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1. IDENTIFICAÇÃO DA ESTAGIÁRIA:
de inscrição ofertado todo inicio de período pela clínica escola, ou seja, duas
muitos, muito além da zona de desconforto para quem sofre a violência, é mexer
com o costumeiro ditado popular “briga de marido e mulher não se mete a colher”.
companheiro.
algum tipo de violência, passando de 18% em 2015 para 29% em 2017. Esta
violência, mas mulheres que tiveram a coragem de falar sobre essa vivência.
Não há uma regra para a violência, e nem mesmo para que a mulher
grupo”, espaço este de apoio e acolhida, acolhida que a maioria das mulheres
não encontra, seja pelos profissionais aos quais tem que passar no processo da
Desta forma, foi escolhida a psicologia social como área de atuação, como
não pessoa; a temática violência doméstica foi uma escolha que provocou a
minha própria zona conforto, assim como o desafio de introduzir esta temática
4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-EXISTENCIAL:
subjetivo.
Gonçalves, 2003)
Neste sentido Lane (1984) vem abordar que um dos fatores fundamentais
para o conhecimento do homem é que este não sobrevive a não ser em relação
desde sua gestação está inserido num grupo social. Ressalta que este resgate
mais tem utilizado o grupo para desenvolverem suas atividades. O estudo aqui
denominações.
Definição de grupo
Para Pichon –Rivière (n.d.) citado por Bastos (2010) o grupo apresenta-
Segundo Lane (2004), citado por Duarte (2011) o estudo dos pequenos
vez que o grupo é condição necessária para que o sujeito supere sua condição
participação ativa dos membros compõe a forma deste acontecer, ou seja, a sua
constante movimento.
dos Sinos, Rio Grande do sul, onde abordam a importância dos grupos para o
de mulheres, uma experiência na Casa de Apoio Viva Maria , Rio Grande do Sul ,
elementos que envolvem essa relação, bem como suas forças e fraquezas,
consciência.
propósito, e voltado para um fim, ou seja, que gere soluções a fim de modificar,
Acosta (2004), citado por Ramos e Oltramari (2010) afirma que o grupo
que serão compartilhadas entre seus membros. As conversas são um meio para o
aparentados, unidos por laços naturais, por afinidades ou por vontade expressas”;
e por fim a violência conjugal, considerada “em qualquer relação íntima de afeto
coabitação.”
cuidados da casa e filhos, e o homem que este deve ser o provedor, natural, em
fim foi aprendido desde criança. Só que não podemos naturalizar papéis quando
mulheres.
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houve nos seus primeiros anos de vida: “homem não chora”, chorar significa
verdadeiro querer ser da pessoa, que inconscientemente luta para dar conta de
papel que ela não cumpriu, onde homens tem que dar conta de tudo sem
aquela que ocorre contra a mulher pelo fato de ser mulher, quando o homem se
julgar superior, pelo fato de ser homem, ou por ter uma renda superior a da
procurando fazer de tudo que o companheiro julga correto para evitar a violência;
controle, nesta fase é que a mulher busca ajuda, seja na policia, ou outro tipo de
apoio; e por fim a lua de mel, compondo a ultima fase, o homem se torna
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esta situação.
5. PROCEDIMENTOS UTILIZADOS:
População
Instrumentos
descrito abaixo;
Lanche;
1. Descreva qual foi o sentimento que você teve ao ler esse livro.
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Procedimentos
Foram desenvolvidos dois grupos, para o primeiro grupo (segundo
faltam elementos claros para aplicação das medidas cabíveis. No SAVID são
proteção e investigam a pergunta gerada pelo juiz responsável pelo caso, bem
GO, na pessoa da promotora de justiça Rúbia Corrêa Coutinho, com base nas
através da 63ª Promotoria da Mulher do MP- GO, o convite foi efetivado por
parceria com a Delegada ........ desta delegacia, sendo efetuado contado via
telefone, tendo destes 150 registros, o contato com sucesso com 60 mulheres,
notificação.
