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Universidade Aberta Isced

Faculdade de Economia e Gestão


Curso de Gestão de Recursos Humanos

Introdução ao Direito
O Impacto da Violência Doméstica na Sociedade Moçambicana.

Carmen Elias Aassumate - 844470474

Quelimane Junho de 2022


Universidade Aberta Isced
Faculdade de Economia e Gestão
Curso de Gestão de Recursos Humanos
Introdução ao Direito
O Impacto da Violência Doméstica na Sociedade Moçambicana.

Trabalho de Campo a ser submetido na


Coordenação do Curso de Licenciatura em
Gestão de Recursos Humanos da UnISCED.
Tutor:

Carmen Elias Aassumate - 844470474

Quelimane, Junho de 2022

Índice
1.0.Introdução...................................................................................................................................4

1.0.1.Objectivos................................................................................................................................4

1.0.2.Metodologia.............................................................................................................................4
1.1.O Impacto da Violência Doméstica na Sociedade Moçambicana..............................................5

1.2.Conceito de Violência................................................................................................................5

1.3.Definição de Violência doméstica..............................................................................................5

2.0.Principais vítimas de violência doméstica em Moçambique......................................................7

2.1.Violência em crianças.................................................................................................................7

2.2.Violência em adultos..................................................................................................................7

2.3.Violência em idosos...................................................................................................................7

2.4.Causas da violência doméstica...................................................................................................7

2.5.Impactos da violência doméstica na sociedade Moçambicana...................................................9

2.6.Em crianças................................................................................................................................9

2.7.Em adultos..................................................................................................................................9

3.0.Conclusão.................................................................................................................................11

Referencias bibliografia..................................................................................................................12
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1.0.Introdução
Em Moçambique a violência doméstica é crime e é punível por Lei nº 29/2009. A Lei dá
oportunidade ao Governo para assegurar a proteção das mulheres contra a violência em casa e nas
comunidades e exige sanções para os transgressores e confere ao Estado a obrigação de prestar
assistência às vítimas (com serviços como o inquérito policial e tratamento médico entre outros),
A violência doméstica tem impacto na saúde física e psíquica, assim como reflexos na vida futura
da vítima. É entendida como aquela que ocorre em casa, no ambiente doméstico, ou numa relação
de familiaridade, afetividade ou coabitação. Mas também a violência doméstica pode ser
percebida como toda ação de violação dos direitos fundamentais do homem, praticada entre os
membros que habitam num ambiente familiar e pode acontecer entre pessoas com laços de
sangue (pais e filhos).

1.0.1.Objectivos
Geral

 Analisar o Impacto da Violência Doméstica na Sociedade Moçambicana.

Específicos

 Identificar o Impacto da Violência Doméstica na Sociedade Moçambicana;


 Descrever o Impacto da Violência Doméstica na Sociedade Moçambicana.

1.0.2.Metodologia
Nesta pesquisa privilegiou-se a técnica do estudo bibliográfico que se caracteriza pelo estudo
profundo e exaustivo de um de poucos objectos, que permita o seu amplo e detalhado
conhecimento, configurando uma pesquisa exploratória realizada em situações pouco
sistematizadas. Foi também, feita uma triangulação entre o método qualitativo e o método
quantitativo para melhor analisar o tema em discussão.
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1.1.O Impacto da Violência Doméstica na Sociedade Moçambicana.

1.2.Conceito de Violência
O termo violência é muito polissémico. A complexidade da violência para Hayeck, (2009)
aparece na polissémica do seu conceito. Deve-se tomar cuidado ao expor um conceito sobre
violência, pois ele pode ter vários sentidos, como: ataque físico, uso da força física ou até mesmo
ameaça.

Violência é qualquer atitude ou acção que cause algum prejuízo físico ou moral a uma pessoa ou
ser vivo. Violência também pode ser entendida como o ato que agride ou pretende agredir.
Violência, quando uma atitude intencional, é sempre um tipo de ataque. Hayeck, (2009).

Qualquer acção intencional, perpetrada por indivíduo, grupo, instituição, classes ou nações
dirigida a outrem, que cause prejuízos, danos físicos, sociais, psicológicos e (ou) espirituais.

