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A psicologia como instrumento do poder disciplinar e a produção de corpos

dóceis

Natan da Silva Pedroso1


Diego da Silva2

RESUMO: A psicologia tem se dedicado aos estudos sobre o ser humano e as suas
relações com o mundo interno e externo. Então, a partir desse pretexto, é importante
pensar sobre quais os métodos e os fundamentos que amparam essa que deseja
ser reconhecida a todo custo como uma ciência do comportamento e das relações
humanas. A psicologia, ao longo do seu desenvolvimento, construiu um discurso
quase inquestionável sobre algumas verdades do homem, verdades essas que são
configuradas e definidas pela própria disciplina. Cada vez mais são estabelecidas
técnicas e métodos de mensuração para distinguir o normal do anormal e,
posteriormente, estabelecer diagnóstico e tratamento. A partir de estudos de casos e
consultas bibliográficas, buscou-se problematizar a psicologia e os seus métodos já
consagrados e incontroversos, tirando a mesma dessa zona de conforto que apenas
compactua com o status quo da sociedade disciplinar, que visa construir e modelar
corpos que não questionam.

Palavras-Chave: Ajustamento. Controle. Docilidade. Ciência Positivista.


Normalização.

1 INTRODUÇÃO
A psicologia buscou, desde seus primórdios, ser identificada e compreendida
como uma ciência natural, buscando através da experimentação, da construção de
hipóteses através da determinação e da divisão do ser humano em partes
quantitativas. (FOUCAULT, 2011, p. 132 apud. SILVEIRA et. al, 2015)
A psicologia buscou estabelecer-se enquanto área da ciência natural que
estuda o homem, com os postulados de Wundt, ao final do século XIX. Essa prática
enquanto contexto laboratorial buscou, de forma experimental, estudar o ser humano
de uma maneira quantitativa e mensurável a partir de experimentos e métodos, que
buscavam construir uma relação entre a natureza e a constituição do homem. Esses
estudos tinham como objetivo um determinado fim, que muitas vezes se entrelaçam
com o estabelecimento de uma identidade social, uma educação e um ajustamento
1
Aluno de Psicologia da UniEnsino.
2
Professor Mestre e Orientador do estágio em Psicologia da UniEnsino.
do ser humano a determinadas leis. A psicologia ortodoxa como prática positivista
estabelece essa vigilância a partir de pressupostos do que é patológico ou não, do
que é normal e do que é anormal. A partir disso, os indivíduos tendem a ter mais
atenção com seus atos, críticas e comportamentos e aos poucos vão adentrando a
uma norma que problematiza a subjetividade e as diferenças. A construção desse
discurso hegemônico da psicologia funciona pois a disciplina é constituída a partir de
uma construção histórica linear. História essa que inicia com Wundt, parte para
Pavlov, Freud, Skinner, Watson, então prioriza-se uma linha do tempo linear,
escolhe-se quem desenvolveu e deu continuidade a psicologia e negligência outras
teorias e escolas de pensamentos.
Foucault (FOUCAULT, 2023, p. 279), relata que em qualquer sociedade
existem relações de poder que atravessam, caracterizam e constituem o corpo
social. Essas relações se estabelecem a partir de uma produção, da acumulação e
da circulação de um discurso. A verdade é portanto produzida e reproduzida a fim de
disseminar esse discurso de poder. O homem é então julgado, condenado,
classificado e obrigado a desempenhar tarefas, viver e morrer em prol de um
determinado modo que compactue com as verdades criadas que trazem efeitos
específicos do poder.
Então, há vários pontos a se pensar sobre a história e a construção da
psicologia enquanto ciência e do discurso psicológico enquanto verdade sobre o
homem. Existe a necessidade de estabelecer uma análise crítica sobre os
pressupostos que fundamentam a psicologia enquanto prática positivista. Quais as
condições que constroem e legitimam as práticas de ajustamento e normalização da
psicologia no século XX e XXI. Com base em relatórios construídos a partir de
experiências em um estágio curricular do curso de psicologia, com ênfase em
práticas clínicas de triagem e da construção de um pensamento a partir da pesquisa
e análise bibliográfica de diversos autores da psicologia, da filosofia e das ciências
sociais busca-se problematizar a psicologia e as relações que ela estabelece com a
construção de um ser universal objetivado por uma sociedade disciplinar. A quem
esse discurso de determinação do corpo serve e como a psicologia, ao longo do
tempo corrobora com a construção de corpos dóceis colocando-se em um lugar
científico neutro, que não questiona a realidade que o pensamento psicológico está
implicado.
2 DESCRIÇÃO GERAL DAS PRÁTICAS REALIZADAS
O presente estágio foi realizado com objetivo de introdução ao contexto
clínico, tendo como prática principal a triagem. “De acordo com a definição
tradicional, a triagem psicológica tem os objetivos de coletar dados, levantar
hipóteses diagnósticas e verificar qual tipo de atendimento a pessoa necessita, a fim
de encaminhá-la ao tratamento adequado possível”. (HERZBERG E CHAMMAS,
2009 apud. CERIONI E HERZBERG, 2016)
Foram efetuados ao total oito atendimentos, os mesmos foram realizados de
forma on-line. Aqui serão apresentadas as observações referente apenas a alguns
pacientes, esses que mais corroborarão com o tema que será desenvolvido. Os
casos não serão debatidos individualmente, servirão apenas como base para uma
noção de discurso construído pela psicologia e fomentado no meio social comum.
Encontram-se relatos de pacientes que foram motivados a buscar terapia por forças
e indicações de instituições como escolas, empresas, hospitais, famílias e amigos.
Ou, também, por pressões não tão diretas, mas que o levam a buscar na terapia
essa relação de caráter disciplinar e modelador em prol de um ajustamento social.
De forma alguma será posto à prova a complexidade e a importância dos casos,
nem a validação da psicologia como ferramenta que produz mudança social,
autoconhecimento e emancipação. Aqui, será levado em consideração a psicologia
como teoria positivista, essa que permeia a história e a contemporaneidade das
práticas psicológicas, também sobre o que essas relações produzem no âmbito
social e individual.

