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Projeto de Apadrinhamento Afetivo

O projeto tem como objetivo proporcionar a construção e manutenção de


vínculos afetivos significativos e duradouros para crianças e adolescentes com previsão
de longa permanência em acolhimento institucional. O Apadrinhamento Afetivo é uma
estratégia prevista na Resolução no 71/2011 do CNMP, no Plano Nacional da
Convivência Familiar e Comunitária (2006) e nas Orientações Técnicas: Serviços de
Acolhimento para Crianças e Adolescentes (2009) e consonante com o Estatuto da
Criança e do Adolescente (1990). No primeiro semestre de 2015, Vara da Infância e da
Juventude do Fórum Central de São Paulo teve a iniciativa de desenvolver o programa
de Apadrinhamento Afetivo e para sua implementação estabeleceu parceria com três
organizações da sociedade civil, sendo uma delas o Instituto Fazendo História. O projeto
piloto será realizado junto a três serviços de acolhimento do município de São Paulo
(Casa Semeia, Gravataí e Marly Cury).

1. JUSTIFICATIVA

Toda criança e adolescente tem direito à convivência familiar e comunitária. É


esta premissa que pauta todo Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do
Adolescente. Desde 1990, com a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA), a legislação brasileira deu grandes e importantes passos neste sentido. Um de
seus primeiros artigos diz:

Art. 4° - É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder


Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à
saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

O Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa dos Direitos da Criança e


Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária (PNCFC), finalizado em 2006 e
elaborado pelo CONANDA E CNAS, reitera e justifica teoricamente a importância da
convivência familiar. Amparado por legislações nacionais e internacionais, por diversos
estudos, pesquisas e especialistas da área da infância e juventude, o plano mostra que a
família é o principal núcleo de socialização da criança; nele crianças e adolescentes
constroem seus primeiros vínculos afetivos, experimentam emoções, desenvolvem
autonomia, aprendem a tomar decisões, a controlar seus impulsos, tolerar frustrações,
exercem cuidados mútuos e vivenciam conflitos. “(os adultos) São modelos de conduta,
de como se comportar diante das mais diferentes situações e na relação com os objetos
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e com os outros; são referências para a construção da identidade”1.

É também através deste núcleo que as crianças e adolescentes costumam ter as


suas primeiras experiências de apropriação da cultura, acessando aos bens culturais e
participando de atividades artísticas e culturais mediadas pelos seus familiares. É
através do núcleo familiar que a maior parte das crianças se introduz no mundo social e
cultural. Desta forma, têm referências, valores, regras e crenças para formar e
desenvolver sua identidade e construir continuamente suas visões de mundo.

Na impossibilidade de conviver com sua família, a institucionalização prolongada


ou que se inicia precocemente pode impactar o desenvolvimento subjetivo, social e
cultural da criança, especialmente quando esta não puder estabelecer laços afetivos
estáveis e duradouros com os adultos que cuidam dela. O adolescente, quando privado
de convivência familiar por longo tempo, poderá enfrentar um processo de
amadurecimento doloroso, uma vez que poderá ter mais dificuldade de encontrar
referenciais seguros para construção de sua identidade, desenvolvimento de
autonomia, apropriação cultural e elaboração de projetos futuros.

No caso de ruptura desses vínculos, o Estado é o responsável pela proteção das crianças
e dos adolescentes, incluindo o desenvolvimento de programas, projetos e estratégias que
possam levar à constituição de novos vínculos familiares e comunitários, mas sempre priorizando
o resgate dos vínculos originais ou, em caso de sua impossibilidade, propiciando as políticas
públicas necessárias para a formação de novos vínculos que garantam o direito à convivência
familiar e comunitária (PNCFC).

De acordo com os pressupostos do ECA, quando as possibilidades de


reintegração à família de origem são esgotadas e ocorre a destituição do poder familiar,
a colocação em família substituta surge como a principal alternativa de garantia à
convivência familiar.

Art. 19 - Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua
família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e
comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias
entorpecentes.

Quando crianças e adolescentes não têm a possibilidade de ficar com a sua


família biológica, a adoção costuma aparecer com a única alternativa de desejo da
criança ou adolescente, o que também pode ser observado no discurso dos profissionais
que cuidam dela. No entanto, dados do Cadastro Nacional de Adoção demonstram que
as chances de colocação em famílias substitutas não é igual para todas as crianças e
adolescentes, tendo em vista que o pretendente à adoção estabelece o perfil da criança
a ser adotada de acordo com critérios como raça, idade, histórico da família de origem e
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número de irmãos. 81% das pessoas desejam adotar somente um filho e apenas 4,77%
dos pretendentes aceitariam receber uma criança com 6 anos ou mais. O coordenador
do CNA afirma que os pretendentes “geralmente preferem meninas, brancas, com até
dois anos e sem moléstia e irmãos. Poucos se enquadram nesse perfil. Essa é uma das
razões pelas quais o número de pretendentes é maior”2.

O CNA conta com 4.700 crianças e adolescentes de 7 a 17 anos em condições


legais para a adoção. Poucas delas contam com vínculos afetivos com seus familiares – a
maioria faz parte do grupo de 40% das crianças e adolescentes acolhidas que não
recebem visitas na instituição3. A perspectiva futura costuma ser a permanência nos
serviços de acolhimento até a maioridade, o que exige a construção de um projeto de
vida autônoma para o desligamento do serviço aos dezoito anos. Neste cenário, ficam as
perguntas para os atores da rede de acolhimento: como promover experiências de
convivência familiar e comunitária para crianças e adolescentes que possuem poucas ou
nenhuma chance de serem adotadas? Como garantir a estas crianças e adolescentes
uma rede de apoio afetivo, social e comunitário uma vez que a adoção já não é uma
possibilidade?

O PNCFC prevê a elaboração de parâmetros para a criação de projetos de


apadrinhamento de crianças e adolescentes institucionalizados como uma das
estratégias do reordenamento dos serviços de acolhimento (Objetivo 5, ação 5.9).
Este documento explica que apadrinhamento afetivo é “um projeto por meio do qual
pessoas da comunidade contribuem para o desenvolvimento de crianças e
adolescentes em Acolhimento Institucional (...) através do estabelecimento de
vínculos afetivos significativos (...), individualizados e duradouros”.

Os projetos de apadrinhamento afetivo têm como objetivo desenvolver estratégias e


ações que possibilitem e estimulem a construção e manutenção de vínculos afetivos
individualizados e duradouros entre crianças e/ou adolescentes abrigados e
padrinhos/madrinhas voluntários, previamente selecionados e preparados, ampliando, assim, a
rede de apoio afetivo, social e comunitário para além do abrigo. Não se trata, portanto, de
modalidade de acolhimento (PNCFC).

Importante salientar que o projeto de apadrinhamento afetivo também se


diferencia de adoção e de guarda.

O documento Orientações Técnicas: Serviços de Acolhimento para Crianças e


Adolescentes, elaborado em 2009 para auxiliar tais serviços a organizarem suas práticas
de acolhimento, reforça a necessidade de serem criadas estratégias para a preservação
e fortalecimento da convivência comunitária, oferecendo parâmetros para
entendimento de como deve funcionar um projeto de apadrinhamento afetivo.
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Projetos de Apadrinhamento Afetivo ou similares devem ser estabelecidos apenas
quando dispuserem de metodologia com previsão de cadastramento, seleção, preparação e
acompanhamento de padrinhos e afilhados por uma equipe interprofissional, em parceria com a
Justiça da Infância e Juventude e Ministério Público. Nos Projetos de Apadrinhamento Afetivo
devem ser incluídos, prioritariamente, crianças e adolescentes com previsão de longa
permanência no serviço de acolhimento, com remotas perspectivas de retorno ao convívio
familiar ou adoção, para os quais vínculos significativos com pessoas da comunidade serão
essenciais, sobretudo, no desligamento do serviço de acolhimento. Para estes casos, a
construção de vínculos afetivos significativos na comunidade pode ser particularmente
favorecedora, devendo ser estimulada, observando os critérios anteriormente citados (OT).

Tais critérios estão em consonância com o artigo 92 do ECA:

As entidades que desenvolvam projetos de acolhimento familiar ou institucional


deverão adotar os seguintes princípios:

(…)

Vll - participação na vida da comunidade local;

VlIl - preparação gradativa para o desligamento;

IX - participação de pessoas da comunidade no processo educativo.

O momento da partida para a construção de uma vida autônoma fora do abrigo


envolve grandes desafios – desde aqueles mais cotidianos, como a abertura de uma
conta no banco e a emissão de documentos, como aqueles mais complexos, como o
cuidado com a própria saúde e a identificação de um propósito de vida. No entanto, a
maioria destes jovens contará com uma rede de apoio restrita nesta nova fase (sabemos
que a rotatividade de profissionais nos SAICAs é alta e que o tempo médio de trabalho
neste é de 4 anos3). A equipe do Instituto Fazendo História acompanha através de seus
projetos os benefícios de ter pessoas da comunidade fazendo parte da vida das crianças
e adolescentes. A partir do vínculo que constroem, muitos adultos se tornam
referências afetivas duradouras, mantendo contato com as crianças e adolescentes e
oferecendo-se como um importante ponto de apoio para a construção da identidade,
para o compartilhamento de experiências, para o enfrentamento de desafios e para a
inscrição social e cultural.

Nesse cenário, o Instituto Fazendo História pretende desenvolver, aprimorar e


sistematizar estratégias de acionamento da comunidade para que estas crianças e
adolescentes encontrem suporte afetivo, social e comunitário estável para além
daqueles construídos dentro da instituição, tendo maiores chances de se sentirem
apoiados e fortalecidos para a construção de uma vida autônoma.
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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo geral

Proporcionar às crianças e adolescentes a vivência de vínculos afetivos individualizados


e duradouros e a ampliação de suas experiências sociais, culturais e de convivência
familiar.

2.2. Objetivos específicos

a) Ampliar a rede de apoio afetivo e comunitário das crianças e adolescentes.


b) Fortalecer o desenvolvimento integral das crianças e adolescentes.
c) Favorecer a construção da autonomia e de um projeto de vida das crianças e
adolescentes.
d) Possibilitar experiências de convivência familiar para as crianças e adolescentes.
e) Fomentar a continuidade e permanência dos laços estabelecidos na relação entre as
crianças e adolescentes e os padrinhos e madrinhas.

