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CENTRO UNIVERSITÁRIO CENTRAL PAULISTA – UNICEP

DIRETORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E CURSOS DE EXTENSÃO


ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA

Maria Luciana Almeida do Nascimento

ESTÁGIO-PESQUISA EM PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL:


adaptação dos processos de ensino-aprendizagem para o trabalho
durante a pandemia

São Carlos – SP
2020
CENTRO UNIVERSITÁRIO CENTRAL PAULISTA – UNICEP
DIRETORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E CURSOS DE EXTENSÃO
ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA

ESTÁGIO-PESQUISA EM PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL:


adaptação dos processos de ensino-aprendizagem para o trabalho
durante a pandemia

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Diretoria de Pós-Graduação e Cursos de Extensão
da UNICEP, como uma das exigências para
obtenção do Título de Especialista em
Psicopedagogia Institucional.

Autora: Maria Luciana Almeida do


Nascimento
Orientadora: Prof.ª. Drª. Juliana Zantut
Nutti.

São Carlos – SP
2020
DECLARAÇÃO DE AUTORIA

Eu, Maria Luciana Almeida do Nascimento, devidamente matriculada no Curso de


Pós-Graduação “lato sensu” intitulado Psicopedagogia Institucional oferecido pela
Diretoria de Pós-graduação e Cursos de Extensão do Centro Universitário Central
Paulista - UNICEP, declaro a quem possa interessar e para todos os fins de direito
que:

a. Sou o legítimo autor do trabalho de conclusão de curso cujo Título é: Pesquisa –


Estágio em Psicopedagogia Institucional: adaptação dos processos de ensino-
aprendizagem para o trabalho durante a pandemia.

b. respeitei, a legislação vigente de direitos autorais, em especial citando sempre as


fontes que recorri para transcrever ou adaptar textos produzidos por terceiros.

Declaro-me ainda ciente que se for apurada a falsidade das declarações acima, o
TCC será considerado nulo e o certificado de conclusão de curso/ diploma
porventura emitido será cancelado, podendo a informação de cancelamento ser de
conhecimento público.

Por ser verdade, firmo a presente declaração

São Carlos, 30 de novembro de 2020.

________________________________
Maria Luciana Almeida do Nascimento
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO......................................................................................6
2. CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A PSICOPEDAGOGIA...................7
2.1 Breve Histórico sobre a Psicopedagogia e sua origem........................8
2.2 A Psicopedagogia Institucional: conceitos e possibilidade de atuação
..................................................................................................................10
3. CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO.........................................12
3.1 Estrutura física e organizacional........................................................12
3.2 Valores e Metodologia.......................................................................14
3.3 Rotinas de atividades.........................................................................16
3.4 Principais características do Projeto Político Pedagógico ou Plano
Diretor......................................................................................................17
4. CONTEXTO DE REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO-PESQUISA...........18
4.1 Metodologia e procedimentos do Estágio-Pesquisa...........................18
5. APRESENTAÇÃO DOS PRINCIPAIS PONTOS DA ENTREVISTA:
COM UM OU MAIS ELEMENTOS DA INSTITUIÇÃO (DIREÇÃO,
COORDENADORA E/OU DOCENTES)..................................................19
5.1 Entrevista com a docente...................................................................19
5.2 Entrevista com a coordenadora..........................................................20
5.2 Relato de experiencia pessoal como professora durante a Pandemia 21
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................23
7. REFERÊNCIAS....................................................................................24
ADAPTAÇÃO DOS PROCESSOS DE ENSINO-APRENDIZAGEM
PARA O TRABALHO DURANTE A PANDEMIA.

Maria Luciana Almeida do NASCIMENTO1

RESUMO: O presente relatório de estágio-pesquisa é resultado do trabalho de


conclusão do Curso de Especialização em Psicopedagogia Institucional realizado em
uma instituição privada do interior de São Paulo. A proposta tem como objetivo relatar
como a instituição escolar se organizou para dar continuidade ao trabalho pedagógico
dentro do contexto de pandemia onde uma das medidas de enfrentamento
implementadas foi o fechamento das escolas da rede pública e privada. Para entender
com a escola se organizou foi realizada uma entrevista semiestruturada com membros
atuantes da instituição: coordenação/direção, docente e relato pessoal onde refletem
sobre os reflexos da pandemia, consequências, redefinições e mudanças no âmbito
educacional, ressignificando o processo educacional. Foi realizada uma revisão
bibliográfica sobre a Psicopedagogia, com ênfase na Psicopedagogia Institucional com
o intuito de entender a necessidade da atuação psicopedagógica no cenário atual.

PALAVRAS-CHAVE: Pandemia; Instituição Escolar; Processo Educacional;


Psicopedagogia Institucional.

SUMMARY: The present research-stay report is the result of the conclusion of the
Specialization Course in Institutional Psycho-pedagogy held in a private institution in
the countryside of São Paulo. The proposal aims to report how the school institution
organized itself to give continuity to the pedagogical work within the context of a
pandemic where one of the measures implemented was the closure of public and private
schools. To understand with the school it was organized a semi-structured interview
with active members of the institution: coodenation/direction, teacher and personal
report where they reflect on the reflexes of the pandemic, consequences, redefinitions
and changes in the educational field, resignifying the educational process. A

1
Pós-Graduanda em Psicopedagogia Institucional do Centro Universitário Central Paulista – UNICEP.

5
bibliographic review on Psycho-pedagogy was carried out, with emphasis on
Institutional Psycho-pedagogy in order to understand the need for psycho-pedagogical
action in the current scenario.

KEY WORDS: Pandemic; School; Educational Process; Institutional Psycho-


pedagogy.