L., 17 anos.
A triagem em questão foi realizada com a responsável de L. A procura por
psicoterapia veio através de um encaminhamento escolar. Atualmente, no ano de
2023, está matriculado e cursando o 2º ano do ensino médio básico regular. Os
professores informaram uma dificuldade no aprendizado, o mesmo apresenta
problemas com operações numéricas e, principalmente, no momento das provas,
onde é necessário o auxílio de professores e outros alunos para que ele consiga
entender e concluir a avaliação. A escola relatou uma grave desconexão com a
realidade, inúmeras vezes L. apresentou delírios persecutórios, dizendo que todos
os seus colegas e professores estavam a persegui-lo. Como exemplo, um dia,
resgatou sua bicicleta e deixou a escola antes do término da aula, alegando que
ainda estava sendo perseguido por seus colegas e professores, e que o encaravam
de uma maneira estranha.
L. reside com a irmã em Curitiba, já a mãe, viúva do pai deles, vive sozinha
na cidade de Morretes/PR. L. deslocou-se para viver com a irmã em Curitiba em
busca de tratamento psicológico, o que, na visão deles, é mais fácil de conseguir na
capital. Essa será a segunda vez que L. se submete à terapia, a primeira vez foi
ainda nesse ano de 2023, em um Centro de Atendimento Psicossocial (CAPS),
também encaminhado pela escola onde estudava. O mesmo também aguarda na fila
um parecer do Sistema Único de Saúde (SUS) para uma consulta com um
especialista em neurologia.
Além das demandas acima, a responsável por ele também relatou em um
segundo momento, queixas e dificuldades em processos cognitivos como atenção,
foco e orientação temporal, como exemplo para essa última, L. apresenta problemas
para orientar-se e processar informações relativas ao dia, em alguns momentos
parece não ter noção sobre a duração de determinadas tarefas do cotidiano, se
atrasando e não conseguindo se organizar direito. Inicialmente foi diagnosticado
com Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) e submetido ao tratamento com
ansiolíticos. Também foi relatado dores no peito e dificuldades para dormir quando
ocorrem as crises de ansiedade.
O que parece é que estão à procura de apoio psicológico não por vontade e
iniciativa própria, mas sim por determinação da escola de L. Relataram também a
necessidade da elaboração de um laudo para elucidação e melhor manejo sobre o
caso do adolescente. Mas essa vontade foi manifestada apenas após a delegação
da escola, antes, ao longo dos 17 anos vividos pelo adolescente, a família não
identificou a necessidade de procurar por profissionais dessa área da saúde. Parece
mais um impulso com a intenção de integrar L. a uma norma disciplinar vigente.