expectativa pelo primeiro encontro vem carregada do como vai ser, de quantas
que envolve esse fenômeno da violência doméstica, faz com que as pessoas não
técnica do barbante (anexo), onde cada mulher foi convidada a falar “como era
estarem em medida protetiva, sabendo que a LMP assim como a medida protetiva
E não foi distante disso, os relatos revelaram histórias diferentes, mas algo
que a LMP não garante, e ao mesmo tempo a insegurança da proteção que ela
“não, eu não tenho papel nenhum, e o fulano mora dentro da minha casa”, assim
não punição dos autores de agressão, a prisão pode acontecer sim, de forma
que não determinará como sentença a sua prisão, e mesmo que determine,
algum dia essa pessoa estará livre, então falar da LMP neste primeiro dia, foi uma
com o barbante (uma teia), direcionando as essas mulheres que cada uma tem
sua teia de relações, algumas relações não saudáveis, outras que são suportes, e
composta por cada uma ali presente, em um espaço de partilha e de sua escuta,
participantes; a forma do contrato foi decidida por elas também, optaram por ser
insegurança instalada.
também estava sob a medida protetiva, e não diferente das que compareceram
LMP, onde foi sendo explicado pela promotora, a partir das queixas e dúvidas
trazidas pela nova integrante; o que foi válido não so para ela, mas para a
Lei, pois ela voltou a partilhar que o autor da agressão estava residindo em sua
transparece no tom de sua voz, a relação de violência com o parceiro o qual havia
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por não saber até onde a medida a protegia, o sofrimento interno de ter que tomar
visão, foi adaptada a proposta da leitura, onde esta também foi realizada em
conjunto no grupo.
proposta para este encontro compunha a partilhar sobre a leitura do livro e parte
esta mulher tinha de falar, expresso pelo tom de voz que se alternava ao decorrer
as formas foi violentada, que foi tão subestimada e desqualificada pelo ex-
companheiro: “eu perdi minha dignidade e expressão de ser mulher, aliás, eu não
sabia mais quem eu era... minha filha foi que meu deu forças, sozinha eu não
tinha força para pedir ajuda a justiça”. Era claro em seu corpo as palavras
expressão triste, sem vida, de calça jeans e camisa, e assim ela descreve: “é
assim que eu ando, eu não solto o cabelo, as roupas que visto é assim, todas
fechadas sem mostrar nada”, ainda relata que os vizinhos começaram a apelida-
escuta íntegra, de um espaço onde pode falar de suas dores, e ser ouvido; e pra
finalizar, foi explicado pra nova integrante a metodologia usada no grupo, e lhe
mais, a que viera desde o primeiro encontro, ela já havia expressado a dificuldade
de se deslocar para estar ali, onde dependia de outras pessoas, pois já era mais
E foi no quarto encontro que foi possível iniciar a reflexão encima do livro,
do livro, CD assim descreve: “eu não sabia que tinha história tão parecida com a
minha”. Ainda nos seus relatos trás que ao ler o livro estava ansiosa para terminar
tempo, se auto criticava: “enquanto eu fui lendo eu fui refletindo muito mais sobre
o meu próprio relacionamento sabe, me trouxe tantos prejuízos, que luto para
superar, minha autoestima, meu ser mulher, minha dignidade como ser humano”.
suas histórias ao ler o livro, ou seja, estas mulheres sofriam sozinhas, ao ter a
todas as perguntas.
ajudou a ver como é comum, e que não deve ser visto como comum”. Para ela
ambiente de violência: “pra mim toda relação era normal ter a agressão, mas é
próprias mulheres sugerissem o que gostariam que falássemos neste dia, como
tanto L quanto CD, foi seguido a proposta, refletir sobre o tema infidelidade, CD
trazem seus conceitos de forma fechada, o que é normal, assim como a maioria
das pessoas entendem pela traição/ infidelidade: uma relação a dois onde um dos
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parceiros tem uma relação com outra pessoa; partindo do conceito trazido por
uma relação, sintoma este que vai muito além do envolvimento com uma terceira
pessoa, que está presente bem antes do aparecimento desta terceira pessoa, e
é justo com o outro, seja no financeiro, na vida sexual, em fim, em todas esferas
da relação a dois.
