Você está na página 1de 10

UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

Departamento de Ciências Sociais e Humanas


Curso de Licenciatura em Administração Pública

Questões de Reflexão

Doroteia Alice Nataniel Chissano – 31220683

Xai˗Xai, Maio de 2022


UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

Departamento de Ciências Sociais e Humanas


Curso de Licenciatura em Administração Pública

Questões de Reflexão

Trabalho de campo a ser submetido na


coordenação do Curso de Licenciatura
em Administração Publica da Unisced
Tutora: Dra. Luísa Inês Sansão Bila Faria

Doroteia Alice Nataniel Chissano – 31220683

Xai˗Xai, Maio de 2022


ii
Índice
1. Introdução.................................................................................................................................1

1.1. Objectivos..............................................................................................................................1

1.1.1. Geral...................................................................................................................................1

1.1.2. Específicos.........................................................................................................................1

1.2. Metodologia...........................................................................................................................1

2. Questões de reflexão.................................................................................................................2

2.1. Análise do 1º caso..................................................................................................................2

2.2. Análise do 2º Caso.................................................................................................................5

3. Referencias Bibliográficas........................................................................................................7

iii
1. Introdução

O presente trabalho prático de introdução ao Direito aborda versa sobre aspectos práticos que
caracterizam a nossa sociedade. Trata – se de estudo de casos. O termo Direito varia de autor para
autor, por exemplo, Galvão Telles definia o Direito como o «conjunto de normas de conduta
social, estabelecidas em vista da Justiça, da Paz e do Bem Comum, doptadas de generalidade, e
impostas pela força quando necessário e possível» (Telles, 2001, p. 27). Apesar da diversidade de
formulações, é possível identificar, pelo menos, dois elementos essenciais às várias definições
que têm sido propostas:

Um conjunto de regras de conduta social, através das quais se estabelecem os padrões de conduta
que deverão orientar as relações estabelecidas pelos indivíduos em sociedade; e,

A obrigatoriedade do cumprimento dessas regras, as quais podem ser impostas de um modo


coercivo se for necessário (por exemplo, através da aplicação de sanções).

1.1. Objectivos

1.1.1. Geral

 Analisar alguns aspectos ligados ao direito.

1.1.2. Específicos

 Interpretar os casos em estudo;

 Distinguir o costume e a lei.

1.2. Metodologia

Para a realização do presente trabalho recorreu – se à pesquisa bibliográfica.

Segundo Marconi e Lakatos (1992), pesquisa bibliográfica é levantamento de toda a bibliografia


já publicada em forma de livros, periódicos, teses, anais de congresso, etc, que servirão de base
para a construção da investigação proposta a partir de um determinado tema.

1
2. Questões de reflexão

2.1. Análise do 1º caso

a) É correcta a alegação de Tadeu de que o desuso da lei revoga a norma jurídica legal?
Porquê?

Não, A lei não perde a vigência pelo desuso, apesar de haver posição minoritária, em contrário,
na doutrina. A lei possui validade que aspira à eficácia. O simples desuso não acarreta a
revogação de uma lei. Nunca o costume vai revogar uma lei.
Neste caso isolado, o desuso se dá em virtude da população local sustentar uma teoria de
desconforto, falta de hábito e esquecimento de utilizar o cinto de segurança. Muitas cidades,
principalmente cidades de interiores são regidas pelo costume local e até as autoridades que
deveriam fiscalizar e punir, cometem o mesmo erro. Em síntese: o direito não escrito não tem
caráter absoluto.

b) O “costume contra legem” citado pelo Tadeu pode gerar a ineficácia da lei e por
consequência a sua revogação?

O costume contra legem (contrário à lei), em que o costume e a lei estão em contradição; num
sistema de direito positivo como o português, deveria entender-se que, neste caso, o costume não
poderia vigorar. No entanto, Castro Mendes defendeu a possibilidade do costume revogar ou
suspender uma lei, o que aconteceria quando todos os cidadãos considerassem que uma lei
estaria abolida, pelo que ela perderia a sua vigência por desuso (Castro Mendes, 1984, pp. 128-
129), ou seja, existiria uma prática reiterada de não aplicação da lei.

