferência não ter sido dada ao autor, todavia sustentam que ele não teria
condições financeiras de efetuar o depósito em igualdade de condições com
terceiros interessados na coisa, tendo em vista o seu parco patrimônio
individual. Os réus noticiam que o depósito somente se fez possível em razão
de empréstimo contraído pelo autor junto a uma empresa de incorporação
imobiliária que não lhe exigiu qualquer garantia ou comprovação de renda para
a entrega do dinheiro. Afirmam, portanto, ter havido simulação e abuso do
direito de preferência por agirem em contrariedade à boa-fé objetiva e à
função social dos contratos, o que, por si só, no caso específico, afasta a regra
do artigo 504 do CC. Decida fundamentadamente a questão.
JURISPRUDÊNCIA
Exemplo: João celebrou contrato de promessa de compra e venda de um lote
de terreno com uma empresa (promitente-vendedora). João obrigou-se a
pagar o valor de R$ 96 mil, parcelados em 48 meses. Durante a vigência do
contrato, João já ficaria na posse do lote porque ali iria construir uma casa.
Depois de 1 ano pagando as parcelas, João perdeu seu emprego. Como não
mais iria conseguir adimplir as prestações, ele ajuizou ação de resilição
contratual requerendo o desfazimento do negócio com a restituição dos valores
que havia pagado. Vale ressaltar que a casa que João pretendia edificar nem
começou a ser construída no local. A empresa apresentou resposta
pedindo para que João fosse condenado ao pagamento de taxa de
ocupação pelo período de 1 ano que passou na posse do imóvel.
Não é devida a taxa de ocupação. No contrato de compra e venda de
imóveis residenciais, o enriquecimento sem causa do comprador é
identificado pela utilização do bem para sua moradia, a qual deveria
ser objeto de contraprestação mediante o pagamento de aluguéis ao
vendedor pelo tempo de permanência. Na presente hipótese, o terreno
não está edificado, de modo que não existe possibilidade segura e concreta de
se afirmar que a empresa auferiria proveito com a cessão de seu uso e posse a
terceiros, se não o tivesse concedido ao promitente-comprador, estando, pois,
ausente o requisito de seu empobrecimento. STJ. 3ª Turma. REsp 1936470-SP,
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 26/10/2021 (Info 718).
* NÃO TEM QUE PAGAR TAXA DE OCUPAÇÃO PORQUE NÃO AUFERIU
VANTAGEM NENHUMA. SÓ PAGA QUANDO E PELO USO
* RESILIÇÃO DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA: DEVOLVE O BEM E
DEVOLVE O QUE FOI PAGO
* QUANDO VAI SER DEVIDA A TAXA?
É devida a condenação ao pagamento de taxa de ocupação (aluguéis) pelo
período em que o comprador permanece na posse do bem imóvel, no caso de
rescisão do contrato de promessa de compra e venda, independentemente de
ter sido o vendedor quem deu causa ao desfazimento do negócio.
Ex: João e Pedro celebraram promessa de compra e venda de um
apartamento. Pedro (promitente comprador) estava morando no imóvel há 6
meses e pagando regularmente as prestações. Ocorre que o contrato foi
desfeito por culpa de João. Todo o valor pago por Pedro deverá ser devolvido,
assim como ele terá que ser indenizado pelas benfeitorias que realizou. Por
outro lado, Pedro terá que pagar taxa de ocupação (aluguel) pelos
meses em que morou no apartamento. O fundamento para isso não está
na culpa, mas sim na proibição do enriquecimento sem causa.
STJ. 3ª Turma. REsp 1613613-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado
em 12/06/2018 (Info 629).
CONTRATO DE LOCAÇÃO
- trouxe muitas discussões na pandemia e passou a ser mais explorado até em
prova de concurso
LEGISLAÇÃO BASE
- CC: art. 565 a 578
- Lei de locação (lei 8245/91)
- Lei de arrendamento rural
CONCEITO
- pode ser extraído do próprio art. 575
Art. 565. Na locação de coisas, uma das partes se obriga a ceder à outra, por
tempo determinado ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa
retribuição.
* bem fungível
* bem móvel (aplica o CC) ou imóvel (aplica a lei de locação)
* mediante retribuição: se não tiver, vira comodato
* prazo determinado ou não: geralmente tem prazo, mas não é uma regra
determinar
OBS:. A lei fala em COISAS → mas é porque antes era muito mais amplo, hoje
em dia é claro que falamos em bens
APLICAÇÃO LEGISLATIVA:
CLASSIFICAÇÃO
• CONTRATO TÍPICO
• BILATERAL
• CONSENSUAL: pode ser até mesmo de forma verbal, ainda que a
escrita seja mais segura
• NÃO SOLENE
• ONEROSO: se não tiver $ vira comodato
É a lei que regula locação de bem imóvel urbano → o art. 1º reforça isso e o
PU vem trazendo ressalvas dos casos em que não aplicamos essa lei e
aplicamos o CC ou outras leis especiais
PARTES DO CONTRATO
O locatário está usando a coisa e, logo, responde por ela (ex: barulho
excessivo) → E O LOCADOR? NÃO RESPONDE POR MAIS NADA? ele continua
com a legitimidade passiva para responder por eventuais danos relativos ao
uso de sua propriedade = ele tem posse indireta e tem responsabilidade
→ Ainda que não seja proprietário do imóvel, é parte legítima para propor ação
de despejo justamente por ser o locador (ex: promessa de compra e venda e
começo a pagar o imóvel, já estou com as chaves mas vejo que não consigo
morar e pagar → resolvo alugar para ganhar o $ = já sou locadora)
Aperfeiçoada a arrematação do imóvel locado pela lavratura e assinatura do respectivo auto (art. 694 do CPC), o ex-
proprietário não mais possui legitimidade ad causam para propor ação de despejo, visto que sub-rogados ao arrematante
todos os direitos que decorrem da locação, cuja aquisição não depende de forma especial prevista em lei. Precedente
citado: REsp 620.072-SP, DJ 3/10/2005. REsp 833.036-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 18/11/2010.
- vimos que a posição de locador e locatário não fica atrelada a propriedade e,
além disso, essas posições podem ser alteradas ao longo da relação
OBS:. O condômino não pode sozinho alugar parte comum (porque tem
somente a parte ideal) e só pode com o consentimento dos demais
(art.1314 PU)
ex: alugo sua loja (sou sua locatária), mas alugo uma sala para uma outra
pessoa → SUBLOCAÇÃO PARCIAL; alugo o imóvel inteiro e passo para um 3º
→ SUBLOCAÇÃO TOTAL
LOCAÇÃO DE BEM IMÓVEL URBANO: aplicação da lei 8245, mas essa locação
pode ser RESIDENCIAL OU NÃO RESIDENCIAL (EMPRESARIAL)
* não me interessa como é essa atividade econômica: se é atividade
empresária, atividade econômica organizada ou não (ex: pode ser clínica)
2ª - Questão:
Modelo Modas propôs ação renovatória de locação em face de Gabriel
Figueiredo. A autora aduz, em síntese, ser locatária de uma loja comercial da
ré desde os idos de 2008, e, ante a iminência do termo final do contrato,
sustenta que preenche os requisitos legais para a respectiva renovação, sob as
mesmas condições do negócio original, inclusive no que tange ao prazo de
doze anos de duração do contrato. Em defesa, afirma a demandada que não se
opôs à renovação do contrato, todavia impôs que deveria ser respeitado o
prazo máximo de cinco anos de prorrogação compulsória, o que não foi aceito
pela demandante. Assim sendo, como não houve o desejo de renovação pelo
prazo máximo por parte da locatária, a presente demanda deve ser julgada
improcedente.Decida fundamentadamente a questão.
* preenche todos os requisitos do art. 51 → a questão aqui é se cabe a
renovação e qual seria o prazo dessa renovação
- RESP 1990552
- Prazo máximo é de 5 anos
JURISPRUDÊNCIA:
na ação renovatória, o réu/locador pode pedir na contestação a fixação de
ALUGUEL PROVISÓRIO para começar a valer no novo contrato.
- Ex: o contrato de locação feito entre João e a Claro dizia que o valor dos
aluguéis seria de R$ 3 mil. Terminava em 31/12/2020 e a Claro ajuizou a ação
em 20/05/2020. Juiz fixou os aluguéis provisórios em 4 mil, valendo a partir
de 01/01/21. Em 31/08/2021, ou seja, 8 meses após o término do contrato
original, o juiz julgou o pedido parcialmente procedente determinando a
renovação, mas fixando o aluguel em R$ 6 mil
* durante esses 8 meses de 2021 o contrato continuou em vigor, sendo que,
como vimos, a Claro pagou aluguéis provisórios de R$ 4 mil;
* a sentença produz efeitos ex tunc, isto é, o novo aluguel é considerado
devido desde o primeiro dia imediatamente posterior ao fim do contrato
primitivo. Logo, o valor dos aluguéis a partir de 01/01/2021 deveria ter sido de
R$ 6 mil.
- QUANDO COMEÇA A CONTAR JUROS DE MORA DESSA DIFERENÇA? Se a
sentença fixou o prazo para pagamento, é partir desse prazo. Se não fixou, vai
precisar intimar para pagar → mora ex persona
O termo inicial dos juros de mora relativos às diferenças dos aluguéis vencidos
será a data para pagamento fixada na própria sentença transitada em julgado
(mora ex re) ou a data da intimação do devedor - prevista no art. 523 do
CPC/2015 - para pagamento no âmbito da fase de cumprimento de sentença
(mora ex persona). STJ. 3ª Turma. REsp 1.929.806-SP, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 07/12/2021 (Info 722).
Por que não se pode fixar o termo inicial dos juros na data da citação?
Na ação renovatória, a citação não tem o condão de constituir em mora o devedor, pois,
quando da sua ocorrência, ainda não é possível saber quem será o credor e quem será o
devedor das diferenças, se existentes, o que somente ocorrerá após o trânsito em julgado.
Além disso, no momento da citação, a dívida relativa às diferenças dos aluguéis, se
existente, é ainda ilíquida, pois somente com a prolação da sentença ou posterior
liquidação – se necessário – é que se estará diante de dívida certa, líquida e exigível.
