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2013,
sobre direitos reais menores
ATENÇÃO: não têm de saber tudo o que aqui está para o teste. Estes são apenas
apontamentos que vos poderão ajudar a estudar para o exame e a saber o essencial de
direitos reais menores no teste. Os direitos reais menores que poderão sair serão o usufruto
ou o direito real de uso ou o direito real de habitação. Contudo, não se devem preocupar
com aspectos de regime muito específicos. Como sempre, espero de vós que saibam o
essencial de cada tipo legal de direito real e que saibam identificá-los e saber quando é que
alguém age para lá do que lhe é facultado pelo direito real. Sairá o que tivermos dado nas
aulas práticas.
Ainda assim, solicito que aqueles que assistiram à aula digitalizem os seus apontamentos e
os facultem aos colegas.
USUFRUTO
Recordem-se que nos termos do 1446.º e 1439.º, o poder de fruição do usufrutuário (o poder de fruição é
um dos poderes de gozo, isto é, de aproveitamento das utilidades da coisa) é pleno. Nisso difere do poder
de fruição do morador usuário ou do usuário, que é restrito ao limite das suas necessidades, fixadas de
acordo com a sua condição social (1484.º/1 e 1486.º CC)
c) Berto decide arrasar por completo o souto, e vender a madeira das castanheiras.
Quid iuris? (baseado no Ac. STJ 08-07-2003 (Afonso Correia) )
Temos aqui um problema atinente aos limites do usufruto. É uma questão difícil a de
articularmos o 1439.º e 1446.º CC, provavelmente o problema mais difícil do regime dos
direitos reais menores. Discute-se qual dos dois limites (“não alterar a forma ou substância”
e “respeito pelo destino económico da coisa”) é imperativo. Há quem diga que apenas a
parte final do 1439.º é injuntiva e o 1446.º é supletivo e portanto pode ser afastado por
negócio jurídico (Oliveira Ascensão; Menezes Leitão); há quem diga que apenas a parte
final do 1446.º é imperativa (Menezes Cordeiro) e que o 1439.º é supletivo; e há quem diga
que os dois são injuntivos (José Alberto Vieira). O que não se pode dizer é que são os dois
supletivos, sob pena de o tipo legal do direito de usufruto ser supérfluo perante o direito de
propriedade, do qual apenas se distingue, no essencial, por ter limitações, à partida, do
gozo.
Trata-se de distinguir entre as qualidades de uma coisa (o que permite dizer que uma cadeira é uma
cadeira, uma pousada é uma pousada, um estábulo é um estábulo), quanto à “forma e substância” e
quanto aos termos em que o proprietário usava a coisa (destino económico da coisa).
É consentâneo que se deve aferir o destino económico da coisa em termos subjectivos. O que interessa é o que
o proprietário fazia com a coisa; não aquilo que em abstracto se pode fazer com ela.
C) José Alberto Vieira: o direito português acolheu os dois limites ao direito tipificado
do usufrutuário. O primeiro é de origem romana (forma e substância), o segundo é
italiano e alemão (1446.º in fine). Logo, o 1439.º, parte final, e o 1446.º, parte final,
são imperativos.
JAV: “forma” no 1439.º, deve ser interpretado como “destino económico da coisa”. À
formula latina “salva rerum substantia” não pertencia a “forma”, pelo que se trata de um
acrescento italiano. Trata-se do destino económico.
1475.º - usufrutuário responde pelos danos que advierem à coisa se não informar o
proprietário que eles ameaçam a integridade da coisa usufruída.
Vejam com atenção as causas de extinção do usufruto. Reparem como se extingue pela
morte do usufrutuário. O mesmo se poderá dizer dos direitos de uso e habitação. Contudo,
recordem-se do 1477.º e do 1441.
Questões terminológicas:
Não existe um “direito real de uso e habitação”. Existem DOIS direitos diferentes no
1484.º ss.: direito real de habitação e direito real de uso.
Titulares: morador usuário (direito real de habitação); usuário (direito real de uso)
Trata-se de um limite que não existe no usufruto. Mas a circunstância de se fazer uma referência no
1484.º/1 CC é lida pela Doutrina como uma posição do CC no sentido de apenas poder haver direito real
de habitação e direito real de uso na esfera jurídica de pessoas singulares. Essa exclusividade não se dá no
usufruto, como se depreende do 1443.º, parte final – até a FDL pode ser usufrutuária!)
Leiam o artigo 5.º da Lei n.º 6/2001 e 7/2001, que consagram atribuições de direitos reais
de habitação.
Para o arrendamento: seria nulo, por violar o artigo 1488.º CC.
1446.º CC ex vi 1490.º CC. O Prof. José Alberto Vieira explica que os limites do usufruto
do 1439.º, parte final e 1446.º, parte final, são também limites implícitos dos direitos reais
de uso e de habitação.
Sub-hipótese 2) Inês, logo depois da morte de Heitor, muda-se para a casa de
Cascais, e desinteressa-se por inteiro das infiltrações da antiga casa do casal. Em
breve, o soalho estala e o apartamento tem enormes manchas de bolor. O que
podem os filhos de Heitor fazer?
(1482.º e 1472.º/1, ex vi 1490.º : reparações ordinárias cabem ao usufrutuário – a Inês só
podia escapar a essas despesas renunciando ao direito. Isto é uma OBRIGAÇÃO
PROPTER REM!)