1. INTRODUÇÃO

A pandemia do Covid-19 trouxe um cenário desafiador no que se refere ao


âmbito educacional. Em um período normal a realidade educacional, social e econômica
já é por si só um grande desafio. Em tempos de pandemia essa realidade se tornou mais
desafiadora, visto que milhões de crianças não tem acesso à internet em suas casas.
As escolas de ensino regular, ensino profissionalizante e educação superior
tiveram que fechar as portas devido à necessidade de isolamento social para evitar a
propagação do contágio.

As atividades escolares foram impactadas pela pandemia, gestores e


coordenadores tiveram que pensar em outras metodologias para continuar com as
propostas de ensino previstas para o calendário educacional de 2020 através de
plataformas digitais, inicialmente os desafios são considerados enormes.

A comunicação é uma das principais ferramentas desse novo modelo de ensino.


Os professores precisaram manter contato não só com as crianças, mas principalmente
com as famílias. O celular se transformou em uma importante ferramenta de
comunicação entre as famílias e os professores, para Lana (ESCOLAS
EXPONENCIAIS, 2020):

Eles podem ser usados para educação, como por exemplo para o
compartilhamento de orientações sobre atividades educativas que devem ser
feitas, vídeos gravados por professores… Existem muitas opções para que
todas as crianças, independentemente da faixa etária, tenham educação à
distância. Basta criatividade, boa vontade, organização e colaboração neste
momento de crise.

Como dar aulas, fazer atividades, engajar e ensinar os alunos da Educação


Infantil em tempos de isolamento social? No inicial da pandemia no Brasil muito se

6
falou sobre a possibilidade de cancelar o ano letivo. Documentos e legislações ressaltam
a importância da garantia dos direitos de aprendizagem dessas crianças.

Na educação infantil as práticas pedagógicas são voltadas para interações sociais


e brincadeiras, como fazer isso através do ensino virtual? As atividades e propostas
oferecidas precisaram ser adaptadas e contextualizadas de acordo com a realidade da
criança. Buscando compreender junto às famílias sobre os utensílios e materiais
disponíveis em casa que poderiam ser utilizados para as práticas, acesso à livros entre
outras coisas.

Essa nova realidade se transformou em um desafio para professores, crianças e


principalmente para suas famílias, visto que estas ficaram responsáveis por assumir o
protagonismo durante a realização das práticas pedagógicas e ainda tiveram que dividir
sua carga horária com o trabalho remoto e afazeres domésticos.

Neste cenário a situação dos professores bem como sua saúde mental ficaram
prejudicadas, os fatores de estresse foram intensificados. Docentes se viram sem
recursos, precisando elaborar rapidamente novas formas de transmitir o conhecimento,
tendo que encarar jornada dupla e ainda serem responsáveis pelos cuidados com a casa e
filhos.

2. CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A PSICOPEDAGOGIA

Segundo Vercelli (2012), a Psicopedagogia é um campo do conhecimento que


faz interlocução com as áreas da educação e da saúde e possui como objeto de estudo a
aprendizagem humana. Tem por finalidade compreender os padrões evolutivos normais
e patológicos do processo de aprendizagem, considerando a influência da família, da
escola e da sociedade no desenvolvimento.
Realiza seu trabalho por meio de processos e estratégias que levam em conta a
individualidade do aprendente, portanto é uma práxis comprometida com a melhoria das
condições de aprendizagem. Trata-se de um campo de estudo que se utiliza dos
conhecimentos de diversas áreas, a saber: da psicologia, da pedagogia, da psicanálise,
da medicina, da linguística, da semiótica, da neuropsicologia, da psicofisiologia e da
filosofia humanista-existencial.

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A Psicopedagogia pode ser definida como uma área de estudo sobre o processo
de aprendizagem, assim como suas dificuldades, a partir de uma ação profissional que
engloba, integra e sintetiza vários campos de conhecimento (SCOZ, 1992).
Pode ser concebida como uma área que visa a relacionar a ciência pedagógica,
psicológica, fonoaudiológica, neuropsicológica, psicolinguista, entre outras, na busca de
uma compreensão integradora da aprendizagem (KIGUEL, 1987).
Como podemos perceber, a Psicopedagogia é uma área que não trabalha sozinha,
é na junção de suas áreas, como as citadas acima, que ela trabalha visando o
aprendizado.
Segundo as autoras Marques e Picetti (2016), a Psicopedagogia tem uma visão
integrada da aprendizagem, entendendo que todas as dimensões do sujeito são
coparticipantes de seus processos de aprendizagem, por meio do entrelaçamento e da
manifestação dos processos cognitivos, afetivo-emocionais, sociais, culturais, orgânicos,
psíquicos e pedagógicos, concebendo o sujeito como individual e coletivo. Ela transita
entre os aspectos pedagógicos e psíquicos e entre os processos de desenvolvimento e
aprendizagem dos sujeitos. Sua intervenção possibilita que indivíduos, grupos e
instituições desenvolvam seus processos de aprendizagem de forma saudável,
resgatando o prazer de aprender e descobrindo-se como autores de seus próprios
processos.
Em síntese, a Psicopedagogia busca compreender fatores que intervém nos
problemas dentro dos contextos: social, familiar e escolar, objetivando alternativas de
ação para que haja uma mudança significativa ao ensinar e aprender.

2.1 Breve Histórico sobre a Psicopedagogia e sua origem

Um dos principais objetivos do surgimento da Psicopedagogia foi investigar as


questões da aprendizagem ou do não-aprender em algumas crianças. Por um longo
período, atribuía-se exclusivamente à criança a patologia do não-aprender. Sequer
questionavam-se a família, a escola, ou seja, as questões externas à criança. As
pesquisas sobre aprendizagem baseavam-se na concepção apriorista, isto é, a criança já
nasceria pré-determinada para aprender ou não. (POKORSKI, 2008).

