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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

Faculdade de Direito

Coordenação do Crso de Direito

Cadeira de Direito Internacional Público

2º Ano 2023

Tema: Métodos de Resolução dos Conflitos Internacionais

O Tutor:



Discente:

 Renato Dúlcio da Fonseca Hate

Maputo, Março de 2023


INSTITUTO SUPERIOR DE CIENCIAS DE EDUCAÇÃO Á DISTÂNCIA

CURSO DE DIREITO

2º ANO

NOME DA ESTUDANTE: RENATO DÚLCIO DA FONSECA HATE

TRABALHO DE CAMPO

TITULO DO TRABALHO:

MÉTODOS DE RESOLUÇÃO DOS CONFLITOS INTERNACIONAIS

MAPUTO, MARÇO DE 2023


ÍNDICE

1.Introdução .................................................................................................................................... 1
1.2. Objectivos ............................................................................................................................... 2
1.3. Metodologia ............................................................................................................................. 3
1.4.Quadro Teórico ........................................................................................................................ 4
1.4.1. Análise de Conflitos ............................................................................................................. 4
1.4.1. Análise de Conflitos ............................................................................................................. 5
1.5. Conceito de métodos de Resolução, Pacifica de Conflitos. ..................................................... 6
1.5.1. Métodos Diplomáticos ou não Judiciais ............................................................................... 6
1.5.2. Negociação. ........................................................................................................................... 7
1.5.3.Bons Ofícios........................................................................................................................... 7
1.5.4.Mediação e Pré-Mediação...................................................................................................... 8
1.5.5.Inquérito ................................................................................................................................. 8
1.5.6.Conciliação ............................................................................................................................ 9
1.5.7. Métodos Políticos ............................................................................................................... 10
1.5.8. Meios jurisdicionais ........................................................................................................... 11
1.6. Considerações finais .............................................................................................................. 12
1.7. Referências Bibliográficas ..................................................................................................... 13
1.INTRODUÇÃO

Nas relações entre os Estados e eventualmente entre outros Sujeitos do DIPu podem-se apresentar
com alguma frequência situações de crises que enturvam as relações pacíficas. Criam-se tensões
cujo prolongamento pode por em causa ou mesmo em perigo a manutenção da paz, surgem assim
as necessidades de resolver esses diferendos de forma pacífica. Muitas vezes não se vê são os
métodos que os envolvidos utilizam para sua solução. Segundo a doutrina, duas são as vertentes
principais para a solução destes conflitos: a via coercitiva armada (guerra) e a via pacífica.

A proibição do recurso à força nas relações internacionais, guindada a princípio imperativo do


Direito das Gentes contemporâneo, implica, como sua lógica decorrência, a consagração de um
dever (também imperativo) de composição pacífica dos conflitos advindos do relacionamento
entre os sujeitos daquele ordenamento jurídico.

Descontada a sempre desejável negociação direta entre os protagonistas de um litígio há dois


caminhos possíveis para a solução pacífica de controvérsias internacionais: ou bem as partes
desavindas são levadas a aceitar a solução que lhes é ditada por um terceiro (heterosolução); ou
bem são persuadidas a aproximar-se, buscando por si próprias uma compsição amigável para o
conflito (autosolução).

No primeiro caso, estamos perante os métodos jurisdicionais, que podem assumir a forma de
arbitragem ou da solução judicial; no segundo, diversamente, entramos no terreno dos métodos
político-diplomáticos, os quais, por seu turno, são suscetíveis de encontrar concretização prática
nos procedimentos dos bons ofícios, da mediação, do inquérito e da conciliação.

Assim, este trabalho pretende analisar e aprofundar as técnicas/métodos de Resolução de Conflitos


Internacionais.

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1.2.Objectivos

Geral :

 Caracterizar os diversos métodos de resolucao pacifica dos conflitos.

Específicos:

 Conhecer vários métodos de resolução de conflitos (Diplomáticos ou não jurisdicionais,


negociação, bons ofícios, mediação e pré – mediação, inquérito, conciliação, métodos
políticos, meios jurisdicionais)

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1.3.Metodologia

O presente trabalho é meramente de revisão bibliográfica de informação obtida a partir de fontes


escritas, obtidas de livros físicos e virtuais, seguida de uma minesciosa compilação, usando os
meios informáticos disponíveis.

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1.4.Quadro Teórico

1.4.1. Análise de Conflitos

Ao longo da história tentou-se descrever e explicar os grandes e pequenos conflitos, as


suas origens e evolução, tentando identificar e definir os diversos tipos de conflitos, para que
seja possível fazer uma boa gestão dos mesmos. A análise e a compreensão dos conflitos são
fundamentais para a sua resolução (Friedman, 2015; Nye, 2011; Pignatelli, 2010).

Pode entender-se por conflito como sendo um desentendimento, uma disputa ou


incompatibilidade, um confronto de opiniões, entre duas ou mais pessoas, instituições ou
países, nomeadamente quando se trata de conflitos internacionais (Deutscher, 2005) ou como
“um conceito fluido e ambíguo e que é visto, geralmente, como negativo e oposto à
cooperação, à harmonia ou à paz” (Pignatelli, 2010, p. 19).

Segundo os autores Ury, Brett e Goldberg (2009), o conflito começa quando alguém,
pessoa ou entidade, manifesta uma reclamação ou exigência que a outra parte não aceita. Esta
reclamação ou exigência pode derivar do sentimento de perda, ofensa, carência ou pretensão.
Num contexto mais específico, o conflito é a percepção de uma divergência de crenças
ou interesses entre duas partes, que não podem ser satisfeitas em simultâneo (Pruitt & Rubin,
1986).

Ainda neste contexto, os estudos empíricos, feitos por outros autores, demonstram que
as crenças têm influência na percepção, na Análise e na Resolução dos Conflitos (Kudish,
Cohen-Chen & Halperin, 2015; Porat, Halperin & Bar-Tal, 2013).
O conceito de conflito é divergente e pode ser visto em duas perspectivas, cooperativa
ou competitiva. Do ponto de vista cooperativo o conflito poderá resultar em ganho para ambas
as partes. Na óptica competitiva o conflito conduz a situações de ganho/perda, ou seja uma
das partes ganha enquanto a outra irá perder (Ornelas, 2000).

Os conflitos surgem naturalmente e são inevitáveis em qualquer sociedade. Podem


mesmo ser um factor de evolução e não têm necessariamente de ser negativos, antes pelo
contrário, um conflito pode ser positivo e levar-nos a bons resultados (Ursiny, 2010). Ainda

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segundo este autor, identificam-se formas diferentes de abordar e enfrentar os conflitos, pois
eles, muitas vezes, provocam sentimentos de revolta, raiva, frustração e até mesmo de ódio.
No entanto, pode ser mais doloroso evitar o conflito do que enfrentá-lo.

Os conflitos e a violência são muitas vezes motivados por problemas sociais, como a
pobreza, o desemprego, a intolerância, a marginalização, as desigualdades, a exploração de
classes sociais, a opressão e todas as outras formas de discriminação, pelo que os desafios da
Psicologia Comunitária são cada vez maiores (Rodríguez, 2012).

Neste contexto, o governo ao nível local é cada vez mais importante, pois pode agir
como um mecanismo de prevenção e minimização dos problemas atrás referidos, evitando
que os conflitos entre as comunidades e os cidadãos fiquem por resolver durante muito tempo.
Os novos imigrantes podem gerar tensões e conflitos comunitários que, também eles têm de
ser resolvidos através do acolhimento e da integração social eficazes, que devem ser feitos por
técnicos especializados e em tempo oportuno (Travers, 2015).

Para que possa haver um bom governo ao nível local é, cada vez mais, necessária a
criação de um ambiente de civismo, de segurança e de Paz para, a partir daí, se atingirem
desafios mais amplos, podendo contribuir para uma melhor governança global. As crises
económicas e sociais que ocorrem um pouco por todo o mundo também se fazem reflectir na
«vida das cidades», gerando novas formas de violência e/ou aumentando as já existentes.
Assim, a governação urbana, tendo em conta a complexidade dos contextos actuais da
sociedade, torna-se cada vez mais num desafio, em busca de uma maior eficácia, com o
objectivo de minimizar as tensões geradas, a violência e os conflitos, e de aumentar a
segurança e a justiça social (Sassen, 2015).

Já anteriormente, sobretudo a partir dos atentados de 11 de Setembro de 2001 nos Estados Unidos
da América (EUA), a segurança e a defesa tiveram de introduzir alterações 9 radicais de acordo
com as novas ameaças a nível mundial, cada vez mais prementes, pelo que a segurança interna e a
segurança externa passaram a ser as duas faces da mesma política de segurança e defesa, que teve
de encontrar os meios e soluções, mais eficazes e fiáveis, para proteger os seus cidadãos. Estas
respostas tiveram necessariamente de ultrapassar o âmbito nacional (Queiró, 2009).

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1.5. Conceito de métodos de Resolução, Pacifica de Conflitos.

Nas relações entre os Estados e eventualmente entre outros sujeitos do DIPu podem-se apresentar
com alguma frequência situações de crises que enturvam as relações pacíficas. Criam-se tensões
cujo prolongamento pode por em causa ou mesmo em perigo a manutenção da paz

As causas que estão na origem das crises internacionais podem ser de várias índoles, económica,
social, politica, etc. as crises internacionais que se criam por acções ou omissões dos sujeitos do
DI, distinguem-se por de trás momentos principais:

1º O momento inicial conhecido por Situação (em que a crise ainda esta produzida mas esta em
estado latente);

2º O momento de conflito (que é uma discrepância entre sujeitos do DI que haja induzido ou pode
induzir contra outros;

3º Momentos de Controvérsia (em que uma das partes faz valer frente a outra pretensões opostas
e quando uma das referidas partes pretende da outra uma posição a que esta se recusa).

O Tribunal internacional de Justiça define diferendo como sendo um desacordo sobre uma questão
de direito ou de facto, uma contradição de teses jurídicas ou de interesses entre pessoas.

1.5.1. Métodos Diplomáticos ou não Judiciais

Os meios diplomáticos são as formas mais simples de solução de litígios internacionais,


caracterizando-se pela discussão directa entre duas nações acerca do litígio enfrentado. Essa
conversação pode ocorrer oralmente, com o encontro de duas ou mais missões diplomáticas, ou
com a troca de notas entre a chancelaria e embaixada, o que é mais comum. O contacto directo,
actualmente, é o método de solução mais escolhido para dirimir pequenos desentendimentos entre
países. Os conflitos de menor monta, sem grande notoriedade são os que melhor resolvem-se
através meios diplomáticos.

Eles dividem-se em negociação, Bons Ofícios, Sistema de Consulta, Mediação, Conciliação e


Inquérito. É importante frisar que entre os meios pacíficos não há um escalonamento hierárquico,
com excepção do inquérito, cuja função é apenas apurar os fatos e propor soluções para os
conflitos.

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1.5.2. Negociação

A negociação directa é a primeira forma de solução dos conflitos internacionais, e geralmente põe
fim à maioria dos desacordos. Consiste na busca da composição dos desencontros através do
diálogo, sem a participação de terceiros a qualquer título. Por sua simplicidade, a grande maioria
dos conflitos entre os Estados é resolvida pela negociação feita através dos representantes
diplomáticos de cada nação.

As negociações chegam ao fim de três formas: quando uma das partes desiste do objecto litigado,
quando um dos Estados reconhece os termos defendidos pela parte oposta ou quando os
países transaccionam entre si, fazendo concessões múltiplas. Em todos os casos as negociações
encerram-se com a assinatura de um Tratado, especificando o objecto da negociação.

1.5.3.Bons Ofícios

Quando as negociações indirectas mostram-se ineficazes as partes podem tentar solucionar seus
conflitos através dos Bons Ofícios. Este meio corresponde à acção de uma terceira pessoa – ou
pessoas – que agem junto aos países litigantes como uma espécie de mediadores.