Voltando ao caso, apesar do excerto acima, o costume não gera ineficácia da lei. Por mais que a
população local em massa esteja descomforme com a Lei, não seria suficiente para revogá-la
devido ao facto de estar em evidência neste contexto a vida.

A lei não pode ser anterior ao costume para ser revogada por ele. Primeiro têm-se o costume, daí
dele pode ou não decorrer a lei. O costume, diferentemente do Direito, é criação espontânea da
sociedade, sendo o resultado dos acontecimentos sociais. Vale dizer que os costumes baseiam-se
nos valores morais da sociedade, relativos ao bom senso e ao ideal de Justiça.

2
É importante dizer que, para que os costumes possuam força jurídica, é indispensável que esteja
estabelecido na Ordem Jurídica do Estado, que os costumes são parte do Direito, ou seja,
integram as fontes do Direito. Em síntese: Por opor-se a Lei, não tem admissibilidade em nosso
direito.

c) Em Moçambique, como ocorre a revogação de uma lei? Justifique a sua resposta.

O processo de Revogação de lei em Moçambique se dá inicialmente ao entregar a apresentação


do projecto na Assembleia da República. Se por eles aprovada, vai ao Presidente, que pode vetar
o projecto ou sancionar (aprovar). Quando aprovada, entra juridicamente em processo de
promulgação, até sua publicação.

A revogação é o fenômeno pelo qual uma lei perde a sua vigência, pode ser através das
adaptações da ordem jurídica e apresenta-se na forma expressa ou tácita.

O costume não revoga lei no ordenamento jurídico moçambicano.

Obs.: Uma lei perde sua vigência em algumas situações específicas, quais sejam: revogação por
outra lei, desuso e decurso de tempo.

Quando for revogada por outra lei: nesse caso a nova lei terá algumas opções, podendo
revogar a totalidade do conteúdo da lei anterior, (resultando a ab-rogação) ou revogar tão-
somente alguma parte determinada (verificando a derrogação).

Poderá a nova lei, também, ser expressa quanto à revogação, dizendo claramente qual lei ou parte
dela que perderá seus efeitos, ou tácita, quando a lei nova não diz expressamente o que veio
revogar, mas se mostra incompatível com a norma existente ( lei anterior revoga a anterior), ou a
lei nova regulamenta a totalidade do assunto abordado em uma anterior ( lei especial prevalece
sobre lei geral).

Quando ocorre o desuso: é verificado quando a lei não é aplicada da forma prevista, ou seja, a
autoridade a quem incumbia garantir a observância da lei não a aplica. Pode o desuso se dar
também de forma espontânea, quando as pessoas deixam, aos poucos, de observar a norma em
suas relações sociais.

3
d) Houve violação de direitos humanos? Fundamente sucintamente a sua resposta.

Sim há violação de Direitos Humanos. Passo a citar o artigo 5 da Declaração Universal dos
Direitos Humanos:

Art. 5 – Não a tortura: ninguém será submetido a tortura, penas ou tratamentos cruéis, desumanos
ou degradantes;

A polícia ao recorrer a tortura viola este direito humano. É verdade que o Tadeu foi o primeiro a
recorrer a violência, mas a polícia na qualidade de represente de Estado não devia e não deve usar
a violência. Cabia a polícia lavrar um processo acusando o Tadeu de dois crimes: desacato as
autoridades e condução ilegal. Em princípio, ele não pode e não deve ser ameaçado e nem
violentado pelo Estado, porque o direito à vida é um direito inerente à pessoa humana.

A polícia, na qualidade de representante do estado deveria ter dado espaço para o Tadeu recorrer
aluz do artigo 7 da DUDH que sustenta que " toda a pessoa terá o direito a recorrer as jurisdições
competentes contra os actos que violem seus direitos e também, à tribunal independente e
imparcial a fim de obter decisões públicas e justas acerca de seus direitos, obrigações ou em
razão de qualquer acusação penal deduzida contra si."

E, além disso, assegura que ninguém poderá ser preso, detido ou exilado de maneira opressiva e
sem fundamentos lógicos, sendo que, todos serão considerados inocente até que a sua
culpabilidade fique legalmente provada e todas as possibilidades de defesa asseguradas.

e) No caso em apreço, há violação dos direitos fundamentais constantes na Constituição da


República de Moçambique? Em caso de SIM, mencione-os.