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Foi na Europa, no século XIX, que médicos, pedagogos e psiquiatras levantaram
questões sobre o não-aprender. No Brasil, a Psicopedagogia surge a partir da segunda
metade do século XX, com contribuições de autores da Argentina.
Para Moojen (1999), a Psicopedagogia, no Brasil, apresenta três momentos
históricos. O primeiro refere-se à década de 1960, quando a criança com “distúrbios de
aprendizagem” é considerada inapta ao sistema convencional de educação. Uma equipe
multidisciplinar faz o diagnóstico e encaminha a criança para um trabalho de
reeducação, muitas vezes utilizando o exercício da repetição ou do treino referente ao
tema da dificuldade de aprendizagem. O segundo momento corresponde às décadas de
1970 e 1980, quando a Psicopedagogia redefine o seu objeto de estudo, que deve ser
ocupar-se com a compreensão da aprendizagem humana. Para isso busca fundamentos
interdisciplinares, recorrendo principalmente à Psicanálise, à Psicologia Genética, à
Linguística, à Psiconeurologia, à Sociologia e à Filosofia. A concepção de
aprendizagem passa a ser interacionista. Em 1980, é criada a identidade da
Psicopedagogia, formando-se a Associação Brasileira de Psicopedagogia – ABPp, com
sede em São Paulo, sendo que hoje vários estados possuem sua Seção Regional.
No ano de 1980, ocorre o primeiro Encontro Nacional de Psicopedagogia, com o
tema “Experiências e perspectivas do trabalho psicopedagógico na realidade brasileira”,
sendo que, a partir dele, outros encontros ocorrem a cada dois anos, em São Paulo, além
de encontros regionais.
O terceiro momento, segundo Moojen (1999), está ainda muito ligado ao
segundo, porém com ênfase no “ser em processo de construção” - esse sujeito entendido
como um ser pluridimensional – que pensa, deseja, relaciona-se e está contextualizado.
Nesse terceiro momento, para Fagali (1998), a Psicopedagogia pensa a sua prática, tanto
clínica quanto institucional, num enfoque transdisciplinar, sendo necessário aprofundar
e analisar os princípios que regem o processo de aprender. Princípios esses que estão
presentes na existência do homem, na sua constituição, na sua modalidade de aprender
e/ou ensinar, em suas diferenças e singularidades. O enfoque transdisciplinar volta-se
para um processo plural, complexo, considerando as capacidades humanas, as diferentes
maneiras de elaborar, simbolizar, captar, criar, mostrar e expressar-se.
Por fim, podemos considerar que a Psicopedagogia é uma área de estudo
bastante recente, existindo há aproximadamente 30 anos no Brasil, e tem por objetivo
estudar, compreender e intervir na aprendizagem humana. E, ao contrário do que muitos
pensam, a Psicopedagogia não se restringe somente ao estudo das dificuldades e dos

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distúrbios de aprendizagem, mas à aprendizagem de um modo geral, seja no seu estado
normal ou patológico. Além disso, todos os seres humanos, em qualquer faixa etária,
podem fazer uso da Psicopedagogia para aprender de forma mais eficaz ou compreender
o seu próprio processo de aprendizagem. (SERRA, 2012).
A seguir, conheceremos as possibilidades de atuação do psicopedagogo e, mais
detalhadamente, a área institucional.

2.2 A Psicopedagogia Institucional: conceitos e possibilidade de


atuação

Desde a década de 1970, o trabalho do psicopedagogo institucional se resume


em ajudar crianças e adolescentes a resolver os conflitos que encontram na trajetória
escolar e/ou evitar que eles ocorram. O psicopedagogo deverá ajudar a equipe escolar a
transformar o ambiente da escola em um espaço de construção do conhecimento. Para
isso, ele poderá colaborar na elaboração do projeto pedagógico respondendo a três
questões fundamentais: o que ensinar, como ensinar e para que ensinar. O trabalho
psicopedagógico preventivo tem como objetivo abordar os elementos que envolvem a
aprendizagem de maneira que os vínculos estabelecidos sejam sempre bons. Se a
relação dialética sujeito/objeto for construída de forma positiva, o processo
ensino/aprendizagem ocorrerá de maneira saudável e prazerosa. (VERCELLI, 2012).
A autora citada acima, neste mesmo estudo (2012), ressalta que: para que um
trabalho psicopedagógico tenha sucesso, o profissional deverá considerar os aspectos
físicos, emocionais, psicológicos e sociais do indivíduo.
Cabe ao psicopedagogo orientar os professores e toda a equipe escolar a pensar
no que têm e no que não têm dado certo, pensando que a escola deve ser a solução e não
um problema para a criança com dificuldade de aprendizagem. Este profissional pode
também, encaminhar essas crianças para outros profissionais que julgar necessário, por
exemplo: fonoaudiólogo, psicólogo, neurologista, pediatra, entre outros.
Podem-se destacar duas formas básicas de trabalho psicopedagógico: a primeira
delas é o atendimento clínico, que tem como objetivo a recuperação, a outra é a
institucional, que tem como objetivo principal a prevenção. Atualmente há um grande
interesse no trabalho preventivo, situação que não é exclusiva da área psicopedagógica.

