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DIREITO CIVIL – CONTRATOS

CONTRATOS: NOÇÕES GERAIS

1. CONCEITO E EVOLUÇÃO

* nem o CC/02 e nem o anterior conceituam contrato

O QUE É? É o negócio jurídico bilateral cuja celebração e efeitos decorrem


da vontade das partes para a criação, modificação e extinção de uma relação
jurídica, especialmente aquelas que envolvem interesses patrimoniais

A) NEGÓCIO JURÍDICO BILATERAL: os contratos sempre vão ser


bilaterais ou plurilaterais → sempre envolvem manifestações de vontade de
ambas as partes (ainda que não tenha prestação de ambas as partes)

* E OS CONTRATOS UNILATERAIS? Ainda assim são NJ bilaterais – essa


classificação de uni/bilaterais é em relação as obrigações
- CONTRATO UNILATERAL: só uma das partes tem obrigação (ex:
contrato de doação só o doador tem a obrigação de doar e ainda que seja
onerosa/modal/com encargo vai ser unilateral = o encargo não pode ser uma
contraprestação, sob risco de descaracterizar a doação)

* E O CONTRATO CONSIGO MESMO/CONTRATO EM CAUSA PRÓPRIA? É


aquele que temos a figura do representante, há um mandato que autoriza o
contrato consigo mesmo (ex: quero vender uma casa, mas estou indo morar
fora e não tenho tempo = faço uma procuração ao comprador outorgando a ele
poderes p/ assinar e agir me representando na compra e venda = ele assina
como comprador e como vendedor)
- ISSO SERIA EXCEÇÃO A ALTERIDADE? Não – a alteridade
vai estar presente na outorga de poderes para que o 2º negócio seja celebrado
- ex²: A outorga poderes p/ B vender um imóvel e autoriza
que venda p/ ele mesmo. Celebrado o contrato, haveria autocontratação? Só
aparentemente, porque a alteridade ainda está presente

b) VONTADE DAS PARTES: tradicionalmente prevaleciam as chamadas


TEORIAS SUBJETIVAS OU VOLUNTARISTAS DA VONTADE, em que a
legitimidade e validade do contrato dependia do ânimo interno do sujeito. Era
preciso ingressar no íntimo para saber qual era de fato a sua vontade.

Em seguida, chegamos nas TEORIAS OBJETIVAS que inicialmente


entendiam pela irrelevância da análise da vontade. Essa teoria também teve
avanços, evoluiu e reconheceu que a vontade é sim importante, mas não no
íntimo do sujeito e sim naquilo que é exteriorizado → o que importa é a
manifestação de vontade exteriorizada, o que foi externado pelas partes.
Precisamos analisar se o que foi exteriorizado está consentâneo com o
ordenamento jurídico
2. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

a) AUTONOMIA PRIVADA E NEGOCIAL: a autonomia privada é um dos


pilares que norteiam a vida negocial – não há celebração de relações jurídicas
sem autonomia privada

O QUE É AUTONOMIA PRIVADA? É uma das faces da liberdade, é a


liberdade da pessoa de fazer o que quiser = a todas as pessoas é assegurado o
direito de contratar, mas não só de contratar e sim O QUE, COM QUEM,
QUANDO e COMO contratar = por isso a autonomia privada se revela nessa
ampla liberdade de contratar
* ESSA LIBERDADE É IRRESTRITA? Não, encontra limites constitucionais,
elementos balizadores do CC (ex: art. 404; art. 422 (boa-fé); art. 187, art.
113)

AUTONOMIA NEGOCIAL: é a autonomia privada voltada para os contratos,


exercida com observância desses limites impostos pelo ordenamento

b) PACTA SUNT SERVANDA; FORÇA OBRIGATÓRIA DOS CONTRATOS E


CONSENSUALISMO
Os contratos são frutos da liberdade de contratar: quando as partes
contratam, exercem essa liberdade e, de modo consensual, se vinculam, se
obrigam ao cumprimento das prestações
* esses 3 princípios estão ligados: se as partes livres se vinculam, aquilo que
elas se vinculam faz lei, servo, escravo entre as partes, me torno escravo
daquilo que consensualmente me obriguei e aí nasce a força obrigatória dos
contratos: se eu me obriguei consensualmente aquela lei, o cumprimento é
obrigatório
* AUTONOMIA PRIVADA = CONSENSUALISMO – PACTA SUNT SERVANDA –
FORÇA OBRIGATÓRIA DOS CONTRATOS

ESSES PRINCÍPIOS SÃO ABSOLUTOS? NÃO - o contrato não pode ser


celebrado e executado para ruína de uma ou outra parte, por exemplo. Por
isso há situações excepcionais que permitem a revisão ou resolução do
contrato

* antigamente o PACTA SUNT SERVADA era estanque, regra geral absoluta →


hoje em dia no mundo globalizado ele é mitigado pelo princípio da função
social e boa-fé objetiva

c) PRESERVAÇÃO OU CONSERVAÇÃO DOS CONTRATOS

Também está interligado aos outros → quando faço o contrato de forma


consensual, aquilo vira lei entre as partes e eu preciso cumprir, se houver um
defeito ou inadimplemento, devo buscar a conservação e preservação do
vínculo porque o contrato nasceu para ser cumprido = é a força obrigatória dos
contratos
* o art. 167 é o grande exemplo disso: ainda diante de uma simulação, vamos
tentar manter o que der

Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se


dissimulou, se válido for na substância e na forma.

D) RELATIVIDADE DOS CONTRATOS


Os contratos foram feitos para valer e produzir efeitos entre as partes → se
eles são frutos de um consenso entre as partes, quem não participou do
consenso, vínculo não pode ser atingido por aquela relação.
REGRA: O contrato não produz efeitos extrapartes.
EXCEÇÕES:
I. Estipulação em favor de terceiro = o devedor assume a obrigação
de entregar a prestação a uma terceira pessoa (ex: contrato de seguro de vida
– o sinistro, o evento que autoriza o recebimento da indenização é a morte,
então o beneficiário por óbvio não é quem contrata, é quem o segurado indica
para receber a indenização = o segurado paga o prêmio para outro receber a
indenização)
II. Promessa de fato de terceiro: uma das partes promete o
cumprimento de uma obrigação por outra, coloca uma terceira pessoa para
cumprir → é o caso do shopping center, quem vai abrir o shopping atrai as
lojas maiores e depois vai para os menores falando que a âncora vai trazer
clientes
III. Contrato com pessoa a declarar: uma das partes tem a faculdade
de indicar uma outra pessoa para ser titular dos direitos ou devedor das
obrigações do contrato

E) BOA-FÉ

É um dos pilares do código civil. Miguel Reale, organizador do nosso CC/02 diz
que o CC é norteado por 3 grandes princípios, paradigmas: operabilidade,
socialidade e eticidade.
* Eticidade é a boa-fé: comportamento ético e honesto das partes – por isso a
boa-fé não é importante só para contratos, é para toda e qualquer relação

BOA-FÉ SUBJETIVA É a intenção, ânimo do agente – ex:


possuidor de boa-fé que não sabe do
vício que macula a posse
x má fé
BOA-FÉ OBJETIVA Padrão de comportamento ético
x comportamento antiético
No CC/16 a boa-fé objetiva era excepcional, o que tínhamos era a BF
SUBJETIVA, que era mera exortação ética: exigir que as pessoas agissem
intencionalmente com ética, moral e probidade → uma exigência íntima da
pessoa, ainda que na exteriorização da sua vontade não parecesse (o que
importava era o íntimo)
* os tribunais entendiam a boa-fé subjetiva como o desconhecimento dos
vícios do contrato, que intimamente estava de boa-fé → se comprovasse isso,
tinha os benefícios (por isso a clássica diferença do direito real de posse de má
ou boa-fé)
* só havia menção na boa-fé objetiva nos contratos de seguro e no CDC, que
trouxe a boa-fé objetiva como um de seus norteradores → depois isso foi
incorporado no CC/02

O QUE É A BOA-FÉ OBJETIVA? é um padrão de comportamento. Cria


padrões de comportamento ético, leal das partes = não importa se
intimamente ela quer enganar a outra, o que importa é o que ela exterioriza.
Se o comportamento for ético, não importa o interior.

3 FUNÇÕES DA BOA-FÉ OBJETIVA:

I. INTERPRETATIVA E DE COLMATAÇÃO (art. 113 do CC): é uma


referência dada ao aplicador do direito – tem relação com o art. 5º da LINDB,
que determina ao juiz atender aos fins sociais da norma e exigências do bem
comum

Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a


boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. = analisar se aquele
comportamento para aquela sociedade revela boa-fé ou não

* POR QUE COLMATAÇÃO? Porque a boa-fé ajuda ao magistrado diante da


necessidade de integração de lacunas → passa a ser um delineador do campo
a ser preenchido = limite

II. LIMITATIVA DOS DIREITOS (art. 187 do CC): a boa-fé limita


exerce o exercício dos direitos → um direito ainda que válido, se exercido de
má-fé, vai ser tido como exercido de forma abusiva → abuso de direito

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao


exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico
ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

III. FUNÇÃO INTEGRATIVA E CRIADORA DE DIREITOS (art. 422


do CC): a boa-fé cria direitos e deveres para as partes contratuais,
principalmente os chamados deveres anexos a boa-fé (dever de probidade,
transparência, informar, informação, confiança – venire contra factum próprio,
supressio)
* deveres anexos que, se descumpridos, geram o inadimplemento contratual
* DEVERES INVISÍVEIS = são fontes autônomas!!!!

A pessoa não pode praticar um ato e em


seguida agir de forma contrária
VENIRE CONTRA FACTUM * ex: art. 973 o impedido de ser
PROPRIUM empresário não pode exercer atividade
própria de empresário e depois não quer
responder; credor que aceita pagamento
em lugar diverso não pode cobrar

Supressão/perda de um direito pelo não


exercício durante um certo tempo
SUPRESSIO * ex: uso a garagem há anos e agora
querem me cobrar condominio por esse
tempo

- OUTRO LADO DA MOEDA DA SUPRESSIO


SURRECTIO É o surgimento de um direito como
decorrência lógica do comportamento de
uma dar partes
É o comportamento que rompe o valor da
TU QUOQUE confiança e surpreende uma das partes,
- “ATÉ TU, BRUTOS?” colocando-a em situação de desvantagem
* ex: combino que vou medir sua obra todo
dia 10 e você me paga 5 dias depois. Todo
mês eu vou dia 15. depois entro na justiça
cobrando mora porque pagou atrasado
É a intenção de sancionar condutas em que
EXCEPTIO DOLI o exercício tenha sido para lesionar a parte
contrária – ex: cobrar dívida já paga
CLÁUSULA DE STOPPEL É a vedação ao comportamento
contraditório no plano do direito
internacional

POSSO TER INADIMPLEMENTO AINDA QUE TENHA SIDO CUMPRIDA A


PRESTAÇÃO? Sim – é aqui que entra os deveres anexos da boa-fé, violação
positiva do contrato. O descumprimento desses deveres criados pela boa-fé
será tido como forma de inadimplemento
* ex: contrato um pintor para pintar minha casa em 1 semana e ele pinta, mas
vejo que ele subtraiu um relógio = ele não adimpliu o contrato porque violou
um dos deveres anexos, que foi a probidade → o contrato pode se dar como
descumprido por conta da violação desse dever anexo

Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do


contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.
* INTERPRETAÇÃO INTEGRATIVA
A BOA-FÉ PRECISA SER OBSERVADA EM TODAS AS ETAPAS DA
RELAÇÃO CONTRATUAL: pré, contratual e na pós contratual
* FASE PRÉ-CONTRATUAL: fase das tratativas, mera negociação que, por
si, não geram direitos para as partes (se elas não avançarem, não há o que
reclamar). Mas se nessa fase pré eu crio na outra parte a expectativa, a
confiança de que vou contratar e depois não contrato pode gerar o direito de
indenização (ex: arrumo o carro porque ele me pediu, mas ele some na
semana seguinte)

→ é o caso famoso da Laura de plantação de tomate que chegou ao TJRS -


Cica e plantadores de tomate: a CICA distribuiu a semente de tomate para que
eles plantassem e depois compraria. Fez isso por alguns anos, mas chegou na
vez que distribuiu e depois não quis comprar: eles tiveram prejuízo baseado na
confiança despertada na fase pré-contratual

*FASE PÓS-CONTRATUAL: diz respeito aos problemas envolvendo


garantia, suporte técnico, assistência técnica → é o contato com a parte depois
de o contrato ter sido celebrado (ex: compro um eletrônico que não tem
suporte nenhum – violação a boa-fé)

→ é o problema do caso concreto: tinha um prazo de garantia que não foi


observado = criei na outra parte a confiança de que a garantia ia até o prazo X
e antes disso, quando procurado, falou que não ia arrumar

2ª - Questão:
Castor Ltda. adquire de Sonar Tecnologia uma impressora 3D. No contrato de
compra e venda, restou acordado que a garantia do equipamento seria de um
ano, a contar da entrega da coisa, o que ocorreu logo após a pactuação. O
contrato também previa nas suas cláusulas que a instalação do equipamento
deveria ser realizada pela alienante.
A instalação foi concluída um mês após a compra, quando então a impressora
pôde ser utilizada pelo comprador.
Ocorre que, após 11 meses e 15 dias de uso do equipamento, este apresentou
defeito, e o comprador requereu, conforme previsto nas cláusulas de garantia
da impressora, a substituição da peça com problema por uma nova. Todavia a
alienante argumentou que teria que cobrar pela peça, pois o defeito ocorreu
após o período de garantia estabelecido no contrato, que teve o seu início a
partir da aquisição do equipamento.
Diante do exposto e tendo em vista que às partes contratantes não se aplica o
Código de Defesa do Consumidor, decida fundamentadamente a questão.

→ ex: vendo um terreno para João e ele deixa claro que compra porque gosta
da vista e vai construir uma casa ali. Depois de vender e transferir, compro o
terreno da frente e construo antes dele p/ acabar com a vista = quebra do
dever de lealdade

F) FUNÇÃO SOCIAL DOS CONTRATOS


* princípio jurídico de conceito aberto e conteúdo indeterminado e visa limitar
a liberdade de contratar, em prol do bem comum. Humaniza a ideia de
contratos, impede as cláusulas leoninas e imposição do mais forte contra o
mais fraco
* NÃO ANIQUILA A AUTONOMIA DA VONTADE OU PACTA SUNT SERVANDA →
só tempera, vocaciona eles para o bem comum

O QUE É A FUNÇÃO SOCIAL DOS CONTRATOS? Tem a ver com a


FUNCIONALIZAÇÃO DO DIREITO, que é um fenômeno recente, pós CF/88
em que se reconhece que os institutos jurídicos exercem uma função de
cumprimento dos valores e princípios constitucionais, especialmente aqueles
que dizem respeito a interesses existenciais por conta da dignidade da pessoa
humana, fundamento do estado democrático de direito
* SO CI DI VA PLU

* a funcionalização dos institutos promove um deslocamento dos princípios e


regras do direito civil que estão no código civil para a constituição, de modo
que as partes de uma relação precisa cumprir os fins e valores constitucionais,
observando a dignidade da pessoa humana
* mas não basta cumprir e respeitar esses valores e aqui está a chave do
direito civil constitucional = não é só respeitar, o direito exerce uma função
promocional, ou seja, preciso promover e estimular a realização desses
princípios e valores constitucionais. Isso é o direito constitucional

Os contratos são o principal instrumento jurídico para o tráfego das relações


jurídicas patrimoniais = a economia gira em torno dos contratos, então
prevalece os interesses patrimoniais. A função social dos contratos vem para
dizer que o que é necessário é o direito existencial

FUNÇÃO SOCIAL EXERCE 2 FUNÇÕES:


I. LEGITIMADORA DOS DIREITOS DAS PARTES CONTRANTES –
art. 421 do CC: a liberdade não está limitada pela função e sim será exercida
nos limites da função → é uma questão balizadora, só vai ser legítimo e valido
se cumprir a função social

Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do
contrato.

II. FUNÇÃO PROMOCIONAL: não basta respeitar regras, princípios e


valores, as partes precisam promover esses princípios e valores (ex:
instrumento de promoção de solidariedade, valorização do trabalho, proteção
meio ambiente etc)
* tutela de merecimento: o contrato e as partes do contrato só serão
merecedores de tutela jurídica se cumprirem essa função promocional
* é essa função promocional que extrapola os limites do contrato (ex: terceiro
cúmplice)

O QUE É A TEORIA DO TERCEIRO CÚMPLICE? uma terceira pessoa


estranha, alheia a relação contratual interfere na relação das partes → e pela
função social do contrato, ele também precisa cumprir a função promocional.
Se ele interfere para lesionar, prejudicar uma das partes, viola a função social
dos contratos e comete um ilícito de modo amplo (ex: denuncia ao
patrocinador de jogador de futebol com o único propósito de prejudicar)

g) DIRIGISMO CONTRATUAL: é a intervenção do estado nas relações


contratuais – vimos que as partes têm autonomia e, se celebram com
liberdade e consenso, o contrato se torna obrigatório mas também não pode
ser instrumento de ruína para uma das partes e por isso, em algumas
situações, vai ser admitida a intervenção do estado naquilo que as partes
consensualmente aceitaram
* é o que geralmente ocorre na situação que envolve vulneráveis – é uma
atuação partenalista: estado envolvendo naquilo que as partes acordaram

* há situações que contam com manifesto desequilíbrio, que demanda a


intervenção do estado para proteger as partes e esse desequilibro pode ser
tanto originário (já nasceu com vício, causando dano a uma das partes –
lesão) ou por causa superveniente

Essa intervenção, o dirigismo contratual deve se dar excepcionalmente –


geralmente é mais atuante nos contratos em que há partes vulneráveis
(relações de trabalho, relações de consumo), mas nas relações civis e
empresariais essa intervenção deve ser mínima e isso ficou muito claro com a
lei de liberdade econômica, que alterou o art. 421 e incluiu o art. 421-A do CC.

Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função


social do contrato.
Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o
princípio da intervenção mínima e a excepcionalidade da revisão
contratual. = NAS RELAÇÕES PRIVADAS A INTERVENÇÃO É MÍNIMA,
REVISÃO EXCEPCIONAL
Art. 421-A. Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários e
simétricos até a presença de elementos concretos que justifiquem o
afastamento dessa presunção, ressalvados os regimes jurídicos previstos
em leis especiais, garantido também que:
* O QUE SÃO CONTRATOS PARITÁRIOS E SIMÉTRICOS? Devemos ver de
forma inversa = simetria implica dizer que as partes estão em
posição/condições de igualdade e temos a simetria fática (posição econômica
de igualdade), simetria técnica (iguais condições de conhecimento) e
simetria jurídica (acerca dos conhecimentos jurídicos sobre o NJ a ser
entabulado) e há quem fale ainda em simetria informacional (partes tem as
mesmas informações)
* por isso diz-se que a simetria é pressuposto de paridade = se elas estão em
simetria, tem plena liberdade de discutir o contrato, saber se vai ou não
contratar. O contrato paritário é aquele em que as partes tem ampla liberdade,
ampla condição de discutir as cláusulas
* nos contratos em que há simetria e paridade, a intervenção é mínima, o
dirigismo contratual é excepcional
I - as partes negociantes poderão estabelecer parâmetros objetivos para a
interpretação das cláusulas negociais e de seus pressupostos de revisão ou de
resolução; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
II - a alocação de riscos definida pelas partes deve ser respeitada e
observada; e (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
III - a revisão contratual somente ocorrerá de maneira excepcional e
limitada
A cláusula que desobriga uma das partes a remunerar a outra por
serviços prestados na hipótese de rescisão contratual não viola a boa-
fé e a função social do contrato quando presente equilíbrio entre as
partes contratantes no momento da estipulação. STJ. 3ª Turma. REsp
1.799.039-SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, Rel. Acd. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 04/10/2022 (Info 754).

h) EQUILÍBRIO ECONÔMICO-FINANCEIRO DOS CONTRATOS


Durante muito tempo se negou o equilibro econômico-financeiro como sendo
um princípio dos contratos, defendiam que já tínhamos mecanismos para isso.
Mas hoje em dia já é assente na doutrina de que esse princípio é um dos
norteadores dos contratos

POR QUE? Os contratos precisam ter prestações e contraprestações


equivalentes, mas tomando o cuidado de não precisar ser uma absoluta
identidade, porque as partes são livres para negociar e sabem o que estão
contratando e o risco que estão assumindo
* as partes discutem preços e condições e ter pagado mais ou menos em
alguma coisa não vai ser necessariamente desequilíbrio (ex: paguei 100 e
fulano pagou 50)
* o que se exige é uma razoável equivalência

E SE HOUVER MANIFESTO DESEQUILÍBRIO? A parte pode tentar o


reequilibrio ou até mesmo a resolução do contrato
* quando o negócio for desequilibrado desde o início, temos o instituto da
lesão para resolver o contrato; no caso da superveniência, temos as teorias
revisionistas (art. 317 e 478 do CC: teoria da imprevisão, teoria da
onerosidade excessiva e a teoria da quebra da base econômica do contrato)

Art. 317. Quando, POR MOTIVOS IMPREVISÍVEIS, sobrevier desproporção


manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução,
PODERÁ O JUIZ CORRIGI-LO, a pedido da parte, de modo que assegure,
quanto possível, o valor real da prestação.

Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de


uma das partes se TORNAR EXCESSIVAMENTE ONEROSA, com extrema
vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e
imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da
sentença que a decretar retroagirão à data da citação.

REVISÃO Quando desproporcional o valor e o


momento de execução (ex:
pandemia)
RESOLUÇÃO Muito oneroso p/ uma e
extremamente vantajoso p/ outra

Teoria da quebra da base do CDC dispensa a imprevisibilidade, basta que a


prestação de torne onerosamente excessiva de modo superveniente –
diferente dessas do CC, que exigem a imprevisão

CÓDIGO CIVIL CDC


TEORIA DA IMPREVISÃO ou REBUS TEORIA DA BASE OBJETIVA DO
SIC STANTIBUS– art. 317 e 478 CONTRATO – art. 6, V do CDC
IMPREVISIBILIDADE + FATO SUPERVENIENTE JÁ ALTERA A
EXTRAORDINARIEDADE do fato BASE DO CONTRATO
superveniente
Art. 317 – devedor pode pedir revisão Não depende de imprevisibilidade →
ao juiz quando DESPROPORCIONAL REVISÃO DO CONTRATO
O VALOR
Art. 478 – devedor pode pedir NÃO EXIGE VANTAGEM
resolução quando for
EXCESSIVAMENTE ONEROSO +
VANTAJOSO P/ OUTRA PARTE

ex: banco deu dinheiro p/ cooperativa plantar milho e, em contraprestação,


receberia metade da próxima safra. Havia no contrato uma cláusula com a
estimativa de 2 toneladas e o que variasse seria desprezível. Por razões
climáticas, a safra foi a maior já vista e o preço do milho aumentou.
Cooperativa pede a revisão do contrato e que seria enriquecimento sem causa
do banco
* ATENÇÃO: aqui as partes assumiram a álea na quantidade – EMPTIO REI
SPERATAE = então não tem o que falar em revisão contratual ou resolução do
contrato
* não ficou extremamente oneroso p/ ninguém, assumiram o risco da
quantidade

→ a doutrina defende a possibilidade de alegar teoria da imprevisão até nos


contratos aleatórios, comutativos, DESDE QUE O AGRAVAMENTE SEJA
ALHEIO AO RISCO ASSUMIDO
* enunciado 440

CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS


1. CONTRATOS TÍPICOS E ATÍPICOS

• TÍPICO: contrato com previsão na lei – suas regras estão previstas na


lei → não necessariamente no código civil, lei de maneira geral (ex:
locação de imóvel urbano, contrato fiduciário e garantia)

• ATÍPICOS: tipo contratual criado pelas partes, graças ao princípio da


autonomia privada (ex: contrato de hospedagem e de factoring)

Pelo princípio da autonomia privada eu posso contratar o que, como e a da


forma que eu quiser, desde que eu respeite os limites do ordenamento
jurídico, boa-fé e função social

→ STJ já considerou que o contrato de cessão de uso onerosa de imóvel


através de Airbnb, por exemplo, é hospedagem atípica. = pode o condomínio
impedir o uso de imóveis para locação no Airbnb → vai contra o fim residencial
que tem a maioria dos condomínios
Existindo na Convenção de Condomínio regra impondo
destinação residencial, mostra-se indevido o uso de unidade
condominial para fins de hospedagem remunerada, com
múltipla e concomitante locação de aposentos existentes
nos apartamentos, a diferentes pessoas, por curta
temporada (ex: locação pelo Airbnb).
Vale ressaltar que existe a possibilidade de os próprios
condôminos de um condomínio edilício de fim residencial
deliberarem em assembleia, por maioria qualificada (2/3
das frações ideais), permitir a utilização das unidades
condominiais para fins de hospedagem atípica, por
intermédio de plataformas digitais ou outra
modalidade de oferta, ampliando o uso para além do
estritamente residencial e, posteriormente, querendo,
incorporarem essa modificação à Convenção do
Condomínio.STJ. 4ª Turma. REsp 1819075/RS, Rel. Min.
Luis Felipe Salomão, Rel. p/ Acórdão Min. Raul Araújo,
julgado em 20/04/2021 (Info 693).
MAS ISSO NÃO PODE SERVIR PARA BURLAR AS REGRAS DO CC: o
contrato não vai ter previsão na lei, mas vai ser lícito e seguir a lei → ex:
doação da pessoa casada para o cúmplice de seu adultério = doação nula. Ela
não pode tentar colocar um novo nome para fugir da regra

APLICA-SE OS ARTS. 421, 421-A E 424 PARA OS CONTRATOS


ATÍPICOS? Sim – perfeitamente, devem também respeitar os princípios
gerais, função social e boa-fé objetiva

* NÃO É PEGAR UM QUE JÁ EXISTE E TROCAR O NOME PARA FUGIR DA REGRA


DA LEI → é criar algo que não existe ainda, o que é muito difícil hoje em dia e
por isso temos mais CONTRATOS MISTOS

O QUE SÃO CONTRATOS MISTOS? Acaba por ser um contrato formado pela
fusão de elementos de outros contratos → uso regras de vários contratos para
criar um novo, autônomo (ex: contrato de hospedagem → conjugo com
elementos de locação, depósito, compra e venda)
ex²: eu vou p/ casa de um americano e ele vem p/ minha = não é contrato de
aluguel porque a prestação precisa ser em $ e aqui não é; não é comodato
porque tem contraprestação; não é permuta/troca porque o art. 533 fala em
propriedade e não em posse)

CONTRATO MISTO X CONTRATO COLIGADO – QUAL A DIFERENÇA?

Uso várias regras contratuais para criar um tipo


CONTRATO MISTO contratual novo, AUTÔNOMO!

Uso vários contratos no mesmo negócio para


atender a mesma finalidade = forma um BLOCO
CONTRATO COLIGADO OU CONTRATUAL
UNIÃO, COLIGAÇÃO DE * ex: contrato de TV a cabo – o mesmo
CONTRATOS documento, instrumento tem a prestação de
serviços, comodato etc (comodato porque
devolvo o modem depois)

* no contrato coligado há “autonomia” entre eles (cada um com a sua regra),


mas posso colocar todos em um só instrumento/contrato, formando um todo
porque há por trás uma unidade de operação econômica, um mesmo objetivo

* STJ elenca 3 requisitos p/ o CONTRATO COLIGADO: proposito comum –


unidade da operação econômica – pluralidade de relações conratuais

* O BLOCO PRECISA SE RESUMIR EM UM SÓ


CONTRATO/INSTRUMENTO? NÃO – pode ser em um ou vários
ex: contrato entre o dono do posto de combustível e o fornecedor do
combustível → fazem vários contratos, fornecimento de combustível, comodato
das bombas, locação de equipamentos etc. = eles juntos formam a relação
jurídica complexa
* todos os contratos, todos os negócios são voltados para a exploração do
posto de gasolina

1ª - Questão:
Ipatinga Produtos de Petróleo S.A. propõe demanda de despejo por falta de
pagamento em face de Posto Veloz. A demandante aduz, em síntese, que
firmou com a ré um contrato de sublocação de posto de serviço, por meio
do qual locou imóvel com equipamentos nele instalados para a operação de
posto de gasolina. Todavia, informa a autora que a sublocatária deixou de
arcar com o pagamento de aluguéis e acessórios contratuais nos últimos 12
meses do contrato. Logo, não resta à autora outra conduta senão pedir a
extinção do contrato e o despejo do demandado do imóvel para que possa dar
continuidade às suas atividades ofertando negócios perante terceiros
interessados.
O magistrado, ao receber o pedido, de ofício, extingue o processo sem
resolução do mérito por entender que a autora é carecedora de demanda. O
Magistrado sustenta que é inadequada a ação de despejo para rescindir o
contrato de sublocação firmado entre as partes, pois a Lei nº 8245/91 só teria
aplicabilidade ao caso se o preço pago decorresse unicamente do uso e gozo
da coisa, todavia o que se observa da narrativa inicial é que existe uma gama
de deveres impostos a ambas as partes, em que a locação é indissociável da
compra e venda de produtos da demandante em razão da cláusula de
exclusividade, tornando inviável a extinção do pacto através de mera denúncia
vazia.
Diante do exposto, agiu corretamente o magistrado? Decida
fundamentadamente a questão abordando a classificação do contrato firmado
entre as partes.

Nos contratos coligados ou conexos há uma justaposição de


modalidades diversas de contratos, de maneira que cada
um destes mantém sua autonomia, preservando suas
características próprias, haja vista que o objetivo da
junção de tais contratos é possibilitar uma atividade
econômica específica.
O fato de o contrato de sublocação possuir outros pactos
adjacentes não retira sua autonomia nem o desnatura,
notadamente quando as outras espécies contratuais a ele se
coligam com o único objetivo de concretizar e viabilizar sua
finalidade econômica, de modo que as relações jurídicas
dele decorrentes serão regidas pela Lei nº 8.245/91.
STJ. 3ª Turma. REsp 1475477-MG, Rel. Min. Marco Aurélio
Bellizze, julgado em 18/05/2021 (Info 697).

2. CONTRATOS BILATERAIS E UNILATERAIS


Contrato é um NEGÓCIO JURÍDICO BILATERAL → TODO contrato é um
negócio jurídico bilateral, todo contrato decorre de manifestação de
ambas as partes
NEGÓCIO JURÍDICO UMA ÚNICA manifestação de
UNILATERAL vontade (ex: testamento;
promessa de recompensa)
NEGÓCIO JURÍDICO MAIS DE 1 manifestação de
BILATERAL vontade (ex: contratos)

O contrato, como sendo um NJ bilateral pode ser classificado como unilateral


ou bilateral/sinalagmático, a depender das prestações a serem cumpridas

UNILATERAL Só uma das partes tem prestação a


cumprir (ex: doação simples)
BILATERAL/SINALAGMÁTICO Ambas as partes têm prestação a
cumprir

*contratos gratuitos tendem a ser unilaterais (ex: contrato de depósito quando


deixo a mochila no escaninho da EMERJ – não pago nada por isso)

→ CONTRATO DE DOAÇÃO É POLÊMICO: a doação pura é um contrato


unilateral, em que só o doador tem prestação a cumprir. MAS COMO FICA NO
CASO DA DOAÇÃO COM ENCARGO/MODAL/ONEROSA? Aqui não é
necessariamente uma contraprestação típica, é bem menor do que o
benefício recebido e caso seja muito pesado pode até desconsiderar a
doação
* justamente por não ser uma contraprestação é que parte da doutrina não
consegue enxergar como sendo contrato bilateral → a divergência é na forma
de encarar o encargo

CONTRATOS BILATERAIS têm regras e institutos próprios – tais como


evicção, vício redibitório, exceção do contrato não cumprido, teoria da
imprevisão (são, em regra, típicos dos bilaterais)
* CONTRATOS GRATUITOS TEM INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA

O QUE É CONTRATO BILATERAL IMPERFEITO? É aquele contrato que


nasce unilateral, só com a prestação a ser cumprida por uma das partes, mas
no decorrer de sua execução ele se torna bilateral
* ex: uma pessoa pede pra deixar o cachorro com você de sexta até segunda.
No sábado o cachorro amanhece doente e eu levo no veterinário e no dia
seguinte me apresenta uma conta de 1.000 reais e eu pago → QUANDO MEU
VIZINHO FOR BUSCAR O CACHORRO EU POSSO RETER O ANIMAL ATÉ ELE ME
PAGAR?
- QUAL CONTRATO FOI CELEBRADO? DEPÓSITO – porque ele
entregou uma coisa móvel para que guarde e entregue no final = até então era
gratuito, contrato unilateral, mas depois surgem as despesas e o art. 643
exige que o depositante pague ao depositário

Art. 643. O depositante é obrigado a pagar ao depositário as despesas feitas


com a coisa, e os prejuízos que do depósito provierem.
- nasceu uma prestação a ser cumprida pela outra parte e agora nasceu uma
obrigação bilateral = passou a ser CONTRATO BILATERAL IMPERFEITO!!

Art. 644. O depositário poderá reter o depósito até que se lhe pague a
retribuição devida, o líquido valor das despesas, ou dos prejuízos a que se
refere o artigo anterior, provando imediatamente esses prejuízos ou essas
despesas. = DÁ O DIREITO DE RETENÇÃO DA COISA ATÉ QUE SEJA
PAGA
- SE NÃO DEVOLVE O CACHORRO É CRIME? NÃO, não configura
sequestro, nem apropriação indébita ou exercício arbitrário das próprias razões
→ É UMA EXCLUDENTE DE ILICITUDE -> exercício regular de um direito

3. CONTRATOS CONSENSUAIS OU REAIS


- classificação importante para entender o momento de formação dos
contratos

• CONTRATOS CONSENSUAIS o contrato é formado com a simples


declaração de vontade – são todos aqueles que a lei não exige forma
solene, ex: compra e venda de bem móvel, locação, mandato, transporte

• CONTRATOS REAIS: demanda mais do que o consenso para estar


formado, precisa da entrega da coisa para se iniciar o contrato
(ex: comodato, mútuo e o penhor)
* até a entrega da coisa tem-se mera promessa de contratar e se não
cumprir, pode reaver o prejuízo por violação da boa-fé objetiva, princípio
da confiança

Art. 579. O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não


fungíveis. Perfaz-se com a tradição do objeto.

ENUNCIADO 25 DA JDC: O art. 422 do Código Civil não


inviabiliza a aplicação pelo julgador do princípio da boa-fé nas fases pré-
contratual e pós-contratual.

4. CONTRATOS COMUTATIVOS E CONTRATOS ALEATÓRIOS

• CONTRATO COMUTATIVO: é um contrato bilateral em que as partes


podem antever a relação de custo x benefício entre as prestações, ou
seja, há um equilíbrio econômico financeiro entre as prestações (ex: o que
pago na compra e venda corresponde ao que estou recebendo)

• CONTRATOS ALEATÓRIOS: as partes NÃO podem antever a relação de


custo x benefício entre as prestações, as partes assumem o risco do
desequilíbrio entre as prestações (ex: contrato de seguro, jogo e aposta
etc) → álea – risco em latim
* o contrato de seguro para a maioria da doutrina é considerado
tradicionalmente aleatório = as partes assumem o risco, eu posso pagar por
50 anos e não receber nada em troca; mas a seguradora pode dar o azar de
eu ter pagado só 1 mês e o sinistro acontecer

O QUE É CONTRATO ACIDENTALMENTE ALEATÓRIO? é aquele que


naturalmente seria comutativo, mas as partes decidiram o transformar em
aleatório → COMO FAZEM ISSO? Assumindo o risco (ex: compra e venda
nasceu comutativo, equilíbrio, mas as partes podem assumir o risco)
* no direito civil acidental é aquilo que não é essencial é inserido pelas partes

O QUE VAI SER A ÁLEA/SORTE? É contratar sem saber se o fato vai


acontecer ou não – mas NUNCA PODE DEPENDER EXCLUSIVAMENTE DE UM
DOS CONTRATANTES, sob pena de ser cláusula potestativa → nulidade
absoluta do NJ (art. 123, II c/c art. 166, VI do CC)

→ EXEMPLO DE CONTRATO DE COMPRA E VENDA ACIDENTALMENTE

EMPTIO SPEI – art. 458, CC: assume o risco quanto a


EXISTÊNCIA DA COISA FUTURA (ex: compra e venda de safra futura = o
comprador se compromete a pagar o preço combinado, independentemente da
existência da safra futura e paga um preço menor de mercado; máquina de de
pegar bicho de pelúcias)

Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos
futuros, cujo risco de não virem a existir um dos contratantes assuma,
terá o outro direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, DESDE
QUE DE SUA PARTE NÃO TENHA HAVIDO DOLO OU CULPA, AINDA QUE
NADA DO AVENÇADO VENHA A EXISTIR.

EMPTIO REI SPERATAE – art. 459: assume o risco quanto a


QUANTIDADE DA COISA FUTURA (ex: compra e venda da safra futura =
pago por X, mas se não vier nada, não pago nada; se vier alguma coisa, pago
o valor combinado)
* diferente do EMPTIO SPEI, aqui não há assunção total = alguma coisa vem,
mas não sabe a quantidade

Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o
adquirente a si o risco de VIREM A EXISTIR EM QUALQUER QUANTIDADE,
terá também direito o alienante a todo o preço, desde que de sua parte não
tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior
à esperada.

EMPTIO SPEI – art. 458 EMPTIO REI SPERATAE – art. 459


Assume o risco quanto a EXISTÊNCIA Assume o risco quanto a quantidade
SE NÃO VIER NADA, PAGA TUDO! SE VIER X, PAGA O COMBINADO; SE
NÃO VIER NADA, NÃO PAGA NADA
2ª - Questão:
Carlos firma com João contrato de compra e venda de coisa futura, com
fulcro na parte final do artigo 483 do Código Civil. O objeto consistia em 100
toras de madeira de lei. A fim de garantir melhor preço, carlos, comprador,
ASSUME O RISCO QUANTO A FALTA DO OBJETO. Na data para a entrega
da madeira, somente duas toras puderam ser entregues diante da
contaminação involuntária do solo. Diante do exposto, João exige o
pagamento integral, enquanto que Carlos somente pretende efetuar o
pagamento proporcionalmente, as duas toras.
Decida fundamentadamente a questão
- risco quanto a falta do objeto = emptio spei (art. 458)
- a assunção de risco nessa modalidade contratual implica quanto à existência
da coisa, de modo que não há de se falar em provável variação da quantidade.
Nesses casos, geralmente o fato ocorre ou não ocorre. Parte da doutrina
admite o pagamento proporcional, levando em consideração a ocorrência de
fato alheio e prestigiando a função social do contrato, evitando enriquecimento
sem causa, afinal, a assunção de risco fora quanto à existência e não
quantidade.

5. CONTRATOS PRINCIPAIS E CONTRATOS ACESSÓRIOS

• CONTRATO PRINCIPAL: aquele que tem existência própria, não


depende de outro para existir

• CONTRATO ACESSÓRIO: supõe a existência de um contrato principal –


ex: contrato de fiança → fiança visa garantir um contrato de locação,
então ele pressupõe a existência do principal; contrato de hipoteca,
penhor

* CONTRATO COLIGADO É ACESSÓRIO? Depende – são contratos que, por


regra, tem existência própria – ex: prestação de serviços, comodato

FRUTOS CIVIS, INDUSTRIAIS OU NATURAIS – e não


reduzem a coisa principal
PRODUTOS Também produzidos pela coisa, mas diminuem a
quantidade da coisa principal
BENFEITORIAS INTRODUÇÃO de bens acessórios – útil,
necessária e voluptuária
Bem acessório que forma um todo – ex: lustre e
PARTE INTEGRANTE lâmpada → mas não tem independência

É um bem acessório que é usado junto de outro


bem principal de modo duradouro, mas não
PERTENÇA integra o principal
* MHD discute quando a pertença for essencial e
retirar a essencialidade do bem = seria caso de
acessão física intelectual
QUAL A CONSEQUÊNCIA DO CONTRATO ACESSÓRIO? A aplicação do
PRINCÍPIO DA GRAVITAÇÃO JURÍDICA = se o principal deixa de existir, o
acessório também; se o principal for viciado, o acessório EM REGRA também
será viciado (mas há exceções no contrato de fiança)

CUIDADO:. O contrário não ocorre – os vícios do contrato acessório não


contaminam o principal

6. CONTRATOS PARITÁRIOS E CONTRATOS DE ADESÃO

• CONTRATO PARITÁRIO: as partes estão em situação isonômica –


igualdade material = as partes podem discutir as cláusulas contratuais e
acordar livremente

• CONTRATO DE ADESÃO: é aquele em que uma das partes não podem


discutir as cláusulas contratuais, estabelecer os termos do contrato
* esse contrato não cabe só no direito do consumidor e nem todo contrato de
consumo é de adesão, mas sempre há uma desequilibrio

Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou


contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao
aderente.
Art. 424. Nos CONTRATOS DE ADESÃO, são nulas as cláusulas que
estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da
natureza do negócio. = CLÁUSULA ABUSIVA
→ Ex: contrato de locação entre João e Maria discutido por ambos (contrato
paritário) e nele consta que se a locatária Maria fizer benfeitorias úteis e
necessárias, não terá direito a indenização. Maria fica morando por 5 anos e
nesse tempo precisou consertar um vazamento = benfeitoria necessária, João
que vai ter o proveito econômico
BOA-FÉ MÁ-FÉ
NECESSÁRIA I+R I
ÚTIL I +R
VOLUPTUÁRIA L

Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das


benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe
forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá
exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.

Art. 35. SALVO EXPRESSA DISPOSIÇÃO CONTRATUAL EM


CONTRÁRIO, as benfeitorias necessárias introduzidas pelo locatário, ainda
que não autorizadas pelo locador, bem como as úteis, desde que
autorizadas, serão indenizáveis e permitem o exercício do direito de retenção.
Art. 36. As benfeitorias voluptuárias não serão indenizáveis, podendo ser
levantadas pelo locatário, finda a locação, desde que sua retirada não afete a
estrutura e a substância do imóvel.
ESSA CLÁUSULA É VÁLIDA? Esses artigos de cima são normas dispositivas,
podem ser afastadas pela autonomia privada, não são normas cogentes = eu
posso renunciar, são direitos patrimoniais disponíveis

SÚMULA 335 DO STJ: nos contratos de locação, é válida a cláusula de


renúncia à indenização das benfeitorias e ao direito de retenção
(colocar remição ao art. 424 = ela vale, mas desde que não seja no
contrato de adesão)

A SITUAÇÃO MUDARIA SE O CONTRATO FOSSE DE ADESÃO? Ex: quinto


andar; loft etc → SIM, seria cláusula nula em razão do art. 424

ESTRUTURA INTERNA E FORMAÇÃO DOS CONTRATOS

QUAIS OS ELEMENTOS DO CONTRATO? São os mesmos de existência dos


negócio jurídico → sujeito, objeto e forma (elementos subjetivos, objetivos e
formais)

1. ELEMENTOS SUBJETIVOS: são os sujeitos do contrato, as partes


contratantes
QUEM PODE SER SUJEITO DE UM CONTRATO? Qualquer pessoa, seja
natural ou jurídica, até mesmo os incapazes e entes despersonalizados
(condomínio edílico, massa falida e espólio) → desde que estejam
representados
* INCAPAZ PODE SER PARTE? Sim, mas para validade do contrato será
necessário, conforme o caso, a representação ou assistência – PARA SER
PARTE NÃO É PRECISO SER CAPAZ!

PARA CELEBRAÇÃO DIRETA DO CONTRATO PELO INTERESSADO (sem


representação ou assistência), A CAPACIDADE VAI SER REQUISITO PARA
VALIDADE!

• CAPACIDADE E LEGITIMAÇÃO
CAPACIDADE: é a capacidade genérica, aquela para todos os atos
da vida civil que divide em plenamente capazes, relativamente incapazes e
absolutamente incapazes

LEGITIMAÇÃO: capacidade específica – a pessoa para celebrar o


contrato diretamente precisa da capacidade plena (capacidade genérica +
específica)
* além da capacidade genérica, preciso analisar a capacidade
específica/legitimação/ausência de impedimentos = é a capacidade para o
específico negócio jurídico pretendido pelo sujeito (ex: art. 497 do CC)

Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em
hasta pública:
I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens
confiados à sua guarda ou administração;
II - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica
a que servirem, ou que estejam sob sua administração direta ou indireta;
III - pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros
serventuários ou auxiliares da justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar
em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde servirem, ou a que se estender a
sua autoridade;
IV - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam
encarregados.
Parágrafo único. As proibições deste artigo estendem-se à cessão de crédito.

- CONTRATO CELEBRADO POR INCAPAZ: se for diretamente celebrado por


ele, aplica as normas do CC

- ABSOLUTAMENTE INCAPAZ NÃO REPRESENTADO: negócio nulo


- RELATIVAMENTE INCAPAZ NÃO REPRESENTADO: negócio anulável

- FORMAS DE MANIFESTAÇÃO DA VONTADE


A vontade interna do agente não tem repercussão jurídica nenhuma, nem pro
sujeito da vontade, mas quando essa vontade é externada eu tenho uma
DECLARAÇÃO DE VONTADE → a declaração torna a vontade cognoscivel para
outros sujeitos da sociedade

a. DECLARAÇÕES DE VONTADE EXPRESSAS OU TÁCITAS

DECLARAÇÃO EXPRESSA: é o mesmo que a declaração DIRETA = o


fim pretendido é diretamente revelado → ex: eu aceito ser seu mandatário

DECLARAÇÃO TÁCITA: é a declaração INDIRETA/OBLÍQUA = o fim


não foi expressamente posto, mas pode ser depreendido do conjunto fático →
ex: peço para fulana ser minha mandatária para o ato X ela fala que precisa
pensar e sem declarar expressamente, ela faz o que eu queria

* POR QUE ISSO É IMPORTANTE NA CELEBRAÇÃO DOS CONTRATOS? Porque


admitimos os 2 “aceites” → pode ser celebrado mediante a declaração de
vontade expressa, mas nada impede que seja celebrado a partir de declaração
de vontade tácita

b. DECLARAÇÕES DE VONTADE RECEPTÍCIAS E NÃO RECEPTÍCIAS

DECLARAÇÃO DE VONTADE RECEPTÍCIAS: é dirigida a alguém → ex:


pergunto a Maria se ela quer comprar meu carro = se ela disser que sim, estou
vinculada porque fiz uma declaração de vontade a ela. Se João quiser comprar
não estou vinculada

DECLARAÇÃO DE VONTADE NÃO RECEPTÍCIAS: é aberta, não tem


um destinatário específico → ex: posso perguntar se alguém quer comprar
meu carro = aberto ao público

* no passado dizia-se que as declarações precisavam ser receptícias, hoje em


dia é tranquila a aceitação da não receptícia – a lei evoluiu e acompanhou a
realidade – art. 429 do CC

Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos


essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos
usos.
Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação,
desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada.

- SILÊNCIO VINCULATIVO

QUEM CALA CONSENTE?

REGRA: NÃO!! silêncio é a ausência de vontade e não vale como


consentimento

Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o


autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa.

EXCEÇÃO: SILÊNCIO VALORADO → hipóteses em que a lei dispensa a


manifestação de vontade (ex: doação pura – art. 529)
* no caso da doação pura vemos a ratio legis, o donatário não vai precisar
dispender em nada, só vai se beneficiar

Art. 539. O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou
não a liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça,
dentro dele, a declaração, entender-se-á que aceitou, se a doação não
for sujeita a encargo.

2. ELEMENTOS OBJETIVOS
O QUE PODE SER OBJETO DE CONTRATO? Qualquer bem (no sentido mais
amplo) → é tudo que é apreciado, seja uma coisa ou um comportamento
* qualquer coisa pode ser objeto de contrato, mas para validade a lei impõe
alguns requisitos → então é como se tivesse 2 etapas = o 1º é metajurídico,
pode ser qualquer coisa e o 2º é o plano normativo, em que precisamos
analisar as exigências normativas (ex: requisitos de validade)

Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:


I - agente capaz;
II - OBJETO LÍCITO, POSSÍVEL, DETERMINADO OU DETERMINÁVEL;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.

QUAIS SÃO OS REQUISITOS OBJETIVOS DE VALIDADE DO OBJETO?


LÍCITO – POSSÍVEL – DETERMINÁVEL, sob pena de nulidade

Art. 166. É NULO o negócio jurídico quando:


I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;

LICITUDE: compatibilidade com o próprio ordenamento – o


ordenamento repele objetos que firam o ordenamento em vigor (ex: ainda que
as partes estejam de acordo, o ordenamento não permite a compra e venda de
herança de pessoa viva – art. 166, II = nulo)

POSSÍVEL: o objeto precisa ser materialmente realizável (ex: ir a lua e


voltar em 10 segundos é nulo – impossível) → a verdadeira impossibilidade
que contamina o contrato é a absoluta, que é a que é impossível para todo
mundo
* Ex: me obriguei a levantar um peso de 100kgs → para mim é impossível,
mas há quem consiga e, portanto, o contrato é válido = ele não vai ser
cumprido e a solução vai estar nos efeitos, provavelmente se resolvendo em
perdas e danos

DETERMINABILIDADE: não é preciso que na data da celebração o


objeto já esteja determinado, basta que ele seja determinável, ou seja,
podendo ser determinado depois (ex: obrigação de dar coisa alternativa;
obrigação de dar coisa incerta)

3. FORMA

O QUE É? É a aparência exterior do ato


PRINCÍPIO DO CONSENSUALISMO/LIBERDADE DAS FORMAS: a forma
dos negócios é livre, salvo quando houver determinação legal

* Isso era impensável no direito romano, o formalismo era máximo, até as


palavras estavam determinadas na lei, mas aos poucos eles foram se
desprendendo disso. No direito contemporâneo, atendendo às exigências do
capitalismo e para facilitar a circulação de riquezas e relações jurídicas, os
códigos civis (Alemão, Francês e depois o nosso), passou a vigorar o princípio
do consensualismo: forma livre, salvo quando houver determinação legal

* ex: contrato de compra e venda de imóvel acima de 30 salários mínimos tem


forma determinada em lei, sob pena de nulidade

- CAUSA E MOTIVO
O direito brasileiro não conceitua e não prevê a causa como requisito

O QUE É CAUSA? Em uma visão antiga, pela teoria subjetiva da causa, a


causa era o motivo de contratar, razão subjetiva que levou alguém a
contratação (MAS ISSO ESTÁ SUPERADO!!!). Hoje prevalece a ideia de Emilio
Betti, jurista italiano → causa é o intento prático das partes
* CAUSA HOJE É “PARA QUE CELEBROU O CONTRATO?”

PARA QUE ISSO SERVE? Temos algumas situações em que há controle do


negócio, inclusive no que diz respeito a validade → DESVIOS DA CAUSA
PODEM ACARRETAR NA NULIDADE DO NEGÓCIO
ex: simulação é mais grave que a nulidade do contrato → POR QUE?
Simulação quebra a causa do contrato, as partes fingem algo porque
querem cobrir alguma coisa (ex: quero cobrir uma doação e simula uma
compra e venda)

ex²: QUAL A CAUSA HABITUAL DO CONTRATO DE MANDATO? Que o mandante


se sirva da colaboração do mandatário para a prática de um ato ou gestão de
interesse – é contrato de colaboração
* POSSO CELEBRAR CONTRATO DE MANDATO PARA CELEBRAR A
TRANSMISSÃO DE UMA COISA? NÃO – a finalidade do mandato não é essa,
mas era muito comum que, quando o bem tinha algum embaraço, eles faziam
no lugar do contrato de compra e venda, um contrato de mandato permitindo
que a pessoa transferisse a propriedade. A doutrina sempre questionou se isso
viola a causa do concreto, mas a realidade venceu e hoje essa hipótese vale –
art. 685 prevê o mandato em causa próprias

FORMAÇÃO DOS CONTRATOS:

COMO SE FORMAM OS CONTRATOS? Pela reunião de declarações de


vontade
- Os contratos são acordos de vontade em conformidade com o ordenamento
- É verdade que hoje em dia o papel da vontade é cada vez menos intenso → a
necessidade dos bens da vida acaba prevalecendo → não se tem mais o
império da autonomia privada.

Por isso, dizemos que hoje os contratos são instrumentos de ajustes,


composição de interesses.

