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DANNA PAES DE BARROS DE LUCCIA

A atuação do psicanalista com grupos e instituições: teoria e relatos de


intervenção a partir de Freud e Lacan

SÃO PAULO
2018
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
INSTITUTO DE PSICOLOGIA

DANNA PAES DE BARROS DE LUCCIA

A atuação do psicanalista com grupos e instituições: teoria e relatos de


intervenção a partir de Freud e Lacan
Versão original

Tese apresentada à Banca Examinadora do


Instituto de Psicologia da Universidade de
São Paulo para obtenção do título de
Doutor em Ciências.

Área de concentração: Psicologia Clínica

Orientador: Profa. Dra. Léia Priszkulnik

SÃO PAULO
2018
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE
TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO,
PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Catalogação na publicação
Biblioteca Dante Moreira Leite
Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo
Dados fornecidos pelo(a) autor(a)

De Luccia, Danna
Atuação do psicanalista com grupos e instituições: teoria e relatos de intervenção a
partir de Freud e Lacan / Danna De Luccia; orientadora Léia Prizskulnik. -- São
Paulo, 2018.
160 f.
Tese (Doutorado - Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica) -- Instituto
de Psicologia, Universidade de São Paulo, 2018.

1. Psicanálise. 2. Grupos. 3. Instituições. 4. Freud. 5. Lacan. I. Prizskulnik, Léia,


orient. II. Título.
RESUMO

De Luccia, D. (2018) A atuação do psicanalista com grupos e instituições: teoria e


relatos de intervenção a partir de Freud e Lacan (Tese de Doutorado). Instituto de
Psicologia. Universidade de São Paulo, São Paulo.

O presente trabalho apresenta uma reflexão teórico-clínica sobre a atuação do


psicanalista em grupos e instituições. Ainda que o tema dos grupos carregue já uma
tradição no interior da psicanálise, demos continuidade à questão verificando como tem
se estabelecido o exercício de coordenação de grupos por psicanalistas que seguem o
referencial de Freud e Lacan na atualidade e, ainda, saber o que faz do grupo um
dispositivo analítico. A tese desenvolvida neste estudo é de que o campo grupal é
potente para que o sujeito possa criar novas possibilidades de laço, transformando suas
posições subjetivas. A opção metodológica reuniu uma pesquisa de campo por meio de
entrevistas com psicanalistas que atuam com grupos e um resgate conceitual das
práticas grupais no interior da psicanálise, acrescido de alguns aportes lacanianos
julgados relevantes para aclarar a clínica com grupos. Buscou-se ainda analisar a função
do coordenador psicanalista em espaços coletivos de diferentes ordens, trazendo
subsídios para o desafiante esforço clínico de conciliar o coletivo sem deixar de lado a
dimensão singular do sujeito. A tese segue na aposta de que o trabalho com grupos pode
ser analítico e, especialmente, pertinente à prática clínica na atualidade.

Palavras-chave: Psicanálise; Grupos; Instituições; Freud; Lacan.


ABSTRACT

De Luccia, D. (2018) The performance of the psychoanalyst with groups and


institutions: theory and intervention reports from Freud and Lacan (Doctoral Thesis).
Institute of Psychology. University of São Paulo, São Paulo.

The present work presents a theoretical-clinical reflection on the performance of


the psychoanalyst in groups and institutions. Although the theme of the groups already
carries a tradition within psychoanalysis, we continued the question by verifying how
the group coordination exercise has been established by psychoanalysts who follow the
reference of Freud and Lacan in the present time and also to know what it does of the
group an analytical device. The thesis developed in this study is that the group field is
potent so that the subject can create new possibilities of tie, transforming their
subjective positions. The methodological option gathered a field research through
interviews with psychoanalysts that work with groups and a conceptual rescue of group
practices within psychoanalysis, along with some Lacanian contributions considered
relevant to clarify the clinic with groups. It was also sought to analyze the role of the
psychoanalytic coordinator in collective spaces of different orders, bringing subsidies to
the challenging clinical effort to conciliate the collective without leaving aside the
singular dimension of the subject. The thesis is based on the belief that group work can
be analytical and especially pertinent to current clinical practice.

Keywords: Psychoanalysis; Groups; Institutions; Freud; Lacan.


RÉSUMÉ

De Luccia, D. (2018) La performance du psychanalyste avec des groupes et des


institutions: théorie et rapports d'intervention a partir de Freud et Lacan (Thèse de
Doctorat). Institut de Psychologie. Université de São Paulo, São Paulo.

