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Autodeterminação do indivíduo:
Limitador da autonomia privada pelo Estado, com vistas à supremacia da ordem pública,
geralmente externado através das leis. Ex.: Leis trabalhistas; contratos de consumo; revisão
judicial. A liberdade de contratar também resta limitada pelo Estado, em relação à contratação
de serviços públicos essenciais tais como energia elétrica e água/esgoto.
O contrato faz lei entre as partes. Conforme já visto, o contrato é considerado uma fonte
das obrigações justamente pela força obrigatória que lhe é atribuída, criando direitos e deveres
entre as partes, que poderão ser exigidos. Cria-se um microssistema de normas afetas somente
aos pactuantes. Porém, como exceção, pode haver previsão em favor de terceiro, por exemplo,
o seguro com cobertura de danos a terceiros.
Embora a força obrigatória seja a regra, poderá ser flexibilizada em situações específicas,
como ocorre com a revisão contratual: (rebus sic stantibus)
CC- Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre
o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido
da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação.
CC - Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato.
O princípio da boa-fé irradia-se por todo o ordenamento jurídico, guarda relação íntima
com o que é lícito, com o agir pautado pela ética. A boa fé como princípio contratual é objetiva,
por ser alusiva a um padrão comportamental a ser seguido baseado na lealdade, impedindo o
exercício abusivo de direito por parte dos contratantes no cumprimento da obrigação principal
e dos deveres anexos, tais como de informar, de colaborar e de atuação diligente.
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do
lugar de sua celebração. (...)
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons
costumes.
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como
em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.
• Princípio do Consensualismo
Tem como objetivo esclarecer a exigência do acordo mútuo para a perfeita formação do
contrato, isto é, o contrato exige o consenso das partes, ou ainda, o contrato sustenta-se no
acordo de vontade das partes. E deve observar esse consenso mútuo para que seja válido.
Fases contratuais
1) FASE PRÉ-CONTRATUAL
Segundo Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho, <o nascimento de um contrato segue
um verdadeiro iter ou processo de formação=.
É a fase das tratativas iniciais, em que os negociantes estabelecem expectativas para a formação
de um eventual contrato.
Apesar de não ter sido disciplinada expressamente no CC, esta fase é tutelada pelo Direito, pois
as expectativas são protegidas juridicamente, em razão do princípio da boa-fé, que produz
efeitos mesmo antes da formação dos contratos.
A proposta também compõe esta fase, cabendo referir que ela tem força vinculante (força
obrigatória), obrigando o proponente a cumpri-la, caso se recuse, podendo ser compelido pela
via judicial.
2) FASE CONTRATUAL
Com o ato de aceitação é que se inicia o contrato (fase contratual propriamente dita).
3) FASE PÓS-CONTRATUAL
Quanto à forma:
• SOLENES - quando a lei prescreve forma especial para sua celebração. Exemplo: compra e
venda imobiliária necessita de escritura pública e assento no registro de imóveis.
• REAIS - somente se aperfeiçoam com a entrega da coisa. Exemplo: mútuo, penhor, comodato.
• Quanto à designação:
• INOMINADOS: afastam-se dos modelos legais por serem atípicos e não disciplinados ou
regulamentados, mas cuja possibilidade de criação está prevista no art. 425 do CC:
Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste
Código.
• NOMINADOS: são contratos típicos; são aqueles que possuem denominação legal , obedecem
a um padrão definido e regulado em lei.
• Quanto ao agente:
• IMPESSOAL COLETIVO: são contratos que envolvem várias pessoas, como as convenções
coletivas de trabalho.
Quanto à autonomia:
•CONTRATO PRINCIPAL: aquele que pode existir independentemente de qualquer outro. Ex.:
empréstimo.
•CONTRATO ACESSÓRIO: aquele que tem por finalidade assegurar o cumprimento de outro
contrato, denominado principal, sendo garantia ou complementação deste. Ex.: fiança.
CC Art. 818. Pelo contrato de fiança, uma pessoa garante satisfazer ao credor uma obrigação
assumida pelo devedor, caso este não a cumpra.
CC - Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios
ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.
Pelo Código Civil são garantidas duas opções ao comprador: ele pode não aceitar a coisa,
recobrando o valor ou pleitear o valor da diminuição da coisa adquirida. Pode haver perdas e
danos se houver má-fé do alienante (art. 443).
O Prazo para reclamar dos vícios redibitórios é de 30 dias bens móveis ou 1 ano para bens
imóveis da entrega efetiva. A exceção ocorre quando o comprador só puder conhecer do vício
mais tarde, quando o prazo passa para 180 dias para bens móveis e 1 ano para imóveis contados
da ciência do vício.
O CDC estabeleceu o prazo de 30 dias para que o consumidor reclame contra vícios aparentes
ou de fácil constatação, quando se tratar de fornecimento de serviço ou produto não durável, e
o prazo de 90 dias se o serviço se relacionar com o produto durável conforme art. 26.
Pelo art. 18, caso não seja possível o conserto do bem defeituoso no prazo de 30 dias, o
consumidor poderá escolher três caminhos: (a) trocar a coisa por outra da mesma espécie e em
perfeitas condições de uso; (b) a restituição imediata do valor que pagou, corrigido
monetariamente, sem prejuízo de eventuais perdas e danos que o consumidor venha a sofrer;
(c) o abatimento proporcional no preço.
ERRO ESSENCIAL X VÍCIO REDIBITÓRIO.
CC -Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem
de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das
circunstâncias do negócio.
EVICÇÃO:
É a perda da coisa (posse ou propriedade) para seu legítimo dono, fundada em motivo jurídico
anterior, que a confere a outrem, seu verdadeiro dono, e o reconhecimento em juízo da
existência de ônus sobre a mesma coisa, não denunciado oportunamente no contrato.
A evicção poderá ser TOTAL ou PARCIAL: a evicção parcial pode referir-se à parte de um todo,
por exemplo, o adquirente de um imóvel rural perde para o terceiro parte dele.
Os personagens da evicção são: o alienante, que transfere o domínio do bem por meio oneroso;
o evicto, que perde o bem e que tem o direito de pleitear reparação do alienante, e o evictor, o
verdadeiro dono do bem que recupera sua coisa.
Diferentemente do vício redibitório, na evicção o defeito não está na coisa, e sim na titularidade
dela.
Vale dizer, no mais, que a evicção subsiste mesmo que a aquisição tenha ocorrido em hasta
pública.
Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do
preço ou das quantias que pagou:
II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da
evicção; III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.
Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em
que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial.