Você está na página 1de 14

Psicologia e

Sistema Prisional
Bruna Andrade
Camila Lourenço
Felipe Pires
Rafael Martins
PSICOLOGIA E SISTEMA PRISIONAL:
DESAFIOS E PERSPECTIVAS

São vários os desafios cotidianos para quem atua na área, pois trata-se de um
tema complexo e influenciado por muitos fatores.

A Psicologia se depara com diferentes formas de sofrimento, individual e/ou


coletivo, e, mais especificamente nessa área, temos que lidar com os estereótipos
de ser presidiário em nosso país. Lidamos com a dinâmica psíquica do sujeito em
cárcere e dos membros familiares e muitas vezes com o impacto causado na
comunidade.
PRÉ-CONCEITOS

Ao longo de toda a história, o homem procurou desenvolver mecanismos de


controle, organização e classificação das pessoas.
Na Psicologia não foi diferente; sua história foi marcada por tentativas de
materialização e categorização dos pensamentos, comportamentos e atitudes
dos indivíduos.
A Psicologia como profissão surgiu com essa perspectiva, de classificar o que
não era comum (ou considerado normal) em uma sociedade disciplinar
Constituímos uma sociedade cúmplice da violência, que não cumpriu e não tem
dado conta de sua função organizadora “no que tange as questões da
distribuição de renda e da educação, se isenta da responsabilidade psicossocial,
simplesmente assiste silenciosamente crescer o número da violência e da
delinquência”
Segundo Bitencourt (2001 apud CFP, 2012), na esfera jurídico-formal, as
penas podem ser definidas como:

1. retributivas e punitivas
a pena é entendida como uma prevenção geral do delito, baseada na
exemplaridade, ou seja, no uso do modelo, sustentando a representação
no imaginário social de fazer o meliante pagar sua dívida para com a
sociedade

2. ressocializadoras e “terapêuticas”
funciona com uma prevenção especial, que é instituída tanto na aplicação
como na execução da pena, tem função “político-educativa”, associada à
ideologia da recuperação do apenado, considerando a lógica do
tratamento ressocializador, de recuperação pedagógica, curativa e/ou
reabilitadora do dito criminoso ou “doente moral e criminal”.
HISTÓRIA
Foi na década de 1960 que a história da atuação de psicólogos brasileiros na
área da Psicologia Jurídica teve início, na mesma época do reconhecimento da
profissão. A inserção do profissional nessa área se deu de forma gradual e lenta,
inicialmente de maneira informal, por meio de trabalhos voluntários.
Os primeiros trabalhos ocorreram na área criminal, com estudos sobre adultos
criminosos e adolescentes infratores da lei.

"Foi a partir da promulgação da Lei de Execução Penal (Lei Federal nº


7.210/84) Brasil (1984), que o psicólogo passou a ser reconhecido legalmente
pela instituição penitenciária”
Após o período da década de 1960, os psicólogos clínicos iniciam seus trabalhos
junto aos psiquiatras nos exames psicológicos legais e em sistemas de justiça
juvenil.

Nessa época a atuação dos psicólogos e a relação com a doença mental muda e
passam a valorizar o indivíduo como sujeito de forma mais compreensiva. A
partir desse processo, o psicodiagnóstico ganha força, deixando de lado um
olhar unicamente médico para incluir aspectos psicológicos, numa primeira
tentativa de não olhar o sujeito de forma dicotômica (CUNHA, 1993).
Vivemos transformações históricas a todo momento, nas diferentes esferas
que se apresentam na vida cotidiana do sujeito, de forma rápida e ágil.
Porém, fica evidente a crescente ampliação do poder punitivo
estigmatizador e degradante na divergência das ideias que embasaram a
construção dos direitos fundamentais, enfraquecendo o ideal democrático e
se contrapondo a preceitos éticos do profissional da Psicologia

O sistema prisional brasileiro segrega, despersonifica, pune e estigmatiza os


sujeitos, deixando com isso cada vez mais distante o ideal da
“ressocialização”, o que caracteriza um caráter desumanizador.
Segundo Caitano, Alves e Schiavon (2013, p. 385), “cabe ao psicólogo fazer
conhecer seu ponto de vista enquanto saber crítico e reflexivo sobre a realidade
atual deste sistema, se pondo em consonância com o Código de Ética que embasa a
classe”
CONTRIBUIÇÕES DO PSICOLOGO NO SISTEMA
PRISIONAL:

- conscientização;

-ampliar as discussões e levá-las a diferentes espaços;

-visar a eliminação de uma prática punitiva geradora de


violência, crueldade e opressão que é utilizada em nosso sistema
prisional.

De acordo com o Conselho Federal de Psicologia, “não cabe aos psicólogos e às


psicólogas efetuarem qualquer tipo de parecer sobre a ‘periculosidade’ das pessoas
em cumprimento de pena privativa de liberdade e sua irresponsabilidade penal”
(CFP, 2016, p. 25).

A avaliação psicológica do cidadão que descumpriu regras de conduta social,


amparado na legislação vigente, faz-se complementar e indispensável à prática da
sentença no sistema atual. No entanto essa prática precisa ir além do chamado
exame criminológico, que vê o sujeito como uma fotografia, e não de forma complexa
como os sujeitos são. As mudanças nos artigos das referências técnicas do psicólogo
foram se transformando na tentativa de amparar o profissional em sua práxis, em
uma tentativa de garantir uma atuação coerente com o código de ética e resoluções
do profissional psicólogo
Na prática profissional muitos são os entraves, tanto burocráticos
quanto técnicos, no que tange à atuação do psicólogo no âmbito
jurídico. Nossa formação é generalista, de caráter informativo, dessa
forma não dá suporte necessário à complexidade da demanda judicial
do sistema prisional. Mesmo que todo profissional psicólogo seja
habilitado para essa atuação, não necessariamente está apto a essa
função após a conclusão da graduação

Temos dois cenários a serem considerados: o primeiro envolve


profissionais que, frente ao despreparo, negam-se a prestar serviços;
e segundo, há profissionais que negligenciam a ética e executam o
trabalho inadequadamente, prejudicando a imagem da Ciência
Psicológica.
Nesse campo é possível notar o papel do psicólogo como avaliador,
elaborando psicodiagnósticos desde o surgimento da Psicologia
Jurídica.

Mas muitas outras são as possibilidades de atuação, até mesmo com


demandas crescentes, como é o caso de acompanhamentos,
orientações familiares, participações em políticas de cidadania,
combate à violência, participação em audiências, entre outros.

Essas possibilidades de atuação ampliam o olhar para a atuação do


psicólogo e sua inserção no âmbito jurídico, exigindo constante
atualização dos profissionais envolvidos na área
MAIORES DESAFIOS

É não ficarmos restritos aos conhecimentos da Psicologia, pois


existe a necessidade de conhecer determinadas terminologias da
área jurídica, além de ser importante e fundamental o trabalho
interdisciplinar, junto a advogados, juízes, promotores, assistentes
sociais, em busca do redimensionamento da compreensão do agir
humano, levando em consideração os aspectos comportamentais,
afetivos e legais.

Você também pode gostar