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Ao contrário, é uma tendência em várias áreas. Acredita-se que dessa forma muitos
problemas podem ser evitados. (RUBINSTEIN, 1987).
Com base no caráter preventivo, o psicopedagogo deve orientar a escola como
um todo, nesse sentido, Bossa (1999) salienta que o psicopedagogo deve: auxiliar o
professor e demais profissionais nas questões pedagógicas e psicopedagógicas; orientar
os pais; colaborar com a direção para que haja um bom entrosamento entre todos os
integrantes da instituição e, principalmente, ajudar o aluno que esteja sofrendo, qualquer
que seja a causa.
Bossa (2011) afirma que o sujeito de investigação e atuação da Psicopedagogia
Institucional é a instituição e sua complexa rede de relações.
Segundo as autoras Marques e Picetti (2016), a Psicopedagogia Institucional
considera as amplas e intrincadas relações de aprendizagem de uma instituição,
analisando as relações institucionais e buscando elaborar condições de articular a
qualificação dos processos de aprendizagem. Objetiva fazer com que os sujeitos de um
grupo possam se conceber e agir como protagonistas de seus próprios processos de
aprendizagem. Pode ter como objetivo, na escola, a diminuição da incidência dos
problemas de aprendizagem. Analisa e age em relação às questões da didática e da
metodologia, através da intervenção: na formação permanente e na assessoria junto aos
professores; no atendimento familiar; no diagnóstico de sujeitos; no relacionamento
entre alunos e professores; nas relações afetivas envolvidas nos processos de aprender;
no significado que os alunos e professores dão à aprendizagem; na elaboração de
currículos e ações pedagógicas que tenham efetivo desempenho junto ao processo de
aprendizagem.
A Psicopedagogia Institucional acontece nas escolas e tem por objetivo prevenir
as dificuldades de aprendizagem e, consequentemente, o fracasso escolar. Atualmente,
em função do novo contexto educacional do ensino regular que recebe as crianças com
necessidades educacionais especiais, a Psicopedagogia tem papel importante auxiliando
os professores, os pais e a equipe escolar no trabalho com a inclusão, pois entendemos
que somente conceder a vaga à criança com necessidades especiais não é suficiente
(BOSSA, 2000).
Vercelli (2012), define a Psicopedagogia institucional como um campo de
estudo que vem se desenvolvendo como ação preventiva de importância, mas é vista
como ameaçadora, pois tem por objetivo fortalecer a identidade do grupo e transformar
a realidade escolar. Torna-se ameaçadora, pois em muitos casos, o psicopedagogo

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poderá propor mudanças para que determinadas crianças aprendam, mas, infelizmente,
muitos educadores resistem a essas mudanças e interpretam o que lhes foi dito como se
não estivessem dando conta do papel que exercem.
Oliveira (2018) elenca alguns objetivos importantes que fazem parte da
atuação psicopedagógica no interior das instituições, dentre eles temos:

 ajudar na elaboração do projeto pedagógico;


 orientar os professores na melhor forma de ajudar em sala de aula o
aluno com dificuldades de aprendizagem;
 realizar um diagnóstico institucional para averiguar possíveis
problemas pedagógicos que possam estar prejudicando o processo de ensino-
aprendizagem;
 encaminhar o aluno para um profissional (psicopedagogo, psicólogo,
fonoaudiólogo etc.) a partir de avaliações psicopedagógicas;
 conversar com os pais para fornecer orientações; auxiliar a direção da
escola para que os profissionais da instituição possam ter um bom
relacionamento entre si;
 conversar com a criança ou adolescente quando precisar de orientação;
 criar dinâmicas para reuniões pedagógicas oferecendo ludicidade e
interação entre os profissionais da instituição;
 preparar palestras e seminários. (OLIVEIRA, 2018, p. 12).

Como podemos perceber, o psicopedagogo desempenha diferentes e importantes


funções, dentro do seu espaço de trabalho, seja na empresa, na escola, na clínica, no
hospital, entre outros locais de possível atuação.
Ele precisa manter sempre uma boa relação com seus pares, pois seu trabalho
não deve caminhar individualmente, sempre terá uma equipe atuando juntamente a ele,
ou até mesmo, os familiares e professores da criança, por exemplo. A avaliação e o
diálogo serão de extrema importância na atuação deste profissional, para atingir os
objetivos traçados inicialmente com seu público-alvo.

3. CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO

3.1 Estrutura física e organizacional

Localizada em um ponto central da cidade, a uma Escola de Educação Infantil


está situada em um bairro rico em consultórios médicos, comércios. Iniciou suas
atividades em 2001, sempre com sede própria.

A escola funciona em período integral das 7h às 18h30, sendo que o período da


manhã é dedicado apenas a recreação. Neste período os grupos são mistos, um grupo
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com crianças de berçário 1 e berçário 2; outro grupo com crianças de maternal e infantil
1 e outro com crianças de infantil 2 e pré, sob a responsabilidade de 2 recreacionistas
por grupo. Com educadores sempre presentes, desempenhando função de apoio e
incentivador de brincadeiras, intervindo quando necessário, e potencializando
capacidades, como: autonomia, criatividade, socialização.

Atende crianças na faixa etária de 4 meses a 5 anos e meio em salas reduzidas,


sendo até 78 crianças no máximo. Todo o trabalho pedagógico é organizado com base
nos interesses das crianças e nas necessidades observadas em seu desenvolvimento,
considerando as diferenças individuais e a forma de aprender de cada uma das crianças.
As turmas são formadas segundo critério de idade:

 Berçário 1: 06 crianças de 0 a 1 ano – 1 professora e 1 berçarista;


 Berçário 2: 12 crianças de 01 a 02 anos – 1 professora e 2 auxiliares;
 Maternal: 15 crianças de 02 a 03 anos - 1 professora e 2 auxiliares;
 Infantil 1: 15 crianças de 03 a 04 anos - 1 professora e 1 auxiliar;
 Infantil 2: 15 crianças de 04 a 05 anos - 1 professora e 1 auxiliar;
 Pré: 15 crianças de 05 a 05 anos e 11 meses - 1 professora e 1 auxiliar.