Podem ser oferecidos ou solicitados. Se recusado, sua dispensa não é vista como atitude inamistosa
do Estado ou Organização Internacional que a ofereceu. Desta forma, os Bons Ofícios podem ser
considerados uma forma de negociação directa entre as partes tendo a presença de um terceiro
pólo neutro facilitador.

O terceiro, prestador de Bons Ofícios, geralmente é um sujeito de


Direito Internacional, Estado ou Organização Internacional neutro que oferece apoio instrumental
para a solução da querela. Diz-se que o apoio é instrumental porque o prestador de Bons Ofícios
não se envolve no mérito das questões discutidas, não propondo
soluções para o conflito. Na realidade ele sequer toma conhecimento das razões de uma e outra
das partes: limita-se a aproximá-las, a proporcionar-lhes campo neutro para negociação, sabendo
que a desconfiança ou o ressentimentoreinantes impedirão o diálogo espontâneo entre os países
querelantes.

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1.5.4.Mediação e Pré-Mediação

A Mediação de Conflitos é um processo de intervenção universal cujas raízes têm origem no início
da civilização (Folberg, 1983; Moore, 2003; Volpe, 2014). Durante o processo de Mediação, o
peacekeeper/mediador ouve as partes e tenta que estas estabeleçam o diálogo entre si, ajudando-
as a resolver os problemas de forma a encontrarem a solução para o litígio, que seja mais conforme
aos seus interesses, a curto e a longo prazo.

Tem a função de coordenar as reuniões e ajudar as partes a discutir com respeito, ressaltar as
divergências, investigar os pontos de atrito, motivar a criatividade na procura de soluções e auxiliar
as partes a descobrir os seus interesses reais, desenvolvendo um clima de confiança e de reparação,
permitindo que o acordo firmado seja justo, equitativo e duradouro, onde todos ganham (Cooper,
1997; Deutsch, 1973; Fritz, 2014a; Folberg, 1983; Mayer, 2004; Moore, 2003; Volpe, 2014)

Antes da Mediação existe um procedimento a que se dá o nome de Pré-Mediação, para o mediador


explicar às partes o que é a Mediação, o processo de Mediação, as suas regras, a sua natureza
privada e confidencial, a necessidade de colaboração e cooperação entre os mediados,
respondendo, nesta fase, às dúvidas e questões colocadas pelos intervenientes (Billikopf, 2009;
Vezzulla, 2004).

A literatura sobre a Mediação de Conflitos Internacionais também tem feito progressos


consideráveis nos últimos 25 anos, sobretudo para compreender as condições em que ocorrem os
diversos conflitos armados, a sua frequência e a forma como eles podem ser resolvidos por meios
pacíficos e cooperativos. Factores como a Estratégia de Mediação e a sua coordenação, a forma de
lidar com o preconceito, o estudo das técnicas adequadas para alcançar sucesso nas negociações
de Paz, são muito importantes para que o resultado da Mediação seja positivo (Wallensteen &
Svensson, 2014).

1.5.5.Inquérito

O inquérito, ou fact finding22, é o meio diplomático para solução de controvérsias caracterizado


por um procedimento preliminar que visa estabelecer antecipadamente a materialidade dos fatos
em disputa.

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1.5.6.Conciliação

Hee Moon (2001) e Rezek (1998) apontam a Conciliação como meio diplomático para solução
pacífica dos conflitos internacionais. Neste método, os Estados solicitam que uma
comissão internacional de conciliação actue para dirimir os litígios surgidos, quando houver
previsão em Tratado ratificado anteriormente entre as partes. A função desta comissão
conciliatória é de investigar os fatos em disputa e sugerir uma solução que melhor aproveite os
interesses de ambos. Assemelha se um pouco com a mediação. A aceitação dos pólos em disputa
é meramente opcional.