3. PÚBLICO ALVO

Crianças e adolescentes (de 07 a 17 anos, salvo exceções) em acolhimento institucional,


com vínculos familiares fragilizados ou rompidos, que possuem chances remotas de
adoção ou retorno familiar, com previsão de longa permanência no serviço de
acolhimento.

4. METODOLOGIA

4.1. Parcerias

O trabalho é desenvolvido em parceria entre o Instituto Fazendo História e a Justiça da


Infância e da Juventude e Ministério Público, além dos SAICAs participantes e de seus
CREAs de referência. Os representantes de tais órgãos compõem o “grupo gestor” do
projeto; os profissionais deste grupo assumem diferentes funções no projeto e se
encontram para coordenar suas ações, debater os temas pertinentes à gestão deste e
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avaliar sistematicamente as suas estratégias. Tais reuniões acontecem bimestralmente
no primeiro ano de desenvolvimento do projeto, e semestralmente nos dois anos
subsequentes. A divisão de funções se dá da seguinte forma

Equipe técnica da Vara da Infância e da Juventude é responsável por:


- Colaborar no mapeamento e seleção dos casos que se enquadram no perfil para
Apadrinhamento Afetivo;
- Acompanhar o desenvolvimento do projeto;
- Acompanhar a participação das crianças e adolescentes em contatos periódicos com a
equipe do projeto e dos SAICAS.

Equipe do CREAS é responsável por:


- Colaborar no mapeamento e seleção dos casos que se enquadram no perfil para
Apadrinhamento Afetivo;
- Acompanhar o desenvolvimento do projeto;
- Acompanhar a participação das crianças e adolescentes em contatos periódicos com a
equipe do projeto e dos SAICAS.

Equipe técnica do SAICA é responsável por:


- Mapear voluntários já vinculados ao SAICA que podem se interessar pela proposta;
- Mapear as crianças e adolescentes que se enquadram no perfil para Apadrinhamento
Afetivo, alinhando com a equipe do IFH quais as principais demandas e questões
relevantes em cada caso;
- Informar toda a equipe do SAICA sobre o projeto de Apadrinhamento Afetivo e
estimular o envolvimento e a colaboração de todos para seu bom desenvolvimento;
- Informar e preparar as crianças e adolescentes que participarão do projeto, em
parceria com a equipe do IFH;
- Informar e preparar as crianças e adolescentes que não participarão, auxiliando-as a
compreender os motivos e circunstâncias de tal definição;
- Acompanhar presencialmente os 2 encontros lúdicos entre padrinhos e crianças e
adolescentes, contribuindo para a vinculação entre esses e identificando eventuais
questões que devam ser trabalhadas junto aos padrinhos e/ou crianças e adolescentes;
- Acompanhar a convivência entre padrinhos e crianças e adolescentes, observando os
impactos que esta tem para a criança ou adolescente e refletindo junto à técnica do
projeto sobre estas;
- Participar dos encontros de acompanhamento técnico dos padrinhos em grupo e, caso
necessário, dos encontros de acompanhamento individual, colaborando com
informações e reflexões acerca das crianças e adolescentes;
- Avaliar constantemente os benefícios que o projeto traz para a criança ou adolescente;
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- Considerar as informações e contribuições dos padrinhos acerca da criança ou
adolescente para a construção de seu Plano Individual de Atendimento;

Equipe técnica do Instituto Fazendo História é responsável por:


- Mapear voluntários já vinculados ao Fazendo Minha História no SAICA que possam se
interessar pela proposta de Apadrinhamento Afetivo;
- Definir junto à equipe do SAICA quais as crianças e adolescentes que se enquadram no
perfil para o Apadrinhamento Afetivo, levantando as principais demandas e questões
relevantes em cada caso;
- Selecionar e qualificar os padrinhos afetivos;
- Informar e preparar as crianças e adolescentes que participarão, em parceria com a
equipe do SAICA;
- Acompanhar presencialmente os 2 encontros lúdicos entre padrinhos e crianças e
adolescentes, contribuindo para a vinculação entre esses e identificando eventuais
questões que devam ser trabalhadas junto aos padrinhos e/ou crianças e adolescentes;
- Acompanhar a convivência entre todos os participantes;
- Conduzir os encontros de acompanhamento técnico dos padrinhos em grupo e
individualmente, colaborando com informações e reflexões acerca de cada criança e
adolescente;
- Manter contato constante com os padrinhos por telefone e e-mail, entre os encontros
presenciais, para acompanhar a convivência entre estes e as crianças e adolescentes;
- Avaliar constantemente os benefícios que o projeto traz para a criança ou adolescente;
- Realizar avaliação do projeto a cada ano.