No momento do ajuizamento da ação renovatória, dado o seu caráter dúplice, o locatário
sequer possui condições de antever se o valor por ele proposto para o novo aluguel será
acolhido ou se a contraproposta do locador é a que prevalecerá.
B. LOCAÇÃO RESIDENCIAL:
mas que tipo de residência?
• PARA TEMPORADA – art. 48 e 49: é para uma situação curta,
pequena e isso precisa estar ESCRITO NO CONTRATO (foge da regra de
que é para moradia)
◦ PRAZO MÁXIMO: 90 dias: não pode passar disso (eu posso
renovar várias vezes, mas nunca ultrapassando os 90 dias)
▪ se ultrapassar, vira contrato por moradia → PRAZO
INDETERMINADO
• PARA MORADIA:
◦ ESCRITO: quando maior ou igual a 30 meses (art. 46): depois
desse prazo o locador pode pedir o imóvel
◦ VERBAL: quando menor ou igual a 30 meses (art. 47)
◦
CONTRATO +30 MESES CONTRATO -30 MESES
ESCRITO VERBAL OU ESCRITO
Passou o prazo = RESOLVE Passou o prazo = PRORROGA
AUTOMATICAMENTE e se o locador AUTOMATICAMENTE por prazo
não pedir, vai prorrogar por prazo INDETERMINADO
INDETERMINADO
- POR QUE 30 MESES? Foi o tempo que o legislador entendeu como ok para
entender a intenção, se precisa ou não de maior proteção ao locatário
Art. 46. Nas locações ajustadas por escrito e por prazo igual ou superior a
trinta meses, a resolução do contrato ocorrerá findo o prazo estipulado,
independentemente de notificação ou aviso.
§ 1º findo o prazo ajustado, se o locatário continuar na posse do imóvel
alugado por mais de trinta dias sem oposição do locador, presumir - se - á
PRORROGADA A LOCAÇÃO POR PRAZO INDETERMINADO, mantidas as
demais cláusulas e condições do contrato.
§ 2º Ocorrendo a prorrogação, o locador poderá denunciar o contrato a
qualquer tempo, concedido o prazo de trinta dias para desocupação.
* SITUAÇÃO DO LOCADOR É MAIS BENÉFICA: passados 30 meses → prorroga
e o locador pode pedir a qualquer momento
JURISPRUDÊNCIA
A notificação premonitória é pressuposto processual para a ação de
despejo por denúncia vazia de contrato de locação por prazo
indeterminado
Antes que o locador ajuíze ação de despejo por denúncia vazia em caso de
locação por prazo indeterminado, é obrigatório que ele faça comunicação
dirigida ao locatário manifestando sua intenção na retomada do imóvel, nos
termos do art. 46, § 2º, da Lei nº 8.245/91:
Art. 46 (...) § 2º Ocorrendo a prorrogação, o locador poderá denunciar o
contrato a qualquer tempo, concedido o prazo de trinta dias para desocupação.
Isso é chamado de NOTIFICAÇÃO PREMONITÓRIA.
A finalidade da notificação premonitória é a de evitar que o locatário seja
surpreendido pelo ajuizamento da ação de despejo, o que ainda lhe poderá
acarretar o pagamento dos ônus sucumbenciais. Ao ser comunicado, ele
poderá procurar outro imóvel onde possa se instalar.
Caso a ação de despejo seja ajuizada sem essa prévia notificação, o processo
deverá ser extinto sem a resolução do mérito, por falta de condição essencial
ao seu normal desenvolvimento.
Exceção: é permitido ao locador ajuizar diretamente a ação de despejo,
dispensando a notificação prévia, desde que o ajuizamento ocorra nos 30
dias seguintes ao termo final do contrato. STJ. 3ª Turma. REsp
1812465/MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 12/05/2020 (Info 672).
JURISPRUDÊNCIA
BOA-FÉ MÁ-FÉ
NECESSÁRIA I+R I
ÚTIL I +R
VOLUPTUÁRIA L
SÚMULA 158
C. ALUGUEL
- é a contraprestação
1ª - Questão:
Mario propôs execução de título extrajudicial (contrato de locação) em face de
João, locatário, e de Ricardo, caucionante da relação locatícia. No curso da
1ª - Questão:
execução, como os valores devidos a título de aluguéis vencidos não foram pagos
pelas partes, o exequente requereu a penhora do único imóvel residencial de
Ricardo, tendo em vista ter sido ele dado em garantia da relação locatícia na forma
do artigo 37, I, da Lei nº 8.245/91.
O magistrado deferiu o pedido por entender que a caução do bem imóvel no
contrato de locação configura hipoteca, que é hipótese de exceção à regra de
impenhorabilidade, nos termos do artigo 3º, inciso V, da Lei nº. 8.009/90, ou
ainda por analogia ao disposto no inciso VII do mesmo dispositivo legal.
Decidiu corretamente o magistrado?
Responda, fundamentadamente, a pergunta.
* a lei do bem de família quebra esse direito quando dado em fiança, mas aqui
foi em caução → ele não assumiu a dívida pessoalmente, apenas deu um bem
em garantia
O imóvel se aplica porque não está na exceção do bem de família
Situações nulas de pleno direito porque violam o espírito da lei → ex: a lei
impõe a denúncia de denúncia cheia para proteger o locatário, então eu não
posso dispor que estamos abrindo mão disso
Art. 45. São nulas de pleno direito as cláusulas do contrato de locação que
visem a elidir os objetivos da presente lei, notadamente as que proíbam a
prorrogação prevista no art. 47, ou que afastem o direito à renovação, na
hipótese do art. 51, ou que imponham obrigações pecuniárias para tanto.
1ª - Questão:
Restaurante Bom Gosto propõe demanda indenizatória por danos materiais em
face de Polo Club. O autor aduz, em síntese, que é locatário de um espaço do
réu há 10 anos, onde explora seu ramo de comércio voltado para a
gastronomia. Ocorre que, com as medidas sanitárias impostas pelo governo
municipal em razão da pandemia da covid-19, teve que fechar seu
estabelecimento pelo prazo de seis meses (fase 1), sendo certo que, após esse
período, o retorno às atividades se daria de forma gradativa, o que somente
não veio a acontecer em razão de medida arbitrária atribuída pelo demandado,
que, por ser locador do imóvel, manteve a ordem de fechamento do
estabelecimento, sob o fundamento de que as atividades dos clubes
associativos somente retornariam após um ano do início do plano (fase 2).
Assim sendo, o fato de ficar fechado por mais seis meses do prazo estabelecido
pela prefeitura lhe trouxe sérios prejuízos de ordem econômica, pois, com os
demais restaurantes abertos, seu sistema de delivery caiu drasticamente. Por
1ª - Questão:
fim, o autor demostra e comprova que o seu estabelecimento, por mais que
estivesse situado dentro do clube, mantinha entrada e saída para a via pública,
não trazendo qualquer risco à saúde dos associados e dos frequentadores do
clube.
Em defesa, sustenta o demandado que apenas seguiu o plano de retorno
estabelecido pela prefeitura municipal para os clubes associativos.
Decida fundamentadamente a questão.
Locatário é um restaurante dentro do clube, tem acesso independente e ficou
fechado na pandemia → mas o restaurante teve liberação antes do clube e o
clube impediu a reabertura
* locador não poderia ter feito isso: já tava liberado pela prefeitura, tinha
entrada independente e a responsabilidade é do locatário
Art. 58. Ressalvados os casos previstos no parágrafo único do art. 1º, nas ações de
despejo, consignação em pagamento de aluguel e acessório da locação, revisionais de
aluguel e renovatórias de locação, observar - se - á o seguinte:
I - os processos tramitam durante as férias forenses e não se suspendem pela
superveniência delas;
II - é competente para conhecer e julgar tais ações o foro do lugar da situação do
imóvel, salvo se outro houver sido eleito no contrato;
III - o valor da causa corresponderá a doze meses de aluguel, ou, na hipótese do inciso II
do art. 47, a três salários vigentes por ocasião do ajuizamento;
IV - desde que autorizado no contrato, a citação, intimação ou notificação far - se - á
mediante correspondência com aviso de recebimento, ou, tratando - se de pessoa jurídica
ou firma individual, também mediante telex ou fac-símile , ou, ainda, sendo necessário,
pelas demais formas previstas no Código de Processo Civil;
V - os recursos interpostos contra as sentenças terão efeito somente devolutivo
1. CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO
2. REVISIONAL → desde que já tenha passado 3 anos do último ato que
“mexeu” no aluguel (seja contrato, termo, aditivo etc)
3. RENOVATÓRIA
LIMINAR NA AÇÃO DE DESPEJO (art. 59, §1º): a lei de locação criou uma
liminar objetiva em que não preciso analisar os requisitos convencionais (ex:
urgência etc) → tenho direito a liminar ainda sem ouvir a outra parte DESDE
QUE CAUCIONE 3 MESES DE ALUGUEL + FUNDAMENTOS DO §1º
* QUANDO? Nos casos previstos na lei
5. AÇÃO DE COBRANÇA
* posso cumular com o despejo ou não (posso só querer despejar porque ele
quebra o contrato desrespeitando o condomínio)
LOCAÇÃO DE BEM MÓVEL
* o CC replica as normas semelhantes da lei 8245/91 → vide art. 573, 574 e
571
* a diferença é que o registro vai ser no cartório de títulos e documentos, não
vai ser no RGI
JURISPRUDÊNCIA:
JURISPRUDÊNCIA
É devida indenização por lucros cessantes pelo período em que o
imóvel objeto de contrato de locação permaneceu indisponível para
uso, após sua devolução pelo locatário em condições precárias
O locatário tem a obrigação de restituir o bem ao locador no estado em que o
recebeu, ressalvadas as deteriorações decorrentes do seu uso normal.
Se houve uma deterioração anormal do bem, o locador terá o direito de exigir
do locatário indenização por perdas e danos.
Quando se fala em perdas e danos, deve-se interpretar isso de acordo com o
PRINCÍPIO DA REPARAÇÃO INTEGRAL, de maneira que a indenização deve
abranger tanto o desfalque efetivo e imediato no patrimônio do credor, como a
perda patrimonial futura.
Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e
danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o
que razoavelmente deixou de lucrar.
Desse modo, para além dos danos emergentes, a restituição do imóvel locado
em situação de deterioração enseja o pagamento de indenização por lucros
cessantes, pelo período em que o bem permaneceu indisponível para o
locador.
STJ. 3ª Turma. REsp 1919208/MA, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
20/04/2021 (Info 693).
JURISPRUDÊNCIA
O prazo para o fiador exonerar-se da fiança inicia-se do efetivo
conhecimento da sub-rogação, ainda que a ciência não ocorra pela
comunicação do locatário sub-rogado
O art. 12 da Lei nº 8.245/91 prevê que “em casos de separação de fato,
separação judicial, divórcio ou dissolução da união estável, a locação
residencial prosseguirá automaticamente com o cônjuge ou companheiro que
permanecer no imóvel.”
O § 1º do art. 12 afirma que o locatário sub-rogado deverá notificar o fiador,
informando sobre essa separação, a fim de que o fiador decida se deseja ou
não continuar com este encargo. Segundo o § 2º do art. 12, o fiador, depois
de ser notificado pelo sub-rogado, poderá, no prazo máximo de 30 dias,
informar ao locador que quer se exonerar das suas responsabilidades.
Suponhamos que o locatário sub-rogado não informou o fiador. O locador,
contudo, assumiu esse papel e notificou o fiador, comunicando que houve a
sub-rogação.
MESMO ASSIM O PRAZO DO FIADOR JÁ COMEÇOU A CORRER? O prazo
de 30 dias para que o fiador peça a sua exoneração começou a ser contado a
partir dessa notificação feita pelo locador?
SIM. O prazo para o fiador exonerar-se da fiança inicia-se do efetivo
conhecimento da sub-rogação, ainda que a ciência não ocorra pela
comunicação do locatário sub-rogado.
Apesar de o art. 12, § 2º, da Lei nº 8.245/91 afirmar que é o locatário original
que deverá fazer a notificação do fiador, é possível a relativização dessa
formalidade por meio da aplicação do princípio da instrumentalidade das
formas.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.510.503-ES, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel.
Acd. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/11/2019 (Info 660).
CONTRATO DE DOAÇÃO
CONCEITO
Trata-se de um negócio jurídico no qual uma pessoa (doador) transfere
gratuitamente do seu patrimônio para o de outra pessoa (donatário) bens ou
vantagens em caráter a princípio definitivo (ex de direitos → retrovenda)
CLASSIFICAÇÃO
A. CONTRATO UNILATERAL: só o doador que precisa transferir BENS ou
VANTAGENS para o patrimônio de outro
DOAÇÃO COM ENCARGO → não é visto como uma contraprestação e por isso
não é bilateral. Não tem movimentação patrimonial no acervo do doasor
QUAL A NATUREZA JURÍDICA DO ENCARGO? Um ônus – elemento
acidental do NJ (art. 136: o encargo não suspende a aquisição nem o exercício
do direito)
– evento FUTURO E INCERTO
– SUSPENSIVA: impede os efeitos do NJ (ex: venda
CONDIÇÃO
a contento) e não tem direito adquirido, só no
art. 125, CC
implemento da condição. INEFICÁCIA PENDENTE
• - RESOLUTIVA: o implemento resolve os efeitos (ex:
cláusula de retrovenda). Adquire o direito no NJ, mas
extingue na resolução.
• * se posta em NJ continuado, a resolução não
acarreta nos anteriores
→ EM TODAS PODE CONSERVAR O BEM!
- evento FUTURO E CERTO
TERMO
- INICIAL: suspende o exercício, mas não a aquisição
art. 131, CC
do direito → NÃO IMPEDE DIREITO ADQ.
- FINAL
ENCARGO - é um ônus associado de uma liberalidade
art. 136, CC
- NÃO CUMPRIMENTO: execução ou revogação
- não há suspensão da aquisição ou exercício do direito
ACEITE DA DOAÇÃO
A. ACEITAÇÃO EXPRESSA: o donatário afirma positivamente no
contrato
Art. 539. O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou
não a liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro
dele, a declaração, entender-se-á que aceitou, se a doação não for sujeita a
encargo.
PROMESSA DE DOAÇÃO
→ aqui é antes do contrato, estamos ainda na formação do contrato
Ponto 1: foi contrato verbal e ok, porque era objeto de pequeno valor (mas
isso fica subjetivo por conta do valor do animal)
Ponto 2 – art. 552: doador não é obrigado a pagar vício redibitório, evicção e
juros moratório. Com isso, não se fala em perdas e danos
Art. 552. O doador NÃO É OBRIGADO A PAGAR JUROS
MORATÓRIOS, NEM É SUJEITO ÀS CONSEQÜÊNCIAS DA EVICÇÃO OU
DO VÍCIO REDIBITÓRIO. Nas doações para casamento com certa e
determinada pessoa, o doador ficará sujeito à evicção, salvo convenção em
contrário.
ELEMENTOS DA DOAÇÃO
ex: remissão → uma pessoa tem crédito perante a outra de 100 mil e perdoa o
devedor. Faz um contrato de remissão (bilateral). POSSO DIZER QUE HOUVE
DOAÇÃO? Não, não há movimento patrimonial. O patrimônio do credor
continuou o mesmo e o devedor também
* mas e o que deixou de entrar? Não é analisado
MODALIDADES DA DOAÇÃO
CUIDADO: o art. 564, I pode induzir a erro. A doação pode ser pura ou
impura, mas pode ser que a remuneração “ultrapasse” o valor/serviço a ser
remunerado e esse excesso pode ser revogado
- QUAL O PROBLEMA? A lei fala que não revoga as PURAMENTE
REMUNERATÓRIAS, mas o que deve ser interpretado é que não revoga as
SIMPLESMENTE REMUNERATÓRIAS → o que transcende a remuneração pode
ser revogada
- ex: serviço do médico que salvou na rua ficou em 15 mil e eu doo um carro
de 20 mil → até o valor do serviço, 15 mil, a doação é remuneratória e o que
passa disso é pura, não tinha necessidade de doar algo superior. Faz porque
quer e é doação pura
DOAÇÃO AO NASCITURO.
Art. 542. A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu
representante legal.
MAS POR QUE NÃO FEZ ISSO NO NASCITURO SE DEPOIS ELE VAI SER
ABSOLUTAMENTE INCAPAZ? Foi falta de técnica legislativa
ADIANTAMENTO DA LEGÍTIMA
- aqui a lei leva ao direito sucessório
DOAÇÃO CONJUNTIVA
- doador quer agraciar mais de uma pessoa e se eu não constar como vai ser
dividido no contrato, fica como sendo divisão igual
EXPLICAÇÃO DO PU: doou em vida para casal, 50% para cada. Se um deles
morrer, a parte do que morreu vai para o outro → não vai para sucessão,
não vai para herdeiros etc.
Art. 554. A doação a entidade futura caducará se, em dois anos, esta não
estiver constituída regularmente.
Art. 547. o adoador pode estipular que os bens doados voltem ao seu
patrimonio, se sobreviver ao donatário.
Parágrafo único. Não prevalece cláusula de reversão em favor de terceiro
STJ fala que aqui o menos não é mais → a cláusula de inalienabilidade já induz
a existência de impenhorabilidade e a incomunicabilidade. Mas o contrário não
pode ser dito.
JURISPRUDÊNCIA
ex: João doou ao seu filho Pedro uma fazenda com cláusula de
incomunicabilidade e impenhorabilidade. João morreu e Pedro está com 80
anos, não consegue cuidar da fazenda e está sendo furtado diariamente
* PEDRO PODE CANCELAR ESSAS CLÁUSULAS? 1º e 2º grau negaram e o STJ
ressaltou que, embora a manutenção seja o melhor, o caso concreto pode
ensejar o cancelamento (ex: violação aos direitos do idoso, por exemplo)
* STJ então elencou critérios para o cancelamento
1ª - Questão:
Em um contrato de doação, o doador doou um imóvel ao donatário, todavia
impôs ao bem as cláusulas de incomunicabilidade e impenhorabilidade
devidamente averbadas junto à matrícula do imóvel.
Após o óbito do doador, o donatário por ser o proprietário do imóvel resolveu
vendê-lo a um terceiro, que inclusive já pagou o preço correspondente à coisa,
todavia não consegue realizar a transferência da propriedade, uma vez que o
oficial de registro nega o registro da transferência sob o fundamento de que
por mais que não tenha havido previsão da inalienabilidade ao imóvel no
contrato de doação, as cláusulas restritivas que incidem sobre a coisa são
indissociáveis, ante ainda o que dispõe o artigo 1911 do CC.
Está correta a decisão do oficial de registro?
Responda fundamentadamente a questão.
* ele não falou que não podia ser alienado, então o menos aqui não é mais
VEDAÇÕES À DOAÇÃO
A. DOAÇÃO UNIVERSAL
Art. 548. É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda
suficiente para a subsistência do doador.
• É muito comum, para fugir do inventário, fazer uma doação com
reserva de usufruto (ex: família tem só 1 apto e doa aos filhos) e a
doutrina e jurisprudência aceitam, ainda que acabe por ser doação
universal. A finalidade aqui foi preservada: eles vão ter a dignidade
preservada e pode até tirar renda desse usufruto
* quando morre, dá baixa no usufruto
C. DOAÇÃO INOFICIOSA
REVOGAÇÃO DA DOAÇÃO
Art. 561. No caso de homicídio doloso do doador, a ação caberá aos seus
herdeiros, exceto se aquele houver perdoado.
COMO PERDOAR SE MORREU? Ex: está no leito de more e perdoa → mas se
não for assim, os herdeiros podem entrar com a revogação, vão ter legitimiade
Art. 562. A doação onerosa pode ser revogada por inexecução do encargo, se o
donatário incorrer em mora. Não havendo prazo para o cumprimento, o doador
poderá notificar judicialmente o donatário, assinando-lhe prazo razoável para
que cumpra a obrigação assumida.
