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Seminário: Qual Instituição Para o Sujeito Psicótico?

Discentes: Débora Ramos Ferreira de Souza e Júlia Oliveira Barbosa


Docente: Alexandre Dutra Gomes da Cruz

Belo Horizonte
2023
A partir das discussões feitas em sala e da leitura dos textos “Qual Instituição Para o
Sujeito Psicótico?” e “A Clínica Da Psicose: Trabalho Feito Por Muitos Revista
Abrecampos” de Zenoni. Foi abordada a evolução na teoria das psicoses proposta
por Jacques Lacan, destacando uma mudança significativa na aplicação da
psicanálise. Lacan propõe uma inversão: em vez de aplicar a psicanálise à psicose,
ele sugere aplicar a psicose à psicanálise. Isso implica que a presença do "Nome do
Pai" não é automática e que a estrutura do "Outro" pode ser concebida sem ele, ou
seja, nem sempre as crianças vão experienciar esse papel de autoridade e
imposição de limites do “nome do pai”, mas mesmo assim essa estrutura do outro
pode ser formada. Nessa nova perspectiva, o estatuto da psicose se transforma.
Anteriormente, a psicose era vista como uma falta em relação à neurose. Agora,
ambas são consideradas estruturas artificiais em relação a uma falta comum a todas
as pessoas, fazendo com que não seja total oposição a neurose e a psicose.
O texto destaca que a clínica baseada nessa abordagem busca compreender
fenômenos comuns a todas as estruturas subjetivas, relacionados à falta no "Outro"
e a falta que pode haver dentro da linguagem. Levando a uma reavaliação das
relações entre psicoses e fenômenos típicos, buscando compreender a lógica
subjetiva por trás dos sintomas. A discussão se concentra no estatuto da pulsão,
argumentando que todas as estruturas clínicas envolvem todas as pulsões, mas
diferem nas modalidades da pulsão. A clínica visa entender como o sujeito lida com
o retorno do gozo, considerando as soluções positivas que o sujeito pode inventar,
mesmo que algumas delas possam ser dramáticas.
O capítulo também discute a posição dos psicanalistas na sociedade e como eles
podem contribuir para a saúde mental e os direitos humanos. Os autores
argumentam que os psicanalistas devem intervir em pontos mais precisos da
sociedade, como em comitês de ética, redes de ajuda, práticas institucionais e
sociais, para que a dimensão do sujeito, no sentido psicanalítico, seja levada em
conta. Eles também discutem como a posição do sujeito é introduzida na clínica
psiquiátrica. Ela se dá por meio da inclusão da clínica nos fundamentos da
instituição e sua repercussão sobre a estrutura da equipe. Isso permite que a equipe
saiba não saber de uma boa maneira no acolhimento dos sujeitos e, assim, possa
acolher os pacientes de acordo com sua posição subjetiva. No caso das psicoses, a
significação do saber se liga à existência mesma do sujeito, porque na psicose o
saber não é suposto, mas realizado pelo próprio sujeito, que é a referência, o gozo
desse saber. Sendo assim, compreendeu-se que a posição do sujeito é introduzida
na clínica psiquiátrica por meio da inclusão da clínica nos fundamentos da
instituição e da compreensão da posição subjetiva do paciente.
Por fim, a abordagem da segunda clínica de Lacan não apenas evita a segregação
entre estruturas clínicas, mas fornece instrumentos para acompanhar o sujeito em
seu próprio processo de tratamento, levando em consideração suas elaborações
individuais.

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