A clientela constitui-se de classe social média e alta; as crianças são filhos de


pessoas que trabalham para órgãos públicos da cidade, de profissionais da área da saúde
e filhos de funcionários.

Encontra-se no prédio atual há 10 anos, sendo o mesmo construído


especificamente para este fim, portanto, apto a receber todas as crianças
independentemente de haver necessidades especiais ou não.
As salas de aula são amplas, passam por higienização constante, é uma escola
muito bem estruturada onde tem uma pessoa específica que verifica semanalmente a
necessidade de consertos e reparos.
O corpo docente é formado por 06 docentes, 05 com formação em Licenciatura
em Pedagogia e 01 com formação em Educação Especial (cursando Licenciatura em
Pedagogia). Sendo 01 com Especialização em Educação Infantil, 01 com especialização
em Neuropsicopedagogia, 01 com especialização em Sociologia da Infância e cursando
Psicopedagogia Institucional e Psicopedagogia Clínica e 02 cursando Psicopedagogia
Institucional e Psicopedagogia Clínica.

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A equipe dirigente é composta por 01 diretora e 01 coordenadora pedagógica.
Sendo a Diretora formada em Psicologia e especializada em Psicopedagogia
Institucional e Clínica e coordenadora com formação em Licenciatura em Pedagogia.

3.2 Valores e Metodologia

O planejamento anual é flexível, considerando sempre as propostas trazidas


pelos documentos que nos orientam como atualmente a BNCC, que estabelece diretrizes
para uma formação integral, justa e inclusiva, com o objetivo de dar as crianças todas as
oportunidades para se desenvolverem, cada uma a seu tempo, como protagonista de seu
aprendizado. A fim de contemplar todos os campos de experiência e a pluralidade de
espaços e tempos socioculturais do qual participam crianças e educadores, refletir sobre
as várias abordagens das diferentes teorias e fundamentar nossa prática diária.
As propostas são inspiradas na abordagem de Reggio Emília/Loris Maluguzzi
(Itália), o que requer consciência de alguns pontos principais: a criança tem autonomia,
o educador é um observador participativo, e a escola é um território seguro, que
favorece as trocas e as oportunidades de aprendizado.
A prática pedagógica nesta escola de educação infantil está aberta a vivência e
experimentação; ao concreto; ao ensino globalizado; a participação ativa da criança; à
magia, à ludicidade, ao movimento, ao afeto – processos que levam as crianças a
exercitarem a criatividade e o pensamento. A Pedagogia da Escuta dá autonomia à
criança, liberdade para criar e pensar, com tempo e espaço para brincar, com brinquedos
diferentes, naturais, tintas, texturas, luzes e sombra, enfatizando o faz de conta. A
criança sempre como protagonista na fase mais importante da vida.
Principais alicerces da Pedagogia da Escuta:
 Escutar é ter a sensibilidade de se conectar ao outro;
 A escuta é um movimento sensorial: não se escuta só com os ouvidos, mas com
o corpo todo;
 A escuta como um verbo ativo, que interpreta e produz sentido;
 A escuta não produz respostas prontas, mas constrói perguntas;
 A escuta legítima provoca um processo de reciprocidade: quem escuta também
deve ser ouvido. A escuta é emoção;

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 Escutar requer que mostremos a nós mesmos o valor do desconhecido, para que
vençamos o sentimento de precariedade que toma conta de nós sempre que
nossas certezas são colocadas em crise;
 A escuta demanda tempo: um tempo cheio de silêncios e longas pausas.

Aliadas a pedagogia dos Sentidos e da Escuta temos a Pedagogia de Projetos que


se coloca como umas das expressões da concepção globalizante do conhecimento, pois
permite as crianças analisarem os problemas, as situações e os acontecimentos dentro de
um contexto e em sua globalidade, utilizando, para isso, os conhecimentos presentes e a
sua experiência sócio-cultural.
Os projetos como uma forma de repensar a prática pedagógica e as teorias que
lhe dão sustentação. Enfim, uma concepção de educação, ensino e aprendizagem que é
mais do que uma sequência de passos a serem seguidos ou uma mera técnica de ensino,
porque não existe uma sequência única e estável para abordar todos os problemas, ou
interesses; isto é, para cada necessidade uma dinâmica diferente para repensar e
contribuir para uma aprendizagem que seja significativa para todos. A Pedagogia de
Projetos viabiliza ricas relações entre diferentes conteúdos e vivências que as desafiam a
seguir em frente sempre explorando suas curiosidades.
Agora, porém com inspiração na Pedagogia da Escuta ou dos Sentidos como
alguns a chamam, enriquecemos ainda mais a nossa prática, pois nossas crianças de fato
estão no centro de todo processo como antes, porém hoje nós educadores estamos mais
cientes em como atuar para que elas sejam de fato protagonistas mais atuantes durante
todo o processo. Essas proposições vislumbram um aprender diferente; propiciam a
noção de educação para a compreensão. Enfim, traduzem uma determinada concepção
de conhecimento.
Essa educação organiza-se a partir de dois eixos que se relacionam: a) aquilo que
as crianças gostam, se interessam; b) a vinculação que esse processo de aprendizagem e
as experiências vivenciadas aqui na escola têm com suas vidas. Nessa perspectiva, as
situações propostas nos projetos induzem as crianças a aproximarem-se de um contexto
de aprendizagem em que elas aprendam a “fazer fazendo”, errando, acertando,
problematizando, levantando hipóteses, investigando, refletindo, pesquisando,
construindo, discutindo e intervindo e acima de tudo se divertindo.
Esta instituição de ensino entende que família, escola e sociedade como um todo
são responsáveis pela infância e realizam ações que se complementam, como já citado