A., 37 anos.
A. é uma mulher, divorciada, a mesma é graduanda em Farmácia e atua
também na área farmacêutica. A. procurou apoio psicológico por vontade própria. É
diagnosticada com depressão e ansiedade, faz acompanhamento psiquiátrico e
tratamento com psicofármacos antidepressivos.
Realizou terapia pela última vez no ano de 2020 de forma online. Após
diagnosticada, a mesma não submeteu-se mais a terapia, realizando apenas o
tratamento farmacológico. Nesse momento, A. informou que há sintomas que
permanecem mesmo após uso recorrente dos remédios, ela acredita que a terapia
pode auxiliá-la a entender e a se relacionar da melhor forma com esses sintomas
remanescentes.
Queixa-se de dificuldades de ordem cognitivas, como atenção e foco,
problemas esses que interferem diretamente no cotidiano da cliente. Relata também
problemas relacionais com alguns membros da família, especificamente com a sua
filha e a sua mãe, informou não conversar com a sua mãe e, já com a sua filha, A.
diz ter uma dificuldade de aproximação por conta do momento e da idade que a filha
está. Além das queixas acima, A. expôs que o seu trabalho a deixa muito estressada
e possui dificuldades em se relacionar com os seus colegas. Sobre a sua
alimentação, queixa-se de uma possível compulsão, que a faz comer muita porcaria,
falas da cliente, tendo dificuldades para manter uma alimentação saudável.
Já foi submetida a diversas internações clínicas por problemas e sintomas
físicos: dores de cabeça, no peito e crises alérgicas. Relata ter enxaquecas
diariamente, mas, submetida a exames, não foi constatada nenhuma causa para as
fortes dores de cabeça. Já esteve sob acompanhamento médico por conta de crises
alérgicas que se espalharam por todo o corpo, foi submetida a diversos exames,
mas também não foi verificada nenhuma causa orgânica e biológica. A. acredita que
esses sintomas sejam manifestações físicas dos transtornos.
Cliente aparenta viver sob o domínio do seu diagnóstico, em um primeiro
momento optou apenas pelo tratamento farmacológico, mas não buscou apoio para
entender e tratar as raízes e as causas de suas mazelas. Alguns sintomas voltaram
e se estabeleceram, A. acaba somatizando muito com as dores de cabeça e no
peito, além das frequentes crises alérgicas sem explicações. A., a partir de seu
relato inicial, manifesta um grande estresse causado por esse sintomas sem causas
aparentes. Com todas essas intercorrências, a mesma apresenta dificuldades em
manter relacionamentos no trabalho e em seu meio familiar, além de descontar,
aparentemente, suas frustrações em alimentos considerados prejudiciais por ela

F., 31 anos.
Mulher, casada, formada em Comunicação Social e atualmente atuando como
analista de marketing. Nascida na Venezuela, a mesma vive no Brasil há oito anos.
Nunca submete-se a terapia, essa é a primeira vez que busca apoio psicológico.
A paciente informou que algum tempo atrás, durante uma consulta com um
clínico geral, ela foi diagnosticada com depressão. Diagnóstico realizado já na
primeira visita da paciente ao médico, o mesmo a receitou um antidepressivo, mas
ela relata que nunca chegou a fazer o uso recorrente do remédio, visto que, ao
procurar sobre o medicamento na internet, encontrou alguns possíveis efeitos
colaterais que deixaram-na assustada. Em sua pesquisa, apareceu que o
antidepressivo podia vir a causar uma forte ideação suicida, sendo assim, ela
decidiu por não realizar o tratamento medicamentoso e procurar por ajuda
psicológica.
Como queixas principais, ela informa uma dificuldade em processos
cognitivos, principalmente problemas relacionados à memória, além de sono
excessivo e uma alimentação desregulada. Relata ter muito sono, a todo momento,
e, em suas palavras, “poderia ficar na cama dormindo o dia inteiro”, além de, em sua
percepção, comer de forma muito exagerada durante as refeições. Em suas demais
atividades, não apresentou nenhuma queixa significativa, nada que possa vir
atrapalhar e causar preocupação a mesma.