Art. 113 e 114 – teoria da confiança, tem que preservar as expectativas


legítimas

FASES CONTRATUAIS: NOÇÕES GERAIS


- até a formação do contrato, ou seja, até o consentimento, os interesses das
partes são contrários (ex: comprador quer o menor preço e o vendedor quer o
maior)
- o nascimento de um contrato segue um iter, processo de formação: início das
tratativas (fase de puntuação) – proposta definitiva – aceitação

FASE 01: PUNTUAÇÃO/NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES


É o período das negociações preliminares, é antes da formação dos contratos.
Momento em que as partes discutem, pensam, negociam e tentam
compatibilizar os interesses até então antagônicos para que possam chegar a
uma proposta final e definitiva

- NA FASE DE PUNTUAÇÃO HÁ VINCULAÇÃO? Ou seja, se eu estou


negociando, estou obrigada a contratar no final? Não, tenho o direito de não
contratar, mas tenho que tomar cuidado para não ter criado na outra parte
uma LEGÍTIMA EXPECTATIVA
* POR QUE? Ainda que seja na fase pré-contratual, o princípio da boa-fé
objetiva já é aplicável e se houver algum dano, deve ser indenizado (ex: estou
com meu carro parado há 5 anos e quero vender. Maria começa a negociar
comigo e fala que vai comprar = eu arrumo algumas coisas antes de
fecharmos achando que ela vai comprar → tive gastos, tive confiança nela

- ATOS PREPARATÓRIOS X CONTRATO PRELIMINAR/PROMESSA DE


CONTRATO:

ATOS PREPARATÓRIOS PROMESSA DE CONTRATO


É a discussão das partes, É o negócio jurídico que tem por
contraposição de argumentos e objeto a obrigação de fazer um
interesses etc. contrato definitivo
- não gera direito a indenização em (ex: compromisso de compra e venda
regra, salvo se gerou dano e princípio – se comprometem a fazer o contrato
da confiança definitivo de compra e venda,
observando a forma legal)
Com o contrato preliminar fica mais
fácil responsabilizar o “tratante”
* no caso da compra e venda pode
gerar até direito real quando
registrado no cartório → pode ajuízar
adjudicação compulsória
Exceto quanto à forma, deve conter
todos os requisitos essenciais ao
contrato a ser celebrado

FASE 02: PROPOSTA DE CONTRATAR

PROPOSTA: é a declaração de vontade do sujeito que oferta à outra


parte para celebrar um negócio jurídico – PODE SER VERBAL

ACEITAÇÃO: é o acolhimento dos termos da proposta

A. PROPOSTA:

Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não


resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do
caso.
* a simples proposta já tem força vinculante, ainda que antes da celebração do
negócio e o proponente não pode voltar atrás, salvo nos casos previstos na
própria lei – art. 427 e 428

REGRA: obriga o proponente


EXCEÇÃO:
A) SE A NÃO OBRIGATORIEDADE RESULTAR DOS TERMOS
DELA MESMO: é o caso de o proponente deixar claro que pode voltar atrás,
mas isso NÃO PODE OCORRER NO ÂMBITO DO CDC

B) SE RESULTAR DA NATUREZA DO NEGÓCIO: é o que ocorre


nas propostas não receptícias, abertas ao público e limitada ao estoque, por
exemplo (ex: ofereço carona na minha moto a um grupo – se mais 1 aceitar
eu não posso cumprir porque é impossível – cabe 2 pessoas)

C) SE RESULTAR DAS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO: é o que dá


margem ao juiz analisar pela razoabilidade do caso concreto, doutrina não cita
exemplos

EM RESUMO: a proposta vincula o proponente, salvo quando houver ressalva


nela mesmo; natureza do negócio ou circunstâncias do caso e deixará de ser
vinculante nos casos do art. 428, quais sejam: os presentes não aceitarem
imediatamente; os ausentes não aceitaram em tempo hábil ou quando passou
o tempo de expedição da vontade
Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:
I - se, FEITA SEM PRAZO A PESSOA PRESENTE, não foi imediatamente
aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou
por meio de comunicação semelhante; → é a contratação pela internet, mas
não podemos generalizar que tudo pela internet vai ser entre presentes (vide
e-mail)
* ex: eu pergunto na aula se alguém quer comprar o livro, ninguém responde,
mas amanhã João me procura falando que aceita → ela já expirou, foi entre
ausentes e eu não dei prazo. Seria diferente se eu tivesse dado um prazo X
II - SE, FEITA SEM PRAZO A PESSOA AUSENTE, tiver decorrido tempo
suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente;
* é diferente do caso anterior: precisamos considerar o tempo de “ida e de
volta da resposta”, mas a lei não fala o tempo necessário e acaba ficando uma
insegurança jurídica
III - se, FEITA A PESSOA AUSENTE, não tiver sido expedida a resposta
DENTRO DO PRAZO dado; → aqui é simples, o prazo vincula
* o CC adotou para os contratos entre ausentes a TEORIA DA EXPEDIÇÃO:
quando é considerado um prazo, é o prazo que a vontade seja
expedida/enviada e não o prazo de chegada – vale o carimbo do correio, hora
dos computadores nas mensagens enviadas (que pode ser até periciada)
* as outras posições foram descartadas pelo legislador, mas podem ser
adotadas em nome da autonomia privada (mas no silêncio, vale a lei)
IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra
parte a retratação do proponente.

OFERTA AO PÚBLICO

É aquela oferta dirigida a número indeterminado de pessoas e vai ter os


mesmos efeitos: vincula e torna-se obrigatória, SALVO NOS CASOS EM QUE
A CIRCUNSTÂNCIA OU USO DESCARACTERIZAR COMO OFERTA
* COMO ASSIM? Imagine o caso de a cidade ter o costume de anunciar
produtos em voz alta como publicidade, em que a proposta é feita só depois
→ exemplo dessa oferta ao público são as máquinas de refrigerantes e doces
do metrô

Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos


essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos
usos.
Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação,
desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada.
MORTE DO PROPONENTE:
se a oferta puder ser cumprida depois, ou seja, não ser prestação infungível, a
sua obrigatoriedade perdurará

FALÊNCIA DO PROPONENTE:
se o proponente vier a falir isso não o priva da capacidade de contratar,
embora os contratos não sejam oponíveis à massa falida (ou seja, não
prejudicam os seus credores)

B. ACEITAÇÃO
- é uma manifestação de vontade concordante do ACEITANTE/OBLATO que
adere à proposta que lhe fora apresentada
- deve ser externada SEM VÍCIOS DE CONSENTIMENTO

ACEITAÇÃO TARDIA

Art. 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao


conhecimento do proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante,
sob pena de responder por perdas e danos.
* isso observa a boa-fé objetiva, dever de informação eticidade (ex: mando
uma carta para Maria oferecendo 1 tonelada de maça, ela me responde falando
que quer, mas a carta extravia e chega 1 semana depois – eu preciso avisar a
ela que chegou depois e que eu já tinha vendido)

Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações,


importará NOVA PROPOSTA.

ACEITAÇÃO TARDIA: se a proposta já expirou, via de regra, já não se pode


mais aceitar, mas como fica a ACEITAÇÃO TARDIA? O art. 431 resolve e
considera como sendo uma nova proposta = é o oblato dizendo que aceita
* mas e o proponente original? Agora ele precisa dizer se aceita ou não
* quem era o oblato/aceitante, vira proponente

ACEITAÇÃO MODIFICATIVA: é aquela que vem com adições, modificações


da proposta original (ex: ofereço o bem X por 100, Maria fala que compra por
50 → a aceitação não coincide com a proposta, mas a lei a transforma em
nova proposta)
* é a contraproposta

RETRATAÇÃO DA PROPOSTA

- QUEM PROPÔS OU QUEM ACEITOU PODE MUDAR DE IDEIA? POSSO


RETIRAR MINHA DECLARAÇÃO DE VONTADE? Poder pode, mas de forma
muito restritiva
Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:
IV- se, ANTES DELA, OU SIMULTANEAMENTE, chegar ao conhecimento da
outra parte a retratação do proponente.
* ainda não formou o contrato, então corro e retrato
Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela
chegar ao proponente a retratação do aceitante.
- FIQUEI EM DÚVIDA DA RETRATAÇÃO DE QUEM ACEITOU

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO

* não é muito relevante porque a lei é a mesma em todo território nacional →


é um CC para o Brasil todo
* as partes podem escolher onde vão celebrar o contrato, basta colocar a data
no final, mas no silêncio fica o local em que foi proposto

Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto.

1ª - Questão:
Carlos, proponente, pretende formalizar um contrato de prestação de serviços
com João, e para tanto envia a proposta ao mesmo com o prazo de 15 dias
para a resposta. No décimo quarto dia, João responde confirmando a
contratação, contudo, a sua resposta somente chega ao proponente no
décimo sexto dia.
Diante do exposto, pode-se afirmar que o contrato está formalizado?
Responda fundamentadamente a questão.
Resposta:
* Sim, haja vista a adoção expressa pelo Código Civil da teoria da expedição,
nos termos do art. 428, inciso III. Como João respondeu, expediu a vontade
dentro do prazo, tem-se por formalizado o contrato.

2ª - Questão:
Leandro doou sua biblioteca para o conceituado professor Fernando e, no ato
da doação, deixou consignado que o motivo que o levou a doar os bens
foi justamente o mérito acadêmico do professor, que com os livros em
seu patrimônio poderia aprofundar ainda mais as suas pesquisas acadêmicas.
Ocorre que após seis meses da doação, o doador, através de notícia na
imprensa que deixa claro que os fatos foram comprovados, vem a saber que o
aludido professor é um farsante e enganador e que todos os seus diplomas são
falsos. Ato contínuo, Leandro pretende extinguir a doação, enquanto que
Fernando sustenta que a situação narrada não se encontra nas hipóteses de
revogação da doação prevista no artigo 555 do Código Civil.
Diante do exposto, pergunta-se: quais fundamentos jurídicos poderiam ser
alegados por Leandro para extinguir a doação?
Responda fundamentadamente a pergunta apontando o(s) dispositivo(s)
pertinente(s) do Código Civil para o deslinde da controvérsia.

Leandro poderia invocar vício do negócio jurídico consistente em erro e, por


ainda estar no lapso do prazo decadencial de anulação da doação, ingressar
com ação anulatória. Não há de se falar em caminho de revogação de doação,
haja vista o caráter restritivo do art. 575.

POR QUE É ERRO? Há um descompasso da vontade com a realidade fática →


ele não tem uma qualidade que achei que teria
- qual o prazo? DECADENCIAL DE 04 ANOS!! - É UMA AÇÃO
DESCONSTITUTIVA/DECLARATÓRIA

CONTRATO PRELIMINAR

- PROMESSA DE COMPRA E VENDA: não é sinônimo de contrato preliminar,


é uma espécie de contrato preliminar (na prática é a espécie mais importante)
* temos que pensar no contrato de promessa de compra e venda em 2
perspectivas:
OBRIGACIONAL: art. 462 ao 466 do Código Civil – regula o contrato
preliminar de forma geral
REAL: art. 1.417 e 1.418 → contrato de promessa de compra e venda
quando registrado gera o DIREITO REAL DE AQUISIÇÃO DE PROPRIEDADE

ex: quero comprar o apartamento de Gabriel por 1 milhão, mas não tenho
esse dinheiro e vou pagar 500 mil e parcelar a diferença. Mas como ele me
vende se não paguei o preço e eu fico como se já paguei 500 mil? →ao inves
de fazer o contrato definitivo de compra e venda, faz a promessa de compra e
venda
* quando assino o contrato de promessa de compra e venda os 2 são credores
e devedores ao mesmo tempo: eu sou credor de dar os 500 mil que faltam e
ele é credor de uma obrigação de fazer, que é a celebração do contrato
definitivo

O objeto do contrato preliminar é uma OBRIGAÇÃO DE FAZER


consistente na emissão de uma declaração de vontade necessária para
celebração do contrato definitivo
* o que eu posso exigir do Gabriel depois de pagar tudo? A celebração do
contrato de compra e venda → essa obrigação de fazer que é a discussão

CONCEITO
É um negócio jurídico bilateral pelo qual uma ou mais de uma parte se
compromete a celebrar o contrato definitivo.

UNILATERAL X BILATERAL
O contrato bilateral, como sendo um contrato, é sempre um negócio jurídico
bilateral, mas pode ser classificado como CONTRATO UNILATERAL OU
BILATERAL

CONTRATO PRELIMINAR UNILATERAL – só uma das partes assume a


obrigação de fazer
ex: CONTRATO DE OPÇÃO → incorporadora vê uma casa velha na zona sul,
oferece X nela e enquanto faz um estudo de potencial construtivo, projeto etc,
faz um contrato preliminar em que o vendedor assume que vai me vender na
data X pelo preço Y → só ele, vendedor, assumiu essa obrigação
* A OPÇÃO ESTÁ EM EU, DEPOIS DESSE PRAZO, COMPRAR OU NÃO)

O contrato de opção traz segurança para aquele que quer garantir dentro do
prazo do contrato a opção de compra → a opção é unilateral, ela amarra de
forma unilateral e depois pode recorrer a justiça: pedir tutela provisória de
urgência p/ ele vender em execução específica

* a Caixa Econômica antigamente exigia, antes de iniciar a análise do


financiamento, toda a burocracia de cadastro etc, que o cliente conseguisse
com o vendedor um contrato de opção em que o VENDEDOR SE COMPROMETE
A VENDER

CONTRATO PRELIMINAR BILATERAL: as 2 partes assumem


prestações, obrigações de fazer (ex: promessa de compra e venda – vendedor
promete vender e o comprador promete comprar)

→ DIFERENCIE O CONTRATO DE OPÇÃO DA PROMESSA DE COMPRA E


VENDA: ambas são contratos e, portanto, negócio jurídico bilateral, mas a
opção, por ter prestação de apenas 1 das partes, é um contrato unilateral. O
contrato, por outro lado, tem prestação dos 2 lados e é bilateral

OPÇÃO PROMESSA DE COMPRA E VENDA


CONTRATO PRELIMINAR UNILATERAL CONTRATO PRELIMINAR BILATERAL
Só uma parte se compromete a fazer Ambas as partes se comprometem a
a OBRIGAÇÃO DE FAZER fazer a OBRIGAÇÃO DE FAZER

→ QUAL A DIFERENÇA DE CONTRATO UNILATERAL PARA NEGÓCIO


UNILATERAL? O contrato será sempre um negócio jurídico bilateral, tem 2
manifestações de vontade, mas será classificado como unilateral por ter
prestação apenas de uma das partes; por outro lado, o negócio unilateral
conta com apenas uma manifestação de vontade

Art. 466. Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena de ficar
a mesma sem efeito, deverá manifestar-se no prazo nela previsto, ou,
inexistindo este, no que lhe for razoavelmente assinado pelo devedor.
* pode ter uma opção com prazo ou sem prazo → (ex: no contrato preliminar
de opção a construtora pediu 03 meses = se passou esse prazo e ela não
procurou, fica sem efeito)
* E SE NÃO TIVER PRAZO FIXADO? Pode analisar o que seria razoável,
analisando a razão de ser do contrato → é um conceito jurídico indeterminado
submetido ao controle judicial sob pena de abuso de direito

FORMA DO CONTRATO PRELIMINAR


QUAL A REGRA GERAL QUANTO A FORMA? Forma livre – art. 107, CC
* qualquer contrato, via de regra, pode ser celebrado de forma verbal ou
escrita, salvo quando a lei exige forma especial

Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma


especial, senão quando a lei expressamente a exigir

O contrato preliminar NÃO SE SUJEITA AO CONSENSUALISMO PREVISTO


NO ART. 107 do CC. Exige o paralelismo com a mesma forma exigida para o
contrato definitivo → vai depender do contrato definitivo, se o definitivo exige
escritura pública, o preliminar também vai.

A promessa de compra e venda, portanto, segue a regra do art. 108 do CC, ou


seja, se o imóvel tem valor superior a 30 salários seria a escritura pública
necessária. Todavia, há uma regra específica no art. 1.417 permitindo o mero
instrumento particular para promessa de compra e venda,
independentemente do valor do bem

Art. 108. NÃO DISPONDO A LEI EM CONTRÁRIO, a escritura pública


é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição,
transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor
superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no país.
REGRA: promessa de compra e venda deveria seguir o art. 108 e
ser por escritura pública

EXCEÇÃO: art. 1.417 – a própria lei fala que pode ser celebrada
por instrumento público ou privado

Art. 1.417. Mediante promessa de compra e venda, em que se não


pactuou arrependimento, celebrada por instrumento público OU
PARTICULAR, e registrada no cartório de registro de imóveis, adquire o
promitente comprador direito real à aquisição do imóvel.

OBS: RECIBO DE SINAL/ARRAS – muito comum que os corretores de


imóveis exijam sinal e emitem um recibo de sinal, que é recibo de arras → VAI
SER RECIBO DE ARRAS e isso é atécnico, o ideal é fazer o contrato de
promessa de compra e venda, não precisa de escritura pública,
independente do valor
* STJ inclusive tem orientação no sentido de que esse recibo de arras deve ser
interpretado como sendo um contrato de promessa de compra e venda,
quando presente os seus requisitos

OBS:. CONTRATO PRELIMINAR NÃO É SÓ DE COMPRA E VENDA


* ex: é pouco comum, mas pode ser feito contrato preliminar de locação →
amo aquele apartamento, mas ele está alugado e tem prazo de 2 anos dessa
locação ainda. Fazemos um contrato preliminar de locação dispondo que daqui
2 anos ele vai me locar e eu vou alugar = pode ser contrato de opção também,
nada impede

POSSO TER CONTRATO PRELIMINAR VERBAL? Sim – nada impede, mas


para que tenha segurança jurídica, o ideal é formalizar, colocar no papel

REQUISITOS
Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os
requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado
* pelo art. 462 o contrato preliminar de compra e venda poderia ser verbal = o
legislador já falou que não precisa seguir quanto à forma, mas o art. 1417 já
exigiu que fosse escrito
* art. 462 abre a brecha, mas o art. 1417 restringe para a promessa de
compra e venda

A PROMESSA DA PROMESSA PODE SER VERBAL? o contrato preliminar de


compra e venda precisa ser por escrito (art. 1417), mas a promessa da
promessa pode ser verbal
* essa promessa da promessa é eu prometer que vou celebrar com você a
promessa de compra e venda e depois da promessa, fazemos o definitivo
* essa promessa da promessa foi: vou tirar as certidões e semana que vem
assinamos a promessa

Todos os requisitos do contrato definitivo devem ser observados pelo contrato


preliminar.
O art. 1647 se aplica a promessa de compra e venda, ou seja, o promitente
vendedor terá que obter autorização do cônjuge, excepcionado o regime da
separação absoluta.

COMPRAR IMÓVEL VENDER O IMÓVEL


Não precisa do consentimento do Precisa do consentimento do cônjuge
cônjuge para assinar - art. 1647, I: alienar ou gravar de
ônus reais os bens imóveis

* ex: CASADO PELA COMUNHÃO PARCIAL PRECISA DO CÔNJUGE PARA


CELEBRAR A PROMESSA? Se for vender sim

→ DISCUSSÃO DA PROIBIÇÃO DO AIRBNB: na verdade já está proibido, a


convenção de condomínio geralmente já dispõe que é condomínio residencial
→ a discussão seria que é um contrato de hospedagem atípico que não é
compatível com locação residencial. O min. Salomão fala que é locação. Na
verdade o airbnb é mero intermediário ali
* eles tiram a empregada p/ virar mera locação, sair do contrato de
hospedagem atípico = passa o telefone e você negocia

DIFERENCIE CONTRATO PRELIMINAR DE FASE PRÉ-CONTRATUAL: o


contrato preliminar ultrapassou a fase pré-contratual ou do pré-contrato e
avançou para proposta e aceitação. Na fase pré-contratual, existem meras
tratativas que podem ou não levar a formação do contrato preliminar
* questão do TJRJ

RESPONSABILIDADE CIVIL:
- FASE PRÉ-CONTRATUAL (art. 186, 187 e 927) – responsabilidade
subjetiva, regra geral do art. 186, mas são tantas exceções que a lei objetiva,
que podemos dizer que há mais objetiva do que subjetiva hoje em dia

- FASE CONTRATUAL (art. 389 e 395)

Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos,
mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente
estabelecidos, e honorários de advogado.

OBRIGATORIEDADE DO REGISTRO
PRECISO REGISTRAR A PROMESSA DE COMPRA E VENDA?
PARA EXIGIR A ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA DO IMÓVEL PRECISA DE
REGISTRO?

- EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA POLÊMICA (3 ETAPAS)

1ª ETAPA – STF antes de 88 (stj só veio depois da cf/88, implantado em


89, antes disso o STF que apreciava tudo): nas súmulas 167, 168 e 413 o stf
entendeu que o REGISTRO É OBRIGATÓRIO para possibilitar adjudicação
compulsória, se baseavam na literalidade do art. 22 do decreto 58/1937
* foram legalistas → PARA O STF SÓ ADJUDICA SE TIVER REGISTRO

2ª ETAPA - STJ (PÓS 88): nas súmulas 84 e 239, o STJ dispensa o


registro da promessa para adjudicação compulsória. Entende que o contrato
preliminar de promessa de compra e venda cria uma relação jurídica
obrigacional, cuja eficácia e obrigatoriedade entre as partes INDEPENDE DE
REGISTRO. Para eles, o registro é apenas um fator de eficácia erga omnes ao
criar o direito real a aquisição
* eles enxergaram a promessa em uma perspectiva obrigacional

3ª ETAPA – CC (art. 1417, CC): o CC vem no art. 1417 e 1418


positivando a posição do STF)
* mas o projeto do CC é de 1975, não tinha STJ e eles tinham que positivar a
jurisprudência dominante, que na época era a do STF

ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA EXIGE REGISTRO DA


PROMESSA?
STF Precisa do registro em razão do art. 22
do decreto 58/37
STJ Não precisa, a obrigação já está
formada
CC Art. 1417 e 1418 – precisa de registro
O QUE PREVALECE HOJE?

Os enunciados 30 e 95 do CJF interpretam os artigos art. 463, PU e art. 1417 e


1418 considerando que na época da elaboração do anti-projeto do CC (1975),
o STF e não o STJ apreciava a matéria. Por isso, a interpretação da
obrigatoriedade do registro se relaciona a sua eficácia perante terceiros, sendo
a adjudicação uma ação pessoal que busca a substituição da vontade do
promitente vendedor por uma decisão judicial que produza o mesmo efeito,
isto é, envolve a eficácia inter partes.

O direito à adjudicação compulsória (art. 1.418 do novo Código Civil), quando


exercido em face do promitente vendedor, não se condiciona ao registro da
promessa de compra e venda no cartório de registro imobiliário (Súmula n.
239 do STJ).

QUAL O DIFERENCIAL DO REGISTRO? A eficácia perante terceiros

• SEM REGISTRO: o contrato é válido, mas não tem direito de sequela,


não pode reivindicar, só resta P/D (ex: João promete vender e Maria
promete comprar. Fazem contrato preliminar e Maria começa a pagar,
mas não registram o contrato. Nesse tempo, João vende para Marcos →
Maria não pode ir atrás do imóvel, só resta pedir indenização
• COM REGISTRO: pode reivindicar perante terceiros (se João e Maria
tivessem registrado o contrato. Marcos não ia conseguir registrar e,
ainda que conseguisse, a 2ª alienação foi ineficaz)

Art. 1.418. O promitente comprador, titular de direito real, pode exigir do


promitente vendedor, ou de terceiros, a quem os direitos deste forem cedidos,
a outorga da escritura definitiva de compra e venda, conforme o disposto no
instrumento preliminar; e, se houver recusa, requerer ao juiz a adjudicação do
imóvel.

COM OU SEM REGISTRO PODE AJUIZAR ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA


Súmula 239-STJ: O direito à adjudicação compulsória não se condiciona
ao registro do compromisso de compra e venda no cartório de imóveis.

A adjudicação compulsória é a ação proposta pelo promissário comprador


contra o promitente vendedor que se recusa a cumprir sua obrigação de
outorgar a escritura definitiva de compra e venda = e a sentença vai
substituir a declaração de vontade do vendedor. SENTENÇA DA
ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA SUPRE E ESCRITURA PÚBLICA E PODE
SER LEVADA A REGISTRO

JURISPRUDÊNCIA
A averbação do desmembramento de imóvel urbano é condição
indispensável para a procedência da ação de adjudicação compulsória

Exemplo hipotético: Jasmim Ltda. ajuizou ação de adjudicação compulsória


contra Dimensão Ltda. alegando que celebrou contrato de promessa de
compra e venda de um lote que se encontrava em fase de desmembramento
perante a “Prefeitura” (Município). Afirma que, apesar de celebrado o negócio,
a ré ainda não outorgou a escritura definitiva do imóvel. A requerida defendeu-
se afirmando que não outorgou a escritura pública porque ainda não houve o
desdobro do imóvel prometido à venda e que isso seria obstáculo à
procedência da adjudicação compulsória.
Em um caso semelhante a esse, o STJ decidiu que não é possível a
procedência da ação de adjudicação compulsória.
O art. 37 da Lei nº 6.766/79 (Lei de parcelamento do solo urbano) afirma que
“é vedado vender ou prometer vender parcela de loteamento ou
desmembramento não registrado”. Além disso, segundo o regramento previsto
no Decreto-Lei nº 58/1937, julgada procedente a ação de adjudicação
compulsória, a sentença valerá como título para transcrição no cartório de
registro de imóveis respectivo. Assim, se o imóvel de cuja escritura se exige a
outorga não tem matrícula própria, individualizada no registro de imóveis,
eventual sentença que substitua a declaração de vontade do promitente
vendedor torna-se inócua, considerando que não será possível a sua
transcrição.
A existência de imóvel registrável (imóvel que pode ser levado a
registro) é condição específica da ação de adjudicação compulsória, de
modo que a averbação do desmembramento de imóvel urbano, devidamente
aprovado pelo Município, é formalidade que antecede necessariamente o
registro de área fracionada. STJ. 3ª Turma. REsp 1851104-SP, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 12/05/2020 (Info 672).

++ (Promotor MP/MS 2018) É vedado vender ou prometer vender parcela de


loteamento ou de desmembramento urbano não registrado. (certo)

1ª - Questão:
José, promitente vendedor, celebrou com Marcos, promitente comprador,
contrato preliminar de compra e venda de imóvel situado em Niterói, por
instrumento particular não averbado no registro imobiliário, sem qualquer
cláusula de arrependimento. Pergunta-se:
a) Cumpridas todas as prestações por parte de Marcos, esclareça se é cabível,
no caso em tela, pedido de adjudicação compulsória do imóvel em face de
José, considerando o que estabelecem os artigos 1417 e 1418 do Código Civil.
b) Supondo que na hipótese acima José, na pendência do contrato preliminar,
alienou o referido imóvel para Caio, esclareça se Marcos, cumprindo todas as
prestações decorrentes do pré-contrato, poderá legitimamente requerer a
adjudicação compulsória do imóvel em face do adquirente do aludido bem
1ª - Questão:
(Caio).

a) Pela orientação predominante não precisa do registro, pode adjudicar


mesmo sem registro → o registro é só para eficácia perante 3º

b) Nos termos do art. 1418, poderá Marcos exigir a outorga da escritura


definitiva e compra e venda e diante da recusa, pode judicializar o pleito de
adjudicação do imóvel.
Art. 1.418. O promitente comprador, titular de direito real, pode exigir do
promitente vendedor, ou de terceiros, a quem os direitos deste forem cedidos,
a outorga da escritura definitiva de compra e venda, conforme o disposto no
instrumento preliminar; e, se houver recusa, requerer ao juiz a adjudicação do
imóvel.

JURISPRUDÊNCIA²:
É admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de
posse advinda do compromisso de compra e venda, AINDA QUE
DESPROVIDO DE REGISTRO, de imóvel adquirido na planta que se
encontra em fase de construção

Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de
constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível
com o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por
meio de embargos de terceiro.

Súmula 84-STJ. é admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em


alegação de posse advinda do compromisso de compra e venda de imóvel,
ainda que desprovido do registro
* ex: João celebrou contrato de promessa de compra e venda com a
construtora do apto 503 que estava sendo construído, mas não registrou e
ainda estava pagando o imóvel Nesse tempo do pagamento, Maria estava
executando a construtora e o juiz determinou a penhora do apto 503, que
ainda constava como sendo de propriedade de construtora. João quando soube
disso opôs embargos de terceiros

Mas João não tem ainda a propriedade do imóvel...


É verdade. No entanto, ele já tem a posse indireta.
A posse que permite a oposição dos embargos de terceiro é tanto a direta
quanto a indireta.
Assim, por exemplo, o usufrutuário, o locatário (possuidor direto), o locador
(possuidor indireto) e o compromissário comprador têm direito de defender
sua posse por meio dos embargos.

JURISPRUDÊNCIA
O caput art. 32 da Lei nº 6.766/78 afirma que, se o promitente-comprador
atrasar o pagamento da prestação, o contrato será rescindido 30 dias depois
de constituído em mora o devedor.
O § 1º do art. 32 estabelece que o devedor será constituído em mora por meio
de intimação feita pelo Oficial do Registro de Imóveis. Mesmo sem estar
expressamente previsto no dispositivo, o STJ entende que essa intimação de
que trata o § 1º do art. 32 pode ser feita através de carta com aviso de
recebimento, desde que assinado o recibo pelo devedor.
Assim, a constituição em mora, para fins de rescisão de contrato de
compromisso de compra e venda de imóvel em loteamento, sujeito à disciplina
da lei nº 6.766/79, PODE SE DAR POR CARTA COM AVISO DE
RECEBIMENTO, DESDE QUE ASSINADO O RECIBO PELO PRÓPRIO
DEVEDOR, NOS TERMOS DO ART. 49 DA MESMA LEI. STJ. 3ª Turma. REsp
1745407/SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 11/05/2021 (Info
696).

CONTRATO COM PESSOA A DECLARAR

* art. 467 a 471


Art. 467. No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes
reservar-se a faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e
assumir as obrigações dele decorrentes.

CONCEITO

É um contrato pelo qual uma parte se reserva o direito de indicar alguém


para assumir sua posição na relação contratual.
* é uma forma lícita de ocultar a pessoa adquirente daquele contrato (isso era
muito comum na época de compra de escravos → ocultava o comprador p/ o
preço do leilão não subir muito)

ex: Neymar pede p/ alguém negociar uma compra e venda para ele para não
correr o risco de subirem o preço por ser ele

CONTRATO COM PESSOA A DECLARAR X CESSÃO DE CONTRATOS: são


figuras muito parecidas
- a cessão de contratos é muito comum nos casos de passar ponto, por
exemplo: tenho um negócio que não está indo bem, passo para João e ele vai
me suceder no contrato de locação = sucessão do polo contratual

CONTRATO COM PESSOA A CESSÃO DE CONTRATOS – sem


DECLARAR – art. 467, CC previsão no CC/02
SUCESSÃO DO POLO CONTRATUAL SUCESSÃO DO POLO CONTRATUAL
O sucessor assume TODOS os direitos O sucessor assume os direitos e
e deveres desde a celebração do deveres desde a cessão → EX NUNC
negócio → EX TUNC
Eu nomeio alguém para assumir os O cedente transfere sua posição
direitos e deveres daquele negócio contratual a um terceiro → incluindo
* se ele aceitar → EX TUNC créditos e débitos ele passa a
substituí-lo na relação jurídica
A faculdade de indicação já vem desde Pode não ter previsão anterior
o início do contrato
Ex: compro uma casa no lugar do Ex: quando passa o ponto → o
Neymar p/ proteger ele locatário sai e o terceiro entra

→ NA CESSÃO CONTRATUAL HÁ REFLEXOS TRIBUTÁRIOS (ITBI)


Art. 468. Essa indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo de cinco
dias da conclusão do contrato, se outro não tiver sido estipulado.
Parágrafo único. A aceitação da pessoa nomeada não será eficaz se não se
revestir da mesma forma que as partes usaram para o contrato.
- NÃO TEM FORMA ESPECÍFICA DE COMUNICAÇÃO: o código só exige que seja
no prazo de 05 dias ou em outro já especificado

SE ASSINEI O CONTRATO COM PESSOA A DECLARAR, INDIQUEI A


OUTRA PESSOA, MAS HÁ AÇÃO JUDICIAL EM QUE EU FIGURO COMO
PROPRIETÁRIO ADQUIRENTE → HÁ SUCESSÃO PROCESSUAL? Não, para
não bagunçar o processo. Eu fico e a pessoa pode entrar como liticonsorte

ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO

- art. 436 a 438


- exceção ao princípio da relatividade dos contratos, que prega a não reflexão
dos efeitos além das partes contratuais
Na estipulação em favor de terceiro (ou contrato em favor de terceiro), as
partes convencionam que alguém estranho a relação receberá as vantagens
resultantes do ajuste
- O TERCEIRO É PARTE DO CONTRATO? Não – por isso não se exige dele a
capacidade (ex: contrato de seguro de vida celebrado entre Fábio e o banco,
com a possibilidade da filha de 14 anos exigir o pagamento em caso de
acidente pessoal de vida)
- Na estipulação há divergência sobre a possibilidade de onerosidade:
CAIO MÁRIO E TEPEDINO: não há vedação quanto a estipulação
onerosa ou com encargo
ORLANDO GOMES: a gratuidade é da essência do contrato
- QUEM PODE EXIGIR O CUMPRIMENTO? O estipulante e o terceiro, desde
que o terceiro/beneficiário tenha anuído ao contrato (art. 436, PU)
Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação,
também é permitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas
do contrato, se a ele anuir, e o estipulante não o inovar nos termos do art.
438.
* isso é criticado hoje em dia porque nesse momento ele passa a ser parte (?
- POSSO SUBSTITUIR O BENEFICIÁRIO? Art. 436, PU só permite até a
aceitação – depois que o beneficiário aceita, há renúncia por parte do
estipulante
* SEGURO NÃO TEM NATUREZA SUCESSÓRIA – não vai para o inventário (se
eu sou beneficiária não preciso do alvará ou inventário p/ sacar). A natureza é
contratual
- STJ fala que alguns casos, a depender da previdência privada, ela pode
se desconfigurar como contratual e entrar como aplicação comum e ai entra no
inventário/sucessão
→ JULGADO DO STJ: na hipótese em que o segurado tenha contratado
seguro de vida sem indicar o beneficiário e, na data do óbito, esteja separado
de fato e em união estável, o capital segurado deve ser pago metade aos
herdeiros e a outra metade será dividida entre a cônjuge e a companheira →
enfiaram uma função social no meio
ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE PROMESSA DE FATO DE TERCEIRO
TERCEIRO
Tenho o contrato cujo beneficiário é A prestação principal vai ser cumprida
alguém que não integra a relação por um 3º que não integra a relação
processual processual

PROMESSA DE FATO DE TERCEIRO

- art. 439 a 440


É uma exceção ao princípio da relatividade dos efeitos contratuais, na medida
em que o promitente e promissário contratam uma obrigação cuja prestação
deve ser executada por alguém estranho a uma relação contratual
Ex: comprei ingresso para o show e o cantor não veio → posso processar ele?
Quando contratei, contratei o organizador do evento, não tenho relação com o
cantor (ninguém me garante que ele também foi contratado)
* isso é claro exemplo de promessa de fato de terceiro
* EU NÃO PROCESSO O CANTOR

RESPONSABILIDADE CIVIL:
REGRA: a responsabilidade é do promitente
Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por
perdas e danos, quando este o não executar.
EXCEÇÃO: art. 439, PU
Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o
cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e
desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a
recair sobre os seus bens.
* essa responsabilidade civil não vai existir se o terceiro for cônjuge de quem
prometeu + o ato prometido dependia de sua anuência + a indenização
atingiria seus bens por causa do casamento
Ex: a fiança exige o consentimento do cônjuge para ser válida, salvo na
separação absoluta. João, na qualidade de fiador, promete ao locador, que a
sua esposa Maria iria assinar também → “assina aqui que eu vou colher a
assinatura dela também
* isso é criticado porque cria uma irresponsabilidade civil – ex: sou casado pela
comunhão parcial, falo com locador que vou assinar a fiança e pegar a
assinatura da minha esposa. Meu patrimônio inteiro é dividido com ela. Se
houver ação de responsabilidade civil, o locador autor da ação vai penhorar
meus apartamentos = isso prejudica a minha mulher e a vítima fica sem
indenização
* ela não praticou nenhuma conduta e por isso não pode ser alcaçnada de
qualquer modo pela minha conduta de prometer e não cumprir
- ler perda de uma chance

ELEMENTOS NATURAIS DO CONTRATO


Os contratos têm elementos ESSENCIAIS, NATURAIS E ACIDENTAIS
ESSENCIAIS ACIDENTAIS NATURAIS
SUJEITO CONDIÇÃO VÍCIO REDIBITÓRIO
OBJETO TERMO EVICÇÃO
FORMA ENCARGO
DECLARAÇÃO DE VONTADE
OBS:. O último elemento não Não é natural, as partes Independem de
é unânime na doutrina inserem – no direito civil estipulação
acidental é tudo aquilo que
as partes adicionam

1. VÍCIOS REDIBITÓRIOS

CONCEITO
São defeitos ocultos de coisa recebida em virtude de contrato comutativo ou
doação onerosa que a torna imprópria ao fim a que se destina.

- VÍCIO REDIBITÓRIO X ERRO:

VÍCIO REDIBITÓRIO ERRO


Natureza OBJETIVA: falta uma Natureza SUBJETIVA: tem um
qualidade essencial no objeto descompasso entre a vontade real e a
declarada
* não tem vício, o produto só não tem
as qualidades essenciais
Ex: comprei um touro reprodutor e ele Ex: comprei um relógio de prata
é estéril; comprei um carro e ele achando que era ouro branco
aquece muito
PRAZO DECADENCIAL – ver art. 445 PRAZO DECADENCIAL de 04 anos –
art. 166, II do CC

O ALIENANTE SEMPRE RESPONDE PELO VÍCIO? ESTANDO DE BOA OU


MÁ-FÉ? Sim, o que vai mudar é PERDAS E DANOS
SABIA DO VÍCIO: restitui + perdas e danos
NÃO SABIA: restitui
Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que
recebeu com perdas e danos; SE O NÃO CONHECIA, TÃO-SOMENTE
RESTITUIRÁ O VALOR RECEBIDO, MAIS AS DESPESAS DO CONTRATO.

Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça


em poder do alienatário, se perecer por vício oculto, JÁ EXISTENTE AO
TEMPO DA TRADIÇÃO.
* o vício precisa ser anterior a tradição

Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de


CLÁUSULA DE GARANTIA; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao
alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de
decadência.

Ex: comprei um carro usado e ele me deu 2 meses de garantia. Depois de 3


dias, o carro estraga e eu preciso de reboque + conserto
* nos 3 meses de garantia não corre o prazo de 30 dias para bem móvel (art.
445 caput) → começa a contar depois e ai tem mais 30 dias
* MAS O VÍCIO PRECISA SER PREEXISTENTE A TRADIÇÃO → e não ao término
da garantia (foi isso que eu errei na questão)
* mas só vai pagar perdas e danos se agiu com má-fé

AÇÕES EDILÍCIAS
O adquirente titulariza as AÇÕES EDILÍCIAS, ou seja, um concurso de ação
que lhe permite optar entre:

AÇÃO ESTIMATÓRIA (quanti minoris): abatimento do preço


AÇÃO REDIBITÓRIA: extinção do contrato

QUAL O PRAZO PARA EXERCER ESSAS AÇÕES?

BEM MÓVEL: 30 dias


BEM IMÓVEL: 1 ano

TERMO INICIAL PARA CONTAGEM DO PRAZO:

REGRA: TRADIÇÃO – art. 445, CC


EXCEÇÕES:

1. CONTA A PARTIR DO ATO JURÍDICO: quando JÁ ESTAVA


NA POSSE: no próprio ato jurídico (ex: compro o apartamento em que eu já
morava porque era locatário; comandatário, usufrutiário)
* o prazo reduz pela metade

2. Para o VÍCIO QUE NÃO TEM CONDIÇÃO DE


CONHECIMENTO IMEDIATO, o prazo é contado a partir da ciência
(ex:vazamento que só pode ser conhecido com a chuva forte) → a partir da
ciência

HIPÓTESE – art. 445 TERMO INICIAL PRAZO PARA AÇÃO


EDILÍCIA
REGRA: TRADIÇÃO BEM MÓVEL: 30 DIAS
BEM IMÓVEL: 1 ANO
JÁ ESTAVA NA ATO JURÍDICO – ex: quando BEM MÓVEL: 15 DIAS
POSSE comprou BEM IMÓVEL: 6 MESES
VÍCIO NÃO É DE CIÊNCIA - desde que em:
CONHECIMENTO MÓVEL: 180 DIAS BEM MÓVEL: 30 DIAS
IMEDIATO IMÓVEL: 1 ANO BEM IMÓVEL: 1 ANO

Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no


preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel,
contado da ENTREGA EFETIVA; se já ESTAVA NA POSSE, o prazo conta-
se da alienação, reduzido à metade.
§1º Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o
prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo
de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os
imóveis.
§2º Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos
serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais,
aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não houver regras
disciplinando a matéria.
- Ex: em 08/02/2023 eu comprei um apartamento e houve a tradição do
imóvel. Dia 09/02/2024 ocorre uma chuva forte e eu percebo um vazamento
que até então não havia ocorrido
O art. 445, §1º estabelece um limite temporal dentro do qual deverá ocorrer a
ciência do vício redibitório, de modo a permitir a estabilidade da relação
jurídica. No caso acima, a ciência ocorreu em 1 ano e 1 dia, tendo sido
operada a decadência

Se o vício redibitório foi sanado, o adquirente não tem mais direito ao


abatimento do preço
O saneamento de vício redibitório limitador do uso, gozo e fruição da área de
terraço na cobertura de imóvel objeto de negócio jurídico de compra e venda –
que garante o seu uso de acordo com a destinação e impede a diminuição do
valor –, afasta o pleito de abatimento do preço.
João comprou apartamento no último andar do edifício, estando previsto no
contrato que ele poderia fazer construções na cobertura. Por ter comprado a
cobertura, ele pagou 25% a mais. Ocorre que, depois que o prédio ficou
pronto, João não pode realizar nenhuma construção na cobertura porque isso
foi negado pelo Município sob o argumento de que o prédio já teria alcançado o
limite máximo de altura previsto para aquela localidade. Diante disso, João
ajuizou ação de abatimento de preço contra a construtora. Três anos após o
ajuizamento, houve uma mudança nas regras municipais e o limite de altura
dos prédios naquela localidade aumentou. Com isso, passou a ser permitido
que ele construísse na cobertura. João não terá mais direito ao abatimento do
preço.
STJ. 4ª Turma.REsp 1478254-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
8/8/2017 (Info 610).

3. EVICÇÃO

CONCEITO
É a perda, pelo adquirente (evicto) da posse ou propriedade da coisa
transferida em razão de uma SENTENÇA OU ATO ADMINISTRATIVO que
reconheceu o direito anterior de terceiro (evictor)

SENTENÇA OU ATO ADMINISTRATIVO: a doutrina mais moderna e o


STJ vem admitindo que seja também em razão de ato administrativo (ex:
comprei o carro, fui parada na blitz e viram o chassi alterado → multa e
retenção do carro → ato administrativo)

→ Evicção é um instituto que resguarda o adquirente de uma eventual


alienação a non domino → alienação de coisa não pertencente ao alienante

OBS.: a ocorrência evicção é uma afronta/violação ao princípio da boa-fé


objetiva e por isso o CC tutela o direito do evicto

QUEM SÃO AS PARTES NA EVICÇÃO?


ALIENANTE – ex: vendedor da compra e venda
EVICTO – ex: adquirente, comprador
EVICTOR – ex: terceiro

REQUISITOS
São 3: AQUISIÇÃO DE UM BEM + PERDA DA POSSE OU PROPRIEDADE +
SENTENÇA OU ATO ADM.

Art. 447. Nos CONTRATOS ONEROSOS, o alienante responde pela evicção.


Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta
pública.

A) AQUISIÇÃO DE UM BEM: por um contrato oneroso ou hasta pública

CUIDADO:. SÓ SE FALA EM EVICÇÃO E VÍCIO REDIBITÓRIO NOS


CONTRATOS ONEROSOS! → o risco da avença é dividido entre os 2 e a
perda do bem acaba gerando enriquecimento ilícito da outra parte

B) PERDA DA POSSE OU PROPRIEDADE


C) ATO ADM OU SENTENÇA JUDICIAL

DIREITOS DO EVICTO
Para exercer o seu direito da evicção, o evicto vai ingressar com AÇÃO
INDENIZATÓRIA em face do alienante → O QUE ELE VAI PEDIR?
Art. 450. SALVO ESTIPULAÇÃO EM CONTRÁRIO, tem direito o evicto, além
da restituição integral do preço ou das quantias que pagou:
I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;
II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que
diretamente resultarem da evicção;
III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.
Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da
coisa, na época em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no
caso de evicção parcial.
Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada
esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente.
Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não
tiver sido condenado a indenizá-las, o valor das vantagens → se o evicto já foi
compensado por essas deteriorações, o alienante pode deduzir do valor a ser
pago

EVICÇÃO TOTAL OU PARCIAL

EVICÇÃO PARCIAL – evicto pode escolher entre a DISSOLUÇÃO OU A


COMPENSAÇÃO (ex: perda de parte de livros de uma biblioteca; parte de um
terreno adquirido)

EVICÇÃO TOTAL – só indenização

→ QUAL O PRAZO PARA INGRESSAR COM A AÇÃO? A lei não fala e a doutrina
discute

CORRENTE A: é uma ação edilícia e, por isso, segue o PRAZO


DECADENCIAL do art. 445 (30 bem móvel e 1 ano imóvel)

CORRENTE B – PABLO STOLZE: não é correto aplicar prazo


decadencial por analogia e, além disso, precisamos ver o que se pretende em
juízo quando ocorre a evicção = não é desfazimento do negócio, mas a
DISSOLUÇÃO + INDENIZAÇÃO
* eu tenho uma PRETENSÃO → então o prazo é prescricional
* pretensão de reparação civil → aplica o art. 206, §3º, V do CC

PRESCRIÇÃO (REVISÃO DO PABLO):

PRESCRIÇÃO É A PERDA DA PRETENSÃO → QUE É O PODER DE EXIGIR AO


ESTADO JUIZ O CUMPRIMENTO DAQUELA OBRIGAÇÃO NÃO CUMPRIDA
* o art. 189 fala isso claramente

Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue,
pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206.
* a pretensão nasce no 1º dia do prazo e morre no último
* TODOS OS PRAZOS PRESCRICIONAIS ESTÃO NO ART. 205 E 206!!!

ATÉ QUANDO UMA DÍVIDA PODE SER COBRADA? Ex: alguns bancos
enviam cobranças a clientes de dívidas já prescritas ou registram no cadastro
positivo do cliente uma dívida já prescrita de 20, 30 anos e eles ingressam em
juízo. Banco defendia falando que não prejudica e falavam que podiam
continuar cobrando porque o que não podia ocorrer é a cobrança judicial
*cadastro positivo: são todas as informações feitas pelo sujeito (ex: paguei
uma conta em dia → gera um score (é diferente do cadastro negativo!)
* ex: fiz dívida, prescreveu e o banco não cobrou = pretensão perdida → vira
obrigação natural (tem o schuld mas não tem o haftung) e 20 anos depois eles
continuam notificando ou inscrevendo no cadastro positivo
ELE PODE FAZER ISSO? Pablo fala que não, se perdeu a pretensão, não pode
fazer nem extrajudicial → se for assim, podem fazer isso p/ sempre?
* ler o texto do Pablo = após a prescrição, o credor não pode mais tomar
nenhuma medida contra o devedor

CAUSA IMPEDITIVA
* a mesma causa que impede pode suspender → DICA: há causas que
suspendem e impedem e outras que interrompem

→ DECADÊNCIA
É a PERDA DO DIREITO POTESTATIVO que não foi exercido no prazo da lei
ou definido pelas partes
* DIREITO POTESTATIVO É O DIREITO DE INTERFERÊNCIA NA ESFERA
JURÍDICA DE OUTREM

HÁ DIREITOS POTESTATIVOS QUE NÃO DECAEM? Sim – ex: divórcio →


interfiro na esfera jurídica dela e não há nada que ela possa fazer
* mas se tiver prazo, esse prazo é decadencial

* DIREITO POTESTATIVO NÃO TEM CONTEÚDO PRESTACIONAL!!

PRAZO DECADENCIAL É O PRAZO PARA EXERCÍCIO DE UM DIREITO


POTESTATIVO → direito de interferir na esfera jurídica de outrem

PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA
PERDA DA PRETENSÃO → poder de PERDA DO DIREITO POTESTATIVO
exigir o cumprimento da obrigação → direito de interferência na esfera
jurídica de outrem
PRAZO LEGAL! PRAZO LEGAL OU CONVENCIONAL
Juiz pode reconhecer de ofício e pode Se for convencional o juiz não pode
ser alegada em qualquer grau reconhecer de ofício
DEVEDOR PODE RENUNCIAR → mas PODE RENUNCIAR O CONVENCIONAL –
só quando acabar a pretensão legal NUNCA
* é matéria de defesa dele
Ex: prazo de ajuizar ação de Ex: anular negócio jurídico ou vício
reparação civil → EVICÇÃO redibitório
CAUSAS QUE IMPEDEM, SUSPENDEM
E INTERROMPEM

1ª - Questão:
João propõe demanda indenizatória em face de Pedro. Aduz, em síntese, que
adquiriu do réu um bem móvel e que veio a perdê-lo por evicção. Diante da
perda, pleiteia o direito reparatório, com fulcro no artigo 450 do Código Civil.
Em defesa, sustenta o demandado pela prescrição, uma vez que o trânsito em
julgado do reconhecimento da evicção se deu em janeiro de 2013, enquanto
que a presente demanda somente foi distribuída agora, em 2017, sendo certo
que o pedido em questão se submete ao prazo prescricional previsto no artigo
206, §3º, IV ou V do CC/02.
Em réplica, sustenta o autor que o ordenamento jurídico não prevê
expressamente o prazo prescricional da pretensão indenizatória em
decorrência da evicção, e assim sendo, deve a evicção se submeter ao prazo
geral legal de 10 anos previsto no artigo 205 do mesmo diploma legal.
Decida fundamentadamente a questão.
- a doutrina questiona isso e há quem entenda que deve ser aplicado o mesmo
prazo das ações edilícias. Pablo Stolze defende que na verdade, o que se tem
aqui é a perda de uma pretensão de reparação de um direito violado e,
portanto, o prazo é prescricional e entra na regra do prazo de 03 anos porque
é reparação civil

CLÁUSULA DE REFORÇO, DIMINUIÇÃO E EXCLUSÃO DA GARANTIA


Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, REFORÇAR, DIMINUIR
OU EXCLUIR a responsabilidade pela evicção

ex: partes acordam em colocar uma multa; acordam em abater a garantia da


indenização pelos frutos

→ EXCLUSÃO LEGAL DA GARANTIA: quando o adquirente compra sabendo que


a coisa era litigiosa
* isso observa a boa fé objetiva: não é justo eu pedir uma compensação por
um dano que eu sabia que poderia sofrer. Se eu sabia, era melhor não
contratar

E SE HOUVE A EXCLUSÃO DA GARANTIA E DEPOIS OCORREU A


EVICÇÃO? O evicto tem direito de receber pelo menos o que pagou pela coisa
* o que ele não vai ter é direito a indenização pelos frutos, benfeitorias ou
outras despesas

QUANDO NÃO VAI TER EVICÇÃO? Quando tiver cláusula de exclusão + o


adquirente sabia do risco de perder a coisa

CLÁUSULA CHEIA + COMPRADOR NÃO RESTITUIÇÃO TOTAL + FRUTOS +


SABE DESPESAS + CUSTAS E HONO
CLÁUSULA EXCLUINDO + NÃO RESTITUIÇÃO DO VALOR PAGO
ASSUMIU O RISCO
CLÁUSULA EXCLUINDO + ASSUMIU RECEBE NADA

→ E SE A COISA SE DETERIORAR? O alienante responde mesmo assim pelo


valor de mercado, salvo quando atuar com dolo

No curso da ação ajuizada pelo evictor não correrá o prazo de evicção para o
evicto demandar o alienante (art. 199, III). Porém, a posição majoritária
defende que é dever do evicto denunciar a lide o alienante para lhe assegurar
os direitos previstos no art. 450 do CC.

Porém, mesmo sem a denunciação ele pode buscar a restituição do preço pago
de forma atualizada em ação própria para evitar o enriquecimento sem causa.

2ª - Questão:
Renato adquire um automóvel de João. Nos primeiros dias de uso do automóvel, um vício oculto
que já existia antes da aquisição vem a ser revelado pelo adquirente que comunica tal fato a João.
Todavia, Renato antes de optar pelas garantias previstas nos artigos 441 e 442 do Código Civil, teve
o veículo roubado por um meliante.
Apesar do caso fortuito ter gerado a perda da coisa, Renato, pretende a devolução dos valores
pagos, tendo em vista que a lei lhe conferia tal solução jurídica a partir da revelação do vício.
2ª - Questão:
Restou demonstrado que Renato pagou R$ 15.000,00 (quinze mil reais) pelo veículo e que o vício
oculto depreciava a coisa em R$ 3.000,00 (três mil reais).
Diante do exposto, apresente a solução jurídica para o caso.
Resposta:
Levando em consideração que Renato valer-se-ia do que dispõe o art. 442 do
Código Civil, ou seja, reclamaria o abatimento do preço e, por fato alheio a sua
vontade e domínio, a coisa lhe foi subtraída, entende-se pela manutenção do
direito de perceber, a título de abatimento, o valor de R$ 3.000,00, que era o
montante depreciado pelo vício. Não se pode olvidar em reconhecer que, em
razão do incoveniente ocorrido, ou seja, da subtração, João seja beneficiado.