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acima, sempre incluindo esta parceria em nosso dia a dia. Tendo clareza que, uma nunca
substituirá a outra, pois cada uma tem uma função e, portanto, seus próprios objetivos,
embora todos de grande importância para o trabalho a ser desenvolvido.
Os profissionais são preparados para ter um olhar sensível e uma escuta atenta as
falas das crianças e até o que não verbalizam, mas sinalizam de outras formas, através
de encontros semanais de estudos sobre as infâncias e discussões sobre as vivências
diárias aqui na escola e o que nos trazem de aprendizados e desafios.
A escola desenvolve continuamente encontros com os professores para que
sejam comprometidos, capazes de responder as demandas familiares e das crianças,
assim como as questões especificas relativas aos cuidados e aprendizagens.
Propomos ao professor desta escola que seja um pesquisador capaz de avaliar as
muitas formas de aprendizagens com as quais trabalha em sua prática cotidiana, e nas
interações por ele construídas com as crianças e com as famílias em situações
especificas.
Os professores estão cientes que o trabalho direto com crianças desta faixa
etária, exige deles investimento emocional, sensibilidade, atenção, conhecimento teórico
pedagógico e compromisso com o desenvolvimento desta criança. Sempre que há
necessidade a escola investe em capacitação com profissionais especialistas, como
fonoaudiólogas, terapeutas e psicólogas.
A cultura organizacional da escola que atenda os anseios sociais, se materialize
num projeto educativo e que satisfaça os anseios políticos dos grupos que a compõem,
faz-se necessário o estabelecimento de diálogo permanente entre tais grupos, em função
de seus interesses individuais ou grupais, estabelecendo estratégias de permanente
aprendizagem coletiva para criar e recriar uma significativa história comum,
enfatizando que o espaço escolar é um espaço social, portanto, caracterizando-se em
uma instituição social. O Relacionamento da instituição com a clientela e comunidade é
considerada colaborativa, por entendermos que família, escola e sociedade como um
todo são responsáveis pela infância e realizam ações que se complementam, sempre
incluiremos esta parceria em nosso dia a dia. Tendo clareza que, uma nunca substituirá a
outra, pois cada uma tem uma função e, portanto, seus próprios objetivos, embora todos
de grande importância para o trabalho a ser desenvolvido.

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3.3 Rotinas de atividades

É essencial o estabelecimento de uma rotina, porque estabelece organização das


atividades no tempo, no qual possibilita ao educador uma direção para o trabalho que se
propõe a fazer, e às crianças, segurança e compreensão de que estamos em um mundo
organizado em que as coisas acontecem em uma determinada ordem de sucessão: antes,
durante e depois.

Essa sequência de acontecimentos é de grande ajuda para a organização de todo


o trabalho. A rotina é essencial, mas de forma alguma ela precisa ser rotineira. Assim
sendo, durante nossa roda de acolhimento das crianças conversamos sobre as propostas
planejadas para o dia e damos a elas, o poder de escolher como e em que momento
faremos as propostas. Dentre as possíveis propostas, brincadeiras, artes, música, e outras
linguagens expressivas, em um ambiente amplo e acolhedor organizado para a
construção e o desenvolvimento da identidade, da autonomia e da socialização em um
ambiente de pura convivência.

O educador, então, deve planejar o dia a dia da criança na escola com um


contexto que garanta o direito da criança a um ambiente acolhedor e desafiador. Ao
organizar tempo e espaço para a realização de diferentes atividades e para outros
aprendizados que envolvam o cuidado pessoal, o envolvimento das crianças em
brincadeiras e o estímulo à realização de projetos de investigação que atendam a seus
interesses e necessidades, sempre é levado em consideração o que cada espaço
escolhido pode oferecer para enriquecer ainda mais tal atividade. E é claro, tudo isso em
um programa de parceria com as famílias.

3.4 Principais características do Projeto Político Pedagógico ou


Plano Diretor.

 Apresentação, história e identidade da instituição;


 Fundamentação legal;
 Calendário escolar;
 Proposta pedagógica;
 Pedagogia de projetos;

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 Documentação pedagógica;
 Currículo na educação infantil;
 Avaliação na educaçao infantil;
 Formação dos professores;
 Articulação da educação infantil com o ensino fundamental;
 Princípios;
 Plano de ação pedagógico em tempos de covid-19;

4. CONTEXTO DE REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO-PESQUISA

A realização do estágio-pesquisa se deu no decorrer da pandemia do Coronavírus


(COVID-19). Segundo o Ministério da saúde, os coronavírus são uma grande família de
vírus comuns em muitas espécies diferentes de animais, incluindo camelos, gado, gatos
e morcegos. Raramente, os coronavírus que infectam animais podem infectar pessoas,
como exemplo do MERS-CoV e SARS-CoV. Recentemente, em dezembro de 2019,
houve a transmissão de um novo coronavírus (SARS-CoV-2), o qual foi identificado em
Wuhan na China e causou a COVID-19, sendo em seguida disseminada e transmitida
pessoa a pessoa. Devido a gravidade da doença e à rápida disseminação geográfica que
o Covid-19 apresentou, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declara situação de
pandemia em 11 de março de 2020. Segundo a Organização (2020), pandemia é a
disseminação mundial de uma nova doença e o termo passa a ser usado quando
uma epidemia, surto que afeta uma região, se espalha por diferentes continentes
com transmissão sustentada de pessoa para pessoa. A partir deste momento foram
estabelecidas medidas de isolamento e quarentena para enfrentamento da pandemia. A
principal medida adotada foi a substituição das atividades letivas presenciais por
atividades remotas, durante o calendário acadêmico de 2020. Seguindo as normas legais
da quarentena e distanciamento social houve a necessidade de mudança na execução e
elaboração do estágio. O que deveria ser uma avaliação e intervenção in loco passou a
ser a realização de uma (ou mais) entrevistas via ferramentas de comunicação (e-mail,
WhatsApp ou por aplicativos de vídeos) com membros da instituição escolhida, com o
tema “Adaptação dos processos de ensino-aprendizagem para o trabalho durante a
pandemia”.

