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5 SAÚDE MENTAL
Há uma tendência natural em julgar a sanidade das pessoas de acordo com seu
comportamento, de acordo com sua adequação às conveniências socioculturais como, por
exemplo, a obediência aos familiares, o sucesso no sistema de produção, a postura sexual,
etc. Medicamente, entretanto, Doença Mental pode ser entendida como uma variação
mórbida do normal, variação esta capaz de produzir prejuízo na performance global da
pessoa (social, ocupacional, familiar e pessoal) e/ou das pessoas com quem convive.
Organização Mundial de Saúde diz que o estado de completo bem estar físico,
mental e social define o que é saúde, portanto, tal conceito implica num critério de valores,
já que, lida com a ideia de bem-estar e mal-estar.
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periodicamente revistos. Cada um deles atende a distintos sistemas fenomenológicos e a
diversas escolas ou tendências teóricas. A classificação mais difundida é a proposta pela
Associação Psiquiátrica Americana. Outras de influência são a britânica e a da Organização
Mundial de Saúde. A maioria dessas classificações coincide em distinguir alterações
provocadas por deterioração das funções cerebrais e alterações psicogênicas. As de origem
cerebral podem ser agudas -- provocadas por infecções, intoxicações, traumatismos,
perturbações circulatórias, perturbações do metabolismo etc. ou crônicas, causadas por
fatores constitucionais inatos ou de causas semelhantes às que provocam as perturbações
agudas. Também se incluem nesse grupo as alterações provocadas por tumores cerebrais e
as oligofrenias ou deficiências mentais. Dentro das alterações psicogênicas, costuma-se
distinguir entre alterações psicóticas (psicose maníaco-depressiva, esquizofrenia, paranoia),
viscerais, psiconeuróticas (fobias, estados de ansiedade, etc.) alterações prolongadas da
personalidade (compulsão, inadaptação, vício e dependências de drogas) e alterações
transitórias (como a provocada pelo estresse).
▪ Neuroses:
Tais vivências são capazes de determinar uma resposta emocional na pessoa sob a
forma de sentimento e aos sentimentos produzidos pelas vivências podemos chamar de
Reações Vivenciais. Para que uma reação vivencial possa ser considerada normal, deve-se
observar ter 3 elementos:
Devido à complexidade do ser humano, nem sempre uma ação determina uma
reação previsível e pré-estabelecida. Cada pessoa pode manifestar uma sensibilidade
bastante individual aos fatos vividos, portanto a valorização de sua vida será sempre
concordante com sua sensibilidade afetiva. Como a afetividade é um atributo da
personalidade, então os fatos e seus valores dependerão sempre da personalidade de cada
um, mais que dos fatos em si.
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Reação Neurótica Aguda:
No primeiro caso da analogia descrita acima, podemos dizer que o indivíduo teve
uma alergia e, no segundo, que ele é alérgico. Pois bem, tendo em vista a conceituação
tradicional de Neurose, que fala em doenças da personalidade como um estado permanente
e duradouro, será fácil deduzir que apenas a Personalidade Neurótica representa,
realmente, aquilo que queremos dizer como Neurose. Já a denominação de Reação
Neurótica Aguda poderia ser entendida como, um tropeço emocional na vida do indivíduo.
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para melhor entendimento das neuroses.
Existem três situações clínicas englobadas pelo quadro de Reação a Estresse Grave e
Transtorno de Ajustamento segundo a CID-10:
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A Reação Vivencial no Transtorno de Ajustamento é caracterizada por um
acentuado sofrimento, o qual excede o que seria estatisticamente esperado pela natureza
do estressor e resulta em prejuízo significativo no funcionamento social ou profissional. Os
sintomas principais são: humor deprimido, ansiedade, preocupação, sentimentos de
incapacidade em adaptar-se, sensação de perspectivas sombrias do futuro, dificuldade no
desempenho da rotina diária. Em crianças podemos observar comportamentos regressivos.
Personalidade Neurótica:
Podemos dizer que o indivíduo possui uma Personalidade Neurótica quando ele
reage neuroticamente diante dos eventos de uma forma habitual e isto passa a caracterizar
sua maneira de existir. Podemos dizer ainda que ele é neurótico quando sucumbe
cronicamente diante de seus conflitos, sucumbe não apenas aos conflitos atuais mas,
também e sobretudo, aos conflitos remanescentes do passado. Podemos ainda arriscar a
considerar neurótico quando suas pulsões inconscientes dominam suas atitudes conscientes,
quando constatamos uma falha crônica em seus mecanismos de defesa, enfim, quando sua
adaptação emocional à vida é constantemente problemática.