Assim, não sendo aceita a solução proposta pela comissão conciliatória, os trabalhos serão
encerrados e as obrigações recíprocas entre as partes tornam-se inexistentes.
Diante disso os fatos investigados e opiniões legais emitidas pelas partes e pela Comissão
Conciliatória não têm qualquer valor perante Cortes Arbitrais ou Judiciais. De outra maneira as
partes já teriam acordado anteriormente. Os conciliadores podem ser nomeados de acordo com a
funçã exercida (ex. Ministro das Relações Exteriores) ou com a sua capacidade pessoal.
Geralmente os Estados nomeiam um ou dois de seus nacionais convencionam escolher um certo
número de nacionais independentes neutros, oriundos de outros países.

Hee Moon (2001) assevera que um dos factores que fazem da conciliação internacional um
sucesso é a confidencialidade do processo, “característica importante quando se lida com governos
independentes”. A conciliação é menos flexível e mais formal que a mediação. Nesta, quando a
proposta feita pelo mediador não é aceita ele pode continuar a formular outros meios de compor
o conflito; naquele, o conciliador costuma emitir apenas uma solução.

Geralmente é conduzido por uma comissão internacional composta por nacionais dos países em
litígio e nacionais neutros, de outras nações; mas nada impede que os Estados escolham uma
Entidade Internacional para presidi-lo.

Sua missão é unicamente fazer uma pesquisa imparcial sobre os fatos em disputa para servir de
base quando do ingresso em uma outra via de solução diplomática. Não são propostos meios para
solucionar a controvérsia. As partes, assim como nos demais meios diplomáticos estudados, não
estão obrigadas a aceitar os fatos dispostos no inquérito, mas quase sempre o acatam
voluntariamente.

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A Convenção de Haia, em 1907 (REZEK, 1998), já apontava o inquérito como solução de litígios
quando houvesse a necessidade de esclarecimento de fatos.

1.5.7. Métodos Políticos

As Organizações Internacionais detém o papel principal neste meio para solução de conflitos.
Assim, tanto a Assembléia Geral como o Conselho de Segurança da ONU são as duas instâncias
políticas por excelência que solucionam as controvérsias internacionais surgidas entre os países.
Este meio só deve ser utilizado quando houver conflitos de certa gravidade, que representem uma
verdadeira ameaça à paz internacional (art. 33 da Carta da ONU). Isso por que a ONU não intervém
em assuntos de jurisdição nacional, conforme dispõe seu artigo 2º:

Art. 2°: Nenhum dispositivo da presente Carta autorizará as Nações


Unidas a intervir em assuntos que dependam essencialmente da jurisdição de qualquer Estado ou
obrigará os membros a submeter tais assuntos a uma solução, nos termos da presente Carta; este
princípio, porém, não prejudicará a aplicação das medidas coercitivas constantes do capítulo
VII.” (MAZZUOLI, 2004)

Por outro lado, (REZEK, 1998) este meio político pode ser adotado à revelia de um dos pólos
conflitantes, quando a controvérsia é levada às Organizações Internacionais por apenas um dos
lados. Mas isso não impede que elas, de comum acordo, levem juntas o conflito à mesa de debates.
Assim a Carta das Nações Unidas faculta o acesso dos litigantes, e até mesmo de terceiros à
Assembléia Geral e ao Conselho de Segurança para terem seus conflitos dirimidos. Rezek (1998)
afirma que em geral o Conselho de Segurança é o mais requisitado devido à sua acessibilidade, já
que a Assembléia reúne-se apenas durante um certo período do ano. Mas é certo que ambos os
Órgãos têm competência para investigar e solucionar definitivamente as situações conflituosas,
assim como prolatar suas recomendações a respeito.

Em casos de grave ameaça à paz, o Conselho de Segurança tem poder para agir preventiva e/ou
coercitivamente, valendo-se da força militar à disposição das Nações Unidas. Mas para que haja
intervenção de natureza militar, é necessária uma conjugação favorável dos membros permanentes
que compõem o Conselho de Segurança, quais sejam: Reino Unido, Estados Unidos, França,
Rússia e China.