4.2. Formação e seleção dos padrinhos e madrinhas

O processo de seleção e qualificação ocorre de forma concomitante e tem início com


encontros de apresentação do projeto, sendo o primeiro deles para explicar os objetivos
e estratégias do Apadrinhamento Afetivo, e o segundo para conhecer cada participante,
ouvir suas expectativas com relação ao projeto e esclarecer outras dúvidas (o segundo
encontro tem um limite de 20 participantes). Após o segundo encontro cada interessado
deve preencher um cadastro (anexo 1) e redigir uma carta de interesse a partir de
algumas questões norteadoras (anexo 2) para que se realize uma primeira avaliação de
sua adequação nos pré-requisitos para o apadrinhamento:

1. Disponibilidade de tempo (mínimo: dois períodos por mês)


2. Disponibilidade afetiva
3. Idade mínima: 21 anos de idade
4. Demais membros da família concordando com e apoiando o apadrinhamento
5. Não estar cadastrado para adoção
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6. Residir no município de São Paulo
7. Desejo e disponibilidade para se envolver a médio e longo prazo

A equipe do projeto define de acordo com os critérios acima aqueles que participarão
da qualificação, que tem como objetivo preparar os candidatos para a função de
padrinhos afetivos através de um processo participativo que os permita identificar suas
expectativas com relação ao projeto e conhecer suas condições para assumir esta
função. O processo de qualificação e seleção conta com (a) encontros presenciais de
qualificação, (b) atividades de ampliação de repertório e reflexão desenvolvidas pelos
candidatos entre os encontros, (c) encontros lúdicos com as crianças e adolescentes
participantes e (d) entrevista individual e familiar no domicílio do candidato e pretende
oferecer recursos para o desenvolvimento de um olhar qualificado e uma atuação
favorável e comprometida junto à criança ou adolescente apadrinhada.

Os quatro encontros de qualificação abordam:


I. Integração do grupo, levantamento de expectativas acerca do processo de qualificação,
apresentação do histórico e atual momento do acolhimento, contextualização do
apadrinhamento nos parâmetros legais e de seu papel no SAICA;
II. Apresentação das instituições parceiras, aproximação dos candidatos da realidade das crianças e
adolescentes com quem possivelmente trabalharão, reflexão acerca dos recursos necessários
para ser padrinho afetivo (neste encontro, há participação da equipe do SAICA).
III. Processamento da experiência no encontro lúdico e a apresentação das outras instituições
atuantes na gestão do projeto (neste encontro, há participação do Juiz, equipe técnica da VIJ e
do CREAS).
IV. Aspectos sociais e institucionais do apadrinhamento, vínculo e comportamento, possibilidades e
limites da atuação dos padrinhos, sensibilização dos candidatos para a importância do vínculo
afetivo.

Ampliação de repertório e reflexão desenvolvidas pelos candidatos:

- Leitura dos capítulos A, B e C da Parte II do livro Programa de Formação para os núcleos de


preparação para adoção e apadrinhamento afetivo (Aconchego e Grupo de Apoio à Convivência
Familiar e Comunitária)
- Redação de reflexões a partir do longas-metragens O Garoto da Bicicleta (Le Gamin au Vélo -
França), O Contador de Histórias (Brasil) e Um Sonho Possível (The Blind Side - EUA) .
- Curtas-metragens: Removida (https://www.youtube.com/watch?v=rz1w7CABg3g), Partly Cloudly
(https://www.youtube.com/watch?v=-a6Pe1ovKHg ), e
- Empatia e Simpatia (https://www.youtube.com/watch?v=_7BTwvVBrwE ).

Nos encontros lúdicos com as crianças e adolescentes, são desenvolvidas brincadeiras,


jogos e dinâmicas de grupo que facilitam o contato entre os candidatos e as crianças e
adolescentes. O objetivo (do ponto de vista da formação e seleção) é que através da

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interação direta com as crianças e adolescentes, os candidatos possam experimentar
emoções e sentimentos relacionados ao apadrinhamento afetivo. Apesar de seu recorte
inicial, a experiência no encontro lúdico provê uma vivência autêntica que contribui
para o amadurecimento da escolha de tornar-se madrinha ou padrinho afetivo.

A visita domiciliar e entrevista técnica com cada candidato e as outras pessoas que se
envolverão com o apadrinhamento aborda:
I. Realinhamento expectativas após o processo de qualificação;
II. Aprofundamento da percepção sobre as crianças/adolescentes que estão em vista enquanto
possíveis afilhados (modo de ser, possíveis dificuldades, história de vida);
III. Verificação da compreensão sobre o projeto e entendimento sobre a concordância e a
possibilidade de envolvimento do restante da família neste;
IV. Esclarecimento de dúvidas do candidato e de sua família e discussão de eventuais pontos
particulares desta família;
V. Conhecimento do ambiente que a criança/adolescente possivelmente frequentará.

Ao longo de todo o processo, a equipe técnica do projeto avalia os candidatos a partir


de suas falas, produções, expressão e comportamento de acordo com os pré-requisitos
acima colocados e os seguintes critérios de seleção:
1. Sobre encontros e interação
- Capacidade de se vincular.
- Capacidade de trocar com outras pessoas.
- Capacidade de ser cuidadoso com o outro (oferecer acolhimento e escuta; se interessar genuinamente
pelo bem-estar da criança ou adolescente; se colocar no lugar do outro; ser empático).
- Capacidade de comunicação (possibilidade de se comunicar tanto na linguagem do adulto, quanto no da
criança e do adolescente).

2. Sobre posição reflexiva


- Capacidade de interpretar o comportamento da criança e do adolescente, discriminando situações de
enfrentamento.
- Capacidade de lidar com situações conflituosas.
- Capacidade de lidar com/tolerar frustração.
- Capacidade de aceitar e se relacionar com pessoas que tenham valores e vivencias diferentes das
próprias (opção sexual, religiosa, planos futuros...)