Então, ao estudar os conceitos de violência é importante considerar a diferença entre conflito e


agressão, pois os maus-tratos não são uma consequência inevitável de conflito, mas uma
estratégia de resolução de problemas que traz danos aos envolvidos.

1.3.Definição de Violência doméstica


A violência doméstica é toda acção de violação dos direitos fundamentais do Homem, praticada
entre os membros que habitam num ambiente familiar e pode acontecer entre pessoas com laços
de sangue (pais e filhos), ou unidas de forma civil (marido e esposa ou genro e sogra). Os actos
de violência doméstica podem ter impacto na saúde física e psíquica da vítima no momento da
ocorrência, assim como ter reflexos na vida futura do indivíduo. Incluem no rol da violência
doméstica, o abuso sexual de menores de idade e maus tratos aos idosos.

A violência doméstica tanto em crianças, adultos assim como em idosos inclui alguns subtipos:

 Violência física: bater, espancar com ou sem objecto, ameaçar com uma arma de fogo,
tentativa de estrangular ou assassinar, trancar uma pessoa num compartimento ou impedir
que uma pessoa saia, etc.
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 Violência psicológica: controlar o comportamento, impor um comportamento específico,


denegrir, isolar ou abalar o valor de uma pessoa, intimidar, ameaçar, chantagear, insultar,
etc.
 Violência sexual: forçar alguém a ter relações sexuais, ser forçado a ter relações sexuais
com outras pessoas, estuprar, impor práticas sexuais indesejadas ou tocar sem
consentimento, forçar alguém a testemunhar actos de estupro, casamento infantil, etc.

Violência económica: controlar a renda de alguém ou impedir que alguém tenha acesso a
recursos, recusar-se a compartilhar a renda ou aos meios necessários para satisfazer necessidades
básicas, tais como alimentos, roupa, habitação, etc.

 Violência baseada no género: Violência que é direccionada contra um indivíduo com base
no seu sexo biológico, identidade de género ou adesão percebida a normas socialmente
definidas de masculinidade e feminilidade. Tal inclui abuso físico, sexual e psicológico,
ameaças; coerção, privação arbitrária de liberdade e privação económica, quer ocorra na
vida pública ou privada.

Em Moçambique a prática de violência doméstica é crime e é punível por Lei nº 29/2009. A Lei
dá oportunidade ao Governo para assegurar a protecção das mulheres e das crianças contra a
violência em casa e nas comunidades. A lei exige maiores sanções para os transgressores e
confere ao Estado a obrigação de prestar assistência às vítimas (com serviços como o inquérito
policial e tratamento médico entre outros).

A Lei n.º 29/2009 prevê vários tipos de violência doméstica, a saber: a violência física simples
(artigo 13.º), a violência física grave (artigo 14.º), a violência psicológica (artigo 15.º), a
violência moral (artigo 16.º), a cópula não consentida (artigo 17.º), a cópula com transmissão de
doenças (artigo 18.º), a violênci patrimonial (artigo 19.º) e a violência social (artigo 20.º).

Importa salientar que tradicionalmente, a violência física, psíquica e sexual dos maridos sobre as
mulheres foi sendo considerada justificada, fazendo tudo parte do poder de correcção doméstica
do marido sobre a mulher e do pai sobre os filhos, que chegou a ter suporte na lei e na
jurisprudência.
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2.0.Principais vítimas de violência doméstica em Moçambique

2.1.Violência em crianças
De acordo com a Estatísticas de Violência Doméstica, 2014-2016 (14), entre 2014 a 2016, o
número de crianças vítimas de violência doméstica de ambos sexos em cada 10000 crianças
aumentou, passando de 4.7 para 4.9 em crianças de sexo masculino e de 7.4 a 8.5 em crianças do
sexo feminino.

2.2.Violência em adultos
A mulher é a principal vítima de violência perpetrada pelos homens ocorrendo, sobretudo, na
faixa etária dos 25 a 34 anos mas de modo geral em todas as idades e extractos sociais. Os
homens são os principais perpetradores de violência contra a mulher, normalmente os parceiros
íntimos.

