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Curso de Direito

Disciplina: Direito Civil – Contratos

Professora: Veridiana Toczeki Santos

Acadêmicos: Carla Eduarda Rocha de Oliveira, Fernando Júnio Tuler Cancella, Pierry
Blumer Lopes, Sabrina Stephanie Schmitt e Valentina Mafessoni.

1. O princípio da autonomia da vontade preceitua que a principal obrigação


contratual é a vontade das partes, ou seja, as pessoas possuem o poder de praticar atos e
assumir obrigações conforme sua vontade própria. Entretanto, essa liberdade conferida aos
indivíduos de exercitarem suas pretensões traz consigo limitações estabelecidas por lei em
favor da organização do Estado, deste modo:

A liberdade das partes para negociar, celebrando contratos, nominados ou


inominados, sem qualquer intervenção governamental. Essa autonomia, porém,
não é absoluta, esbarrando nos limites da ordem pública, uma vez que não se
pode conferir às partes liberdade para confrontarem o Estado de Direito. Além
disso, é necessário que se respeitem a moral e os bons costumes. (GONÇ ALVES,
2011).

Por conseguinte, entende-se que as partes são livres para contratar, desde que as
estipulações contratuais não violem a ordem pública.

2. Pacta Sunt Servanda é o termo em latim para esse princípio que significa
“os pactos devem ser cumpridos”, isto é, quando há um acordo aceito entre duas partes é
dever dos celebrantes cumprir com o que foi pré-determinado, pois, com a concordancia
dos termos contratuais, a submissão entre as partes com seus deveres deve ser certa.
Com isso, se faz necessário o maior cuidado e atenção na celebração e aceitação de
um contrato, esse acordo se torna lei entre as partes e não poderá ser revogado. Conforme
discorre Caio Mário da Silva Pereira:

O princípio da força obrigatória do contrato contém ínsita uma ideia que reflete o
máximo de subjetivismo que a ordem legal oferece: a pala -vra individual,
enunciada na conformidade da lei, encerra uma centelha de criação, tão forte e tão
profunda, que não comporta retratação, e tão imperiosa que, depois de adquirir
vida, nem o Estado mesmo, a não ser excepcionalmente, pode intervir, com o
propósito de mudar o curso de seus efeitos (PEREIRA, 2013).
Deve-se observar com enfase nesse texto as frases “enunciada na conformidade da
lei” e “a não ser excepcionalmente”, onde podemos interpretar que há exceções a serem
consideradas nos quais poderão acarretar em anulação do acordo entre as partes, essas
possibilidade de anulação podem ser consultadas no capítulo V do Código Civil.
No que abrange o princípio da imprevisão contratual, d e acordo com o Art. 478 do
CC: “Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes
se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de
acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do
contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.”
Se aplica quando uma situação nova extraordinária surge no curso do contrato,
colocando uma das partes em extrema dificuldade.

3. Fundamenta-se o caso apresentado a partir do art. 445:


O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de
trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já
estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.
§ 1º Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo
contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e
oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis.
Deste modo, o caso se enquadra em vício redibitório, posto que se resolve o contrato
e José pode afastar seu prejuízo exigindo que Paulo restitua a quantia paga mais reembolso
de despesas, tratando-se de má fé deverá indenizar perdas e danos.
Detalhes da Jurisprudência:
Processo: 0044080-34.2015.8.21.9000 RS.
Órgão Julgador: Terceira Turma Recursal Cível.
Publicação: 01/02/2016.
Julgamento: 28 de Janeiro de 2016.
Relator: Regis de Oliveira Montenegro Barbosa.
Ementa
RECURSO INOMINADO. VÍCIO REDIBITÓRIO. CONTRATO ENTRE
PARTICULARES VISANDO À COMPRA E VENDA DE VEÍCULO USADO.
DECADÊNCIA RECONHECIDA. APLICAÇÃO DO PRAZO DE 30 DIAS PREVISTO
NO ARTIGO 445 DO CÓDIGO CIVIL.
Tratando-se de pretensão decorrente de danos derivados da adulteração de veículo
adquirido mediante contrato de compra e venda celebrado entre particulares, exógena às
relações de consumo sob a ótica do Código de Defesa do Consumidor, a situação configura
vício redibitório a desafiar o prazo decadencial previsto no art. 445, do Código Civil.
RECURSO PROVIDO.

REFERÊNCIAS:

GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Títulos de Crédito e Contratos Mercantis. 7. ed.


São Paulo: Saraiva, 2011. 159 p. v. 22.

PEREIRA, Caio M. Da Silva. Instituições de Direito Civil: Contratos. 17° edição. Rio de
Janeiro/RJ: editora Forense, 2013.

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