* STJ fala que aqui o prazo é de 10 anos
2ª - Questão:
Carlos doa para José um automóvel. Todavia no contrato de doação, restou consignado que o
donatário deveria cumprir um certo encargo. O donatário não cumpre o encargo e, notificado para
tanto, se mantém inerte.
No curso do prazo prescricional para a revogação da doação, o doador falece. Ato contínuo, os
herdeiros propõem demanda para extinguir a doação em razão do inadimplemento quanto ao
cumprimento do encargo, até porque, com a extinção do contrato, o bem passa a integrar os bens do
espólio, beneficiando os herdeiros do doador.
Em contestação, José não nega o descumprimento do encargo. Todavia sustenta pela ilegitimidade
passiva dos autores em propor a demanda, tendo em vista ser a mesma personalíssima, à luz do que
dispõe o artigo 560 do Código Civil.
2ª - Questão:
Decida, fundamentadamente, a questão.
* o STJ defende que a ação de revogação, ainda que por inexecução de
encargo, é personalíssima e, com a morte do doador, estar-se-a extinto o
direito em questão. Mas eles justificam por conta do art. 560 → que fala da
revogação por ingratidão
* há corrente doutrinária que defende e aplica o art. 205 – prazo prescricional
de 10 anos
CONTRATO DE FIANÇA
CONCEITO
A fiança é um contrato de natureza acessória pela qual se estabelece um tipo
de GARANTIA PESSOAL em que alguém (fiador) se obriga a uma prestação
de terceiro, caso este falte a sua prestação, na forma do art. 818 e seguintes
O CONTRATO É ESTIPULADO ENTRE O CREDOR E O FIADOR, não passa
ao crivo do devedor. É o credor querendo ampliar suas garantias de
recebimento
- o devedor tem que cumprir com a sua obrigação (should – débito)
Art. 820. Pode-se estipular a fiança, ainda que sem consentimento do
devedor ou contra a sua vontade.
- o que se quer proteger é o recebimento desta prestação = encontrado o
fiador, o CREDOR PODE RECUSAR O FIADOR OFERTADO na forma prevista
em lei → precisa justificar
ex: foi escolhido um fiador com patrimônio, mas é contrato de trato sucessivo
e nesse tempo o fiador perde todo o seu patrimônio, ficando insolvente →
AQUELA GARANTIA PERDE FORÇA E POR ISSO VAMOS INTIMAR O
DEVEDOR PARA REFORÇAR A GARANTIA, SOB PENA DE VENCIMENTO
ANTECIPADO
CLASSIFICAÇÃO
O fiador pode ter um tempo (ex: vai ser fiador por 2 anos) ou pode não ter
prazo → QUANDO TIVER FIANÇA SEM PRAZO É POSSÍVEL QUE O FIADOR SE
LIBERE DE SER FIADOR A QUALQUER TEMPO ENVIANDO UMA NOTIFICAÇÃO E
FICA RESPONSÁVEL PELOS PRÓXIMOS 60 DIAS E DEPOIS FICA LIVRE.
Art. 835. O fiador poderá exonerar-se da fiança que tiver assinado sem
limitação de tempo, sempre que lhe convier, ficando obrigado por todos os
efeitos da fiança, durante sessenta dias após a notificação do credor.
ESPÉCIES DE FIANÇA
1. FIANÇA CONVENCIONAL
É aquela oriunda da manifestação de vontade: o fiador se coloca como fiador
de outrem
- SUBFIANÇA: nada impede que seja pactuada uma subfiança, ou seja, vai vir
um outro fiador EM POSIÇÃO SUBSIDIÁRIA → É O ABONADOR e isso é
diferente de fiança conjunta
COMO FUNCIONA? O abonador afiança a fiança do fiador. O objeto da
subfiança é a fiança 1
ex: eu credor executei o fiador e ele não pagou, posso ir subsidiariamente no
subfiador buscar o pagamento → quando ele paga, se sub-roga nos direitos do
credor e pode cobrar o devedor (mas não tem relação entre ele e o fiador)
* é como se fosse um benefício de ordem
* isso caiu um pouco em desuso, mas não é proibido – se é difícil arrumar 1,
imagina 2
* o credor pode ir direto no outro fiador
- RETROFIANÇA: é o fiador conseguindo uma fiança para ele → ele sabe que
o devedor pode não o pagar e assim, arruma um fiador para ele
ex: tem o credor, devedor e o fiador e o fiador, sem que o credor ou devedor
saibam disso (mas se souber não tem problema), procura um fiador para ele
→ NÃO TEM RELAÇÃO ENTRE O CREDOR, DEVEDOR E O FIADOR DO FIADOR.
O devedor não paga, o fiador é executado e paga. Mas na hora de ir cobrar do
devedor, sabendo que não vai receber, procura o seu fiador → fiador 2
2. FIANÇA JUDICIAL
3. FIANÇA LEGAL
É a fiança por lei – a lei me garante aquela fiança. Não preciso estar em um
processo, basta preencher os requisitos da lei para ter essa fiança legal.
EFEITOS DA FIANÇA
Art. 827. O fiador demandado pelo pagamento da dívida tem direito a exigir,
ATÉ A CONTESTAÇÃO DA LIDE, que sejam primeiro executados os bens do
devedor.
Parágrafo único. O fiador que alegar o benefício de ordem, a que se refere este
artigo, deve nomear bens do devedor, sitos no mesmo município, livres
e desembargados, quantos bastem para solver o débito.
1ª - Questão:
Em um determinado contrato de fiança o fiador abdicou do benefício de ordem,
pois se colocou como solidário no cumprimento da prestação. Quando da data
convencionada para efetuar o pagamento, o credor exigiu do fiador o objeto da
prestação e este, em razão do que dispõe o artigo 828 do CC, cumpriu com o
obrigado. Ato contínuo, na forma do artigo 347, III (por entender ser terceiro
interessado) e do artigo 831 do Código Civil, cobra a dívida inteira do devedor
originário, que se recusa a pagá-la integralmente, pois sustenta que o fiador -
ao assumir a condição de devedor solidário - passa a integrar o polo passivo da
obrigação e, a partir de então, somente poderia exigir a cota-parte do valor
integramente pago, na forma do artigo 283 do CC.
A quem assiste razão, responda fundamentadamente a questão.
Ele não é solidário na dívida → se renunciou o benefício de ordem é solidário
ao devedor. Ele não é interessado na dívida, só garantiu → se subroga nos
direitos do credor e tem direito ao total inteiro
2. BENEFÍCIO DE DIVISÃO
- é trabalhado na fiança conjunta
ISSO NÃO É SUBFIANÇA → aqui também eles podem não se conhecer, o que
vai determinar é o instrumento jurídico falando da fiança conjunta, que é o
benefício da solidariedade
3. SUB-ROGAÇÃO:
O fiador se sub-roga nos direitos e ações do credor, MAS SÓ TEM SUB-
ROGAÇÃO SE O FIADOR PAGAR TUDO (ex: se era 100 e ele pagou 70, o
credor ainda não está satisfeito)
Na sub-rogação o fiador vai cobrar o que ele arcou junto ao credor (ex: juros
da mora, cláusula penal), mas também os prejuízos que experimentou em
razão do contrato de fiança
ex: fiador também não pagou e seu bem de família foi a leilão para pagar a
dívida. Precisou morar de aluguel e quem deu azo a isso foi o devedor → pode
cobrar esses prejuízos do credor
EXTINÇÃO DA FIANÇA
Art. 837. O fiador pode opor ao credor as exceções que lhe forem
pessoais, e as extintivas da obrigação que competem ao devedor
principal, se não provierem simplesmente de incapacidade pessoal, salvo o
caso do mútuo feito a pessoa menor.
Ex: o fiador tem um crédito perante o credor → pode opor a compensação;
ex²: prescrição, eventual pagamento – 2 parte do artigo
Obs.: o devedor tem uma compensação perante o credor, mas não faz. O
FIADOR PODE ALEGAR ESSA COMPENSAÇÃO? Em regra não porque é exceção
pessoal, mas pode fazer isso no benefício de ordem = vou mostrar ao juiz que
ele tem como pagar, tem um crédito a ser compensado
Art. 1.650. A decretação de invalidade dos atos praticados sem outorga, sem consentimento, ou sem
suprimento do juiz, só poderá ser demandada pelo cônjuge a quem cabia concedê-la, ou por seus
herdeiros.
STJ PENSA: vamos mitigar a súmula e proteger ambos que estavam de boa-fé
→ vai poder atacar o bem, mas 50% da meação (que é do cônjuge que estava
de boa-fé é protegido e o outro
e do que estava de má-fé fica com o credor → antes ficava tudo com o credor,
agora conseguimos proteger o conjuge que eatava de boafé
Tese 7: A fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia total
da garantia (Súmula n. 332/STJ), salvo se o fiador emitir declaração falsa, ocultando seu
estado civil de casado.
CONTRATO DE EMPRÉSTIMO
MÚTUO COMODATO
Coisas FUNGÍVEIS Coisas INFUNGÍVEIS
Finalidade: é o consumo da coisa Finalidade: uso – recebe a coisa
emprestada – o mutuário recebe a emprestada para usufruir e não para
coisa emprestada para consumir consumir
COMODATO LOCAÇÃO
É um contrato em regra gratuito → Há uma contraprestação (aluguel)
não há contraprestação pelo uso da pelo uso da coisa
coisa
CLASSIFICAÇÃO
1. CONTRATO REAL (art. 579, parte final)
O legislador, quando fala que perfaz com a tradição do objeto, diz que é real
ex: eu prometo que se a pessoa vier cursar direito no Rio eu empresto o meu
apartamento durante a faculdade. A pessoa vem e eu falo que não vou
emprestar mais e agora quero alugar. HÁ ALGUMA RESPONSABILIDADE NESSE
CASO? HAVERIA DE SE FALAR EM CONTRATO PRELIMINAR, PROMESSA
DE CONTRATO?