TEMA 06

EXTINÇÃO DOS CONTRATOS

O QUE SE PRETENDE QUANDO SE CONTRATA? pretendemos que aquela


relação contratual se extinga de FORMA NATURAL com o cumprimento da
obrigação
* esse é o propósito natural → lembrar que as obrigações são TRANSITÓRIAS

Espera-se que o contrato termine pelo adimplemento, mas o código civil não
fala expressamente do adimplemento como forma de extinção, isso está
tratado no pagamento → os contratos como sendo fonte obrigacional
* recorremos a teoria do adimplemento

* art. 472 a 480: EXTINÇÃO ANORMAL DO CONTRATO

EXTINÇÃO NORMAL EXTINÇÃO ANORMAL


ADIMPLEMENTO CAUSA ANTECEDENTE CAUSA
SUPERVENIENTE
Tema regulado no art. 395 e VÍCIOS: vícios sociais, RESILIÇÃO
art. 397 (obrigações) consentimento ou
redibitório
RESOLUÇÃO

EXTINÇÃO ANORMAL

POR QUE EXTINÇÃO ANORMAL? o contrato não vai se encerrar da forma


pretendida, programada, que era com o cumprimento natural da obrigação e
essa causa anormal pode ser ANTECEDENTE OU SUPERVENIENTE

1. CAUSA ANTECEDENTE
Se o que motiva a extinção do contrato sem ter sido cumprida total ou parcial
é uma causa que já estava presente na elaboração do contrato, ELA VAI SER
ANTECEDENTE
* a causa vai ser invocada na execução do contrato, mas ela já estava
presente no momento em que se deu o vínculo ou em momento anteriormente

Quando ocorre a extinção por causa antecedente, é provável que a sentença


que extingue devolva às partes o statos quo: produz efeitos, ao menos inter
partes, de forma retroativa → vou resolver esse vício olhando para o passado,
que foi o momento em que ocorreu o defeito

Por isso o art. 182 diz que, anulado o negócio jurídico, as partes retornarão ao
status anterior, salvo quando por outras razões não seja possível reverter os
seus efeitos, hipótese em que reverte em perdas e danos

Art. 182. Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado


em que antes dele se achavam, e, não sendo possível restituí-las, serão
indenizadas com o equivalente.
ex: CONTRATO CELEBRADO COM LESÃO ele já nasce com o vício, a pessoa
celebra um contrato com manifesta desproporcionalidade por inexperiência
* se o juiz não olhar para trás, acaba sendo uma perpetuação do vício → por
isso tem que ser efeito retroativo
* prazo decadencial → exercer direito potestativo → interferir na esfera jurídica
de outrem

Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob PREMENTE


NECESSIDADE, OU POR INEXPERIÊNCIA, se obriga a prestação
manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.

COMO CONCILIAR O ART. 177 E O ART. 182? o art. 177 fala que a
anulabilidade só tem efeitos depois da sentença, ex nunc e o art. 182 fala que
é ex tunc e retoma ao status anterior (art. 177 é erga omnes e o art. 182 é
inter partes, olha para as partes do contrato) = vamos modular com a
premissa de que o 177 é erga omnes e 182 é inter partes

Art. 177. A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença,
nem se pronuncia de ofício; só os interessados a podem alegar, e aproveita
exclusivamente aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou
indivisibilidade. = fala que a anulabilidade só gera efeitos da sentença em
diante → EX NUNC

Art. 182. Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado


em que antes dele se achavam, e, não sendo possível restituí-las, serão
indenizadas com o equivalente. → EX TUNC

* Vamos conciliar os 2 no plano da eficácia: o negócio é anulável, mas até a


anulação, ele é VÁLIDO E EFICAZ (podendo inclusive ser convalidado se não
exercido o direito potestativo no prazo decadencial). Com isso, ele produziu
efeitos que, até então, são válidos e ok para o direito
- art. 177 faz com que os efeitos já produzidos sejam válidos AOS
TERCEIRO. Se o art. 182 já olha para o art. 177, sabe que os efeitos vão ser
só depois da sentença (ou seja, só anula depois da sentença, antes disso os
efeitos são ok) e permite que, quando não conseguir limpar todo o terreno
(acabar com os efeitos), já converta em perdas e danos
- NJ com vício de consentimento é anulável: então é válido e eficaz,
diferente do nulo, que já nasce inválido e ineficaz

* ex: idoso vendeu casa para uma construtora e, por inexperiência, pagou
preço vil. A incorporadora lançou o empreendimento, prometeu vender
unidade a compradores. No prazo de 4 anos, o idoso ingressa com ação
pleiteando a anulação por inexperiência, o que desequilibrou o contrato e
queria a extinção.
- RESOLVEMOS ISSO NO PLANO DA EFICÁCIA: o negócio é válido e
eficaz até a anulação
- MAS E OS ADQUIRENTES QUE ESTAVAM DE BOA-FÉ? Como não tem
como desfazer tudo, converte em perdas e danos e o idoso recebe a diferença
do valor pago e o valor real

2. CAUSA SUPERVENIENTE
QUAL A DIFERENÇA ENTRE RESOLUÇÃO E RESILIÇÃO?
RESOLUÇÃO RESILIÇÃO
Ela é causal - é motivada em uma É um ato de mera vontade livre (não
justa causa legal ou contratual precisa estar apoiado em uma justa
causa)
RESILIÇÃO RESOLUÇÃO
DISTRATO – bi JUDICIAL
RESIL. UNI - uni PLENO DIREITO

A causa ACONTECEU DURANTE A EXECUÇÃO DO CONTRATO. Não é uma


descoberta de um fato velho, é um fato novo que tem força suficiente para
levar a uma extinção contratual → RESILIÇÃO OU RESOLUÇÃO

Essas causas tendem a nos levar a uma solução com efeitos daqui para frente
e não retroativa (como é o caso da antecedente)
* art. 478 fala em resolução do contrato por EXCESSIVA ONEROSIDADE por
acontecimento imprevisível → efeitos retroagem da data da citação, ou seja,
momento posterior a data do acontecimento

Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de


uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem
para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis,
poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a
decretar retroagirão à data da citação.

RESILIÇÃO
a) DISTRATO: resilição bilateral

Art. 472. O DISTRATO faz-se pela mesma forma exigida para o


contrato.

QUAL A NATUREZA JURÍDICA DO DISTRATO? É um acordo de vontades,


negócio jurídico bilateral → é outro contrato cujo objeto é a extinção de outro
contrato anterior
* AUTONOMIA PRIVADA INCIDE NO DIREITO DE CONTRATAR E DISTRATAR →
as partes podem distratar pelo motivo que quiserem
* Basta observar o art. 107: partes capazes, objeto lícito, possível e
determinável e forma prescrita ou não defesa em lei

Note que o legislador não tratou especificamente sobre o distrato, vamos


precisar ANALISAR A REGRA ESPECÍFICA SOBRE A FORMA DAQUELE
CONTRATO: se para contratar precisa de forma específica, para distratar
também
* ex: estou comprando apartamento de 100 mil (art. 108 exige escritura
pública) → distrato só por escritura pública

E QUANDO A LEI NÃO EXIGE FORMA ESPECÍFICA? O DISTRATO


PRECISA SER DA MESMA FORMA?
ex: contrato de locação verbal e por ter acertos a fazer (desconto do aluguel
por benfeitorias), decidimos fazer o distrato por escrito → ISSO PODE?

DOUTRINA MAJORITÁRIA entende que o art. 472 não impõe a


mesma forma do contrato para o distrato se a lei permite várias formas, o que
ele impõe é que seja da mesma forma quando a lei exige uma forma específica

ENUNCIADO 584 DA JDC: desde que não haja forma exigida para a substância
do contrato, admite-se que o distrato seja pactuado por forma livre

CORRENTE MINORITÁRIA(mas com repercussão jurisprudencial):


exige a identidade de formas.

O distrato por si é simples, é um consenso, mas pode ser que haja algum vício
de consentimento no distrato e isso vai ser discutido da mesma forma em que
seria discutido qualquer negócio jurídico.

DISTRATO PODE SER EXECUTADO?


* distrato é um contrato e, desde que preencha os requisitos legais do CPC, é
um título executivo extrajudicial = pode ser executivo

DISTRATO CONSIGNOU QUE OS VALORES SERIAM RESTITUIDOS AO


COMPRADOR DE FORMA PARCELADA, MAS O VENDEDOR PARA DE PAGAR →
POSSO EXECUTAR SE FOR TÍTULO EXECUTIVO?
RESILIÇÃO UNILATERAL
É o DIREITO POTESTATIVO de encerrar uma relação quando a outra parte
tem intenção de continuar → interfiro na esfera jurídica da outra pessoa ainda
que ela não concorde
* é a mesma coisa que ocorre no divórcio litigioso: eu quero divorciar e ainda
que você não queira, posso exigir isso

QUANDO PODERÁ OCORRER A RESILIÇÃO UNILATERAL? Em regra os


contratos são irrevogáveis e irretratáveis por força do pacta sunt servanda,
então a saída unilateral vai ser tida como exceção → depende que a lei não
vede expressamente ou permita de forma implícita (ex: lei não fala nada e o
contrato prevê)
* QUANDO PODE SAIR? Quando a lei não proibir expressamente ou
implicitamente
* SE A LEI PROIBIR POSSO INDENIZAR E SAIR? NÃO – é direito do credor a
tutela específica do contrato, é ele que decide se opta pela execução forçada
do contrato ou converter em perdas e danos

→ É EXCEÇÃO SISTÊMICA: ENTÃO PRECISA ESTAR DENTRO DA PERMISSÃO


LEGAL EXPRESSA OU IMPLÍCITA (quando a natureza do contrato é compatível
com esse direito ou o contrato tem cláusula válida)

Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou


implicitamente o permita, opera mediante denúncia notificada à outra
parte.
Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes
houver feito investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia
unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a
natureza e o vulto dos investimentos.

→ CONTRATO DE FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA: é de trato


sucessivo e considera-se implícita a vedação da resilição unilateral

- teoria da quebra eficiente do contrato = mas no brasil isso não cola, é mais
lá fora → o direito do credor a prestação

→ CONTRATO DE LOCAÇÃO URBANA: é livre convenção ou tem matérias de


ordem pública de observância obrigatória? Tem normas de observância
obrigatória
* ex: art. 4 da lei 8245/91 prevê que o contrato não pode prever que o locador
pode reaver o imóvel alugado, só o locador pode e vai pagar a multa → então
a lei veda a resilição unilateral por parte do locador; mas podem fazer distrato
* ex: art. 46, §2º → contratos com 30 meses ou +, a resolução ocorre com o
fim do prazo e não precisa de notificar ou avisar e se prorrogar, o locador tem
o direito de denunciar o contrato a qualquer tempo
- por isso sempre fazem contratos de 30 meses: se for prazo menor,
ainda que prorrogue, não pode fazer a resilição unilateral depois
RESILIÇÃO UNILATERAL EXIGE INDENIZAÇÃO? NÃO – o contrato pode
dispensar, depende do que foi convencionado ou o que a lei previu
expressamente

Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou


implicitamente o permita, opera mediante denúncia notificada à outra parte.
Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes
houver feito investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia
unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a
natureza e o vulto dos investimentos.
EXCEÇÃO AO EXERCÍCIO POTESTATIVO: o direito de resilição unilateral
pode ser obstado diante do grande prejuízo causado a outra parte → juiz pode
determinar a continuidade compulsória do contrato
* denuncia vazia é resilição unilateral?

ex: Contrato BTS (built to suit) = locação por encomenda – é um contrato que
tem no centro da operação uma locação, mas ela é uma locação mais
sofisticada (na locação normal o art. 4º permite que o locatário peça a
resilição) = aqui eu, locatária, encomendo uma construção de modo
personalizado e o locador vai investir nisso. Então não é uma locação pura e
simples
CUIDADO: na locação simples se o locatário quiser sair, paga a multa
pactuada (ex: se você morou 5 meses, você descumpriu 25 meses → a multa
é proporcional ao descumprimento (ex: aluguel de 1000, multa de 3 meses
(3.000). 3.000 divido por 30 meses é 100 reais – se faltam 25 meses é 25
meses x 100)
- MAS NO BTS, pelo art. 54-A a multa pode ser referente a 100% dos
alugueres a vencer (ex: contrato de 10 anos, 100 mil de aluguel = saio em 2
anos.
- isso já seria resolvido pelo art. 473, PU, CC

1ª - Questão:
Fastcar veículos ltda. propõe demanda em face de coronel motors do brasil
ltda., na qual afirmar ser, desde 1973 e por TEMPO INDETERMINADO,
concessionária exclusiva da demandada para a venda de veículos automotores
na cidade do rio de janeiro. Aduz que a ré a notificou acerca da rescisão do
contrato em 2015, impedindo-a de dar continuidade às suas atividades.
Sustenta que a rescisão do contrato é nula, pois configura abuso do poder
econômico e exercício arbitrário de posição dominante. Pleiteia, então, a
continuidade do contrato nos seus exatos termos.
Em defesa, sustenta a demandada ser descabida a manutenção forçada
do contrato de concessão, o que configura atentado ao princípio da
autonomia da vontade e liberdade de contratar. Afirma, por fim, que,
ocorrendo o rompimento de uma relação contratual, as partes podem até ficar
sujeitas a eventuais perdas e danos, mas não podem ser obrigadas a continuar
a contratação. Decida fundamentadamente a questão.
- É contrato de trato sucessivo → se renova periodicamente, se renova ao
longo do tempo e as obrigações vão se prolongando
- É contrato de prazo indeterminado e a ruptura se deu em prazo exíguo frente
ao investimento? Não, começou em 1953 e estaria sendo resilido em 2015 = o
investimento já teria sido dissolvido
* o que poderia mudar é se tivesse tido algum investimento recente, mas a
questão não fala nada
* a lei não proíbe a resilição + não tem investimento recente = a princípio
seria caso de permissão e o STJ entendeu que se houver algum prejuízo,
resolve em perdas e danos (ex: estoque etc)

2ª - Questão:
Callcenter Ltda. propõe demanda indenizatória em face de Boa Vida Saúde.
Aduz, em síntese, que a demandada mantinha com a autora contrato de longa
data para a prestação de serviços de telemarketing. A demandante afirma que
no último aditivo contratual, restou pactuado entre as partes uma ampliação
dos serviços de call center, o que demandou grande fluxo de investimentos por
parte da autora. Todavia, um ano após o termo aditivo, a demandada resolveu
resilir unilateralmente o vínculo jurídico, o que, consequentemente, lhe trouxe
sérios prejuízos financeiros. Assim sendo, com fulcro no artigo 473, parágrafo
único, do Código Civil, faz-se imperioso o devido ressarcimento substitutivo,
ora pleiteado, tendo em vista a impossibilidade da suspensão dos efeitos da
resilição unilateral, apta a permitir a recuperação dos investimentos realizados.
Em defesa, a empresa ré não nega os fatos. Entretanto, alega que não
cometeu qualquer ato ilícito capaz de ensejar o pedido indenizatório ventilado.
A demandada sustenta que foi convencionada no termo aditivo a possibilidade
de resilição unilateral após um ano da pactuação a qualquer dos contratantes.
Portanto, por existir prazo determinado convencionado livremente entre
partes, não há que se falar na aplicação do artigo 473 do CC e no suposto
direito indenizatório. Decida fundamentadamente a questão.
Resposta:
* convencionaram que depois de 1 ano podia acabar a relação sem
indenização, mas isso não fecha os olhos para que no curso do contrato com
consentimento da outra fez investimentos no contrato, eu não posso te
prejudicar ignorando tudo = faz a tutela especifica exigindo a continuação
compulsória ou converte em perdas e danos
* geralmente quando chega na justiça é porque não da mais para continuar de
forma compulsória

JURISPRUDÊNCIA
Exemplo: João celebrou contrato de promessa de compra e venda de um lote
de terreno com uma empresa (promitente-vendedora). João obrigou-se a
pagar o valor de R$ 96 mil, parcelados em 48 meses. Durante a vigência do
contrato, João já ficaria na posse do lote porque ali iria construir uma casa.
Depois de 1 ano pagando as parcelas, João perdeu seu emprego. Como não
mais iria conseguir adimplir as prestações, ele ajuizou ação de resilição
contratual requerendo o desfazimento do negócio com a restituição dos valores
que havia pagado. Vale ressaltar que a casa que João pretendia edificar nem
começou a ser construída no local. A empresa apresentou resposta
pedindo para que João fosse condenado ao pagamento de taxa de
ocupação pelo período de 1 ano que passou na posse do imóvel.
Não é devida a taxa de ocupação. No contrato de compra e venda de
imóveis residenciais, o enriquecimento sem causa do comprador é
identificado pela utilização do bem para sua moradia, a qual deveria
ser objeto de contraprestação mediante o pagamento de aluguéis ao
vendedor pelo tempo de permanência. Na presente hipótese, o terreno
não está edificado, de modo que não existe possibilidade segura e concreta de
se afirmar que a empresa auferiria proveito com a cessão de seu uso e posse a
terceiros, se não o tivesse concedido ao promitente-comprador, estando, pois,
ausente o requisito de seu empobrecimento. STJ. 3ª Turma. REsp 1936470-SP,
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 26/10/2021 (Info 718).
* NÃO TEM QUE PAGAR TAXA DE OCUPAÇÃO PORQUE NÃO AUFERIU
VANTAGEM NENHUMA. SÓ PAGA QUANDO E PELO USO
* RESILIÇÃO DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA: DEVOLVE O BEM E
DEVOLVE O QUE FOI PAGO
* QUANDO VAI SER DEVIDA A TAXA?
É devida a condenação ao pagamento de taxa de ocupação (aluguéis) pelo
período em que o comprador permanece na posse do bem imóvel, no caso de
rescisão do contrato de promessa de compra e venda, independentemente de
ter sido o vendedor quem deu causa ao desfazimento do negócio.
Ex: João e Pedro celebraram promessa de compra e venda de um
apartamento. Pedro (promitente comprador) estava morando no imóvel há 6
meses e pagando regularmente as prestações. Ocorre que o contrato foi
desfeito por culpa de João. Todo o valor pago por Pedro deverá ser devolvido,
assim como ele terá que ser indenizado pelas benfeitorias que realizou. Por
outro lado, Pedro terá que pagar taxa de ocupação (aluguel) pelos
meses em que morou no apartamento. O fundamento para isso não está
na culpa, mas sim na proibição do enriquecimento sem causa.
STJ. 3ª Turma. REsp 1613613-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado
em 12/06/2018 (Info 629).

RESOLUÇÃO

RESOLUÇÃO RESILIÇÃO
Ela é causal - é motivada em uma É um ato de mera vontade livre (não
justa causa legal ou contratual precisa estar apoiado em uma justa
causa)

Parte do pressuposto que o contrato está sendo extinto de FORMA MOTIVADA:


• SEM RESPONSABILIDADE: sem conversão em perdas de danos
➔ IMPOSSIBILIDADE POR CASO FORTUITO OU FORÇA
MAIOR (art.393)
➔ EXCESSIVA ONEROSIDADE SUPERVENIENTE (art.478 ao
480)
• COM RESPONSABILIDADE: com conversão em perdas e danos
➔ INADIMPLEMENTO (art.474 e 475)

A. POR INADIMPLEMENTO
Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do
contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos
casos, indenização por perdas e danos.
- o inadimplemento é uma justa causa LEGAL para se resolver o contrato,
mas precisamos ver se esse inadimplemento é absoluto ou relativo (a
diferença entre eles é QUALITATIVA)
INADIMPLEMENTO ABSOLUTO: não consigo mais curar a mora e
preciso extinguir → a prestação se tornou inútil
INADIMPLEMENTO RELATIVO: é a simples mora e eu posso tratar,
curar

COMO FICA O INADIMPLEMENTO QUANTO O TERMO DO CONTRATO


(VENCIMENTO) FOR UM TERMO ESSENCIAL? Transforma aquela situação
em inadimplemento absoluto
* O QUE É TERMO ESSENCIAL? É quando esse termo (prazo) é substância da
utilização, a prestação só é útil naquele prazo, naquele momento (ex: vestido
de noiva só é essencial, útil até o casamento) → o prazo é a substância da
prestação
- o impacto de perder o prazo quando for termo essencial é transformar o
inadimplemento em absoluto, não consigo mais purgar → a solução é
converter em perdas e danos
- a dificuldade é saber quando perdeu a utilidade no contexto (no termo
essencial fica mais fácil, mas no geral não)

O que o art.474 está dizendo é que COMO VOU SABER SE É SIMPLES MORA
CORRIGÍVEL OU INADIMPLEMENTO ABSOLUTO? Ou porque a cláusula
expressamente me disse ou porque o juiz no caso concreto entendeu assim

* o art. 475 me autorizou a resolver o inadimplemento absoluto e o art. 474


me fala que o contrato vai falar ou o juiz entendeu
* a cláusula resolutiva tácita me leva para uma discussão judicial: outra parte
vai alegar que ainda dá para purgar e eu estou abusando do direito e o juiz no
final vai decidir

Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita


depende de interpelação judicial.
- se for cláusula expressa, ela se opera de pleno direito

→ Ex: contrato de promessa de compra e venda na planta e eu pagaria 36


parcelas mensais nas obras e no final, para receber as chaves, pago o
restante. Com 18 meses eu paro de pagar as parcelas sem motivos ou por
motivos que a lei não considera como sendo de força maior (ex: renda caiu,
perdi o emprego, divórcio etc)
* o que eu paguei ainda foi pequeno = falta o final das prestações e o que eu
pagaria no final → estou em MORA EX RE pelo art. 397 e a incorporadora
começa a me impor as consequências da mora → juros de 1% ao mês + a
multa moratória que foi convencionada de 2% do débito em atraso

* O QUE PODE ACONTECER AQUI?

- POSSO PURGAR A MORA E PAGAR O ATRASADO: ainda é útil


- VENDEDOR PODE EXECUTAR O ATRASADO SEM RESCINDIR:
ainda tem interesse = art. 475 permite isso
- SE FICAR INÚTIL AO CREDOR → PODE PEDIR A RESOLUÇÃO? Vai
depender se tem cláusula de resolução
→ COM CLÁUSULA: resolução AUTOMÁTICA → a cláusula
vai definir o que vai ser tido como inadimplemento absoluto (ex: até x dias é
mora, depois passa a ser absoluto)

obs.: DL 745 art1° e PU → se for notificado e não purgar a mora e o


contrato tiver a cláusula, o contrato vai ser considerado resolvido de
pleno direito
Art. 1o Nos contratos a que se refere o art. 22 do Decreto-Lei n o 58, de
10 de dezembro de 1937, ainda que não tenham sido registrados junto
ao Cartório de Registro de Imóveis competente, o inadimplemento
absoluto do promissário comprador só se caracterizará se, interpelado
por via judicial ou por intermédio de cartório de Registro de Títulos e
Documentos, deixar de purgar a mora, no prazo de 15 (quinze) dias
contados do recebimento da interpelação.
Parágrafo único. Nos contratos nos quais conste cláusula resolutiva
expressa, a resolução por inadimplemento do promissário comprador se
operará de pleno direito (art. 474 do Código Civil), desde que decorrido o
prazo previsto na interpelação referida no caput, sem purga da mora.

- se tiver registrado vai cancelar o registro


→ SEM CLÁUSULA: resolução judicial do contrato = ajuiza
uma ação (no caso do exemplo o DL 745 exige que eu leve a notificação a
juízo) = mostrar ao juiz que tenho a previsão genérica que autoriza a
resolução, mas isso vai gerar discussão → réu vai tentar pagar de novo,
mostrar que ainda é útil
* só cancela o registro com o TJ da decisão judicial
= por isso ter a cláusula ajuda a facilitar a questão, deixa mais rápido

→ ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL:
O QUE É? Significa que a prestação já foi substancialmente útil para o credor
= isso já satisfaz a utilidade para o credor → ele já não pode mais pedir
resolução por não ser mais útil
O que falta é só um acerto de contas que pode ser cobrado, mas não tira a
utilidade do negócio
* ex: noiva contratou o vestido e ele foi entregue em condições de ser usado,
mas faltaram 3 botões que faziam parte do acabamento → o julgador vai
analisar se essa falta inutilizava ou não, vai medir o grau de inadimplemento. -
SE FOR MENOR, SEM IMPACTO que inviabilize a prestação = inadimplemento
substancial e se for resolvido, é abuso de direito e resolve pela mora, sem
resolver

- mas isso não está expresso no CC, está implícito no art. 422 e 187 = boa-fé
e abuso do direito como impeditivo da resolução
- O ART. 500, §2º É UM EXEMPLO DA APLICAÇÃO DESSA TEORIA: quando a
venda é ad mensurum e a diferença for menor que 1/20 da área total, vai ser
desconfigurado

COMO FICA A CLÁUSULA RESOLUTIVA NO CASO DE ADIMPLEMENTO


SUBSTANCIAL? Ela perde a eficácia – a partir do momento em que o tanto já
cumprido satisfaz a utilidade eu não posso mais querer resolver, ainda que
tenha a cláusula

→ ex: devedor comprou carro e alienou no banco com entrada de 40% e


financiou o resto em 48 parcelas. Pagou 44 e entrou em mora. Contrato previa
que o atraso superior a 90 dias de qualquer parcela autorizaria a resolução do
contrato e o pedido de busca e apreensão (cláusula resolutiva expressa).
Devedor fica sem pagar por +90 dias, notificado para purgar a mora e não
purga. Banco entra com busca e apreensão e pedindo as parcelas 45, 46 e 47
* TEM ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL? Sim – de 100% ele já pagou 40% de
entrada + as parcelas, MAS O STJ REJEITA ESSA TESE DIANTE DE
ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA
* QUAL A TESE DO STJ? A cláusula geral de boa-fé que respalda o
adimplemento substancial não tem aplicação na lei especial de alienação
fiduciária e não obsta a concessão de liminar (cuidado porque o STJ aceitou
isso por 10 anos, agora que mudou de ideia)
Não se aplica a teoria do adimplemento substancial aos
contratos de alienação fiduciária em garantia regidos pelo
Decreto-Lei 911/69. STJ. REsp 1622555-MG. 22/2/2017
(Info 599).

* mas o STJ não impede a discussão do possível abuso de direito, só impede a


concessão da liminar com base no adimplemento absoluto. Depois de resolver
a propriedade posso continuar discutindo isso (o DL inclusive permite)

→ ex: promessa de contrato de compra e venda nas circunstâncias acima →


daria para falar em adimplemento substancial porque não tem nenhuma
orientação jurisprudencial em sentido contrário que impeça isso
QUAL O CRITÉRIO DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL? Quantidade +
qualidade

EXCEÇÃO DO CONTRATO NÃO CUMPRIDO:

Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de


cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.

O devedor pode justificar que não cumpriu a sua prestação porque a outra
parte não cumpriu a sua e o meu pagamento era condicionado ao seu = se
você não faz a sua parte, não pode exigir a minha (ex: não pode me executar
exigindo que eu te entregue o carro se acordamos que eu entregaria quando
você me pagasse)

AQUI FAZ DIFERENÇA QUEM TEM QUE PAGAR PRIMEIRO E QUEM PAGA
DEPOIS? Sim – só posso alegar que não cumpri porque ele descumpriu
primeiro se ele tinha que cumprir primeiro (se não fosse assim seria uma
discussão infinita)
* SÓ ALEGA EXCEPTIO NON ADIMPLENTI CONTRATO QUEM TEM QUE CUMPRIR
DEPOIS!

EXCEÇÃO DE INSEGURIDADE (art. 477):


- ex: eu tinha que cumprir primeiro, mas saiu uma notícia de que a empresa
estava falindo = ainda assim eu tenho que pagar primeiro? Não, mas ai saimos
da exceção do contrato não cumprido. Eu não vou cumprir porque tenho medo
dele não cumprir a dele

Eu vou deixar de cumprir a minha parte, que era primeiro, porque tenho receio
de que, diante das circunstâncias, ele não vai cumprir a dele e então me
recuso a cumprir até que ele me garanta, me prove que vai cumprir a dele
* é uma defesa em cima de acontecimentos novos = eu tinha que cumprir
primeiro, mas não confio mais nele
* costuma ser um inadimplemento ex persona = eu preciso comunicar a outra
parte que vou deixar de cumprir ou ingressar em juízo

EXCEÇÃO DO CONTRATO NÃO AUTOTUTELA


CUMPRIDO
EXCEÇÃO DE INSEGURIDADE NOTIFICA OU VAI A JUÍZO – é mais
delicada

Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes
contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar
duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar-se à
prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê
garantia bastante de satisfazê-la.

→ BTG e americanas: tinha cláusula de que se pedisse RJ, a outra parte podia
parar de cumprir

RESOLUÇÃO POR EXCESSIVA ONEROSIDADE


O contrato se tornou desproporcional e ninguém tem culpa disso = um fato
externo, extraordinário (não é voluntário), não estava na matriz de risco e
desequilibrou o contrato

2 hipóteses:

BILATERAIS – art. 478: preciso de uma balança que pesa mais para
um do que para outro → fica excessivamente oneroso para uma e muito
vantajoso para outro

Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a


prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema
vantagem para a outra, em virtude de ACONTECIMENTOS
EXTRAORDINÁRIOS e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do
contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.

* EXTREMA VANTAGEM: doutrina critica porque há situações que se tornam


excessivamente oneroso para um, mas sem necessariamente trazer extrema
vantagem para outra (tem enunciado da JDC falando que o juiz não tem que
se prender a essa extrema vantagem, mas o STJ tem sido bem rígido e exige a
demonstração de extrema vantagem)

* PODE OCORRER AINDA QUE SEJA CONTRATO ALEATÓRIO? Sim –


desde que saia da curva aceita de risco pelas partes (COLOCAR A QUESTÃO DA
PLANTAÇÃO AQUI!!!!!)

* QUAIS OS REQUISITOS? CONTRATO CONTINUADO OU DIFERIDO +


EXTREMA VANTAGEM + EXCESSIVIDADE ONEROSA + EXTRAORDINÁRIO

* PRECISA SER CONTRATO DE EXECUÇÃO CONTINUADA OU DIFERIDA:


se foi de execução instantânea, já acabou e pronto, agora não tem mais o que
discutir → o contrato não vai desequilibrar porque ele já vai ter acabado.
PRECISO DE UM CONTRATO PENDENTE!!
Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar
eqüitativamente as condições do contrato.

* PODE O AUTOR/PARTE ONERADA PEDIR A MODIFICAÇÃO


EQUITATIVA AO JUIZ? Jurisprudência e doutrina entendem que sim, o autor
já pode pedir na inicial que o contrato seja revisto ao invés de resolvido → não
é, portanto, uma prerrogativa exclusiva do réu

* O DIREITO A MODIFICAÇÃO EQUITATIVA DO CONTRATO É


POTESTATIVO: ainda que a outra parte não aceite, vai precisar aceitar (ex:
autor pediu a resolução e o réu ofereceu a modificação. Juiz entendeu que
dava para modificar = autor tem que aceitar; autor pediu modificação, réu não
quis e juiz deu → autor aceita)
- a sentença do juiz redige nova cláusula que toma lugar da antiga = isso vai
contra a ideia de intangibilidade do contrato, aquela ideia clássica de que o
contrato só pode ser mudado por vontade das partes

UNILATERAIS – art. 480:

Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes,


poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de
executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva.

CONTRATO ELETRÔNICO
- não é um tipo de contrato e sim uma forma de contratar
obs.: muita coisa aqui não está consolidado e não tem nada dominante e lei
própria.
Contrato eletrônico é um contrato em que o consenso se opera por um meio
eletrônico ou tecnológico.
QUAIS SÃO OS MAIS CONHECIDOS? Aqueles que são conduzidos por
ASSINATURA ELETRÔNICA (a lei descreve o que é essa assinatura e ela é
importante)

E SE ENTRA EM UM SITE E COMPRA A MERCADORIA TEM CONTRATO? SIM.


MAS TEM ASSINATURA ELETRÔNICA? NÃO. PRECISA PARA VALIDADE DESSE
CONTRATO? NÃO, porque a forma é livre e os contratos se aperfeiçoam por
qualquer forma.
- venda no e-commerce tem forma livre
- mas se for comprar um apartamento apenas com um click em um site não
tem como → tem que ser por escritura pública, mas essa escritura pública
pode ter assinatura eletrônica.

O QUE APLICA PRINCIPIOLOGICAMENTE NOS CONTRATOS


ELETRÔNICOS:
• PRINCÍPIO DA EQUIVALÊNCIA FUNCIONAL – eles tem a mesma
função de um contrato de papel
• PRINCÍPIO DA INALTERABILIDADE DO DIREITO – o direito é o
mesmo, o que tem que analisar é se pode ou não
• PRINCÍPIO DA IDENTIFICAÇÃO – as partes têm que se identificar
E A BLOCKCHAIN? É uma exceção (porque é por número e não por
nome) → MAS OPERA EFEITOS? SIM. Pois os efeitos são extraídos do
próprio sistema operacional (ex: carteira de bitcoin que sai de uma
carteira para outra, mesmo sem saber quem é outro → por isso não
consegue pegar o dinheiro de volta pois não é exigido identificação para
que se opere efeito)
*a pessoa fica anônima – mas existe a blockchain identificável também
• PRINCÍPIO DA VERIFICAÇÃO – devem ser armazenados todos os
documentos eletrônicos para possibilitar a verificação futura

CONTRATO ELETRÔNICO INTERPESSOAIS:


SER HUMANO X SER HUMANO → 2 pessoas contratando por meio eletrônico

CONTRATO ELETRÔNICO INTERATIVOS:


HUMANO contrata com ROBÔ → tem um sistema pré-programado para fazer a
oferta (ex: aplicativo)

DE QUEM É O RISCO SE DER PROBLEMA NO SISTEMA? O OFERTANTE.

CONTRATO ELETRÔNICO INTERSISTÊMICO:


- não tem humano na operação e sim SISTEMA x SISTEMA
ex: usar cartão de crédito – a empresa da maquininha pede autorização para
instituição → a relação entre a maquinha, bandeira e instituição é
intersistêmica

MAS NÃO TEM O HUMANO DA LOJA E O CONSUMIDOR? Sim, mas ali no


meio tem vários contratos se formando
Ex: deixar a venda na XP programada ou a compra → venda intrassistêmica

APLICA-SE O ARREPENDIMENTO NOS CONTRATOS ELETRÔNICOS? SIM.


- começa a contar do recebimento do produto e da conclusão da compra
- mas havia uma discussão de como proceder quando o estabelecimento só
tivesse loja online = firmou o entendimento de que esse prazo de reflexão
existe por 2 motivos:
1ª: fui pego de surpresa ao vendedor que bateu na minha porta ou
televendas → momento emocional (essa é a ideia do art. 49 = só pude refletir
depois)
2ª: não tive contato com o produto, a compra a distância impossibilita
isso = quando chega pode não ser o esperado

1ª - Questão:
No dia seguinte à aquisição on line ( através de atendimento direto em tempo real ) de um programa
anti-vírus em um site da Internet, mediante o pagamento de um preço, tendo sido o bem objeto de
download no mesmo ato, o consumidor, ao verificar que o produto não correspondeu às suas
expectativas, se arrependeu do negócio, e resolveu desfazê-lo. Pergunta-se : a) A pretensão do
consumidor encontra amparo no ordenamento jurídico brasileiro? b) Em que momento o contrato se
considerou formado?
Resposta:
- decreto 7962/2013 → tem direito de arrependimento sim, a não ser que
tenha se consumido por completo, esgotado
obs.: passagem aérea comprada em site → só mudou com a resolução da
ANAC e dá o direito a cancelar – mas é pior que o do CDC pois dá 24h para
cancelar e tem que ser um voo com 7 dias de antecedência → GERA UMA
DISCUSSÃO: PODE A ANAC ESTABELECER UM PRAZO MENOR QUE UMA
LEI FEDERAL? JÁ FOI OBJETO DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA E FOI
IMPROCEDENTE E ENTENDEU QUE A ANAC TEM SIM COMPETÊNCIA – mas
nesse caso não vincula pois é improcedente então o consumidor pode buscar
no judiciário e o juiz decidir diferente

QUAL A DIFERENÇA DE ASSINATURA ELETRÔNICA QUALIFICADA E


AVANÇADA?
• QUALIFICADA: Ex: token advogado – é qualidade pela certificação
digital de uma entidade pública (é como se um cartório reconhecesse
minha firma)
• AVANÇADA: sem utilizar o certificado digital é uma empresa privada
que autentifica – usa um elemento avançado para certificar a pessoa
- a tecnologia é avançada mas não tem um ente público
• SIMPLES: só colocar login e senha → ela pode ser utilizada mas se
submete a um risco maior de fraude

QUADRO DE RESPONSABILIDADE DOS PROVEDORES

ATIVIDADE FATO LESIVO RESPONSABILIDADE


1° - Conexão à Interrupção da conexão; Objetiva – fato do
internet falha da conexão serviço
2° - Hospedagem de Invasão; alteração de Objetiva – fato do
sites e guarda de conteúdo não autorizada; serviço
dados vazamento
3° - Ferramenta de Postagem de itens Subjetiva – não há
buscas; redes sociais lesivos por terceiros censura prévia
4° - Provedor de Divulgação de itens Objetiva
notícias e congêneres lesivos

- quem produziu o conteúdo pode ser responsabilizado


- o desafio é distinguir o 3° e o 4° → parecem a mesma coisa mas são coisas
diferentes
*o 3° entrega um conteúdo produzido por outras pessoas → ex: Google e
Facebook → subjetiva e decorre de omissão após a constituição em mora
(ex: é solicitado que seja removido aquilo e se não remover terá a culpa em
não ter removido – responsabilidade posteriore e não prévia) → porque eles
não devem realizar censura prévia (eles não tem o dever de fazer censura
prévia)
ex: postou foto de nudez → vai ser notificado e ele vai ter que remover (pode
fazer notificação extrajudicial)
SE COMUNICAR EXTRAJUDICIALMENTE E NÃO REMOVER? Ainda sim não terá
responsabilidade só depois de uma ordem judicial – MCI art.19 → eles só
atendem se for judicial (só no caso de nudez, criança, sexo que basta
extrajudicialmente – essa é a exceção → vai ser responsabilizado desde
quando foi notificado extrajudicialmente)
Art. 19. Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e impedir a
censura, o provedor de aplicações de internet somente poderá ser
responsabilizado civilmente por danos decorrentes de conteúdo gerado por
terceiros se, após ordem judicial específica, não tomar as providências
para, no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e dentro do prazo
assinalado, tornar indisponível o conteúdo apontado como infringente,
ressalvadas as disposições legais em contrário.
Art. 21. O provedor de aplicações de internet que disponibilize conteúdo
gerado por terceiros será responsabilizado subsidiariamente pela violação da
intimidade decorrente da divulgação, sem autorização de seus participantes,
de imagens, de vídeos ou de outros materiais contendo cenas de nudez ou de
atos sexuais de caráter privado quando, após o recebimento de notificação
pelo participante ou seu representante legal, deixar de promover, de forma
diligente, no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço, a indisponibilização
desse conteúdo.
Parágrafo único. A notificação prevista no caput deverá conter, sob pena
de nulidade, elementos que permitam a identificação específica do material
apontado como violador da intimidade do participante e a verificação da
legitimidade para apresentação do pedido.
Ônus da vítima: COLOCAR O URL EXATAMENTE IGUAL
QUAL A POLÊMICA? ELE TEM O PODER DE EXERCER A CENSURA? SIM –
ele coloca no contrato que tem o poder de censura → eles usam quando
querem e quando não usam eles dizem que não tem o dever.
*o 4° produz o conteúdo → ex: G1 → Nisso entra o MCI (marco civil da
internet) e muda a responsabilidade → responsabilidade objetiva e vai
responder pelo conteúdo
2ª - Questão:
O provedor de conteúdo da página de um jornal veicula notícia expondo a intimidade de uma
famosa atriz, de forma difamatória. Diante disso, a atriz ingressa com ação de reparação de danos,
com fundamento no art. 5º, V e X da Constituição da República. Argúi o provedor, em sua
contestação, tratar-se de mero intermediário, equiparado às companhias telefônicas em virtude do
conteúdo das chamadas, diante do que não cabe a sua responsabilização. Enfrente o argumento
acima, enfatizando se o provedor de conteúdo pode ou não ser responsabilizado por tal fato.
Resposta:
- aqui é conteúdo próprio
- se ultrapassou os limites razoáveis da informação tem responsabilidade o
jornalista e o veículo (tem corresponsabilidade)
- se colocar no google e apareceu a notícia → o google não tem
responsabilidade

1ª - Questão:
No dia seguinte à aquisição on line ( através de atendimento direto em tempo real ) de um programa
anti-vírus em um site da Internet, mediante o pagamento de um preço, tendo sido o bem objeto de
download no mesmo ato, o consumidor, ao verificar que o produto não correspondeu às suas
expectativas, se arrependeu do negócio, e resolveu desfazê-lo. Pergunta-se : a) A pretensão do
consumidor encontra amparo no ordenamento jurídico brasileiro? b) Em que momento o contrato se
considerou formado?
Tem direito – decreto garante

VALIDADE E MEIO DE PROVA DOS CONTRATOS ELETRÔNICOS


se a lei não proíbe o contrato eletrônico eu posso usar, o problema é provar a
identidade, ocorrência (o meio probatório é fraco, ruim)

Em suma: responde civilmente por danos morais o provedor de aplicação de


internet que, após formalmente comunicado de publicação ofensiva a imagem
de menor, se omite na sua exclusão, independentemente de ordem judicial.
STJ. 4ª Turma. REsp 1783269-MG, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em
14/12/2021 (Info 723).

CONTRATO DE COMPRA E VENDA


CONCEITO.
- art. 481
Pelo contrato de compra e venda, uma das partes se obriga a transferir a
propriedade de uma COISA a outra pessoa mediante o pagamento de um
preço a ela correspondente
* SEMPRE ENVOLVE UMA COISA

CLASSIFICAÇÃO

CONTRATO BILATERAL: os 2 tem prestações, um paga e a outra


entrega

CONTRATO CONSENSUAL: ao menos em regra, o acordo de vontade é


direcionado para o objeto, coisa e o valor a ser pago por si já obriga os
contratantes (salvo no caso do art. 108 → exigência de escritura pública)

CONTRATO ONEROSO: há benefícios e sacrifícios patrimoniais para


ambos os envolvidos e esses interesses são protegidos

CONTRATO NO NOSSO SISTEMA NÃO TRANSFERE A PROPRIEDADE → só gera


uma obrigação de dar coisa certa, o que transfere é o registro ou a tradição.
Enquanto isso não ocorre, a coisa perece para o dono (RES PERIT DOMINUS)

TEORIA DA RES PERIT DOMUNIS DIALOGA COM A TEORIA DA EVICÇÃO E


VÍCIO REDIBITÓRIO:

Art. 503. Nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma


não autoriza a rejeição de todas.

defeito oculto → vício redibitório


ex: comprou um engradado de cerveja → se uma só tiver ruim você devolve só
ela e não todas
*mas esse dispositivo precisa ser interpretado pois tem coisas que são
vendidas conjuntamente porém tem um interesse global → ex: você compra
uma caixa de vinil rara dos Beatles com 8 discos. Um deles está estragado → o
interesse econômico é diminuído pois
- tem que analisar se o interesse é no conjunto ou não

CONTRATO COMUTATIVO: em regra é comutativo → a pessoa que


compra paga o preço correspondente a ele, sob pena de caracterizar
enriquecimento sem causa

- E SE HOUVER DESPROPORÇÃO? Pode alegar lesão ou estado de perigo e, se


for prestação continuada ou contrato de trato sucessivo, pode pedir a
resolução ou revisão do contrato (quando tiver todos os requisitos:
onerosidade)
Na compra e venda o contrato pode ser ACIDENTALMENTE ALEATÓRIO:
isso porque o objeto pode ser atual ou futuro

EMPTIO SPEI: assume o risco da EXISTÊNCIA → ex: comprar o bezerro


enquanto a vaca ainda está prenha → pode ser que ele não nasça, assumo o
risco, mas pago a menor por isso

EMPTIO REI SPERATAE (venda da coisa esperada): assume o risco


da QUANTIDADE

Art. 483. A compra e venda pode ter por OBJETO COISA ATUAL OU
FUTURA. Neste caso, ficará sem efeito o contrato se esta não vier a existir,
salvo se a intenção das partes era de concluir contrato aleatório.
* fazer remissão ao art. 458 – contrato aleatório

EFEITOS DO CONTRATO
O principal efeito do contrato de compra e venda é a obrigação de dar coisa
certa → CONTRATO NÃO TRANSFERE A PROPRIEDADE!
- o que transfere é registro no RGI se for bem imóvel (art. 1.245 c/c 1.227) ou
a tradição, se bem móvel

E SE NÃO REGISTRAR E A PESSOA VENDER DE NOVO E O ÚLTIMO


REGISTRAR? O vendedor descumpriu a obrigação de dar coisa certa na 1ª
venda e resolve em perdas e danos

ELEMENTOS ESSENCIAIS

- se não tiver esses elementos não vai ser compra e venda

1. CONSENTIMENTO:
Há vontade em jogo → precisamos voltar no art. 104 e ver se o agente tem
CAPACIDADE DE FATO (a capacidade oriunda da personalidade não basta
aqui) → por isso a máxima: a capacidade limita a personalidade
- em algumas situações o consentimento não vai bastar, precisamos de uma
CAPACIDADE ESPECÍFICA → ex: tutor é capaz, mas se ele for vender o
bem, precisa de autorização judicial para legitimar essa operação

- CASOS EM QUE VAMOS PRECISAR DESSA CAPACIDADE ESPECÍFICA:

A. VENDA PELO TUTOR


→ ex: tutor é capaz, mas se ele for vender o bem, precisa de autorização
judicial para legitimar essa operação
Art. 497, I

B. VENDA DE ASCENDENTE PARA DESCENDENTE


Art. 496. É ANULÁVEL a venda de ascendente a descendente, salvo se os
outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem
consentido.
Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge
se o regime de bens for o da separação obrigatória.
REGRA DE DIREITO SUCESSÓRIO: legislador aqui preservou, respeitou a
legítima dos outros descendentes (ex: impede que o pai venda a preço vil ao
filho preferido)

VENDA ANULÁVEL: questão da família, não é ordem pública → por isso não
pode ser declarada de ofício e a parte precisa alegar
- SEM O CONSENTIMENTO VAI REGISTRAR OU NÃO? Registra, o tabelião não
entra nessa questão → o que pode acontecer é entrarem com uma AÇÃO
ANULATÓRIA para desconstituir aquele ato

- E SE PERCEBER QUE A LEGITIMA FOI PRESERVADA? Não vai ter porque


anular, o interesse aqui foi preservado (ex: pagou o preço certo) → só anula
quando NÃO TEM CONSENTIMENTO + PREJUÍZO

PRAZO DE ANULAÇÃO: 2 ANOS

O prazo para se anular a venda de ascendente para descendente sem


que os outros tenham consentido é de 2 anos; esse mesmo prazo se
aplica caso o ascendente tenha se utilizado de uma interposta pessoa
(“laranja”) para efetuar essa venda
É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros
descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido
(art. 496 do CC). O prazo para anular a venda direta entre ascendente e
descendente é de 2 anos, a contar da conclusão do ato (art. 179 do CC).
A venda de bem entre ascendente e descendente, por meio de interposta
pessoa, também é ato jurídico anulável, devendo ser aplicado o mesmo prazo
decadencial de 2 anos previsto no art. 179 do CC. Isso porque a venda por
interposta pessoa não é outra coisa que não a tentativa reprovável de
contornar-se a exigência da concordância dos demais descendentes e também
do cônjuge. Em outras palavras, é apenas uma tentativa de se eximir da regra
do art. 496 do CC, razão pela qual deverá ser aplicado o mesmo prazo
decadencial de 2 anos. STJ. 3ª Turma. REsp 1679501-GO, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 10/03/2020 (Info 667).
Se a pessoa somente foi reconhecida como filha após a alienação ter
acontecido, ela não poderá pleitear a anulação com base no art. 496 do
Código Civil
O reconhecimento de paternidade post mortem não invalida a alteração de
contrato social com a transferência de todas as cotas societárias realizada pelo
genitor a outro descendente. STJ. 4ª Turma. REsp 1356431-DF, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, julgado em 8/8/2017 (Info 611).
C. COMPRA E VENDA ENTRE CÔNJUGES: BEM PARTICULAR
Art. 499. É lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens
excluídos da comunhão.
- na comunhão parcial os bens particulares não se comunicam e o cônjuge
pode comprá-los (os comuns que não pode porque na constância do
casamento não tem divisão, ambos tem 100%)

E SE TIVER UM FILHO DO 1º CASAMENTO E O CARA QUISER VENDER OS


BENS P/ 2ª MULHER? Se for por preço vil pode tentar anular com base na
simulação
- aqui o legislador falhou e precisamos ir na parte geral

D. OUTORGA UXÓRIA OU MARITAL


Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode,
sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta:
AQUI É NA COMUNHÃO PARCIAL: se fosse universal já seria tudo bem
comum
I – ALIENAR OU GRAVAR de ônus real os bens imóveis; → aqui a lei fala do
bem particular (tinha antes de casar), no bem comum o nome dos 2 está no
RGI
QUAL O MOTIVO DO CONSENTIMENTO? Compra e venda tem reflexos
econômicos, imóvel podia gerar renda p/ família e isso afeta o outro (ex:
pagava o colégio do filho com o aluguel daquele apto)
E SE COM O $ DAQUELA VENDA COMPRAR OUTRO IMÓVEL AGORA NA
CONSTÂNCIA DO CASAMENTO? Não vai comunicar, é SUB-ROGAÇÃO
LEGAL = o novo imóvel continua na mesma qualidade do bem alienado e
continua sendo bem particular (no divórcio não vai entrar na partilha)
Art. 1.659. Excluem-se da comunhão:
I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem,
na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-
rogados em seu lugar;
II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um
dos cônjuges em sub-rogação dos bens particulares;
→ Se o cônjuge vender esse imóvel e, com o dinheiro, der entrada em outro
imóvel que vai financiar com o cônjuge? Na hora do divórcio ou partilha vai
descontar o que foi de entrada e o que foi comum dos 2
ISSO SE APLICA A UNIÃO ESTÁVEL? Sim – direito sucessório equiparou, o
problema aqui é só saber quando de fato começou a união estável (vide RESP
1.592.072 e 1.706.745)
- a união estável precisa ser de conhecimento do tercerio → não posso tentar
anular uma venda se o comprador não sabia que o vendedor tinha união
estável
PRECISA DESSA OUTORGA UXÓRIA OU MARITAL PARA DOAR? Sim, a lei
fala ALIENAR → alienar e transmitir domínio, seja de forma onerosa ou gratuita
(ex: para eu doar bem particular vou precisar do consentimento do cônjuge
também)

Obs.:a ausência de outorga marital/uxória e venda de ascendente para


descendente é NULIDADE RELATIVA; agora no art. 497 já passa a atingir a
moralidade e impessoalidade → é norma de ordem pública

E. NULIDADE ABSOLUTA
Art. 497. Sob pena de NULIDADE, não podem ser comprados, ainda que em
hasta pública:
I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens
confiados à sua guarda ou administração;
II - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica
a que servirem, ou que estejam sob sua administração direta ou indireta;
III - pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros
serventuários ou auxiliares da justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar
em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde servirem, ou a que se estender a
sua autoridade;
IV - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam
encarregados.
Parágrafo único. As proibições deste artigo estendem-se à cessão de crédito.

2. PREÇO
Na compra e venda tem um valor a ser pago ao alienante → VALOR EM
DINHEIRO → E SE NÃO TIVER $? vai entrar em outro contrato (ex: permuta,
troca, dação em pagamento)
- no contrato de troca e permuta aplica-se as regras do contrato de compra e
venda, salvo

ex: comprei um carro de R$ 100 mil, dei o meu antigo como entrada de R$ 30
mil e dei o resto em dinheiro → não vai ser contrato de compra e venda, vai
ser de permuta porque +50% do negócio foi permuta
* se for 50% troca e 50% compra: posso escolher

O VALOR EM DINHEIRO PRECISA TER EQUIVALÊNCIA COM O OBJETO


DO CONTRATO: por isso, a ideia é que no momento da formação do contrato
já tenha esse valor, mas a lei autoriza que o PREÇO SEJA DETERMINÁVEL (ex:
obrigações de trato sucessivo)
Art. 486. Também se poderá deixar a fixação do preço à taxa de mercado ou
de bolsa, em certo e determinado dia e lugar. → vou ver a média daquela ação
no dia e aplico o preço

Art. 487. É lícito às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros,


desde que suscetíveis de objetiva determinação. → ex: compro imóvel na
planta, incide o INCC = o prédio precisa de insumo para ser construído, não
tem como ter uma prestação fixa e vai subindo conforme o índice, por exemplo

E SE AS PARTES SEMPRE PACTUAM, MAS EM UM CONTRATO SE


ESQUECERAM COLOCAR O VALOR? Pelo princípio da conservação do
contrato e considerando ser uma venda habitual, a lei permite que a gente
pegue uma média dos outros contratos (ex: compro tomate sempre)
* se não for compra e venda habitual não tem contrato = é elemento essencial

Art. 488. Convencionada a venda sem fixação de preço ou de critérios para a


sua determinação, se não houver tabelamento oficial, entende-se que as
partes se sujeitaram ao preço corrente nas vendas habituais do vendedor.
Parágrafo único. Na falta de acordo, por ter havido diversidade de preço,
prevalecerá o termo médio. → DOUTRINA QUE FALA QUE SÃO 6 MESES
ENUNCIADO 441, CJF: Na falta de acordo sobre o preço, não se presume
concluída a compra e venda. O parágrafo único do art. 488 somente se
aplica se houverem diversos preços habitualmente praticados pelo
vendedor, caso em que prevalecerá o termo médio.

JURISPRUDÊNCIA 2022
É possível a utilização da taxa SELIC, desde que pactuada, como índice de
correção monetária das parcelas ajustadas em contrato de compra e venda de
imóvel.
Vale ressaltar, contudo, que a taxa SELIC abrange juros e correção monetária.
Em razão disso, não pode ser cumulada a nenhum outro índice que exprima
tais consectários. Assim, se for pactuada a incidência da taxa SELIC a título de
correção monetária das parcelas contratuais, não será possível cumulá-la com
juros remuneratórios, uma vez que os juros já estão englobados nesse
índice. Isso não impedirá, contudo, a estipulação de juros de mora, já que
possuem finalidade distinta dos juros remuneratórios.
3. COISA
Qualquer bem que esteja no comércio pode ser objeto de compra e venda:
bem móvel, imóvel, atual ou futuro → basta que as partes entrem em um
consenso quanto ao preço
* E SE TIVER CLÁUSULA DE INALIEBILIDADE? Não vai estar no comércio; bem
público também
VENDA A NON DOMINO (venda sem domínio): venda pactuada sem
titularidade, mas para ser valida e produzir efeitos primários, deve se
encontrar no patrimônio do alienante no momento do pagamento
- ex: compra e venda de um carro, mas só vai ser entregue depois 1 mês → as
partes colocaram um termo ali, elemento acidental e isso não importa, o que
ele precisa fazer é cumprir com a obrigação naquele prazo

VENDA POR AMOSTRA, PROTÓTIPO OU MODELO – art. 484


Art. 484. Se a venda se realizar à vista de amostras, protótipos ou modelos,
entender-se-á que o vendedor assegura ter a coisa as qualidades que a elas
correspondem.
Parágrafo único. Prevalece a amostra, o protótipo ou o modelo, se houver
contradição ou diferença com a maneira pela qual se descreveu a coisa no
contrato.

