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Trabalho de Conclusão de Curso

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NA
INFÂNCIA: UM FATOR
PREVENTIVO DE
PSICOPATOLOGIAS NA VIDA
ADULTA.

ALUNO:Monique dos Santos de Melo Santos


ORIENTADORA:Profa. Dra. Janaína de Azevedo Baladão
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Curso de Especialização
Neurociências, Educação e Desenvolvimento Infantil

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NA INFÂNCIA: UM FATOR PREVENTIVO DE


PSICOPATOLOGIAS NA VIDA ADULTA.

Monique dos Santos de Melo Santos

Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização em


Neurociências, Educação e Desenvolvimento Infantil da
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul como
requisito para a obtenção do título de Especialista em
Neurociências, Educação e Desenvolvimento Infantil.

Orientadora: Profa.Dra. Janaína de Azevedo Baladão

Ilhéus
2022
Agradecimentos
A Deus, por ter permitido que eu tivesse saúde е determinação para não
desanimar durante a realização deste trabalho.
Aos amigos/familiares, sobretudo ao meu pai José Simão Duarte, por todo
incentivo aos estudos sem medir esforços para que eu alcançasse cada vez mais
conhecimento; à minha mãe Vanderléa, por todo o amor e orações para que eu
alcançasse cada objetivo; e ao Jackson, por toda dedicação e confiança depositada,
sem sua colaboração não sei como teria conseguido cursar esta especialização, já
que não tinha recursos financeiros para tal. Agradeço por todo o apoio e pela ajuda,
que muito contribuíram para a realização deste trabalho.
Aos professores, pelas correções e ensinamentos que me permitiram
apresentar um melhor desempenho no meu processo de formação profissional ao
longo do curso.
A todos que participaram direta ou indiretamente do desenvolvimento deste
trabalho de pesquisa, enriquecendo o meu processo de aprendizado.
A todos os alunos da minha turma, pelo ambiente amistoso no qual
convivemos e solidificamos os nossos conhecimentos, o que foi fundamental na
elaboração deste trabalho de conclusão de curso.
À instituição de ensino Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul,
essencial no meu processo de formação profissional, pela dedicação, e por tudo o
que aprendi ao longo dos anos do curso.
Pensamentos geram sentimentos.
Pensamentos e sentimentos geram atitudes.
Atitudes geram hábitos.
Hábitos constroem a sua vida.
(RODRIGUES, 2012)
Resumo
A Inteligência Emocional (IE) é um modelo focado no gerenciamento das emoções
de fator psicológico atual, que se constitui como um dos aspectos da inteligência
mais discutidos hoje em dia. A infância é um período propício para trabalhar a
inteligência emocional, pois, trabalhada desde cedo, determinadas aptidões se
tornam naturais, tendo como resultado adultos mais fortes, mais seguros de si e
bem-sucedidos tanto na vida pessoal quanto profissional. Este artigo visa informar
os leitores por meio de uma revisão bibliográfica sobre o conceito de IE a partir de
uma perspectiva científica, apresentando modelos teóricos atuais dessa forma de
inteligência usando teóricos tradicionais como Goleman (1995) e Mayer e Salovey
(1997). Também discutimos a conjectura, aplicação e relação com outros construtos
psicológicos na infância e a maneira pela qual a IE atua como fator preventivo na
psicopatologia. Além disso, é apresentada uma discussão de como a Inteligência
Emocional colabora para mudar o mundo, sendo a expansão do campo e os
avanços no desenvolvimento da conjectura da mesma fascinantes pois a Inteligência
Emocional pode atuar como um processo preventivo contra doenças mentais na vida
adulta. Esses e outros aspectos serão destacados e discutidos ao longo do artigo.

Palavras-chave: Inteligência Emocional 1. Infância 2. Emoção 3. Psicopatologias 4.


Vida Adulta 5.
AbstractAgradecimentos
Emotional Intelligence (EI) is a model focused on the management of current
psychological emotions, which constitutes one of the most discussed aspects of
intelligence today. Childhood is a favorable period to work on emotional intelligence,
because, worked on from an early age, certain skills become natural, resulting in
adults who are stronger, more self-assured and successful both in their personal and
professional lives. This article aims to inform readers through a literature review on
the concept of EI from a scientific perspective, presenting current theoretical models
of this form of intelligence using traditional theorists such as Goleman (1995) and
Mayer and Salovey (1997). We also discuss conjecture, application and relationship
with other psychological constructs in childhood and the way in which EI acts as a
preventive factor in psychopathology. In addition, a discussion of how Emotional
Intelligence collaborates to change the world is presented, with the expansion of the
field and the advances in the development of the same conjecture fascinating
because Emotional Intelligence can act as a preventive process against mental
illnesses in adult life. These and other aspects will be highlighted and discussed
throughout the article.

Keywords: Emotional Intelligence 1. Childhood 2. Emotion 3. Psychopathologies 4.


Adult Life 5.
Sumario
´
1. INTRODUÇÃO
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo geral
2.2. Objetivos específicos
3. Desenvolvimento
3.1 Inteligência Emocional
3.2 Infância
3.3 Inteligência Emocional como auxílio no desenvolvimento da
criança
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
1. INTRODUÇÃO
A infânciaéo período em quea vidadeuma pessoaéexperimentadapelaprimeira vez,
sendoum cicloimportanteno desenvolvimentoda mesma.As criançasedificam seus
conhecimentos (ZICK, 2010), desenvolvem suas habilidades eintegramsuashabilidades
físicas, cognitivas, emocionais e sociais por meio da interação com outras pessoas e com
o meio ambiente.Nesse processo de desenvolvimento ocorreremeventos que têm
contribuições positivose negativas; Esses eventos, quando traumáticos,podemlevarao
desenvolvimento de psicopatologias.
A Inteligência Emocional (IE)pode ser aplicada em diversos âmbitos da vida do ser
humano, seja no casamento, trabalho, relações interpessoais, meio familiar, entre outros.
A IE não se encaixa como uma metodologia, mas a partir de um processo cotidiano de
empatia e autoconhecimento, permitindo reconhecer e identificar emoções, analisar
diferentes situações, tomar decisões assertivas e perceber os envolvidos.
Este trabalho é realizado através de pesquisa bibliográfica e aborda o tema da
Inteligência Emocional na infância, visto que a IE tem recebido destaque e, na atualidade,
surge a necessidade e o interesse de abordar a IE no período da infância e discutir seus
resultados no decorrer da vida do indivíduo, onde ela atua como constructo preventivo de
Psicopatologias na vida adulta.
Este estudo objetiva examinar identificar de que maneira a IE pode influenciar e
beneficiar as crianças não somente na infância, mas também durante todo seu
desenvolvimento e como os resultados podem ser percebidos durante toda a vida. Traz
também informações sobre qual o perfil da criança que possui como competência a IE, o
que o difere dos demais indivíduos e como se relacionar com pessoas com essa
competência. Também se deseja analisar como a IE pode ajudar no desenvolvimento da
criança tornando-a um adulto capaz de enfrentar problemas de maneira assertiva e
inteligente, apresentar os principais modelos de Inteligência Emocional e os principais
teóricos que abordam o tema.

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo geral

O trabalho tem como objetivo geral identificar de que maneira a Inteligência


Emocional (IE) pode atuar e beneficiar as crianças não somente na infância, mas também
durante todo seu desenvolvimento e como os resultados podem ser percebidos durante
toda a vida, e a atuação da IE como fator preventivo de psicopatologias na vida adulta.

2.2. Objetivos específicos


● Apresentar o conceito de Inteligência Emocional;
● Conceituar Infância;
● Analisar como a IE pode ajudar no desenvolvimento da criança;
● Apresentar os principais modelos de IE;
● Apresentar a IE como fator preventivo de Psicopatologias na vida adulta;

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3. DESENVOLVIMENTO
3.1 Inteligência Emocional

Um ser humano, ao se relacionar com outras pessoas, inevitavelmente utiliza


esses conceitos e representações que ele tem sobre as coisas e o mundo isso se refere à
forma como ele os vê, portanto, a forma como eles e relaciona com as pessoas no dia a
dia caracteriza o indivíduo negativamente? Quando não há maturidade emocional,
espera-se que as atitudes dessa pessoa sejam baseadas em conceitos pré-estabelecidos
em impulsos desencadeados por representações cognitivas, o que transporta a
problemas de relacionamento.
Em 1989, Mayer e Salovey conduziram pela primeira vez vários estudos sobre a
compreensão da Inteligência Emocional e a definiram pela primeira vez como a
capacidade de monitorar sentimentos e pensamentos e distinguir entre 12 pensamentos e
ações. Já em 1993, Mayer e Salovey receberam críticas sobre EI, críticas dirigidas ao
termo argumentando que era uma metáfora inadequada e um tanto enganosa. As
acusações foram além, declarando que os dois autores estavam de alguma formar e
escrevendo a Inteligência Social (IS), que ela não tinha habilidades relacionadas às
emoções e que seria inútil tentar vincular os dois domínios.
Mayer e Salovey responderam as críticas recebidas defendendo o vocábulo EI,
declarando que ele difere do IS na medida em que o primeiro envolve o processamento
de informações emocionais.Os mecanismos envolvidos facilitam e inibem o fluxo das
emoções e o processamento dessa informação requer mecanismos neurais específicos.
Doravante, Mayer e Salovey (1997), redefinem a IE como a capacidade de
aperceber-se as emoções, usar essa emoção para facilitar o pensamento,entendê-las e
gerenciá-las.No futuro, criaram testes de desempenho chamados MEIS (Multifactor
Emotional Intelligence Test) e MSCEIT (Mayer-Salovey-Caruso Emotional Intelligence
Test) para avaliar a IE. Goleman (1995), apoiado nos conceitos de Salovey, Mayer e
Caruso, lança seu primeiro livro sobre o tema, num conteúdo bastante parecido aos
autores originais; no entanto, com um ponto de vista muito mais amplo. Concebeu quatro
pilares da inteligência com os nomes de autoconhecimento, gerenciamento das emoções,
empatia e sociabilidade. No entanto, suas afirmações não têm base teórica, uma vez que

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Goleman (1995) nunca realizou nenhuma enquete e editou seus resultados em revistas
científicas.
É necessário entender o conceito de IE, pois o vocábulo contém duas
terminologias bem diferentes, emoção e inteligência. A definição de IE depende da
interação entre os dois termos, bem como das definições de inteligência e emoção.
Existem muitas definições de inteligência e seus subtipos, mas todas se referem à
capacitância de reconhecer, entender e usar símbolos, ou seja, o uso do raciocínio
abstrato. (Mayer, 2001, apud Primi, 2003b).
De acordo com Cabrel e Nick (1974), o dicionário de psicologia define inteligência
como funções psicológicas ou classes de funções pelas quais o organismo humano se
adapta ao seu ambiente. Através da aplicabilidade de combinações originais de
comportamento, adquire e explora novos conhecimentos e finalmente discute e resolve
problemas de acordo com as regras tiradas através da formalização da lógica (DORON;
Parot, 2001). Consequentemente, de acordo com o conceito apresentado Podemos
entender que a inteligência se refere ao processo de percepção ou ao processo de
pensamento incluindo além da memória de trabalho, inferência, julgamento e raciocínio
abstrato. A emoção é, portanto, o estado particular de um organismo que ocorre em
condições bem definidas, em uma situação dita emocional, acompanhada de uma
experiência subjetiva e de manifestações somáticas e viscerais (DORON; PAROT, 2001).
Por tanto, a IE pode ser definida como adaptabilidade geral. Assim, os dois componentes
da inteligência e da emoção estão relacionados na medida em que influenciam a estrutura
evolutiva de uma pessoa e constituem funções adaptativas. (PRIMI, 2003a). Outra
informação importante trazida pelo referido autor é a ideia de Gohm e Clore (2002)
conceituando afeto como informação.
A IE inclui a capacitância que se tem de perceber, avaliar e expressar emoções
com precisão, a capacidade de perceber e/ou gerar sentimentos quando eles auxiliam o
pensamento a capacitância de compreender as emoções e o conhecimento emocional; e
a energia de gerenciar emoções para promover o crescimento emocional e intelectual
(MAYER; SALOVEY, 1997).
Assim, ser inteligente emocionalmente não significa ser isento de sentimentos e
emoções, mas sim, que esse indivíduo subordina suas emoções à sua razão, tendo suas
atitudes baseadas na lógica racional.

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3.2 Infância
A idealização de  infância é uma tarefa difícil que pode ser distinguida de acordo
com o enquadramento escolhido. Segundo o Vocabulário de Aurélio, a infância é definida
como o período do desenvolvimento humano desde o nascimento até a puberdade". No
mesmo tesauro, uma criança é definida como um "pequeno ser humano" (FERREIRA,
2004). Etimologicamente, a palavra latina "infância" significa "sem linguagem".
A idade cronológica não é suficiente para caracterizar a infância.
A infância tem um significado comum e, como tantas outras etapas da vida esse
significado está ligado às transmutações sociais, tendo cada sociedade seu próprio
sistema de classes etárias que se somam a um sistema de status e papéis adquiridos.
(KHULMANN, 1998).
A criança tem grande relevância dentro do meio em que vive e isso se
transforma de acordo com o período histórico em que se encontra, pois cada período
confere um significado específico à infância, muitas vezes ligada às condições sociais, e
não apenas à sua condição de ser biológico. (SILVEIRA, 2000). Desse ponto de vista, a
infância é apontada como a circunstância da criança, ou seja, como um estatuto social e
histórico erigido. (KUHLMANN, 1998).
Do século XII ao início do século XX, a sociedade desenvolveu invenções e
modelos de infância e mecanismos que a valorizavam, especialmente a infância miserável
e desamparada. Segundo a obra de Ariés, o sentimento de infância se manifesta nas
camadas mais distintas da sociedade (BARBOSA, MARGALHÃES, 2020).
A importância da edificação do conceito de infância experimentou um grande
avanço com os estudos do pesquisador francês Philippe Ariès, uma vez que foi pioneiro
neste assunto, com a publicação da obra História Social da criatura e da descendência
em 1960, que é atualmente uma importante fonte de conhecimento. Nesta obra, Ariès
construiu um perfil das características da infância a partir do século XII, tendo como
destaque o sentimento sobre a infância, seu comportamento no meio social na época e
suas relações com a família. Foi ele quem formulou uma nova visão historiográfica sobre
o sentimento de infância no mundo ocidental, mostrando que era uma concepção
socialmente erigida na modernidade e destacando aspectos que vão desde a consciência
infantil até a especificidade da criança, ou seja, o que distingue o ' adulto. No período da
antiguidade, mulheres e crianças eram consideradas como animais, tratados de maneira
inferiores que não mereciam tratamento diferenciado ou até mesmo adequado para

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aquela realidade, assim como também neste período a duração da infância era reduzida,
assim por volta do século XII não havia lugar para a infância, uma vez que a arte
medieval era desconhecida (ARIÈS, 1978).
Até por volta do século XII, a arte medieval desconhecia a infância ou não
tentava representá-la. É difícil crer que essa ausência se devesse à
incompetência ou à falta de habilidade. É mais provável que não houvesse
lugar para a infância neste mundo (...) Tal é nosso ponto de partida. Como
daí chegamos às criancinhas de Versalhes, às fotos de crianças de todas
as idades dos nossos álbuns de família? (ARIÈS, 2015, p.17-8).

Assim sendo, neste período apontado por Ariés, a criança era tida como uma
espécie de instrumento de manipulação ideológica usada e explorada pelos adultos, a
partir do momento em que ela apresentava independência física, era logo inserida no
mundo adulto. A criança não passava pelos estágios da infância estabelecidos pela
sociedade atual, mas era submetida a situações próprias da época em que não haviam
leis que lhe assegurasse quanto à educação, saúde, lazer e cuidado. A socialização das
crianças no período da Idade Média não era controlada pela família e a educação era
garantida pelo aprendizado por meio de tarefas realizadas em conjunto com os adultos.
Elisabeth Badinter (1985) diz que o estado da criança não mudou na mentalidade das
pessoas. Segundo a autora,"Philippe Ariès demonstrou que era necessária uma evolução
para que o sentimento da infância realmente se enraizasse nas
mentalidades"(BADINTER, 1985, p. 53).
Assim, segundo Ariès, na sociedade medieval o sentimento da infância não existia.

Mas não quer dizer que as crianças fossem negligenciadas, abandonadas


ou desprezadas. O sentimento da infância não significa o mesmo que
afeição pelas crianças: corresponde à consciência da particularidade
infantil, essa particularidade que distingue essencialmente a criança do
adulto, mesmo jovem. Essa consciência não existia. Por essa razão,
assim que a criança tinha condições de viver sem a solicitude constante
de sua mãe ou de sua ama, ela ingressava na sociedade dos adultos e
não se distinguia mais destes (ARIÈS, 1981, p. 156).
Nos dias atuais, teóricos iniciaram uma série de questionamentos acerca dos
escritos de Ariés (1991) onde ele aponta o século XVII como a fronteira para o
nascimento da infância. Sarat (2005) argumenta que a infância sempre existiu e que,
mesmo em algumas sociedades primitivas, a definição de infância começa com a
separação das atividades realizadas por adultos e crianças. Assim, a partir da obra de
Ariés, podemos perceber que o sentimento da infância, o interesse pela formação moral e
pedagógica, o comportamento no meio social, são ideias que surgiram posteriormente na
modernidade ressaltando que houve todo um processo histórico até a sociedade passou

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a valorizar a infância. Ariès é muito claro em suas falas quando diz que as características
da infância não serão reconhecidas ou abordadas por todas as crianças pois nem todas
vivenciam a mesma infância, devido a sua condição econômica, social e cultural
Inteligência Emocional como auxílio no desenvolvimento da criança.
Quando uma criança nasce, logo é apresentada a uma diversidade de
acontecimentos, situações, objetivos, sensações dentre outros, no decorrer da vida elas
são obrigadas libar decisões e lidar com os problemas e diferenças que existem, são
ações intermináveis na vida do ser humano. E à medidaque mais pessoasaprendem a
geriressas diferenças e dificuldades, quanto maiscedo isso acontecer, mais fácil
serácontrolaras emoçõesnas diferentes situações que a vida apresenta (PIO, 2007).

Na infância, é importante que habilidadessejamdesenvolvidasdesde cedo. Vale


enfatizar que uma criança emocionalmente saudávelnão é aquela que não
choraminga,nãoficacom raivaou frustrada, mas aquela que entende e tem
consciênciadesuasemoções. As crianças que possueminteligênciaemocionaltêmuma
melhor compreensão de si mesmas, o que acabase refletindo em seusrelacionamentos
interpessoais.Elasconseguemresolver melhor os conflitos, enfrentaras situações e os
desafios de uma forma diferente e, consequentemente, obterresultadosacadêmicos muito
melhores (PIO 2007).
Deacordo com Freitas (2011), é possível instruiras crianças a partir dos 2 anos
sobresuasemoções,ou seja,estas emoções influenciam as ações, comportamentos e
pensamentos dessa criança durante toda a vida. Por isso, é importante promover a
gestão das emoções desde os primeiros anos de vida. Escolas e famílias podem trabalhar
juntas nesse objetivo o que é muito útil para os jovens.
Desta forma, a IE infantil pode preparar as crianças para os desafios de seu
crescimento e jornada educacional, o que também tem um efeito positivo em sua
maturidade.

3.3 Principais modelos de Inteligência Emocional

Mayer e Salovey (1997) defendem que a Inteligência Emocional não é o oposto da


inteligência é uma combinação de inteligência e emoções. Assim, usar as emoções para
ajudar a resolver problemas seria uma habilidade cognitiva relevante, justificando que é
inapropriado conceber emoção sem inteligência. Mayer e Salovey (1997) criam uma

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definição desse constructo a partir dos quatro ramos dos processos psicológicos, que se
organizam segundo níveis de complexidade, do mais primitivo ao mais complexo e
psicologicamente mais integrado.

A primeira diz respeito à percepção, avaliação e expressão da emoção,


referindo-se a capacidade de identificar emoções em si e em outras
pessoas, desenhos, objetos e paisagem mediante linguagem, sons,
aparência e comportamento, abrangendo também a capacidade de
expressar emoções e necessidades relacionadas com sentimentos, bem
como de discernir entre expressões falsas e verdadeiras. A segunda
refere-se à emoção como facilitadora do ato de pensar, a possível
facilitação do pensamento quando, por exemplo, as emoções priorizam
certas ideias dirigindo a atenção para informações mais importantes; e
também gerando as de maneira relativamente voluntária para poder
examinar as informações contidas nessas experiências emocionais de tal
forma a ajudar o julgamento de situações que as envolvem. A terceira,
chamada compreensão e análise de emoções; emprego do conhecimento
emocional refere-se à capacidade de rotular emoções, de interpretar os
significados que elas trazem sobre os relacionamentos interpessoais, de
compreender as complexas e de reconhecer transições mais comuns
entre elas. A quarta e última ramificação é o controle reflexivo de emoções
para promover o crescimento emocional e intelectual, referindo-se à
capacidade de se manter aberto a sentimentos, agradáveis ou
desagradáveis, adminsitrando a emoção em si mesmo e nos outros pela
moderação das negativas e valorização das agradáveis, sem que haja
repressão ou exagero dos estados psicológicos que elas podem provocar
(Mayer &Salovey, p. 31, 1997apud Cobêro, Primi, Muniz, 2006).

Depois que Mayer e Salovey (1990) propuseram o conceito de EI em 1990, várias


pessoas representaram contribuições significativos para o campo. Alguns dos modelos
bem conhecidos são esses:

3.4.2 Daniel Goleman


Goleman (1995) descreve a Inteligência Emocional como a capacidade de uma
pessoa gerir os seus sentimentos e os dos outros, de se motivar e gerir bem as suas
emoções consigo própria, nas suas relações com os outros de forma a expressar-se de
forma adequada e eficaz. Segundo Goleman, a regulação emocional é essencial para que
os indivíduos desenvolviam a inteligência emocional. Assim, Goleman (1995) propôs
cinco domínios da inteligência emocional baseados nos escritos de Mayer e Salovey
(1990).
Os domínios são:
• Domínio das próprias emoções - autoconsciência do indivíduo, incluindo
autoconfiança e capacidade para reconhecer um sentimento quando ele
ocorre e controlá-lo, de maneira a ter maior autonomia sobre a própria

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vida
• Lidar com emoções - habilidade da pessoa para lidar apropriadamente
com seus sentimentos, confortando-se ou livrando-se das emoções
negativas
• Motivar-se - dispor das emoções para se atingir uma meta, desenvolvendo
automotivação, otimismo e criatividade, sendo que o autocontrole
emocional (reprimir os impulsos e adiar o prazer para alcançar uma
recompensa maior) é o mecanismo por trás de tal realização
• Reconhecer emoções nos outros - empatia como a capacidade de
reconhecer sinais sutis que exprimem o que as outras pessoas querem ou
precisam
• Lidar com relacionamentos - define a competência em lidar com as
emoções dos outros e trabalhar em equipe, sendo essa a chave para a
popularidade e a liderança.

3.4.3 ReuvenBar-On

Bar-On (2002) interpretou que o conceito original de IE proposto por Salovey e


Mayer estava relacionado à autoconsciência e à empatia e cita a capacitância de
manipular informações emocionais para direcionar a cognição e o comportamento. Desse
modo, Bar-On (1997, p. 14) também dividiu a inteligência emocional em cinco áreas
amplas de aptidões e competências:
 Aptidões intrapessoais - qualidades como autoconsciência emocional,
autorrealização, independência, autorrespeito e assertividade
 Aptidões interpessoais - qualidade dos relacionamentos, empatia e
responsabilidade social
 Adaptabilidade - características como capacidade de resolução de problemas,
teste de realidade e flexibilidade
 Administração do estresse - habilidade do indivíduo para gerenciar seus
impulsos e ser tolerante ao estresse
 Humor geral - felicidade e otimismo.

3.5 A Inteligência Emocional como fator preventivo de Psicopatologias na


vida adulta

Dalgalarrondo (2008) elucida que a psicopatologia está relacionada ao


desempenho cognitivo e os sintomas são o resultado de desempenhos cognitivos
anormais. É o ramoda ciência que identifica, descreve e compreende transtornos mentais,
comportamentos e experiências de doença mental. Amaioria das doenças mentais são,
na verdade, doenças emocionais”(LEDOUX, 2001, p. 18). Deacordo com a quinta edição
do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM 5) (APA, 2014), as
psicopatologias podem ser particularizadas por alterações significativos na cognição bem
como na regulação emocional e no comportamento do indivíduo resultando em
disfunções no processo de funcionamento psíquico, biológico e psíquico, e que acabam

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interferindo na vida do sujeito em todos os âmbitos social, profissional, interpessoal e
intrapessoal. Existem fatores de risco para o desenvolvimento infantil.

Essas condições, em geral, são contextos ou condições que aumentam o risco de


uma pessoa desenvolver algum tipo de doença, seja ela física, mental ou emocional. No
desenvolvimento da criança são tidos em conta os fatores de risco: situações de violência,
abusos, abandono, crianças expostas aos mais diversos abusos. Tais fatores afetam
negativamente o estilo de vida da criança (MAIA; WILLIAMS, 2005; BÜCKER, 2014).
De acordo com Beck, (1979) a maneira pela qual os indivíduos interpretam as
experiências a si mesmos, aos outros e ao mundo é fundamental para a definição de
patologia mental.
Para Martins-Monteverde, Padovan e Juruena (2017), experiências de abuso
sexual na infância podem levar ao desenvolvimento de esquizofrenia em crianças, como
depressão ou transtornos por uso de substâncias.
De acordo com Zavaschi (2003), adultos abusados na infância ou expostos a
múltiplos episódios de violência, a maioria perpetrada por seus pais ou responsáveis,
sofriam de depressão.
Assim, inúmeras experiências são vividas durante a infância e, a partir daí, cada
uma dessas experiências molda a percepção que a pessoa tem de si mesma, do mundo e
do futuro. Consequentemente, pode-se dizer que o indivíduo foi instituido dessas
experiências. Vale ressaltar que os componentes genéticos e outros traços que fazem
parte da formação do indivíduo não são descartados, mas as experiências com tais
traços, e como a pessoa os interpreta, também são experiências constitutivas.
Entre as habilidades que o sujeito pode desenvolver para tornar seu pensamento
mais adaptativo está a Inteligência Emocional, que é a capacidade de perceber emoções,
acessar e gerar sentimentos que facilitem o pensamento ou seja,a capacidade de
compreender e regular as emoções. Para esses autores, a autoconsciência das emoções
é fundamental, assim como a capacidade de observar os próprios sentimentos à medida
que eles emerge (SALOVEY; MAYER, 1990).
Segundo Goleman (2001), a autoconsciência permite que as pessoas se tornem
mais conscientes de como estão se sentindo e das escolhas que precisam fazer, para
que saibam administrar seus sentimentos e emoções de maneira adequada ao momento

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e à situação livres de pensamentos disfuncionais sendo dependente e sem isso há
evidências de que eles podem contestar. As pessoas que desenvolvem a Inteligência
Emocional são capazes de reconhecer os sentimentos que existem nas outras pessoas,
são empáticas, sabem ouvir o outro, sabem lidar com relacionamentos e são eficazes nas
relações interpessoais. A capacitância de reconhecer as emoções e de lhes responder de
forma mais inteligente, bem como de reconhecer as emoções dos outros e saber geri-las,
ou seja, de ser mais inteligente emocionalmente, ajuda também a desenvolver a
capacitância de tomar decisões mais coerentes e ser resiliente (TRINDADE, 2011).
A Inteligência Emocional está relacionada à resiliência, segundoPinheiro (2004), o
vocábulo resiliente está relacionado à capacitância de recuperação rápida, flexibilidade
diante de situações de conflito; no entanto, é a capacitância de se adaptar e encontrar
equilíbrio em ampla variedade de situações. Como um talento a resiliência é considerada
o resultado de processos dinâmicos e da interação de fatores como sociais, psicológicos,
emocionais e cognitivos. Este é um processo que evoluiu ao longo do tempo.(RUTTER,
1993 apud PINHEIRO, 2004).
Assim, Assis et al. (2006) elucidao papelfundamentalda famíliano desenvolvimento
da resiliência, que seinicializano inícioda vidasendoqueas
situaçõesquesedesenvolvemposteriormentepodemsuprimir ou fortalecera capacitância de
resiliência.Para os autores, ser resiliente significareconhecersentimentos em si e nos
outros, bem como desenvolver um senso de autoconfiança e flexibilidade, o que
permitiráà pessoa ser capaz de se adaptaradiferentescontextos.
Assim, a inteligência quando sedesenvolvena infância, atua como fator preventivo
de patologias não somente nessa fase, mas aolongoda vida do sujeito, pois as pessoas
emocionalmente inteligentes são autônomas, tendem a enxergar perspectivas positivasna
vidaconseguemidentificar seus sentimentos e pensamentos e, assim,administrar melhor
sua vida emocional. Quemestáimersoem suas emoções,controlado por elas e não
consegueenxergar outra perspectiva, está emocionalmente descontrolado.(MAYER, 1993
apud GOLEMAN, 2001).

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4 CONSIDERAÇÕESFINAIS

Essa pesquisa teve como objetivo principal relacionar a Inteligência Emocional


como um fator protetivo e preventivo ao desenvolvimento de psicopatologias na infância,
apresentando dados bibliográficos a respeito dela, patologias, inteligência emocional
dentre outros. Foi possível perceber que existe um vasto campo bibliográfico a respeito
da Inteligência Emocional e a respeito de psicopatologias na infância, porém, quando se
trata desses dois temas juntos, existem poucos artigos e pesquisas relacionados a eles.
Pesquisas apontam que é possível afirmar que os investimentos em Inteligência
Emocional colaboram na prevenção de psicopatologias na infância com resultados
prolongados até a vida adulta, visto que a Inteligência Emocional faz com que a criança
desenvolva habilidades como domínio das emoções que sente, percebendo-as com mais
velocidade, o que oportuniza decisões mais rápidas sobre o que fazer com tais
sentimentos e como agir em determinadas situações. A mesma desenvolve um potencial
para um forte aprendizado e resiliência diante de situações, sejam quais forem na
infância quanto na vida adulta. A inteligência emocional leva a relacionamentos mais
saudáveis, nos quais demandas, desejos e inquietações são divulgados de forma aberta
e adequada.
Finalmente, mais pesquisas precisam ser feitas sobre esse assunto. Acredita-se
que seja um tema importante para os dias de hoje e fundamental para todas as classes
sociais, devendo ser realizado com métodos e instrumentos de análise diferentes dos
utilizados para obtenção de resultados diversos, a fim de fazer a relação entre inteligência
emocional desenvolvida na infância e o desenvolvimento de psicopatologias na idade
adulta é um assunto mais discutido e de fácil acesso, contribuindo assim para a
prevenção de psicopatologias.

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REFERÊNCIAS
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