PROMESSA DE CONTRATO GRATUITO TEM FORÇA PARA VINCULAÇÃO
FORÇADA? SERIA QUEBRA DE TRATATIVA? Aqui a divergência cinge em
saber se nos contratos preliminares quando gratuitos ensejaram forca
vinculante para uma obrigação forçada:
DIREITOS DO COMODATÁRIO
DEVERES DO COMODATÁRIO
C. RESTITUIR A COISA
É o dever mais importante do comodatário: devolver a coisa. ELE SÓ SE
DESOBRIGA RESTITUINDO A COISA CERTA.
Art. 582. O comodatário é obrigado a conservar, como se sua própria
fora, a coisa emprestada, não podendo usá-la senão de acordo com o contrato
ou a natureza dela, sob pena de responder por perdas e danos. O comodatário
constituído em mora, além de por ela responder, pagará, até restituí-la, o
aluguel da coisa que for arbitrado pelo comodante.
- só se desobriga devolvendo a coisa
- COMODATÁRIO CONSTITUÍDO EM MORA RESPONDE PELA MORA
- se o comandatário não devolveu, passa a estar em mora e a responsabilidade
passa a ser objetiva (ex: veículo roubado – ele responde). Entra o art. 399
- comodatário passa a ter que pagar aluguel pelo tempo de atraso. MAS ESSE
ALUGUEL NÃO É AQUELE CONTRAPRESTAÇÃO: é ALUGUEL SANÇÃO, tem
natureza compensatória e punitiva
PODE TER JUROS? Sim, perfeitamente possível. Ele está em mora. O que vai
precisar ser visto aqui é se já foi ou não fixado (faz diferença porque se já, vai
desde o termo; se não, vai da citação – art. 405)
Art. 405. Contam-se os juros de mora desde a citação inicial.
DIREITOS DO COMODANTE
A. EXIGIR A RESTITUIÇÃO DA COISA
B. EXIGIR QUE O COMODATÁRIO ARQUE COM AS DESPESAS ORDINÁRIAS
COM A CONSERVAÇÃO, USO E GOZO DA COISA (art. 584)
C. EXIGIR ALUGUEL, NO CASO DE MORA DO COMODATÁRIO NA OBRIGAÇÃO
DE RESTITUIR
D. EXIGIR PERDAS E DANOS EM CASO DE INADIMPLEMENTO
*pode ter uma cláusula penal compensatória dizendo que no caso de
não conservação, etc será um valor X → nesse caso a mora terá liquidez
consegue ter juros desde o vencimento
DEVERES DO COMODANTE
A. REEMBOLSAR DESPESAS EXTRAORDINÁRIAS E URGENTES: isso é
excepcional, essas despesas podem vir a não ocorrer
B. INDENIZAR PELOS PREJUÍZOS DECORRENTES DOS VÍCIOS
DOLOSAMENTE OCULTADOS
MÚTUO
ONEROSO GRATUITO
vem dos juros que vão ser pagos
pelo empréstimo – devolve mais
do que recebeu (são juros
remuneratórios/compensatórios)
FENERATÍCIO BANCÁRIO Mera liberalidade
CIVIL
• Após o advento do CDC que diz que a oferta vincula e uma vez ofertada
já tem força de contrato (art.35) e pode exigir o cumprimento do
contrato. Essa corrente diz que o mútuo feneratício ou bancário
ofertado aos consumidores precisam ser reconfigurados, então a
doutrina reconfigura como CONSENSUAL, NO QUAL SE APERFEIÇOA
NO MOMENTO QUE ACEITA A OFERTA e não pela entrega;
BILATERAL (um se obriga a liberar o recurso e outro a devolver); e
oneroso porque tem juros
- VINCULA DESDE O ACEITE – por ser consensual, bilateral e oneroso
*interesses positivos → força execução
obs.: não tem como ser real e bilateral; ou consensual e unilateral no caso do
mútuo por conta de houver uma obrigação
- REVISÃO DE JUROS:
• O QUE É? É a remuneração ao credor em razão do uso do seu capital, é
um fruto civil
• COMPENSATÓRIOS: remuneram o credor pelo simples fato de ter
desfalcado o seu patrimônio
• MORATÓRIOS: tem natureza de indenização em razão da mora (ex:
tinha que pagar dia 10 e pago dia 12 – cabe juros de mora)
• RELAÇÕES CIVIS – art. 406: QUAL TAXA DE JUROS APLICAR? 2
correntes
• 1% ao mês - 12% ao ano – pode somar com índice de correção
SELIC 13,75% - não pode somar índice de correção (SELIC já é correção
+ juros)
CLASSIFICAÇÃO
1. REAL
2. UNILATERAL
3. GRATUITO OU ONEROSO
ELEMENTOS DO MÚTUO
1. SUBJETIVO
Aqui também temos uma RESTRIÇÃO DE ORDEM SUBJETIVA, mas aqui é
diferente = o empréstimo de coisas fungíveis e consumíveis feito a pessoa
menor sem autorização não pode ser reavido do mutuário. Gera uma
OBRIGAÇÃO NATURAL → pode ser paga, mas não exigida
* não gera enriquecimento sem causa? Não, a causa aqui está na lei
Art. 588. O mútuo feito a pessoa menor, sem prévia autorização daquele sob
cuja guarda estiver, não pode ser reavido nem do mutuário, nem de seus
fiadores.
- “NEM DOS FIADORES”: a regra dos contratos de fiança é que a invalidade
do contrato principal atinge a fiança, OBRIGAÇÕES NULAS NÃO SÃO
SUSCETÍVEIS DE FIANÇA (salvo no caso do menor) → mas se for mútuo a
menor não tem essa exceção, vai ser inválido também
* vira então uma OBRIGAÇÃO NATURAL → pode ser paga, mas não exigida
(igual na aposta)
DIREITOS DO MUTUÁRIO
A. USO, GOZO E DISPOSIÇÃO DA COISA → isso é decorrente do direito de
propriedade
DEVERES DO MUTUÁRIO
ALOCAÇÃO DE RISCO
Aqui muda a lógica do mútuo → aqui há transferência de propriedade e,
portanto, há deslocamento do risco.
O mutuário não pode falar que não vai cumprir com a sua prestação porque a
coisa pereceu → RES PERIT DOMNI e ele se obrigou a restituir em coisas do
mesmo gênero, qualidade e quantidade
Art. 587. Este empréstimo transfere o domínio da coisa emprestada ao
mutuário, por cuja conta correm todos os riscos dela desde a tradição.
- aqui tem uma inversão da lógica do risco porque a propriedade muda
ex: te emprestei o dinheiro e você foi assaltado → você que perdeu a coisa
COMODATO MÚTUO
COMODANTE QUE CORRE O RISCO MUTUÁRIO QUE CORRE O RISCO
DIREITOS DO MUTUANTE:
a) exigir que se lhe restitua coisa do mesmo gênero, quantidade e qualidade;
b) havendo previsão expressa ou sendo o mútuo para fins econômicos,
tem direito de exigir juros.
DEVERES DO MUTUANTE
EXTINÇÃO DO MÚTUO
CONTRATO DE DEPÓSITO
CONCEITO:
Contrato de GUARDA OU CUSTÓDIA DE COISAS MÓVEIS, que admite a FORMA
GRATUITA OU ONEROSA (art. 627 e 628)
- ex: estacionamento é contrato de depósito remunerado
CLASSIFICAÇÃO
A. IMPRÓPRIO OU IRREGULAR: coisa fungível, é a lógica do mútuo (ex:
quando deposito o dinheiro na conta-corrente o dinheiro é emprestado ao
banco e ele pode usar como quiser → é um mútuo e por isso a lei manda
aplicar as regras do mútuo)
* essa distinção era relevante quando era possível a prisão civil do depositário
infiel, precisava ser depósito efetivo
* sempre que a obrigação for de devolver a coisa do mesmo gênero, qualidade
e quantidade, podendo ser consumida, vai ser empréstimo
POR QUE A PROVA POR ESCRITO? Porque o depositário podia ser preso,
precisava de uma prova robusta, não valia a prova testemunhal. Hoje em dia
não tem mais a prisão, mas o requisito da prova escrita continua
- é questão probatória e não de validade!!! se as 2 partem concordam da
existência do contrato, não há problema
CLASSIFICAÇÃO
1. CONTRATO REAL: (ART. 627) – com a entrega
2. UNILATERAL, BILATERAL IMPERFEITO OU BILATERAL
UNILATERAL: é o gratuito
BILATERAL IMPERFEITO: guardei e era para ser de graça, mas tiver
despesa e agora ele passa a ser oneroso (ver a questão do pet que fica comigo
e tem despesa)
BILATERAL: deixo as coisas e pago por isso
3. GRATUITO OU ONEROSO
4. INTUITO PERSONAE – art. 460: em regra é intuito personae porque eu
escolho o depositário a guardar e ele não pode passar sua função contratual
para um terceiro
- existe uma pessoalidade e por isso, se o depositário ficar incapaz (ex: sofreu
avc), o contrato cessa e a coisa pode ser devolvida ao depositante
- mas isso não é sempre, depende do caso (ex: pode mudar o manobrista do
estacionamento e não mudar nada no meu contrato)
DIREITOS DO DEPOSITÁRIO
A. RESSARCIMENTO DE TODAS AS DESPESAS COM A CONSERVAÇÃO E
DOS PREJUÍZOS DA GUARDA (aqui ele não usa, só guarda) – ex: despesas
com o pet que estava comigo
DEVERES DO DEPOSITÁRIO
A. GUARDAR E CONSERVAR A COISA COMO SE FOSSE SUA
B. RESTITUIR A COISA E OS FRUTOS
C. NÃO ENTREGAR A OUTREM SEM AUTORIZAÇÃO
DIREITOS DO DEPOSITANTE
a) Exigir a restituição da coisa e dos frutos;
b)Exigir indenização pela perda ou deterioração culposa da coisa;
c) Exigir indenização se a coisa for confiada a terceiro não autorizado (art.640)
– caráter pessoal do depósito
DEVERES DO DEPOSITANTE
a) Reembolsar as despesas e os prejuízos decorrentes da guarda;
b) Pagar o preço pela guarda, quando for oneroso.