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4.1 Metodologia e procedimentos do Estágio-Pesquisa

O presente relatório de estágio se trata de uma pesquisa com abordagem


qualitativa. Esta abordagem de pesquisa estuda aspectos subjetivos de fenômenos
sociais e do comportamento humano através da coleta de dados narrativos e preferencias
individuais de cada um.
Para a elaboração deste relatório o método usado foi a entrevista, que poderiam
ser realizadas de maneira individual, por escrito, on-line ou por telefone. Foi realizada
uma coleta de dados através de uma entrevista semiestruturada com relatos da
coordenadora, com uma docente e relato pessoal sobre o processo de ensino durante a
pandemia do Covid-19.

5. APRESENTAÇÃO DOS PRINCIPAIS PONTOS DA ENTREVISTA:


COM UM OU MAIS ELEMENTOS DA INSTITUIÇÃO (DIREÇÃO,
COORDENADORA E/OU DOCENTES).

5.1 E ntrevista com a docente

De acordo com a docente, desde o início da pandemia (Covid-19), a equipe


pedagógica se organizou a dar suporte às famílias e crianças, orientando e acolhendo
diante da situação, que por sinal, até então, era nova para todos. A equipe buscou pensar
e planejar possibilidades de momentos de contato, ainda que virtual, dos professores
com as crianças e famílias, para diálogos, trocas e sugestões de propostas com
atividades e brincadeiras, orientando as famílias da Educação Infantil, cuja ação
pedagógica está centrada nas vivências e na socialização.
Sendo assim, foi elaborado o Plano de Ações Pedagógicas COVID-19 que
prevê: – Encontro virtual (Plataforma Google Meet) e envio semanal (grupo de pais no
WhatsApp) de sugestões com propostas de atividades para as famílias e crianças, com o
intuito de estreitar vínculos afetivos, promover práticas de brincadeiras livres ou
orientadas, vídeos, histórias contadas e narradas e ações de vida prática tão essenciais na
construção da autonomia e desenvolvimento de habilidades das crianças.
De modo geral cada turma tem suas particularidades. A maior dificuldade que
tenho encontrado em minha turma (Infantil 1- 09 crianças- 3/4anos) é a falta de tempo
das famílias para a realização das sugestões das propostas de atividades e brincadeiras

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enviadas e a participação nos encontros virtuais., já que a maiorias dos pais estão
trabalhando, mesmo que através de Home Office.
Considerando que a situação é nova tanto para professor, família e criança,
particularmente (com minha turma) tenho em mente que todos estão tentando entender
como agir da melhor forma possível. Agora, mais do que nunca, é essencial fazer o
exercício de se colocar no lugar do outro e não depositar cobranças excessivas de
produtividade para esse período. A relação professor-aluno é muito diferente da relação
pai-filho. Além disso, as famílias não estão preparadas para dar conta do conteúdo
escolar. Algumas estão angustiadas e pressionadas pela insegurança e dúvida que
situação atual carrega consigo.

Pensar em ações mediadas pela tecnologia que levem ao aprendizado,


considerando todas as circunstâncias, é um exercício difícil. De maneira alguma
substitui a relação presencial. Acredito que seja o maior impacto no processo ensino –
aprendizagem de alunos e professores no decorrer desse período. Nós professores,
temos se desdobrados para aprendermos a trabalhar com novas ferramentas e
tecnologias. Mas, isso não acontece somente com os professores: familiares e crianças
também estão se adequando às novas dinâmicas.

Outro fator a ser considerado impacto, a meu ver, é que o fato da criança
permanecer em casa e o tempo que a criança tem disponível para o ensino remoto é
diferente do tempo na escola. Não apenas por questões de estrutura, mas porque o
ambiente e nível de atenção também mudam.
O momento é o de “dar as mãos” simbolicamente. Não existe resposta pronta.
Mas existe uma grande oportunidade de construir novos caminhos e adequar a atual
situação.

5.2 Entrevista com a coordenadora

Diante do estado de calamidade pública, decorrente da pandemia do COVID-19,


a escola suspendeu suas aulas no dia 23 de março, seguindo o Decreto 64.879, de 20-03-
2020, do Governador do Estado de São Paulo. Nossa escola iniciou simultaneamente, a
partir desta data um plano de implementação de planejamento, organização e adaptação
da rotina com sugestões de atividades pedagógicas a distância.

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Neste ínterim, a instituição emitiu comunicados específicos de orientação às
famílias para a condução das atividades educacionais da instituição, diante do cenário
da pandemia.
Envio semanal de sugestões de brincadeiras e atividades para as famílias e
crianças, com o intuito de estreitar vínculos afetivos, promover práticas de brincadeiras
livres ou orientadas, vídeos de música, histórias contadas e ações de vida prática tão
essenciais na construção da autonomia e desenvolvimento de habilidades das crianças.
Envio de todas as atividades aos grupos de WhatsApp das turmas.