Le présent travail présente une réflexion théorico-clinique sur la performance du


psychanalyste dans les groupes et les institutions. Même si la question des groupes
portent déjà une tradition au sein de la psychanalyse, nous avons continué à publier de
vérifier comment a créé des groupes exercice de coordination par les psychanalystes qui
suivent la référence à Freud et Lacan aujourd'hui, et nous savons aussi ce qui fait du
groupe un appareil d'analyse. La thèse développée dans cette étude est que le champ du
groupe est puissant, de sorte que le sujet peut créer de nouvelles possibilités de lien, en
transformant ses positions subjectives. L'option méthodologique assemblé un champ à
travers des entretiens avec les psychanalystes qui travaillent avec des groupes et de
sauvetage d'une enquête conceptuelle des pratiques de groupe au sein de la
psychanalyse, ainsi que certains ont essayé contributions lacaniens pertinentes pour
clarifier la clinique avec des groupes. Nous avons cherché à examiner plus avant le rôle
de coordinateur psychanalyste dans les espaces de collectifs d'ordres différents,
apportant des subventions à l'effort clinique difficile de concilier le collectif sans laisser
de côté la dimension singulière du sujet. La thèse est basée sur la conviction que le
travail de groupe peut être analytique et particulièrement pertinent à la pratique clinique
actuelle.

Mots-clés: Psychanalyse; Groupes; Les institutions; Freud; Lacan.