EXTINÇÃO DO DEPÓSITO
a) Pelo advento do termo, quando houver prazo determinado;
b) Por iniciativa do Depositante que poderá exigir a restituição antes de findo o
prazo (art. 633) – o depositante pode exigir a qualquer tempo
c) Pelo perecimento da coisa depositada;
d) Pela incapacidade do depositário (art. 641);
e) Pela morte do depositário (ver art. 637)
1ª - Questão:
José, portando contrato escrito de comodato, ajuíza ação de imissão de posse em face de Manoel em
razão deste não ter realizado a tradição do imóvel voluntariamente. É cabível a referida pretensão ?
2ª - Questão:
João propõe demanda de extinção de comodato e arbitramento de aluguel em face de Antônio,
Ricardo e Luiz. O autor aduz, em síntese, que é proprietário, assim como os demandados, do bem
imóvel que estes utilizam para executar os seus ofícios. O demandante sustenta que foi firmado com
os réus contrato de comodato por prazo indeterminado. Todavia pretende, assim como os demais,
utilizar o imóvel para também exercer sua profissão, tudo conforme regimento interno, que precisa
ser elaborado para a caracterização do uso exclusivo sobre a coisa.
Em defesa, sustentam os demandados ser vedado ao autor, na condição de condômino minoritário,
requerer a extinção do contrato de comodato em desacordo com a maioria, a fim de postular o
arbitramento de aluguéis. Afirmam ainda que, independentemente do direito de copropriedade do
autor e da sua vontade, os demandados podem decidir acerca da destinação do bem comum mantido
em condomínio justamente por serem maioria. Por fim, e de forma subsidiária, aduzem inexistir
denúncia do contrato de comodato antes do ajuizamento da demanda, o que também ensejaria o
afastamento do arbitramento de aluguéis ora pleiteado.
Decida fundamentadamente a questão.
CONTRATO DE MANDATO
CONCEITO:
Art. 653. Opera -se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes
para, EM SEU NOME, praticar atos ou administrar interesses. A procuração é
o instrumento do mandato
- a procuração é forma de representar o mandato → O CONTRATO É O
MANDATO E A PROCURAÇÃO O QUE REPRESENTA
ELEMENTOS DO MANDATO:
A. ELEMENTOS SUBJETIVOS:
Art. 71 CPC. O incapaz será representado ou assistido por seus pais, por tutor
ou por curador, na forma da lei.
ELEMENTOS DO MANDATO:
MANDATÁRIO:
Art. 666. O maior de dezesseis e menor de dezoito anos não emancipado pode
ser mandatário, mas o mandante não tem ação contra ele senão de
conformidade com as regras gerais, aplicáveis às obrigações contraídas por
menores.
Art. 181. Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a
um incapaz, se não provar que reverteu em proveito dele a importância paga.
- O RELATIVAMENTE INCAPAZ PODE SER NOMEADO COMO
MANDATÁRIO, entretanto existe uma responsabilidade atenuada
ex: outorguei para o meu filho de 16 anos ser meu procurador → você assume
uma certa falha → se não agiu de má-fé a responsabilidade pode ser afastada
(para os outros a simples culpa gera responsabilidade)
PLURALIDADE DE MANDANTES:
E SE TIVER VÁRIOS MANDANTES?
Art. 680. Se o mandato for outorgado por duas ou mais pessoas, e para
negócio comum, cada uma ficará solidariamente responsável ao
mandatário por todos os compromissos e efeitos do mandato, salvo
direito regressivo, pelas quantias que pagar, contra os outros mandantes.
- todos são solidariamente responsável
ex: mandatário tem direito à remuneração; teve despesas → TODOS OS
MANDANTES SÃO SOLIDARIAMENTE RESPONSÁVEL PELO REEMBOLSO
(tendo direito de regresso depois)
ELEMENTOS DO MANDATO:
• REPRESENTAÇÃO:
É UM ELEMENTO ESSENCIAL DO CONTRATO? TODO MANDATÁRIO É
OBRIGATORIAMENTE REPRESENTANTE DO MANDANTE?
- Tem impacto em 2 artigos: CLÁUSULA EM CAUSA PRÓPRIA
Divergência doutrinária:
• Autores como Pontes de Miranda, Orlando Gomes e Arnoldo Wald, defendem
que o legislador abriu espaço para o Mandato sem representação, por força do
disposto no art. 663 e 685 – MANDATO EM CAUSA PRÓPRIA
Art. 685. Conferido o mandato com a cláusula "em causa própria", a sua
revogação não terá eficácia, nem se extinguirá pela morte de qualquer das
partes, ficando o mandatário dispensado de prestar contas, e podendo
transferir para si os bens móveis ou imóveis objeto do mandato, obedecidas as
formalidades legais.
- aqui não tem representação
ex: mudei para o ES e quero vender meu AP aqui no Rio. Entro em contrato
com a Nicole e outorgo uma procuração dando poderes para ela realizar todos
os atos necessários para a venda (É POR INSTRUMENTO PÚBLICO O
MANDATO). Quero vender por 1 milhão e meio. Ela se interessa pelo imóvel e
acha que fica com ele se não conseguir vender por um preço alto já que ela
recebe comissão → A MELHOR FORMA É FAZER PROMESSA DE COMPRA E
VENDA COM ELA E OUTORGAR UM MANDATO PARA QUE ELA FAÇA O QUE
QUISER → ela pega um mandato e tenta vender, ela então celebra a venda por
1 milhão 800 – nesse caso quem é o vendedor sou eu. Mas lá tem que estar
em causa própria e ela que vai declarar esse bem por 1 milhão 800 e vai ter
ter um lucro de 300 mil → isso é para eu não ser tributado além.
Mas se ela não consegue vender, ela resolve comprar → eu sou o vendedor,
mas ela tá agindo em meu nome (vai ser de Nicole para Nicole) → é uma
hipótese cujo efeito é de um contrato consigo mesmo – ela está ratificando
- no art.685 não existe representação propriamente dito pois o interesse é dela
SE ELA QUISESSE DOAR PODERIA? (ex: passar para o filho dela) SIM, ela
agiria em nome próprio
SUBSTABELECIMENTO:
Quando o mandato é para fins de presentação existe uma relação de
confiança, então o mandatário escolhido não poderia via de regra transferir o
poder a terceiros.
Mas é comum vermos eles substabelecerem.
COMO FUNCIONA A CADEIA DE RESPONSABILIDADE NESSE CASO?
Art. 667. O mandatário é obrigado a aplicar toda sua diligência habitual na
execução do mandato, e a indenizar qualquer prejuízo causado por culpa sua
ou daquele a quem substabelecer, sem autorização, poderes que devia exercer
pessoalmente.
- a diligência habitual dele e não do homem médio (em concreto)
§ 4o Sendo omissa a procuração quanto ao substabelecimento, o procurador
será responsável se o substabelecido proceder culposamente.
- omisso quanto a poder ou não substabelecer
- se ele falha culposamente eu respondo SOLIDÁRIA E OBJETIVA → não
importa se ele foi bom ou mal pois a procuração é omissa
SUBSTABELECIMENTO SEM CONTRATO OMISSO
AUTORIZAÇÃO
SE TORNA SOLIDARIAMENTE RESPONDO POR CULPA DO
RESPONSÁVEL – se ele falha eu SUBSTABELECIDO →
solidariamente respondo responsabilidade subjetiva
SUBSTABELECENTE: solidariamente
independente de culpa própria – por
culpa do substabelecido
FUI PROIBIDO Respondo pelo risco mesmo se não
tiver tido culpa o substabelecido
FUI AUTORIZADO Responsabilidade Subjetiva para os dois
na medida da culpabilidade
- só se eu concorri culposamente
Art. 658. O mandato presume-se gratuito quando não houver sido estipulada
retribuição, exceto se o seu objeto corresponder ao daqueles que o mandatário
trata por ofício ou profissão lucrativa. Parágrafo único. Se o mandato for
oneroso, caberá ao mandatário a retribuição prevista em lei ou no contrato.
Sendo estes omissos, será ela determinada pelos usos do lugar, ou, na falta
destes, por arbitramento. Art. 676. É obrigado o mandante a pagar ao
mandatário a remuneração ajustada e as despesas da execução do mandato,
ainda que o negócio não surta o esperado efeito, salvo tendo o mandatário
culpa.
OBRIGAÇÕES DO MANDATÁRIO:
1) Atuar com diligência (art. 667, caput);
2) Não substabelecer sem autorização (art. 667);
3) Prestar contas (art. 668) e restituir os valores pertencentes ao Mandante,
sob pena de pagar juros desde quando praticou o abuso (art. 670);
4) Indenizar os prejuízos que causar (responsabilidade subjetiva), sem direito
a compensação com os lucros que gerou (art. 669)
5) Em caso de morte do Mandante, deverá concluir negócio iniciado para evitar
dano iminente (art. 674) → SÓ PODE FAZER PARA EVITAR DANOS IMINENTES
DIREITO DE RETENÇÃO :
2ª - Questão:
Gustavo estipula com Sérgio contrato de mandato oneroso para que este venda alguns cavalos de
sua propriedade. Para tanto Gustavo lhe cede a posse da fazenda na qual se encontram os cavalos.
Vendido os cavalos, o produto da venda é depositado na conta-corrente do mandante. Este por sua
vez reembolsa o mandatário de todas as despesas geradas pelo desempenho do encargo que o
mandato despendeu. Ocorre que, além das despesas regulares em razão do encargo, o mandante se
comprometeu a pagar a Sérgio o montante de R$ 10.000,00 (dez mil reais) pelos serviços prestados,
o que não aconteceu.
Diante do exposto poderá Sérgio, em razão do inadimplemento quanto à obrigação de pagar, exercer
direito de retenção sobre a fazenda de titularidade de Gustavo da qual tem a posse? Responda
fundamentadamente a questão.
Resposta:
Art. 681. O mandatário tem sobre a coisa de que tenha a posse em virtude
do mandato, direito de retenção, até se reembolsar do que no desempenho
do encargo despendeu.