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Sempre que as Reações Vivenciais Anormais ou os Distúrbios Adaptativos, ou ainda
e também sinônimo, as Reações de Ajustamento não são acontecimentos fortuitos e
ocasionais, mas constituem uma maneira perene e constante de relacionar-se com a
realidade, estamos diante de uma Personalidade Neurótica.
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compreender o significado do termo agorafobia sem distúrbio do pânico, se não
conhecêssemos, antes, as concepções tradicionais do acontecimento neurótico concebidas
progressivamente pela psiquiatria formal.
▪ Transtornos Neuróticos.
▪ Transtornos Relacionados com o Estresse.
▪ Transtornos Somatoformes.
Transtornos Fóbico-ansiosos:
Há autores que define a era moderna como a Idade da Ansiedade, associando a este
acontecimento psíquico a agitada dinâmica existencial da modernidade; sociedade
industrial, competitividade, consumismo desenfreado e assim por diante. Diz-se que a
simples participação do indivíduo na sociedade contemporânea já preenche, por si só, um
requisito suficiente para o surgimento da ansiedade. Portanto, viver ansiosamente passou a
ser considerado uma condição do homem moderno ou um destino comum ao qual todos
nós estamos, de alguma maneira, atrelados.
Com certeza, até por uma questão biológica, podemos dizer que a ansiedade
sempre esteve presente na jornada humana desde a caverna até a nave espacial. A novidade
é que só agora estamos dando atenção à quantidade, tipos e efeitos dessa ansiedade sobre
o organismo e sobre o psiquismo humanos, de acordo com as concepções da prática clínica,
da medicina psicossomática e da psiquiatria.
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objeto (ou situação) fóbico.
Agorafobia:
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pânico ou Transtorno de pânico com agorafobia.
Fobias Sociais:
Medo de ser exposto à observação atenta de outrem e que leva a evitar situações
sociais. As fobias sociais graves se acompanham habitualmente de uma perda da autoestima
e de um medo de ser criticado. As fobias sociais podem se manifestar por rubor, tremor das
mãos, náuseas ou desejo urgente de urinar, sendo que o paciente por vezes está convencido
que uma ou outra destas manifestações secundárias constitui seu problema primário. Os
sintomas podem evoluir para um ataque de pânico. Exemplo: Antropofobia
Surpreendo tanto aos médicos quanto aos leigos, essa misteriosa “doença” pode
apresentar sintomas sem qualquer substrato físico, sintomas que mudam segundo a época,
os costumes e as conveniências, sintomas que podem desaparecer como em um passe de
mágica. E se procurarmos os motivos pelos quais os histéricos recorrem a esses sintomas,
bem como o sucesso que se consegue com eles, é bem possível nos deparamos com uma
inquietante dúvida: “teremos todos somos um quê de histéricos?”.
A Personalidade Histérica:
Caso ainda esta característica responsável por sua classificação (traço), subtraia
desta pessoa (personalidade) a liberdade necessária para que ela seja livre e desimpedida de
qualquer estigma limitador de sua maneira de reagir ao mundo (prejuízo), aí então, ao invés
de estarmos apenas diante de um certo tipo de personalidade, estaremos diante de um
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Transtorno de Personalidade.
A análise etimológica da palavra histeria nos traz ecos das superstições do passado.
Como vimos, não foram poucos os que disseram que só mulheres poderiam ser histéricas e
que era rematado absurdo falar-se em histeria masculina, uma vez que, etimologicamente, o
vocábulo vem de "hyster", Grego para "útero".
Durante muitos séculos, a histeria não era somente uma queixa feminina. Ela foi
atribuída a uma espécie de manifestação da fraqueza moral da mulher, como parte de sua
habilidade em mentir, sua imaturidade, seus caprichos e lágrimas e necessidade de chamar a
atenção.
Por estar atrelada ao sexo frágil, passou a ser um verdadeiro insulto rotular um
homem de histérico. Assim sendo, o chamado sexo forte passou a esconder sua histeria em
sintomas diferente da teatralidade feminoide. Para os homens, parece que a necessidade de
alguma vivência desencadeadora do rompante histérico é imprescindível. Quanto mais
traumática for à vivência pré-surto histriônico, mais aliviado o histérico se sente em seus
pruridos masculinos.