AMOSTRA: pequena porção daquilo que se pretende alienar (ex: frutas


cortadas no hortifruti p/ poder experimentar)

PROTÓTIPO: é a unidade do bem que se encontra em exposição (ex:


vitrine de loja → roupas, bens em exposição, carro no shopping)

MODELO: demonstração do objeto em dimensões reduzidas (ex:


maquete de prédio a construir)
Os 3 influenciam na minha vontade → criam em mim uma confiança de que o
objeto entregue terá as mesmas qualidades do ofertado → PRINCÍPIO DA
SIMETRIA ADEQUEADA. E SE NÃO RESPEITAR? Vamos ter o
INADIMPLEMENTO ABSOLUTO!
- art. 18 e art. 30 do CDC dão norte nesse sentido: o fornecedor precisa
informar ao cliente que podem existir variações que são normais, mas o objeto
é o mesmo
- ex: vi um sofá de couro na loja e comprei, mas o meu chega diferente, mais
duro e com cor diferente → deveriam ter me informado que podia variar
inadimplemento absoluto poe ser parcial ou total – ex: compro um pacote para
visitar 10 países na europa, mas a agência só me garante 2 = eu não vou
voltar para conhecer os 2, foi abosluto, mas algo ali não foi entregues

2ª - Questão:
Conceitue amostra, protótipo e modelo, bem como aponte o princípio jurídico que cerca essa
técnica de venda e a consequência contratual se ele não for respeitado. Estabeleça ainda a diferença
entre a venda por amostra e a venda a contento ou sujeita a prova.
As respostas devem ser fundamentadas.

VENDA AD CORPUS E AD MENSURAM.


VENDA AD MENSURAM: é a venda por medida de extensão (ex: hoje
em dia m² no Leblon é X)
Art. 500. Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de
extensão, ou se determinar a respectiva área, e esta não corresponder, em
qualquer dos casos, às dimensões dadas, o comprador terá o direito de
exigir o complemento da área, e, não sendo isso possível, o de
reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional ao preço.

- PRINCÍPIO DA CONSERVAÇÃO DOS CONTRATOS: a resolução é sempre


a última opção, mas isso é uma construção da doutrina
§1º Presume-se que a referência às dimensões foi simplesmente enunciativa,
quando a diferença encontrada não exceder de um vigésimo da área total
enunciada, ressalvado ao comprador o direito de provar que, em tais
circunstâncias, não teria realizado o negócio.
- mas se o comprador demonstrar que se tivesse ciência do tamanho real não
teria realizado a compra o contrato pode ser resolvido (ex: comprei porque ia
fazer um shopping no térreo e agora não consigo mais)

- EXEMPLO LEGAL DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL: SE A DIFERENÇA


NÃO FOR MAIOR QUE 1/20 (5%) VAI MANTER O CONTRATO – vai abater o
preço e não resolver, mas o comprador pode provar que não teria
comprado se soubesse

§2º Se em vez de falta houver excesso, e o vendedor provar que tinha motivos
para ignorar a medida exata da área vendida, caberá ao comprador, à sua
escolha, completar o valor correspondente ao preço ou devolver o excesso.
- é um direito potestativo do comprador, mas geralmente o comprador fala
que o vendedor pode ficar com o excesso → é uma área inútil, mas depende
do caso
- COMPRADOR DE BOA-FÉ E SEM $ PARA COMPLEMENTAR? A ideia do
contrato é paridade, mas não tem $ e para não gerar enriquecimento sem
causa, resolve o contrato
§3º Não haverá complemento de área, nem devolução de excesso, se o imóvel
for vendido como coisa certa e discriminada, tendo sido apenas enunciativa
a referência às suas dimensões, ainda que não conste, de modo expresso, ter
sido a venda ad corpus
- ex: comprei a fazenda X

Art. 501. DECAI do direito de propor as ações previstas no artigo antecedente


o vendedor ou o comprador que não o fizer no prazo de um ano, a contar do
registro do título.
Parágrafo único. Se houver atraso na imissão de posse no imóvel, atribuível ao
alienante, a partir dela fluirá o prazo de decadência.

- DECAI → é direito potestativo do comprador


- ex: alienante pediu 30 dias para mudar, limpar o imóvel = o prazo só começa
depois
VENDA AD CORPUS: o que interessa é o corpo da coisa, não importa o
tamanho (ex: quero a fazenda X, não importa o m²; quero o 503)

JURISPRUDÊNCIA:
Na hipótese em que as dimensões de imóvel adquirido não correspondem às
noticiadas pelo vendedor, cujo preço da venda foi estipulado por medida de
extensão (venda ad mensuram), aplica-se o prazo decadencial de 1 (um) ano,
previsto no art. 501 do CC/2002, para exigir:
• o complemento da área;
• reclamar a resolução do contrato; ou
• o abatimento proporcional do preço.
STJ. 3ª Turma. REsp 1890327/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
20/04/2021 (Info 693).

Cuidado! Se a pretensão FOR INDENIZATÓRIA, APLICA-SE O PRAZO


PRESCRICIONAL DE 10 ANOS:
imagine a situação em que uma pessoa ingressa com uma ação de indenização
contra a construtora pleiteando a condenação da ré ao pagamento de danos
materiais em virtude da metragem a menor da vaga de garagem, do que foi
previsto no contrato de compra e venda.
Há incidência de prazo prescricional ou decadencial? De quanto seria o prazo
para ingressar com a ação?
A pretensão seria de natureza indenizatória (de ressarcimento pelo prejuízo
decorrente dos vícios do imóvel), não havendo incidência de prazo decadencial,
sujeitando-se a ação ao prazo de prescrição.
Assim, a orientação do Superior Tribunal de Justiça é firme no sentido de se
aplicar o prazo prescricional disposto no art. 205 do Código Civil à pretensão
indenizatória decorrente do vício construtivo.
STJ. 3ª Turma. AgInt-REsp 1.889.229, Rel. Min. Ricardo Villas Boas Cueva,
julgado em 15/06/2021.

VENDA EM CONDOMÍNIO PRO INDIVISO.


- é o CONDOMÍNIO VOLUNTÁRIO: é a regra no CC, vem a manifestação de
vontade (é diferente do condomínio edilício)

Quando mais de uma pessoa titulariza um direito subjetivo isso é chamado de


COMUNHÃO DE DIREITOS → quando isso está atrelada a uma propriedade,
temos o CONDOMÍNIO
se a pessoa é coproprietária ela tem os 4 poderes da propriedade e tudo de
forma exclusiva (por isso no caso de ação possessória não precisa de
litisconsórcio) → quando a pessoa dispor pode ser do objeto como um todo ou
de uma fração ideal, por exemplo
obs.: SE QUER VENDER A COISA NÃO É O ART.504 E SIM O ART.1322

VENDA DA FRAÇÃO IDEAL DA PESSOA:


Art. 504. Não pode um condômino em coisa INDIVISÍVEL vender a sua parte
a estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem
não se der conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si
a parte vendida a estranhos, se o requerer NO PRAZO DE CENTO E
OITENTA DIAS, SOB PENA DE DECADÊNCIA.
- QUANDO COMEÇA A CONTAR ESSE PRAZO DE 180 DIAS? STJ fala que é do
registro; se for bem móvel, é na tradição

- ESSE DIREITO DE PREFERÊNCIA TEM EFICÁCIA REAL → por que eficácia


real? Porque ele vai ser oposto a terceiro, quem comprou vai perder a
propriedade, ele sabia que estava entrando em condomínio porque comprou
um quinhão

- ISSO SÓ VALE PERANTE 3º ESTRANHO AO CONDOMÍNIO: se for venda entre


os condominos não tem direito de preferencia e nem a questão de preferência
entre eles (que é a do PU)
* sempre pensar na intenção da lei → aqui quis proteger a fidúcia, confiança
entre os condôminos

Parágrafo único. Sendo muitos os condôminos, preferirá o que tiver


benfeitorias de maior valor e, na falta de benfeitorias, o de quinhão maior. Se
as partes forem iguais, haverão a parte vendida os comproprietários, que a
quiserem, depositando previamente o preço
- MAIS DE UM CONDÔMINO QUERENDO COMPRAR → vê quem tem maior
benfeitoria; maior quinhão ou quem depositar primeiro = isso no direito de
preferência

1ª - Questão:
Fernando propõe demanda anulatória de negócio jurídico cumulada com
declaratória de direito de preferência em face de Antônio e João. O autor aduz,
em síntese, que o primeiro demandado, sem o seu consentimento e sem que
lhe fosse conferido o direito de preferência previsto no artigo 504 do Código
Civil, vendeu para o segundo réu fração de imóvel indiviso, do qual também é
proprietário. Informa ainda que somente soube da alienação da fração ideal do
imóvel com o registro da compra e venda no Cartório de Registro de Imóvel e
dentro do prazo decadencial previsto em lei, contado a partir de então,
ingressou com a presente demanda e efetuou o depósito dos valores pagos
"tanto por tanto". Em defesa, sustentam os demandados a decadência do
direito do autor, isso porque a compra e venda foi realizada há mais de um
ano da propositura da presente demanda, sendo certo que o prazo previsto em
lei se inicia da venda e não do registro da mesma no Cartório de Registro de
1ª - Questão:
Imóveis como quer crer o demandante. Por fim, os demandados aduzem ainda
que os valores depositados pelo autor foram realizados com base naqueles
descritos na escritura de compra e venda. Todavia, os valores ali consignados
foram descritos a menor pelas partes contratantes, justamente para fins de
redução de carga tributária. Logo, os valores depositados para gerar o direito
de sequela sobre o bem seriam aqueles estabelecidos pelo mercado e não
pelas partes em contrato, sob pena de, em assim se mantendo, gerar o
enriquecimento sem causa do depositante. Decida fundamentadamente a
questão.

Se um dos condôminos de uma coisa indivisível decidir vender a


sua parte, ele terá que, antes de efetivada a venda, dar ciência
aos demais condôminos, os quais terão preferência na aquisição
da quota, desde que assim requeiram, no prazo decadencial de
180 dias, depositando o preço equivalente àquele ofertado ao
terceiro. Trata-se de um direito de preferência, previsto no art.
504 do CC. A PARTIR DE QUANDO SE INICIA ESSE PRAZO
DE 180 DIAS? Inicia-se com a notificação feita pelo alienante ao
outro condômino. Se não houver a notificação, o prazo
decadencial do exercício do direito de preferência inicia-se com o
registro da escritura pública de compra e venda da fração
ideal da coisa comum indivisa. STJ. 3ª Turma. REsp 1628478-
MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 03/11/2020
(Info 683).
→ aqui os vendedores tentaram se beneficiar da própria torpeza: fraudaram o
fisco e tentaram impedir o direito do condomino falando isso

SEMPRE PENSAR NA ESSÊNCIA DA LEI: tentam preservar a fidúcia e


confiança, tentando impedir ao máximo que entre alguém de fora → mas a
regra é perante terceiro, então não tem como tentar enfiar direito de
preferência quando for compra ENTRE OS CONDÔMINOS, ali a fidúcia está
mantida (ex: A, B, C e D são donos. A oferece p/ B. C entra em 180 dias
depositando para tomar p/ ele porque ele tinha maior quinhão = não tem
como isso)

ENUNCIADO 623: ainda que sejam muitos os condôminos, não há direito de


preferência na venda da fração de um bem entre dois coproprietários, pois
a regra prevista no art. 504, parágrafo único, do Código Civil, visa
somente a resolver eventual concorrência entre condôminos na alienação da
fração a estranhos ao condomínio.

Art. 1.322. Quando a coisa for indivisível, e os consortes não quiserem


adjudicá-la a um só, indenizando os outros, será vendida e repartido o
apurado, preferindo-se, na venda, em condições iguais de oferta, o condômino
ao estranho, e entre os condôminos aquele que tiver na coisa benfeitorias mais
valiosas, e, não as havendo, o de quinhão maior.
Parágrafo único. Se nenhum dos condôminos tem benfeitorias na coisa comum
e participam todos do condomínio em partes iguais, realizar-se-á licitação
entre estranhos e, antes de adjudicada a coisa àquele que ofereceu maior
lanço, proceder-se-á à licitação entre os condôminos, a fim de que a coisa seja
adjudicada a quem afinal oferecer melhor lanço, preferindo, em condições
iguais, o condômino ao estranho.

- QUANDO APLICAMOS O ART. 504? quando for condominio pró-indiviso → o


objeto é indivisivel, eu não consigo dividir (ex: uma lancha, cavalo)
* se o bem for divisivel, tira a parte dela, ela vende para o terceiro e fica o
resto
CLÁUSULAS ESPECIAIS DA COMPRA E VENDA

Em nome da autonomia da vontade, as partes podem postergar ou alterar a


eficácia do negócio jurídico → algumas a lei trouxe, mas outras também
podem ser criadas.
QUAL A NATUREZA JURÍDICA DESSAS CLÁUSULAS? ELEMENTO
ACIDENTAL DO NEGÓCIO JURÍDICO, atuam no PLANO DA EFICÁCIA

Se estou colocando essas cláusulas que vão produzir ACIDENTE no NJ que


produziria efeitos, elas precisam ESTAR EXPRESAS!!

1. RETROVENDA – art. 505


- é o alienante se reservando no direito de readquirir a coisa do comprador no
mesmo valor corrigido monetariamente + outras despesas legais no PRAZO
MÁXIMO DE 3 ANOS
- SÓ PARA BENS IMÓVEIS!!

A PROPRIEDADE DO COMPRADOR É RESOLÚVEL E POTESTATIVA: se o


vendedor quiser se valer do direito de recomprar, resolve a propriedade do
comprador e ele não pode se opor, é direito potestativo
* direito potestativo é o direito de interferir na esfera jurídico do outro, ainda
que sem a sua vontade
* E SE O COMPRADOR RECUSAR? Deposita em juízo e pega de volta

Obs.: a retrovenda não é uma nova alienação, é o DESFAZIMENTO DO NJ


ORIGINAL pela ocorrência da condição resolutiva estabelecida
- no registro vai ter o nome do comprador, mas com a ressalva de ser
RESOLÚVEL

MAS ELE PODE VENDER PARA OUTRO NESSES 3 ANOS? Sim, ele tem os 4
direitos inerentes a propriedade, mas o terceiro vai comprar sabendo que essa
propriedade é resolúvel, vai assumir esse risco → é um CONTRATO
ALEATÓRIO
- tem eficácia real

SE O ALIENANTE EXERCE A RETROVENDA, TODAS AS PACTUAÇÕES QUE


O COMPRADOR 1 FEZ, PERDEM EFEITO → EX TUNC = a propriedade se
rosolveu
- E SE ELE COLOCOU EM HIPOTECA? Perde a garantia e, para não ocorrer o
vencimento antecipado da dívida, ele tem que oferecer outro bem em garantia

Art. 505. O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la


no prazo máximo de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e
reembolsando as despesas do comprador, inclusive as que, durante o período
de resgate, se efetuaram com a sua autorização escrita, ou para a realização
de benfeitorias necessárias.
- QUAIS SÃO AS DESPESAS? Ex: ITBI, benfeitoria necessária (IPTU não
porque ele foi proprietário naquele interrégno de tempo)
- benfeitoria útil e voluptuária vai depender do que foi acordado entre eles,
porque a lei só fala na necessária

Art. 507. O direito de retrato, que é cessível e transmissível a herdeiros e


legatários, poderá ser exercido contra o terceiro adquirente.

ESSE DIREITO PODE SER CEDIDO A TERCEIROS – INTER VIVOS OU


CAUSA MORTIS (ex: alienante morreu; alienante vendeu para outra pessoa
aquele direito)
ex: nesses 3 anos o bem imóvel foi valorizado, metrô chegou, saneamento etc,
o que valia X agora vale 2x → o vendedor tem direito de recompra por 500,
oferece a um terceiro por 700 mil

Art. 508. Se a duas ou mais pessoas couber o direito de retrato sobre o


mesmo imóvel, e só uma o exercer, poderá o comprador intimar as outras
para nele acordarem, prevalecendo o pacto em favor de quem haja efetuado o
depósito, CONTANTO QUE SEJA INTEGRAL.
ex: eramos coproprietários, vendemos a um 3º com a cláusula de retrovenda.
No prazo de 3 anos, só um deles quis comprar = ELE COMPRA TUDO OU SÓ A
PARTE QUE ERA DELE? Todo, porque se ele depositar só a parte dele, acaba
criando um condomínio indesejado (o que é exceção na lei – ex: herança, a
regra é o voluntário)

VENDA A CONTENTO E VENDA SUJEITA A PROVA.

A. VENDA A CONTENTO
É a possibilidade de entregar a posse do bem para que a pessoa
EXPERIMENTE A COISA antes de definir se vai comprar ou não → a tradição
não é da titularidade, é da posse (ex: venda condicional no interior)
- enquanto isso a compra e venda está suspensa → CONDIÇÃO SUSPENSIVA

QUAL A QUALIDADE DELE NESSA POSSE? É locatário, comandatário? → a


lei fala que é comandatário = temos ali um empréstimo gratuito de coisa certa,
infungível → então naquele tempo ele responde e observa as regras do
comodato

Art. 509. A venda feita a contento do comprador entende-se realizada sob


condição suspensiva, ainda que a coisa lhe tenha sido entregue; e não se
reputará perfeita, enquanto o adquirente não manifestar seu agrado.
- manifestar o agrado é muito subjetivo, mas não pode ser tão potestativo ao
comprador, tem que observar a boa-fé, que deve estar presente em todas
as fases do negócio. Ela precisa justificar o motivo para não ter finalizado
- a finalidade aqui é a compra e venda, temos que evitar o abuso de direito e
desvio de finalidade (art. 187). Se ele não for ficar com o bem, precisa
devolver → posse indevida, má-fé, cabe reintegração e paga até aluguel, é
comodato (a lei do comodato fala isso: sanção é o aluguel)
→ LEMBRAR QUE AS CONDIÇÕES PURAMENTE POTESTATIVAS SÃO TIDAS
COMO ARBITRÁRIAS E ILEGAL: fazer remissão no art. 509 na palavra agrado,
voltar ao art. 122 e 422
* se eu entender que esse agrado não tem que ser justificado eu estou
permitindo que a condição se sujeite ao puro arbitrio de uma das partes e a lei
veda isso
Art. 122. São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à
ordem pública ou aos bons costumes; entre as condições defesas se incluem
as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro
arbítrio de uma das partes.

CONDIÇÃO SIMPLESMENTE Exerço amparada na boa-fé (ex:


POTESTATIVA é justificar o agrado do art. 509)
CONDIÇÃO PURAMENTE É não justificar – ficar só
POTESTATIVA dependendo de mim

TEM PRAZO MÁXIMO PARA “EXPERIMENTAR”? Não – vai depender do que


foi pactuado entre as partes. MAS PODE TER AQUI O ACEITE EXPRESSO OU O
TÁCITO (ex: já está usando) PRESUMIDO (passou o tempo e ninguém falou
* na venda sujeita a prova também

B. VENDA SUJEITA A PROVA:


Eu dou para pessoa experimentar, mas a análise é objetiva → se o bem tiver
as qualidades para qual ele se dispõe, a venda está concluída e encerrada

Art. 510. Também a venda sujeita a prova presume-se feita sob a condição
suspensiva de que a coisa tenha as qualidades asseguradas pelo vendedor e
seja idônea para o fim a que se destina.
Art. 511 é para as 2
Art. 512 fala do prazo
QUAL A DIFERENÇA DA VENDA A CONTENTO E A VENDA SUJEITA A
PROVA? Na venda a contento eu experimento a própria coisa que vou ficar, na
venda por amostra ele me dá um mostruário
COMO ENCAIXA O TEST DRIVE? É uma hipótese de fomentar a venda, mas
não se encaixa em nenhuma da hipóteses → dá para encaixar por analogia a
simetria adequada (não é protótipo porque está na vitrine; não é amostra etc)
* também não é venda a contento/sujeito a prova porque se eu gostar, ele me
dá outro carro e não aquele de teste drive
* mas tem que observar o dever de informação que vem da boa-fé (ex:
experimentei o top de linha e vou comprar o mais básico → eles precisam me
falar isso)

PREEMPÇÃO OU PREFERÊNCIA
É o alienante com a possibilidade de readquirir o bem nos prazos previstos em
lei, desde que ofertado o mesmo valor proposto ao terceiro SE O COMPRADOR
DECIDIR VENDER O BEM
QUAL A DIFERENÇA DA RETROVENDA? É a inversão de vontades → na
retrovenda se o comprador resolver recomprar, ele vai recomprar, é direito
potestativo dele. Na preempção/preferência é a vontade do comprador,
depende SE ele resolver vender no prazo legal → então tem só uma
expectativa de direitos, é uma promessa unilateral

RETROVENDA PREEMPÇÃO
DIREITO POTESTATIVO DO É EXPECTATIVA DE DIREITOS → se o
VENDEDOR comprador for vender, o vendedor
tem preferência
Propriedade resolúvel Propriedade plena
Transferível a terceiros – causa mortis Direito personalíssimo – mera
ou inter vivos expectativa e NÃO TRANSFERE!!!!
Eficácia real → direito de sequela Eficácia obrigacional → perdas e
danos
PRAZO MÁXIMO DE 3 ANOS - 180 DIAS MÓVEL (3 DIAS)
- 2 ANOS IMÓVEL (60 DIAS)

PRAZOS

BEM MÓVEL BEM IMÓVEL


COMPRADOR 180 DIAS - AQUISIÇÃO 2 ANOS - AQUISIÇÃO
RESOLVER VENDER
ALIENANTE PRIMÁRIO
FALAR SE QUER A 3 DIAS 60 DIAS
COISA
* mas nada impede que o vendedor primário, sabendo que o outro quer
vender, já procurar e manifestar o interesse
ex: comprador originário deseja vender o bem, oferece ao vendedor originário
e ele não quis. Passa um tempo, ainda dentro dos 2 anos, o comprador deseja
vender de novo, negocia com um 3º e o vendedor originário chega → abuso de
direito, é venire contra factum próprio. Tem que pagar perdas e danos, ex: ele
ia vender por mais caro a um terceiro
SE O COMPRADOR ORIGINÁRIO NÃO DÁ AO VENDEDOR O DIREITO DE
PREFERÊNCIA/PREEMPÇÃO → RESOLVE POR PERDAS E DANOS!
- E O TERCEIRO? No máximo perdas e danos também (e para ele é ótimo
porque provavelmente pagou a menos – isso estava registrado na matrícual)
- a doutrina critica muito isso → é direito de propriedade que tem direito de
sequela e o legislador não deu = o certo seria o vendedor originário ter o
direito de reaver a coisa
- é mais absurdo ainda porque na retrovenda tem direito de sequela e aqui não
Art. 518. Responderá por perdas e danos o comprador, se alienar a coisa sem
ter dado ao vendedor ciência do preço e das vantagens que por ela lhe
oferecem. Responderá solidariamente o adquirente, se tiver procedido de má-
fé.
Art. 517. Quando o direito de preempção for estipulado a favor de dois ou mais
indivíduos em comum, só pode ser exercido em relação à coisa no seu todo. Se
alguma das pessoas, a quem ele toque, perder ou não exercer o seu direito,
poderão as demais utilizá-lo na forma sobredita. → é a questão do condomínio,
não adianta pagar só uma parte, tem que depositar tudo

RETROCESSÃO.
Art. 519. Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública,
ou por interesse social, não tiver o destino para que se desapropriou, ou não
for utilizada em obras ou serviços públicos, caberá ao expropriado direito
de preferência, pelo preço atual da coisa.
É o poder público desapropriando um bem imóvel com decreto exproprietário
→ está interferindo em um direito fundamental de propriedade e lá vai ter a
motivação + indenização. Quando ele viola, faz a tredestinação ilícita, ele não
viola um direito obrigacional, ataca direito fundamental e a sequela é oriunda
desse direito fundamental (vou pegar de volta) → o terceiro sabe disso, ele
comprou sem a matrícula (porque expropriação cancela a matrícula e ele viu
isso quando registrou)
• TREDESTINAÇÃO LÍCITA (ex: era p/ hospital e fez escola)

• TREDESTINAÇÃO ILÍCITA (ex: desapropriou e vendeu ao filho de


deputado)
• INÉRCIA DO PODER PÚBLICO

QUAL A NATUREZA JURÍDICA DESSE DIREITO DE PREFERÊNCIA


LEGAL? Legal porque os outros são convencionados, aqui a lei impõe
➔ REAL: pode opor a terceiros, eficácia erga omnes. Posso buscar o bem e
por isso (como não resolve em perdas e danos), é direito real
➔ CONTRATUAL/OBRIGACIONAL: resolve em perdas e danos -

- 2 argumentos – é a majoritária (STJ E STF) = - RESP 89191 e 868120


• não está no rol de direitos reais

• não foi tutelado no direito administrativo, está no direito


contratual, dentro de direito de preempção, que só garante perdas
e danos, NÃO GARANTE DIREITO DE SEQUELA
TREDESTINTAÇÃO ILÍCITA OU INÉRCIA DO PODER PÚBLICO → AÇÃO
DE RETROCESSÃO = busca o bem em face de terceiro? (eficácia real e erga
omnes) ou entre as partes, direito obrigacional
* mas só se entender que é direito real

VENDA COM RESERVA DE DOMÍNIO.


- INCIDE SOBRE BEM MÓVEL
- VENDA DE TRATO SUCESSIVO: pagamento é feito prolongado no tempo, seja
em parcela futura ou várias prestações

NATUREZA JURÍDICA: compra e venda com condição suspensiva do


direito aquisitivo → a vantagem disso é a garantia: é bem móvel, circula fácil,
então quando você acabar de pagar, eu transfiro a propriedade a você
- é como se fosse a promessa de compra e venda dos bens imóveis

Art. 521. Na venda de coisa móvel, pode o vendedor reservar para si a


propriedade, até que o preço esteja integralmente pago.
Art. 522. A cláusula de reserva de domínio será estipulada por escrito e
depende de registro no domicílio do comprador para valer contra terceiros.
* POR QUE DO COMPRADOR? É bem móvel, o bem circula com vacilidade → se
ele for vender de novo, o novo comprador não vai nem saber de nada
* QUAL CARTÓRIO? De títulos e documentos a princípio – mas precisamos
analiar o objeto que está sendo vendido (ex: se for automóvel registra no
DETRAN → súmula 92 do STJ e isso fica constando no documento)
→ art. 129, lei 6.015/73
→ art. 15 da lei 7652/88
AQUI APLICA A IDEIA DA RES PERIT DOMINUS (a coisa perece para o
dono)? NÃO – o comprador já assume os riscos desde quando estiver com a
posse
Art. 524. A transferência de propriedade ao comprador dá-se no momento em
que o preço esteja integralmente pago. Todavia, pelos riscos da coisa responde
o comprador, a partir de quando lhe foi entregue.

Art. 525. O vendedor somente poderá executar a cláusula de reserva de


domínio após constituir o comprador em mora, mediante protesto do título ou
interpelação judicial.
MORA EX RE – automática: quando já tenho o termo
MORA EX PERSONA – preciso notificar a pessoa
- o art. 525 fala que tem que notificar o devedor, mas tinhamos prestações
com termo certo de vencimento = QUAL MORA ENTÃO?
O que precisamos entender do art. 525 é que, como provavelmente estamos
falando de um bem de valor muito alto, a ideia do legislador com essa
notificação é de dar a chance ao adquirente de purgar a mora (ex: paga o que
me deve em 20 dias para eu não executar a cláusula de reserva de domínio)
- a ideia aqui não é de constituir em mora e sim dar eficácia a execução da
cláusula de reserva de domínio. A mora já existe desde o momento em que ele
não pagou, juros de mora já está correndo
- RESP 1.629.000 e 1.056.837
DEU O PRAZO E NÃO PAGOU → CREDOR VAI EXECUTAR A CLÁUSULA DE
DOMÍNIO. QUAIS SÃO OS CAMINHOS?
• Só cobro as parcelas vencidas e vincendas (quando não tem mais
interesse no bem, só quer receber, não que tomar de volta)
• Entra com ação de reintegração de posse → não é muito ideal falar em
extinção de contrato, porque se eu extinguir, não consigo reintegrar
porque ele já acabou

Art. 526. Verificada a mora do comprador, poderá o vendedor mover contra ele
a competente ação de cobrança das prestações vencidas e vincendas e o mais
que lhe for devido; ou poderá recuperar a posse da coisa vendida.
Art. 527. Na segunda hipótese do artigo antecedente, é facultado ao vendedor
reter as prestações pagas até o necessário para cobrir a depreciação da coisa,
as despesas feitas e o mais que de direito lhe for devido. O excedente será
devolvido ao comprador; e o que faltar lhe será cobrado, tudo na forma da lei
processual.
* o mais que de direito lhe for devido

VENDA SOBRE DOCUMENTOS.

Temos 3 tipos de entrega: TRADIÇÃO (ex: entrega do bem), TRADIÇÃO


FICTA (ex: constituto possessório ou traditio brevi manu) E TRADIÇÃO
SIMBÓLICA (ex: é a do documento)
* sou locatário e tenho posse direta = comprei do locador, não preciso sair do
imóvel → de possuidor eu passo para propriteario ; contituto posessório é o
contrario

Art. 529. Na venda sobre documentos, a tradição da coisa é substituída pela


entrega do seu título representativo e dos outros documentos exigidos pelo
contrato ou, no silêncio deste, pelos usos.
Parágrafo único. Achando-se a documentação em ordem, não pode o
comprador recusar o pagamento, a pretexto de defeito de qualidade ou do
estado da coisa vendida, salvo se o defeito já houver sido comprovado.
- aqui é só uma tradição simbólica: dependendo do objeto (ex: safra de soja
que está no armazém) o que é entregue é só um documento, o documento
substitui o material → com o documento, vou no depósito e de lá eles mandam
para os meus fornecedores

1ª - Questão:
João adquiriu de Cássio uma propriedade imóvel. As partes consignaram no contrato de compra e
venda a cláusula de preempção a ser exercida na forma da lei. Ocorre que, APÓS UM ANO DA
AQUISIÇÃO DO BEM, João vende o imóvel a Sandro sem conceder o direito de preferência a
cassio. Inconformado com o descumprimento da cláusula contratual, Cássio pretende depositar o
preço e adquirir a propriedade, assim como acontece no pacto de retrovenda (art. 505 do CC), na
venda da fração ideal de bem indivisível em condomínio (art. 504 do CC), bem como nos contratos
de locação (art. 33 da Lei nº 8245/91). Diante do que dispõe a lei e conforme a interpretação
sistemática, terá Cassio sucesso na sua investida? Responda fundamentadamente a questão.
Resposta:
* preempção ou preferência – prazo máximo de 2 anos e 60 dias para
manifestar
* a lei não garante o direito de sequela ou a eficácia real ao direito de
preempção ou cláusula de preferência. Cassio então só tem direito a perdas e
danos, nos termos do art. 518

2ª - Questão:
João propõe demanda de preferência em face de José e Pedro, na qual busca,
com fulcro no artigo 504 do Código Civil, o reconhecimento do seu direito de
preferência perante terceiros na compra de quinhão de bem imóvel que
titulariza em condomínio voluntário com o primeiro réu. Para tanto,
2ª - Questão:
comprova nos autos o depósito dos valores no mesmo montante que foi pago
pelo segundo demandado. Em contestação, os réus não negam o fato de a
preferência não ter sido dada ao autor, todavia sustentam que ele não teria
condições financeiras de efetuar o depósito em igualdade de condições com
terceiros interessados na coisa, tendo em vista o seu parco patrimônio
individual. Os réus noticiam que o depósito somente se fez possível em razão
de empréstimo contraído pelo autor junto a uma empresa de incorporação
imobiliária que não lhe exigiu qualquer garantia ou comprovação de renda para
a entrega do dinheiro. Afirmam, portanto, ter havido simulação e abuso do
direito de preferência por agirem em contrariedade à boa-fé objetiva e à
função social dos contratos, o que, por si só, no caso específico, afasta a regra
do artigo 504 do CC. Decida fundamentadamente a questão.

EVICÇÃO NA COMPRA E VENDA


- se antes de transferir a propriedade do bem, vem um gravame que impede a
transferência livre e desembaraçada, reputa-se por verificada a EVICÇÃO
- QUAL A CONSEQUÊNCIA? Comprador pode exigir do vendedor o que pagou,
o que teve prejuízo, custas judiciais e honorários advocatícios

Caracteriza-se evicção a inclusão de gravame capaz de


impedir a transferência livre e desembaraçada de veículo
objeto de negócio jurídico de compra e venda.
Caso concreto: foi vendido um carro, mas, antes que
pudesse ser transferido à adquirente, houve um bloqueio
judicial sobre o veículo. Foi necessário o ajuizamento de
embargos de terceiro para liberação do automóvel, sendo,
em seguida, desfeito o negócio. Neste caso, caracterizou-se
a evicção, gerando o dever do alienante de indenizar a
adquirente pelos prejuízos sofridos.
STJ. 3ª Turma. REsp 1713096-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 20/02/2018 (Info 621

(Prova oral TJDFT 2015) A boa-fé é elemento essencial para caracterizar


evicção? SEGUNDO O STJ, SIM.
Reconhecida a má-fé do arrematante no momento da aquisição do imóvel, não
pode ele, sob o argumento de ocorrência de evicção, propor a ação de
indenização com base no art. 70, I, do CPC, para reaver do alienante os
valores gastos com a aquisição do bem. Para a configuração da evicção e
consequente extensão de seus efeitos, exige-se a boa-fé do adquirente.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.293.147/GO, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado
em 19/03/2015.

JURISPRUDÊNCIA
Exemplo: João celebrou contrato de promessa de compra e venda de um lote
de terreno com uma empresa (promitente-vendedora). João obrigou-se a
pagar o valor de R$ 96 mil, parcelados em 48 meses. Durante a vigência do
contrato, João já ficaria na posse do lote porque ali iria construir uma casa.
Depois de 1 ano pagando as parcelas, João perdeu seu emprego. Como não
mais iria conseguir adimplir as prestações, ele ajuizou ação de resilição
contratual requerendo o desfazimento do negócio com a restituição dos valores
que havia pagado. Vale ressaltar que a casa que João pretendia edificar nem
começou a ser construída no local. A empresa apresentou resposta
pedindo para que João fosse condenado ao pagamento de taxa de
ocupação pelo período de 1 ano que passou na posse do imóvel.
Não é devida a taxa de ocupação. No contrato de compra e venda de
imóveis residenciais, o enriquecimento sem causa do comprador é
identificado pela utilização do bem para sua moradia, a qual deveria
ser objeto de contraprestação mediante o pagamento de aluguéis ao
vendedor pelo tempo de permanência. Na presente hipótese, o terreno
não está edificado, de modo que não existe possibilidade segura e concreta de
se afirmar que a empresa auferiria proveito com a cessão de seu uso e posse a
terceiros, se não o tivesse concedido ao promitente-comprador, estando, pois,
ausente o requisito de seu empobrecimento. STJ. 3ª Turma. REsp 1936470-SP,
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 26/10/2021 (Info 718).
* NÃO TEM QUE PAGAR TAXA DE OCUPAÇÃO PORQUE NÃO AUFERIU
VANTAGEM NENHUMA. SÓ PAGA QUANDO E PELO USO
* RESILIÇÃO DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA: DEVOLVE O BEM E
DEVOLVE O QUE FOI PAGO
* QUANDO VAI SER DEVIDA A TAXA?
É devida a condenação ao pagamento de taxa de ocupação (aluguéis) pelo
período em que o comprador permanece na posse do bem imóvel, no caso de
rescisão do contrato de promessa de compra e venda, independentemente de
ter sido o vendedor quem deu causa ao desfazimento do negócio.
Ex: João e Pedro celebraram promessa de compra e venda de um
apartamento. Pedro (promitente comprador) estava morando no imóvel há 6
meses e pagando regularmente as prestações. Ocorre que o contrato foi
desfeito por culpa de João. Todo o valor pago por Pedro deverá ser devolvido,
assim como ele terá que ser indenizado pelas benfeitorias que realizou. Por
outro lado, Pedro terá que pagar taxa de ocupação (aluguel) pelos
meses em que morou no apartamento. O fundamento para isso não está
na culpa, mas sim na proibição do enriquecimento sem causa.
STJ. 3ª Turma. REsp 1613613-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado
em 12/06/2018 (Info 629).

CONTRATO DE LOCAÇÃO
- trouxe muitas discussões na pandemia e passou a ser mais explorado até em
prova de concurso

LEGISLAÇÃO BASE
- CC: art. 565 a 578
- Lei de locação (lei 8245/91)
- Lei de arrendamento rural

CONCEITO
- pode ser extraído do próprio art. 575

Art. 565. Na locação de coisas, uma das partes se obriga a ceder à outra, por
tempo determinado ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa
retribuição.
* bem fungível
* bem móvel (aplica o CC) ou imóvel (aplica a lei de locação)
* mediante retribuição: se não tiver, vira comodato
* prazo determinado ou não: geralmente tem prazo, mas não é uma regra
determinar

OBS:. A lei fala em COISAS → mas é porque antes era muito mais amplo, hoje
em dia é claro que falamos em bens

APLICAÇÃO LEGISLATIVA:

• BEM MÓVEL: aplica o CC


• BEM IMÓVEL:
◦ LOCAÇÃO URBANA: LEI 8245/91
◦ LOCAÇÃO RURAL → contrato de arrendamento (LEI 4.504/64)

→ ESTATUTO DA TERRA: trouxe algumas questões que equilibram a relação


contratual. Ao mesmo tempo que os contratos de arrendamento são
celebrados entre partes com capacidade intelectual, financeira e etc para
discutir as cláusulas (ex: pecuária), estamos diante de casos em que o
locatário é o produtor familiar e por isso o contrato não poderia ter uma
autonomia da vontade plena sem pensarmos numa proteção a ele → essa
proteção vem do estatuto da terra, que criou princípios para esse proprietário
rural hipossuficiente, pequeno agricultor
* para atender a função social da propriedade, funcionalizar o direito civil,
trouxe alguns princípios que precisam ser observados → ex: direito de
preferência
* o direito de preferência nos contratos de locação verbal, se eu não previ o
direito de preferência, não preciso conferir ao locatário o direito de preferência
= não tenho uma lei exigindo isso. Mas vem o estatuto da terra falando que
precisa garantir sim esse direito de preferência
* então o estatuto da terra prevê que tem que ter direito de preferência
independente do contrato → MAS PARA TODO MUNDO? STJ falou que não tem
direito de preferência no estatuto da terra (RESP 1.447.082-TO):
eles entenderam que os princípios do estatuto da terra só se aplicam aos
pequenos produtores rurais, pequenos empreendedores
→ SE O CONTRATO NÃO FALA E O LOCATÁRIO É HIPOSSUFICIENTE, TEM
DIREITO DE PREFERÊNCIA. Se o locatário de grande porte quisesse, teria
colocado no contrato, afinal, ele tem poder de discussão

Quando é de locação rural não costumamos tipificar como contrato de locação


e sim de arrendamento → ARRENDAR TAMBÉM E ALOCAR
* NÃO CONFUNDIR COM ARRENDAMENTO MERCANTIL

CLASSIFICAÇÃO

• CONTRATO TÍPICO
• BILATERAL
• CONSENSUAL: pode ser até mesmo de forma verbal, ainda que a
escrita seja mais segura
• NÃO SOLENE
• ONEROSO: se não tiver $ vira comodato

LEI 8.245/91 – LOCAÇÃO URBANA

É a lei que regula locação de bem imóvel urbano → o art. 1º reforça isso e o
PU vem trazendo ressalvas dos casos em que não aplicamos essa lei e
aplicamos o CC ou outras leis especiais

- QUAIS NÃO SE APLICAM?

1. LOCAÇÕES DE BENS IMÓVEIS DA U, E, M e autarquias e


fundações públicas: aqui aplicamos a lei de licitação
2. LOCAÇÃO DE VAGA DE GARAGEM: aplica o CC
3. ESPAÇOS DESTINADOS A PUBLICIDADE (ex: outdoor)
4. HOTÉIS, APART HOTEIS E EQUIPARADOS: é uma verdadeira
prestação de serviço e, por isso, aplica o CDC
5. ARRENDAMENTO MERCANTIL: leasing tem lei específica (lei
6.099/74)

PARTES DO CONTRATO

OBS:. SOLIDARIEDADE PRESUMIDA DAS PARTES: havendo +1 locador ou


+1 locatário, a lei já impõe a presunção de solidariedade entre eles, salvo se o
contrato previu de forma diferente
* solidariedade não se presume, vem da lei ou do contrato → aqui a lei previu

- LOCADOR: entrega a coisa


- LOCATÁRIO: usa a coisa mediante a retribuição → assume a locação

O locatário está usando a coisa e, logo, responde por ela (ex: barulho
excessivo) → E O LOCADOR? NÃO RESPONDE POR MAIS NADA? ele continua
com a legitimidade passiva para responder por eventuais danos relativos ao
uso de sua propriedade = ele tem posse indireta e tem responsabilidade

LOCADOR NÃO É SINÔNIMO DE PROPRIETÁRIO: locador é quem está


com a posse da coisa e não necessariamente com a propriedade. O conceito de
locador é mais amplo → pode ser locador quem tem meros poderes de
administração (ex: inventariante que tem poder de locação)

a. PROPRIETÁRIO APARENTE – possuidor de boa fé: quem tem só a


promessa de compra e venda e aluga o imóvel, é apenas possuidor de boa-fé,
se ainda não registrou, não transmitiu a propriedade definitiva
* RESP 1.196.824-AL
* isso mostra mais ainda quanto o conceito de locatário é um conceito amplo
→ ela não é proprietário, mas é locador

→ Ainda que não seja proprietário do imóvel, é parte legítima para propor ação
de despejo justamente por ser o locador (ex: promessa de compra e venda e
começo a pagar o imóvel, já estou com as chaves mas vejo que não consigo
morar e pagar → resolvo alugar para ganhar o $ = já sou locadora)

QUEM É LEGÍTIMO PARA RECEBER O ALUGUEL? Quem é o locador naquele


momento (INFO 558, STJ) → propriedade muda, figura do locador muda (ex:
no meio do contrato eu que era proprietária locadora vendo para Maria = ela
passa a ser locadora proprietária e eu recebo até o dia da alienação)
* essa figura pode mudar no meio do jogo e, se mudar, o CONTRATO
CONTINUA VÁLIDO, desde que respeite as regras da mudança

OBS:. Contrato de locação gera efeitos OBRIGACIONAIS, PESSOAIS →


constituídas entre o locador e locatário. O contrato de compra e venda entre
locador e o novo proprietário NÃO altera a relação obrigacional anterior entre o
locador 1 e o locatário

OUTRA SITUAÇÃO DE ALTERAÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA –


ARREMATAÇÃO: imóvel que vai ao leilão
* mais um exemplo em que o locador muda no meio do jogo → eu era o
locador, mas não um locador proprietário pleno, tinha uma propriedade
resoluvel. Não consigo pagar as parcelas e o banco me toma o imóvel. Ele vai
a leilão → nesse meio tempo eu ainda sou o proprietário e locador. Ocorrido o
leilão e alguém arrematado, ele passa a ter os poderes e direitos inerentes a
esse imóvel = a partir daí ele passa a ser o novo locador
* QUANDO ELE PASSA A SER? STJ fala em lavratura do auto de arrematação
→ antes disso o proprietário pode tentar pagar e reaver

Aperfeiçoada a arrematação do imóvel locado pela lavratura e assinatura do respectivo auto (art. 694 do CPC), o ex-
proprietário não mais possui legitimidade ad causam para propor ação de despejo, visto que sub-rogados ao arrematante
todos os direitos que decorrem da locação, cuja aquisição não depende de forma especial prevista em lei. Precedente
citado: REsp 620.072-SP, DJ 3/10/2005. REsp 833.036-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 18/11/2010.
- vimos que a posição de locador e locatário não fica atrelada a propriedade e,
além disso, essas posições podem ser alteradas ao longo da relação

4. QUEM TEM DIREITO DE USO DA COISA (ex: fideicomisso ou usufruto – art.


7º)
* de um lado tem o nuproprietário que tem posse indireta sobre a coisa =
pode alienar e dispor a coisa e o poder de uso e fruição é do usufrutuário = os
poderes da propriedade estão divididos, um pode dispor e o outro pode usar e
fruir
* já que tem poder de usar e fruir, ele pode alugar e perceber os frutos → ele
não é proprietário pleno, mas pode alugar, dispor

OBS:. O condômino não pode sozinho alugar parte comum (porque tem
somente a parte ideal) e só pode com o consentimento dos demais
(art.1314 PU)

PRECISO DA VÊNIA CONJUGAL? EM REGRA NÃO – é um contrato de


locação, com efeitos obrigacionais e não há disposição, transferência do bem e
o outro não precisa de consentimento/conhecimento. SALVO SE FOR IGUAL
OU ACIMA DE 10 ANOS (legislador entendeu que pelo tempo ser longo,
acaba sendo uma certa disposição do bem)
- E SE FOR UNIÃO ESTÁVEL?

DOUTRINA MAJORITÁRIA: dispensa com 2 argumentos: o locatário


pode não saber dessa união estável e isso prejudica o 3º de boa-fé + é norma
restritiva e não pode ser aplicada por extensão
* além disso, pense na insegurança jurídica para o 3º de boa-fé diante de uma
declaração, 20 anos depois, de uma união estável que ocorria durante a
vigência daquele contrato

DOUTRINA MINORITÁRIA: precisa do mesmo jeito em razão da


equiparação da união estável com o casamento. Mas entendem que deve haver
a ressalva para a separação absoluta → se eu não preciso da vênia conjugal
para vender, não preciso para alugar também

OBS:. A falta de vênia conjugal não atinge a validade, atinge só a eficácia


perante aquele que não assinou → se eu não peguei a vênia, ele vai ser
válido e eficaz pra mim e para o locatário, a única possibiliade de ineficácia
seria perante o cônjuge que não assinou → pode reivindicar e tentar reduzir o
prazo, por exemplo

SUCESSÃO X CESSÃO X SUBLOCAÇÃO


Institutos de mudança subjetiva – mudança do polo, seja de locador ou
locatário

A) CESSÃO: mudança da titularidade do locatário ou locador POR ATO


INTERVIVOS (ex: posso vender o imóvel e ceder minha posição a outrem)
- CESSÃO DO LOCADOR: locatário precisa de ciência, mas o contrato poder
dispor diferente → faz sentido: sou proprietário e tenho direito de dispor da
propriedade e o locatário não pode intervir nisso, só preciso seguir a lei

- CESSÃO DO LOCATÁRIO: precisa do consentimento prévio e escrito, com


notificação formal (art. 13) → se eu aluguei a você, é porque confio em você,
então se for passar para outro, eu vou analisar se ele tem condições
econômicas para isso

B) SUCESSÃO: muda a titularidade por ato CAUSA MORTIS → morre o


locador, transfere aos herdeiros; morre o locatário, transfere aos herdeiros ou
outros que já estão na casa
- Art. 10 e 11

C) SUBLOCAÇÃO: não muda a titularidade, mas entra um terceiro para fruir o


imóvel → VIRA UMA RELAÇÃO TRIANGULAR: no outro tinha uma parte saindo
para outro entrar (vendo e saio; morro e saio).

ex: alugo sua loja (sou sua locatária), mas alugo uma sala para uma outra
pessoa → SUBLOCAÇÃO PARCIAL; alugo o imóvel inteiro e passo para um 3º
→ SUBLOCAÇÃO TOTAL

- EXIGE CONSENTIMENTO DO LOCADOR? Sim, tem uma outra pessoa


entrando, fruindo do imóvel → EXIGE ANUÊNCIA + CONSENTIMENTO
* E SE NÃO AVISAR? Responsabilidade solidária do locatário e sublocatário,
aplica o art. 9
- se o locador tomou conhecimento e anuiu, precisa respeitar o prazo e cada
um é responsável pela SUA locação (ex: quem cometeu o dano? - sublocatário,
então ele responde)

- REGRAS DA LOCAÇÃO PASSAM A SUBLOCAÇÃO = as regras da locação


se aplicam a sublocação

LOCAÇÃO RESIDENCIAL OU NÃO RESIDENCIAL

LOCAÇÃO DE BEM IMÓVEL URBANO: aplicação da lei 8245, mas essa locação
pode ser RESIDENCIAL OU NÃO RESIDENCIAL (EMPRESARIAL)
* não me interessa como é essa atividade econômica: se é atividade
empresária, atividade econômica organizada ou não (ex: pode ser clínica)

A. LOCAÇÃO NÃO RESIDENCIAL | CONTRATO EMPRESARIAL: previsto a


partir do art. 50 (vamos ver isso nos contratos empresariais)
Possibilidade de AÇÃO RENOVATÓRIA: possibilidade de o locatário obrigar ao
locador renovar o contrato compulsoriamente (requisitos estão no art. 51) →
tem interesse social, trabalhista e etc, vai muito além de um simples contrato
de locação
- QUAL O PRAZO DE RENOVAÇÃO? 5 ANOS
Art. 51. Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o locatário terá
direito a renovação do contrato, por igual prazo, desde que, cumulativamente:
I - o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com prazo
determinado;
II - o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos
dos contratos escritos seja de cinco anos; → STJ pacificou que quando a lei
fala “por igual prazo” é independente do prazo que o contrato tem, desde que
maior de 5 anos, pode pedir a renovatória por 5 anos
III - o locatário esteja explorando seu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo
mínimo e ininterrupto de três anos.

2ª - Questão:
Modelo Modas propôs ação renovatória de locação em face de Gabriel
Figueiredo. A autora aduz, em síntese, ser locatária de uma loja comercial da
ré desde os idos de 2008, e, ante a iminência do termo final do contrato,
sustenta que preenche os requisitos legais para a respectiva renovação, sob as
mesmas condições do negócio original, inclusive no que tange ao prazo de
doze anos de duração do contrato. Em defesa, afirma a demandada que não se
opôs à renovação do contrato, todavia impôs que deveria ser respeitado o
prazo máximo de cinco anos de prorrogação compulsória, o que não foi aceito
pela demandante. Assim sendo, como não houve o desejo de renovação pelo
prazo máximo por parte da locatária, a presente demanda deve ser julgada
improcedente.Decida fundamentadamente a questão.
* preenche todos os requisitos do art. 51 → a questão aqui é se cabe a
renovação e qual seria o prazo dessa renovação
- RESP 1990552
- Prazo máximo é de 5 anos

Em sede da ação renovatória de locação comercial prevista


no art. 51 da Lei nº 8.245/91, o prazo máximo de
prorrogação contratual será de 5 anos. Assim, ainda que o
prazo da última avença supere o lapso temporal de 5 anos,
a renovação compulsória não poderá excedê-lo, porquanto o
quinquênio estabelecido em lei é o limite máximo.
Possibilitar que a ação renovatória de aluguel comercial seja
capaz de compelir o locador a renovar e manter a relação
locatícia, quando já não mais possui interesse, por prazo
superior ao razoável lapso temporal de 5 anos, certamente
desestimularia os contratos de locação comercial mais
longos, pois ensejaria, de certa forma, a expropriação do
imóvel de seu proprietário, especialmente se levar-se em
conta que sucessivas ações renovatórias da locação poderão
ser movidas. STJ. 4ª Turma.REsp 1990552-RS, Rel. Min.
Raul Araújo, julgado em 17/05/2022 (Info 737).
JURISPRUDÊNCIA: PRAZO MÁXIMO DA PRORROGAÇÃO OBTIDA NA AÇÃO
RENOVATÓRIA É DE 5 ANOS!!!

JURISPRUDÊNCIA:
na ação renovatória, o réu/locador pode pedir na contestação a fixação de
ALUGUEL PROVISÓRIO para começar a valer no novo contrato.
- Ex: o contrato de locação feito entre João e a Claro dizia que o valor dos
aluguéis seria de R$ 3 mil. Terminava em 31/12/2020 e a Claro ajuizou a ação
em 20/05/2020. Juiz fixou os aluguéis provisórios em 4 mil, valendo a partir
de 01/01/21. Em 31/08/2021, ou seja, 8 meses após o término do contrato
original, o juiz julgou o pedido parcialmente procedente determinando a
renovação, mas fixando o aluguel em R$ 6 mil
* durante esses 8 meses de 2021 o contrato continuou em vigor, sendo que,
como vimos, a Claro pagou aluguéis provisórios de R$ 4 mil;
* a sentença produz efeitos ex tunc, isto é, o novo aluguel é considerado
devido desde o primeiro dia imediatamente posterior ao fim do contrato
primitivo. Logo, o valor dos aluguéis a partir de 01/01/2021 deveria ter sido de
R$ 6 mil.
- QUANDO COMEÇA A CONTAR JUROS DE MORA DESSA DIFERENÇA? Se a
sentença fixou o prazo para pagamento, é partir desse prazo. Se não fixou, vai
precisar intimar para pagar → mora ex persona

O termo inicial dos juros de mora relativos às diferenças dos aluguéis vencidos
será a data para pagamento fixada na própria sentença transitada em julgado
(mora ex re) ou a data da intimação do devedor - prevista no art. 523 do
CPC/2015 - para pagamento no âmbito da fase de cumprimento de sentença
(mora ex persona). STJ. 3ª Turma. REsp 1.929.806-SP, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 07/12/2021 (Info 722).