QUAL A COISA QUE ELE TEM A POSSE EM VIRTUDE DO MANDATO – no
caso aqui é a fazenda
Para a solução do caso: não tem nenhum julgado (porque quando a pessoa
não paga, ela não paga nada, aí dá para exercer direito de retenção)
RETENÇÃO CABE POR QUALQUER INADIMPLEMENTO – dentro da lógica
da exceção do contrato não cumprido
Resp 1.742.246
QUAL A SOLUÇÃO? Ele tinha autorização e ele substabeleceu com reservas –
nesse caso só responde se tivesse culpa na escolha ou no próprio ato
1ª - Questão:
José, portando contrato escrito de comodato, ajuíza ação de imissão de posse
em face de Manoel em razão deste não ter realizado a tradição do imóvel
voluntariamente. É cabível a referida pretensão ?
Resposta:
- Depende da corrente que adotar
- se for gratuito, é uma promessa e depende daquelas 3 correntes
CONCEITO
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS é uma atividade humana física ou intelectual,
mediante remuneração, com independência técnica e sem subordinação
Nesse conceito já tem a diferenciação entre a relação de trabalho e prestação
de serviços (o que na prática acaba ficando difícil de diferenciar, por isso
sempre precisamos ver se há subordinação ou uma independência técnica do
prestador)
Definido que é uma prestação de serviços isso afeta primeiramente na
competência de quem vai apreciar aquele contrato (JC x JT); quem é a parte
vulnerável (na relação de trabalho é o empregado e na prestação é o tomador
do serviço)
- ex: bradesco contratou jardineiro para aparar a grama – quem é a parte
vulnerável nessa relação? Ele não foi contratado como empregado do banco,
foi para AQUELE caso, como prestador e, portanto, sem subordinação e com
independência técnica, ele sabe como e o que fazer. Por isso banco é a parte
vulnerável nessa relação
CLASSIFICAÇÃO
A. BILATERAL: ambas as partes têm o dever de prestar
B. ONEROSO: a contraprestação precisa ser em ESPÉCIE (se houver permuta,
vai ser contrato de permuta, com outro regramento)
- é muito importante identificar se é oneroso ou não porque temos contratos
excessivamente oneroso e outros sem onerosidade e isso pode mudar o tipo de
contrato (ex: locação se tirar o aluguel vira comodato)
- isso impacta também na responsabilidade → a responsabilidade por culpa
para ambas as partes ocorre nos contratos bilaterais onerosos, enquanto nos
unilaterais gratuitos só ocorre com dolo
SERVIÇO PÚBLICO NÃO VIRA RELAÇÃO DE CONSUMO POR NÃO SER
REMUNERADO. Há custeio, mas esse custeio é difuso e isso afasta a
identificação de quem está prestando e contraprestando aquele serviço
PESSOAS COM GRATUIDADE DE TRANSPORTE PÚBLICO SÃO
CONSUMIDORES: a gratuidade não faz com que o CDC seja afastado, a
pessoa não está pagando, mas há outra pessoa custeando por trás → o
contrato não é universal e nem gratuito
Art. 596. Não se tendo estipulado, nem chegado a acordo as partes, fixar-se-á
por arbitramento a retribuição, segundo o costume do lugar, o tempo de
serviço e sua qualidade.
- POR QUE O ART. 596 EXISTE? se o contrato é oneroso e exige a
contraprestação, se não fixar a contraprestação, está faltando um elemento
essencial e o juiz pode arbitrar
Art. 597. A retribuição pagar-se-á depois de prestado o serviço, se, por
convenção, ou costume, não houver de ser adiantada, ou paga em prestações
→ COMPENSAÇÃO DA AUSÊNCIA DE HABILITAÇÃO: o CC/02 veio prestigiando
tanto o enriquecimento sem causa e a boa-fé
Art. 606. Se o serviço for prestado por quem não possua título de habilitação,
ou não satisfaça requisitos outros estabelecidos em lei, não poderá quem os
prestou cobrar a retribuição normalmente correspondente ao trabalho
executado. Mas se deste resultar benefício para a outra parte, o juiz atribuirá a
quem o prestou uma compensação razoável, desde que tenha agido com boa-
fé.
* BOA-FÉ DO PRESTADOR + BENEFÍCIO PARA O TOMADOR
Parágrafo único. Não se aplica a segunda parte deste artigo, quando a
proibição da prestação de serviço resultar de LEI DE ORDEM PÚBLICA
- “LEI DE ORDEM PÚBLICA” aqui acabou ficando um conceito aberto, o que
seria? Pablo Stolze abre a discussão de, será que a exigência constitucional de
concurso seria ordem pública? Habilitação da OAB, CRM ou CREA? → é
conceito aberto
C. TEMPORÁRIO: o art. 598 deixa expresso que tem que ter o prazo e a lei
estipula o prazo máximo
Art. 598. A prestação de serviço não se poderá convencionar por MAIS DE
QUATRO ANOS, embora o contrato tenha por causa o pagamento de dívida
de quem o presta, ou se destine à execução de certa e determinada obra.
Neste caso, decorridos quatro anos, dar-se-á por findo o contrato, ainda que
não concluída a obra.
- SE TIVER PRAZO MAIOR O CONTRATO É NULO? Não, só a cláusula
- PODEM RENOVAR. Por isso não é a habitualidade que diferencia a prestação
de serviços do contrato de trabalho (ex: escritório que presta há anos
consultoria jurídica para uma empresa → não é empregado)
PRAZO INDETERMINADO: o Pablo Stolze faz a ressalva de ser possível,
embora o art. 598 imponha o prazo de 04 anos. Mas, sendo de prazo
indeterminado, CABE RESILIÇÃO UNILATERAL, DESDE QUE COM AVISO
PRÉVIO
Art. 600. Não se conta no prazo do contrato o tempo em que o prestador de
serviço, por culpa sua, deixou de servir.
- é óbvio que se o prestador está em mora o tempo não vai contar-se-á
ex: contrato você como meu consultor presencial por 6 meses. Se você fica 6
meses fora do país para tratar de assuntos pessoais não vai contar (foi por
culpa sua), mas se for por questão de saúde, por exemplo, conta
EXTINÇÃO DO CONTRATO
• CAUSA SUPERVENIENTE:
◦ resilição unilateral
◦ resolução
◦ morte do contratante
OBJETO
O objeto do contrato de prestação de serviços é sempre ATIVIDADE HUMANA
LÍCITA: seja manual ou intelectual (o art. 594 fala isso)
A regra é que seja para atividade certa e determinada, mas nada impede que:
Art. 601. Não sendo o prestador de serviço contratado para certo e
determinado trabalho, entender-se-á que se obrigou a todo e qualquer
serviço compatível com as suas forças e condições
- ex: escritório de adv. é contratado para o setor jurídico de uma empresa →
tudo que for inerente a essa atividade vai estar incluído no “pacote”
INDENIZAÇÃO PELA EXTINÇÃO ANTECIPADA
Via de regra o contrato é de prazo determinado (4 anos), mas vimos que pode
ser também por prazo indeterminado. Sendo determinado, há expectativa de
que aquela relação vai durar por certo tempo e, caso haja a resilição unilateral,
terá perdas e danos
Art. 599. Não havendo prazo estipulado, nem se podendo inferir da natureza
do contrato, ou do costume do lugar, qualquer das partes, a seu arbítrio,
mediante prévio aviso, pode resolver o contrato.
Parágrafo único. Dar-se-á o aviso:
I - com antecedência de oito dias, se o salário se houver fixado por tempo de
um mês, ou mais;
II - com antecipação de quatro dias, se o salário se tiver ajustado por semana,
ou quinzena;
III - de véspera, quando se tenha contratado por menos de sete dias.
Art. 601. Não sendo o prestador de serviço contratado para certo e
determinado trabalho, entender-se-á que se obrigou a todo e qualquer serviço
compatível com as suas forças e condições.
Art. 602. O prestador de serviço contratado por tempo certo, ou por obra
determinada, não se pode ausentar, ou despedir, sem justa causa, antes de
preenchido o tempo, ou concluída a obra.
Parágrafo único. Se se despedir sem justa causa, terá direito à retribuição
vencida, mas responderá por perdas e danos. O mesmo dar-se-á, se despedido
por justa causa.
- isso remete ao contrato de trabalho – não vemos isso de justa causa nos
outros contratos
- “SE SE DESPEDIR SEM JUSTA CAUSA”: se descumprir o contrato
RESPONSABILIDADE CONTRATUAL
Art. 603
* é a INDENIZAÇÃO TARIFADA.
2ª - Questão:
Daniel Souza propõe demanda de obrigação de fazer cumulada com pedido de danos morais em
face da Companhia de Águas Nascente. Aduz, em síntese, que mesmo com o pagamento em dia das
contas referentes ao serviço de água prestado pela ré, teve o abastecimento de sua residência
interrompido.
Diante do exposto, requer o demandante que a demandada, no prazo de 24 horas, religue o sistema
de abastecimento para o seu imóvel, bem como seja indenizado pelos danos morais que sofreu em
razão da falta de água em sua residência.
Em defesa, argui a demandada a exceptio non adimpleti contractus, uma vez que, apesar de o
demandante ter pago pelos últimos seis meses de prestação de serviço de abastecimento de água,
encontra-se inadimplente quanto aos meses de janeiro a agosto de 2014, conforme documentos em
anexo. Daí porque ser legítima a interrupção no serviço de água da residência do autor.Decida
fundamentadamente a questão.
* NÃO PODE INTERROMPER POR DÉBITOS PRETÉRITOS, MAS POR QUE? Pode
estar ligado ao dever de mitigar a própria perda → deixou passar e
supostamente concordou com aquilo, foi supressio em relação a coação
CONTRATO DE EMPREITADA
CONCEITO
PRESCRICIONAL DECADENCIAL
Surge com a VIOLAÇÃO DO Surge quando a lei ou contrato
DIREITO MATERIAL → surge a estipula o prazo para eu EXERCER
pretensão: poder de exigir o meu AQUELE DIREITO POTESTATIVO
direito
SENTENÇA CONDENATÓRIA CONSTITUTIVA/DESCONSTITUTIVA
• SEGURANÇA
EMPREITEIRO INCORPORADOR
Não é necessariamente ligado ao Previsto na lei de condomínios e a
empreendimento imobiliário → é uma função é a mais ampla: é o grande
peça do jogo do incorporador administrador de empreendimento
imobiliário
O QUE DIZ A LEI DO BEM DE FAMÍLIA? Não posso penhorar o bem de família.