INTRODUÇÃO

A inserção da psicanálise no campo social e institucional é um tema bastante


visitado por diferentes autores que refletem sobre suas condições e possibilidades de
extensão. Para aprofundar a prática clínica neste terreno, a escolha metodológica seguiu
a hipótese de que uma retomada teórico-clínica do campo grupal na psicanálise,
acrescida das contribuições de Freud e Lacan, pudesse fortalecer a inserção do
psicanalista em espaços coletivos de diferentes ordens. Trata-se de um tema complexo,
dada as inúmeras teorias grupais já consolidadas, as controvérsias entre elas e as
advertências de Freud e Lacan ao efeito massificante dos grupos. No entanto, a escolha
de enredar-se neste campo foi determinada pelo problema prático com que inúmeros
psicanalistas se defrontam em suas inserções no cotidiano da clínica institucional,
pública ou social. Não partimos da idéia de que a prática clínica grupal é mais indicada
para certos tipos de sofrimentos, embora ela tenha sido bastante utilizada em
determinados contextos, especialmente naqueles onde as possibilidades de laço social
do sujeito se encontram prejudicadas. O contexto grupal, contudo, é evocado por
inúmeros motivos, desde a impossibilidade de atender grandes demandas
individualmente, até pela aposta nos efeitos clínicos da elaboração coletiva. Seja por
impossibilidade ou aposta, indicação profissional ou escolha do sujeito, o grupo está aí,
em diferentes formatos e contextos clínicos. Por este motivo, decidiu-se escutar
psicanalistas que experimentaram os grupos na clínica, com vistas a elencar os impasses
e possibilidades de atuação. A partir disto, reúnem-se aspectos teóricos de Freud e
Lacan, buscando aprofundar as reflexões clínicas sobre os grupos a partir destes
referenciais. A tese, assim, segue nesta aposta, de que o trabalho com grupos é potente,
pode ser analítico e, especialmente, pertinente à prática clínica na atualidade.
A psicanálise é constantemente convocada a pensar no estatuto do laço social
nas sociedades contemporâneas e as formas de mal-estar que derivam do nosso
momento histórico. O alicerce desta articulação apoia-se nos efeitos paradoxais do estilo
de vida pós-capitalista, no qual o detrimento da coletividade como forma de sustentação
simbólica é concomitante com uma forma de individualismo que não se utiliza da
introspecção enquanto espaço de subjetivação. Trata-se de uma sociedade de
desenlaces, afirma Soler (2016), tanto nos laços de trabalho, quanto família e
relacionamentos, cujo maior paradoxo é a concomitância da introspecção e da ultra
conectividade da globalização, que gera um falso laço. Estar conectado ou
compartilhando espaços não é suficiente para que haja laço social.
É por este motivo que diferentes disciplinas debruçam-se sobre a articulação
entre o mal-estar e a dissolução das formas sociais de reconhecimento nas sociedades
pós-modernas, apontando o engajamento no laço social como uma forma de tratamento
para a solidão, individualismo e precariedade dos laços.
Mas que tipo de engajamento permitiria um efeito diferente do falso laço,
problematizado nas sociedades contemporâneas e, ainda, o laço que favorece o tipo de
agrupamento que Freud descreveu em Psicologia das Massas e Análise do Eu (1921),
cuja coesão depende da submissão a um líder ou ideologia comum, da suspensão da
racionalidade, da sedução e hipnose que a massa opera.
Como pensar formas de engajamento social produtivas ao sujeito e, aqui se
coloca a questão que nos comove, como a psicanálise pode contribuir para pensar um
outro tipo de agrupamento, que possa ser um remédio contra a solidão e segregação
social e, ao mesmo tempo, não seja exclusivamente atrelado à identificação como fator
de ligação, mas que reserve espaço privilegiado para a produção da singularidade e da
diferença, dentro do laço.
Ainda que não tenha uma origem na clínica, o trabalho com grupos tornou-se
uma ferramenta frequente em diferentes práticas psicanalíticas: em instituições, serviços
de saúde, educação, e também na concepção de experiências que articulam mais
diretamente a clínica ao campo social e político, como, por exemplo, em situações
sociais críticas, expatriação, violências de estado, movimentos sociais, entre outros. São
situações cuja aposta clínica assenta-se em formas coletivas de elaboração.
Antes de continuar, cabe uma pequena ressalva, que será aprofundada no
decorrer deste trabalho, com vistas a problematizar o uso do termo grupo. Para a
psicanálise, o grupo é compreendido a partir do que Freud teorizou em Psicologia das
Massas: a convergência dos ideais individuais em um ideal coletivo, geralmente
personificado em um líder ou ideologia. Lacan vai distinguir esta concepção de grupo
daquilo que entenderá a partir de uma lógica coletiva oposta ao grupo. Ao longo do
trabalho, manteremos o uso do termo grupo, na medida em que é amplamente utilizado
nos serviços e instituições. Além disto, estamos constantemente inseridos em grupos
que seguirão a lógica da psicologia das massas. Na clínica psicanalítica, no entanto, a
idéia é subverter esta lógica em prol de outras formas de laço.
Nos tempos de repressão política, em meados da década de 60 e 70, o campo
clínico grupal trazia uma perspectiva inovadora ao propiciar uma lógica de reflexão,
resistência e transformação. Contudo, vê-se com frequência a diluição desta perspectiva
e a proliferação do atendimento com efeitos de homogeneização, sendo comumente
associado, por participantes e profissionais dos serviços, aos atendimentos de massa ou
à diminuição das filas de espera. Na esteira dos projetos de inclusão ou reinserção
social, o engajamento nos grupos abre a possibilidade do sujeito de reatar ou produzir
novos laços, mas, embora esta dimensão seja fundamental, não configura, por si só, um
dispositivo clínico.
Ao ampliar o olhar para a clínica que opera no espaço compartilhado entre
sujeitos, a psicanálise renuncia à ortodoxia do enquadre e inventam-se dispositivos para
diferentes situações, na linha que Michel Foucault e depois Agambem teorizaram1.
Apesar da criatividade dos dispositivos criados, é frequentemente observada uma
prática mais empírica do que teórica, como afirma Anzieu (apud Jasiner, 2008, p.57)
“ao longo dos últimos anos as intervenções psicosociológicas nos grupos se extenderam
com um empirismo cego” nas práticas clínicas em diferentes contextos. Para Jasiner
(2008), as lógicas coletivas freudianas, em Psicologia das massas, não são suficientes
para trabalhar com pequenos grupos, argumentando ser importante sair dos limites da
microssociologia e colocar em marcha uma clínica potencialmente produtiva.
Diferentes disciplinas descrevem os fenômenos inerentes aos grupos humanos.
Para a psicanálise, os grupos se apresentam a partir de duas facetas antagônicas: uma
delas traz a potência das elaborações coletivas de traumas e exclusões sociais,
colocando em xeque o individualismo do nosso tempo; enquanto que a outra reforça os
efeitos de massa, alimenta o hipnótico discurso do líder ou de fundamentalismos
ideológicos alienantes, que fazem do grupo um espaço limitante e não um instrumento
para se pensar e se fazer coletivamente.
No campo psicanalítico, o tema dos grupos já carrega uma tradição, com os
renomados trabalhos de Pichon-Rivière, Bion, Anzieu e Kaes, para citar alguns dos
principais grupalistas no interior da psicanálise. Em comparação a esses trabalhos, ainda
há pouca bibliografia no interior da teoria lacaniana para se pensar o grupo na prática
clínica, talvez por um limite colocado pelo próprio Lacan, que alertava para os efeitos
nefastos do imaginário alienante no grupo. No entanto, existe um grande esforço de
Lacan, ao longo de sua obra, para pensar o laço social. Buscou-se, assim, articular estas

1
O uso do termo dispositivo será discutido neste trabalho, mas adianta-se tratar de um conjunto de
mecanismos para criar e realizar uma prática.
reflexões acerca do laço social a um aprofundamento de outros conceitos fundamentais
aplicados ao campo grupal, como identificação, transferência, desejo, gozo e o ato
psicanalítico.
Levando em consideração esta constatação inicial, pareceu fecundo investigar a
prática da psicanálise nos contextos grupais e coletivos e a metolopor meio de dois
caminhos metodológicos: em primeiro lugar, realizou-se uma pesquisa de campo por
meio de entrevistas com psicanalistas que seguem o referencial de Freud e Lacan e
atuam ou atuaram em contextos nas quais o recurso ao grupo está presente. Na esteira
dos relatos obtidos destes profissionais, foram levantados alguns pontos principais que
serviram de norte para analisar os impasses, condições e possibilidades da clínica com
grupos a partir deste referencial. Em segundo, foi feito um mapeamento do conjunto de
aportes teóricos sobre as teorias grupais, visando estabelecer pontos de convergência e
divergência com a abordagem lacaniana, bem como apresentar as articulações e práticas
contemporâneas sobre o tema.
A tese desenvolvida neste estudo é de que a clínica com grupos, ao facilitar o
surgimento das múltiplas formas de se relacionar com o outro, pode ser potente no
questionamento de posições subjetivas que o sujeito assume para a instauração de novas
formas de se estabelecer no laço social.
Um primeiro cuidado a tomar, adverte Elia (2017), é não confundir a psicanálise
aplicada com a psicanálise em extensão, terminologia cunhada por Lacan que opera em
articulação com a psicanálise em intensão, da clínica. O ponto de junção entre extensão
e intensão é o desejo do analista e suas condições de aplicação em diferentes contextos.
O desejo do analista assenta-se no desejo de obter a diferença fora dos limites do
discurso homogêneo que ordena o social, abrindo espaço para a emergência do sujeito e
seu desejo.
Desta forma, àqueles que atuam em instituições, se torna cotidiano um trabalho
clínico no qual se entrecruzam duas ordens de desafios, como menciona Zenoni (2000,
apud Rinaldi, 201, p.3) De um lado as questões da clínica propriamente dita, com sua
imprevisibilidade, em que as práticas cotidianas de atendimento a psicóticos, neuróticos
graves, aos quais se somam, muitas vezes, o desamparo social gerando importantes
impasses na subjetivação. Por outro lado, as dificuldades do trabalho em equipe, das
articulações políticas em espaços públicos, a coexistência de múltiplos saberes e as
disputas de poder que travam o trabalho coletivo. Daí a percepção constante dos
profissionais que trabalham neste terreno, de que a maior dificuldade são as relações
entre pares e equipes, e não a clínica com os sujeitos em si.
Revisitar as teorias grupais torna-se, portanto, atual e necessário, especialmente
no que diz respeito às problemáticas clínicas que incidem diretamente na perda de
referências subjetivas e das possibilidades de laço social. Contudo, a psicanálise não se
preocupa somente com a restituição dos laços sociais, e sim com a forma como eles
podem ser restituídos. Por este motivo, segue-se o intuito de responder às questões
fundamentais concernentes a esta prática, a saber: como a psicanálise de Freud e Lacan
pode contribuir para iluminar a direção de nossas intervenções do trabalho analítico com
grupos, preservando aquilo que é próprio da psicanálise, que é abarcar a singularidade
do sujeito desejante? E, mais precisamente, o que torna o grupo um dispositivo
propriamente analítico?
Para abarcar estas duas questões, que envolvem teoria e prática, dividiu-se o
trabalho em três partes:
Considerou-se interessante começar pela construção metodológica seguida de
uma breve apresentação dos resultados gerais da pesquisa de campo, ressaltando as
etapas e conceitos que guiaram a análise do material colhido nas entrevistas. Isto posto,
buscou-se então elencar conceitos e desenvolvimentos teóricos do pensamento de grupo
no interior da psicanálise, buscando responder a questão, também, explorada em alguns
dos relatos, do que faz do grupo um dispositivo analítico. Algumas vinhetas clínicas e
experiências de criação de dispositivos grupais foram também selecionadas com vistas a
refletir sobre os articuladores teóricos que mais contribuem para pensar esta prática.
Na segunda parte, são feitas algumas considerações sobre a psicanálise
contemporânea, os novos padecimentos e os dispositivos potentes para relocalizar a
prática clínica em suas variações, dos quais o grupo se faz nosso modelo. Logo após,
apresenta-se um breve resgate histórico do campo grupal, passando pela sociologia e,
depois, pela entrada no âmbito clínico, com seus diferentes desenvolvimentos teóricos e
psicanalíticos, considerando as convergências e divergências entre as abordagens. Em
seguida, é feito um levantamento do uso dos dispositivos grupais em diferentes cenários
clínicos por psicanalistas de extração lacaniana, desde seu início na Europa até
intervenções contemporâneas no Brasil e no mundo. Um aprofundamento teórico é
articulado, então, a partir de duas chaves. Na primeira aborda-se alguns conceitos
fundamentais da psicanálise de Freud e Lacan em consideração ao contexto grupal. Na
segunda, reúne-se a teorização lacaniana sobre o campo social, começando pela lógica
coletiva, exemplificada no texto do tempo lógico, passando pelo dispositivo de cartel,
teoria dos discursos, a topologia articulada ao coletivo, entre outras contribuições.
A última parte compreende a apresentação de alguns recortes clínicos da
pesquisa de campo articulados ao aprofundamento teórico desenvolvido. Os exemplos
seguiram o intuito de apresentar os movimentos do grupo e a função do coordenador
para facilitar a circulação das transferências e a suposição de saber, encarnada no
coordenador e em outros participantes, bem como trabalhar com as identificações
imaginárias abrindo para a diferença. Apresenta-se, também, encaminhamentos
institucionais em situação de tratamento, visando refletir sobre a inserção da psicanálise
em dispositivos não diretamente relacionados ao objetivo clínico.
Conclui-se com uma retomada das condições e possibilidades para a inscrição da
psicanálise no campo grupal e as contribuições da psicanálise de Freud e Lacan para
analisar os movimentos do grupo e a função do coordenador.

CONCLUINDO - Porque pensar o grupo a partir do referencial de Freud e Lacan


hoje?

É pelo mal-estar contemporâneo que podemos inferir, mais do que a dinâmica do


grupo em si, a importância do recurso ao coletivo no trabalho clínico. Articulação posta
entre aquilo que tange a dimensão mais íntima do ser, o desejo, com a dimensão
coletiva, representada aqui pelo campo grupal, vão na direção oposta da exacerbação do
individualismo e a carência de referências subjetivas para o sujeito.
O grupo pode ser um instrumento clínico e político, tanto para as situações
sociais limites quanto para as situações clínicas limites, que com frequência se
sobrepõem, gerando importantes impasses na subjetivação. Nestes casos há um entrave
no apelo ao Outro, e o predomínio de um gozo mortífero que toma conta do sujeito, daí
os fenômenos contemporâneos (adições, pânico, patologias de borda), onde há um
predomínio de angústia bruta e do acting, sem bordas para ancorar o desejo como forma
de tratamento do gozo. Diante da vulnerabilidade psíquica e o excesso de real
traumático, não simbolizado, o grupo se apresenta como uma potente ferramenta clínica,
onde se serve de um imaginário reparatório para alojar a vivência traumática numa rede
de elaboração coletiva, tirando o sujeito da solidão e silenciamento.
Como ponto partida, os resultados gerais da pesquisa de campo foram
apresentados. As experiências relatadas em diferentes instituições e contextos clínicos
evocaram inúmeros elementos significativos que dispararam a discussão. Dentre os
impasses e possibilidades delineados, destacou-se a dificuldade no manejo da
transferência nas diferentes estruturas clínicas no grupo, os tempos de cada um e a
articulação dos campos imaginário, simbólico e real no grupo, refletidos a partir da
incidência da função especular com o semelhante, do lugar de saber e seus
deslocamentos entre os participantes e dos signos do real que perpassam os grupos e as
equipes. O diálogo com semelhante, a função do testemunho e as intervenções do
coordenador em diferentes tipos de grupos foram valorizadas como fruto do acontecer
grupal. O lugar do psicanalista foi pensado a partir da função de fazer circular a
transferência, sustentar o não saber e contribuir para a abertura significante e associação
livre no grupo.
Na segunda parte, a revisão teórica partiu do argumento clínico ao recurso
grupal. A primeira dimensão explorada foi a função do reconhecimento, apoiada no
engajamento do sujeito ao grupo, seja via acolhimento em saúde mental, onde sujeitos
escapam do laço social, por condição psíquica (psicoses, borderlines) ou por rupturas
sociais (expatriação, violência de estado, perda de emprego); movimentos sociais, onde
a luta restitui o auto-respeito, como vimos com Honneth, Mead e com alguns
psicanalistas que passaram a defender a idéia da função terapêutica dos movimentos
sociais; ou mesmo no agrupamento de equipes de saúde que, ao construírem juntos a
prática, possibilitam uma melhor inserção e reconhecimento de cada profissional nas
instituições.
Até este momento, havia-se apontado um primeiro aspecto da grupalidade que
pode favorecer na situação de exclusão social através da experiência de reconhecimento
do sofrimento. Nas situações clínicas, o grupo pode, portanto, se tornar um dos pilares
para o reestabelecimento de alguma forma de laço social.
Passamos então ao desafio para quem coordena grupos, que é poder transitar
entre a suplência identitária, típica dos grupos, para a identidade da diferença, onde não
se confunde a massa homogênea com o coletivo tal como proposto por Lacan. O projeto
de estudar os elementos que pudesse servir de base para pensar os grupos e todas as
suas incidências (institucional, social, clínica e política) a partir da psicanálise
lacaniana, nos colocou diante da tarefa de extrair certas bases do pensamento sobre
grupos no interior da psicanálise e suas convergências e divergências com o pensamento
de Lacan acerca do coletivo.
Retomaram-se algumas teorias de grupo na psicanálise com vistas a apresentar
um contraponto com algumas considerações lacanianas sobre o tema da
intersubjetividade. Esta opção levou em conta a diferença fundamental da concepção
entre as escolas de psicanálise no que tange ao encontro com mais de um outro e suas
respetivas trocas subjetivas. Ao colocar o fenômeno da transferência como obstáculo à
intersubjetividade, Lacan vai se afastar de outros grupalistas na psicanálise que partem,
cada um a seu modo, da concepção de um aparelho psíquico grupal e intersubjetivo, em
confluência com o intrapsíquico.
Lacan, em sua obra, embora tenha enfatizado a dimensão intersubjetiva na
constituição do sujeito e, nesse sentido, o grupo seria a base do aparelho psíquico; tenha
formalizado o dispositivo de cartel, para pensar a transferência de trabalho com
pequenos grupos na escola psicanalítica a partir da lógica coletiva; e também
desenvolvido sua teoria dos discursos, fundada na relação do sujeito com o Outro e do
desejo no laço social, fez poucas menções ao grupo como dispositivo analítico na
clínica, mantendo a ênfase no pensamento sobre o laço social e a escola. Contudo, seus
seguidores articularam os aportes lacanianos à clínica, propriamente dita, bem como em
outros contextos coletivos. Adentramos, assim, em alguns exemplos de experiências
desenvolvidas por psicanalistas de extração lacaniana que, embora heterogêneas e
situadas em diferentes níveis de atuação clínica, evidenciaram a pertinência das
proposições lacanianas para a construção de dispositivos clínicos coletivos.
Nesta retomada, se produziu um estatuto para o grupo com a preocupação de
compreender como intervir no sofrimento daquele sujeito que escapa ao corpo social.
Vimos que há duas dimensões do trabalho com grupos, a que tange às relações
institucionais e políticas e os contextos de tratamento. Sobre as instituições, os
agrupamentos de equipes, coletivos de trabalho ou até militâncias e movimentos sociais,
já existem independente da tarefa clínica. A teoria dos discursos aparece para alguns
autores como fundamental para se pensar a prática em instituições; a clínica do
testemunho, para abordagem grupal de vítimas de governos autoritários e a
metapsicologia lacaniana aplicada aos grupos e a interlocução entre Lacan e Pichon, por
alguns autores, para pensar os grupos terapêuticos e a tarefa a partir do real e não
somente do imaginário. A psicanálise, então, pode contribuir para desobstruir posições
hierárquicas cristalizadas, disputas de poder e identificações imaginárias. No que diz
respeito às propostas de tratamento, trabalhamos aqui com a hipótese, compartilhada
por diferentes autores que trabalham com grupos, de que a elaboração coletiva do
trauma, de situações-limite, sociais ou psíquicas, é de grande valia, justamente por se
tratar da coletivização de situações vividas isoladamente, e cujo fracasso costuma ser
tomado de forma individualizada.
Considerou-se apropriado acrescentar um aprofundamento sobre o tema da
transferência e sua incidência no coletivo, e também outros conceitos fundamentais da
psicanálise de Freud e Lacan, como identificação, ato analítico e desejo, articulados ao
campo grupal. O intuito aí foi articular as principais bases teóricas da psicanálise
pensada no campo bi-pessoal, com o intuito de aplicar estas ferramentas teóricas ao
campo coletivo.
Vimos que não é objetivo analítico reforçar as identificações imaginárias no
grupo em torno do líder (ideal de eu), embora este tipo de agrupamento esteja sempre
presente e, também, exerce uma função quando o assunto é ressocialização. Fundar a
diferença do sujeito em relação à multidão, contudo, não está associado à identificação
do grupo ao líder, ou identificação pelo sintoma (eu sinto como o outro).
Acompanhamos Soler concluir que a identificação histérica quando se desloca da
identificação por um traço (sintoma) e repousa na identificação pela falta em comum
que anima o desejo singular de cada um, é a modalidade de laço que vai de encontro ao
que Lacan pensou acerca de um coletivo possível dentro da Escola. Aí a identificação
não é por um traço, mas via “participação” no desejo que anima o outro.
Sobre a transferência, examinamos que Lacan concebe a transferência a partir do
constituinte ternário introduzido no discurso, referente ao sujeito suposto saber. Logo é
fundamental articular a dimensão relacional em referência ao lugar do sujeito suposto
saber e do grande Outro. Também situamos a transferência nos três registros
(imaginário, simbólico e real): na relação com semelhantes nas transferências laterais,
com o Sujeito Suposto Saber, portador simbólico do saber, e a partir do real do gozo
suposto no Outro. A análise da transferência visa a desconstrução do sujeito suposto
saber. No grupo, este movimento subversivo deve orientar as intervenções do
coordenador também no nível das transferências laterais, com os semelhantes, já que a
delegação de poder ao outro (portador do saber) também pode ocorrer com outros
membros do grupo.
O ato psicanalítico articula-se à transferência que se instala em função do sujeito
suposto saber, mas a subverte em relação ao que é depositado no analista e, na situação
de grupo, nas identificações com os outros. A sustentação do ato apoia-se na constante
abertura significante e, no grupo, através dos diferentes momentos e tempos de cada um.
Vimos também que só há laço social pelo desejo. O desejo do reconhecimento
(alienação ao desejo do Outro) funda a grupalidade, mas o desejo do analista vai além,
na medida em que dirige o tratamento para que o grupo, numa forma de laço inédita,
contribua na participação do caminho singular de cada um no reconhecimento do
próprio desejo (separação do desejo do Outro).
Ainda que Lacan não tenha pensado o campo grupal enquanto dispositivo
clínico, suas pesquisas sobre a lógica coletiva, o dispositivo de cartel e os discursos
como formas de ordenamento de gozo no laço social, contribuem enormemente para a
compreensão da relação da psicanálise com o pensamento de grupo e instituições e suas
diferentes aplicabilidades.
A lógica coletiva apresentada no texto acerca do tempo lógico mostrou ser um
articulador teórico fundamental para se pensar uma lógica de grupo que fosse na direção
oposta da lógica das massas. A partir da relação entre os prisioneiros, institui-se um
outro gênero de identificação a partir dos tempos lógicos e da identidade da diferença no
tempo de concluir.
O dispositivo do cartel na Escola foi pensado neste trabalho como peça chave
para o trabalho em grupo a partir da lógica coletiva. A função do Mais-Um, no cartel, é
subverter a relação com o sujeito suposto saber e direcionar os participantes a
apropriação do saber.
A teoria dos discursos visa refletir sobre o estabelecimento das relações no laço
social a partir do lugar do mestre, cuja contraposição seria o discurso do analista. O
discurso do analista, ao sustentar o não-saber em oposição ao lugar do mestre, contribui
para que o centro do grupo seja a falta e não o líder. Pensou-se assim no enodamento
dos registros pelo nó-borromeu e a centralidade do objeto a. Sem favorecer a dimensão
imaginária em torno do líder, tão pouco desmerecer esta dimensão, a função do
coordenador é operar em consideração às três dimensões simultaneamente.
Outros aportes teóricos foram abordados pela articulação clínica da relação com
o público, como o testemunho e a confissão do gozo traumático derivado da relação
fantasmática com um grande Outro invasivo, também a sublimação e o chiste em
articulação com o reconhecimento no laço social.
A partir dos conceitos fundamentais da psicanálise para se pensar o campo
grupal, dos aportes lacanianos acerca do coletivo, das entrevistas e revisão dos trabalhos
realizados por psicanalistas que atuam e atuaram em contextos grupais, reunimos
aspectos que ajudaram a pensar posição do analista na coordenação de grupos, de modo
que seja propiciadora da potência clínica do coletivo para além do imaginário, para o
questionamento das posições cristalizadas de gozo e para a criação de novas formas de
se relacionar no laço social.
Na última parte do trabalho, com a ajuda de alguns fragmentos clínicos colhido
dos relatos, podem-se ilustrar as transformações na posição do sujeito a partir dos
tempos no grupo e das intervenções do coordenador. No primeiro exemplo, buscou-se
apresentar o acompanhamento de alguns movimentos de um grupo de pais numa
instituição de tratamento a partir da entrada de um novo integrante, uma mãe, viúva,
buscando tratamento para o filho. O que vale ressaltar deste exemplo foi o processo de
implicação da mãe, inicialmente marcado pela angústia e sentimento de rejeição do
grupo, aprisionada em identificações imaginárias e ideais de maternidade/paternidade.
Sua fala produziu efeitos na fala de outras mães, assim como a fala dos outros produziu
efeitos para ela. A função do coordenador foi facilitar a circulação para que
determinadas falas pudessem abrir a cadeia significante para produzir a diferença. E,
ainda, facilitar a circulação das transferências, ou seja, a suposição de saber entre os
integrantes do grupo. Iniciou-se um processo de elaboração a partir do trabalho no
imaginário das identificações e na suposição de saber, encarnado em certos discursos,
como no discurso médico sobre as drogas ao qual a mãe via-se submetida quando
escondia seus vícios. Também se acompanhou outros exemplos sobre os efeitos da
grupalização em algumas formações narcísicas, bastante cristalizadas na
impossibilidade de abertura ao outro e de qualquer trabalho de elaboração a partir da
alteridade. Ao final desta parte, apresentaram-se outros dispositivos grupais, que não
visavam diretamente o trabalho clínico, mas que se beneficiaram da inserção de
algumas coordenadas do dispositivo psicanalítico.
Os grupos, assim como outros dispositivos clínicos, não são nem melhores, nem
piores que a análise individual, eles exercem uma função e a escolha do trabalho
depende da disponibilidade de cada sujeito. Vimos que é possível um trabalho analítico
em grupo desde que dentro da lógica coletiva, sendo esta propícia a precipitar e facilitar
alguns questionamentos e, às vezes, causar relatos inesperados de alguns membros.
Contudo, o grupo funcionar dentro da lógica coletiva depende de como se opera e se
constrói o dispositivo, como circulam as tensões entre o efeito imaginário e o efeito
sujeito, entre as diferentes estruturas clínicas, como se questiona o lugar do mestre e
como os gozos são reordenados a partir destas operações. O trabalho do analista
coordenador é exigente e, por isso, sua formação e análise pessoal são o que sustentam
o desejo de analista que, por sua vez, sustenta o não saber sobre o desejo do outro.
Por fim, conclui-se que os grupos surgem como uma fonte de grande potencial
clínico no processo para que o sujeito questione sua posição subjetiva na relação com o
outro e as consequências deste tipo de posicionamento na etiologia do sofrimento do
qual padece. Estar com outros abre a possibilidade de se trabalhar as modalidades de
gozo do sujeito dentro do próprio laço social. A inserção num trabalho coletivo permite
ao sujeito sair de uma posição alienada, passiva e melancólica, para uma posição de
enfrentamento. Ao psicanalista, cabe aproveitar-se e afastar-se do campo imaginário,
facilitar a circulação da suposição de saber encarnada no coordenador e/ou nos outros
participantes. Assim, é possível operar clinicamente um deslizamento da demanda de
reconhecimento para o reconhecimento do desejo, visando transformar as posições
cristalizadas de gozo e contribuindo para a criação de novas formas de estar no laço
social.

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