Por que não se pode fixar o termo inicial dos juros na data da citação?

Na ação renovatória, a citação não tem o condão de constituir em mora o devedor, pois,
quando da sua ocorrência, ainda não é possível saber quem será o credor e quem será o
devedor das diferenças, se existentes, o que somente ocorrerá após o trânsito em julgado.
Além disso, no momento da citação, a dívida relativa às diferenças dos aluguéis, se
existente, é ainda ilíquida, pois somente com a prolação da sentença ou posterior
liquidação – se necessário – é que se estará diante de dívida certa, líquida e exigível.
No momento do ajuizamento da ação renovatória, dado o seu caráter dúplice, o locatário
sequer possui condições de antever se o valor por ele proposto para o novo aluguel será
acolhido ou se a contraproposta do locador é a que prevalecerá.

B. LOCAÇÃO RESIDENCIAL:
mas que tipo de residência?
• PARA TEMPORADA – art. 48 e 49: é para uma situação curta,
pequena e isso precisa estar ESCRITO NO CONTRATO (foge da regra de
que é para moradia)
◦ PRAZO MÁXIMO: 90 dias: não pode passar disso (eu posso
renovar várias vezes, mas nunca ultrapassando os 90 dias)
▪ se ultrapassar, vira contrato por moradia → PRAZO
INDETERMINADO

◦ PODE SER COBRADO DE FORMA ANTECIPADA: paga e mora


◦ o imóvel não precisa estar mobiliado!!!

• PARA MORADIA:
◦ ESCRITO: quando maior ou igual a 30 meses (art. 46): depois
desse prazo o locador pode pedir o imóvel
◦ VERBAL: quando menor ou igual a 30 meses (art. 47)

CONTRATO +30 MESES CONTRATO -30 MESES
ESCRITO VERBAL OU ESCRITO
Passou o prazo = RESOLVE Passou o prazo = PRORROGA
AUTOMATICAMENTE e se o locador AUTOMATICAMENTE por prazo
não pedir, vai prorrogar por prazo INDETERMINADO
INDETERMINADO

Prorrogado = locador pode pedir a Prorrogado → DENÚNCIA CHEIA (5):


qualquer momento → 30 dias para violando contrato; fim do contrato de
desocupar, NOTIFICAÇÃO trabalho; precisa do imóvel para CAD
PREMONITÓRIA + poder público = 5 anos desde o
contrato original

- POR QUE 30 MESES? Foi o tempo que o legislador entendeu como ok para
entender a intenção, se precisa ou não de maior proteção ao locatário

- A DEPENDER DO PRAZO, O CONTRATO VAI TER DIFERENTE CONSEQUÊNCIA


JURÍDICA: vou dar maior ou menor proteção ao locatário (ex: +30 meses
permite que o locador pegue o imóvel depois desse tempo, sem notificação ou
aviso)

Art. 46. Nas locações ajustadas por escrito e por prazo igual ou superior a
trinta meses, a resolução do contrato ocorrerá findo o prazo estipulado,
independentemente de notificação ou aviso.
§ 1º findo o prazo ajustado, se o locatário continuar na posse do imóvel
alugado por mais de trinta dias sem oposição do locador, presumir - se - á
PRORROGADA A LOCAÇÃO POR PRAZO INDETERMINADO, mantidas as
demais cláusulas e condições do contrato.
§ 2º Ocorrendo a prorrogação, o locador poderá denunciar o contrato a
qualquer tempo, concedido o prazo de trinta dias para desocupação.
* SITUAÇÃO DO LOCADOR É MAIS BENÉFICA: passados 30 meses → prorroga
e o locador pode pedir a qualquer momento
JURISPRUDÊNCIA
A notificação premonitória é pressuposto processual para a ação de
despejo por denúncia vazia de contrato de locação por prazo
indeterminado
Antes que o locador ajuíze ação de despejo por denúncia vazia em caso de
locação por prazo indeterminado, é obrigatório que ele faça comunicação
dirigida ao locatário manifestando sua intenção na retomada do imóvel, nos
termos do art. 46, § 2º, da Lei nº 8.245/91:
Art. 46 (...) § 2º Ocorrendo a prorrogação, o locador poderá denunciar o
contrato a qualquer tempo, concedido o prazo de trinta dias para desocupação.
Isso é chamado de NOTIFICAÇÃO PREMONITÓRIA.
A finalidade da notificação premonitória é a de evitar que o locatário seja
surpreendido pelo ajuizamento da ação de despejo, o que ainda lhe poderá
acarretar o pagamento dos ônus sucumbenciais. Ao ser comunicado, ele
poderá procurar outro imóvel onde possa se instalar.
Caso a ação de despejo seja ajuizada sem essa prévia notificação, o processo
deverá ser extinto sem a resolução do mérito, por falta de condição essencial
ao seu normal desenvolvimento.
Exceção: é permitido ao locador ajuizar diretamente a ação de despejo,
dispensando a notificação prévia, desde que o ajuizamento ocorra nos 30
dias seguintes ao termo final do contrato. STJ. 3ª Turma. REsp
1812465/MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 12/05/2020 (Info 672).

Art. 47. Quando ajustada VERBALMENTE OU POR ESCRITO e como prazo


inferior a trinta meses, findo o prazo estabelecido, a locação prorroga - se
automaticamente, por prazo indeterminado, somente podendo ser retomado o
imóvel:
I - Nos casos do art. 9º; → está havendo infração do contrato
II - em decorrência de extinção do contrato de trabalho, se a ocupação do
imóvel pelo locatário relacionada com o seu emprego; (ex: aluguel para você
trabalhar na petrobras em macaé → acabou o trabalho, posso pedir)
III - se for pedido para uso próprio, de seu cônjuge ou companheiro, ou para
uso residencial de ascendente ou descendente que não disponha, assim como
seu cônjuge ou companheiro, de imóvel residencial próprio; (ex: meu filho vai
casar e vai morar ai) → PRECISA DAR A DESTINAÇÃO INDICADA, SOB
PENA DE INDENIZAÇÃO
IV - se for pedido para demolição e edificação licenciada ou para a realização
de obras aprovadas pelo Poder Público, que aumentem a área construída, em,
no mínimo, vinte por cento ou, se o imóvel for destinado a exploração de hotel
ou pensão, em cinqüenta por cento; (ex: prefeitura está me notificando para
uma obra ai e preciso que você saia)
V - se a vigência ininterrupta da locação ultrapassar CINCO ANOS →
QUANDO COMEÇA ESSE PRAZO DE 5 ANOS? No início do contrato

* é uma lei para hipossuficiente, então vou proteger o locatário

+ 30M VERBAL OU -/= 30M


Locador pode notificar e Prorroga e o locador pode
DEPOIS DOS 30M pedir de volta a qualquer pedir de volta nos casos da
momento, dando 30 dias lei
p/ desocupar
* SE FOR VERBAL PRESUME
QUE É -30
DENÚNCIA CHEIA
DENÚNCIA VAZIA: NÃO -INFRAÇÃO DO CONTRATO
PRECISA DE MOTIVAÇÃO, - CONTRATO DE TRAB
LIBERALIDADE DO - EU MORAR OU PARENTE
LOCADOR - OBRA DO P. PÚBLICO
- 5 ANOS DO CONTRATO:
DENÚNCIA VAZIA

30 MESES = 2 ANOS E MEIO

COMO FAZER A DENÚNCIA VAZIA? Notifica o locatário (notificação


obrigatória) para que ele saia, se ele não sair, entro com ação de despejo
* a denúncia cheia, quando motivada por falta de pagamento, dispensa a
notificação → não preciso te notificar para falar que você não está me pagando

Obs.: O LOCATÁRIO PODE SAIR A QUALQUER MOMENTO, desde que pague a


multa do art. 4º → multa proporcional
- COMO É CALCULADA ESSA MULTA? Geralmente são referentes a 3 alugueres.
Aluguel de 1000 mil → multa é 3000. 3000 dividido por 30 meses é 100 reais.
100x os meses que faltam

DISPENSA DA MULTA – art. 4, PU DA 8245/91: pode devolver SEM MULTA


quando o empregado for transferido a outro lugar – seja FP ou CLT

PODE DEVOLVER INDEPENDENTE DE PAGAR A MULTA? Sim, são coisas


diferentes, a devolução não pode estar condicionada ao pagamento da multa
* se não pagar, depois cobra na justiça
2ª - Questão:
Mauro, locatário de bem imóvel por prazo determinado, resolve, no curso da
locação, resilir o contrato na forma do art. 4° da Lei 8.245/91. Todavia, após a
notificação encaminhada para tanto, o locador exige, para a extinção do
contrato e recebimento das chaves, o pagamento da multa resilitória, com o
que o locatário não concorda, sob o fundamento de que a extinção e liberação
do imóvel independem do pagamento da multa.
A quem assiste razão? Responda fundamentadamente a questão.
* discute o direito de devolver independentemente do direito de pagar a multa
→ é requisito para devolver o imóvel? Não, eu vou devolver e, por isso, vai vir
uma multa e se eu não pagar, você pode me cobrar na justiça
* a multa é obrigatória, mas não é requisito para devolução do imóvel → eu
posso devolver e pagar, mas posso pagar depois também. Você não pode me
forçar a não devolver

JURISPRUDÊNCIA

O termo inicial de contagem do prazo para a denúncia vazia, nas


hipóteses de que trata o art. 47, V, da Lei n. 8.245/1991, coincide com
a formação do vínculo contratual
Exemplo hipotético: em jan/2013, Pedro alugou seu imóvel para João. O
contrato foi celebrado por prazo determinado e com duração de 1 ano. Chegou
jan/2014, mas nem o locador nem o locatário falaram nada. João permaneceu
morando no imóvel e pagando os aluguéis e Pedro continuou recebendo
normalmente. Isso significa que o contrato passou a vigorar por prazo
indeterminado. Em fev/2018, Pedro ajuizou contra João ação de despejo por
denúncia vazia pedindo a desocupação do imóvel e a entrega das chaves. A
situação se amolda ao art. 47, V, porque o prazo de 5 anos é contado do
contrato original (e não da prorrogação do vínculo).
STJ. 4ª Turma. REsp 1511978-BA, Rel. Min. Antônio Carlos Ferreira, julgado
em 02/03/2021 (Info 687).

INSTITUTOS JURÍDICOS QUE SE AGREGAM AO CONTRATO DE LOCAÇÃO


A. DIREITO DE PREFERÊNCIA

O direito de preferência NÃO PRECISA ESTAR NO CONTRATO → a lei obriga


que haja direito de preferência (SALVO NO IMÓVEL RURAL, QUE VEM A
QUESTÃO DA HIPOSSUFICIÊNCIA)
* se for hipossuficiente, tem direito

O QUE É O DIREITO DE PREFERÊNCIA? É o de receber primeiro a proposta


da venda, não é o de obstar a venda
Preciso vender ao terceiro pela mesma proposta oferecida ao locatário, então
se melhora a proposta, dá novamente o direito ao locatário
ex: ofereci por 1 milhão e o locatário não quis, vendo para um 3º por 800 mil
→ eu tinha que ter oferecido de novo ao locatário; ofereci por 1 milhão e vendi
por 1,5 milhão → não preciso
VIOLADO O DIREITO DE PREFERÊNCIA – art. 33: a consequência vai
depender de como o contrato está no RGI
• SEM REGISTRO: a violação do locador é meramente obrigacional e
pede perdas e danos
• COM REGISTRO: tem eficácia real e posso depositar o preço e
perseguir a coisa → anulo a venda a adjudico a coisa

QUAL O PRAZO DE EXERCÍCIO DESSE DIREITO? 6 MESES DA ALIENAÇÃO


* prazo para perseguir a coisa – 6 meses = vou desconstituir a compra e
venda (ações constitutivas ou descontituvias são decadenciais)
* prazo para pedir perdas e danos é prescricional

QUEM COMPRA UM IMÓVEL COM CONTRATO DE LOCAÇÃO EM CURSO


PRECISA MANTER O CONTRATO? Se o contrato tiver a cláusula de vigência
+ contrato registrado no RGI. Caso contrário, não precisa
POR QUE REGISTRADO? A pessoa vai ver, vai tomar conhecimento dele
quando tiver comprando e sabe que vai precisar obrigar

Art. 8º se o imóvel for alienado durante a locação, O ADQUIRENTE PODERÁ


DENUNCIAR O CONTRATO, com o prazo de noventa dias para a
desocupação, salvo se a locação for por tempo determinado e o contrato
contiver cláusula de vigência em caso de alienação e estiver averbado
junto à matrícula do imóvel.
§ 1º Idêntico direito terá o promissário comprador e o promissário cessionário,
em caráter irrevogável, com imissão na posse do imóvel e título registrado
junto à matrícula do mesmo.
§ 2º a denúncia deverá ser exercitada no PRAZO DE NOVENTA DIAS
contados do registro da venda ou do compromisso, presumindo-se, após
esse prazo, a concordância na manutenção da locação.
- DECORRIDO O PRAZO DE 90 DIAS E NÃO DENUNCIOU → perda do direito.
Agora espera o prazo do contrato

OBS:. o locador, é sempre melhor deixar o prazo de 30 meses e depois disso


prorrogado por prazo indeterminado: ele pode pedir a qualquer momento. Se o
locatário quiser mais proteção, coloca o prazo determinado e aina registra
* no slide tem um exemplo de cláusula

E SE FOR LEILÃO? Vai depender do edital

REQUISITOS: locação com prazo determinado + cláusula de vigência +


registrado no RGI
- SEM REGISTRO, MAS COM O COMPRADOR CONCORDANDO E SABENDO DO
CONTRATO DE LOCAÇÃO. SUPRE O REGISTRO? Jurisprudência dispensou
porque entendeu que aqui já cumpriu a questão do registro, ele já tinha
conhecimento do contrato e ainda assumiu → MAS NÃO BASTA TOMAR
CONHECIMENTO, PRECISA ACEITAR OS TERMOS
B. BENFEITORIAS
- É a mesma situação da posse

BOA-FÉ MÁ-FÉ
NECESSÁRIA I+R I
ÚTIL I +R
VOLUPTUÁRIA L

- CLÁUSULA DE RENÚNCIA ÀS BENFEITORIAS: STJ reforçou a validade


dessa renúncia na súmula 335 e ela ainda está em vigência, mas sofre critica
da doutrina de que viola a equidade, função social do contrato → quem mais se
beenficia da benfeitoria necessária é o locador e com a cláusula de renúncia, o
locatário gasta e não pode reter, indenizar e nem levantar. Eles sugerem que
adeque ao menos as benfeitorias necessárias

SÚMULA 335. Nos contratos de locação, é válida a cláusula de renúnica à


indenização das benfeitorias e ao direito de retenção

SÚMULA 158

C. ALUGUEL
- é a contraprestação

- SEMPRE ESTABELECIDO EM REAIS e caso seja estabelecido em outra


moeda, será convertido no câmbio do dia em que foi feito o salário
- CORREÇÃO: a lei sempre determina que seja ANUAL (não pode ser
semestral), mas não fala qual o índice → mercado geralmente aplica IGPM

Na pandemia veio a discussão de que o IGPM estava gerando aumento


exorbitante e então tinha que aplicar o IPCA
Obs.: a FGV criou um índice próprio, mas é para IMÓVEIS NÃO RESIDENCIAIS

ALUGUEL DA SUBLOCAÇÃO NÃO PODE SER SUPERIOR AO DA LOCAÇÃO → na


prática isso é muito desrespeitado (ex: alugo a loja grande por 10 mil e
subloco dividindo em 2 de 6 mil → é um negócio em cima do negócio)

O ALUGUEL PODE SER REVISTO? Sim, na AÇÃO REVISIONAL, para


aumentar ou reduzir, desde que 3 anos do último ato (contrato, aumento etc)
- último ato que fixou o aluguel

- COBRADO MENSALMENTE (mas pode ser em conjunto quando for de


temporada, por exemplo ou quando for sem garantia)
JURISPRUDÊNCIA
Em ação revisional de contrato de locação comercial, o reajuste do
aluguel deve refletir o valor patrimonial do imóvel locado,
considerando, inclusive, em seu cálculo, as benfeitorias e acessões
realizadas pelo locatário com autorização do locador
A ação revisional é destinada para as hipóteses em que não há acordo entre
locador e locatário sobre o valor do aluguel. Com base na autonomia privada,
nada impede que as partes contratantes (locador e locatário) se ajustem
sobre:
i) os gastos relativos à acessão sejam descontados do valor do aluguel por
determinado tempo;
ii) a acessão seja realizada por investimento exclusivo de uma das partes com
a correspondente indenização ao final do contrato, seja pelo locador, seja pelo
locatário;
iii) a acessão seja custeada por apenas uma parte, renunciando-se à
indenização correspondente ao investimento.
Contudo, se não houver consenso entre as partes, em sede de ação revisional
de locação comercial, o novo aluguel deve refletir o valor patrimonial do imóvel
locado, inclusive decorrente de benfeitorias e acessões nele realizadas pelo
locatário, pois estas incorporam-se ao domínio do locador, proprietário do
bem.
STJ. Corte Especial. EREsp 1411420-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
03/06/2020 (Info 678).
* O FUNDAMENTO É JUSTAMENTE DE, INDEPENDENTE DO FATO DE O
LOCATÁRIO TER “MELHORADO” O IMÓVEL, A ACESSÃO PERTENCE AO IMÓVEL,
QUE É DO LOCADOR

D. GARANTIAS (art. 37 do CC)


- rol taxativo do art. 37 e NÃO podem ser cumuladas (ex: ou fiador ou caução,
se colocar os 2, deixa o que veio 1º no contrato)
- DICA: CF SC

• CAUÇÃO: pode ser de bem móvel (inclusive $, crédito, penhor) ou


imóvel → a caução em dinheiro é o depósito de 3 meses do valor do
aluguel (NÃO PODE SER MAIS QUE 3 MESES)
◦ Garantia pela coisa
◦ ex: título de capitalização, isso entra no crédito
JURISPRUDÊNCIA
Prazo prescricional para pedir a restituição da caução prestada em
contrato de locação: 3 anos
É trienal o prazo prescricional aplicável à pretensão de restituição da caução
prestada em contrato de locação, com fundamento no art. 206, § 3º, I, do
Código Civil:
“Art. 206. Prescreve: § 3º Em três anos: I - a pretensão relativa a aluguéis de
prédios urbanos ou rústicos;”
A caução é um pacto acessório do contrato de locação. Logo, o acessório deve
seguir o mesmo prazo prescricional do contrato principal. Não há dúvidas que
a caução é uma garantia prestada ao contrato de locação, constituindo-se,
portanto, um acessório ao contrato principal, impondo-se a aplicação do
mesmo prazo prescricional a ambos, e, em observância ao princípio da
gravitação jurídica, o acessório deve seguir a sorte do principal, isto é, a
aplicação do prazo trienal à pretensão de restituição da caução decorre da
incidência do 206, § 3º, I, do CC ao contrato de locação.
STJ. 3ª Turma. REsp 1967725-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
15/02/2022 (Info 725).

• FIANÇA: garantia na pessoa → o fiador não pode se exonerar antes


do prazo que ele anuiu → ex: contrato de 30 meses, não pode sair
antes. Depois disso pode sair
◦ COMO SE EXONERA? Basta notificar o locador que vai ficar mais 120
dias, passados esses dias, ele sai
◦ se ele participar da renovação vai estar obrigado pelo prazo
renovado. Se não particiou, pode sair

FIADOR RESPONDE COM TODOS OS SEUS BENS! → NÃO HÁ


IMPENHORABILIDADE DO BEM DE FAMÍLIA DO FIADOR.

O BEM DE FAMÍLIA DADO EM CAUÇÃO É PENHORÁVEL? Não, a lei excepciona


no caso de fiança → aqui é fiança

CUIDADO:. Se passou o prazo e o contrato continuou, ele se prorrogou por


prazo indeterminado (NÃO SE FALA QUE RENOVOU – renovar pressupoe novo
contrato)

Notificado o locador ainda no período determinado da locação acerca


da pretensão de exoneração dos fiadores, os efeitos desta exoneração
somente serão produzidos após o prazo de 120 dias da data em que se
tornou indeterminado o contrato de locação
O art. 40, X, da Lei nº 8.245/91 prevê o seguinte:
Art. 40. O locador poderá exigir novo fiador ou a substituição da modalidade
de garantia, nos seguintes casos:
X – prorrogação da locação por prazo indeterminado uma vez notificado o
locador pelo fiador de sua intenção de desoneração, ficando obrigado por todos
os efeitos da fiança, durante 120 (cento e vinte) dias após a notificação ao
locador.
Não é necessário que a notificação seja realizada apenas no período da
indeterminação do contrato de locação, podendo, assim, os fiadores, no curso
da locação com prazo determinado, notificarem o locador de sua intenção
exoneratória, mas os seus efeitos somente poderão se projetar para o período
de indeterminação do contrato.
Notificado o locador ainda no período determinado da locação acerca da
pretensão de exoneração dos fiadores, os efeitos desta exoneração somente
serão produzidos após o prazo de 120 dias da data em que se tornou
indeterminado o contrato de locação, e não da notificação.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.798.924-RS, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino,
julgado em 14/05/2019 (Info 650).
JURISPRUDÊNCIA
É trienal o prazo de prescrição para fiador que pagou integralmente dívida
objeto de contrato de locaçãopleitear o ressarcimento dos valores despendidos
contra os locatários inadimplentes.
O termo inicial deste prazo é a data em que houve o pagamento do débito pelo
fiador, considerando que é a partir daí que ocorre a sub-rogação, e, via de
consequência, inaugura-se ao fiador a possibilidade de demandar judicialmente
a satisfação de seu direito.
STJ. 3ª Turma. REsp 1432999-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
16/5/2017 (Info 605).

Mas o art. 206, § 3º, I fala em “pretensão relativa a aluguéis”. Isso se


aplica também para o pedido de ressarcimento formulado pelo fiador
que pagou? SIM. O fiador, ao pagar a dívida para o locador, sub-roga-se nos
direitos do credor, ou seja, passa a ter os mesmos direitos que o credor
(locador) possuía, conforme preconiza o art. 349 do CC:
Art. 349. A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos,
ações, privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o
devedor principal e os fiadores.

Dessa forma, ocorrendo a sub-rogação do fiador nos direitos do credor,


em razão do pagamento da dívida objeto de contrato de locação,
permanecem todos os elementos da obrigação primitiva, inclusive o
prazo prescricional, modificando-se tão somente o sujeito ativo (credor), e,
também, por óbvio, o termo inicial do lapso prescricional, que, no caso, será a
data do pagamento da dívida pelo fiador, e não de seu vencimento.
Assim, como o art. 206, § 3º, I valia para o locador, agora ele se aplica para o
fiador que pagou, em razão de ele ter se sub-rogado nos direitos do credor
originário.

1ª - Questão:
Mario propôs execução de título extrajudicial (contrato de locação) em face de
João, locatário, e de Ricardo, caucionante da relação locatícia. No curso da
1ª - Questão:
execução, como os valores devidos a título de aluguéis vencidos não foram pagos
pelas partes, o exequente requereu a penhora do único imóvel residencial de
Ricardo, tendo em vista ter sido ele dado em garantia da relação locatícia na forma
do artigo 37, I, da Lei nº 8.245/91.
O magistrado deferiu o pedido por entender que a caução do bem imóvel no
contrato de locação configura hipoteca, que é hipótese de exceção à regra de
impenhorabilidade, nos termos do artigo 3º, inciso V, da Lei nº. 8.009/90, ou
ainda por analogia ao disposto no inciso VII do mesmo dispositivo legal.
Decidiu corretamente o magistrado?
Responda, fundamentadamente, a pergunta.
* a lei do bem de família quebra esse direito quando dado em fiança, mas aqui
foi em caução → ele não assumiu a dívida pessoalmente, apenas deu um bem
em garantia
O imóvel se aplica porque não está na exceção do bem de família

NULIDADES DO CONTRATO DE LOCAÇÃO

Situações nulas de pleno direito porque violam o espírito da lei → ex: a lei
impõe a denúncia de denúncia cheia para proteger o locatário, então eu não
posso dispor que estamos abrindo mão disso

Art. 45 tem rol EXEMPLIFICATIVO de claúsulas que serão nulas de pleno


direito, mas qualquer outra que viole a lei vai ser nula (ex: renúncia prévia do
direito de preferÊncia; correção em menos de 1 ano; pagaamento da
totalidade dos alugueis em caso de denúncia antecipada)

Art. 45. São nulas de pleno direito as cláusulas do contrato de locação que
visem a elidir os objetivos da presente lei, notadamente as que proíbam a
prorrogação prevista no art. 47, ou que afastem o direito à renovação, na
hipótese do art. 51, ou que imponham obrigações pecuniárias para tanto.

INFO 603 do STF e RESP 19190218

1ª - Questão:
Restaurante Bom Gosto propõe demanda indenizatória por danos materiais em
face de Polo Club. O autor aduz, em síntese, que é locatário de um espaço do
réu há 10 anos, onde explora seu ramo de comércio voltado para a
gastronomia. Ocorre que, com as medidas sanitárias impostas pelo governo
municipal em razão da pandemia da covid-19, teve que fechar seu
estabelecimento pelo prazo de seis meses (fase 1), sendo certo que, após esse
período, o retorno às atividades se daria de forma gradativa, o que somente
não veio a acontecer em razão de medida arbitrária atribuída pelo demandado,
que, por ser locador do imóvel, manteve a ordem de fechamento do
estabelecimento, sob o fundamento de que as atividades dos clubes
associativos somente retornariam após um ano do início do plano (fase 2).
Assim sendo, o fato de ficar fechado por mais seis meses do prazo estabelecido
pela prefeitura lhe trouxe sérios prejuízos de ordem econômica, pois, com os
demais restaurantes abertos, seu sistema de delivery caiu drasticamente. Por
1ª - Questão:
fim, o autor demostra e comprova que o seu estabelecimento, por mais que
estivesse situado dentro do clube, mantinha entrada e saída para a via pública,
não trazendo qualquer risco à saúde dos associados e dos frequentadores do
clube.
Em defesa, sustenta o demandado que apenas seguiu o plano de retorno
estabelecido pela prefeitura municipal para os clubes associativos.
Decida fundamentadamente a questão.
Locatário é um restaurante dentro do clube, tem acesso independente e ficou
fechado na pandemia → mas o restaurante teve liberação antes do clube e o
clube impediu a reabertura
* locador não poderia ter feito isso: já tava liberado pela prefeitura, tinha
entrada independente e a responsabilidade é do locatário

O STJ concordou com os argumentos do autor.


O restaurante possuía acesso autônomo e independente do clube. Logo, a
conduta do locador de impedir a entrada do público ao restaurante, quando a
medida era possível e estava autorizada pelos órgãos governamentais,
configurou ato ilícito, alijando por completo o locatário de exercer os poderes
inerentes ao uso e gozo da coisa. Eventual descumprimento das normas
sanitárias pela locatária poderia dar ensejo à aplicação de penalidades nos
termos do contrato, mas nunca à proibição do acesso ao imóvel.
STJ. 4ª Turma. REsp 1997050-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
02/08/2022 (Info 743).

AÇÕES TRAZIDAS NA LEI DE LOCAÇÕES

Art. 58. Ressalvados os casos previstos no parágrafo único do art. 1º, nas ações de
despejo, consignação em pagamento de aluguel e acessório da locação, revisionais de
aluguel e renovatórias de locação, observar - se - á o seguinte:
I - os processos tramitam durante as férias forenses e não se suspendem pela
superveniência delas;
II - é competente para conhecer e julgar tais ações o foro do lugar da situação do
imóvel, salvo se outro houver sido eleito no contrato;
III - o valor da causa corresponderá a doze meses de aluguel, ou, na hipótese do inciso II
do art. 47, a três salários vigentes por ocasião do ajuizamento;
IV - desde que autorizado no contrato, a citação, intimação ou notificação far - se - á
mediante correspondência com aviso de recebimento, ou, tratando - se de pessoa jurídica
ou firma individual, também mediante telex ou fac-símile , ou, ainda, sendo necessário,
pelas demais formas previstas no Código de Processo Civil;
V - os recursos interpostos contra as sentenças terão efeito somente devolutivo

FORO COMPETENTE: local em que imóvel está localizado


VALOR DA CAUSA: com exceção do valor da cobrança, que é o que está
sendo cobrado, o valor da causa será 12x o valor do aluguel
RECURSO: apenas com efeito devolutivo

1. CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO
2. REVISIONAL → desde que já tenha passado 3 anos do último ato que
“mexeu” no aluguel (seja contrato, termo, aditivo etc)
3. RENOVATÓRIA

4. DESPEJO → sempre quando quero reaver o imóvel. Nunca será


reintegração de posse
- o que é despejado é o imóvel. Despejar é tornar vazio

Art. 5º. Seja qual for o fundamento do término da locação, A AÇÃO DO


LOCADOR PARA REAVER O IMÓVEL É A DE DESPEJO.

QUANDO TENHO VÁRIOS LOCADORES OU LOCATÁRIOS HAVERÁ


LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO? Quanto a solidariedade entre eles não há
dúvida, a lei impõe.
+1 LOCATÁRIO: LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO → se vou despejar
o imóvel, ninguém mais vai poder morar ali
+1 LOCADOR: não há necessidade de litisconsórcio necessário
ativo (ver aquela questão de que viola o direito de ação)
Não há que se falar, via de regra, em litisconsórcio
necessário no polo ativo da relação jurídica processual, uma
vez que não é possível compelir alguém a demandar em
juízo ante a voluntariedade do direito de ação, nem tolher o
direito de acesso à justiça daquele que quer litigar,
mormente em face do art. 5º XXXV, da Constituição da
República, que assegura a todos a inafastabilidade da tutela
jurisdicional.
STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp 493.183/SE, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, julgado em 27/05/2014.
Art. 1.314. Cada condômino pode usar da coisa conforme sua
destinação, sobre ela exercer todos os direitos compatíveis com a indivisão,
reivindicá-la de terceiro, defender a sua posse e alhear a respectiva parte
ideal, ou gravá-la.

LIMINAR NA AÇÃO DE DESPEJO (art. 59, §1º): a lei de locação criou uma
liminar objetiva em que não preciso analisar os requisitos convencionais (ex:
urgência etc) → tenho direito a liminar ainda sem ouvir a outra parte DESDE
QUE CAUCIONE 3 MESES DE ALUGUEL + FUNDAMENTOS DO §1º
* QUANDO? Nos casos previstos na lei

Art. 59. Com as modificações constantes deste capítulo, as ações de despejo


terão o rito ordinário.
§ 1º conceder-se-á liminar para DESOCUPAÇÃO EM QUINZE DIAS,
independentemente da audiência da parte contrária e desde que prestada a
caução no valor equivalente a três meses de aluguel, nas ações que tiverem
por fundamento exclusivo:
I - o descumprimento do mútuo acordo (art. 9º, inciso I), celebrado por escrito
e assinado pelas partes e por duas testemunhas, no qual tenha sido ajustado o
prazo mínimo de seis meses para desocupação, contado da assinatura do
instrumento;
II - o disposto no inciso II do art. 47, havendo prova escrita da rescisão do
contrato de trabalho ou sendo ela demonstrada em audiência prévia;
III - o término do prazo da locação para temporada, tendo sido proposta a
ação de despejo em até trinta dias após o vencimento do contrato;
IV - a morte do locatário sem deixar sucessor legítimo na locação, de acordo
com o referido no inciso I do art. 11, permanecendo no imóvel pessoas não
autorizadas por lei;
V - a permanência do sublocatário no imóvel, extinta a locação, celebrada com
o locatário.

VI – o disposto no inciso IV do art. 9 o, havendo a necessidade de se produzir


reparações urgentes no imóvel, determinadas pelo poder público, que não
possam ser normalmente executadas com a permanência do locatário, ou,
podendo, ele se recuse a consenti-las;
VII – o término do prazo notificatório previsto no parágrafo único do art. 40,
sem apresentação de nova garantia apta a manter a segurança inaugural do
contrato; - 30 DIAS
VIII – o término do prazo da locação não residencial, tendo sido proposta a
ação em até 30 (trinta) dias do termo ou do cumprimento de notificação
comunicando o intento de retomada;
IX – a falta de pagamento de aluguel e acessórios da locação no vencimento,
estando o contrato desprovido de qualquer das garantias previstas no art. 37,
por não ter sido contratada ou em caso de extinção ou pedido de exoneração
dela, independentemente de motivo → isso era um problema da ação de
cobrança, eu não podia pedir o despejo = ficava pelengando um tempão e
nesse tempo ia vencendo mais aluguel
* MAS ISSO É QUANDO NÃO TEM GARANTIA! → ex: se for ação cobrando
locatário que está em atraso mas tem fiador eu não posso pedir a liminar de
despejo
* por isso hoje em dia são feitos contratos sem garantia → agora eles tem
respaldo para pedir liminar na ação de despejo, basta que o locador pague a
caução (mas na prática o próprio imóvel é dado em caução ou o próprio
crédito)

O JUIZ PODE DISPENSAR ESSA CAUÇÃO? A lei tecnicamente só fala que


tem que ter a caução, mas acima tem 2 exemplos que fogem da regra → dar o
próprio imóvel em garantia ou o próprio crédito
- ela serve porque, se a liminar não for confirmada, ela serve como
indenização
- como dar o crédito? Ex: ele me deve 5 meses, 5 já é maior que 3 e meu
crédito já vale
- pedir a exoneração é mais complicado porque acabamos criando uma
situação jurídica que a lei não prevê. Jurisprudência admite, mas elenca como
sendo os mesmos requisitos de exoneração de custas → o que fica complicado
para o locador, que geralmente não é hipossuficiente

MEIOS DE DEFESA DO LOCATÁRIO – art. 62, II → DEPÓSITO ELISIVO: o


devedor consegue quebrar essa liminar fazendo o depósito de tudo que deve,
mas só pode usar esse benefício a cada 2 anos
* POR QUE OS 2 ANOS? A lei tentou evitar o devedor reincidente → fico sem
pagar, espero o despejo e pago tudo no despejo

SENTENÇA DE DESEPEJO → cabe recurso com efeito devolutivo


* imóvel abandonado: dou ciência ao juiz e peço o mandado de emissão na
posse (é comum o juiz dar mandado de verificação e emissão na posse = o
oficial vai lá confirmar)
* uma vez mandado sair temos o despejo voluntário e se ele não cumprir, tem
o despejo coativo (pode até ter força policial, arrombamento etc)

A ação adequada para reaver o imóvel em casos de aquisição de


imóvel locado é a ação de despejo, não servindo para esse propósito a
ação de imissão de posse
Caso hipotético: João é proprietário de um imóvel que está alugado para a
empresa Gama. João vende o imóvel para a empresa Alfa. Como a adquirente
não mais deseja manter o contrato de locação, ela envia notificação fazendo a
denúncia do contrato, tendo a locatária que desocupar o imóvel no prazo
máximo de 90 dias. Caso não haja a desocupação, a ação cabível será a ação
de despejo (e não a ação de imissão de posse).
Para a retomada da posse direta por adquirente de imóvel objeto de contrato
de locação, o rito processual adequado é o da ação de despejo, sob pena de
malferir o direito de terceiro que regularmente ocupa o bem.
STJ. 3ª Turma. REsp 1864878-AM, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado
em 30/08/2022 (Info 751).

5. AÇÃO DE COBRANÇA
* posso cumular com o despejo ou não (posso só querer despejar porque ele
quebra o contrato desrespeitando o condomínio)
LOCAÇÃO DE BEM MÓVEL
* o CC replica as normas semelhantes da lei 8245/91 → vide art. 573, 574 e
571
* a diferença é que o registro vai ser no cartório de títulos e documentos, não
vai ser no RGI

JURISPRUDÊNCIA:

É cabível revisão judicial de contrato de locação não residencial -


empresa de coworking - com redução proporcional do valor dos
aluguéis em razão de fato superveniente decorrente da pandemia da
Covid-19
Caso concreto: a locatária do imóvel era uma empresa de coworking; em razão
das medidas de isolamento da Covid-19, a empresa teve uma redução drástica
do seu faturamento; diante disso, ajuizou ação de revisão contra a proprietária
do imóvel (locadora) pedindo a redução do valor dos aluguéis pagos. O STJ
concordou com o pleito.
A revisão dos contratos com base nas teorias da imprevisão ou da onerosidade
excessiva, previstas no Código Civil, exige que o fato (superveniente) seja
imprevisível e extraordinário e que dele, além do desequilíbrio econômico e
financeiro, decorra situação de vantagem extrema para uma das partes,
situação evidenciada na hipótese. A revisão dos contratos em razão da
pandemia não constitui decorrência lógica ou automática, devendo ser
analisadas a natureza do contrato e a conduta das partes - tanto no âmbito
material como na esfera processual -, especialmente quando o evento
superveniente e imprevisível não se encontra no domínio da atividade
econômica das partes. Na hipótese, ficou demonstrada a efetiva redução do
faturamento da empresa locatária em virtude das medidas de restrição
impostas pela pandemia da covid-19. Por outro lado, a locatária manteve-se
obrigada a cumprir a contraprestação pelo uso do imóvel pelo valor integral e
originalmente firmado, situação que evidencia o desequilíbrio econômico e
financeiro do contrato. Nesse passo, embora não se contestem os efeitos
negativos da pandemia nos contratos de locação para ambas as partes - as
quais são efetivamente privadas do uso do imóvel ou da percepção dos
rendimentos sobre ele - no caso em debate, considerando que a empresa
locatária exercia a atividade de coworking e teve seu faturamento
drasticamente reduzido, a revisão do contrato mediante a redução proporcional
e temporária do valor dos aluguéis constitui medida necessária para assegurar
o restabelecimento do equilíbrio entre as partes.
STJ. 4ª Turma. REsp 1984277-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
16/08/2022 (Info 745).
- POR QUE AQUI FOI CONCEDIDA A REVISÃO CONTRATUAL? Ficou
demonstrado os requisitos de FATO EXTRAORDINÁRIO E IMPREVISÍVEL +
ONEROSIDADE EXCESSIVA + EXTREMA VANTAGEM = desequilíbrio do contrato
- locatária era empresa de coworking e teve drástica redução de receita,
FICOU TOTALMENTE IMPOSSIBILITADA DE TRABALHAR
→ DIFERENTE DA ESCOLA: as aulas, embora por outro formato, continuaram a
ser disponibilizadas e ofertadas, então não há de se falar em revisão. A
despesa reduziu, mas isso é inerente ao risco do negócio

JURISPRUDÊNCIA
É devida indenização por lucros cessantes pelo período em que o
imóvel objeto de contrato de locação permaneceu indisponível para
uso, após sua devolução pelo locatário em condições precárias
O locatário tem a obrigação de restituir o bem ao locador no estado em que o
recebeu, ressalvadas as deteriorações decorrentes do seu uso normal.
Se houve uma deterioração anormal do bem, o locador terá o direito de exigir
do locatário indenização por perdas e danos.
Quando se fala em perdas e danos, deve-se interpretar isso de acordo com o
PRINCÍPIO DA REPARAÇÃO INTEGRAL, de maneira que a indenização deve
abranger tanto o desfalque efetivo e imediato no patrimônio do credor, como a
perda patrimonial futura.
Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e
danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o
que razoavelmente deixou de lucrar.
Desse modo, para além dos danos emergentes, a restituição do imóvel locado
em situação de deterioração enseja o pagamento de indenização por lucros
cessantes, pelo período em que o bem permaneceu indisponível para o
locador.
STJ. 3ª Turma. REsp 1919208/MA, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
20/04/2021 (Info 693).

JURISPRUDÊNCIA
O prazo para o fiador exonerar-se da fiança inicia-se do efetivo
conhecimento da sub-rogação, ainda que a ciência não ocorra pela
comunicação do locatário sub-rogado
O art. 12 da Lei nº 8.245/91 prevê que “em casos de separação de fato,
separação judicial, divórcio ou dissolução da união estável, a locação
residencial prosseguirá automaticamente com o cônjuge ou companheiro que
permanecer no imóvel.”
O § 1º do art. 12 afirma que o locatário sub-rogado deverá notificar o fiador,
informando sobre essa separação, a fim de que o fiador decida se deseja ou
não continuar com este encargo. Segundo o § 2º do art. 12, o fiador, depois
de ser notificado pelo sub-rogado, poderá, no prazo máximo de 30 dias,
informar ao locador que quer se exonerar das suas responsabilidades.
Suponhamos que o locatário sub-rogado não informou o fiador. O locador,
contudo, assumiu esse papel e notificou o fiador, comunicando que houve a
sub-rogação.
MESMO ASSIM O PRAZO DO FIADOR JÁ COMEÇOU A CORRER? O prazo
de 30 dias para que o fiador peça a sua exoneração começou a ser contado a
partir dessa notificação feita pelo locador?
SIM. O prazo para o fiador exonerar-se da fiança inicia-se do efetivo
conhecimento da sub-rogação, ainda que a ciência não ocorra pela
comunicação do locatário sub-rogado.
Apesar de o art. 12, § 2º, da Lei nº 8.245/91 afirmar que é o locatário original
que deverá fazer a notificação do fiador, é possível a relativização dessa
formalidade por meio da aplicação do princípio da instrumentalidade das
formas.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.510.503-ES, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel.
Acd. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/11/2019 (Info 660).

A inércia do locador em exigir o reajuste dos aluguéis por longo


período de tempo suprime o direito à cobrança de valores pretéritos,
mas não impede a atualização dos aluguéis a partir da notificação
extrajudicial encaminhada ao locatário.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.803.278-PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
julgado em 22/10/2019 (Info 659).

CONTRATO DE DOAÇÃO

CONCEITO
Trata-se de um negócio jurídico no qual uma pessoa (doador) transfere
gratuitamente do seu patrimônio para o de outra pessoa (donatário) bens ou
vantagens em caráter a princípio definitivo (ex de direitos → retrovenda)

CLASSIFICAÇÃO
A. CONTRATO UNILATERAL: só o doador que precisa transferir BENS ou
VANTAGENS para o patrimônio de outro
DOAÇÃO COM ENCARGO → não é visto como uma contraprestação e por isso
não é bilateral. Não tem movimentação patrimonial no acervo do doasor
QUAL A NATUREZA JURÍDICA DO ENCARGO? Um ônus – elemento
acidental do NJ (art. 136: o encargo não suspende a aquisição nem o exercício
do direito)
– evento FUTURO E INCERTO
– SUSPENSIVA: impede os efeitos do NJ (ex: venda
CONDIÇÃO
a contento) e não tem direito adquirido, só no
art. 125, CC
implemento da condição. INEFICÁCIA PENDENTE
• - RESOLUTIVA: o implemento resolve os efeitos (ex:
cláusula de retrovenda). Adquire o direito no NJ, mas
extingue na resolução.
• * se posta em NJ continuado, a resolução não
acarreta nos anteriores
→ EM TODAS PODE CONSERVAR O BEM!
- evento FUTURO E CERTO
TERMO
- INICIAL: suspende o exercício, mas não a aquisição
art. 131, CC
do direito → NÃO IMPEDE DIREITO ADQ.
- FINAL
ENCARGO - é um ônus associado de uma liberalidade
art. 136, CC
- NÃO CUMPRIMENTO: execução ou revogação
- não há suspensão da aquisição ou exercício do direito

B. CONTRATO GRATUITO:só há diminuição patrimonial do doador


C. CONTRATO ESCRITO POR INSTRUMENTO PARTICULAR OU PÚBLICO
→ interpretação restritiva
Art. 541. A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular.
Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens
móveis e de pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a tradição.

- é um contrato gratuito e por isso interpretado de forma restrita e admite-se


um documento específico
- BENS DE PEQUENO VALOR: legislador dispensa a forma escrita

D. CONTRATO CONSENSUAL: basta a manifestação de vontade do doador e


donatário em receber para que o contrato produza efeitos e a forma prevista
em lei
→ CLASSIFICAÇÃO: CONSENSUAL (concretiza com a simples vontade) OU
REAL (precisa da entrega da coisa)
REGRA: escritura pública ou instrumento particular
EXCEÇÃO: bens de pequeno valor → basta a TRADIÇÃO para produzir
efeito
- COMO É FORMADO ESSE ACEITE? De forma expressa ou tácita, que vem do
comportamento da pessoa

ACEITE DA DOAÇÃO
A. ACEITAÇÃO EXPRESSA: o donatário afirma positivamente no
contrato

B. ACEITAÇÃO TÁCITA: o comportamento do donatário já nos faz


entender o aceite (ex: doação em contemplação de casamento → o pai fala
que se eu casar com João, ele vai me dar um apto. O fato de eu casar já vem
a ser um aceite)
- E SE O DONATÁRIO NÃO QUISER? Dispõe isso de forma expressamente

Art. 546. A doação feita em contemplação de casamento futuro com certa e


determinada pessoa, quer pelos nubentes entre si, quer por terceiro a um
deles, a ambos, ou aos filhos que, de futuro, houverem um do outro, não pode
ser impugnada por falta de aceitação, e só ficará sem efeito se o casamento
não se realizar.

C. ACEITAÇÃO PRESUMIDA: o doador notifica o donatário e dá um


prazo para que ele se manifeste e o silêncio aqui é tido como uma
concordância
- o silêncio aqui importa anuência porque, em tese, vai ter só benefícios

Art. 539. O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou
não a liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro
dele, a declaração, entender-se-á que aceitou, se a doação não for sujeita a
encargo.

D. ACEITE FICTO – oriundo da lei: preenchidos os requisitos da lei,


tem-se como se a doação estivesse pronta para produzir efeitos

Art. 543. Se o donatário for absolutamente incapaz, dispensa-se a aceitação,


desde que se trate de doação pura.
O prof. critica isso no caso da doação ao incapaz → a própria lei aceita pelo
incapaz por conta do acréscimo que ele vai ter no patrimônio

PROMESSA DE DOAÇÃO
→ aqui é antes do contrato, estamos ainda na formação do contrato

Primeiro ponto: promessa de contrato é contrato preliminar. Um negócio


jurídico que tem por objeto uma OBRIGAÇÃO DE FAZER. Ou seja, as partes
prometem que no futuro vão celebrar contrato de compra e venda, por
exemplo. Isso é um pouco impensável na doação: que é contrato em geral
gratuito (doação pura), unilateral quanto aos efeitos e o reconhecimento da
validade e eficácia jurídica da promessa faria com que o donatário —
simples beneficiário do ato — pudesse ingressar com a execução
específica do contrato, forçando o doador a cumprir com o ato de
liberalidade a que se obrigara.

PROMESSA DE DOAÇÃO É CONTRATO PRELIMINAR? 4 correntes


doutrinárias.

CORRENTE MAJORITÁRIA: NÃO OBRIGA O CONTRATO DEFINITIVO,


estamos em ambiente de liberalidade. Ninguém é obrigado a dispor do seu
patrimônio e, por não ter contraprestação, não há prejuízo ao donatário.
- dizem que interpretar isso como um contrato preliminar e suas características
(obrigar o contrato definitivo) seria contrassenso

CORRENTE 2: se essa promessa for feita em divórcio, cônjuges


discutindo patrimônio “nem eu e nem você, vamos doar aos filhos”, o STF
entende que obriga. É UMA SITUAÇÃO PONTUAL E ESPECÍFICA, PROTEGE A
PROLE DO CASAL
- COMO VÃO PROVAR ISSO? Vai ficar na ata de audiência

CORRENTE 3: a promessa não tem força para obrigar ao contrato


definitivo, ou seja, não tem eficácia, MAS SE GERAR ALGUM PREJUÍZO, a
depender do comportamento das partes, pode gerar perdas e danos
porque houve rompimento de boa-fé
- aplicação do art. 422: boa-fé ainda nas tratativas
- POSIÇÃO DO PABLO STOLZE
ex (não de doação, mas do prejuízo): empresa fala que vai vir para o brasil,
vários interessados começam a burocracia, fazem reuniões, análise de docs e
depois fala que não vem mais = teve prejuízo

CORRENTE 4: a promessa deve ser vista como contrato preliminar com


suas características → uma vez preenchido os seus requisitos, obriga o
contrato definitivo
* Prof. Ricardo Lobo defende que a liberalidade se deu na promessa e o
contrato definitivo é mero exaurimento da liberalidade já desenvolvida

QUESTÃO DO TJSP: Maria se compromete a DAR um de seus cachorros a


Pedro, o Totó. No vencimento da obrigação, Maria desiste e decide dar uma
joia que havia herdado de sua tia. Pedro aceita e fica com a joia. Tempos
depois vem uma decisão judicial reconhecendo a NULIDADE DO TESTAMENTO
da tia, que previa o legado da joia a Maria e, com isso, Pedro veio a perder o
bem em favor do acervo hereditário. O QUE REJANE PODE PEDIR?

Ponto 1: foi contrato verbal e ok, porque era objeto de pequeno valor (mas
isso fica subjetivo por conta do valor do animal)
Ponto 2 – art. 552: doador não é obrigado a pagar vício redibitório, evicção e
juros moratório. Com isso, não se fala em perdas e danos
Art. 552. O doador NÃO É OBRIGADO A PAGAR JUROS
MORATÓRIOS, NEM É SUJEITO ÀS CONSEQÜÊNCIAS DA EVICÇÃO OU
DO VÍCIO REDIBITÓRIO. Nas doações para casamento com certa e
determinada pessoa, o doador ficará sujeito à evicção, salvo convenção em
contrário.

Ponto 3: Maria pagou com bem diferente, então ocorreu DAÇÃO EM


PAGAMENTO
Art. 356. O credor pode consentir em receber prestação diversa da que
lhe é devida.
Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento,
restabelecer-se-á a obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada,
ressalvados os direitos de terceiros.
→ mas aqui há discussão: evicção não se aplica em contratos gratuitos; foi
contrato verbal; promessa de contrato etc
→ se não fosse nessa questão de doação, como fica a responsabilidade de
evicção? Pede o que perdeu + despesas e prejuízos + frutos que precisou
restituir. Se vício redibitório a coisa + P/D quando sabe

ELEMENTOS DA DOAÇÃO

São 2 elementos para que possamos enxergar a doação → ELEMENTO


SUBJETIVO E OBJETIVO

ELEMENTO SUBJETIVO ELEMENTO OBJETIVO


Intenção de enriquecer o alheio às Perda patrimonial do doador e
próprias expensas → vontade de ter enriquecimento do donatário → como
uma diminuição patrimonial em prol se fosse um pêndulo: diminui aqui e
do outro cresce ali

ex: remissão → uma pessoa tem crédito perante a outra de 100 mil e perdoa o
devedor. Faz um contrato de remissão (bilateral). POSSO DIZER QUE HOUVE
DOAÇÃO? Não, não há movimento patrimonial. O patrimônio do credor
continuou o mesmo e o devedor também
* mas e o que deixou de entrar? Não é analisado

Há uma motivação na doação: filantropia, questões pessoais ou agradecimento


→ causa e motivo não é elemento do NJ, mas na doação podemos trazer esses
fundamentos para alguma questão jurídica

MODALIDADES DA DOAÇÃO

Art. 540. A doação feita em contemplação do merecimento do donatário não


perde o caráter de liberalidade, como não o perde a doação remuneratória, ou
a gravada, no excedente ao valor dos serviços remunerados ou ao encargo
imposto.
- a doação sempre tem uma motivação: questões pessoas, filantropia,
agradecimento etc. Causa e motivo não é elemento do NJ, mas na doação
podemos trazer esses fundamentos para alguma questão jurídica

1. DOAÇÃO MERITÓRIA: o donatário tem um mérito e o doador quer


reconhecer isso
ex: tenho um professor renomado e estimado e tenho uma biblioteca em casa
e resolvo doar a ele todo o meu acervo → faço um contrato e coloco essa
motivação. Depois de 1 ano descubro que ele era uma farsa, falsificava
diploma e era outra pessoa. CONSIGO REVOGAR ESSA DOAÇÃO? Não,
doação só revoga por 2 motivos:
A. INGRATIDÃO
B. DESCUMPRIMENTO DO ENCARGO

NÃO CONSIGO REVOGAR, MAS CONSIGO ANULAR! Há um falso motivo e o art.


140 me permite, o motivo ficou expresso no contrato e era determinante

Art. 140. O FALSO MOTIVO só vicia a declaração de vontade quando


expresso como razão determinante.

obs:. FALSO MOTIVO → erro do negócio jurídico. Prazo DECADENCIAL de 04


anos (decadencial – perda do direito potestativo de interferir na esfera jurídica
de outrem)
- fazer remissão no art. 540 ao 140 na parte de merecimento

→ DOAÇÃO CONTEMPLATIVA X DECLARAÇÃO UNILATERAL DE VONTADE: a


doação é uma relação jurídica bilateral e a outra é manifestação volitiva, fonte
de direito obrigacional

2. DOAÇÃO REMUNERATÓRIA: o doador faz como agradecimento ou até


mesmo como uma obrigação que poderia ter feito e não fez (ex: João fez um
serviço para mim e na época não pode ser remunerado → agora eu faço a
doação como sendo uma remuneração)

- AINDA QUE TENHA A REMUNERAÇÃO, A LIBERALIDADE PERSISTE →


eu doo como forma de remuneração porque eu quero e faço como sendo uma
contraprestação a um serviço (ex: um médico que salva uma pessoa que
estava passando na rua → o pai resolve fazer uma doação a esse médico no
intuito de remunerar esse serviço)

Obs.: SE APLICA AS REGRAS E O INSTITUTO DO VÍCIO REDIBITÓRIO → a


remuneração é tida como uma contraprestação

- E SE O DONATÁRIO PRATICAR ALGUM ATO INDIGNO? Isso não vai revogar a


doação, ela veio como uma remuneração a algo anterior.
As causas de revogação transitam pelos aspectos morais, mas aqui foi feita
como uma contraprestação a algo que já foi feito. Doação remuneratória tem
um viés oneroso
Art. 557. Podem ser revogadas por ingratidão as doações:
I - se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de
homicídio doloso contra ele;
II - se cometeu contra ele ofensa física;
III - se o injuriou gravemente ou o caluniou;
IV - se, podendo ministrá-los, recusou ao doador os alimentos de que este
necessitava.