3. Critérios transversais
- Compreensão do papel de padrinho ou madrinha
- Compreensão do contexto no qual estará inserido
- Ambiente familiar favorável para a criança ou adolescente que será apadrinhada
- Flexibilidade

Aqueles que não têm o perfil para assumir a função de padrinhos ou madrinhas são
comunicados pessoalmente ao final do processo. No caso de haver mais candidatos do
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que vagas, o critério de seleção utilizado é o pareamento com as crianças e
adolescentes participantes (item 4.5).

4.3. Seleção e preparação das crianças e adolescentes

A seleção das crianças e adolescentes participantes é realizada em parceria entre equipe


técnica do projeto, equipe do SAICA e equipe da Vara da Infância e da Juventude, tendo
em vista o momento do processo (se realmente há previsão de longa permanência da
criança/adolescente no SAICA), a rede de apoio com a qual a criança ou adolescente já
conta (se há necessidade de inserção de outra pessoa na vida desta, ou se já há
familiares e/ou padrinhos que cumprem esta função) e o seu momento de vida (se há
abertura para a construção de um novo vínculo e se isto trará de fato um benefício para
esta criança ou adolescente). Busca-se ainda, neste momento, identificar pessoas que já
tenham um vínculo com a criança ou adolescente e que tenham interesse em tornar-se
madrinha ou padrinho afetivo dele(a).

A preparação das crianças e adolescentes é realizada em parceria entre equipe técnica


do projeto e equipe do SAICA e tem como principal objetivo identificar o interesse e a
abertura da criança ou adolescente para ser apadrinhado e alinhar expectativas quanto
à função deste padrinho/madrinha em sua vida, suas possibilidades e limitações. Alguns
pontos de maior atenção nas ações de preparação das crianças e adolescentes são:

- Diferenciação padrinho/madrinha e voluntários (colaborador do Fazendo Minha História, por


exemplo)
- Diferenciação apadrinhamento/adoção
- Objetivo do apadrinhamento afetivo não está ligado às questões materiais (presentes,
programas, viagens, dinheiro)
- Critérios de seleção para a participação das crianças e adolescentes no apadrinhamento afetivo
- Tempo de duração do projeto
- Processo para a definição dos núcleos (padrinhos/madrinhas X crianças/adolescentes)
- Frequência da convivência
- Etapas do projeto

As crianças são apresentadas ao projeto e convidadas a participar deste em uma roda


de conversa em grupo e, se necessário, em conversas individuais. As crianças e
adolescentes que não participam do projeto também são preparadas através de uma
conversa inicial para explicação da proposta do projeto e elucidação dos critérios de
seleção. Se necessário, conversas individuais são realizadas para elaboração destes
pontos, uma vez que a não-seleção para o apadrinhamento pode gerar dúvidas ou

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expectativas com relação às perspectivas de desligamento do SAICA e os vínculos
familiares existentes.

A participação da criança ou adolescente nos encontros lúdicos é um momento


oportuno para verificar a abertura e o interesse desta no apadrinhamento e para
identificar algumas de suas expectativas. Assim como acontece no caso dos candidatos,
a vivência no encontro lúdico pode contribuir para que a criança ou adolescente,
apoiada pelos adultos que fazem parte da equipe do projeto e do SAICA, ganhe maior
clareza de suas expectativas, medos, e de seu interesse no apadrinhamento. Portanto,
após cada encontro lúdico, uma conversa em pequeno grupo ou individual (a depender
do caso) é realizada com as crianças e adolescentes.

Após a realização dos encontros lúdicos, a entrevista técnica individual é o momento


privilegiado para esclarecimento de dúvidas e o alinhamento de expectativas com
relação ao apadrinhamento. É neste momento, ainda, que a equipe do projeto conta
para a criança qual será o seu padrinho ou madrinha, deixando claro que esta relação
será construída gradualmente e depende de ambos os lados (padrinho/madrinha e
criança/adolescente).

4.4. Preparação dos profissionais envolvidos

A preparação dos profissionais envolvidos é um ponto sensível para o sucesso do


projeto, pois são estes que acompanham a criança ou adolescente em seu cotidiano e
estão presentes para ouvir sobre as experiências e esclarecer as dúvidas que surgem
antes e depois dos encontros com os padrinhos e madrinhas – tanto das crianças e
adolescentes que são apadrinhadas, como daquelas que não o são. É também a equipe
do SAICA que mantêm o contato direto com os padrinhos, passando as informações
pertinentes da criança ou adolescente apadrinhado, escutando as impressões e dúvidas
do padrinho e também realizando os agendamentos necessários. Os educadores e a
equipe técnica podem, portanto, colaborar para a construção de uma relação benéfica
entre as crianças e adolescentes e os padrinhos e madrinhas, desde que eles também
tenham clareza das possibilidades e dos limites desta proposta e que se identifiquem e
se comprometam com esta. Para isto, a preparação dos atores aborda:

- Apresentação do Apadrinhamento Afetivo: o que é, para quem, como acontece


- O papel de cada ator
- Crianças e adolescentes participantes
- Trabalho a ser desenvolvido com aquelas que não participarão

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É através da experiência e do dia-a-dia que as questões mais importantes surgem, em
que os primeiros resultados do projeto se fazem notar, bem como os desafios da
condução deste e os seus desdobramentos na dinâmica do SAICA. Portanto, é
fundamental que a equipe do SAICA trate do apadrinhamento em suas reuniões de
equipe, desenvolvendo e alinhando estratégias para o encaminhamento das questões
que emergem. Semestralmente, a equipe do projeto participa destes momentos para
promover reflexões e discussões acerca do apadrinhamento no SAICA.