Há sim violação dos direitos fundamentais plasmados na constituição da República a luz do


artigo 40 da Constituição da República

Artigo 40 da CRM: Todo o cidadão tem direito à vida e à integridade física e moral e não pode
ser sujeito à tortura ou tratamentos cruéis ou desumanos.

A polícia pautou pela tortura para acalmar os ânimos violando este direito fundamental. O
correcto seria restaurar um processo-crime onde o cidadão teria oportunidade de se defender.

4
Ele, só pelo facto de ser pessoa goza de certos direitos como o direito de viver bem e de gozar a
sua vida livremente segundo os limites estabelecidos pela Constituição da República de
Moçambique. Em princípio, ele não pode e não deve ser ameaçado e nem violentado pelo Estado,
porque o direito à vida é um direito inerente à pessoa humana.

2.2. Análise do 2º Caso

i. A respeito da Declaração Universal de Direitos Humanos (DUDH), Moçambique


estará a violar o artigo 14.º deste Documento (DUDH)? Fundamente a sua
resposta.

Para este caso especifico não houve violação do Artigo 14 da Declaração Universal dos Direitos
Humanos, pois o cidadão Maptso esta fugir de crimes no seu pais de origem.
Artigo 14° da DUDH diz:

1.Toda a pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de beneficiar de asilo em outros
países.

2.Este direito não pode, porém, ser invocado no caso de processo realmente existente por crime
de direito comum ou por actividades contrárias aos fins e aos princípios das Nações Unidas.

A luz do número 2 do Artigo 14 da DUDH, não houve nenhuma violação pois o Matsoto foge de
crimes que cometeu no seu país, não sofre nenhuma perseguição injusta.

Olhando também para Declaração Das Nações Unidas Sobre O Asilo Territorial deixa mais claro
no número 1 do Artigo 2 ao declarar que Nenhuma pessoa sobre a qual existam motivos fundados
para considerar que tenha cometido um crime contra a paz, um crime de guerra ou um crime
contra a Humanidade, como definido nos instrumentos internacionais que contém disposições
relativas a esses crimes, pode invocar o direito de procurar e de beneficiar de asilo.

Caberá ao Estado que concede o asilo determinar as causas que o motivam.

O estado moçambicano agiu sabiamente ao negar o asilo, pois estaria a cooperar com um
criminoso. Até existindo acordos bilaterais sobre a extradição entre dois países deve ser preso e
extraditado para responder no seu país os crimes que lhes são imputados.

5
ii. A Constituição da República de Moçambique reconhece e promove os direitos
humanos no país. Para que esses direitos sejam verdadeiramente garantidos, o
que deve ser feito?

Para que esses direitos sejam verdadeiramente garantidos, o Estado tem, pelo menos, dois
importantes papéis: indutor e garantidor.

Como indutor deve sentir-se obrigado a implementar políticas públicas educativas e culturais
destinadas a socializar entre a nação a consciência moral de direitos e deveres.

Como garantidor, não pode eximir-se de elaborar leis que repercutam a declaração universal dos
direitos humanos, de fornecer sistema de justiça imparcial e rápido à toda a população e de
implementar políticas públicas que garantam qualidade de vida social, cultural, educacional,
econômica, sanitária, civil e política à todos, sem privilégios ou discriminações.

Em tal labor, deve assegurar que as maiorias sejam respeitadas democraticamente, ao mesmo
tempo em que precisa zelar, sem vacilações - provendo espaço seguro de livre expressão e
desenvolvimento - também pelas “minorias culturais e políticas”, especialmente pelas mulheres,
pelas pessoas portadoras de deficiências, pelas crianças, adolescentes e idosos.

6
3. Referencias Bibliográficas

Galvão, Sofia de Sequeira (2003), “Direito do Ambiente e Direito do Urbanismo”, Mário de


Melo Rocha (coord.), Estudos de Direito do Ambiente, Coimbra: Coimbra Editora, pp. 63-75.

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Assembleia da República, Constituição da República de


Moçambique, (alterada pela Lei nº 1/2018 de 12 Junho) in Boletim da República, I Série Número
115, de 12 de Junho.

Você também pode gostar