Art. 564. Não se revogam por ingratidão:


I - as doações puramente remuneratórias;

CUIDADO: o art. 564, I pode induzir a erro. A doação pode ser pura ou
impura, mas pode ser que a remuneração “ultrapasse” o valor/serviço a ser
remunerado e esse excesso pode ser revogado
- QUAL O PROBLEMA? A lei fala que não revoga as PURAMENTE
REMUNERATÓRIAS, mas o que deve ser interpretado é que não revoga as
SIMPLESMENTE REMUNERATÓRIAS → o que transcende a remuneração pode
ser revogada

DOAÇÃO PURA DOAÇÃO “IMPURA” – COM


FATORES DE EFICÁCIA
O doador decide doar por simples É a doação com encargo ou a
liberalidade dele – art. 538 remuneratória

- ex: serviço do médico que salvou na rua ficou em 15 mil e eu doo um carro
de 20 mil → até o valor do serviço, 15 mil, a doação é remuneratória e o que
passa disso é pura, não tinha necessidade de doar algo superior. Faz porque
quer e é doação pura

3. DOAÇÃO MODAL – é a doação com encargo:


- o encargo é um ônus, elemento acidental do NJ e uma vez não cumprido,
abre a possibilidade de revogação da doação.
* encargo não é condição e nem termo, é um ônus. Quando a revogação
ocorre, a doação já ocorreu e, não tendo condição e nem termo, ele já tem a
propriedade e, portanto, tem os 4 poderes, já pode até vender a outrem
* tem uma tabela lá em cima: o encargo não suspende a aquisição ou
exercício do direito, apenas possibilita a revogação se ele não for cumprido
COMO REVOGA? Notifica a pessoa para ela cumprir o encargo, se ela não
cumprir, posso revogar. Não tem prazo específico, mas aplicamos o prazo
geral de 10 anos para revogar

E SE O DONATÁRIO JÁ ALIENOU ESSE BEM?


- CONSEGUE REVOGAR? Sim, o encargo não foi cumprido e o art. 555 permite
- ELE VAI BUSCAR O BEM COM O 3º? Não, o contrato gera efeito inter partes e
o terceiro está protegido. Resolve em perdas e danos → a propriedade do 3º é
PROPRIEDADE AD TEMPUS (art. 1360 do CC)
- POR QUE NÃO DE EFICÁCIA REAL? É contrato inter partes, puramente
obrigacional
*fazer remissão na palavra encargo com o art. 136
Art. 136. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito,
SALVO QUANDO EXPRESSAMENTE IMPOSTO NO NEGÓCIO JURÍDICO,
PELO DISPONENTE, COMO CONDIÇÃO SUSPENSIVA.
* é quando eu transformo aquele ônus/encargo em uma condição suspensiva
→ quando for registrar no RGI não vai registrar se não tiver cumprido o
encargo = por isso é melhor colocar o encargo como condição suspensiva, isso
protege
* nesse encargo suspensivo não vai nem chegar no terceiro porque não vai
registrar no RGI, mas se for bem móvel pode pedir reintegração de posse

DOAÇÃO AO NASCITURO.

Art. 542. A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu
representante legal.

DOAÇÃO PERSONALÍSSIMA → FEITA AO NASCITURO. É contrato gratuito e


interpretado restritivamente
* aqui adotamos a teoria natalista porque precisa nascer com vida para
produzir efeitos da doação, não queremos agraciar os efeitos da sucessão e
sim o nascituro(quando falamos em alimentos adotamos a concepcionista –
alimentos gravídicos)

DOAÇÃO AO ABSOLUTAMENTE INCAPAZ.

Art. 543. Se o donatário for absolutamente incapaz, dispensa-se a aceitação,


desde que se trate de doação pura.

É O ACEITE FICTO: o legislador entendeu que como vai gerar acréscimo ao


patrimônio do incapaz, é só um benefício, não precisa aceitar, a lei aceita por
ele → o prof. critica porque o objeto pode não valer a pena e nem sempre vai
trazer um aspecto positivo → ex: ganhar uma ferrari, apto no Leblon = tem
muito custo, seguro, IPTU, IPVA
* dá para defender uma possível anulação

MAS POR QUE NÃO FEZ ISSO NO NASCITURO SE DEPOIS ELE VAI SER
ABSOLUTAMENTE INCAPAZ? Foi falta de técnica legislativa

ADIANTAMENTO DA LEGÍTIMA
- aqui a lei leva ao direito sucessório

Art. 544. A doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro,


importa adiantamento do que lhes cabe por herança.
- ascendente, descendente e cônjuge são herdeiros necessários → tem direito
a legítima (50% do patrimônio)

O instituto da colação (art. 2002) protege o adiantamento de legítima: se doou


em vida, isso precisa ser colacionado para calcular o quantum cada um tem
direito (ex: doou ao F1 30 mil. Quando abrir a sucessão, ele precisa colacionar
isso → volta a legítima e divide tudo)

* MAS O DOADOR PODERIA TER TIRADO DA PARTE DISPONÍVEL? Sim,


mas ele precisa constar que a doação saiu da parte disponível

Art. 2.002. Os descendentes que concorrerem à sucessão do ascendente


comum são obrigados, para igualar as legítimas, a conferir o valor das doações
que dele em vida receberam, sob pena de sonegação.
Parágrafo único. Para cálculo da legítima, o valor dos bens conferidos será
computado na parte indisponível, sem aumentar a disponível.

DOAÇÃO CONJUNTIVA
- doador quer agraciar mais de uma pessoa e se eu não constar como vai ser
dividido no contrato, fica como sendo divisão igual

Art. 551. Salvo declaração em contrário, a doação em comum a mais de uma


pessoa entende-se distribuída entre elas por igual.
Parágrafo único. Se os donatários, em tal caso, forem marido e mulher,
subsistirá na totalidade a doação para o cônjuge sobrevivo.
* aqui forma um condomínio e co-propriedade → condomínio é em regra
voluntário (vimos isso no art. 504), as partes têm a liberdade de não aceitar a
doação e, portanto, recusar o condomínio

SE UM ACEITAR E O OUTRO NÃO, UM ACRESCE A PARTE DO OUTRO?


Não, direito de acréscimo é sucessório → sempre lembrar que doação é
contrato gratuito e interpretada de forma restritiva: a vontade dele foi de doar
uma parte, doar em condomínio. COMO FICA ENTÃO? O doador e donatário
ficam em condomínio

EXPLICAÇÃO DO PU: doou em vida para casal, 50% para cada. Se um deles
morrer, a parte do que morreu vai para o outro → não vai para sucessão,
não vai para herdeiros etc.

DOAÇÃO A ENTIDADE FUTURA


O QUE É ENTIDADE? O legislador só usou esse termo aqui e entendemos que
é uma pessoa jurídica ou ente despersonalizado (ex: condomínio edilício), mas
a entidade, caso não exista, precisa ser criada em até DOIS ANOS

Art. 554. A doação a entidade futura caducará se, em dois anos, esta não
estiver constituída regularmente.

DOAÇÃO COM CLÁUSULA DE REVERSÃO


Nessa doação a ideia do doador é agraciar o donatário, só ele e, se porventura
o donatário vier a óbito, o bem retorna ao doador
* E SE O DOADOR FALECER ANTES DO DONATÁRIO? Caduca essa regra

Art. 547. o adoador pode estipular que os bens doados voltem ao seu
patrimonio, se sobreviver ao donatário.
Parágrafo único. Não prevalece cláusula de reversão em favor de terceiro

É válida e eficaz a cláusula de reversão em favor de terceiro, aposta


em contrato de doação celebrado à luz do CC/1916, ainda que a
condição resolutiva se verifique apenas sob a vigência do CC/2002
É válida a cláusula de reversão em favor de terceiro aposta em contrato de
doação celebrado à luz do CC/1916.
É válida e eficaz a cláusula de reversão estipulada em benefício de apenas
alguns dos herdeiros do donatário, mesmo na hipótese em que a morte deste
se verificar apenas sob a vigência do CC/2002.
STJ. 3ª Turma. REsp 1922153/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
20/04/2021 (Info 693).
* o CC/02 não retroage atigindo a validade dos atos anteriores a ele →
aplicação do art. 6 da LINDB de que a lei respeitará o direito adquirido,AJP e
coisa julgada. MAS EXISTE DIREITO ADQUIRIDO EM FACE DE CONDIÇÃO
SUSPENSIVA? Pelo CC não

O doador coloca uma CONDIÇÃO RESOLUTIVA: SE o donatário morrer, o


bem volta ao patrimônio do doador. QUAL A NATUREZA DESSA
PROPRIEDADE DO DONATÁRIO? PROPRIEDADE RESOLÚVEL (art. 1359)
* é diferente da propriedade ad tempus – ver lá em cima

PROPRIEDADE RESOLÚVEL PROPRIEDADE AD TEMPUS


- art. 1359 - art. 1390
IMPLEMENTO DA CONDIÇÃO Se a propriedade resolver por outra
RESOLUTIVA OU TERMO FINAL → causa superveniente, quem comprou
resolve a obrigação e os direitos reais antes de resolver (mas depois da
concedidos causa) é proprietário 2 e o proprietário
* direito de sequela 1 pode haver a coisa ou o $
Ex: morte do donatário em doação Ex: donatário não cumpre o encargo,
com cláusula de reversão mas já tinha vendido o bem recebido na
doação

* QUAL A DIFERENÇA DA PROPRIEDADE AD TEMPUS E RESOLÚVEL? Ninguém


transfere um poder que não tem. Ele tem 4 poderes da propriedade e pode
dispor, mas vai dispor uma propriedade resolúvel e quem compra, compra
sabendo e assume um risco (geralmente pagam mais baixo)

IMPENHORABILIDADE, INCOMUNICABILIDADE E INALIENABILIDADE


DO BEM DOADO

IMPENHORABILIDADE: é a proibição de recair sobre aquele bem


alguma constrição judicial em razão de dívida sua ou de seus herdeiros
INCOMUNICABILIDADE: se o donatário vier a se casar, o bem
recebido na doação com cláusula de incomunicabilidade não se comunicará
com o cônjuge, ainda que em regime de comunhão de bens
INALIENABILIDADE: o beneficiário fica impedido de alienar a coisa,
seja pode tempo determinado ou indeterminado

STJ fala que aqui o menos não é mais → a cláusula de inalienabilidade já induz
a existência de impenhorabilidade e a incomunicabilidade. Mas o contrário não
pode ser dito.

JURISPRUDÊNCIA

ex: João doou ao seu filho Pedro uma fazenda com cláusula de
incomunicabilidade e impenhorabilidade. João morreu e Pedro está com 80
anos, não consegue cuidar da fazenda e está sendo furtado diariamente
* PEDRO PODE CANCELAR ESSAS CLÁUSULAS? 1º e 2º grau negaram e o STJ
ressaltou que, embora a manutenção seja o melhor, o caso concreto pode
ensejar o cancelamento (ex: violação aos direitos do idoso, por exemplo)
* STJ então elencou critérios para o cancelamento

Critérios jurisprudenciais para analisar a possibilidade de


cancelamento das cláusulas de inalienabilidade e impenhorabilidade
instituída pelos doadores
O levantamento dos gravames é medida excepcional e a manutenção,
ou não, das cláusulas deverá ser analisada no caso concreto. Algumas
vezes, por exemplo, a manutenção das cláusulas será a solução mais
aconselhável, sem que isso represente afronta aos direitos fundamentais da
pessoa idosa, devendo a análise, como já dito, ser feita caso a caso.
A possibilidade de cancelamento das cláusulas de inalienabilidade e
impenhorabilidade instituída pelos doadores depende da observação de
critérios jurisprudenciais:
a) inexistência de risco evidente de diminuição patrimonial dos proprietários ou
de seus herdeiros (em especial, risco de prodigalidade ou de dilapidação do
patrimônio);
b) manutenção do patrimônio gravado que, por causa das circunstâncias,
tenha se tornado origem de um ônus financeiro maior do que os benefícios
trazidos;
c) existência de real interesse das pessoas cuja própria cláusula visa a
proteger, trazendo-lhes melhor aproveitamento de seu patrimônio e,
consequentemente, um mais alto nível de bem-estar, como é de se presumir
que os instituidores das cláusulas teriam querido nessas circunstâncias;
d) ocorrência de longa passagem de tempo; e, por fim,
e) nos casos de doação, se já sejam falecidos os doadores.
STJ. 3ª Turma. REsp 2022860-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado
em 27/09/2022 (Info 753).

1ª - Questão:
Em um contrato de doação, o doador doou um imóvel ao donatário, todavia
impôs ao bem as cláusulas de incomunicabilidade e impenhorabilidade
devidamente averbadas junto à matrícula do imóvel.
Após o óbito do doador, o donatário por ser o proprietário do imóvel resolveu
vendê-lo a um terceiro, que inclusive já pagou o preço correspondente à coisa,
todavia não consegue realizar a transferência da propriedade, uma vez que o
oficial de registro nega o registro da transferência sob o fundamento de que
por mais que não tenha havido previsão da inalienabilidade ao imóvel no
contrato de doação, as cláusulas restritivas que incidem sobre a coisa são
indissociáveis, ante ainda o que dispõe o artigo 1911 do CC.
Está correta a decisão do oficial de registro?
Responda fundamentadamente a questão.
* ele não falou que não podia ser alienado, então o menos aqui não é mais

VEDAÇÕES À DOAÇÃO

A. DOAÇÃO UNIVERSAL

• Ainda que tenha um vasto patrimônio, NÃO SE PODE DOAR


TODO O SEU PATRIMÔNIO → precisa preservar o mínimo para
viver dignamente, dignidade da pessoa humana, mas também a
proteção aos credores (ex: o cara começa a doar tudo e fica com 1
apto → é bem de família e impenhorável, isso pode ser fraude
contra credores)

Art. 548. É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda
suficiente para a subsistência do doador.
• É muito comum, para fugir do inventário, fazer uma doação com
reserva de usufruto (ex: família tem só 1 apto e doa aos filhos) e a
doutrina e jurisprudência aceitam, ainda que acabe por ser doação
universal. A finalidade aqui foi preservada: eles vão ter a dignidade
preservada e pode até tirar renda desse usufruto
* quando morre, dá baixa no usufruto

B. DOAÇÃO AO CÔNJUGE ADÚLTERO


- a redação ainda traz o adultério como cúmplice

Art. 550. A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser


anulada pelo outro cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até dois anos
depois de dissolvida a sociedade conjugal.

• É um ATO ANULÁVEL: a legitimidade é do cônjuge traído, ele que


decide se vai anular ou não, a legitimidade dos herdeiros é subsidiária
→ QUANDO ENTRA A LEGITIMIDADE DOS HERDEIROS? No caso
de morte do cônjuge traído

• ATÉ 2 ANOS DEPOIS DE DISSOLVIDA A SOCIEDADE CONJUGAL:


pode ser que tenha traído e ainda não separou. Começa a contar com
a separação ou, no caso dos herdeiros, no caso da morte do cônjuge
traído
* ex: se já separou há 1 ano = herdeiros só tem mais 1 ano
* esse prazo é só para trazer segurança jurídica

• QUAL OUTRO MEIO DE RESOLVER ISSO? Não houve outorga


uxória ou marital para alienar o bem móvel (art. 1647 exige para
alienar → alienar é vender, doar)

C. DOAÇÃO INOFICIOSA

Art. 549. Nula é também a doação quanto à parte que exceder à de


que o doador, no momento da liberalidade, poderia dispor em testamento.

• Uma vez tornado nula esse ato, o montante retorna ao acerco do


doador ou, se já morto, vai para o inventário
• PRAZO PRESCRICIONAL: 10 anos a contar do registro – salvo
no caso da jurisprudência abaixo → quando houver ciência
inequivóca do ato
• Nelson Rosenvald e Tartuce falam que seria uma ação imprescritível
por violar o direito fundamental → mas o STJ não aceita isso, aqui há
uma lesão patrimonial e prescreve em 10 anos
Na ação de nulidade de doação inoficiosa, o prazo prescricional é
contado a partir do registro do ato jurídico que se pretende anular,
salvo se houver anterior ciência inequívoca do suposto prejudicado
Doação inoficiosa é a que invade a legítima dos herdeiros necessários. A
pessoa que tenha herdeiros necessários só pode doar até o limite máximo da
metade de seu patrimônio, considerando que a outra metade é a chamada
“legítima” (art. 1.846 do CC) e pertence aos herdeiros necessários. O art. 549
do CC afirma que é nula.
A ação cabível para se obter a anulação é a ação de nulidade de doação
inoficiosa (ação de redução), que pode ser proposta pelos herdeiros
necessários do doador, no prazo prescricional de 10 anos. QUANDO SE
INICIA ESSE PRAZO?
• Regra: conta-se a partir do registro do ato jurídico que se pretende
anular.
• Exceção: esse prazo pode ser iniciado antes se ficar comprovado que,
em momento anterior ao registro, o suposto prejudicado já teve ciência
inequívoca do ato.
Caso concreto no qual o STJ aplicou a exceção acima explicada:
Rui e Sandra são irmãos. Em 09/09/2005, foi lavrada escritura pública na qual
os pais doaram para Sandra um bem imóvel muito valioso. Vale ressaltar que
essa doação foi inoficiosa, pois atingiu a parte indisponível do patrimônio dos
doadores, ferindo o direito de Rui à legítima. Rui, mesmo não sendo doador
nem donatário, participou da assinatura da escritura pública na qualidade de
“interveniente-anuente”. Em 18/05/2009, essa doação foi registrada no
cartório de registro de imóveis. Em 22/08/2018, Rui ajuizou ação pedindo a
nulidade dessa doação por ser inoficiosa. Sandra arguiu a prescrição da
pretensão considerando que o prazo de 10 anos teria se iniciado em
09/09/2005 (data da lavratura da escritura pública). Rui se defendeu alegando
que o termo inicial da prescrição foi 18/05/2009, quando ocorreu o registro do
ato jurídico que se pretende anular.
O STJ concordou com os argumentos de Sandra. Isso porque, no momento
da lavratura da escritura pública, Rui já teve ciência inequívoca do ato.
STJ. 3ª Turma. REsp 1933685-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
15/03/2022 (Info 729).

REVOGAÇÃO DA DOAÇÃO

Pode ocorrer em 2 casos:


A. NÃO CUMPRIMENTO DO ENCARGO
B. INGRATIDÃO
• Rol restritivo
• PODE OCORRER O PERDÃO – mas quem perdoa é o doador

O DIREITO DE REVOGAR É DO DOADOR:


Art. 560. O direito de revogar a doação não se transmite aos herdeiros do
doador, nem prejudica os do donatário. Mas aqueles podem prosseguir na ação
iniciada pelo doador, continuando-a contra os herdeiros do donatário, se este
falecer depois de ajuizada a lide.
- se já entrou com a demanda e o doador morre, os herdeiros podem dar
continuidade

Art. 561. No caso de homicídio doloso do doador, a ação caberá aos seus
herdeiros, exceto se aquele houver perdoado.
COMO PERDOAR SE MORREU? Ex: está no leito de more e perdoa → mas se
não for assim, os herdeiros podem entrar com a revogação, vão ter legitimiade

QUAL O PRAZO PARA REVOGAR? 1 ANO NO CASO DE INGRATIDÃO


Art. 559. A revogação por qualquer desses motivos deverá ser pleiteada dentro
de um ano, a contar de quando chegue ao conhecimento do doador o fato que
a autorizar, e de ter sido o donatário o seu autor.

Art. 562. A doação onerosa pode ser revogada por inexecução do encargo, se o
donatário incorrer em mora. Não havendo prazo para o cumprimento, o doador
poderá notificar judicialmente o donatário, assinando-lhe prazo razoável para
que cumpra a obrigação assumida.
* STJ fala que aqui o prazo é de 10 anos

SE O DOADOR MORRER ANTES DE CUMPRIR O ENCARGO, OS


HERDEIROS PODEM BUSCAR A EXECUÇÃO DESSE ENCARGO? STJ e
maioria da doutrina entendem que a ação é personalíssima → isso por conta
dos dispositivos anteriores, mas eles falam sobre a ingratidão. A doação
onerosa tem aspecto econômico e não moral e por isso alguns autores
entendem que o herdeiro terá legitimidade

PRAZO PARA REVOGAÇÃO DA DOAÇÃO


INGRATIDÃO DESCUMPRIMENTO DO ENCARGO
1 ANO 10 ANOS

2ª - Questão:
Carlos doa para José um automóvel. Todavia no contrato de doação, restou consignado que o
donatário deveria cumprir um certo encargo. O donatário não cumpre o encargo e, notificado para
tanto, se mantém inerte.
No curso do prazo prescricional para a revogação da doação, o doador falece. Ato contínuo, os
herdeiros propõem demanda para extinguir a doação em razão do inadimplemento quanto ao
cumprimento do encargo, até porque, com a extinção do contrato, o bem passa a integrar os bens do
espólio, beneficiando os herdeiros do doador.
Em contestação, José não nega o descumprimento do encargo. Todavia sustenta pela ilegitimidade
passiva dos autores em propor a demanda, tendo em vista ser a mesma personalíssima, à luz do que
dispõe o artigo 560 do Código Civil.
2ª - Questão:
Decida, fundamentadamente, a questão.
* o STJ defende que a ação de revogação, ainda que por inexecução de
encargo, é personalíssima e, com a morte do doador, estar-se-a extinto o
direito em questão. Mas eles justificam por conta do art. 560 → que fala da
revogação por ingratidão
* há corrente doutrinária que defende e aplica o art. 205 – prazo prescricional
de 10 anos

CONTRATO DE FIANÇA

CONCEITO
A fiança é um contrato de natureza acessória pela qual se estabelece um tipo
de GARANTIA PESSOAL em que alguém (fiador) se obriga a uma prestação
de terceiro, caso este falte a sua prestação, na forma do art. 818 e seguintes
O CONTRATO É ESTIPULADO ENTRE O CREDOR E O FIADOR, não passa
ao crivo do devedor. É o credor querendo ampliar suas garantias de
recebimento
- o devedor tem que cumprir com a sua obrigação (should – débito)
Art. 820. Pode-se estipular a fiança, ainda que sem consentimento do
devedor ou contra a sua vontade.
- o que se quer proteger é o recebimento desta prestação = encontrado o
fiador, o CREDOR PODE RECUSAR O FIADOR OFERTADO na forma prevista
em lei → precisa justificar

QUAIS SÃO AS HIPÓTESES DE VEDAÇÃO LEGAL DO FIADOR ARROLADO


PELO CREDOR?
Art. 825. Quando alguém houver de oferecer fiador, o credor não pode
ser obrigado a aceitá-lo se não for pessoa idônea, domiciliada no município
onde tenha de prestar a fiança, e não possua bens suficientes para cumprir a
obrigação.
- esse “alguém” é o devedor, porque se foi o próprio credor que escolheu, ele
que sofra as consequências da sua escolha
1. Quando não for pessoa idônea – é um aspecto subjetivo e precisa
ser demonstrado pelo credor
2. Quando o fiador reside em local distinto da execução do
contrato: fica mais caro a execução, então pode recusar
3. O fiador não tem patrimônio suficiente

ex: foi escolhido um fiador com patrimônio, mas é contrato de trato sucessivo
e nesse tempo o fiador perde todo o seu patrimônio, ficando insolvente →
AQUELA GARANTIA PERDE FORÇA E POR ISSO VAMOS INTIMAR O
DEVEDOR PARA REFORÇAR A GARANTIA, SOB PENA DE VENCIMENTO
ANTECIPADO

Art. 826. Se o fiador se tornar insolvente ou incapaz, poderá o credor exigir


que seja substituído.

SE NÃO SUBSTITUIR: aplica o art. 333, inciso III → penalidade do


vencimento antecipado da obrigação
* se foi o credor que escolheu não pode imputar essa penalidade de
vencimento ao devedor

na palavra alguém do art. 828 direcionar ao poderá do art. 826

CLASSIFICAÇÃO

CONTRATO UNILATERAL: os efeitos jurídicos são direcionados ao


fiador, que vai arcar com aquela responsabilidade
CONTRATO GRATUITO: em regra o fiador se coloca ali sem nenhuma
contraprestação, assume a responsabilidade a troco de nada → HAFTUNG
* mas nada impede que seja com uma contraprestação e será ONEROSA (ex:
fiança bancária → o banco garante, paga e depois se volta ao cliente, cobrando
um valor dele também)

CONTRATO INTUITU PERSONA: é direcionado ao FIADOR → ele que


responde com o seu patrimônio, ele que se colocou espontaneamente naquela
situação e é nele que o credor tem confiança de que vai arcar com a
prestação se o devedor não pagar

- FALECENDO O FIADOR, OS HERDEIROS FICAM RESPONSÁVEIS? Não, a


confiança está injetada no fiador e não nos herdeiros. O contrato é intuitu
persona
Art. 836. A obrigação do fiador passa aos herdeiros; mas a
responsabilidade da fiança se limita ao tempo decorrido até a morte do fiador,
e não pode ultrapassar as forças da herança.

O art. 836 tem uma redação confusa e precisamos interpretar. Temos 2


situações (772.179 STJ)
1. LOCATÁRIO NÃO PAGA O ALUGUEL. Com esse inadimplemento já
tem a responsabilidade do fiador, mas ele vem a morrer = quando morreu ele
já tinha a responsabilidade dos alugueres em aberto. Então os herdeiros vão
herdar essa dívida (quem herda, herda direitos e deveres), mas nunca com o
seu próprio patrimônio

2. LOCATÁRIO PAGA ALUGUEL E O FIADOR MORRE. Depois da


morte, o locatário começa a inadimplir → a dívida é posterior a morte. O
contrato de fiança já tinha sido extinto e não tem responsabilidade
CONTRATO ACESSÓRIO: a fiança não tem existência autônoma,
precisamos de um contrato principal (ex: contrato de locação)

PRINCÍPIO DA GRAVITAÇÃO JURÍDICA: o acessório segue a sorte do


principal (nulo o principal, nulo o acessório)

EXCEÇÃO – art. 824:

Art. 824. As obrigações nulas não são suscetíveis de fiança, exceto se a


nulidade resultar apenas de incapacidade pessoal do devedor.

* CAPACIDADE PODE SER NULIDADE ABSOLUTA OU RELATIVA


ex: fiador sabe que está afiançando um incapaz = contrato nulo em tese não
produz efeitos, mas o fiador sabe disso e assinou um contrato que não produz
efeitos. É COMO SE O FIADOR FOSSE O DEVEDOR PRINCIPAL (não tem
como ele voltar atrás contra o incapaz)

EXCEÇÃO DA EXCEÇÃO – art. 824, PU:

Parágrafo único. A exceção estabelecida neste artigo não abrange o caso


de mútuo feito a menor.
→ aqui é exceção a regra: nulidade absoluta nunca produziu efeitos, mas aqui
é uma exceção para evitar que ocorra o enriquecimento sem causa
ex: os pais foram viajar e deixou dinheiro com o filho. O direito acaba e ele
precisa comprar comida. Pede dinheiro ao vizinho e ele dá 500 reais. Quando
os pais voltam, ele cobra dos pais. Pais dizem que não vão pagar → a exceção
vai evitar isso, evita o enriquecimento sem causa

* fazer remissão no PU art. 824 ao art. 589 – mútuo

Há uma outra classificação dentro do viés acessório do contrato:

FIANÇA ILIMITADA: abrange todas as rubricas do contrato, afinal,


nada foi restringido (ex: na locação não é só o aluguel, tem o condomínio,
encargo etc)
- é a regra, se for restringir, precisa deixar expresso

FIANÇA LIMITADA: determina o que vai abranger e proteger (ex:


locação e cota condominial)

Obs.: na LEI DE LOCAÇÕES a fiança vai ser prorrogada junto com a


prorrogação do contrato de locação (art. 39 fala isso) → a não ser se eles
deixaram escrito no contrato que vai afiançar por x tempo
- SE NÃO FALAR NADA = ATÉ A ENTREGA DAS CHAVES
Art. 39. Salvo disposição contratual em contrário, qualquer das garantias da
locação se estende até a efetiva devolução do imóvel, ainda que
prorrogada a locação por prazo indeterminado, por força desta Lei

O fiador pode ter um tempo (ex: vai ser fiador por 2 anos) ou pode não ter
prazo → QUANDO TIVER FIANÇA SEM PRAZO É POSSÍVEL QUE O FIADOR SE
LIBERE DE SER FIADOR A QUALQUER TEMPO ENVIANDO UMA NOTIFICAÇÃO E
FICA RESPONSÁVEL PELOS PRÓXIMOS 60 DIAS E DEPOIS FICA LIVRE.

Obs.: NÃO É A MESMA COISA NA LEI DE LOCAÇÕES – 120 dias

Art. 835. O fiador poderá exonerar-se da fiança que tiver assinado sem
limitação de tempo, sempre que lhe convier, ficando obrigado por todos os
efeitos da fiança, durante sessenta dias após a notificação do credor.

Fiador fica obrigado após a notificação


CC – 60 dias LEI DE LOCAÇÕES (art. 40, inciso 10):
120 dias

CONTRATO ESCRITO: é contrato gratuito e precisa ser


interpretado de forma restritiva (isso foge um pouco da regra do acessório e
principal → o contrato principal (ex: locação) pode ter sido verbal, mas o de
fiança precisa ser escrito)

Art. 819. A fiança dar-se-á por escrito, e não admite interpretação


extensiva.

SÚMULA 214 DO STJ: sendo a fiança contrato que não admite


interpretação extensiva, o fiador não pode ser responsabilizado por obrigações
resultantes de pacto adicional ajustado entre locador e locatário sem a sua
anuência.

Súmula 656-STJ: É válida a cláusula de prorrogação automática de fiança na


renovação do contrato principal. A exoneração do fiador depende da
notificação prevista no art. 835 do Código Civil.

ESPÉCIES DE FIANÇA

1. FIANÇA CONVENCIONAL
É aquela oriunda da manifestação de vontade: o fiador se coloca como fiador
de outrem

- SUBFIANÇA: nada impede que seja pactuada uma subfiança, ou seja, vai vir
um outro fiador EM POSIÇÃO SUBSIDIÁRIA → É O ABONADOR e isso é
diferente de fiança conjunta
COMO FUNCIONA? O abonador afiança a fiança do fiador. O objeto da
subfiança é a fiança 1
ex: eu credor executei o fiador e ele não pagou, posso ir subsidiariamente no
subfiador buscar o pagamento → quando ele paga, se sub-roga nos direitos do
credor e pode cobrar o devedor (mas não tem relação entre ele e o fiador)
* é como se fosse um benefício de ordem
* isso caiu um pouco em desuso, mas não é proibido – se é difícil arrumar 1,
imagina 2
* o credor pode ir direto no outro fiador
- RETROFIANÇA: é o fiador conseguindo uma fiança para ele → ele sabe que
o devedor pode não o pagar e assim, arruma um fiador para ele
ex: tem o credor, devedor e o fiador e o fiador, sem que o credor ou devedor
saibam disso (mas se souber não tem problema), procura um fiador para ele
→ NÃO TEM RELAÇÃO ENTRE O CREDOR, DEVEDOR E O FIADOR DO FIADOR.
O devedor não paga, o fiador é executado e paga. Mas na hora de ir cobrar do
devedor, sabendo que não vai receber, procura o seu fiador → fiador 2

SUBFIANÇA RETRO FIANÇA


Afiança a fiança do fiador Afiança a dívida do devedor com
fiador
É o ABONADOR. O fiador² afiança a O próprio fiador consegue uma fiança
obrigação do fiador para garantir que vai receber do
- é bom para o credor devedor
- não tem relação entre os fiadores - é bom para o fiador
- não tem relação entre credor,
devedor e fiador²
ex: fiador¹ não pagou, credor pode ir Ex: quando o fiador for cobrar do
no fiador² e ele vai se sub-rogar nos devedor, pode cobrar do fiador² direto
direitos do credor

2. FIANÇA JUDICIAL

É praticada pelo magistrado dentro de um processo → pode agir de ofício ou a


requerimento das partes: quando exige uma garantia não para uma obrigação,
mas para uma decisão judicial
- aqui o próprio devedor faz a fiança (ex: caução – art. 559)
ex: 520, IV e art. 559 do CPC

* é legal, mas recebe o nome de judicial porque é feita no processo

É bom sempre lembrar do conceito de fiança: é uma relação jurídica contratual


em que é feita uma garantia pessoal. O fiador garante com seu patrimônio o
pagamento de uma dívida feita por um terceiro

3. FIANÇA LEGAL
É a fiança por lei – a lei me garante aquela fiança. Não preciso estar em um
processo, basta preencher os requisitos da lei para ter essa fiança legal.

- Art. 1400 a 1745 do CC

Art. 1.400. O usufrutuário, antes de assumir o usufruto, inventariará, à sua


custa, os bens que receber, determinando o estado em que se acham, e dará
caução, fidejussória ou real, se lha exigir o dono, de velar-lhes pela
conservação, e entregá-los findo o usufruto.
Parágrafo único. Não é obrigado à caução o doador que se reservar o usufruto
da coisa doada.
→ outro exemplo de fiança legal é a garantia que o herdeiro não
necessário precisa dar para ter acesso aos bens do ausente na
sucessão provisória

EFEITOS DA FIANÇA

1. BENEFÍCIO DE ORDEM: quem assumiu a responsabilidade primária


daquele contrato foi o devedor, então ele deve ser chamado em primeiro plano
a responder. O fiador, via de regra, está numa posição subsidiária → só cobro
dele quando não conseguir com o devedor
* na prática o credor já entra contra o fiador, já vai direto no fiador. E cabe ao
fiador, na contestação, ALEGAR O BENEFÍCIO DE ORDEM, sinalizando ao juiz
que primeiro tem que ir no devedor
COMO ALEGAR O BENEFÍCIO DE ORDEM? Não basta alegar, precisa
comprovar que o devedor tem como pagar aquela dívida (ex: mostrar que ele
tem bens que supram) e, por isso, manter o fiador no polo passivo é
desnecessário
- se não fizer assim, cai por terra o benefício de ordem

Art. 827. O fiador demandado pelo pagamento da dívida tem direito a exigir,
ATÉ A CONTESTAÇÃO DA LIDE, que sejam primeiro executados os bens do
devedor.
Parágrafo único. O fiador que alegar o benefício de ordem, a que se refere este
artigo, deve nomear bens do devedor, sitos no mesmo município, livres
e desembargados, quantos bastem para solver o débito.

QUANDO O DEVEDOR PODE SER ATACADO DIRETAMENTE? O art. 828


fala as hipóteses

Art. 828. Não aproveita este benefício ao fiador:


I - SE ELE O RENUNCIOU EXPRESSAMENTE;
- é cláusula restritiva de direitos e, portanto, deve ser discutida entre as
partes. SE NÃO FOR DEBATIDA + CONTRATO DE ADESÃO a cláusula pode ser
até tida como nula
II - SE SE OBRIGOU COMO PRINCIPAL PAGADOR, OU DEVEDOR
SOLIDÁRIO;
- ex: quando sabe que está afiançado o incapaz → ele fica como sendo o
devedor, parte do contrato no lugar do incapaz
- DEVEDOR SOLIDÁRIO: a redação está errada, fiador NUNCA é devedor. Ele
pode ser solidário ao devedor, mas nunca devedor. Ele continua como
garantista (a redação está ruim)
* fazer remissão do devedor solidário do art. 828 ao 285, que também tem
uma redação ruim.
O QUE DIZ O ART. 285? diante de uma solidariedade entre 3 devedores e
com 1 deles tendo fiador que abriu mão do benefício de ordem, o credor pode
atacar ele direto → se formos pelo art. 285, ele paga tudo e depois cobra de
todo mundo. MAS DEVEMOS INTERPRETAR QUE: a dívida interessa ao devedor
e ELE responde por toda perante a quem pagar → quem pagou foi o fiador. O
devedor afiançado paga tudo dele e depois cobra dos outros
Art. 285. Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores,
responderá este por toda ela para com aquele que pagar.

III - SE O DEVEDOR FOR INSOLVENTE, OU FALIDO.


- se é insolvente ou falido, não tem como arrolar bens

a 4ª hipótese é a do pagador principal

1ª - Questão:
Em um determinado contrato de fiança o fiador abdicou do benefício de ordem,
pois se colocou como solidário no cumprimento da prestação. Quando da data
convencionada para efetuar o pagamento, o credor exigiu do fiador o objeto da
prestação e este, em razão do que dispõe o artigo 828 do CC, cumpriu com o
obrigado. Ato contínuo, na forma do artigo 347, III (por entender ser terceiro
interessado) e do artigo 831 do Código Civil, cobra a dívida inteira do devedor
originário, que se recusa a pagá-la integralmente, pois sustenta que o fiador -
ao assumir a condição de devedor solidário - passa a integrar o polo passivo da
obrigação e, a partir de então, somente poderia exigir a cota-parte do valor
integramente pago, na forma do artigo 283 do CC.
A quem assiste razão, responda fundamentadamente a questão.
Ele não é solidário na dívida → se renunciou o benefício de ordem é solidário
ao devedor. Ele não é interessado na dívida, só garantiu → se subroga nos
direitos do credor e tem direito ao total inteiro
2. BENEFÍCIO DE DIVISÃO
- é trabalhado na fiança conjunta

QUAL A REGRA? Havendo mais de um fiador garantindo aquele débito, a lei


os coloca como solidários, SALVO SE ELES COLOCAREM NO CONTRATO O
BENEFÍCIO DE DIVISÃO EM QUE CADA UM RESPONDE PELA SUA PARTE

Art. 829. A fiança conjuntamente prestada a um só débito por mais de uma


pessoa importa o compromisso de solidariedade entre elas, se
declaradamente não se reservarem o benefício de divisão.
Parágrafo único. Estipulado este benefício, cada fiador responde unicamente
pela parte que, em proporção, lhe couber no pagamento.
ex: devedor de 120 mil tem 4 fiadores e, pela lei, tem solidariedade. Devedor
vai direto no F1, que vai tentar alegar o benefício de ordem. Se não conseguir,
vai pagar a dívida inteira (é solidário) e agora cobra 30 de cada fiador e 30 do
devedor (ele não responde por 30 porque é só garantidor)
* isso ameniza a responsabilidade do fiador → tem mais chance dele receber
do que cobrar direto do devedor

ISSO NÃO É SUBFIANÇA → aqui também eles podem não se conhecer, o que
vai determinar é o instrumento jurídico falando da fiança conjunta, que é o
benefício da solidariedade

BENEFÍCIO DE DIVISÃO SUBFIANÇA


Solidariedade entre os fiadores Abonador → é a fiança do fiador

ESSES 4 FIADORES PRECISAM ESTAR ARROLADOS NO MESMO INSTRUMENTO


JURÍDICO OU PODEM SER INSTRUMENTOS ESPARSOS?

CORRENTE MAJORITÁRIA: precisa do instrumento único para criar o


liame entre eles (crítica: mas a solidariedade não se presume, decorre da lei
ou da vontade das partes e aqui a lei impõe, não precisa do mesmo
instrumento. Basta eu levar a cláusula de fiança conjunta para eles).

OUTRA REGRA QUE TRAZEMOS DA SOLIDARIEDADE PRA CÁ: combinar o


art. 829 com o art. 831

Art. 829. A fiança conjuntamente prestada a um só débito por mais de uma


pessoa importa o compromisso de solidariedade entre elas, se declaradamente
não se reservarem o benefício de divisão.
Parágrafo único. Estipulado este benefício, cada fiador responde unicamente
pela parte que, em proporção, lhe couber no pagamento.
Art. 831. O fiador que pagar integralmente a dívida fica sub-rogado nos
direitos do credor; mas só poderá demandar a cada um dos outros fiadores
pela respectiva quota.
Parágrafo único. A parte do fiador insolvente distribuir-se-á pelos outros.
ex: imagine que o F4 está insolvente e o F1 foi atacado em 120 mil → ele pode
cobrar 40 mil de F2 e 40 do F3 (a cota do insolvente é partilhada entre os
demais – entre F1,F2 e F3)

ONDE ENTRA O BENEFÍCIO DE DIVISÃO? É justamente na hora de


AFASTAR A SOLIDARIEDADE
ex: tem 4 fiadores solidários em 120, mas podem fazer o benefício de divisão.
Quando o credor for cobrar 120 do F1, ele alega o benefício de ordem, se não
der certo, vai no benefício de divisão = afastamos a solidariedade e você só
pode me cobrar 30 mil

E SE O FIADOR, QUANDO EXECUTADO, NÃO ALEGAR O BENEFÍCIO DE


DIVISÃO? Ele pode ir no devedor cobrar tudo (mas não vai fazer isso porque
não adianta nada) e pode ir nos outros fiadores, que vão alegar que não têm
que pagar nada porque não tem solidariedade e em regra é isso que
aconteceria. Mas a fiança é gratuita e o fiador que se “mete” → então se o
fiador que pagou sem alegar a divisão for cobrar a cota parte dos outros
fiadores isso não vai aumentar a responsabilidade dos outros. Depois disso,
cada um que cobre dos outros

Art. 829. A fiança conjuntamente prestada a um só débito por mais de uma


pessoa importa o compromisso de solidariedade entre elas, se declaradamente
não se reservarem o benefício de divisão.
Parágrafo único. Estipulado este benefício, cada fiador responde unicamente
pela parte que, em proporção, lhe couber no pagamento.
O art. 831 não faz distinção do devedor que paga integralmente sendo
solidário ou não → só fala que ele se sub-roga nos direitos do credor. QUAIS
SÃO OS DIREITOS DO CREDOR? Cobrar de cada fiador.

POR QUE O BENEFÍCIO DE DIVISÃO ENTÃO se pode cobrar dos outros


depois? Porque é um direito frente ao credor → quando o credor vier cobrar,
pode tentar alegar o benefício de divisão. No plano interno tem essa “partilha”

OBS. FIANÇA PONTUAL (dentro de fiança conjunta). Aqui há maior restrição


do instituto. Eu tenho mais de 1 fiador, mas cada 1 deles é responsável por
cada verba (ex: F1 paga aluguel; F2 paga o IPTU; F3 paga o condomínio etc).
QUANDO DEMANDADO, O FIADOR PONTUAL VAI ALEGAR A VERBA
PELA QUAL ELE É RESPONSÁVEL

3. SUB-ROGAÇÃO:
O fiador se sub-roga nos direitos e ações do credor, MAS SÓ TEM SUB-
ROGAÇÃO SE O FIADOR PAGAR TUDO (ex: se era 100 e ele pagou 70, o
credor ainda não está satisfeito)

SE ELE NÃO PAGA TUDO E NÃO TEM DIREITOS E AÇÕES DO CREDOR,


COMO ELE FICA? Ele pode cobrar do devedor em ação de cobrança para
evitar o enriquecimento sem causa, mas não sub-roga nos direitos e ações

Art. 349. A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações,


privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor
principal e os fiadores.

4. POSSIBILIDADE DE O FIADOR COBRAR O VALOR PAGO +


EVENTUAIS PREJUÍZOS SUPORTADOS

Na sub-rogação o fiador vai cobrar o que ele arcou junto ao credor (ex: juros
da mora, cláusula penal), mas também os prejuízos que experimentou em
razão do contrato de fiança
ex: fiador também não pagou e seu bem de família foi a leilão para pagar a
dívida. Precisou morar de aluguel e quem deu azo a isso foi o devedor → pode
cobrar esses prejuízos do credor

JUROS DO DESEMBOLSO. Temos o juros da mora que é quando o devedor está


demorando para pagar. O interregno de tempo entre o pagamento do devedor
feito ao fiador
é o juros da mora, mas agora com outro nome porque é entre o tempo do
pagamento do devedor ao fiador

EXTINÇÃO DA FIANÇA
Art. 837. O fiador pode opor ao credor as exceções que lhe forem
pessoais, e as extintivas da obrigação que competem ao devedor
principal, se não provierem simplesmente de incapacidade pessoal, salvo o
caso do mútuo feito a pessoa menor.
Ex: o fiador tem um crédito perante o credor → pode opor a compensação;
ex²: prescrição, eventual pagamento – 2 parte do artigo

Obs.: o devedor tem uma compensação perante o credor, mas não faz. O
FIADOR PODE ALEGAR ESSA COMPENSAÇÃO? Em regra não porque é exceção
pessoal, mas pode fazer isso no benefício de ordem = vou mostrar ao juiz que
ele tem como pagar, tem um crédito a ser compensado

FIANÇA PELO CÔNJUGE:


Exceto no regime de separação absoluta de bens, a fiança prestada
sem outorga conjugal conduz à nulidade do contrato mesmo que o
indivíduo tenha prestado a fiança na condição de empresário
É necessária a exigência geral de outorga do cônjuge para prestar fiança,
sendo indiferente o fato de o fiador prestá-la na condição de comerciante ou
empresário, considerando a necessidade de proteção da segurança econômica
familiar.
STJ. 4ª Turma. REsp 1525638-SP, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado
em 14/06/2022 (Info 742).
* O art. 1642, I, que é o que permite que o cônjuge, SEM AUTORIZAÇÃO DO
OUTRO, pratique todos os atos de disposição e administração para o
desempenho de sua profissão NÃO PODE SER LIDO SOZINHO → pode praticar,
mas se isso implicar em alienar ou gravar de ônus reais bens imóveis, vai
precisar da outorga

Art. 1.650. A decretação de invalidade dos atos praticados sem outorga, sem consentimento, ou sem
suprimento do juiz, só poderá ser demandada pelo cônjuge a quem cabia concedê-la, ou por seus
herdeiros.

Súmula 332 do STJ. A fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges


implica a ineficácia total da garantia.
- essa súmula é mitigada
A ideia foi proteger ao cônjuge que não deu outorga a fiança e estava de boa-
fé, mas isso pode trazer prejuízo ao terceiro, ao credor que estava achando
que tinha uma garantia → STJ pensou em equilibrar a boa-fé dos sujeitos:
então a ideia em mitigar isso é, se houve má-fé de um dos conjuges (Ex: fala
que é solteiro), o credor de boa-fé aceita e o outro cônjuge de boa-fé vem
querendo anular

STJ PENSA: vamos mitigar a súmula e proteger ambos que estavam de boa-fé
→ vai poder atacar o bem, mas 50% da meação (que é do cônjuge que estava
de boa-fé é protegido e o outro
e do que estava de má-fé fica com o credor → antes ficava tudo com o credor,
agora conseguimos proteger o conjuge que eatava de boafé

Jurisprudência em Teses do STJ (ed. 101)

Tese 7: A fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia total
da garantia (Súmula n. 332/STJ), salvo se o fiador emitir declaração falsa, ocultando seu
estado civil de casado.

poder publico entrando onde não deve


interpretação de cláusulas contratuais
2ª - Questão:
Pablo Pinho ingressa com embargos de terceiro em face de João Jonas, em que
visa a desconstituir fiança prestada por sua esposa Joana Pereira, em contrato
de locação firmado entre o embargado locador e Claudio Santos, locatário.
Aduz que o bem imóvel, penhorado pelo juízo da execução para quitar os
aluguéis em atraso do mencionado contrato de locação foi adquirido pelo
esforço comum do casal na constância do matrimônio, que se submete ao
regime da comunhão parcial de bens. Sustenta o embargante, com fulcro no
artigo 1.647 do CC, a nulidade integral da fiança, pois além de meeiro do
imóvel, não deu consentimento para que tal contrato de fiança fosse firmado
por sua esposa.
Em defesa, afirma o embargado que a esposa do embargante, por meio de
cédula de identidade antiga, qualificou-se como solteira, fazendo constar do
instrumento de fiança tal condição. Aduz que, diante da situação criada,
confiou nos documentos e informações prestadas pela Sra. Joana Pereira.
Dessa forma, entende que, diante dos princípios da boa-fé objetiva, a alegada
irregularidade que partiu da própria fiadora não deve nulificar o contrato de
fiança que protegia o extinto contrato de locação.
Decida, fundamentadamente, a questão.

CONTRATO DE EMPRÉSTIMO

MÚTUO COMODATO
Coisas FUNGÍVEIS Coisas INFUNGÍVEIS
Finalidade: é o consumo da coisa Finalidade: uso – recebe a coisa
emprestada – o mutuário recebe a emprestada para usufruir e não para
coisa emprestada para consumir consumir

COMODATO LOCAÇÃO
É um contrato em regra gratuito → Há uma contraprestação (aluguel)
não há contraprestação pelo uso da pelo uso da coisa
coisa

São contratos que se aperfeiçoam pela entrega da coisa → CONTRATOS


REAIS: o contrato se aperfeiçoa com a tradição da coisa.

CONTRATOS REAIS CONTRATOS CONSENSUAIS


Aperfeiçoa com a tradição A mera declaração de vontade
aperfeiçoa

ANTES DA TRADIÇÃO O CONTRATO EXISTE? Não. O que pode se ter antes


da tradição é a promessa de contratar, mas o contrato só passa efetivamente
a existir com a tradição
MÚTUO FENERATÍCIO: é uma subespécie de contrato de mútuo e aqui há
divergência quanto a sua classificação como sendo contrato oneroso ou não
(art. 591 do CC)

COMODATO: CONCEITO, CLASSIFICAÇÃO E EFEITOS.

Art. 579. O comodato é EMPRÉSTIMO GRATUITO de coisas não fungíveis.


Perfaz-se com a tradição do objeto
* coisas INFUNGÍVEIS → insubstituível

PODEMOS TER COMODATO ONEROSO? Sim – é o COMODADO MODAL:


aparentemente ele é gratuito porque não paga aluguel, mas tem algum ônus,
sacrifício correlato a isso. Tem uma onerosidade indireta
- QUAL A CONSEQUÊNCIA DISSO? Podemos reclamar vício redibitório
- ex: assinatura de TV – aparelho de TV. parece se gratuito, mas é modal
porque tem uma onerosidade correlata. Temos aqui um conjunto contratual
com a prestação de serviço. CONTRATO COLIGADO
* aplica o CDC porque há onerosidade indireta

ex: empresto um apartamento e combino com o comandatário que além das


despesas necessárias, o empréstimo está condicionado a ele realizar uma
reforma no imóvel → o empréstimo deixou de ser gratuito, eu passo a receber
algo em troca e essas benfeitorias não vão precisar nem ser indenizada porque
está no contrato

Obs.: não há transferência da propriedade, apenas TRANSFERÊNCIA DA


POSSE e, como o comodatário pode ser compelido a restituir a qualquer
tempo, é POSSE PRECÁRIA
- por ser precária (instável) e sem animus domini (intenção de atuar como
dono), pode durar por tempo indeterminado e NÃO SE FALA EM
PRESCRIÇÃO AQUISITIVA

MAS CUIDADO: se o comodante pediu de volta e o comodatário nega, começa


o prazo prescricional a favor do comodatário → ele confrontou o proprietário e
está atuando como proprietário

CLASSIFICAÇÃO
1. CONTRATO REAL (art. 579, parte final)
O legislador, quando fala que perfaz com a tradição do objeto, diz que é real

ex: eu prometo que se a pessoa vier cursar direito no Rio eu empresto o meu
apartamento durante a faculdade. A pessoa vem e eu falo que não vou
emprestar mais e agora quero alugar. HÁ ALGUMA RESPONSABILIDADE NESSE
CASO? HAVERIA DE SE FALAR EM CONTRATO PRELIMINAR, PROMESSA
DE CONTRATO?
PROMESSA DE CONTRATO GRATUITO TEM FORÇA PARA VINCULAÇÃO
FORÇADA? SERIA QUEBRA DE TRATATIVA? Aqui a divergência cinge em
saber se nos contratos preliminares quando gratuitos ensejaram forca
vinculante para uma obrigação forçada:

1ª CORRENTE Não tem responsabilidade, é uma liberalidade e não


gera responsabilidade → é contrato gratuito

A promessa de fato não é vinculante, mas precisamos


2ª CORRENTE observar o art. 422 e a boa-fé ainda na fase pré-
contratual → frustração da expectativa e confiança
- INDENIZA O INTERESSE NEGATIVO: voltar ao
status quo, status anterior às tratativas
- ex: se eu me mudo p/ o Rio, há quebra e precisa me
indenizar
3ª CORRENTE Desde o art. 462, os contratos não exigem forma
especial e, por isso, a promessa já seria um contrato e
gera responsabilidade contratual
- INDENIZA O INTERESSE POSITIVO
- ex: entrega das chaves

O QUE É INTERESSE POSITIVO E INTERESSE NEGATIVO?


• POSITIVO: há força coercitiva, obrigação é vinculativa e prospecta
efeitos para o futuro = o credor quer ser levado ao resultado que a
execução do contrato o levaria
◦ NATUREZA JURÍDICA: responsabilidade contratual
• NEGATIVA: o interesse é voltar ao status anterior, como se a
promessa não tivesse existido
◦ NATUREZA JURÍDICA: responsabilidade pré-contratual

RESPONSABILIDADE PRÉ- RESPONSABILIDADE


CONTRATUAL CONTRATUAL
O QUE SE INDENIZA?
Só indenizáveis interesses Só indenizáveis interesses
negativos – volta ao status positivos – quer o futuro se
anterior da negociação o contrato tivesse sido
cumprido

QUAL CORRENTE HOJE PREDOMINA? Estamos entre a 2ª e a 3ª.