4.5. Definição dos núcleos de apadrinhamento

A definição dos núcleos de apadrinhamento é realizado levando-se em consideração


acima de tudo o melhor interesse da criança ou adolescente participante, buscando
entender qual o padrinho ou madrinha que fornecerá maior benefício para o seu
desenvolvimento, tendo em vista a personalidade da criança ou adolescente, as suas
demandas psicossociais e os seus interesses – aspectos estes que são estudados em
conjunto entre equipe técnica do SAICA e equipe técnica do projeto.
A ficha de cadastro, a carta de interesse, o processo de qualificação e a entrevista
técnica individual e familiar permite à equipe ter amplo conhecimento do perfil do
padrinho ou madrinha, sua estrutura familiar, suas qualidades e aptidões, sua dinâmica
pessoal, bem como seus interesses e estilo de vida. Este saber possibilita traçar um
esboço dos possíveis encontros e frutos da relação com cada criança ou adolescente,
bem como as potências e obstáculos que poderão estar colocadas nesta relação.
Há, entretanto, algo da ordem do imprevisível e do misterioso nos encontros humanos,
que não respondem à lógica e que nem sempre são apuráveis. As identificações que
acontecem entre as pessoas (adultos ou crianças) não podem ser controladas ou
previstas e as motivações para estas nem sempre são passíveis de explicação. No
entanto, os encontros têm um sentido próprio que pode e deve ser legitimado.
A definição dos núcleos de apadrinhamento é realizado em parceria entre a equipe do
Instituto Fazendo História e a equipe técnica do SAICA, mas sempre tendo como
principal critério as identificações que ocorrem ao longo dos encontros lúdicos de
integração entre padrinhos e crianças e adolescentes. As crianças e adolescentes, bem
como os candidatos a padrinho e madrinha, são ouvidos após cada encontro lúdico, com
a intenção de perceber e levar em consideração tais identificações.
No primeiro encontro, a interação é espontânea, sem indicações específicas. Para o
segundo encontro, a equipe técnica do projeto, considerando o perfil das crianças e dos
padrinhos e a sua interação no primeiro encontro, sugere aos padrinhos uma criança ou
adolescente à qual estar atento(a). Para as crianças, a interação continua acontecendo
espontaneamente. Através da troca de e-mails e da entrevista técnica realizada
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individualmente com os candidatos e das conversas realizadas com as crianças após os
encontros lúdicos, define-se o núcleo, que passa a se encontrar semanalmente no
SAICA, durante cerca de duas horas. Tais encontros são livres, ganhando diferentes
propostas de atividades de acordo com os interesses, aptidões e repertório de cada
núcleo. Há um guia de atividades (anexo 3) que auxilia os padrinhos e madrinhas na
construção destas propostas.
A construção do vínculo entre a criança e adolescente e seu padrinho e/ou madrinha é
levada adiante pelo núcleo que, à medida que se conhece e se aproxima, pode validar a
escolha que fizeram um pelo outro e pelo apadrinhamento. Tal escolha é afirmada e
celebrada em uma comemoração, de dois a três meses depois do início dos encontros.
Este é o coroamento do processo de escolha mútua que ocorreu e que originou o
apadrinhamento afetivo entre o(s) adulto(s) e a(s) criança(s) ou adolescente(s), e que
marca a passagem ao status de padrinhos/madrinhas e afilhados.

4.5. Acompanhamento dos atores


A qualidade do apadrinhamento afetivo depende não apenas da preparação mas em
igual importância do acompanhamento dos atores principais deste:

4.5.2 Padrinhos e madrinhas:


A construção de uma profunda troca entre padrinhos e madrinhas e as crianças e
adolescentes envolve afetos, fantasias e expectativas de ambos os lados. Por mais que
ao longo do processo de qualificação haja uma preparação para as possíveis dificuldades
e desafios desta relação, a vivência sempre trará um aspecto inaugural. Há algo da
ordem do encontro humano que extrapola a experiência e o conhecimento - mesmo
para aqueles que têm filhos ou outros afilhados, ou para aqueles que têm formação em
educação ou psicologia. Contar com um espaço seguro e com o apoio de um profissional
que não está diretamente envolvido nesta relação é fundamental para que os
sentimentos oriundos desta relação encontrem um espaço de acolhimento, para que os
desafios e as dificuldades sejam reconhecidos e elucidados e para que se procurem
caminhos e soluções adequadas para cada situação. Conhecer a história de vida e o
momento atual de cada criança e adolescente também traz importantes elementos para
a construção destes caminhos. O acompanhamento dos padrinhos é realizado
mensalmente, alternando-se em encontros em pequenos grupos (com a equipe técnica
do projeto, outros padrinhos/madrinhas e técnicos do SAICA) e individuais (apenas com
a equipe técnica do projeto). Há, ainda, encontros de qualificação continuada para todo
o grupo de padrinhos, sendo dois nos dois meses subsequentes ao início da convivência
com a criança ou adolescentes (um para compartilhamento de experiência e supervisão
horizontal, e um segundo para processamento e fechamento do processo de
qualificação para o apadrinhamento) e cinco encontros temáticos realizados
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semestralmente ao longo dos três anos subsequentes – para estes, os temas são
definidos a partir das demandas identificadas no acompanhamento dos padrinhos e
madrinhas.

4.5.2 Crianças e adolescentes


As crianças e adolescentes vivenciam no apadrinhamento a construção de um novo
vínculo afetivo, através de um modelo que na maioria das vezes é novo e que mobiliza
seus afetos, fantasias a expectativas. Ter uma madrinha ou um padrinho significa ter
alguém muito próximo e querido, mas que também não é sua mãe ou seu pai, que não
faz parte de sua família. Ser apadrinhado significa poder contar com um adulto, mas
também significa não ter perspectivas de retorno familiar. Poder sair para passear,
conhecer lugares novos e passar a conviver com uma família é prazeroso, mas a volta ao
abrigo pode levantar a questão da impossibilidade de viver em família neste momento.
Todos estes aspectos, entre muitos outros, podem vir à tona na convivência com o
padrinho e com a madrinha. Para a criança ou adolescente, é importante contar com
alguém para compartilhar os sentimentos, pensamentos e questionamentos que
acompanham esta experiência, esclarecendo as dúvidas e compreendendo melhor estas
vivências. Para isso, o técnico do projeto realiza bimestralmente rodas de conversa em
pequenos grupos com as crianças participantes, e os técnicos do SAICA realizam
conversas sistemáticas em seu dia-a-dia com as crianças e adolescentes.

4.6. Avaliação

4.6.1. Avaliação Contínua das Estratégias


As estratégias implementadas neste projeto são continuamente avaliadas pelo grupo
gestor, tendo em vista seus resultados, desdobramentos e os desafios enfrentados. O
aperfeiçoamento das estratégias é constante, tendo em vista o aprendizado a partir da
experiência e os diversos pontos de vista a partir das funções de cada ator. Por isso, nas
reuniões do grupo gestor, há um espaço designado à reflexão, ao debate e à revisão das
ações do projeto.

4.6.2. Avaliação de Resultados


A avaliação de resultados do projeto é realizada a partir de cada criança e adolescente
participante. Para isso, há um instrumento (anexo 4) que visa apurar como a criança ou
adolescente está em cada uma das três áreas em que o projeto atua: (1) rede de apoio
social e de vínculos afetivos seguros e duradouros de crianças e adolescentes, (2)
construção de um projeto de vida, e (3) desenvolvimento psicossocial.
Para o terceiro item, utiliza-se o inventário CBCL (Inventário de comportamentos para
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crianças e adolescentes de 6 a 18 anos – anexo 5).
Este documento é preenchido antes do desenvolvimento do projeto (“marco zero”) e
após o primeiro, segundo e terceiro ano de participação neste. Para isso, a equipe do
projeto aplica um instrumento de avaliação junto a um educador de referência da
criança/adoelscente e junto à equipe técnica do projeto. No caso dos adolescentes,
pode-se procurar averiguar também diretamente com ele(a) as informações obtidas
com os educadores e técnicos.

5. FLUXO DE TRABALHO

5.1. Estabelecimento da parceria entre Instituto Fazendo História e Vara da Infância e


Juventude.

5.2. Estabelecimento da parceria com os SAICAs.

5.3. Reuniões da equipe de gestão do projeto.


Participantes: Equipe do Instituto Fazendo História, equipe da Vara da Infância e da
Juventude, equipes técnicas dos SAICAS e do CREAS.
Periodicidade: bimestral no primeiro ano, semestral no segundo e terceiro ano.

5.4. Mapeamento das crianças e adolescentes que poderão participar do projeto.

5.5. Mapeamento inicial de candidatos a padrinho.


São convidados a participar da seleção colaboradores do Fazendo Minha História com perfil
para o apadrinhamento, pessoas que manifestaram interesse diretamente na VIJ e pessoas
indicadas pelos SAICAs por já possuírem vínculos de afeto com as crianças e adolescentes.

5.6. Recrutamento dos padrinhos: Realização do Encontro de Apresentação do


Apadrinhamento Afetivo
Todos os interessados devem participar de um encontro de apresentação do projeto.
Aqueles que permanecerem interessados devem se inscrever para o encontro de
apresentação dos candidatos.

5.7. Seleção inicial dos padrinhos


Realização de encontro de apresentação dos candidatos, em grupo de até 20 pessoas.
Após o encontro cada interessado deve preencher um cadastro (anexo 1) escrever uma
carta de intenção para o apadrinhamento, a partir de algumas questões norteadoras (anexo
2).
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Após o recebimento das cartas, a equipe do projeto define aqueles que participarão da
qualificação, a partir dos requisitos estabelecidos para se tornar padrinhos (item 4.2).

5.8. Qualificação e seleção dos candidatos a padrinhos


a) Encontro de qualificação I e II (Documentos que devem ser entregues no primeiro
encontro da qualificação: certidão negativa de antecedentes criminais, cópia RG ou CPF e
comprovante de endereço).
b) Encontro lúdico I
c) Encontro de qualificação III
d) Encontro lúdico II
e) Visita domiciliar e entrevista técnica individual e familiar

5.9. Apresentação a equipe do SAICA

5.10. Apresentação do projeto para as crianças e adolescentes


a) Em grupo, para as crianças e adolescentes participantes;
b) Individual, para as crianças e adolescentes participantes;
c) Em grupo, para as crianças e adolescentes não-participantes.