Na maioria dos casos, as vítimas de violência não apresentam queixa nos órgãos de justiça e não
aceitam a instauração do processo-crime contra os perpetradores deste mal social. Quando metem
a queixa procuram somente a reposição da ordem no casamento. Em geral, a maioria das
mulheres procuram a solução dos seus problemas ao nível comunitário, com recurso aos
familiares, vizinhos, padrinhos de casamento e aos anciões. Osório, (2001).

2.3.Violência em idosos
Em 2016 foram reportados 338 casos de violência contra pessoas idosas, sendo cerca de 62% do
sexo feminino. Por tipo de violência, destacaram-se a violência criminal com 252 casos dos quais
145 em idosos do sexo feminino e 107 do sexo masculino.

As províncias de Zambézia, Inhambane e Maputo mostram maior número de vítimas do sexo


masculino enquanto em Inhambane, Manica e Zambézia mais casos de idosos do sexo feminino.

2.4.Causas da violência doméstica


Não existe uma explicação acabada sobre as causas da violência, no entanto, o ciúme e a suspeita
de infidelidade conjugal, em parte, constituem grandes factores de risco para a ocorrência de
comportamento de violência física contra a mulher nos diferentes meios de convivência. Segundo
Nações Unidas, (2003:17), as origens da violência situam-se na estrutura social e no complexo
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conjunto de valores, tradições, costumes hábitos e crenças que estão intimamente ligados à
desigualdade sexual, onde a vítima da violência é quase sempre a mulher e o agressor, quase
sempre o homem, servindo-se das estruturas da sociedade de confirmação desta desigualdade.

Acredita-se que a violência contra a mulher seja resultado da crença historicamente fomentada
em muitas culturas, de que o homem é superior e deve ser detentor de mais direitos que a mulher,
nos diferentes meios de convivência social. Por outro lado, é censo comum que a violência contra
a mulher resulta de um desequilíbrio de poder entre mulheres e homens, com base nas relações
sociais desiguais, sustentadas por um sistema hierárquico a que se pode chamar de patriarcado.

Portanto, ainda não existe uma explicação única para as causas da violência contra a mulher.
Contudo, algumas das causas que têm sido frequentemente apontadas no país, justificando a
ocorrência de vários tipos de violência contra a mulher são:

Aspectos culturais (hábitos e crenças intimamente ligados a desigualdade sexual, crenças de que
a mulher é inferior ao homem, obscurantismo e maneiras de vestir “indecentes”);

Ciúmes – ciúme como causa da violência contra a mulher, manifesta-se através do


comportamento controlador do parceiro íntimo (suspeitas de infidelidade e tendências obsessiva
de controlar a mulher pelo parceiro íntimo);

Antecedente de violência na família – manifesta-se quando os perpetradores cresceram em


ambientes familiares em que a violência era praticada;

Dependência económica da mulher – vista na perspectiva de falta de recursos para a satisfação


das necessidades básicas que degenera em conflitos;

Seropositividade: quando um dos cônjuges toma conhecimento da infecção do seu parceiro ou


obrigar a parceira a manter relações sexuais sem o uso do preservativo;

Desigualdades nas relações de poder entre mulheres e homens, sendo estes últimos detentores de
um maior poder, através de estruturas e sistemas sociais, culturais, económicas e políticas que
historicamente lhes têm favorecido.
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2.5.Impactos da violência doméstica na sociedade Moçambicana

2.6.Em crianças
Das mulheres que sofrem violência, mais de 50% têm filhos sob seus cuidados. Crianças e jovens
não precisam ver a violência ser assistida por ela. Estudos mostram que viver com violência
doméstica pode causar danos físicos e emocionais a crianças e jovens das seguintes maneiras:

 Ansiedade e depressão contínuas;


 Sofrimento emocional;
 Distúrbios alimentares e do sono;
 Baixa auto-estima;
 Auto-mutilação;
 Seja agressivo com amigos e colegas de escola;
 Sentir culpa ou culpar a si mesmos pela violência;
 Tem problemas para formar relacionamentos positivos;
 Desenvolver fobias e insónia;
 Luta para ir à escola e trabalhar na escola;
 Usar comportamento de agressor ou se tornar um alvo de agressão;
 Dificuldade de concentração;
 Acho difícil resolver problemas;
 Ter menos empatia e cuidar dos outros.

As crianças e jovens precisam crescer em um ambiente seguro e acolhedor. Onde existe violência
doméstica ou familiar, o lar não é seguro e as crianças têm medo do que pode acontecer com eles
e com as pessoas que amam.

2.7.Em adultos
Os sobreviventes de violência doméstica podem enfrentar efeitos contínuos e desafiadores após
sofrerem abuso físico, mental e emocional.  Pode levar tempo para que um sobrevivente se adapte
à vida em um ambiente seguro, especialmente se um agressor foi severamente violento e / ou
cometeu as acções por um longo período de tempo. (Casimiro, et al. 2007).
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Embora lidar com essa dor possa ser esmagador, o processo de cura pode ajudar os sobreviventes
a desenvolver forças internas e diminuir o medo de segurança para si e suas famílias.  No
caminho da recuperação, os sobreviventes e aqueles que os apoiam devem entender que a cura
leva tempo.  Os efeitos desse trauma podem variar amplamente de pessoa para pessoa devido às
respostas dos indivíduos ao estresse, idade e frequência e gravidade do abuso. Chipembe , (2017).

 Contaminação por doenças de transmissão sexual (alta incidência de ITS’s e infecção de


HIV/SIDA nas comunidades);
 Influência negativa no rendimento na escola ou no local de trabalho e no desenvolvimento
da criança;
 Desistência escolar por parte das raparigas que por vezes contraem doenças e gravidezes
indesejadas;
 Redução de auto-estima; Estigmatização;
 Conflitos e desintegração familiar;
 Uso abusivo de álcool e droga;
 Constante estado de stress e medo;
 Agressão ou assassínio dos intervenientes (familiares, crianças, vizinhos); e
 Distúrbios comportamentais nas crianças, como consequência de violência dos pais.
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3.0.Conclusão
Após ter feito o trabalho destacou-se que a violência não tem nada a ver com as normas culturais
aceites. O aumento de violência nas famílias e nas comunidades pode ser sintoma de perda de
controle, de lutas contra as mudanças dos papéis de género, de lacunas nos sistemas jurídico,
económico e de saúde que falham em estabelecer limites, de processos de aculturação, etc.
Enquanto os países e as sociedades mantiverem os olhos fechados para a violência contra as
mulheres e as crianças, eles estão, em termos psicológicos, em processos de auto-destruição.
Prejudicar e limitar as forças construtivas das mulheres na sociedade representa um custo
extremamente alto. Prejudicar a confiança e a crença das crianças na justiça, na segurança e na
paz, é criar mais riscos de que elas cresçam agressivas, se tornem adultos criminosos ou vítimas
de violência de outros. Eles serão um sério risco para a paz e para o desenvolvimento da
sociedade.
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Referencias bibliografia
Hayeck, C. M. e RBHCS, (2009). São Leopoldo. Reflectindo sobre a violência. Revista
Brasileira de História & Ciências Sociais  – ano 1, n. 1, Jul.

Osório, C. Andrade, X.; Temba, E.; Jose, A. & Levi, b. (2001). Poder e Violência:
Homicídio e Femicídio em Moçambique”, WLSA-Moçambique, Maputo,

Ministério Da Mulher e Da Acção Social. (2004). Inquérito sobre violência contra a


Mulher 2004. Maputo. Moçambique,

Isabel m. C. Casimiro, et al. (2007). Violência Baseada em género em Moçambique: O caso


das províncias de Inhambane e Nampula. Maputo,

Fórum Mulher. (2007);A violência doméstica é uma violação dos direitos humanos das
mulheres. Anteprojecto de lei contra a violência doméstica. Maputo.

Plano Nacional de Acção para Prevenção e Combate à Violência contra a Mulher- (2008-
2012), S/D;

Chipembe Cassiano Soda  (2017). Estatísticas de Violência Doméstica, 2014-2016, Editor


Instituto Nacional de Estatística – Moçambique,

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