2. CONTRATO UNILATERAL: depois que o contrato nasce com a tradição da


coisa, só o comandatário está obrigado

Obs.: a entrega da coisa não é prestação, é a formalização do contrato. Ele se


aperfeiçoa com a tradição
DEPOIS QUE O CONTRATO NASCE, QUEM ESTÁ OBRIGADO? O
comandatário, que tem que conservar a coisa

3. CONTRATO GRATUITO: vimos que excepcionalmente pode ser oneroso

4. INTUITO PERSONAE: em regra é personalíssimo → sem o consentimento


expresso do comandante, o comodatário não pode ceder a sua posição
contratual (mas isso não é elemento essencial, eles podem dispor diferente)
- ex: contrato com proposta de moradia do comodatário e ele mora lá com a
esposa. Comodatário morre. Contrato encerra e o comodante pode pedir a
coisa? Via de regra sim, mas como o objeto do contrato era a residência da
família, prolonga. A causa permanece possível nesse caso

ELEMENTOS DO CONTRATO DE COMODATO

SUBJETIVO OBJETIVO FINALIDADE


Partes - observando a Coisas móveis ou imóveis A finalidade aqui é usar o
restrição de ordem não fungíveis: depois eu bem, não é consumir e
subjetiva (art. 580) preciso restituir AQUELA esgotar
COISA * por isso não pode
alienar

Existe uma RESTRIÇÃO DE ORDEM SUBJETIVA – art. 580:

Art. 580. Os tutores, curadores e em geral todos os administradores de


bens alheios não poderão dar em comodato, sem autorização especial, os
bens confiados à sua guarda.
- não posso fazer caridade com o chapéu alheio
- precisa de uma autorização judicial em caráter especial
- as vezes isso pode vir a ser necessário (ex: inventariante em relação ao bem
do espólio e não consegue locar, o que traria renda e precisa conservar →
pede autorização judicial, justifica e pede autorização)
- E SE FIZER SEM AUTORIZAÇÃO? Vai ter que pagar pelo aluguel não recebido

E SE A COISA PERECER ENQUANTO ESTÁ COM O COMANDATÁRIO? Em


regra a coisa perece para o dono e o comandatário só vai ser responsabilizado
se atuou com dolo ou culpa. Caso contrário, o contrato estará extinto
Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do
devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação
se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda.
- ex: nextel fazia contrato de comodato de que o comandatário assumia os
riscos integrais pelo destino da coisa → cláusula expressa de responsabilidade
por caso fortuito ou força maior (art. 393 permite dispor isso). O problema
aqui é que era uma relação de consumo e aquilo era risco da atividade, a
onerosidade já era suportada pelo consumidor quando pagava a mensalidade.
Defendiam e discutiam que era cláusula abusiva
- cuidado: se não for contrato de consumo pode colocar uma CLÁUSULA
EXPRESSA DE RESPONSABILIDADE em caso fortuito ou força maior
Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito
ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado.

DIREITOS DO COMODATÁRIO

A) USO E GOZO DA COISA EMPRESTADA, OBSERVADA A DESTINAÇÃO


ESPECÍFICA OU NATURAL
Precisa observar a destinação específica ou natural, sob pena de
inadimplemento contratual
ex: não posso receber um imóvel residencial e o transformar em comércio →
inadimplemento contratual)

B) RESSARCIMENTO DAS DESPESAS EXTRAORDINÁRIAS, URGENTES E


NECESSÁRIAS, QUE EXCEDAM O VALOR DE SUA CONSERVAÇÃO NORMAL,
DEVENDO OBTER AUTORIZAÇÃO PRÉVIA SEMPRE QUE POSSÍVEL
É como se fosse a cota extra do condomínio → o rol da lei 8245 (lei de
locação) explica bem isso quando elenca os deveres do locatário
- COMODATÁRIO TEM DIREITO A INDENIZAÇÃO AS BENFEITORIAS? Só
àquelas extraordinárias, que não são de conservação normal (ex: pintura
anual; cota condominial básica que paga funcionário → ele paga)
Se for urgente e o comandatário precisar pagar, depois vai ser ressarcido.
Caso contrário, precisa da autorização antes (também vai ser ressarcido)
ex: vendaval leva o telhado → não é despesa extraordinário, a coisa perece
para o dono

C) DIREITO DE RETENÇÃO NA HIPÓTESE ACIMA


- significa que ele tem uma posse justa e, por isso, ele pode reter. Esse direito
funciona como sendo uma autotutela: ele trava o objeto até receber a
indenização
- é uma forma de EXCEÇÃO DE CONTRATO NÃO CUMPRIDO (ART. 476):
não vou te devolver porque você não cumpriu a sua parte, que era me
indenizar
Obs.: exceção de contrato não cumprido é para contrato bilateral e o
comandato em regra é unilateral. MAS COMO APLICO AQUI SE O ART. 476
FALA EM CONTRATO BILATERAL? Porque quando surge esse direito de
ressarcimento, ele passa a ser CONTRATO BILATERAL IMPERFEITO
Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de
cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.

DEVERES DO COMODATÁRIO

A. CONSERVAR A COISA COMO SE FOSSE SUA

COMO SE FOSSE SUA: o padrão aqui não é do homem médio, é da pessoa


específica → espera-se que ela se comporta do jeito que se comporta com suas
coisas (ex: se ela é zelosa, espera-se que ela seja também; se for mediana,
não posso esperar algo superior)
B. USAR A COISA DE FORMA ADEQUADA (art. 582)

C. RESTITUIR A COISA
É o dever mais importante do comodatário: devolver a coisa. ELE SÓ SE
DESOBRIGA RESTITUINDO A COISA CERTA.
Art. 582. O comodatário é obrigado a conservar, como se sua própria
fora, a coisa emprestada, não podendo usá-la senão de acordo com o contrato
ou a natureza dela, sob pena de responder por perdas e danos. O comodatário
constituído em mora, além de por ela responder, pagará, até restituí-la, o
aluguel da coisa que for arbitrado pelo comodante.
- só se desobriga devolvendo a coisa
- COMODATÁRIO CONSTITUÍDO EM MORA RESPONDE PELA MORA
- se o comandatário não devolveu, passa a estar em mora e a responsabilidade
passa a ser objetiva (ex: veículo roubado – ele responde). Entra o art. 399

Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade


da prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso
fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o
atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano
sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente
desempenhada.

- comodatário passa a ter que pagar aluguel pelo tempo de atraso. MAS ESSE
ALUGUEL NÃO É AQUELE CONTRAPRESTAÇÃO: é ALUGUEL SANÇÃO, tem
natureza compensatória e punitiva

QUAL A DIFERENÇA ENTRE SER CONTRAPRESTAÇÃO OU SANÇÃO? O


valor. Se for contraprestação precisamos arbitrar pela média do mercado e a
sanção pode ser maior (o valor acima da média funciona como caráter punitivo
ao devedor)
- a doutrina admite que seja maior, mas não há um limite objetivo. Precisamos
observar a mesma lógica do art. 413, que é a da cláusula penal → se for
excessivamente onerosa, o juiz pode diminuir
Art. 413. A penalidade deve ser reduzida eqüitativamente pelo juiz se a
obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da
penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em vista a natureza e
a finalidade do negócio.
- temos que tomar cuidado porque ele não vai ser excessivamente oneroso só
por ser acima da média do mercado. É sanção e isso é ok (ex: seria excessivo
se fosse 200% acima, por exemplo)

PODE TER JUROS? Sim, perfeitamente possível. Ele está em mora. O que vai
precisar ser visto aqui é se já foi ou não fixado (faz diferença porque se já, vai
desde o termo; se não, vai da citação – art. 405)
Art. 405. Contam-se os juros de mora desde a citação inicial.

ALOCAÇÃO DOS RISCOS


O risco da coisa corre para o comodante (dono), somente respondendo o
comodatário pela perda ou deterioração culposa ou, nos moldes do art. 583, se
preferir salvar as suas coisas àquelas objeto do comodato
Art. 583. Se, correndo risco o objeto do comodato juntamente com outros do
comodatário, antepuser este a salvação dos seus abandonando o do
comodante, responderá pelo dano ocorrido, AINDA QUE SE POSSA
ATRIBUIR A CASO FORTUITO, OU FORÇA MAIOR.
ex: incêndio e nele tenho a possibilidade de salvar livros, tanto os meus
quanto os que estão a mim emprestados. Espera-se que primeiro eu salve os
que estão emprestados. E SE EU NÃO FIZER ISSO? Vou indenizar. MESMO SEM
TER CULPA? Sim, eu optei por salvar os meus e isso não era esperado
Isso é muito difícil de acontecer → fica difícil provar que havia possibilidade de
salvar o bem emprestado no lugar do meu e na hora salvei o meu.

DIREITOS DO COMODANTE
A. EXIGIR A RESTITUIÇÃO DA COISA
B. EXIGIR QUE O COMODATÁRIO ARQUE COM AS DESPESAS ORDINÁRIAS
COM A CONSERVAÇÃO, USO E GOZO DA COISA (art. 584)
C. EXIGIR ALUGUEL, NO CASO DE MORA DO COMODATÁRIO NA OBRIGAÇÃO
DE RESTITUIR
D. EXIGIR PERDAS E DANOS EM CASO DE INADIMPLEMENTO
*pode ter uma cláusula penal compensatória dizendo que no caso de
não conservação, etc será um valor X → nesse caso a mora terá liquidez
consegue ter juros desde o vencimento

DEVERES DO COMODANTE
A. REEMBOLSAR DESPESAS EXTRAORDINÁRIAS E URGENTES: isso é
excepcional, essas despesas podem vir a não ocorrer
B. INDENIZAR PELOS PREJUÍZOS DECORRENTES DOS VÍCIOS
DOLOSAMENTE OCULTADOS

EXTINÇÃO DO COMODATO – 6 causas:


• PELO ADVENTO DO TERMO
◦ Comodato é contrato temporário e quase sempre de PRAZO
DETERMINADO e caso o contrato não fale o prazo, presume-se ser o
necessário (ex: te empresto o meu ape de JF para você fazer
tratamento médico → acabou o tratamento, devolve)
▪ isso decorre da boa-fé objetiva
◦ contrato verbal de comodato – quase sempre de prazo
INDETERMINADO → precisa primeiro notificar o devedor para
constituir em mora, mas o STJ oscila, ora exige e ora dispensa

• PELA RESOLUÇÃO EM CASO DE INADIMPLEMENTO DO


COMODATÁRIO: cláusula expressa ou tácita
• POR SENTENÇA, NO CASO DE NECESSIDADE IMPREVISTA E
URGENTE, ANTES DE FINDO O PRAZO OU ATINGIDA A
FINALIDADE (art. 581) → ex: eu emprestei porque tinha minha casa
para morar, mas acabo perdendo e preciso daquele emprestado para
morar e se houver consenso entre as partes, não precisa ir pela via
judicial
• PELA MORTE DO COMODATÁRIO, SALVO SE AINDA NÃO
ATINGIDA A FINALIDADE (ex: emprestei para servir de moradia da
família, ainda que ele morra, a finalidade ainda vai estar ali)
• PELO PERECIMENTO DO OBJETO: aqui se for com dolo/culpa, vai ter
+ perdas e danos
• PELA RESILIÇÃO UNILATERAL, SE POR PRAZO INDETERMINADO E
SEM FINALIDADE ESPECÍFICA → é a denúncia unilateral
◦ se o comodatário não quiser mais, ele pode devolver a qualquer
tempo promovendo a resilição unilateral → ele vai renunciar a um
benefício gratuito que ele tinha
◦ no caso do comodante fica mais complicado. SÓ VAI TER DENÚNCIA
VAZIA SE: contrato por prazo indeterminado + sem finalidade
específica

- QUEM PODE FAZER DENÚNCIA VAZIA?


COMODANTE COMODATÁRIO
Só pode fazer denúncia vazia quando Pode devolver a qualquer momento →
for PRAZO INDETERMINADO + SEM vai renunciar um benefício gratuito
FINALIDADE ESPECÍFICA que ele tinha

CONTRATO DE MÚTUO: CONCEITO, CLASSIFICAÇÃO, ESPÉCIES E


EFEITOS
- também é um empréstimo, mas muda a finalidade e não são coisas fungíveis
MÚTUO COMODATO
Coisa FUNGÍVEL Coisa INFUNGÍVEL
Para consumir Para utilizar
Transfiro a propriedade Transfiro a posse → a coisa continua
sendo minha

Obs: QUANDO EMPRESTO NO COMODATO, A COISA PERMANECE MINHA, O


COMODATÁRIO TEM A POSSE DIRETA. NO MÚTUO, EU TRANSFIRO A
PROPRIEDADE

DEPÓSITO BANCÁRIO É MÚTUO OU DEPÓSITO? É MÚTUO – o banco pega


o dinheiro emprestado e assume que vai me devolver depois (não devolve o
mesmo, devolve outro) e se o banco falir vou ser credor quirografário
- chamamos de depósito impróprio pois aplica as regras do mútuo

PODE SER ONEROSO OU GRATUITO:

MÚTUO
ONEROSO GRATUITO
vem dos juros que vão ser pagos
pelo empréstimo – devolve mais
do que recebeu (são juros
remuneratórios/compensatórios)
FENERATÍCIO BANCÁRIO Mera liberalidade
CIVIL

Contratos reais são aqueles que se aperfeiçoam com a entrega da coisa.


Ex: no aplicativo do banco tem aquela opção de empréstimo. Eu aceito a oferta
e fico esperando cair na minha conta o valor prometido. Passa o prazo e o
valor não é creditado → POSSO EXIGIR QUE O BANCO CREDITE O VALOR
NA MINHA CONTA OU É UMA PROMESSA NÃO VINCULANTE? É UMA
MERA LIBERALIDADE ME EMPRESTAR OU É VINCULANTE?
• Doutrina clássica – Caio Mário (até os anos 80): esse mútuo continuaria
sendo real (só se efetiva com a liberação do empréstimo); unilateral (só
o mutuário tem obrigação); e oneroso pois vai restituir com juros
- REAL, UNILATERAL E ONEROSO
*interesses negativos

• Após o advento do CDC que diz que a oferta vincula e uma vez ofertada
já tem força de contrato (art.35) e pode exigir o cumprimento do
contrato. Essa corrente diz que o mútuo feneratício ou bancário
ofertado aos consumidores precisam ser reconfigurados, então a
doutrina reconfigura como CONSENSUAL, NO QUAL SE APERFEIÇOA
NO MOMENTO QUE ACEITA A OFERTA e não pela entrega;
BILATERAL (um se obriga a liberar o recurso e outro a devolver); e
oneroso porque tem juros
- VINCULA DESDE O ACEITE – por ser consensual, bilateral e oneroso
*interesses positivos → força execução

obs.: não tem como ser real e bilateral; ou consensual e unilateral no caso do
mútuo por conta de houver uma obrigação

MÚTUO FENERATÍCIO, FRUTÍCIO OU A JUROS

MÚTUO GRATUITO MÚTUO ONEROSO, FRUTÍFERO


OU A JUROS
Não tem remuneração ao mutuante, É fixado algum pagamento ao
só o beneficiário se beneficia com o mutuante – juros
empréstimo

- REVISÃO DE JUROS:
• O QUE É? É a remuneração ao credor em razão do uso do seu capital, é
um fruto civil
• COMPENSATÓRIOS: remuneram o credor pelo simples fato de ter
desfalcado o seu patrimônio
• MORATÓRIOS: tem natureza de indenização em razão da mora (ex:
tinha que pagar dia 10 e pago dia 12 – cabe juros de mora)
• RELAÇÕES CIVIS – art. 406: QUAL TAXA DE JUROS APLICAR? 2
correntes
• 1% ao mês - 12% ao ano – pode somar com índice de correção
SELIC 13,75% - não pode somar índice de correção (SELIC já é correção
+ juros)

É o mútuo ONEROSO por exigir do mutuário o pagamento de um valor muito


maior do que o que foi emprestado, vai ter juros
Art. 591. Destinando-se o mútuo a fins econômicos, presumem-se devidos
juros, os quais, sob pena de redução, não poderão exceder a taxa a que se
refere o art. 406, permitida a capitalização anual.
- O MÚTUO FENERATÍCIO SOFRE CONTROLE DE USURA E DE ANATOCISMO
USURA ANATOCISMO
Cobrar taxa de juros maior do que a Praticar uma capitalização em
permitida periodicidade menor do que a que é
permitida → cobrar juros sobre juros
* agiota geralmente empresta com taxa de juros maior do que a permitida e
com anatocismo

- QUAL É A TAXA DO ART. 406? há divergência de 1% ao mês ou SELIC


(que é 13,75% ao ano)

Art. 406. Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem


sem taxa estipulada, ou quando provierem de determinação da lei, serão
fixados segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de
impostos devidos à Fazenda Nacional

Isso vale para mútuos civis e empresariais → NÃO SE APLICA A


CONTRATOS BANCÁRIOS. Eu posso emprestar dinheiro a juros, desde que
eu respeite a taxa do art. 406 e não faça anatocismo
* POR QUE NÃO APLICA AOS BANCOS? Porque eles não precisam observar o
art. 406 e podem capitalizar na periodicidade que quiserem, desde que esteja
previsto no contrato. Não ficam restritos a esse limite

SÚMULA 382 DO STJ: a estipulação de juros remuneratórios superiores a 12%


ao ano, por si só, não indica abusividade
- O ENUNCIADO NÃO FALA, MAS AQUI SE REFERE AOS CONTRATOS
BANCÁRIOS! Se aplicarmos ela a contratos não bancários vamos negar
vigência ao art. 591 e cair no erro
- ela reforça a súmula 596 do STF

Súmula 596 do STF As disposições do Decreto nº 22.626/33 não se aplicam às


taxas de juros e aos outros encargos cobrados nas operações realizadas por
instituições públicas ou privadas, que integram o sistema financeiro nacional.
- A TAXA DE JUROS DOS CONTRATOS BANCÁRIOS NÃO SERÁ CONTROLADA
PELA LEI DA USURA

CLASSIFICAÇÃO

1. REAL
2. UNILATERAL
3. GRATUITO OU ONEROSO

ELEMENTOS DO MÚTUO
1. SUBJETIVO
Aqui também temos uma RESTRIÇÃO DE ORDEM SUBJETIVA, mas aqui é
diferente = o empréstimo de coisas fungíveis e consumíveis feito a pessoa
menor sem autorização não pode ser reavido do mutuário. Gera uma
OBRIGAÇÃO NATURAL → pode ser paga, mas não exigida
* não gera enriquecimento sem causa? Não, a causa aqui está na lei

Art. 588. O mútuo feito a pessoa menor, sem prévia autorização daquele sob
cuja guarda estiver, não pode ser reavido nem do mutuário, nem de seus
fiadores.
- “NEM DOS FIADORES”: a regra dos contratos de fiança é que a invalidade
do contrato principal atinge a fiança, OBRIGAÇÕES NULAS NÃO SÃO
SUSCETÍVEIS DE FIANÇA (salvo no caso do menor) → mas se for mútuo a
menor não tem essa exceção, vai ser inválido também
* vira então uma OBRIGAÇÃO NATURAL → pode ser paga, mas não exigida
(igual na aposta)

Art. 824. As obrigações nulas não são suscetíveis de fiança, exceto se a


nulidade resultar apenas de incapacidade pessoal do devedor.
Parágrafo único. A exceção estabelecida neste artigo NÃO ABRANGE O CASO
DE MÚTUO FEITO A MENOR.

2. OBJETIVO: coisas móveis fungíveis


3. FINALIDADE: consumo → confere ao mutuário a livre disposição da coisa
- transfere o domínio ao mutuário (art. 587), portanto é um CONTRATO
TRANSLATIVO DE DOMÍNIO

*NO MÚTUO NÃO CABE REINTEGRAÇÃO DE POSSE E SIM AÇÃO DE


COBRANÇA ou EXECUÇÃO
MÚTUO COMODATÁRIO
HÁ TRANSFERÊNCIA DA HÁ TRANSFERÊNCIA DA POSSE → o
PROPRIEDADE → o mutuante é só comandante é possuidor indireto
credor
Mutuário não paga: ação de cobrança; Comodatário não devolve:
execução de quantia reintegração de posse

DIREITOS DO MUTUÁRIO
A. USO, GOZO E DISPOSIÇÃO DA COISA → isso é decorrente do direito de
propriedade

B. SE CONSUMIDOR: PODE AMORTIZAR, PAGAR ANTECIPADO OS JUROS


- aqui havia uma discussão porque, para o credor, isso diminuiria o valor a ser
recebido, ele cria uma expectativa de receber todos aqueles juros. Mas o
direito do consumidor garante que é direito do consumidor pagar antes
* o credor que não pode cobrar antes
- mas isso é só no direito do consumidor (art. 52 do CDC), nos demais
contratos (relações civis e empresariais) não há esse direito

DEVERES DO MUTUÁRIO

A. RESTITUIR O EMPRÉSTIMO EM COISAS DO MESMO GÊNERO,


QUALIDADE E QUANTIDADE

B. PAGAR JUROS, QUANDO EXIGIDOS OU QUANDO SE TRATAR DE


MÚTUO COM FIM ECONÔMICO
O mutuário se desobriga entregando coisa do mesmo gênero, quantidade e
qualidade (art. 586).
Art. 586. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado
a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero,
qualidade e quantidade.

ALOCAÇÃO DE RISCO
Aqui muda a lógica do mútuo → aqui há transferência de propriedade e,
portanto, há deslocamento do risco.
O mutuário não pode falar que não vai cumprir com a sua prestação porque a
coisa pereceu → RES PERIT DOMNI e ele se obrigou a restituir em coisas do
mesmo gênero, qualidade e quantidade
Art. 587. Este empréstimo transfere o domínio da coisa emprestada ao
mutuário, por cuja conta correm todos os riscos dela desde a tradição.
- aqui tem uma inversão da lógica do risco porque a propriedade muda
ex: te emprestei o dinheiro e você foi assaltado → você que perdeu a coisa

COMODATO MÚTUO
COMODANTE QUE CORRE O RISCO MUTUÁRIO QUE CORRE O RISCO

DIREITOS DO MUTUANTE:
a) exigir que se lhe restitua coisa do mesmo gênero, quantidade e qualidade;
b) havendo previsão expressa ou sendo o mútuo para fins econômicos,
tem direito de exigir juros.

DEVERES DO MUTUANTE

Em regra não há, mas admite-se a responsabilidade por prejuízos decorrentes


de vícios redibitórios conhecidos, porém ocultados (ex: sementes viciados)
Ex: empréstimo de sementes, mas estavam com defeitos → pode-se discutir
• GRATUITO: só se dolosamente ocultou (art.392)
• ONEROSO: dolo ou culpa

AQUI PODE SER BILATERAL IMPERFEITO E PAGAR POR


BENFEITORIAS? NÃO, pois qualquer problema é do mutuário

EXTINÇÃO DO MÚTUO

A) PELO ADVENTO DO TEMPO – o mútuo via de regra se da por prazo


determinado

B) PELO VENCIMENTO ANTECIPADO DA DÍVIDA (art. 333 e art. 1475, PU)

C) PELA AMORTIZAÇÃO ANTECIPADA (art. 52, §2º do CDC)

D) PELO INADIMPLEMENTO, HAVENDO CLÁUSULA DE VENCIMENTO


ANTECIPADO – geralmente os contratos tem essa previsão de, depois de X
meses sem pagar, é lícito cobrar a dívida inteira

CONTRATO DE DEPÓSITO

É também um contrato real → o ponto comum entre mútuo, comodato e


depósito. SE APERFEIÇOA COM A ENTREGA DA COISA AO DEPOSITÁRIO
obs.: O MÚTUO E O COMODATÁRIO É ÚTIL PARA QUEM? PARA O
MUTUÁRIO E COMODATÁRIO
NO DEPÓSITO É ÚTIL PARA QUEM DEPOSITA → DEPOSITANTE

- Contrato de guarda ou custódia de coisas móveis, que admite a forma


gratuita e a forma onerosa (arts. 627 e 628)

CONCEITO:
Contrato de GUARDA OU CUSTÓDIA DE COISAS MÓVEIS, que admite a FORMA
GRATUITA OU ONEROSA (art. 627 e 628)
- ex: estacionamento é contrato de depósito remunerado

CLASSIFICAÇÃO
A. IMPRÓPRIO OU IRREGULAR: coisa fungível, é a lógica do mútuo (ex:
quando deposito o dinheiro na conta-corrente o dinheiro é emprestado ao
banco e ele pode usar como quiser → é um mútuo e por isso a lei manda
aplicar as regras do mútuo)
* essa distinção era relevante quando era possível a prisão civil do depositário
infiel, precisava ser depósito efetivo
* sempre que a obrigação for de devolver a coisa do mesmo gênero, qualidade
e quantidade, podendo ser consumida, vai ser empréstimo

B. PRÓPRIO OU REGULAR: coisa infungível (ex: deixo o meu carro e quero o


MEU carro; depósito em armazém de safra de soja – coloquei a MINHA safra ali
e quero aquela)
- o bem pode ser naturalmente fungível, mas o depósito pode o tornar
infungível
- se subdivide em:

DEPÓSITO VOLUNTÁRIO DEPÓSITO NECESSÁRIO


As partes combinam aquele depósito As partes não combinam, decorre de
uma necessidade. Alguma situação de
guarda é equiparada a depósito
Como as partes combinam, É oneroso, quem guarda nesse caso
pressupõe-se que, se quisessem, TEM DIREITO A COBRAR UMA
teriam estipulado preço → POR ISSO É REMUNERAÇÃO, ainda que não
PRESUMIDAMENTE GRATUITO venha a cobrar
PROVA POR ESCRITO! - não é Não precisa da prova escrito – ex: não
questão de validade, é questão preciso chamar a vizinha para assinar
probatória = para eu provar em juízo, o contrato pra eu guardar o fogão
preciso dele em escrito porque ela perdeu tudo na enchente
Ex: estacionei o carro e perdi o ticket. Ex: minha casa alagou e a minha
O contrato é válido, mas pode me vizinha guarda o meu fogão; guarda
prejudicar a provar de bagagens em contratos de hotéis

POR QUE A PROVA POR ESCRITO? Porque o depositário podia ser preso,
precisava de uma prova robusta, não valia a prova testemunhal. Hoje em dia
não tem mais a prisão, mas o requisito da prova escrita continua
- é questão probatória e não de validade!!! se as 2 partem concordam da
existência do contrato, não há problema

LUGARES QUE FICAM COM PETS → equiparado a depósito, mas


caminhamos para o reconhecimento de uma situação semelhante aquela da
criança na escola
* ver o que a Naty anotou

B. IMPRÓPRIO OU IRREGULAR: coisa fungível, é a lógica do mútuo (ex:


quando deposito o dinheiro na conta-corrente o dinheiro é emprestado ao
banco e ele pode usar como quiser → é um mútuo e por isso a lei manda
aplicar as regras do mútuo)
* essa distinção era relevante quando era possível a prisão civil do depositário
infiel, precisava ser depósito efetivo
* sempre que a obrigação for de devolver a coisa do mesmo gênero, qualidade
e quantidade, podendo ser consumida, vai ser empréstimo

ESPÉCIES DE DEPÓSITO NECESSÁRIO


obs.: no caso do hotel a remuneração pela guarda da bagagem presume-se
embutida no valor que se paga na diária

• DEPÓSITO LEGAL – art. 647, I → é o que se exerce por lei


• ex: depósito judicial; quando o carro é rebocado vai para o pátio (isso é
um depósito legal)
• DEPÓSITO MISERÁVEL – art. 647, II
- salvaguarda em caso de calamidade pública
• DEPÓSITO DO HOSPEDEIRO – art. 649
- é o embutido no contrato de hospedagem

CLASSIFICAÇÃO
1. CONTRATO REAL: (ART. 627) – com a entrega
2. UNILATERAL, BILATERAL IMPERFEITO OU BILATERAL
UNILATERAL: é o gratuito
BILATERAL IMPERFEITO: guardei e era para ser de graça, mas tiver
despesa e agora ele passa a ser oneroso (ver a questão do pet que fica comigo
e tem despesa)
BILATERAL: deixo as coisas e pago por isso
3. GRATUITO OU ONEROSO
4. INTUITO PERSONAE – art. 460: em regra é intuito personae porque eu
escolho o depositário a guardar e ele não pode passar sua função contratual
para um terceiro
- existe uma pessoalidade e por isso, se o depositário ficar incapaz (ex: sofreu
avc), o contrato cessa e a coisa pode ser devolvida ao depositante
- mas isso não é sempre, depende do caso (ex: pode mudar o manobrista do
estacionamento e não mudar nada no meu contrato)

O DEPOSITANTE PODE PEDIR A COISA ANTES DO PRAZO? SIM, PORQUE


O CONTRATO DE DEPÓSITO É EM PROVEITO DELE

O DEPOSITÁRIO PODE DEVOLVER ANTES? NÃO, só com a concordância do


depositante → você concordou com aquele prazo, sua obrigação é naquele
prazo
- é o inverso do comodato porque aqui a lógica muda: a vantagem é do
depositante
COMODATO DEPÓSITO
PROVEITO DE QUEM RECEBE PROVEITO DE QUEM ENTREGA

DEPOSITÁRIO TEM POSSE OU É MERO DETENTOR? Essa divergência


existe porque ele só guarda, não frui, não goza e não dispõe, mas o legislador
previu que o depositário pode exercer o direito de retenção
- QUEM PODE EXERCER DIREITO DE RETENÇÃO? Só o possuidor de boa-fé. Se
ele tem direito de retenção, é porque o sistema o reconhece como possuidor
1ª CORRENTE: é só detentor, não tem posse
2ª CORRENTE - MAJORITÁRIA: é possuidor porque tem direito de
retenção e isso só é atribuído a quem tem posse de boa-fé

PROVA DELTA RJ - SE TENTAREM PEGAR A COISA ENQUANTO ELA ESTÁ SOB


GUARDA, O DEPOSITÁRIO PODE EXERCER AÇÕES POSSESSÓRIAS? Ex:
João deixava um carro com Paulo enquanto ia para os EUA. 2 semanas depois
o irmão de João chega para pegar o carro falando que era dele. O QUE PAULO
PODE FAZER? Ele poderia manejar as ações possessórias e, em caso de
dúvida, poderia reter a coisa e consignar em juízo
* ele é possuidor indireto e, portanto, independente de quem seja o dono,
poderia exercer essa tutela. A divergência aqui é no sentido de ser possuidor,
hoje em dia prevalece a ideia de que é possuidor

DIREITOS DO DEPOSITÁRIO
A. RESSARCIMENTO DE TODAS AS DESPESAS COM A CONSERVAÇÃO E
DOS PREJUÍZOS DA GUARDA (aqui ele não usa, só guarda) – ex: despesas
com o pet que estava comigo

- salvo se for um contrato a preço e isso era objeto da remuneração


B. DIREITO DE RETENÇÃO
C. CONTRAPRESTAÇÃO PELA GUARDA, QUANDO FOR ONEROSO

DEVERES DO DEPOSITÁRIO
A. GUARDAR E CONSERVAR A COISA COMO SE FOSSE SUA
B. RESTITUIR A COISA E OS FRUTOS
C. NÃO ENTREGAR A OUTREM SEM AUTORIZAÇÃO

ALOCAÇÃO DOS RISCOS


Aqui é mantida a regra de que A COISA PERECE PARA O DONO, salvo no
caso do depósito irregular ou impróprio
Art. 642. O depositário não responde pelos casos de força maior; mas, para
que lhe valha a escusa, terá de prová-los.
Art. 645. O depósito de coisas fungíveis, em que o depositário se obrigue a
restituir objetos do mesmo gênero, qualidade e quantidade, regular-se-á pelo
disposto acerca do mútuo.
* aqui é depósito irregular

DIREITOS DO DEPOSITANTE
a) Exigir a restituição da coisa e dos frutos;
b)Exigir indenização pela perda ou deterioração culposa da coisa;
c) Exigir indenização se a coisa for confiada a terceiro não autorizado (art.640)
– caráter pessoal do depósito

DEVERES DO DEPOSITANTE
a) Reembolsar as despesas e os prejuízos decorrentes da guarda;
b) Pagar o preço pela guarda, quando for oneroso.

EXTINÇÃO DO DEPÓSITO
a) Pelo advento do termo, quando houver prazo determinado;
b) Por iniciativa do Depositante que poderá exigir a restituição antes de findo o
prazo (art. 633) – o depositante pode exigir a qualquer tempo
c) Pelo perecimento da coisa depositada;
d) Pela incapacidade do depositário (art. 641);
e) Pela morte do depositário (ver art. 637)

obs.: SE FOR UM DEPÓSITO IRREGULAR, FOI DEPOSITADA A COISA


FUNGÍVEL, PODERÁ O DEPOSITANTE PEDIR A COISA ANTES? NÃO –
REGRA DO MÚTUO. Não pode pedir antes, a não ser que seja hipótese de
vencimento antecipado.

1ª - Questão:
José, portando contrato escrito de comodato, ajuíza ação de imissão de posse em face de Manoel em
razão deste não ter realizado a tradição do imóvel voluntariamente. É cabível a referida pretensão ?

2ª - Questão:
João propõe demanda de extinção de comodato e arbitramento de aluguel em face de Antônio,
Ricardo e Luiz. O autor aduz, em síntese, que é proprietário, assim como os demandados, do bem
imóvel que estes utilizam para executar os seus ofícios. O demandante sustenta que foi firmado com
os réus contrato de comodato por prazo indeterminado. Todavia pretende, assim como os demais,
utilizar o imóvel para também exercer sua profissão, tudo conforme regimento interno, que precisa
ser elaborado para a caracterização do uso exclusivo sobre a coisa.
Em defesa, sustentam os demandados ser vedado ao autor, na condição de condômino minoritário,
requerer a extinção do contrato de comodato em desacordo com a maioria, a fim de postular o
arbitramento de aluguéis. Afirmam ainda que, independentemente do direito de copropriedade do
autor e da sua vontade, os demandados podem decidir acerca da destinação do bem comum mantido
em condomínio justamente por serem maioria. Por fim, e de forma subsidiária, aduzem inexistir
denúncia do contrato de comodato antes do ajuizamento da demanda, o que também ensejaria o
afastamento do arbitramento de aluguéis ora pleiteado.
Decida fundamentadamente a questão.

CONTRATO DE MANDATO

- Não tem natureza REAL, é um contrato meramente consensual e em


alguns casos solenes (quando o ato a ser realizado for solene), mas em
geral tem forma livre.

REGRA: forma livre


EXCEÇÃO: quando for para realizar um negócio solene

ex de contrato de mandato: peço a Maria para fazer minha matrícula na


academia; entregar um trabalho para mim; ajuizar demanda judicial

CONCEITO:
Art. 653. Opera -se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes
para, EM SEU NOME, praticar atos ou administrar interesses. A procuração é
o instrumento do mandato
- a procuração é forma de representar o mandato → O CONTRATO É O
MANDATO E A PROCURAÇÃO O QUE REPRESENTA

Art. 118. O representante é obrigado a provar às pessoas, com quem tratar


em nome do representado, a sua qualidade e a extensão de seus poderes, sob
pena de, não o fazendo, responder pelos atos que a estes excederem.
COMO PROVA OS PODERES? COM A PROCURAÇÃO.

ELEMENTOS DO MANDATO:

A. ELEMENTOS SUBJETIVOS:

MANDANTE: é quem outorga os poderes para outrem praticar ou


administrar seus interesses

MANDATÁRIO: quem realiza a conduta que lhe foi determinada (isso


aproxima do prestador de serviço)
- se a obrigação não for de administrar ou praticar atos não vai ser contrato de
mandato

QUEM PODE SER MANDANTE?


Art. 654. TODAS AS PESSOAS CAPAZES SÃO APTAS PARA DAR
PROCURAÇÃO MEDIANTE INSTRUMENTO PARTICULAR, que valerá desde
que tenha a assinatura do outorgante.
§1º O instrumento particular deve conter a indicação do lugar onde foi
passado, a qualificação do outorgante e do outorgado, a data e o objetivo da
outorga com a designação e a extensão dos poderes conferidos.
§2º O terceiro com quem o mandatário tratar poderá exigir que a
procuração traga a firma reconhecida.

INCAPAZ PODE SER MANDANTÁRIO? O relativamente incapaz sim


Art. 666. O maior de dezesseis e menor de dezoito anos não emancipado pode
ser mandatário, mas o mandante não tem ação contra ele senão de
conformidade com as regras gerais, aplicáveis às obrigações contraídas por
menores
- a lei já reconheceu a validade e agora é irrelevante para o mandante essa
incapacidade relativa → afinal, quem responde no final é o mandante. Se ele
não cumprir bem a tarefa quem responde é o mandante
- O QUE IMPORTA É A CAPACIDADE DO MANDANTE! O art. 654 fala que
as pessoas CAPAZES podem ser mandantes

CAPACIDADE PARA SER MANDANTE: se o mandante for incapaz vai


precisar de instrumento público e representação
- PRECISA DE INSTRUMENTO PÚBLICO PARA O MANDATO JUDICIAL +
MANDANDE INCAPAZ? Essa pergunta é porque antigamente era exigido
instrumento público, hoje em dia não precisa mais e, no caso do mandante
incapaz, basta a representação

Art. 71 CPC. O incapaz será representado ou assistido por seus pais, por tutor
ou por curador, na forma da lei.

Art. 105 CPC. A procuração geral para o foro, outorgada por


INSTRUMENTO PÚBLICO OU PARTICULAR assinado pela parte, habilita o
advogado a praticar todos os atos do processo, exceto receber citação,
confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao
direito sobre o qual se funda a ação, receber, dar quitação, firmar
compromisso e assinar declaração de hipossuficiência econômica, que devem
constar de cláusula específica.
*vale para partes capazes e incapazes

LEGITIMAÇÃO NEGOCIAL E OUTORGA DE MANDATO PELO CÔNJUGE:


Em algumas situações o mandante precisará de outorga uxória ou
marital → QUANDO? QUANDO FOR PARA CELEBRAR UM DESSES ATOS:
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode,
sem autorização do outro, EXCETO NO REGIME DA SEPARAÇÃO
ABSOLUTA:
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;
III - prestar fiança ou aval;
IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que
possam integrar futura meação.
Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando
casarem ou estabelecerem economia separada.

Art. 73 CPC. O cônjuge necessitará do consentimento do outro para


propor ação que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando
casados sob o regime de separação absoluta de bens.
§2º Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu
somente é indispensável nas hipóteses de composse ou de ato por
ambos praticado.
- no CPC permanece a exigência da outorga para AÇÕES SOBRE DIREITO
REAL IMOBILIÁRIO

ELEMENTOS DO MANDATO:
MANDATÁRIO:
Art. 666. O maior de dezesseis e menor de dezoito anos não emancipado pode
ser mandatário, mas o mandante não tem ação contra ele senão de
conformidade com as regras gerais, aplicáveis às obrigações contraídas por
menores.
Art. 181. Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a
um incapaz, se não provar que reverteu em proveito dele a importância paga.
- O RELATIVAMENTE INCAPAZ PODE SER NOMEADO COMO
MANDATÁRIO, entretanto existe uma responsabilidade atenuada
ex: outorguei para o meu filho de 16 anos ser meu procurador → você assume
uma certa falha → se não agiu de má-fé a responsabilidade pode ser afastada
(para os outros a simples culpa gera responsabilidade)

PLURALIDADE DE MANDANTES:
E SE TIVER VÁRIOS MANDANTES?
Art. 680. Se o mandato for outorgado por duas ou mais pessoas, e para
negócio comum, cada uma ficará solidariamente responsável ao
mandatário por todos os compromissos e efeitos do mandato, salvo
direito regressivo, pelas quantias que pagar, contra os outros mandantes.
- todos são solidariamente responsável
ex: mandatário tem direito à remuneração; teve despesas → TODOS OS
MANDANTES SÃO SOLIDARIAMENTE RESPONSÁVEL PELO REEMBOLSO
(tendo direito de regresso depois)

ELEMENTOS DO MANDATO:
• REPRESENTAÇÃO:
É UM ELEMENTO ESSENCIAL DO CONTRATO? TODO MANDATÁRIO É
OBRIGATORIAMENTE REPRESENTANTE DO MANDANTE?
- Tem impacto em 2 artigos: CLÁUSULA EM CAUSA PRÓPRIA

Pelo 653 É UM ELEMENTO ESSENCIAL A REPRESENTAÇÃO pois está atuando


em nome do mandante e interesse do mandante → ex: tem obrigação de
prestar contas
Art. 653. Opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para,
em seu nome, praticar atos ou administrar interesses. A procuração é o
instrumento do mandato.
- Pelos termos do art. 653, do CC, o mandato é o contrato pelo qual uma parte
recebe poderes para representar a outra.
Para parte da doutrina, o sistema adotado pelo Código Civil Brasileiro, ao
estabelecer a representação como elemento, afasta-se de outros sistemas
como o Alemão que admitem mandato sem representação. (Neste sentido:
Caio Mario, Silvio Rodrigues, Carvalho Santos, Rizzardo, dentre outros) →
TODOS ELES DIZEM QUE É ELEMENTO ESSENCIAL

Divergência doutrinária:
• Autores como Pontes de Miranda, Orlando Gomes e Arnoldo Wald, defendem
que o legislador abriu espaço para o Mandato sem representação, por força do
disposto no art. 663 e 685 – MANDATO EM CAUSA PRÓPRIA

O QUE É MANDATO EM CAUSA PRÓPRIA? É quando a procuração é


estabelecida em interesse exclusivo do mandatário → ele recebe poderes para
desempenhar o mandato com a transmissão de bem do mandante em seu
favor. PRECISA SER POR INSTRUMENTO PÚBLICO!

Art. 663. Sempre que o mandatário estipular negócios expressamente em


nome do mandante, será este o único responsável; ficará, porém, o
mandatário pessoalmente obrigado, se agir no seu próprio nome, ainda
que o negócio seja de conta do mandante.
- o mandatário em causa própria tem responsabilidade pessoal

Art. 685. Conferido o mandato com a cláusula "em causa própria", a sua
revogação não terá eficácia, nem se extinguirá pela morte de qualquer das
partes, ficando o mandatário dispensado de prestar contas, e podendo
transferir para si os bens móveis ou imóveis objeto do mandato, obedecidas as
formalidades legais.
- aqui não tem representação
ex: mudei para o ES e quero vender meu AP aqui no Rio. Entro em contrato
com a Nicole e outorgo uma procuração dando poderes para ela realizar todos
os atos necessários para a venda (É POR INSTRUMENTO PÚBLICO O
MANDATO). Quero vender por 1 milhão e meio. Ela se interessa pelo imóvel e
acha que fica com ele se não conseguir vender por um preço alto já que ela
recebe comissão → A MELHOR FORMA É FAZER PROMESSA DE COMPRA E
VENDA COM ELA E OUTORGAR UM MANDATO PARA QUE ELA FAÇA O QUE
QUISER → ela pega um mandato e tenta vender, ela então celebra a venda por
1 milhão 800 – nesse caso quem é o vendedor sou eu. Mas lá tem que estar
em causa própria e ela que vai declarar esse bem por 1 milhão 800 e vai ter
ter um lucro de 300 mil → isso é para eu não ser tributado além.
Mas se ela não consegue vender, ela resolve comprar → eu sou o vendedor,
mas ela tá agindo em meu nome (vai ser de Nicole para Nicole) → é uma
hipótese cujo efeito é de um contrato consigo mesmo – ela está ratificando
- no art.685 não existe representação propriamente dito pois o interesse é dela
SE ELA QUISESSE DOAR PODERIA? (ex: passar para o filho dela) SIM, ela
agiria em nome próprio

- se fosse um mandato normal é um contrato baseado em confiança → se a


pessoa morre o contrato acaba
*por isso a morte é causa extintiva QUANDO O ELEMENTO
REPRESENTAÇÃO ESTÁ PRESENTE

- O mandato em causa própria a lei diz o oposto POIS A MORTE DE


QUALQUER DAS PARTES NÃO MUDAM A VIGÊNCIA E EFICÁCIA – os
herdeiros podem exercer o direito → eles podem ir no cartório e fazer a
escritura como se fosse a Nicole
PAGA IMPOSTO DE TRANSMISSÃO SOBRE ESSE DIREITO? SIM.

MANDATO MANDATO EM CAUSA PRÓPRIA


PERSONALÍSSIMA PODE PASSAR AOS HERDEIROS

SUBSTABELECIMENTO:
Quando o mandato é para fins de presentação existe uma relação de
confiança, então o mandatário escolhido não poderia via de regra transferir o
poder a terceiros.
Mas é comum vermos eles substabelecerem.
COMO FUNCIONA A CADEIA DE RESPONSABILIDADE NESSE CASO?
Art. 667. O mandatário é obrigado a aplicar toda sua diligência habitual na
execução do mandato, e a indenizar qualquer prejuízo causado por culpa sua
ou daquele a quem substabelecer, sem autorização, poderes que devia exercer
pessoalmente.
- a diligência habitual dele e não do homem médio (em concreto)
§ 4o Sendo omissa a procuração quanto ao substabelecimento, o procurador
será responsável se o substabelecido proceder culposamente.
- omisso quanto a poder ou não substabelecer
- se ele falha culposamente eu respondo SOLIDÁRIA E OBJETIVA → não
importa se ele foi bom ou mal pois a procuração é omissa
SUBSTABELECIMENTO SEM CONTRATO OMISSO
AUTORIZAÇÃO
SE TORNA SOLIDARIAMENTE RESPONDO POR CULPA DO
RESPONSÁVEL – se ele falha eu SUBSTABELECIDO →
solidariamente respondo responsabilidade subjetiva

- a responsabilidade solidária está no art.932,III (comitente) + 933


§ 1o Se, não obstante proibição do mandante, o mandatário se fizer substituir
na execução do mandato, responderá ao seu constituinte pelos prejuízos
ocorridos sob a gerência do substituto, embora provenientes de caso fortuito,
salvo provando que o caso teria sobrevindo, ainda que não tivesse havido
substabelecimento.
SE PROIBIU E MESMO ASSIS SUBSTABELECER: RESPONDE PELOS
PREJUÍZOS, MESMO QUE POR CASO FORTUITO - Responsabilidade objetiva
pelo evento (não é nem pela pessoa)

§ 3o Se a proibição de substabelecer constar da procuração, os atos praticados


pelo substabelecido não obrigam o mandante, salvo ratificação expressa, que
retroagirá à data do ato.
- o terceiro que contrata com o procurador e era proibido substabelecer, o
mandante pode se interessar e confirmar ou não autorizar mesmo E O
PRÓPRIO NEGÓCIO NÃO VAI TER EFICÁCIA

§ 2o Havendo poderes de substabelecer, só serão imputáveis ao mandatário os


danos causados pelo substabelecido, se tiver agido com culpa na escolha
deste ou nas instruções dadas a ele.
- AQUI ESTÁ AUTORIZADO → SÓ RESPONDE SE FALOU NA ESCOLHA OU
INSTRUÇÕES
- por isso toda procuração do advogado diz que ele pode ser substabelecido
Aqui entra a questão da CONCORRÊNCIA CULPOSA – se eu tiver culpa eu
concorro, se não tiver culpa eu não concorro – RESPONSABILIDADE
SUBJETIVA
- exceção do art.932 e 933

NÃO FUI AUTORIZADO E NEM SUBSTABELECIDO: responde se tiver


PROIBIDO culpa

SUBSTABELECENTE: solidariamente
independente de culpa própria – por
culpa do substabelecido
FUI PROIBIDO Respondo pelo risco mesmo se não
tiver tido culpa o substabelecido
FUI AUTORIZADO Responsabilidade Subjetiva para os dois
na medida da culpabilidade
- só se eu concorri culposamente

Art. 656. O mandato pode ser expresso ou tácito, verbal ou escrito.


Art. 657. A outorga do mandato está sujeita à forma exigida por lei para o ato
a ser praticado. Não se admite mandato verbal quando o ato deva ser
celebrado por escrito.
CONTRATO UNILATERAL E GRATUITO:
• Em regra, gera obrigações somente para o Mandatário, sendo por isso
unilateral, bem como gera ônus somente para ele, sendo benéfico ou
gratuito para o Mandante.
• Admite-se, contudo, que se transmude em bilateral imperfeito quando gera
para o Mandante obrigações de reembolsar despesas e ressarcir danos sofridos
pelo Mandatário.
• Pode, ainda, ser Bilateral, nos termos dos arts. 658 c/c 676:

Art. 658. O mandato presume-se gratuito quando não houver sido estipulada
retribuição, exceto se o seu objeto corresponder ao daqueles que o mandatário
trata por ofício ou profissão lucrativa. Parágrafo único. Se o mandato for
oneroso, caberá ao mandatário a retribuição prevista em lei ou no contrato.
Sendo estes omissos, será ela determinada pelos usos do lugar, ou, na falta
destes, por arbitramento. Art. 676. É obrigado o mandante a pagar ao
mandatário a remuneração ajustada e as despesas da execução do mandato,
ainda que o negócio não surta o esperado efeito, salvo tendo o mandatário
culpa.

- É GRATUITO, MAS PARA O EXERCÍCIO DE PROFISSÃO PODE ONEROSO


obs.: no caso do advogado se não prever a onerosidade terá mesmo assim a
não ser que ele declare que é pro bono
- a tabela da OAB pode servir como parâmetro de arbitramento

OBRIGAÇÕES DO MANDATÁRIO:
1) Atuar com diligência (art. 667, caput);
2) Não substabelecer sem autorização (art. 667);
3) Prestar contas (art. 668) e restituir os valores pertencentes ao Mandante,
sob pena de pagar juros desde quando praticou o abuso (art. 670);
4) Indenizar os prejuízos que causar (responsabilidade subjetiva), sem direito
a compensação com os lucros que gerou (art. 669)
5) Em caso de morte do Mandante, deverá concluir negócio iniciado para evitar
dano iminente (art. 674) → SÓ PODE FAZER PARA EVITAR DANOS IMINENTES

1) Satisfazer todas as obrigações contraídas pelo mandatário, na conformidade


do mandato conferido (art. 675);
2) Adiantar a importância das despesas necessárias à execução dele, quando o
mandatário lho pedir (art. 675);
3) É obrigado o mandante a pagar ao mandatário a remuneração ajustada e as
despesas da execução do mandato, ainda que o negócio não surta o esperado
efeito, salvo tendo o mandatário culpa (art. 676);
Neste caso, poderá o Mandatário exercer direito de retenção na forma dos
arts. 664 e 681.
4) Ressarcir ao mandatário as perdas que este sofrer com a execução do
mandato, sempre que não resultem de culpa sua ou de excesso de poderes
(art. 678);
5) Ainda que o mandatário contrarie as instruções do mandante, se não
exceder os limites do mandato, ficará o mandante obrigado para com aqueles
com quem o seu procurador contratou; mas terá contra este ação pelas perdas
e danos resultantes da inobservância das instruções (art. 679).

DIREITO DE RETENÇÃO :
2ª - Questão:
Gustavo estipula com Sérgio contrato de mandato oneroso para que este venda alguns cavalos de
sua propriedade. Para tanto Gustavo lhe cede a posse da fazenda na qual se encontram os cavalos.
Vendido os cavalos, o produto da venda é depositado na conta-corrente do mandante. Este por sua
vez reembolsa o mandatário de todas as despesas geradas pelo desempenho do encargo que o
mandato despendeu. Ocorre que, além das despesas regulares em razão do encargo, o mandante se
comprometeu a pagar a Sérgio o montante de R$ 10.000,00 (dez mil reais) pelos serviços prestados,
o que não aconteceu.
Diante do exposto poderá Sérgio, em razão do inadimplemento quanto à obrigação de pagar, exercer
direito de retenção sobre a fazenda de titularidade de Gustavo da qual tem a posse? Responda
fundamentadamente a questão.
Resposta:

Tem 2 dispositivos que entram em contradição:


Art. 664. O mandatário tem o direito de reter, do objeto da operação que lhe
foi cometida, quanto baste para pagamento de tudo que lhe for devido em
conseqüência do mandato.
O QUE ELE PODE RETER? O OBJETO DA OPERAÇÃO - no caso aqui era
cavalos

Art. 681. O mandatário tem sobre a coisa de que tenha a posse em virtude
do mandato, direito de retenção, até se reembolsar do que no desempenho
do encargo despendeu.
QUAL A COISA QUE ELE TEM A POSSE EM VIRTUDE DO MANDATO – no
caso aqui é a fazenda

Fazendo interpretação ele poderia reter os cavalos pelos 10 mil e a fazenda


pelas despesas.
Mas aqui no caso só sobrou a fazenda e ele não pode reter ela por reembolso
por redação literal.

Para a solução do caso: não tem nenhum julgado (porque quando a pessoa
não paga, ela não paga nada, aí dá para exercer direito de retenção)
RETENÇÃO CABE POR QUALQUER INADIMPLEMENTO – dentro da lógica
da exceção do contrato não cumprido

3° jornada de direito civil 184:


Enunciado
Da interpretação conjunta desses dispositivos, extrai-se que o mandatário tem
o direito de reter, do objeto da operação que lhe foi cometida, tudo o que lhe
for devido em virtude do mandato, incluindo-se a remuneração ajustada e o
reembolso de despesas.
- não tem jurisprudência fixada → será uma questão de opinião
1ª - Questão:
João propõe demanda de reparação por danos materiais em face de Luiz Carlos e Sandra Silva.
Aduz, em síntese, que os demandados, na qualidade de advogados do demandante
(mandatário/substabelecente e substabelecida, respectivamente), em ação indenizatória na qual foi
realizada transação judicial (autos do Processo n. xxxxxxxx), não lhe repassou os valores oriundos
do acordo realizado (assinado pela segunda demandada) e que pôs fim àquele litígio. O demandante
sustenta que outorgou instrumento de procuração ao primeiro demandado com poderes para
substabelecer, e o mandatário o fez com reservas; logo, requer a condenação dos réus
solidariamente no montante das perdas e danos.
Em defesa, o primeiro demandado alega a sua ilegitimidade passiva para figurar na demanda.
Sustenta que não agiu com culpa na escolha da substabelecida, sendo certo ainda que não participou
da referida composição nos autos daquela ação ordinária. Afirma ainda que todos os termos da
aludida transação (inclusive o depósito dos valores na conta da segunda demandada) foram
acordados entre a segunda requerida e o advogado da outra parte no processo, não havendo
qualquer participação do primeiro réu no acordo, apesar de saber da existência do mesmo.
Já a segunda demandada não nega os fatos, mas requer a condenação solidária do primeiro
demandado.
Decida fundamentadamente a questão.
Resposta:

Resp 1.742.246
QUAL A SOLUÇÃO? Ele tinha autorização e ele substabeleceu com reservas –
nesse caso só responde se tivesse culpa na escolha ou no próprio ato

1ª - Questão:
José, portando contrato escrito de comodato, ajuíza ação de imissão de posse
em face de Manoel em razão deste não ter realizado a tradição do imóvel
voluntariamente. É cabível a referida pretensão ?
Resposta:
- Depende da corrente que adotar
- se for gratuito, é uma promessa e depende daquelas 3 correntes

CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS


É um contrato com aspecto econômico relevante para a sociedade → por isso o
prof. Capanema fala que ele tem forte densidade social. O QUE ISSO QUE
DIZER? Que são contratos com maior impacto jurídico econômico na
sociedade, precisam de maior atenção do legislador
- é um contrato muito amplo porque o objeto pode ser o mais variado possível
(ex: advocatícios, empreitada)
- do ponto de vista econômico, vamos ver que boa parte do PIB do Brasil vem
dos serviços (compra e venda é menor que prestação de serviços)

CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS X CONTRATO DE TRABALHO:


o regramento e consequências jurídicas são totalmente diferentes
RELAÇÃO DE TRABALHO PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
Subordinação e continuidade Não há hierarquia e tem
- ainda que seja temporário, a relação temporariedade necessária → 4 ANOS
tende a se protrair no tempo
- a lei estipula o prazo máximo de duração desse contrato, que é de 4 anos
Art. 598. A prestação de serviço não se poderá convencionar por mais de
quatro anos, embora o contrato tenha por causa o pagamento de dívida de
quem o presta, ou se destine à execução de certa e determinada obra. Neste
caso, decorridos quatro anos, dar-se-á por findo o contrato, ainda que
não concluída a obra.

PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EMPREITADA


Serviços gerais Tem finalidade específica → execução
A META É A ATIVIDADE de uma obra, criação de algo novo ou
criação técnica, artística ou artesanal
A META É O RESULTADO

CONCEITO
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS é uma atividade humana física ou intelectual,
mediante remuneração, com independência técnica e sem subordinação
Nesse conceito já tem a diferenciação entre a relação de trabalho e prestação
de serviços (o que na prática acaba ficando difícil de diferenciar, por isso
sempre precisamos ver se há subordinação ou uma independência técnica do
prestador)
Definido que é uma prestação de serviços isso afeta primeiramente na
competência de quem vai apreciar aquele contrato (JC x JT); quem é a parte
vulnerável (na relação de trabalho é o empregado e na prestação é o tomador
do serviço)
- ex: bradesco contratou jardineiro para aparar a grama – quem é a parte
vulnerável nessa relação? Ele não foi contratado como empregado do banco,
foi para AQUELE caso, como prestador e, portanto, sem subordinação e com
independência técnica, ele sabe como e o que fazer. Por isso banco é a parte
vulnerável nessa relação

CLASSIFICAÇÃO
A. BILATERAL: ambas as partes têm o dever de prestar
B. ONEROSO: a contraprestação precisa ser em ESPÉCIE (se houver permuta,
vai ser contrato de permuta, com outro regramento)
- é muito importante identificar se é oneroso ou não porque temos contratos
excessivamente oneroso e outros sem onerosidade e isso pode mudar o tipo de
contrato (ex: locação se tirar o aluguel vira comodato)
- isso impacta também na responsabilidade → a responsabilidade por culpa
para ambas as partes ocorre nos contratos bilaterais onerosos, enquanto nos
unilaterais gratuitos só ocorre com dolo
SERVIÇO PÚBLICO NÃO VIRA RELAÇÃO DE CONSUMO POR NÃO SER
REMUNERADO. Há custeio, mas esse custeio é difuso e isso afasta a
identificação de quem está prestando e contraprestando aquele serviço
PESSOAS COM GRATUIDADE DE TRANSPORTE PÚBLICO SÃO
CONSUMIDORES: a gratuidade não faz com que o CDC seja afastado, a
pessoa não está pagando, mas há outra pessoa custeando por trás → o
contrato não é universal e nem gratuito
Art. 596. Não se tendo estipulado, nem chegado a acordo as partes, fixar-se-á
por arbitramento a retribuição, segundo o costume do lugar, o tempo de
serviço e sua qualidade.
- POR QUE O ART. 596 EXISTE? se o contrato é oneroso e exige a
contraprestação, se não fixar a contraprestação, está faltando um elemento
essencial e o juiz pode arbitrar
Art. 597. A retribuição pagar-se-á depois de prestado o serviço, se, por
convenção, ou costume, não houver de ser adiantada, ou paga em prestações
→ COMPENSAÇÃO DA AUSÊNCIA DE HABILITAÇÃO: o CC/02 veio prestigiando
tanto o enriquecimento sem causa e a boa-fé
Art. 606. Se o serviço for prestado por quem não possua título de habilitação,
ou não satisfaça requisitos outros estabelecidos em lei, não poderá quem os
prestou cobrar a retribuição normalmente correspondente ao trabalho
executado. Mas se deste resultar benefício para a outra parte, o juiz atribuirá a
quem o prestou uma compensação razoável, desde que tenha agido com boa-
fé.
* BOA-FÉ DO PRESTADOR + BENEFÍCIO PARA O TOMADOR
Parágrafo único. Não se aplica a segunda parte deste artigo, quando a
proibição da prestação de serviço resultar de LEI DE ORDEM PÚBLICA
- “LEI DE ORDEM PÚBLICA” aqui acabou ficando um conceito aberto, o que
seria? Pablo Stolze abre a discussão de, será que a exigência constitucional de
concurso seria ordem pública? Habilitação da OAB, CRM ou CREA? → é
conceito aberto
C. TEMPORÁRIO: o art. 598 deixa expresso que tem que ter o prazo e a lei
estipula o prazo máximo
Art. 598. A prestação de serviço não se poderá convencionar por MAIS DE
QUATRO ANOS, embora o contrato tenha por causa o pagamento de dívida
de quem o presta, ou se destine à execução de certa e determinada obra.
Neste caso, decorridos quatro anos, dar-se-á por findo o contrato, ainda que
não concluída a obra.
- SE TIVER PRAZO MAIOR O CONTRATO É NULO? Não, só a cláusula
- PODEM RENOVAR. Por isso não é a habitualidade que diferencia a prestação
de serviços do contrato de trabalho (ex: escritório que presta há anos
consultoria jurídica para uma empresa → não é empregado)
PRAZO INDETERMINADO: o Pablo Stolze faz a ressalva de ser possível,
embora o art. 598 imponha o prazo de 04 anos. Mas, sendo de prazo
indeterminado, CABE RESILIÇÃO UNILATERAL, DESDE QUE COM AVISO
PRÉVIO
Art. 600. Não se conta no prazo do contrato o tempo em que o prestador de
serviço, por culpa sua, deixou de servir.
- é óbvio que se o prestador está em mora o tempo não vai contar-se-á
ex: contrato você como meu consultor presencial por 6 meses. Se você fica 6
meses fora do país para tratar de assuntos pessoais não vai contar (foi por
culpa sua), mas se for por questão de saúde, por exemplo, conta

D. PERSONALÍSSIMO: isso é importante para analisar o cumprimento e


descumprimento do contrato
ex: prestação de serviços para o júri → estou sendo processada e procuro um
advogado especializado em júri. Assino procuração para os 15 advogados do
escritório do advogado renomado e eles vão atuando, mas eu queria que
advogado X no plenário (mas não falei isso). No dia do júri, vai outro advogado
da procuração. HOUVE VIOLAÇÃO DO CONTRATO? VIOLOU BOA-FÉ? ESTÃO
EM MORA? Eu assinei a procuração
* aqui precisamos ver o que de fato faz uma pessoa levar a contratar um
advogado para o júri, que é o desempenho em plenário → eles deveriam ter
deixado clara a possibilidade de que estou pagando caro e pode ser que não
seja do Dalendol. Mas como não há essa informação e eu pressuponho que
seria ele, ele estão em mora → MAS APESAR DA MORA, PODE NÃO TER DANO
(ex: pode ganhar mesmo assim o júri)
* não tem relação de consumo entre advogado e cliente
Art. 605. Nem aquele a quem os serviços são prestados, poderá transferir a
outrem o direito aos serviços ajustados, nem o prestador de serviços, sem
aprazimento da outra parte, dar substituto que os preste.
- se houver anuência, pode transferir, pode ser substituído

EXTINÇÃO DO CONTRATO

• EXTINÇÃO NATURAL: conclusão do serviço ou fim do prazo

• CAUSA SUPERVENIENTE:

◦ resilição unilateral

◦ resolução

◦ morte do contratante

◦ força maior ou caso fortuito

Art. 607. O contrato de prestação de serviço acaba com a morte de


qualquer das partes. Termina, ainda, pelo escoamento do prazo, pela
conclusão da obra, pela rescisão do contrato mediante aviso prévio, por
inadimplemento de qualquer das partes ou pela impossibilidade da continuação
do contrato, motivada por força maior.
- a morte gera a extinção desse contrato (mas isso não é em todos os
contratos, ex: contrato de locação residencial urbano continua → princípio da
preservação dos contratos). MAS POR QUE O INTERESSE DO LEGISLADOR EM
MANTER ISSO? Manutenção da atividade comercial, manutenção da empresa
(quando comercial) e dignidade da pessoa humana (quando residencial)
- aqui o legislador extinguiu por conta do aspecto personalíssimo do contrato e
temporário: para não perpetuar no tempo

OBJETO
O objeto do contrato de prestação de serviços é sempre ATIVIDADE HUMANA
LÍCITA: seja manual ou intelectual (o art. 594 fala isso)
A regra é que seja para atividade certa e determinada, mas nada impede que:
Art. 601. Não sendo o prestador de serviço contratado para certo e
determinado trabalho, entender-se-á que se obrigou a todo e qualquer
serviço compatível com as suas forças e condições
- ex: escritório de adv. é contratado para o setor jurídico de uma empresa →
tudo que for inerente a essa atividade vai estar incluído no “pacote”
INDENIZAÇÃO PELA EXTINÇÃO ANTECIPADA
Via de regra o contrato é de prazo determinado (4 anos), mas vimos que pode
ser também por prazo indeterminado. Sendo determinado, há expectativa de
que aquela relação vai durar por certo tempo e, caso haja a resilição unilateral,
terá perdas e danos

ALICIAMENTO DE MÃO DE OBRA


“Art. 608. Aquele que aliciar pessoas obrigadas em contrato escrito a prestar
serviço a outrem pagará a este a importância que ao prestador de serviço, pelo
ajuste desfeito, houvesse de caber durante dois anos”.
- o dono do negócio que perdeu o prestador de serviços pode ser indenizado
por 2 anos, mas isso não ocorre se por exemplo não for serviço exclusivo

EFICÁCIA REAL DO CONTRATO (mesma coisa da locação)


Art. 609. A alienação do prédio agrícola, onde a prestação dos serviços se
opera, não importa a rescisão do contrato, salvo ao prestador opção entre
continuá-lo com o adquirente da propriedade ou com o primitivo contratante.
EFICÁCIA REAL NA LOCAÇÃO EFICÁCIA REAL NA PRESTAÇÃO
- contrato não averbado: não tem
eficácia real e o comprador espera 90 O comprador tem o dever de manter a
dias p/ tirar prestação de serviços e o prestador
- contrato averbado: só tira no final pode optar por continuar com o
da locação comprador ou com o vendedor
* por isso é importante ser de prazo
DETERMINADO + REGISTRADO

LIBERDADE CONTRATUAL E CONSEQUÊNCIAS


O contrato não tem prazo determinado, ele é passível a resolução a qualquer
tempo (lembrando que se não tiver prazo, fica no prazo máximo do art. 596)

Art. 599. Não havendo prazo estipulado, nem se podendo inferir da natureza
do contrato, ou do costume do lugar, qualquer das partes, a seu arbítrio,
mediante prévio aviso, pode resolver o contrato.
Parágrafo único. Dar-se-á o aviso:
I - com antecedência de oito dias, se o salário se houver fixado por tempo de
um mês, ou mais;
II - com antecipação de quatro dias, se o salário se tiver ajustado por semana,
ou quinzena;
III - de véspera, quando se tenha contratado por menos de sete dias.
Art. 601. Não sendo o prestador de serviço contratado para certo e
determinado trabalho, entender-se-á que se obrigou a todo e qualquer serviço
compatível com as suas forças e condições.
Art. 602. O prestador de serviço contratado por tempo certo, ou por obra
determinada, não se pode ausentar, ou despedir, sem justa causa, antes de
preenchido o tempo, ou concluída a obra.
Parágrafo único. Se se despedir sem justa causa, terá direito à retribuição
vencida, mas responderá por perdas e danos. O mesmo dar-se-á, se despedido
por justa causa.
- isso remete ao contrato de trabalho – não vemos isso de justa causa nos
outros contratos
- “SE SE DESPEDIR SEM JUSTA CAUSA”: se descumprir o contrato

SE DESCUMPRIR, VAI RECEBER, MAS PODE INDENIZAR? Sim. E VAI FICAR


SEM SALÁRIO? Aqui não é salário, é contraprestação

RESPONSABILIDADE CONTRATUAL
Art. 603
* é a INDENIZAÇÃO TARIFADA.

ESSA INDENIZAÇÃO PODE SER SUBSTITUÍDA POR UMA CLÁUSULA


PENAL? Sim, é só uma parâmetro mínimo, é uma indenização mínima e as
partes, no âmbito da autonomia privada, podem dispor sobre isso
- lembrando sempre que cláusula penal pode ser reduzida pelo juiz
- ex de cláusula: além da indenização tarifada, vai pagar +10%
- SE FOR VALOR MENOR QUE A METADE: vale a cláusula penal porque as
partes que regularam

PRESTAÇÃO DE SERVIÇO CONSUMERISTA


- aqui temos QUEM É FORNECEDOR E O QUE É SERVIÇO
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação,
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo
as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
O próprio CDC reforça o que o CC fala: não me confundam com relação de
trabalho, sou prestador de serviço e fornecedor de serviço e aqui o vulnerável
é o tomador/consumidor (ex: banco e jardinagem → banco é vulnerável)

SERVIÇOS ADVOCATÍCIOS ENTRAM EM RELAÇÃO DE CONSUMO? Isso é


uma discussão que bate no STJ várias vezes e por isso eles tem decisões
conflitantes. Toda vez que vamos definir se é ou não, precisamos olhar O QUE
É RELAÇÃO DE CONSUMO e QUAL SERVIÇO ESTÁ SENDO PRESTADO
- POR QUE O STJ ENTENDE QUE NÃO É RELAÇÃO DE CONSUMO?
1. Porque eles defendem que nessa relação há aplicação de um
regramento específico e, por isso, não aplicamos o CDC
2. Atividade do advogado não é atividade de simples mercancia → o
regramento da OAB impõe várias regras e restrições (ex: propaganda)
- o prof. discorda: o fato de haver um regramento específico não impede a
aplicação do CDC, isso seria o diálogo das fontes e, além disso, vários
contratos são regulados por lei específica (ex: contrato bancário; locação;
transporte aéreo) e, além disso, há uma série de atividades que tem restrições
* STJ nunca teve dúvida em afirmar que a relação médico x paciente é de
consumo e o médico tem regramento específico e sofre restrições quanto a
mercancia pelo conselho federal, assim como a advocacia
QUAL A CONSEQUÊNCIA DE ENTENDER COMO RELAÇÃO DE CONSUMO?
Responsabilidade objetiva; direito informacional qualificado (que é o caso do
júri); interpretação contratual em favor do consumidor.
SERVIÇOS NOTARIAIS → também é um contrato de prestação de serviços
privado, então aplica o CC, MAS APLICA TAMBÉM O CDC? STJ entendeu que
não (mas há divergência lá dentro)
- prof. aqui também acha que é relação de consumo e não há motivo para
afastar, os fundamentos de afastar são muito fluídos e frágeis

ATIVIDADE NOTARIAL É PRIVADA OU PÚBLICA? O QUE DIZ O ART.


236?
Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado,
por delegação do Poder Público.
- QUAL CARACTERÍSTICA FUNDAMENTAL DA ATIVIDADE PRIVADA? Livre
concorrência. Podemos fazer isso com cartórios? Não, não há livre concorrência
e nem livre iniciativa (são os cartórios já registrados). Não tem nenhum
aspecto de atividade privada, só é privado porque a CF fala isso
- por ser tido como atividade privada, deveria aplicar o CC e CDC, mas o
entendimento é que não aplica o CDC
1ª - Questão:
Severino realizava, sem vínculo empregatício e com remuneração quinzenal, limpeza dos estábulos
do fazendeiro João no interior da Fazenda Cantagalo. Passados dois anos de cumprimento do
referido contrato, João aliena o imóvel para José, mas Severino pretende continuar a realização de
seu serviço. É cabível a pretensão de Severino?
Eficácia real do contrato de prestação de serviço e terreno agricola

2ª - Questão:
Daniel Souza propõe demanda de obrigação de fazer cumulada com pedido de danos morais em
face da Companhia de Águas Nascente. Aduz, em síntese, que mesmo com o pagamento em dia das
contas referentes ao serviço de água prestado pela ré, teve o abastecimento de sua residência
interrompido.
Diante do exposto, requer o demandante que a demandada, no prazo de 24 horas, religue o sistema
de abastecimento para o seu imóvel, bem como seja indenizado pelos danos morais que sofreu em
razão da falta de água em sua residência.
Em defesa, argui a demandada a exceptio non adimpleti contractus, uma vez que, apesar de o
demandante ter pago pelos últimos seis meses de prestação de serviço de abastecimento de água,
encontra-se inadimplente quanto aos meses de janeiro a agosto de 2014, conforme documentos em
anexo. Daí porque ser legítima a interrupção no serviço de água da residência do autor.Decida
fundamentadamente a questão.
* NÃO PODE INTERROMPER POR DÉBITOS PRETÉRITOS, MAS POR QUE? Pode
estar ligado ao dever de mitigar a própria perda → deixou passar e
supostamente concordou com aquilo, foi supressio em relação a coação

CHEQUE PRESCRITO PODE PROTESTAR? Não

CONTRATO DE EMPREITADA
CONCEITO

ATIVIDADE DE EMPREITADA: empreitada nada mais é do que uma


prestação de serviços, mas de grande proporção, ligada a obras
- por mais que a relação na prestação de serviços seja horizontal, o tomador
acaba tendo alguma ingerência, mas quando ela toma uma proporção
relevante, a execução passa a ser absolutamente de responsabilidade do
empreiteiro

PRESTAÇÃO DE SERVIÇO EMPREITADA


É algo pessoal, personalíssimo → Não é personalíssimo → o prestador
contratei aquele PRESTADOR tem maior ingerência

- EMPREITADA É OBRIGAÇÃO ESSENCIALMENTE DE RESULTADO: eu


contrato uma obra e na data X, ela tem que ser entregue. Como ela vai ser
executada e quais profissionais vão atuar não me interessam e eu não decido
isso
Art. 618. Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras CONSTRUÇÕES
CONSIDERÁVEIS, o empreiteiro de materiais e execução responderá, durante
o prazo irredutível de cinco anos, pela solidez e segurança do trabalho, assim
em razão dos materiais, como do solo.
Parágrafo único. Decairá do direito assegurado neste artigo o dono da obra que
não propuser a ação contra o empreiteiro, nos cento e oitenta dias seguintes
ao aparecimento do vício ou defeito.
- QUAL A NATUREZA JURÍDICA DE “CONSTRUÇÕES CONSIDERÁVEIS”?
É um CONCEITO JURÍDICO INDETERMINADO OU CLÁUSULA ABERTA
(isso é uma discussão trazida para o Brasil e ajuda a funcionalização do direito,
direito civil constitucional). Permite a aplicação do direito de forma mais
precisa, mais específica
Os críticos ao direito civil constitucional falam que essas cláusulas abertas
acabam por gerar insegurança jurídica (ex: não consigo saber o que o juiz
considera como sendo construção considerável) → MAS NA VERDADE É O
CONTRÁRIO, O QUE GERA INSEGURANÇA JURÍDICA É A NORMA FECHADA
DEMAIS. A flexibilidade que traz a segurança de um julgamento mais preciso e
justo.
- geralmente vemos essa cláusula aberta nos termos → extremamente,
considerável, manifestamente, excessivamente e o CC/02 traz muitas dessas
cláusulas

COMO ORGANIZAR OS PRAZOS PARA ATRIBUIR RESPONSABILIDADE


AO EMPREITEIRO?
É UMA RELAÇÃO DE CONSUMO: o empreiteiro é um fornecedor de serviço
Art. 618. Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras construções
consideráveis, o empreiteiro de materiais e execução responderá, DURANTE O
PRAZO IRREDUTÍVEL DE CINCO ANOS, pela solidez e segurança do
trabalho, assim em razão dos materiais, como do solo.
Parágrafo único. Decairá do direito assegurado neste artigo o dono da obra que
não propuser a ação contra o empreiteiro, nos cento e oitenta dias seguintes
ao aparecimento do vício ou defeito.
- PRAZO MÍNIMO DE 5 ANOS: é o prazo que ele responde pela solidez e
segurança do trabalho prestado, em razão dos materiais e dolo. PRAZO DE
GARANTIA LEGAL: pode ser aumentado, mas não reduzido

• QUAL A NATUREZA JURÍDICA DESSE PRAZO? Aqui a lei prevê que o


prazo começa a partir do surgimento do vício. STJ entendeu que não é
prescricional e nem decadencial, é um PRAZO DE GARANTIA parecido
com o CDC
* revisão de prazo prescricional e decadencial: COMO SURGEM?

PRESCRICIONAL DECADENCIAL
Surge com a VIOLAÇÃO DO Surge quando a lei ou contrato
DIREITO MATERIAL → surge a estipula o prazo para eu EXERCER
pretensão: poder de exigir o meu AQUELE DIREITO POTESTATIVO
direito
SENTENÇA CONDENATÓRIA CONSTITUTIVA/DESCONSTITUTIVA

• POR SER DIFERENTE, PODE SER SOMADO AO PRESCRICIONAL OU


O DECADENCIAL
◦ ex: celebro contrato de empreitada para construção da minha casa.
Recebo a casa e depois de 2 anos surge um vício estrutural relevante,
um pilar de sustentação parece estar comprometido → a partir do
momento que detectei, posso me valer do prazo decadencial do PU
para reclamar aquele vício → 180 dias)
◦ aqui é decadencial porque a lei me dá um prazo para eu exercer
aquele direito potestativo

- NESSES 5 ANOS, SE VEIO ALGUM “PROBLEMA” → entra o prazo decadencial


de 180 dias/6meses
• PERDI O PRAZO DOS 180 DIAS, PERDI O DIREITO DE RECLAMAR
AQUELE DEFEITO? NÃO! Mas também não é prazo de enfeite, veja:
◦ Se eu reclamo nos 180 dias, tenho PRESUNÇÃO DE CAUSALIDADE:
a construtora TEM que reparar, salvo quando provar que houve
rompimento do nexo de causalidade (ex: provar que bateu um
caminhão)
◦ Depois dos 180 dias: eu perdi a PRESUNÇÃO DE CAUSALIDADE, agora
tenho o ônus de demonstrar que há nexo, que foi causado pela
empreiteira
▪ MAS POR SER RELAÇÃO DE CONSUMO NÃO HAVERIA, PER
SI, INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA? Sim, mas ai precisaria
cumprir os requisitos do CDC, a anterior já é automática
- PRAZO PRESCRICIONAL: não é atingido por esses outros → o prescricional é
o prazo que tenho para pedir INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS
• PRAZO GERAL DO ART. 205: 10 ANOS
• QUANDO COMEÇA? com a ciência daquilo (isso é a lógica da prescrição,
que é a punição para quem não exerce o direito no tempo determinado
→ se eu não sabia, não poderia ser punido)
• Mesmo que a garantia já tenha acabado, eu posso entrar com essa ação

EM RESUMO: TRABALHAMOS COM 3 PRAZOS: PRAZO DE GARANTIA,


PRAZO DE 180 DIAS (DECADENCIAL) E O PRESCRICIONAL

PRAZO DE GARANTIA PRAZO DE 5 ANOS


PRAZO DECADENCIAL PRAZO DE 180 DIAS
PRAZO PRESCRICIONAL PRAZO DE 10 ANOS

QUAIS SÃO OS VÍCIOS QUE O ART. 618 FALA?


• SOLIDEZ

• SEGURANÇA

• USABILIDADE (prof. Cavalieri que inclui esse) – é quando a obra é


entregue sem cumprir a finalidade essencial
ex: contratei para construir uma piscina, mas ela ficou em um local que não
permite o uso → não pega sol ali. Não tem nenhum problema estrutural, o
problema é só na usabilidade
CONTRATO DE INCORPORAÇÃO
QUAL A DIFERENÇA ENTRE O EMPREITEIRO E O INCORPORADOR?
Ambos são prestadores, mas a função dele é maior: é a PJ encarregada de
reunir todos os contratos que vão desaguar na entrega do resultado (é
responsável pelo financiamento, publicidade, captação de clientes, contratação
de empreitero) – é o grande administrador de um empreendimento imobilário
* a responsabilidade dele está relacionada a todas as atividades da
incorporação, de todos os contratos → RESPONSÁVEL GERAL PELO
EMPREENDIMENTO
* a incorporadora pode ser ou não a empreiteira

EMPREITEIRO INCORPORADOR
Não é necessariamente ligado ao Previsto na lei de condomínios e a
empreendimento imobiliário → é uma função é a mais ampla: é o grande
peça do jogo do incorporador administrador de empreendimento
imobiliário

- QUAL A OBRIGAÇÃO PREVISTA EM LEI QUE VINCULA A


INCORPORADORA? Toda incorporadora precisa formar um fundo de garantia
ou fundo de afetação para o empreendimento → tem que ter um fundo
separado, reservado para garantir a obra. QUEM FORMA ESSE FUNDO? A
incorporadora. Isso é a garantia da obra
- E SE A INCORPORADORA FALIR? Os adquirentes podem formar a
ASSOCIAÇÃO DOS ADQUIRENTES e usar o fundo de garantia para continuar a
obra com outro incorporador, por isso o fundo não pertence ao incorporador,
ele é mero gestor (isso não impede que venha a ter fraude, mas a lei tenta
proteger e preservar ao máximo)

VOLTANDO AO INÍCIO: O CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS É


DE DENSIDADE SOCIAL E O DE INCORPORAÇÃO É MAIS AINDA. O único
perigo aqui é o legislador proteger demais e criar uma série de
regras/entraves, dificultando o negócio (foi o que aconteceu com a locação,
dificultando muito o locador a “pegar o imóvel”
- aqui essa responsabilidade muito grande do incorporador acaba encarecendo
a atividade

→ Quando viam que a construção não ia para frente, começavam a desistir do


contrato: STJ entendia que, com base no art. 53 do CDC, eles podiam reter no
máximo 75%
Art. 53. Nos contratos de compra e venda de móveis ou imóveis mediante pagamento em
prestações, bem como nas alienações fiduciárias em garantia, consideram-se nulas de
pleno direito as cláusulas que estabeleçam a perda total das prestações pagas em
benefício do credor que, em razão do inadimplemento, pleitear a resolução do contrato e
a retomada do produto alienado.
§ 2º Nos contratos do sistema de consórcio de produtos duráveis, a compensação ou a
restituição das parcelas quitadas, na forma deste artigo, terá descontada, além da
vantagem econômica auferida com a fruição, os prejuízos que o desistente ou
inadimplente causar ao grupo.
§ 3° Os contratos de que trata o caput deste artigo serão expressos em moeda corrente
nacional.

- o consumidor não pode perder 50% do que investiu → então a incorporadora


tem que devolver 75% do que o consumidor pagou → mas com isso a
incorporador não conseguia concluir a obra para quem não desistiu do contrato
→ COMO FICOU ESSA SITUAÇÃO? A jurisprudência começou a fazer distinção
entre consumidor e investidor → QUAL A DISTINÇÃO? A pessoa, que comprou
por exemplo 6 imóveis, não é consumidora e sim investidora e não teria essa
restituição total de 75% e sim pro rata (50%). Em 2018 foram tantas ações
que surgiu a LEI QUE REGULAMENTA ISSO (13.786) determinando que a
restituição para qualquer caso passa a ser de 50%.
• Para os contratos anteriores da lei → aplica o CDC, podendo fazer distinção
entre consumidor e investidor
• Para consumidores depois da lei → tem a regra legal de restituição

O QUE DIZ A LEI DO BEM DE FAMÍLIA? Não posso penhorar o bem de família.
Pelo direito civil constitucional conseguimos identificar o fundamento para essa
norma? Não, a CF não garante o direito a ter uma propriedade
* o prof. critica um pouco essa interferência

CONTRATO DE SEGURO
- também é um CONTRATO DE DENSIDADE SOCIAL e por isso temos um
grande dirigismo contratual: art. 757 do CC; DL 73/66, SUSEP E CDC
CONCEITO
Art. 757. Pelo contrato de seguro, o segurador se obriga, mediante o
pagamento do prêmio, a garantir interesse legítimo do segurado, relativo a
pessoa ou a coisa, contra riscos predeterminados.
Parágrafo único. Somente pode ser parte, no contrato de seguro, como
segurador, entidade para tal fim legalmente autorizada.
ELEMENTOS:
É preciso que haja INTERESSE LEGÍTIMO (sob pena de o contrato ter vício
de objeto e ser nulo): é o bem sobre o qual recai a garantia
COMO É CALCULADO ESSE RISCO SOBRE O INTERESSE? Através de
informações que são trocadas entre o segurador e segurado → o quanto vale o
risco (ex: seguro de carro = quem vai dirigir, cidade onde mora etc)
• RISCO PRÉ-DETERMINADO: é o antecipado

• RISCO CONCRETIZADO: sinistro

Art. 764. Salvo disposição especial, o fato de se não ter verificado o risco, em
previsão do qual se faz o seguro, não exime o segurado de pagar o prêmio.
PRÊMIO: é o valor a ser pago pelo segurado para que a seguradora, em tese,
garantir o risco (basta garantir o risco para cumprir a obrigação)

CONTRAPRESTAÇÃO E NÃO INDENIZAÇÃO:


Art. 781. A indenização não pode ultrapassar o valor do interesse segurado no
momento do sinistro, e, em hipótese alguma, o limite máximo da garantia
fixado na apólice, salvo em caso de mora do segurador.
- POR QUE? Porque o contrato de seguro não é contrato de investimento, é
garantir o interesse legítimo para as hipoteses previstas na apólice
- O QUE SIGNIFICA INDENIZAR ALGUÉM? Tornar alguém sem dano e devolver
o prejuízo dela integral. MAS HÁ CASOS EM QUE A INDENIZAÇÃO NÃO
SERÁ DO PREJUÍZO TOTAL (que é exceção a regra)
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa
e o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização.
ex: alguém acende um cigarro aqui na EMERJ e joga na janela, cai na
tubulação e causa um incêndio matando todo mundo. QUAL O VALOR DO
DANO? QUAL O TAMANHO DA CULPA? Aqui há uma desproporção entre a culpa
e o dano. Ele foi imprudente, mas não quis isso → a lei autoriza que o juiz
reduza
• HÁ OUTRAS EXCEÇÕES? Sim – o CDC prevê outra no art. 51

Voltando ao caso do seguro. QUANDO O SINISTRO OCORRE HÁ DE FATO UMA


INDENIZAÇÃO? ELA TORNA O SEGURADO INDENE? Não, ela tem obrigação de
pagar aquilo que está previsto na apólice
QUAL A NATUREZA JURÍDICA DESSA “INDENIZAÇÃO”? É UMA
CONTRAPRESTAÇÃO CONTRATUAL

PRINCÍPIOS
1. PRINCÍPIO DA MUTUALIDADE: há formação de um fundo mutuário que
vai proceder a análise do sinistro
- o segurado vai pagar o FUNDO SECURITÁRIO, a seguradora é gestora desse
fundo. COMO ELA SE REMUNERA? Através de uma comissão que ela cobra pela
gestão desse fundo
- esses pagamentos indenizatórios não saem do bolso da seguradora (ela é
gestora desse fundo), sai do fundo
- há necessidade de a gestora PROCEDER A ANÁLISE DO SINISTRO
* ex: meu carro foi furtado. Comunico a seguradora e ela vai ser chata: a
função dela é gerir o fundo, se ela faz um pagamento que não tem conexão
com apólice e sem investigação devida o dinheiro vai ter que sair dela, ela vai
ter que “ressarcir” o fundo ou até perder a gestão do fundo

obs: nos planos de saúde há uma confusão entre a atividade do segurado e


prestadores de serviço
CLASSIFICAÇÃO
1. BILATERAL E ONEROSO: há o pagamento do prêmio pelo segurado e a
garantia pela seguradora
Art. 764. Salvo disposição especial, o fato de se não ter verificado o risco, em
previsão do qual se faz o seguro, não exime o segurado de pagar o prêmio.
2. ALEATÓRIO: incerteza quanto a ocorrência do sinistro (sob pena de
configurar crime do art. 171 do CP)
- é importante que a implementação do risco tenha ocorrido DE FORMA
ABSOLUTAMENTE ESPONTÂNEA: qualquer interferência pode gerar a
rescisão do contrato → é a ESPONTANEIDADE DO SINISTRO
3. CONSENSUAL
- ex: fiz sinal para o ônibus parar e ele não parou e sujou minha roupa →
inadimplemento contratual porque o fato de eu ter dado o “aceite”

CONTRATO CONSENSUAL CONTRATO FORMAL/REAL


Basta a manifestação de vontade para Precisa da tradição para que o
formar o contrato contrato de aperfeiçoe

- REVISÃO DAS FORMAS DE MANIFESTAÇÃO DE VONTADE


a. expressa
b. tácita: o comportamento implica o aceite
c. presumido: é o silêncio – que em alguns casos pode implicar o aceite

4. CONTRATO FORMAL: é um contrato de grande densidade social

Art. 759. A emissão da apólice deverá ser precedida de proposta escrita com
a declaração dos elementos essenciais do interesse a ser garantido e do risco.

Art. 760. A apólice ou o bilhete de seguro serão nominativos, à ordem ou ao


portador, e mencionarão os riscos assumidos, o início e o fim de sua validade,
o limite da garantia e o prêmio devido, e, quando for o caso, o nome do
segurado e o do beneficiário.

5. CONTRATO DE ADESÃO: quem propõe o seguro é o segurado (ex: eu


pergunto se ele tem interesse em segurar minha vida, garantir o meu risco) e
a seguradora é a aceitante
- é um contrato de adesão diferente porque aqui quem adere é o que propôs
- todo contrato de adesão pressupõe uma interpretação favorável ao aderente
Art. 423 e 424
6. EXECUÇÃO CONTINUADA: a garantia pressupõe um lapso temporal
- QUAL SERIA ESSE LAPSO TEMPORAL MÍNIMO? É o que a seguradora vai
entender razoavel para garantir o risco e se remunerar
ex: não posso fazer um seguro para uma ida ao centro, por exemplo

BOA-FÉ QUALIFICADA
A boa-fé aqui ganha uma relevância maior e por isso é chamada de boa-fé
qualificada. POR QUE ISSO? Em razão de 2 situações que geram o
desequilíbrio do contrato
INFORMAÇÃO IMPRECISA NO MOMENTO DA CONTRATAÇÃO
AGRAVAMENTO DO RISCO

Art. 765. O segurado e o segurador são obrigados a guardar na


conclusão e na execução do contrato, a mais estrita boa-fé e veracidade, tanto
a respeito do objeto como das circunstâncias e declarações a ele concernentes.
- se já tem o art. 422, por que aqui fala de novo em boa-fé? Para reforçar a
boa-fé qualificada e o que seria qualificado? É cláusula aberta

A. INFORMAÇÃO IMPRECISA – é preciso uma informação precisa, risco bem


qualificado. São as informações que vão alimentar o contrato e equilibrar

Art. 766. Se o segurado, por si ou por seu representante, fizer DECLARAÇÕES


INEXATAS OU OMITIR CIRCUNSTÂNCIAS QUE POSSAM INFLUIR NA
ACEITAÇÃO DA PROPOSTA OU NA TAXA DO PRÊMIO, perderá o direito à
garantia, além de ficar obrigado ao prêmio vencido.
- o contrato acaba, cobertura acaba e ele precisa continuar pagando

Parágrafo único. Se a inexatidão ou omissão nas declarações não resultar de


má-fé do segurado, o segurador terá direito a resolver o contrato, ou a cobrar,
mesmo após o sinistro, a diferença do prêmio.
* E SE e ele não sabia e não teve culpa que aquela informação era relevante?
Mesmo assim é preciso do equilíbrio do contrato e ele pode ser resolvido ou
cobrar a diferença
B. AGRAVAMENTO DO RISCO – isso tira o equilíbrio pleno e não pode ser
agravada intencionalmente
ex: paro o meu carro na garagem e perco a garagem, começo a parar na rua
→ isso é um fato relevante que agrava o risco e a seguradora pode se valer
disso para não pagar uma indenização
Art. 768. O segurado perderá o direito à garantia se agravar
intencionalmente o risco objeto do contrato.
Art. 769. O segurado é obrigado a comunicar ao segurador, logo que saiba,
todo incidente suscetível de AGRAVAR CONSIDERAVELMENTE o risco
coberto, sob pena de perder o direito à garantia, se provar que
silenciou de má-fé.
- AGRAVAR CONSIDERAVELMENTE: conceito jurídico indeterminado
- ex: me mudei de Além para o Rio e isso pode desequilibrar o binômio RISCO
X PRÊMIO → se acontecer alguma coisa, eles podem não me cobrir
- SE NÃO COMUNICA: violação da boa-fé qualificada
§1º O segurador, desde que o faça nos quinze dias seguintes ao recebimento
do aviso da agravação do risco sem culpa do segurado, poderá dar-lhe ciência,
por escrito, de sua decisão de resolver o contrato.
§2ºA resolução só será eficaz trinta dias após a notificação, devendo ser
restituída pelo segurador a diferença do prêmio.
São 2 situações:
PERCEBE E COMUNICA PERCEBE E NÃO COMUNICA
Não tem responsabilidade contratual e a Pode perder a garantia
seguradora tem direito de resolver o
contrato
- espera 30 dias
- indeniza a diferença do prêmio: ele
pagou o prêmio proporcional a cobertura
por X tempo

→ ALGUMAS SITUAÇÕES EM QUE A JURISPRUDÊNCIA ANALISA SE É


RELEVANTE OU NÃO

1. EMPRÉSTIMO DO VEÍCULO A OUTRA PESSOA: STJ entendeu que não


perde a garantia
1. O mero empréstimo do veículo a terceiro, sem a ciência
de que viria ele a conduzir embriagado, não configura, por
si só, o agravamento intencional do risco por parte do
segurado apto a afastar a cobertura securitária. 2. Os
valores da cobertura de seguro de vida devem ser acrescidos de
correção monetária a partir da data em que celebrado o contrato
entre as partes. Precedentes. 3. Os juros de mora devem fluir a
partir da citação, na base de 0,5% ao mês, até a entrada em
vigor do novo Código Civil (11.1.2003) e, a partir daí, nos termos
de seu art. 406. 4. Recurso especial provido.
- a mulher emprestou o carro para o noivo e ele dirigiu embriagado
2. SEGURADOR QUE NÃO EXIGIU EXAMES MÉDICOS PARA VERIFICAR
DOENÇA PREEXISTENTE
Doença preexistente: o segurado precisa informar a seguradora toda doença
que ele SABE que tem, mas isso está associado a questão de ter sido
perguntado → a seguradora precisa obter as informações e fazer os exames
básicos de “verificação”

RESP 1062383/RS: transfere para seguradora a responsabilidade de obter as


informações → o segurado é leigo e não sabe o que tem que informar. A
seguradora tem que perguntar e, além disso, exigir exame médico para
comprovar, mas ao mesmo tempo pedir para fazer um checkup completo
acaba encarecendo o serviço. COMO FICA ENTÃO? Ela tem que fazer
perguntas, buscar informação precisa e os exames podem ser básicos

RESP 765471-RS: doença preexistente não informada no momento da


contratação NÃO exime a seguradora de honrar sua obrigação se o óbito
decorrer de causa diversa da doença omitida → BOA-FÉ CAUSAL
ex: eles me perguntaram se tenho câncer e falo que não, mas eu sabia que
tinha. 2 meses depois, eu tenho uma complicação e morro → não cobre
ex²: sofri acidente, fico internada e morro → eles cobrem porque não tem a
ver com aquilo que eu omiti

Obs.: SEGURO É UM FUNDO MUTUÁRIO ADMINISTRADO PELA SEGURADORA!

CABE ENTRAR COM UMA AÇÃO CONTRA A SEGURADORA POR VÍCIO NO


SEGURO MÉDICO? Ex: médico atrasou e eu morri
GUSTAVO TEPEDINO: não, precisamos ver se há conduta contributiva
e aqui o serviço estava disponível, o médico que falhou e a responsabilidade
será exclusiva dele ou do hospital
STJ: todos os fornecedores que integram a cadeia de consumo são
solidários e corresponsáveis → então a seguradora responde e depois vai
atrás, com direito de regresso, do médico ou do hospital

Art. 763. Não terá direito a indenização o segurado que estiver em mora no
pagamento do prêmio, se ocorrer o sinistro antes de sua purgação
- COMO DEVE SER INTERPRETADO O ART. 763? se for uma mora pontual,
simples atraso, não tem problema, recebe a indenização (que pode inclusive
ser compensada com o valor em aberto) → tem boa-fé qualificada. Mas se for
uma mora habitual, pode perder
RESP 986747/RN

RESP 602397: é nula, por expressa previsão legal, e em razão de sua


abusividade, a cláusula inserida em contrato de plano de saúde que permite a
sua rescisão unilateral pela seguradora, sob simples alegação de inviabilidade
da manutenção da avença → se agora não é mais conveniente para seguradora
continuar com aquele contrato, não pode mais rescindir

RESP 1.119.370/PE e RESP 531370/SP: após término do contrato coletivo, o


consumidor não tem direito de manter o mesmo plano de saúde, pagando o
mesmo prêmio que era pago quando do tratamento coletivo. Por sua vez, se o
aposentado ou o empregado desligado por rescisão ou exoneração do contrato
de trabalho arcar com o pagamento integral, poderá se manter no plano nas
mesmas condições
- aqui ele pagava menos (completava) = se ele pagar tudo, pode continuar

RESP 1144840/SP: a operadora tem o dever de informar individualmente a


cada associado o descredenciamento de médicos e hospitais, pode
descredenciar, mas isso não pode comprometer o atendimento do segurador
ex: único hospital no RJ que fazia o tratamento X, não tem outro para
substituir → ENTÃO NESSE CASO É DEVER DA SEGURADORA CUSTEAR O
TRATAMENTO NO HOSPITAL

ESPÉCIES DE SEGURO
- tenho basicamente 2 naturezas: SEGURO DE DANO x SEGURO PESSOAL

1. SEGURO DE DANO (incêndios, roubos, acidentes) e subdivide em 2

A. STRICTU SENSU: a seguradora garante os danos que terceiros


causarem (seguro de terceiro)
▪ A seguradora vai se SUB-ROGAR nos poderes do segurado para
entrar com pedido de ressarcimento contra o terceiro. POR QUE
ELA TEM ESSA PREOCUPAÇÃO? Ela tem que repor o fundo
▪ POR QUE NEM SEMPRE ELA REGRESSA? Pode calcular custo x
benefício e preferir não entrar

B. RESPONSABILIDADE CIVIL: garante os danos que eu causei

- TERMO INICIAL DA PRESCRIÇÃO

Art. 206. Prescreve:


§ 1o Em um ano:
II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele,
contado o prazo:

a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em


que é citado para responder à ação de indenização proposta pelo terceiro
prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência do segurador;
- enquanto não for citado não corre prescrição

b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão;


- quando o segurado sofre o dano causado por terceiro (seguro strictu sensu)
obs.: não é da ciência do fato gerador
- a violação do direito material É A PARTIR DA NEGATIVA DA
SEGURADORA EM COBRIR O PREJUÍZO (e não de quando o carro bateu no
meu, por exemplo) e a recusa pode ser tácita (ex: quando não me respondeu)

- APLICO ESSE ART. 206 OU O ART. 27 DO CDC? O CDC não se adequa


aqui, ele regula o fato do serviço e do produto (é o que decorre do vício e não
do vício em si)
* SE EU TIVER DISCUTINDO UM DESDOBRAMENTO: 5 ANOS DO CDC
* VÍCIO DO SERVIÇO EM SI: indenização – é o que o contrato prevê =
aplica o art. 206 do CC

Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos


danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na
Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir
do conhecimento do dano e de sua autoria.

- MAS A JURISPRUDÊNCIA TEM SIDO PRÓ-CONSUMIDOR E APLICA O CDC – 5


ANOS. Hoje no TJRJ aplica o CDC, mas há posição em contrário de aplicar 1
ano (na prova do concurso colocar as 2, ou na dúvida, ir pró-consumidor)
- livro tem isso

§ 3o Em três anos:
IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro
prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório.

2. SEGURO DE DANO
- seguro é garantia de risco, não é investimento e por isso não pode receber
mais do que foi combinado na aposta

Art. 778. Nos seguros de dano, a garantia prometida não pode ultrapassar o
valor do interesse segurado no momento da conclusão do contrato, sob pena
do disposto no art. 766, e sem prejuízo da ação penal que no caso couber.
Seguro de responsabilidade civil é aquele que o segurado causa dano a um
terceiro → O TERCEIRO PODE ACIONAR DIRETO A SEGURADORA? Ele
não tem relação contratual com ela e nem extracontratual (não foi ela que
bateu nele): STJ entendeu que ele é beneficiário indireto e ele pode acionar
ela, DESDE QUE EM LITISCONSÓRCIO COMIGO
* é LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO (ex: se não me incluir no polo
passivo o juiz vai mandar emendar em 15 dias sob pena de inépcia)

QUAL O LIMITE DA RESPONSABILIDADE DA SEGURADORA? Até o limite da


apólice

2. SEGURO PESSOAL (vida, integridade física) E SOCIAIS (sistema


previdenciário e acidentário)
- garantia ilimitada (diferente do seguro de dano, que é no valor do bem)
Art. 789. Nos seguros de pessoas, o capital segurado é livremente
estipulado pelo proponente, que pode contratar mais de um seguro sobre o
mesmo interesse, com o mesmo ou diversos seguradores.

- aqui não há sub-rogação da seguradora: ela paga quando há o sinistro e não


se sub-roga para entrar com ação contra ninguém

POSSO CONTRATAR MAIS DE 1 SEGURO PARA O CARRO? Sim, desde que


até o valor do bem → mas isso não se aplica ao seguro pessoal, que posso
contratar quantos e do valor que eu quiser (ex: Cláudia Raia fez seguro das
pernas dela)

Tem que interpretar a luz da boa-fé causal (ex: a pessoa era cardiaca e
esquiava, fez salto, infartou e morreu) → tribunal indenizou porque ele não era
proibido de esquiar

SÚMULA 610 DO STJ:


Se o segurado se suicida nos 2 primeiros anos após a celebração do contrato
não tem direito a indenização. Depois disso passa a ter
* ver isso no livro

COSEGURO X RETROSEGURO

COSEGURO: fazer contrato de seguro sobre o mesmo objeto com várias


seguradoras (isso dilui o risco entre as seguradoras)
Art. 761

RETROSEGURO: a relação entre segurado e seguradora é uma só, mas o risco


é tão alto para seguradora que a SEGURADORA FAZ UM SEGURO PARA ELA
* é o seguro da seguradora
HÁ RELAÇÃO JURÍDICA DIRETA ENTRE A SEGURADA E A RESEGURADORA?
Não, é exclusivo
A SEGURADORA E A RESEGURADORA → é contrato de seguro, mas não vai
aplicar o CDC

1ª - Questão:
Paulo, que é beneficiário do seguro de vida deixado por seu pai, teve recusado o pagamento do
benefício pela seguradora sob o fundamento de que a morte do segurado se deu exclusivamente
pelo fato de o mesmo conduzir comprovadamente veículo automotor sob o efeito de álcool.
Argumentou a seguradora que o ato unilateral do segurado agravou por si só o evento morte, e
assim sendo, a recusa do pagamento do benefício é plenamente justificável. Alegou ainda que não
deve suportar riscos decorrentes de situações ou fatos que não foram esclarecidos à época da
proposta, sob pena de restar prejudicada a bilateralidade do contrato, consubstanciada na necessária
proporcionalidade que deve existir entre as obrigações contratuais assumidas por segurado e
seguradora.
Assiste razão a seguradora? Responda fundamentadamente o questionamento.
* é vedada a exclusão de cobertura de seguro de vida em razão de embriaguez
do segurado

2ª - Questão:
Madeireira Ramones propõe demanda de cobrança de indenização securitária em face de Pistons
Seguros. A autora aduz, em síntese, que seu estabelecimento comercial, bem como todo o seu
estoque de mercadorias, foi destruído em razão de um incêndio involuntário ocorrido no local.
Sustenta que, segundo dispõe o artigo 788 do Código Civil, a empresa deveria ser indenizada em R$
2.000.000,00 (dois milhões de reais) pelos danos verificados no edifício e no estoque (perda total),
pois, além de serem os valores acordados na apólice no momento da contratação do seguro de
danos, esses valores serviram de base para o pagamento do prêmio pela empresa autora, todavia a
empresa ré se recusou a proceder ao pagamento.
Em contestação, a seguradora alega que o valor da indenização deve ser limitado ao prejuízo
efetivamente comprovado pela segurada. Assim sendo, não há justificativa para que seja fixada
indenização no montante da apólice apenas porque verificada a destruição total do imóvel e das
mercadorias nele estocadas.
Pelas provas produzidas nos autos, restou apurado que, no momento do sinistro, o estabelecimento e
o estoque de madeiras estavam avaliados em R$ 1.800,000,00 (um milhão e duzentos mil reais).
Decida fundamentadamente a questão.
* é o limite da apólice

1ª - Questão:
Carlos firma contrato de mútuo feneratício com a Instituição Financeira Bola de Neve, na qual
prevê o empréstimo de R$ 10.000,00, para serem pagos em 60 meses, com juros compensatórios de
10% ao mês e capitalização mensal dos aludidos juros durante todo o período contratual.
Diante dos princípios que cercam o ordenamento jurídico nacional, bem como diante do que
dispõem os artigos 591 e 406, ambos do Código Civil, bem como as normas de proteção previstas
no Código de Defesa do Consumidor, poderia Carlos se opor ao montante e a forma dos juros
cobrados pelo empréstimo do dinheiro?
Responda, fundamentadamente, a questão.
2ª - Questão:
Paulo propõe demanda indenizatória em face de Banco Piloto. Aduz, em síntese, que em 2015
firmou contrato de alienação fiduciária em garantia com a empresa ré para a aquisição de veículo
automotor usado. Todavia, além da taxa de juros cobrada pela instituição financeira para a execução
do contrato, foram ainda cobradas pela mesma tarifas abusivas, que tinham por finalidade
unicamente compensar uma redução "artificial" das taxas de juros nominais praticadas. O autor
sustenta que existe uma tendência no mercado fornecedor de se reduzir as taxas de juros nominais, e
compensar essa redução mediante a elevação excessiva do valor das tarifas por serviços, que
inclusive sequer foram prestados pelo banco réu. Desta forma, entende o demandante que devem ser
declaradas nulas as cláusulas contratuais que fazem referências às tarifas por "despesas com
serviços de terceiro", "comissão do correspondente bancário", " despesas de registro do contrato" e
por fim "tarifa de avaliação do bem".
Em defesa, a instituição financeira aduz que as tarifas cobradas estão de acordo com a regulação
bancária, composta por normas do Conselho Monetário Nacional, expedidas com base no art. 4º da
Lei 4.595/1964.
Quanto às provas, a instituição bancária não demonstrou quais serviços foram realizados por
terceiros; confirmou que o correspondente bancário era preposto do próprio banco; comprovou que
o contrato firmado com o autor foi registrado no órgão competente; e não apresentou laudo de
avaliação do bem e que na verdade os valores de aquisição foram propostos pela agência de
automóveis que anunciou o veículo.
As tarifas/despesas questionadas nos presentes autos, em que o valor financiado foi de R$
22.000,00, foram as seguintes: (a) serviço prestado por terceiros: R$ 1.888,40; (b) registro do
contrato/gravame: R$ 87,17; (c) tarifa de avaliação do veículo usado: R$ 195,00; e (d) comissão do
correspondente bancário: R$ 1.100,00.
Decida fundamentadamente a questão.
Resposta:

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