5.11. Definição de qual criança ou adolescente será apadrinhada por qual padrinho.

5.12. Avaliação das crianças e adolescentes participantes (marco zero).

5.13. Reunião inicial com padrinhos e madrinhas no SAICA

5.14. Reunião com padrinhos e madrinhas no SAICA


Neste momento, equipe técnica do SAICA e equipe do projeto explicam as regras de
convivência no SAICA e esclarecem as dúvidas existentes. Esta é também uma oportunidade
para retomar o objetivo destes primeiros encontros (estabelecimento de vínculo entre
criança ou adolescente e madrinha ou padrinho) e auxiliar os padrinhos e madrinhas no
planejamento dos primeiros encontros.

5.15. Início gradual da convivência das crianças e adolescentes com seus padrinhos e
madrinhas.
Os encontros acontecem por no mínimo dois meses dentro do próprio SAICA, em dias e
horários pré-estabelecidos. Quando a equipe do projeto considerar pertinente, os
encontros podem passar a acontecer fora do SAICA, desde que comunicado para a equipe
técnica do projeto e a equipe do SAICA com dois dias de antecedência, e desde que seguido
o procedimento de autorização utilizado pelo SAICA. Para pernoites e viagens, além da
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concordância da equipe do projeto e do SAICA, é necessária a autorização da equipe técnica
da VIJ.

Possibilidades a serem construídas e combinadas durante o convívio:


- desenvolvimento de atividades no abrigo
- passeios em parques e praças
- idas a cinemas, teatro e museus e outros espaços culturais da cidade
- convivência na casa do padrinho ou madrinha
- participação em comemorações: festas de família e datas comemorativas (ex: Natal ou
Ano Novo), festas no SAICA.
- participação do padrinho da vida escolar das crianças e adolescentes (ex: reuniões, festas
escolares ou apresentações de final de ano)
- acompanhamento da criança ou adolescente a consultas médicas
- acompanhamento do adolescente em atividades nas quais precise de companhia de um
adulto (ex: abrir uma conta no banco, entregar CV, fazer inscrição num curso, etc)
- participação da criança ou adolescente em viagens que o padrinho ou madrinha realize
- participação do padrinho ou madrinha em passeios organizados pelo SAICA

5.16. Encontros de qualificação complementares


a) Encontros I e II – nos dois meses após o início dos encontros com as crianças e
adolescentes
b) Encontros III, IV, V, VI e VII – semestralmente, nos três anos subsequentes.

5.17. Acompanhamento técnico dos padrinhos selecionados


1. 1º ano de apadrinhamento:
- Supervisão individual a cada 2 meses;
- Supervisão em grupo (padrinhos e madrinhas e equipe técnica de cada SAICA) a
cada 2 meses;
- Encontros de qualificação continuada a cada 4 meses;
- Telefonemas e troca de e-mail constantes com a equipe do projeto.
2. 2º ano de apadrinhamento:
- Supervisão em grupo (padrinhos e madrinhas e equipe técnica de cada SAICA) a
cada 2 meses;
- Telefonemas e troca de e-mail constantes com a equipe do projeto;
- Supervisão individual quando solicitada;
- Encontros de qualificação continuada a cada 4 meses.
3. 3º ano de apadrinhamento:
- Telefonemas e troca de e-mail constantes com a equipe do projeto;
- Supervisão individual quando solicitada;
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- Encontros de qualificação continuada a cada 4 meses.

5.18. Comemoração do Apadrinhamento Afetivo

6. CRONOGRAMA

Plano de Trabalho Anual


Atividades/Mês 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Estabelecimento de parceria com a Vara da Infância e X
da Juventude
Estabelecimento parceria com os SAICAs X
Reuniões da equipe de gestão do projeto X X X X
Mapeamento das crianças e adolescentes X X
Organização para apresentação aos interessados X
Encontro de apresentação do projeto aos interessados X
Qualificação dos voluntários X X X
Apresentação grupal do projeto às crianças e X X
adolescentes
Encontros lúdicos em grupo nos SAICAs X
Definição dos padrinhos e crianças ou adolescentes X
Entrevista individual com crianças e adolescentes X
Reunião com padrinhos e madrinhas no SAICA X
Início dos encontros individuais entre crianças ou X
adolescentes e padrinhos
Avaliação (marco zero) X
Acompanhamento técnico em grupo dos padrinhos X X X
Acompanhamento técnico individual dos padrinhos X X X
Encontros de qualificação continuada X x
Celebração do Apadrinhamento Afetivo X*
Acompanhamento do desenvolvimento do projeto X X X
junto ao SAICA

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* estimativa

REFERÊNCIAS

1 – História de Vida: Identidade e Proteção – Coleção Abrigos em Movimento –


Secretaria de Direitos Humanos, 2010
2 - Portal CNJ – 22/2/12 << http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/58284-cna-mostra-perfil-
dos-pretendentes >>
3 - Levantamento Nacional das Crianças e Adolescentes em Serviço de Acolhimento -
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 2011

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