a compreensão, no quesito em que em uma relação vale tudo, desde que, esteja
elas.
mulher nem se quer conhece seu corpo, esta não é de forma alguma estimulada a
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tocar seu corpo, pelo contrario, é um tabu, já para o homem lhe é imposto como
que envolve.
coisas aos homens, e é necessário cuidado por não saber ate aonde a relação
vai, o que não foi diferente com C, que trazia várias dúvidas quanto aos seus
direitos quanto aos bens materiais e neste momento promotora pode orienta-la
O grupo se encerra hoje, e o último momento foi para dizerem como foi
estaria com todos os medos de antes: “o grupo tem mudado minha vida,... o
grupo está sendo uma família pra mim... se eu tivesse conhecido o grupo na
as duas permaneceram? C trás, que tinha muita dificuldade em falar sobre esse
assunto: “eu não gostava de falar, não queria nem lembrar, eu pensei em ir só pra
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muito vontade, logo no seu primeiro contato com o grupo já sentiu abertura pra
falar de sua história, complementa que o grupo foi muito importante, que entrou
de uma forma e esta saindo de outra, “aprendi muitas coisas importantes para o
resto da minha vida”. L diz do desejo de se fechar e não falar sobre o assunto, diz
também de não saber bem do que se tratava o grupo, qual era a finalidade do
grupo, que a finalidade do grupo não ficou clara no convite que lhe foi feito, C
certeza mais mulheres viram, pois elas ficaram inseguras com o convite.
Sétimo Encontro
C chega com um olhar radiante, com os cabelos escovados, soltos, com uma leve
partilhar que esta conseguindo dormir, que essa semana já conseguiu dormir,
dizendo que ela mesma interrompeu a medicação para dormir, que em janeiro
tem retorno ao médico, mas que já suspendeu e conseguiu dormir: “eu dormi, isso
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carregado de alegria.
Ao falar das três últimas questões, relata que o maior medo era o de não
dar conta da vida financeira, pois tem dois filhos pra sustentar, relata que o ex-
companheiro costumava dizer que ela não dava conta de se manter, medo da
julgada pela família: “não sei como cheguei até aqui, sei que foi Deus, só ele
família, que queria comer na mesa: “agente comia no quarto, meu sonho era
chegou à conclusão que nunca lhe foi dito a frase (eu te amo), por parte do
companheiro agressor.
não tivesse participado do grupo, então ela disse: “eu estaria no mesmo lugar,
deitada na cama, chorando e olhando pela janela sem dormir, com medo dele
aparecer, sem ação”. Outra pergunta foi o que ela estava deixando, o que
gostaria de deixar no grupo, e o que estava levando, e assim descreve: “eu nunca
imaginei que eu encontraria pessoas que pudessem ouvir sem levar nada em
troca, ouvir uma história tão insignificante, mas que pra mim foi importante,
pra me ouvir, fiquei maravilhada desde o primeiro dia, eu não sabia que existia
isso”. Que tudo isso estava levando com ela, que hoje já consegue falar, o que
antes não conseguia, falar sobre esse assunto com ninguém, pois só chorava, e
hoje já consegue falar com mais naturalidade, sem tantas emoções, “esse tempo
que fiquei aqui foi de muito aprendizado, hoje sou outra pessoa”.
7. DEVOLUTIVA AO CAMPO:
9. REFERÊNCIAS: formatar
Ramos, M.E. Oltramari, L.C. Atividade reflexiva com mulheres que sofreram
violência doméstica, Psicol. cienc. prof. vol.30 no.2 Brasília 2010, reti- rado
do site:http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-
98932010000200015, em 17 de setembro de 2017.
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Bock, A. M. B. e Gonçalves, M.G.M. (2003) Individuo-sociedade: uma relaçao importante
na Psicologia Social. In Bock (org.), A Perspectiva Socio- Historica na Formaçao em
Psicologia, (pp. 41-99). Petropolis, RJ: Vozes
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Assinatura Assinatura / CRP