Pelo direito civil constitucional conseguimos identificar o fundamento para essa
norma? Não, a CF não garante o direito a ter uma propriedade
* o prof. critica um pouco essa interferência
CONTRATO DE SEGURO
- também é um CONTRATO DE DENSIDADE SOCIAL e por isso temos um
grande dirigismo contratual: art. 757 do CC; DL 73/66, SUSEP E CDC
CONCEITO
Art. 757. Pelo contrato de seguro, o segurador se obriga, mediante o
pagamento do prêmio, a garantir interesse legítimo do segurado, relativo a
pessoa ou a coisa, contra riscos predeterminados.
Parágrafo único. Somente pode ser parte, no contrato de seguro, como
segurador, entidade para tal fim legalmente autorizada.
ELEMENTOS:
É preciso que haja INTERESSE LEGÍTIMO (sob pena de o contrato ter vício
de objeto e ser nulo): é o bem sobre o qual recai a garantia
COMO É CALCULADO ESSE RISCO SOBRE O INTERESSE? Através de
informações que são trocadas entre o segurador e segurado → o quanto vale o
risco (ex: seguro de carro = quem vai dirigir, cidade onde mora etc)
• RISCO PRÉ-DETERMINADO: é o antecipado
Art. 764. Salvo disposição especial, o fato de se não ter verificado o risco, em
previsão do qual se faz o seguro, não exime o segurado de pagar o prêmio.
PRÊMIO: é o valor a ser pago pelo segurado para que a seguradora, em tese,
garantir o risco (basta garantir o risco para cumprir a obrigação)
PRINCÍPIOS
1. PRINCÍPIO DA MUTUALIDADE: há formação de um fundo mutuário que
vai proceder a análise do sinistro
- o segurado vai pagar o FUNDO SECURITÁRIO, a seguradora é gestora desse
fundo. COMO ELA SE REMUNERA? Através de uma comissão que ela cobra pela
gestão desse fundo
- esses pagamentos indenizatórios não saem do bolso da seguradora (ela é
gestora desse fundo), sai do fundo
- há necessidade de a gestora PROCEDER A ANÁLISE DO SINISTRO
* ex: meu carro foi furtado. Comunico a seguradora e ela vai ser chata: a
função dela é gerir o fundo, se ela faz um pagamento que não tem conexão
com apólice e sem investigação devida o dinheiro vai ter que sair dela, ela vai
ter que “ressarcir” o fundo ou até perder a gestão do fundo
Art. 759. A emissão da apólice deverá ser precedida de proposta escrita com
a declaração dos elementos essenciais do interesse a ser garantido e do risco.
BOA-FÉ QUALIFICADA
A boa-fé aqui ganha uma relevância maior e por isso é chamada de boa-fé
qualificada. POR QUE ISSO? Em razão de 2 situações que geram o
desequilíbrio do contrato
INFORMAÇÃO IMPRECISA NO MOMENTO DA CONTRATAÇÃO
AGRAVAMENTO DO RISCO
Art. 763. Não terá direito a indenização o segurado que estiver em mora no
pagamento do prêmio, se ocorrer o sinistro antes de sua purgação
- COMO DEVE SER INTERPRETADO O ART. 763? se for uma mora pontual,
simples atraso, não tem problema, recebe a indenização (que pode inclusive
ser compensada com o valor em aberto) → tem boa-fé qualificada. Mas se for
uma mora habitual, pode perder
RESP 986747/RN
ESPÉCIES DE SEGURO
- tenho basicamente 2 naturezas: SEGURO DE DANO x SEGURO PESSOAL
§ 3o Em três anos:
IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro
prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório.
2. SEGURO DE DANO
- seguro é garantia de risco, não é investimento e por isso não pode receber
mais do que foi combinado na aposta
Art. 778. Nos seguros de dano, a garantia prometida não pode ultrapassar o
valor do interesse segurado no momento da conclusão do contrato, sob pena
do disposto no art. 766, e sem prejuízo da ação penal que no caso couber.
Seguro de responsabilidade civil é aquele que o segurado causa dano a um
terceiro → O TERCEIRO PODE ACIONAR DIRETO A SEGURADORA? Ele
não tem relação contratual com ela e nem extracontratual (não foi ela que
bateu nele): STJ entendeu que ele é beneficiário indireto e ele pode acionar
ela, DESDE QUE EM LITISCONSÓRCIO COMIGO
* é LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO (ex: se não me incluir no polo
passivo o juiz vai mandar emendar em 15 dias sob pena de inépcia)
Tem que interpretar a luz da boa-fé causal (ex: a pessoa era cardiaca e
esquiava, fez salto, infartou e morreu) → tribunal indenizou porque ele não era
proibido de esquiar
COSEGURO X RETROSEGURO
1ª - Questão:
Paulo, que é beneficiário do seguro de vida deixado por seu pai, teve recusado o pagamento do
benefício pela seguradora sob o fundamento de que a morte do segurado se deu exclusivamente
pelo fato de o mesmo conduzir comprovadamente veículo automotor sob o efeito de álcool.
Argumentou a seguradora que o ato unilateral do segurado agravou por si só o evento morte, e
assim sendo, a recusa do pagamento do benefício é plenamente justificável. Alegou ainda que não
deve suportar riscos decorrentes de situações ou fatos que não foram esclarecidos à época da
proposta, sob pena de restar prejudicada a bilateralidade do contrato, consubstanciada na necessária
proporcionalidade que deve existir entre as obrigações contratuais assumidas por segurado e
seguradora.
Assiste razão a seguradora? Responda fundamentadamente o questionamento.
* é vedada a exclusão de cobertura de seguro de vida em razão de embriaguez
do segurado
2ª - Questão:
Madeireira Ramones propõe demanda de cobrança de indenização securitária em face de Pistons
Seguros. A autora aduz, em síntese, que seu estabelecimento comercial, bem como todo o seu
estoque de mercadorias, foi destruído em razão de um incêndio involuntário ocorrido no local.
Sustenta que, segundo dispõe o artigo 788 do Código Civil, a empresa deveria ser indenizada em R$
2.000.000,00 (dois milhões de reais) pelos danos verificados no edifício e no estoque (perda total),
pois, além de serem os valores acordados na apólice no momento da contratação do seguro de
danos, esses valores serviram de base para o pagamento do prêmio pela empresa autora, todavia a
empresa ré se recusou a proceder ao pagamento.
Em contestação, a seguradora alega que o valor da indenização deve ser limitado ao prejuízo
efetivamente comprovado pela segurada. Assim sendo, não há justificativa para que seja fixada
indenização no montante da apólice apenas porque verificada a destruição total do imóvel e das
mercadorias nele estocadas.
Pelas provas produzidas nos autos, restou apurado que, no momento do sinistro, o estabelecimento e
o estoque de madeiras estavam avaliados em R$ 1.800,000,00 (um milhão e duzentos mil reais).
Decida fundamentadamente a questão.
* é o limite da apólice
1ª - Questão:
Carlos firma contrato de mútuo feneratício com a Instituição Financeira Bola de Neve, na qual
prevê o empréstimo de R$ 10.000,00, para serem pagos em 60 meses, com juros compensatórios de
10% ao mês e capitalização mensal dos aludidos juros durante todo o período contratual.
Diante dos princípios que cercam o ordenamento jurídico nacional, bem como diante do que
dispõem os artigos 591 e 406, ambos do Código Civil, bem como as normas de proteção previstas
no Código de Defesa do Consumidor, poderia Carlos se opor ao montante e a forma dos juros
cobrados pelo empréstimo do dinheiro?
Responda, fundamentadamente, a questão.
2ª - Questão:
Paulo propõe demanda indenizatória em face de Banco Piloto. Aduz, em síntese, que em 2015
firmou contrato de alienação fiduciária em garantia com a empresa ré para a aquisição de veículo
automotor usado. Todavia, além da taxa de juros cobrada pela instituição financeira para a execução
do contrato, foram ainda cobradas pela mesma tarifas abusivas, que tinham por finalidade
unicamente compensar uma redução "artificial" das taxas de juros nominais praticadas. O autor
sustenta que existe uma tendência no mercado fornecedor de se reduzir as taxas de juros nominais, e
compensar essa redução mediante a elevação excessiva do valor das tarifas por serviços, que
inclusive sequer foram prestados pelo banco réu. Desta forma, entende o demandante que devem ser
declaradas nulas as cláusulas contratuais que fazem referências às tarifas por "despesas com
serviços de terceiro", "comissão do correspondente bancário", " despesas de registro do contrato" e
por fim "tarifa de avaliação do bem".
Em defesa, a instituição financeira aduz que as tarifas cobradas estão de acordo com a regulação
bancária, composta por normas do Conselho Monetário Nacional, expedidas com base no art. 4º da
Lei 4.595/1964.
Quanto às provas, a instituição bancária não demonstrou quais serviços foram realizados por
terceiros; confirmou que o correspondente bancário era preposto do próprio banco; comprovou que
o contrato firmado com o autor foi registrado no órgão competente; e não apresentou laudo de
avaliação do bem e que na verdade os valores de aquisição foram propostos pela agência de
automóveis que anunciou o veículo.
As tarifas/despesas questionadas nos presentes autos, em que o valor financiado foi de R$
22.000,00, foram as seguintes: (a) serviço prestado por terceiros: R$ 1.888,40; (b) registro do
contrato/gravame: R$ 87,17; (c) tarifa de avaliação do veículo usado: R$ 195,00; e (d) comissão do
correspondente bancário: R$ 1.100,00.
Decida fundamentadamente a questão.
Resposta: