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Ainda com base no capítulo A prática clínica de terapia cognitiva com crianças
e adolescentes, outras três técnicas podem ser apresentadas, sendo elas: técnicas
básicas de autoinstrução, técnicas básicas de análise racional e a terapia de
exposição básica. As técnicas básicas de autoinstrução têm como principal foco a
troca de pensamentos não adaptativos por pensamentos adaptativos, de forma a não
aprofundar racionalmente nesses pensamentos, mas sim substituí-los. Essas técnicas
possuem fases a serem seguidas as quais auxiliarão as crianças a passarem por
momentos difíceis e estressantes, sendo elas: preparação (na qual você encoraja a
criança a passar pela fase estressora, focando nas tarefas que serão essenciais para
passarem por essa fase), encontro (é uma forma de controle, na qual a criança irá
estabelecer com ela própria uma conversa, a qual acalmará) e auto recompensa
(consiste em a criança validar sua atitude de autocontrole).
ESTUDO DE CASO
1. HISTÓRICO DO CASO
A. Dados de identificação: Sally é estudante universitária, branca, de 18 anos. Vive
em um dormitório da universidade com uma colega de quarto.
B. Queixa principal: depressão e ansiedade.
C. História da doença atual: desenvolveu sintomas de depressão e ansiedade
meses depois de ingressar na universidade. Seus sintomas incluíam:
2. FORMULAÇÃO DE CASO
A. Precipitantes: A saída de casa para a universidade e algumas dificuldades iniciais
nas disciplinas precipitaram o transtorno depressivo.
A ansiedade interferiu na eficiência de seus estudos e Sally tornou-se autocrítica
e disfórica. Conforme se afastou da convivência social, a falta de estímulos
positivos contribuiu para o humor deprimido.
B. Visão Transversal das Cognições e dos Comportamentos: Sally tem
dificuldade para estudar e, quando tenta, tem pensamentos automáticos do tipo:
“Eu não consigo fazer isso; eu sou um fracasso; eu nunca vou me sair bem nesse
curso.”
Além disso, tem uma imagem de si mesma sobrecarregada e perambulando sem
objetivo, o que a leva aos sentimentos de tristeza e a faz sentir-se ansiosa, com
dificuldade de se concentrar. Seu comportamento é sempre voltar para a cama e,
às vezes, chorar.
C. Visão Longitudinal das Cognições e dos Comportamentos: A paciente sempre
teve tendência de se ver como incompetente. Seu desempenho acadêmico era
muito importante, então ela desenvolveu os pressupostos: “Se eu trabalhar com
muita dedicação, vou me sair bem. Mas se não, vou rodar; se eu esconder minhas
fraquezas, vou ficar bem. Mas se eu pedir ajuda, vou expor minha incompetência.”
Depois que ficou deprimida, frequentemente usou a esquiva (do trabalho
acadêmico, de se defrontar com desafios, de oportunidades sociais).
D. Pontos Fortes e Qualidades: Sally era determinada, inteligente, dedicada,
objetiva e facilmente adaptável.
E. Hipótese de Trabalho (Resumo da Conceituação): Sally soube, durante a vida,
que era competente e gostável, mas se via vulnerável ao se sentir incompetente
por no mínimo três razões: (1) sua mãe foi altamente crítica em seu
desenvolvimento; (2) seu pai a apoiava, mas ficava muito tempo ausente; (3) se
comparava desfavoravelmente com os outros. Muitas vezes, ela desconsiderava
seus sinais de competência. Assim, desenvolveu as seguintes estratégias
compensatórias: altas expectativas de si, trabalha com dedicação, é vigilante
quanto às falhas, evita pedir ajuda.
3. PLANO DE TRATAMENTO
A. Lista de Problemas: (1) estudar e fazer trabalhos acadêmicos, (2) apresentar-se
em aula e fazer provas, (3) retraimento social, (4) falta de assertividade com colega
de quarto e professores, (5) passar muito tempo na cama.
B. Objetivos do Tratamento: (1) diminuir a autocrítica; (2) ensinar ferramentas
cognitivas básicas, como Registro de Pensamentos; (3) reduzir o tempo na cama;
(4) encontrar formas mais saudáveis de se divertir; (5) resolver problemas em
relação às obrigações acadêmicas; (4) desenvolver habilidades de assertividade.
C. Plano de Tratamento: o plano é reduzir a depressão e a ansiedade da paciente,
ajudando-a a responder aos seus pensamentos automáticos, aumentar suas
atividades através da programação dessas e desenvolver assertividade por meio
do role-play e da modificação de crenças interferentes.
4. CURSO DO TRATAMENTO
A. Relação Terapêutica: Sally via sua terapeuta como competente e atenciosa, e
aderiu ao tratamento com facilidade.
B. Intervenções/Procedimentos: (1) foi ensinado à paciente ferramentas cognitivas
padrão para examinar e responder seus pensamentos automáticos (permitiu que
ela enxergasse a lógica disfuncional e distorcida, reduzindo significativamente os
sintomas depressivos e ansiosos); (2) Sally fez experimentos comportamentais
para testar seus pressupostos, reduzindo a esquiva e aumentando a assertividade;
(3) a paciente foi ajudada a programar e aumentar atividades prazerosas; (4) foi
trabalhada a solução de problemas de forma simples e direta; (5) foram realizados
role-plays entre terapeuta e paciente para ensinar assertividade.
C. Obstáculos: Nenhum.
D. Resultado: Redução gradual durante os três meses de processo terapêutico e
remissão completa após finalização.
REFERÊNCIAS:
A prática clínica de terapia cognitiva com crianças e adolescentes [recurso
eletrônico] / Robert D. Friedberg, Jéssica M. McClure ; tradução Cristina Monteiro. –
Dados eletrônicos – Porto Alegre: Artmed, 2007. Acesso em 02 out 2022
BUENO, Orlando F.A.; ANDRADE, Vivian Maria; DOS SANTOS, Flávia Heloísa.
Neuropsicologia Hoje, 2ª edição.
CORDIOLI, Aristides, VOLPATO; GREVET; Eugenio Horacio, Psicoterapias:
Abordagens Atuais; 4ª edição.