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1.5.8. Meios jurisdicionais

O meio jurisdicional para solução de conflitos internacionais caracteriza-se pela existência de uma
jurisdição, com foro especializado e independente, que tem por função proferir decisões de
executoriedade obrigatória. Rezek (1998) afirma que no plano internacional a Arbitragem (apesar
de não judicial) foi, por muito tempo, a única jurisdição conhecida, com relatos de práticas arbitrais
datadas desde a Grécia antiga. Somente mais tarde, com o surgimento dos tribunais internacionais,
a solução judiciária ganhou notoriedade e começou a ser utilizada.

A principal característica do meio jurisdicional é a existência de um Tribunal que prolata decisões


com caráter compulsório. Divide-se em Arbitragem e Solução Judiciária. A obrigatoriedade
jurídica para esta primeira modalidade só existe por que as Nações soberanas conflitantes entraram
em acordo e estabeleceram a via arbitral para solucionar suas controvérsias, obrigando-se a
cumprir a decisão proferida pelo árbitro neutro.

O alicerce das soluções judiciárias não fica substancialmente longe disso. Aqui, as jurisdições são
mais sólidas e tradicionais. Assemelha-se à jurisdição exercida por tribunais domésticos, mas a
descentralização da sociedade internacional e os interesses adversos dos países que fazem parte da
comunidade internacional impedem que essas Cortes tenham maior ou igual autoridade que os
Juízes e Tribunais nacionais detêm em seu próprio território.

Vale salientar que os Juízes e árbitros estão subordinados ao direito, não dispondo de poderes
discricionários para decidir questões levando em consideração sua concepção pessoal de equidade
e justiça. Ao contrário da Arbitragem, amplamente aceita desde a Grécia antiga, a solução judicial,
encontrou obstáculos a sua implementação. De fato, a jurisdição judiciária é um fenômeno recente
no cenário internacional, mas que vem crescendo bastante nas últimas décadas (REZEK, 1998).

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1.6.Considerações Finais

O instituto da guerra existe desde o nascimento da sociedade humana. Os litígios, ou conflitos de


interesses, existem desde a Antiguidade, de modo que a guerra era a forma de solução procurada,
e amplamente aceita, para dirimir os conflitos e submeter a parte vencida à vontade dos
vencedores. A guerra, muitas vezes considerada santa, como foi o caso das Cruzadas, foi evoluindo
de acordo com os avanços tecnológicos até fornecer os mais terríveis aparatos de destruição. Mas
o pensamento da sociedade relacionado à guerra foi mudando com o passar do tempo e a
comunidade internacional, cada vez mais próxima devido à explosão tecnológica acontecida nos
últimos séculos, percebeu os malefícios trazidos por ela.

A comunidade internacional uniu-se para conceber as leis de guerra, nascidas das velhas regras
costumeiras do século XVI, tendo como principal objetivo proteger suas vítimas. Essas leis diziam
respeito aos prisioneiros, aos médicos, sacerdotes, enfermeiros e enfermos, aos hospitais e à
população civil. Com o término da Segunda Guerra Mundial, em 1945, foi criado o Tribunal de
Nurembeg, que tinha como objetivo julgar os grandes criminosos da Alemanha nazista. Este foi o
divisor de águas entre dois Sistemas Jurídicos. Aquele que marcara as relações internacionais até
a explosão da Segunda Guerra Mundial caiu na obscuridade cedendo lugar para a Nova Ordem
Jurídica que se estruturava.

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1.7.Referências Bibliográficas

https://direitoportugal.fandom.com/wiki/DIPI/Métodos_de_Solução_Pacífica_de_Conflitos_Inter
nacionais.

http://repositorio.ispa.pt/bitstream/10400.12/4895/1/TES%20PERE%20J1.pdf.

http://www.dhnet.org.br/dados/monografias/dh/mono_pb_solucao_conflitos_internacionais.pdf.

Manual: Direito Internacional Público.

MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Coletânea de Direito Internacional. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2004.

REZEK, José Francisco. Direito Internacional Público: Curso Elementar. São Paulo: Saraiva,
1998.

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