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No interior de uma família, coisas que acontecem no seio de uma família.
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O que passa de geraçã o em geraçã o.
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virtudes tornam-se urgentes, pois funcionam como um para-choque das desordens
psicoló gicas e a chave para a construçã o da resiliência.
BREVE RESUMO
A violência intrafamiliar, infelizmente, sempre existiu, foi assistida e aceita pela
sociedade durante séculos como forma de educaçã o e valores sociais. Contudo,
principalmente nas ú ltimas quatro décadas tem-se assistido a um crescente interesse e
preocupaçã o por este facto, que passou a ser objecto de investigaçã o, actuaçã o e busca de
prevençã o. A violência intrafamiliar é um problema social grave que atinge toda a
populaçã o e precisa ser estudada de diferentes maneiras e á reas. Sua recorrência tornar-se
uma “forma de vida normal” por parte dos rituais familiares, que passa de geraçã o em
geraçã o, quase inalterado, tais comportamentos. Também considerada uma questã o
fundamental para o sector de saú de devido ao seu impacto nas condiçõ es de vida e de
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saú de da populaçã o, especialmente quando acontece durante a infâ ncia, antes do
completo crescimento e desenvolvimento humano.
Desigualdade e violência
A violência se constitui na consonâ ncia e na dimensã o da desigualdade. As
consideradas minorias - crianças, adolescentes, mulheres, idosos, deficientes, negros e,
outros, sã o estigmatizados como inferiores pela sociedade, no qual o convívio torna-se
uma ameaça constante que diversas vezes pode desencadear uma fatalidade. As
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Acto de ignorar ou desprezar normas traçadas
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Aqueles que geraram descedentes, pais…
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desigualdades de género sã o moldadas e reforçadas pela ideologia androcêntrica5, e está
intimamente ligada com a violência intrafamiliar.
3. Definiçã o de violência
O termo violência tem sua origem no latim violentia, que remete ao radical vis,
significando força, vigor, emprego de força física ou recursos do corpo em exercer sua força
vital. Esta força torna-se violência quando ultrapassa um limite ou perturba acordos tá citos
ou regras que ordenam as relaçõ es sociais.
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Visão do mundo centrada no ponto de vista masculino
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Transformação de conceitos, ideias.
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que nem por isso, deixam de serem graves devido à s consequências emocionais, marcas
psíquicas e afectivas que existirã o.
Trabalho Infantil: este tipo de violência tem sido atribuído à condiçã o de pobreza
em que vivem suas famílias, que necessitam da participaçã o dos filhos para
complementar a renda familiar, resultando no processo de vitimaçã o, já
mencionado.
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Consequências da violência intrafamiliar em crianças e adolescentes
Para uma criança sua casa é o local mais seguro e acolhedor, entretanto para
crianças que sã o agredidas neste local se expõ e a uma situaçã o de grande desamparo. O
fato de conviver com seu agressor e enfrentar o pacto do silêncio, os estilos parentais
disfuncionais ou mesmo a redes de apoio ineficazes, podem ser considerados factores de
risco para a criança e podem apresentar consequências extremamente prejudiciais ao
seu desempenho escolar, no desenvolvimento e nas relaçõ es sociais a curto e em longo
prazo.
Dias (2013), descreve as consequências que podem surgir em curto prazo em:
pesadelos repetitivos, raiva, culpa, vergonha, medo, quadros fó bico-ansiosos7 e depressivos
agudos, queixas psicossomá ticas, isolamento social e sentimentos de estigmatizaçã o. Os
danos em longo prazo também podem ocorrer e dã o-se “no aumento significativo na
incidência de transtornos psiquiá tricos, dissociaçã o afectiva, pensamentos invasivos,
ideaçã o suicida, fobias mais agudas, níveis intensos de ansiedade, medo, depressã o,
isolamento, raiva, hostilidade e culpa, cogniçã o distorcida, tais como sensaçã o cró nica de
perigo e confusã o, pensamento iló gico, imagens distorcidas do mundo e dificuldade de
perceber a realidade, reduçã o na compreensã o de papéis complexos e dificuldade
para resolver problemas interpessoais”.
Abranches e Assis (…) mostram que a violência psicoló gica acarreta ataques ao ego
da criança, com sérios danos e distorçõ es introduzidas em seu mapa psicoló gico sobre o
mundo. As prá ticas repetidamente de maus-tratos psicoló gicos durante o desenvolvimento
infantil convencem a criança de que ela é a pior, nã o amada, nã o querida, ou que seu ú nico
valor é comparado com a necessidade dos outros. A violência psicoló gica tem sido
considerada como ponto central do abuso infantil e da negligência.
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também de construir e manter satisfató ria relaçã o interpessoal, inapropriado
comportamento e sentimentos frente a circunstâ ncias normais, humor infeliz ou
depressivo e tendência a desenvolver sintomas psicossomá ticos.
O psicó logo deve acolher a criança e oferecê-la um ambiente seguro, para que
esta perceba a atençã o e a credibilidade deste profissional, e assim sinta-se à vontade para
relatar seu caso. Uma criança bem acolhida e sentindo a confiança no profissional, poderá
deixar transparecer seus reais sentimentos e detalhes vividos em sua experiência.
O trauma vivido por essas crianças e adolescentes geralmente perpetuam por toda
sua vida, e muitas vezes, infelizmente, em alguns casos podem influenciá -los a cometer os
mesmos abusos ao chegarem à idade adulta, como defende Azambuja (2004). As
experiências ficam marcadas na herança genética e nos padrõ es de vínculo, sendo,
portanto, repassados de uma forma ou outra para a descendência. Portanto a intervençã o
do psicó logo é essencial na reconstruçã o da vida da criança, pois valoriza a infâ ncia perdida
e busca a superaçã o dos traumas vivenciados por esta violência.
O profissional psicó logo deve actuar considerando a violência como fenó meno
complexo, multifatorial, social, cultural e historicamente construído o que implicará uma
abordagem interprofissional. O psicó logo também deve considerar a complexidade das
relaçõ es afectivas, familiares e sociais que permeiam o processo de desenvolvimento e
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incluirá , na sua escuta, todas as pessoas envolvidas na situaçã o de violência, identificando
as condiçõ es psicoló gicas, suas consequências, possíveis intervençõ es e
encaminhamentos.
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Referências
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