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ENTREVISTA INICIAL COM CRIANÇAS E RELAÇÃO TERAPEUTICA

Entrevista inicial
A anamnese é um instrumento essencial para o diagnóstico psicológico. Através dela
obtemos informações referentes à história de vida do paciente, bem como dados sobre afetos,
normas, preconceitos, expectativas, padrões familiares, problemas psiquiátricos pregressos,
etc, sendo possível assim, uma tomada de decisão em relação à determinação de quais
instrumentos serão utilizados para o processo de investigação clínica e podendo avaliar quais
as intervenções psicoterapêuticas mais indicadas a serem oferecidas ao paciente (Matos e
Lopes, 2017)
O principal objetivo da anamnese é o levantamento do histórico do desenvolvimento
do indivíduo. Ela representa um instrumento de grande importância, que permite ao psicólogo
levantar suas hipóteses, identificar questões, determinar diagnósticos, estruturar ações de
intervenções e conduzir o desenvolvimento do paciente (Matos e Lopes 2017)
A prática da avaliação infantil na TCC carece que alguns pontos relevantes sejam
considerados, tais quais: identificar e compreender as queixas da criança e/ou do adolescente
e o processo de conceitualização cognitiva. Normalmente, os comunicadores das queixas e
sintomas são os pais e/ou cuidadores. Assim, é importante realizar uma entrevista completa de
anamnese, para se compreender melhor os aspectos emocionais, psicossociais e que são
planejadas e direcionadas futuras condutas. Quanto mais completa for a anamnese a respeito
da criança e do adolescente, melhor será o planejamento e a condução do caso (Pureza,
Ribeiro, Pureza e Lisboa, 2014).
O psicodiagnóstico infantil recorrentemente é um desafio para o terapeuta, pois a
criança carece de ajuda do profissional para verbalizar e esclarecer seus sentimentos em
relação aos problemas que relata. Para ajudá-la, é preciso que o terapeuta tenha conhecimento
sobre as fases de desenvolvimento, para que adapte a sua forma de manuseio e ajuda a cada
uma dessas fases do desenvolvimento (Oliveira e Soares, 2011).
Em concordância com Matos e Lopes (2013), a avaliação de uma criança em Terapia
Cognitivo-Comportamental é um procedimento amplo que abrange a averiguação de
informações de múltiplas fontes, pais, avós, cuidadores, escolas, etc.
A aliança terapêutica
A terapia cognitivo-comportamental, comparada às demais terapias, é diferente por ser
muito cooperativa. Alguns autores utilizam o termo empirismo colaborativo para descrever a
relação terapêutica, isto é, terapeuta e paciente trabalham juntos, como uma equipe
investigativa, desenvolvendo hipóteses e um estilo mais saudável de pensamento, diminuindo,
então, os padrões improdutivos de comportamento (Oliveira e Soares, 2011)
A aliança terapêutica tem grade importância para o desenvolvimento do processo
terapêutico, e é composta por três dimensões: o comprometimento em relação às tarefas, a
definição de objetivos e a formação de um vínculo positivo entre ambos. Uma relação
terapêutica coesa promove um ambiente seguro e protetor que envolve a pessoa, mobilizando-
a para a mudança (Castro, Lumela e Figueiredo, 2009).
O terapeuta deve possuir algumas características pessoais que são fundamentais para o
sucesso da relação terapêutica, algumas delas são: postura empática e compreensiva, aceitação
desprovida de julgamentos, autenticidade, autoconfiança, flexibilidade na aplicação de
técnicas, controle dos comportamentos gestuais, linguagem acessível, dentre outras (Oliveira
e Soares, 2011).
Segundo Castro, Lumela e Figueiredo (2009) a terapia com crianças e adolescentes
tende a incluir diretamente outros membros da família no contexto terapêutico. O
envolvimento dos pais tem o seu início nas primeiras sessões através de entrevistas de
avaliação, mantendo-se ao longo do tratamento.
Quanto ao vínculo com a criança, é fundamental que ela seja psicoeducada desde o
início sobre o processo terapêutico, explicando-a sobre as questões de sigilo inclusive, para
que ela adquira confiança sobre o que ela irá relatar, não será repassado aos pais. Além disso,
é importante ressaltar durante todo o processo que ela também é parte agente de sua melhora,
aguçando a colaboratividade no processo (Castro, Lumela e Figueiredo, 2009).
No atendimento infantil é indispensável o vínculo do terapeuta com os pais como um sendo
imprescindível de qualquer atendimento de TCC para crianças e adolescentes. Os pais serão a
principal fonte de dados do terapeuta, muitas vezes o principal gestor de mudança na vida da
criança, além de serem responsáveis de forma concreta (no que tange ao comparecimento e
pagamento) pelo tratamento, quando há o rompimento do vínculo com os pais é comum que
haja o abandono do atendimento. Ainda sobre a importância do vínculo com os pais, é comum
a realização do programa de treino de pais, possibilitando ao terapeuta investigar, focar e
modificar aspectos cognitivos e comportamentais dos pais no que se refere ao comportamento
do seu filho (Pureza, Ribeiro, Pureza e Lisboa, 2014).

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