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CAMPUS DE CACOAL
DEPARTAMENTO DE DIREITO
CURSO DE DIREITO
4. Contratos de adesão
Os contratos de adesão são aqueles em que uma das partes previamente
estipula as cláusulas e a outra simplesmente as aceita, sem ter o direito de discuti-
las. Esta limitação fere o princípio da liberdade de contratar, pois a parte
economicamente mais forte dominando a relação, obriga o aderente a admitir
disposições prejudiciais, tendo em vista sua necessidade financeira.
Exemplo típico são os contratos bancários em que as instituições financeiras
são infinitamente superiores na relação com os consumidores. Além de dispor sobre
as cláusulas abusivas, o CDC no artigo 47 traz a orientação de que as cláusulas
contratuais devem ser interpretadas em benefício do consumidor, recaindo a dúvida
sobre a parte mais forte.
6. Cláusulas abusivas
Cláusulas abusivas são aquelas que colocam o consumidor em desvantagem
nos contratos de consumo. O consumidor que se deparar com uma cláusula abusiva
poderá recorrer à Justiça para pleitear sua nulidade, e, consequentemente, livrar-se
da obrigação nela prevista. São abusivas não só as cláusulas contratuais a que se
refere o Código do Consumidor, como também aquelas previstas nas Portarias do
Ministério da Justiça.
Segundo o Código de Defesa do Consumidor, é abusiva a cláusula que:
- impossibilita, exonera ou atenua a responsabilização do fornecedor por vícios dos
produtos e serviços;
- implica renúncia de direito do consumidor;
- subtrai ao consumidor o direito de reembolso da quantia paga, nas hipóteses
revistas no CDC;
- transfere responsabilidades do fornecedor para terceiros;
- estabelece a inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor e contra o
disposto no art. 6º, VIII;
- determina a utilização obrigatória de arbitragem;
- impõe representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo
consumidor (cláusula mandato);
- deixa ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora obrigando o
consumidor;
- permite ao fornecedor, direta ou indiretamente, variar o preço de maneira unilateral;
- autoriza o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito
seja conferido ao consumidor;
- obriga o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação, sem que
igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor;
- autoriza o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do
contrato após sua celebração;
- infringe ou possibilite a violação de normas ambientais;
- está em desacordo com o sistema de proteção do consumidor;
- possibilita a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias;
- regra geral: estabelece obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloque o
consumidor em desvantagem exagerada, ou que seja incompatível com a boa-fé ou
a equidade.
Diz-se que uma vantagem é exagerada quando: (I) ofende os princípios
fundamentais do sistema jurídico a que pertence; (II) restringe direitos ou obrigações
fundamentais inerentes à natureza do contrato de modo a ameaçar seu objeto ou o
equilíbrio contratual; (III) mostra-se excessivamente onerosa para o consumidor,
considerando-se a natureza e o conteúdo do contrato, o interesse das partes e
outras circunstâncias peculiares ao caso.
7. Prática abusiva
É a conduta, a ação, a postura, normalmente na fase pré-contratual, que
agride o direito do consumidor; é o desrespeito a direito do consumidor que a torna
abusiva.
As práticas abusivas não são apenas as descritas no artigo 39 do CDC, pois o
rol ali é meramente exemplificativo, não é taxativo; ou seja, podem existir outras
práticas abusivas além das elencadas no artigo 39. Faz parte da principiologia de
todo o direito do consumidor a proteção genérica contra todas as formas de práticas
comerciais abusivas, o que é destacado como direito “básico” do consumidor no art.
6º, IV, do CDC, in verbis:
“IV – a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais
coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas
no fornecimento de produtos e serviços;”
Os doze incisos do art. 39 arrolam exemplificativamente uma série de
hipóteses em que há práticas comerciais abusivas, as quais foram antecipadamente
cogitadas de forma abstrata pelo positivador da lei, o que não poupa, e nem impede,
o trabalho de análise pormenorizada nos mais diversos casos concretos que se
apresentam da existência de práticas abusivas que lesionem ou ameacem de lesão
os consumidores.
A prática abusiva não existe por si mesma, é uma consequência da
desobediência a um direito do consumidor. Para identificar se sua prática comercial
é ou não é abusiva em relação ao consumidor, basta que se pergunte “há algum
direito do consumidor desrespeitado?”. Existindo o desrespeito, há prática abusiva.
Como leciona Antônio Carlos Efing, são “comportamentos, tanto na esfera
contratual quanto à margem dela, que abusam da boa-fé ou situação de
inferioridade econômica ou técnica do consumidor. ‘É a desconformidade com os
padrões mercadológicos de boa conduta em relação ao consumidor’[6], conforme o
apontamento de Antônio Herman V. e Benjamin”, e mais adiante, “Assim, as práticas
abusivas representam antes de mais nada a tentativa do fornecedor agravar o
desequilíbrio (i.e., vulnerabilidade) da relação jurídica com o consumidor, impondo
sua superioridade e vontade, sendo que na maior parte das vezes isto se traduz na
supressão [ou redução] do direito de livre escolha do consumidor”.
Vale ressaltar que as hipóteses consideradas práticas comerciais abusivas
são proibidas independentemente da ocorrência de dano para o consumidor, sendo
norma de ordem pública a regular as relações de consumo em benefício da
sociedade. Vejamos algumas práticas previstas no CDC:
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre
outras práticas abusivas:
I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao
fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa
causa, a limites quantitativos;
II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na
exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de
conformidade com os usos e costumes;
III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia,
qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço;
“I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de
outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;” O
consumidor deve ter ampla liberdade de escolha quanto ao que deseja consumir,
razão pela qual não pode o fornecedor impor ao consumidor a aquisição de produtos
ou serviços, nem mesmo quando este esteja a adquirir outros produtos ou serviços
do mesmo fornecedor. Estabelece o CDC, aqui, a proibição da chamada “venda
casada”.
A imposição de venda casada, além de ser prática comercial abusiva, é
também tipificada como crime contra a ordem econômica, previsto no art. 5º, II,
da Lei 8.137/90, in verbis:
II – subordinar a venda de bem ou a utilização de serviço à
aquisição de outro bem, ou ao uso de determinado serviço;
9. Conclusão
O Código de Defesa do Consumidor rompeu com a velha tradição do Direito
Civil, pois as regras fundadas no dogma liberal não mais atendem às necessidades
dos negócios jurídicos modernos principalmente quando se trata dos contratos de
adesão.
A proteção contra cláusulas abusivas passou a ser um dos mais importantes
instrumentos de defesa do consumidor, sem esquecer que o princípio maior da
interpretação dos contratos de consumo está insculpido no artigo 47 do CDC, onde
está claro que todo e qualquer contrato de consumo será interpretado de modo mais
favorável ao consumidor e não só as cláusulas dúbias dos contratos de adesão.
Como o advento do CDC o "PACTA SUN SERVAND”, cedeu às exigências da
ordem pública, ficando a autonomia da vontade, limitada diante do interesse geral da
coletividade.
Referências Bibliográficas
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a3534570/pratica-abusiva.shtml acesso em 26 de abril de 2017.
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acesso em 26 de abril de 2017.
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078.htm acesso em 27 de abril de 2017.
http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10574 acesso em
27 de abril de 2017.