Retorno das famílias e participação na realização das atividades. Registros das


propostas realizadas em casa. Estabelecemos objetivos fundamentais:
 Acolher as famílias, ajudá-los a enfrentar o momento com seus filhos em
casa e manter o vínculo com a turma e a professora.
 Respeitar as condições tecnológicas, estruturais, emocionais, a ausência
física do professor, as necessidades especiais das crianças e as condições
específicas de cada família.
 A equipe pedagógica discute o andamento das ações, acompanha e avalia
as possíveis situações a serem melhoradas e/ou superadas.

De acordo com ela as crianças sentem muito mais, principalmente porque essa é
a fase de interação e de aprendizagem mútua, o que exige um olhar e cuidado
diferenciado por parte de educadores ao propor atividades. É preciso levar em
consideração que as propostas precisam ser ministradas pelos familiares, é um desafio
para as professoras. É uma situação difícil para os pais, já que muitos devem distribuir a
atenção com o trabalho e não possuem a formação e o preparo docente.

Do dia para a noite foi preciso encontrar maneiras de se adaptar a essas “novas
tecnologias”, aprender, capacitar e conhecer cada vez mais.

Apesar de alguns entraves, o balanço dessa quarentena pode e deve ser positivo.
No fim, todos querem e estão buscando o melhor ensino para as crianças, portanto
precisamos estabelecer relacionamentos respeitosos, transparentes e objetivos.

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5.2 Relato de experiencia pessoal como professora durante a
Pandemia

Fomos pegos de surpresa com o rápido aumento dos casos de contaminação pelo
Coronavírus no Brasil. Ainda no final do mês de fevereiro com apenas um caso
confirmado, parecia uma realidade muito distante. Me perguntava se realmente essa
doença se espalharia com tanta facilidade, ainda pensávamos que a contaminação estava
ocorrendo apenas em pessoas que estavam indo/voltando de algum país.

O mês de março chegou com o surgimento de casos confirmados de pessoas com


Covid-19 em vários estados. O sentimento era de incredulidade e insegurança, já se
falava sobre o fechamento de escolas e comércios não essenciais.

Sentimentos como o medo, incerteza, insegurança, ansiedade e angústia se


fizeram presentes nesses primeiros dias, além do sentimento de vulnerabilidade em
relação ao vírus. Parecia não ser real, mas por onde passava no caminho para casa via
filas de pessoas nos supermercados, tentando estocar o máximo de comida e itens de
higiene possível, visto que ninguém sabia como ia ser as próximas semanas.

Além do sentimento de impotência, era difícil pensar em como atuar com as


crianças da educação infantil através do ensino remoto. Para minimizar o impacto desta
nova situação a primeira medida da escola foi antecipar as férias escolares, uma maneira
de ganhar tempo para pensar como enquadrar e implementar essa nova organização de
ensino.

Inicialmente foi decidido que junto com as propostas enviadas para as famílias
teríamos que gravar vídeos explicando como as propostas deveriam ser realizadas. Para
mim este foi um momento muito difícil, falta de intimidade com a câmera, o fato de o
contato com a turma ter um intermediário tornaram a experiencia mais complicada,
além do fato de ter assumido uma turma em uma faixa etária nunca trabalhada antes.
Estava muito insegura em relação à elaboração e explicação das propostas e
principalmente aos possíveis julgamentos por parte dos pais das crianças.

Com o retorno das aulas após as férias foi decidido que era essencial manter o
vínculo com as crianças neste período de ausência de contatos sociais. Em reunião
escola e docentes discutiram sobre a melhor forma de manter esse vínculo. Os docentes
se disponibilizaram a criar grupos de Whatsapp com as famílias para o envio de

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atividades, chamadas de vídeo, troca de mensagens. Posteriormente aderimos aos
encontros virtuais, que foram muito bem recebidos pelas crianças que estavam ansiosos
por contar suas experiencias e vivencias neste período.

Um dos aspectos mais relevantes neste novo processo de ensino foram a


resistência e a resiliência dos professores, que se mostraram prontos e dispostos a
desempenhar seu papel, encarando esses novos desafios que estavam fora de seu
controle imediato.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante a realização deste relatório quis expor os desafios relacionados ao


Ensino infantil em contexto remoto, relatar as experiencias de colegas de profissão e
minha experiência neste período atípico que vivemos.

A psicopedagogia institucional se estrutura em torno do processo de


aprendizagem humana e a influência do meio (família, escola, sociedade) em seu
desenvolvimento em suas diferentes relações e circunstâncias.

O curso de Psicopedagogia institucional foi como um divisor de águas,


principalmente neste ano cheio de desafios que ainda enfrentamos. Me proporcionou
refletir e buscar experiencias que valorizassem e acolhessem as diversas infâncias,
assim como valorizar a escuta daqueles que precisam, acolhendo seus anseios, medos e
dificuldades.

A concepção de infância e de criança que norteia esta escola é construcionista e


interacionista, ou seja, a escola acredita que essa criança se transforma a partir da
relação com o outro. Para que possamos alcançar esse patamar de integração, toda a
equipe precisa acreditar nesse ponto de vista.

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7. REFERÊNCIAS

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Janeiro: Wak Editora, 2011.

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que-e-uma-pandemia#:~:text=Segundo%20a%20Organiza%C3%A7%C3%A3o%2C
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BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. O que é COVID-19? Disponível em:


https://coronavirus.saude.gov.br/index.php/sobre-a-doenca. Acesso em: 20 nov. 2020.

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Aprendizagem: tramas do conhecimento, do saber e da subjetividade. Petrópolis,
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reflexão e ação. Disponível em: < https://lume.ufrgs.br/handle/10183/151186>. Acesso
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