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Ao final do século XIX e início do XX, deu-se início aos primeiros trabalhos
em psicologia, esses então psicólogos visavam em sua atuação alcançar uma
correção e um endireitamento dos seus objetos de estudos, para assim compor e
alcançar uma determinada normalidade. Então, a psicologia tornou-se um dispositivo
que visava ajustar, adaptar e domesticar aqueles corpos desregulados aos modelos
de funcionamento requeridos pela época. Aparentemente a psicologia tem em seu
discurso uma legitimidade inquestionável, que exerce sobre a sociedade um certo
ideal comportamental.
Resistindo a novos projetos, ou a novos princípios, esse que chamamos de
discurso hegemônico da psicologia, não apenas fundou-se, mas também
tentou sustentar-se a partir de uma compreensão de ciência que tem como
pressupostos a experimentação, o objetividade, a neutralidade e a
generalização, que se complementariam demarcando o que poderia ser
tomado como um comedimento científico válido. (HÜNING E GUARESCHI,
2005, p. 111)

Com isso tem-se os transtornos, as atribulações e fenômenos psíquicos,


assim como os métodos utilizados para seu tratamento, como algo natural, uma
essência humana, inerente à subjetividade e a experiência humana (HÜNING E
GUARESCHI, 2005, p. 111). O psicólogo ao utilizar como base essa ideia de ciência
positivista e natural, propõe e compactua com o ideal de um sujeito popular,
universal, estudando e classificando a existência e o comportamento humano a
partir de métodos e dados estatísticos e quantitativos. Assim, o psicólogo
converteu-se em um agente de regularização da experiência humana, um fabricante
de corpos mensuráveis e saudáveis, “a psicologia é somente uma fina película na
superfície do mundo ético no qual o homem moderno busca sua verdade — e a
perde.” (FOUCAULT, 2000, p. 85 apud. HÜNING E GUARESCHI, 2005, p.108). E
esse fenômeno é tão atual e novo quanto se imagina, o trabalho de muitos dos
psicólogos ainda é pautado por normativas disciplinares que exercem poder e
controle sobre os corpos “desajustados”, minimizam e desprezam a subjetividade,
experiências e percepções, desassociam o sujeito do seu meio social, cultural e da
sua contemporaneidade, adoecem os corpos a fim de validar suas técnicas e torná
las eficazes.
A Psicologia vem a contribuir com pesquisas quantitativas, validadas
estatisticamente para classificar, organizar e investir nas populações de
modo a estabelecer as bases do desenvolvimento humano e os modos
como este deve ser feito por meio de técnicas de cuidados das famílias, dos
trabalhadores, enfim, dos conjuntos estabelecidos como focos de atenção.
(MEDEIROS et. al, 2005, p. 267)

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), elaborado


como uma ferramenta de auxílio ao tratamento e ao diagnóstico do adoecido, cria
uma padronização dos doentes psiquiátricos, o que leva a criação de semelhanças
gerais e ignoram-se diferenças individuais. As definições para os diagnósticos ficam
cada vez mais vagas e genéricas, o que facilita o enquadramento do indivíduo na
posição de “anormal”, patológico, o que leva a uma inflação diagnóstica e a aumento
no uso de medicamentos (ARAÚJO, 2020, p. 206). Allen Frances, médico psiquiatra
que liderou a equipe na construção da quarta edição do DSM, relata como a
normalidade vem perdendo espaço para a anormalidade, pois a medicina
psiquiátrica e as ciências sociais criam mecanismos cada vez mais simples,
abrangentes e que, como o DSM, por exemplo, se tornam globais e facilitam o
diagnóstico e a anormalização do mais fino desvio (FRANCES, 2016 apud.
ARAÚJO, 2020, p. 206). Foucault (2001 apud. ARAÚJO, 2020, p. 206) relata a
impossibilidade de padronizar e conceituar o anormal, porque, assim como a
verdade, ele é modificado ao longo do tempo, é transformado durante um período
de acordo com o espaço, as relações da época e o poder vigente.
A proliferação de testes diagnósticos sofisticados, frutos de descobertas
médicas e novas tecnologias, permite maior precisão e antecedência na
detecção de enfermidades, o que, porém, pode gerar excessivas e invasivas
condutas médicas, e até conduzir à prescrição de tratamentos
desnecessários. Isso ocorre seja nas doenças graves, como cânceres ou
autoimunes, assim como transtornos psíquicos e síndromes genéticas.
(DENTILLO, 2012)

Frances (2016 apud. ARAÚJO, 2020, p. 207), traz o conceito de “modismos


psiquiátricos”. Para ele, esses tais “modismos”, são diagnósticos que tiveram sentido
em um determinado período e local. Sobre os modismos da contemporaneidade, o
autor relata que, com a criação de um manual universal, facilita-se a formação de
padronizações globais de doenças da época. Assim, entende-se que a inflação de
determinadas doenças é impulsionada pela atualização dos modelos de
classificações da mesma, que dão ênfase para determinadas patologias, criando
verdadeiras pandemias psiquiátricas. Byung-Chul Han em Sociedade do Cansaço
(2015 apud. COSTA E NOYAMA, 2017, p. 310) cita que o século XXI é caracterizado
por um processo de adoecimento psíquico, que traz como modismos para a época
doenças como: depressão, TDAH e burnout. O mesmo relata que isso é ocasionado
pelo que ele chama de excesso de positividade, que seria um projeto planejado para
a inibição da diferença:
Na nomenclatura da filosofia pode ser entendido como uma tentativa de
eliminar a alteridade e evitar os processos dialéticos, isto é, as
construções resultantes dos embates, dos choques e das contradições.
Para entender a raiz disso ainda no plano epidemiológico, ele aponta a
tentativa de enfrentar as patologias através de uma proteção imunológica,
baseada na expulsão dos inimigos e das diferenças. (COSTA E NOYAMA,
2017, p. 311)

Han (2015 apud. COSTA E NOYAMA, 2017, p. 311), não caracteriza apenas o
diagnóstico do homem contemporâneo a uma lógica de invisibilidade da diferença,
mas relata sobre os vínculos que esse processo mantém com as exigências
econômicas neoliberais. Ainda segundo o filósofo, o homem do século XXI está
passando pelo o que Karl Marx denominou como “coisificação”, onde todos as
coisas são determinadas através do viés do consumo, o homem passa a ser um
explorador de si mesmo e das outras pessoas, atendendo a reivindicações da
sociedade do desempenho, da indústria e das instituições.
Na contemporaneidade, encontramos as psicotécnicas aplicadas nos
treinamentos, qualificações e capacitações organizacionais com vistas a
melhorar a qualidade de vida. O importante dessas técnicas é a edificação
do sujeito necessário [...] objetiva-se, com as psicotécnicas, o nivelamento
dos sujeitos em relação a critérios de normalidade e anormalidade que se
aproximam da definição do conceito de saúde como ausência de doença.
Nessa esteira, as práticas psicológicas passam a ocupar-se do sujeito
trabalhador, tanto nas organizações de trabalho quanto nas comunidades
urbanas, formando um sujeito psicológico a partir da noção de
funcionalidade, ou seja, é por meio da relação que o sujeito estabelece com
seu cotidiano de trabalho que será considerado objeto de práticas e
investimentos da Psicologia [...] com as psicotécnicas, encontramos um
estreitamento das práticas psicológicas que, mesmo oriundas de campos
distintos, acabam por reforçar e criar novos recursos para a noção de
indivíduo, comportamento e adoecimento [...] propondo, por meio de
tecnologias psicológicas, o controle das populações [...] nesse sentido,
quando forjamos cidadãos psicológicos, o fazemos a partir do campo da
Psicologia por meio de uma libertação dessa interioridade considerada
constituinte do indivíduo. Então, opera-se tanto na direção de uma
privatização da existência quanto de uma publicização de interioridades que
devem ser expostas como modo de se ter um cidadão saudável, mas a
ênfase está nos indivíduos. (MEDEIROS et. al, 2005, p. 268)

Na contemporaneidade, quando a pessoa não performa como a maioria e


apresenta alguma oscilação em relação às outras peças, a falta está no indivíduo
que não está na mesma rotação dos demais. Tendo como exemplo o ambiente
escolar e a ocupação, não se questiona e não é colocado à prova os métodos de
ensino ou o sistema de produção, transferindo, assim, toda culpa ao desajustado,
esse, também, que não ousa questionar o mal-estar que se forma como produção
de sistemas de abuso de poder que o coloca em um todo, mas transfere para ti uma
culpa individualizada.
Essas práticas não propõem uma teoria do sujeito, como o da razão e o do
inconsciente, mas são, antes de tudo, psicologias aplicadas, tecnologias da
subjetividade produzidas a partir do encontro com as formas de
administração, de otimização, de adestramento dos corpos. São tecnologias
para que os sujeitos sirvam melhor às instituições, que, assim como os
produzem, os envolvem de tal forma que eles não mais conseguem
“pensar-se”, “conhecer-se”, “observar-se” sem a mediação desse vetor – as
instituições. (MEDEIROS et. al, 2005, p. 267)

São sujeitos que se experimentam como um todo, dentro de um conjunto e,


dessa forma, se sentem importantes para a manutenção do grupo, são operários,
alunos, militares e que se conformam dentro das instituições. As técnicas cunhadas
para o suposto tratamento são individualizadas, mas o objetivo é a manutenção e o
aperfeiçoamento desses amontoados de indivíduos, o que garante a alienação e as
sustentação desses espaços como indústrias, escolas e exército, que se tornam
condições de existências para os indivíduos e que, também, necessita dos mesmos
para garantir a sua conservação e persistência (MEDEIROS, et. al, 2005, p. 267).
A psicologia consente com esse discurso, reforçando a ordem “natural” das
coisas, status quo dessa lógica vigente de manipulação. Para Foucault, “em sua
perspectiva não havia dúvida de que o surgimento das ciências humanas foi
impulsionado por obstáculos de ordem teórica e prática: era necessário encontrar
novas normas para os indivíduos imersos na sociedade industrial.” (2007, p. 47
apud. SILVEIRA et. al, 2015)
Recaiu sobre as ciências do comportamento essa responsabilidade de busca
por um sujeito universal que desempenhasse o que dele era previsto e nada mais.
Essa preocupação de organização, categorização e universalização do ser humano
é uma das bases dos estudos das ciências do comportamento e da psique (HÜNING
E GUARESCHI, 2005, p. 117). Essa individuação segue pressupostos de valores de
uma determinada época, valores esses que nunca são incontestáveis e definitivos,
mas há essa concepção de vida, que é imposta e implementada queiram os outros
ou não. (GUGGENBÜHL-CRAIG, 2004, p.14)
A Psicologia, como ciência do comportamento, abre e cria um espaço para
o controle das condutas e dos comportamentos que possam causar
prejuízos à saúde da população e desorganizar os espaços urbanos,
contribuindo para conformar o conceito de saúde em relação aos corpos e
comportamentos dos indivíduos. ((MEDEIROS et. al, 2005, p. 268)

A psicologia passa a ser um dispositivo desse chamado poder disciplinar.


Com a passagem para a modernidade, as relações de poder têm sido modificadas,
passa-se essa atuação do poder sobre os corpos e não mais sobre bens e riquezas.
O poder passa a agir sobre os corpos como objeto a serem manipulados e
controlados em sua totalidade, tornando-se, assim, objetos úteis e dóceis. As
diferenças e excentricidades são reduzidas e até descartadas, limita-se a liberdade
de escolha, domesticando e normatizando corpos (DIOGO E SAITO, 2014, p. 6).
Sendo assim, “esses métodos que permitem o controle minucioso das operações do
corpo, que realizam a sujeição constante de suas forças e lhes impõem uma relação
de docilidade-utilidade, são o que podemos chamar as ‘disciplinas’”. (FOUCAULT,
[1975] 2012, p. 132 apud. DIOGO E SAITO, 2014, p. 6)
Foucault em seu trabalho fala de um poder que se encontra difuso em todo
o corpo social, que não é repressivo, mas sim produtivo e que não pode
pertencer a ninguém, pois não é um objeto e sim uma tática, uma técnica
que é exercida em relações de forças. Quando o poder passa a atuar sobre
o corpo enquanto objeto, Foucault inova com o conceito de poder disciplinar,
um tipo de poder cujo objetivo é produzir uma individualidade, e um corpo
que seja dócil e útil economicamente. (DIOGO E SAITO, 2014, p. 1)

Então, as chamadas disciplinas fabricam corpos dóceis, humildes, altamente


especializados e que desempenham as mais diversas tarefas. O corpo deve ser
submisso e produtivo, pois só assim o mesmo será útil em termos econômicos. A
dominação e o adestramento desses corpos é feita de forma quase imperceptível, o
corpo é levado a esse lugar de submissão através de ferramentas sutis, sem
necessariamente ser castigado de forma violenta (MARQUES, 2013). Psicólogos,
psiquiatras, pedagogos, policiais, advogados entre outros podem ser considerados
como agentes de poderes. Na psicologia, isso acontece quando a mesma não
produz um discurso de mudança e põe-se em um lugar de comodidade e de
neutralidade. Mantém o corpo na inércia, na docilidade, como uma engrenagem da
máquina social que apenas produz, não questiona, não critica, não pensa e não se
posiciona politicamente, que não escolhe por si e não age de forma genuína e
congruente.
O indivíduo não será refém das relações de poder disciplinar quando o
mesmo é dotado de liberdade. A sua resistência diante das relações de controle e
forças exercidas por esses instrumentos de poderes disciplinares está representada
na condição de ser livre, de ser o que quiser ser, de dizer e fazer aquilo que acredita.
Se o poder é sobre força e dominação, essa resistência estará presente quando o
sujeito tomar para si essa força, internalizando-a, podendo dizer sobre si mesmo,
acontecendo então o seu salto para a luta e para a não aceitação da dominação. O
sujeito passará a orientar-se a partir daquilo que ele acredita ser verdade. Se existe
o poder, existem maneiras de encará-lo. (ALVES, 2017)
Essa genealogia proposta pelo filósofo francês aponta o aspecto normativo da
psicologia, fazendo um paralelo entre ela e a disciplina. A psicologia submeteu-se, e
submete-se, a definir normas sobre os comportamentos humanos normais e
saudáveis (SILVEIRA et al., 2015). Então, refletir a psicologia a partir dessa
problematização foucaultiana é descentralizar o suposto poder psicológico, repensar
a força do saber científico irrefutável, questionar quais os indivíduos produzidos
através desses discursos psicológicos e quais os efeitos sobre a individuação e o
processo de tornar-sujeito (HÜNING E GUARESCHI, 2005, p. 113). A psicologia está
fazendo-se efetiva e auxiliando as pessoas na busca da emancipação, da liberdade
e da autorrealização? Ou está apenas fabricando corpos doentes e dependentes,
sendo um espécie de bode expiatório e servindo de monitoramento para um controle
social das máquinas de poder?
As reflexões foucaultianas demonstram um incômodo em relação às práticas
tradicionais da psicologia, que visam desvendar o sujeito através de condutas e
paradigmas positivistas, métodos esses que levam a crer que todo o caminho do
conhecimento científico deve ser baseado em dados quantitativos, hipóteses e
experimentações, patologizando a diferença. A mesma buscava definir o ser
humano, reconhecendo o que o tornava igual a qualquer outro ser vivo, mas, a partir
da emergência da psicanálise e de questões como o inconsciente, a psicologia como
ciência positiva sofre um abalo. (HÜNING E GUARESCHI, 2005, p. 110)
Toda a história da psicologia até o meado do século XX é a história
paradoxal das contradições entre esse projeto a esses postulados; ao
perseguir o ideal de rigor e exatidão das ciências da natureza, ela foi levada
a renunciar aos seus postulados; ela foi conduzida por uma preocupação de
fidelidade objetiva em reconhecer na realidade humana outra coisa que não
um setor da objetividade natural, e em utilizar para reconhecê-lo outros
métodos diferentes daqueles de que as ciências da natureza poderiam lhe
dar o modelo. Mas o projeto de rigorosa exatidão que a levou, pouco a
pouco, a abandonar seus postulados tornou-se vazio de sentido quando
esses mesmos postulados desapareceram: a idéia de uma precisão objetiva
e quase matemática no domínio das ciências humanas não é mais
conveniente se o próprio homem não é mais da ordem da natureza.
Portanto, é a uma renovação que a psicologia obrigou a si própria no curso
de sua história; ao descobrir um novo status do homem, ela se impôs, como
ciência, um novo estilo. (Foucault, 2002a, pp.133-134 apud. HÜNING E
GUARESCHI, 2005, p. 110)

Foucault em Microfísica do Poder (2023, p. 241) também relata sobre a


atuação da psicanálise e a relação da mesma com esse poder disciplinador. O
filósofo mostra que, em partes, a psicanálise desempenhou um papel liberador, ela
se opôs e denunciou práticas psiquiátricas que compactuavam com uma relação de
poder e determinação sobre os corpos. Mas, o mesmo relata, que isso não apaga o
fato da psicanálise ter em algumas de suas atuações efeitos que se enquadrem e
auxiliem no controle e na normalização.
As representações foucaultianas sobre a psicologia demonstram uma forma
crítica de olhar a disciplina, buscando levar a um ponto de descontentamento,
deslocamento e desacomodação das práticas.
Cabe registrar, que propor articulações da Psicologia com o pensamento
foucaultiano está longe de significar tomar a produção deste autor como um
referencial teórico para as ciências psicológicas. O que ele nos tem
indicado, acima de tudo, é uma forma de olhar e interrogar as práticas
legitimadas pelo discurso psicológico, questionar "como funcionam" estas
práticas e as condições de emergência e legitimação de tais saberes.
(HÜNING E GUARESCHI, 2005, p. 122)

O que Foucault traz é uma emergência em repensar as práticas legitimadas e


indiscutíveis da psicologia e como essas funcionam diante daqueles que ela afirma
“tratar”. Mostra a importância de questionar os pensamentos tradicionais de
poder-saber, saberes esses que produziram ideais de normal e anormal, doente e
sadio e, principalmente, retirar a psicologia do pedestal, dessa posição de detentora
de um suposto saber sobre os homens comuns, a quais ela está observando de
cima, trazendo-a para uma posição de prática cultural e social, desconectando da
unidade-sujeito, da sua internalidade, partindo para uma visão das práticas culturais
que o cercam e o “molda” como sujeito de um determinado tipo (HÜNING E
GUARESCHI, 2005, p. 123). “Somando-se a isso a desestabilização das certezas e
das ‘verdades absolutas’ sobre ‘sujeitos universais’ produz-se um terreno fértil para
a produção de outros discursos, para a provisoriedade, para um diálogo com
‘saberes marginais’, do cotidiano, das pessoas comuns.” (HÜNING E GUARESCHI,
2005, p. 124)
O foco não é deslegitimar a psicologia e mostrar a farsa que ela é, nem tão
pouco criar um novo método de intervenção, mas trata-se de desnaturalizar e
repensar as práticas já institucionalizadas, entender qual a implicação e o objetivo
das ações da psicologia, tirá-la da neutralidade científica, introduzir novas maneiras
de interrogar e novas interrogações, colocar a própria psicologia como algo passível
de problematização e mudança (HÜNING E GUARESCHI, 2005, p. 125). Situando a
psicologia como algo inacabado, descentralizado, com possibilidades, expansível e
multifacetado, que questiona e é questionado, tornando-a singular e particular.
Recusando as essências, considerando os processos culturais de
construção de diferenças/identidades e os modos de subjetivação. São,
portanto, perspectivas que operam não se isentando das relações de poder,
do caráter instituinte que o saber assume, mas que atentam criticamente
para este caráter, ao invés de assumir uma postura desqualificadora de
modos de ser e conhecer diferentes dos seus. HÜNING E GUARESCHI,
2005, p. 126)

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O psicólogo ocupou-se de um papel de salvador, de resgatar e libertar o
indivíduo de seu sofrimento. O senso comum e a psicologia, em partes, tornaram
isso algo natural e legítimo, acabando por não abrir espaço para contestações e
discussões sobre as práticas psicológicas. É importante observar como a psicologia
é constituída em um certo momento, segundo posições sociais, políticas e
interesses de uma determinada época e ela não se movimenta para modificar a
realidade que se encontra, pelo contrário, ela exerce força para manter esse status
atual imutável.
A partir do que foi apresentado, pôde-se perceber que a psicologia como
ciência do homem não fez descobertas sobre ele, as relações, todas as questões e
sofrimentos humanos já estavam ali, sempre estiveram, a psicologia apenas
configurou e deu nome a essas coisas, ela produziu determinadas verdades sobre
os seres humanos. Para Foucault, a psicologia, então, tem seus fundamentos
baseados em interesses, em um jogo de poder. Isso não quer dizer que a psicologia
não seja científica, mas sim que a ciência não é neutra, não está acima das relações
dos mortais, ela participa e compactua com esse jogos e essas relações de poder,
que, muitas vezes, se estabelecem e fortalecem através das suas produções.
A psicologia exerce um poder individualizado sobre os homens, ela trata e
acompanha o ser individualmente, fica junto ao sujeito com o objetivo de adequação,
de normatização desse ser aos moldes da época. Por essa questão ela é tida como
um instrumento do poder disciplinar, esse que impõe produtividade e docilidade aos
corpos. Esses poderes disciplinares podem ser encontrados nas mais diversas
instituições, como: escolas, prisões, empresas, hospitais e quartéis.
O normal, como apresentado durante o texto, é uma construção temporal, de
uma determinada época, e com a atualização dos métodos de tratamento e
investigação, que criam ferramentas cada mais sutis e elaboradas para diagnósticos,
o normal está ficando cada vez mais inalcançável, o mesmo está perdendo espaço
para uma série de sintomas e características que direcionam o indivíduo ao
patológico e ao anormal, que devem ser cuidados.
Aqui não se critica as teorias e as abordagens, cada abordagem irá ter a sua
noção de saúde psíquica e a os métodos de encarar as mais diversas questões e o
adoecimento, mas se debate as práticas positivistas e ortodoxas da psicologia, que
em seu âmago tem um viés de ajustamento social, que cria réguas e padronizações
sobre questões mais íntimas e singulares dos seres humanas, muitas vezes
condenando a diferença e a singularidade, diagnosticando sintomas em nome de um
normal de saúde que é produção da própria psicologia.

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