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A etiqueta diagnóstica do Transtorno de Estresse Pós-Traumático parece atender
alguns casos de histeria masculina, onde os sintomas podem ser muito parecidos aos da
histeria feminina, incluindo as paralisias, anestesias, etc. Estes sintomas masculinos seriam
ainda acrescidos de honrosas preocupações hipocondríacas, com medos de afecções
cardíacas, palpitações, dores diversas e vertigens.
Histeria e Depressão:
A associação dos quadros histéricos com a depressão é cada vez mais contundente.
A depressão é um dos diagnósticos psiquiátricos mais comumente associados à histeria nas
últimas pesquisas. Estima-se em que seja em torno de 38% o número de pacientes histéricos
do tipo conversivo que sofrem de depressão.
A pessoa não terá uma crise histérica se não reagir exageradamente ao estímulo,
ela não reagirá exageradamente ao estímulo se não tiver uma grande sensibilidade afetiva a
esse estímulo e não terá uma crise histérica se não tiver um traço histriônico em sua
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personalidade. Assim sendo, podemos considerar a histeria como uma das manifestações
depressivas em personalidades cujo traço histriônico seja proeminente.
Um dado muito curioso no quadro clínico da histeria é que a cultura tem um papel
extremamente importante no aparecimento e na forma dos sintomas. O histérico, por ser
muito sugestionável, idealiza sintomas de acordo com aquilo que representa de verdadeiro.
Isso significa que a doença é intencional e involuntária ao mesmo tempo; há algum
planejamento (inconsciente), mas a pessoa não consegue libertar-se dele voluntariamente.
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Nos serviços de saúde os histéricos tendem a se tornar dependentes de
psicofármacos e analgésicos, bem como responderem parcialmente às abordagens
psicoterápicas usuais. Parece que quando eles sentem que podem, de fato, se curarem,
insistem em abandonar o tratamento para manter presentes seus sintomas.
Muitas vezes, diante da constatação clínica de que esses pacientes não têm nada
medicamente palpável, o encaminhamento para a saúde mental funciona como uma espécie
de “vingança” do clínico contra o “corruptor” da ordem médica. Esse encaminhamento é
como se o profissional se libertasse do sentimento desagradável de impotência despertado
pelo paciente. Na prática clínica estes pacientes são encaminhados aos ambulatórios de
saúde mental sob o diagnóstico de poliqueixosos, somatizadores crônicos, portadores de
queixas múltiplas ou doentes psicossomáticos.
Ainda dentro das características dos histéricos que contribuem para a reserva com
que são recebidos pelos serviços de saúde, está a sensação que eles transmitem de
perturbarem a ordem dos serviços. Não é incomum que façam complôs com outros
enfermos, que promovam intrigas e semeiem discórdia entre o pessoal do serviço de saúde.
De fato, a personalidade histérica ameaça e provoca e, apesar de sedutora, não se pode
confiar, pois mente e frustra as expectativas dos médicos, do cônjuge, do amante, dos
parentes, etc.
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normalmente proporcionado pela discrepância entre aquilo que o histérico quer fazer com
aquilo que ele deve fazer, ou ainda, com aquilo que ele consegue fazer ou com a situação
que está acontecendo, o sintoma histérico aparece para proporcionar algum alívio.
Sugestionabilidade e Teatralidade:
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histérica. É sobejamente sabido da atração que as profissões médicas ou paramédicas
exercem sobre os histéricos. Muitas vezes ouvimos de pessoas histéricas frases do tipo:
“...doutor, o senhor tem uma das profissões mais bonitas. Eu sempre quis estudar
medicina...”, “... doutor, só de falar com o senhor já sinto alívio...”
No campo terapêutico, essa característica pode ser benéfica, já que esses pacientes
se tornam dependentes de seu médico e sujeitos a verdadeiras curas milagrosas que
ocorrem por pura sugestão. O lado ruim, é que podem sentir todos os efeitos colaterais dos
medicamentos, complicando a adesão ao tratamento.
Quanto mais o médico se desvia dos sintomas físicos mais a pessoa histérica o
acompanhará e, ao contrário, quando retorna a abordar os sintomas e lhes damos muita
atenção, observa-se um agravamento dos mesmos.
Um dos propósitos desse sintoma na histeria é fazer com que a pessoa assuma o
papel de vítima indefesa diante da situação, provocando sentimentos de dó, pena e
complacência dos outros. De fato, um dos males viciosos da histeria é o fato da pessoa ir
incorporando este sentimento de fragilidade interior, o qual fará com que vá se sentindo
cada vez mais fraca e incapaz.
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situações todas como fazendo parte dos quadros do espectro histérico.
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acinesias, discinesias, cegueira, anestesias e parestesias. Como principal característica
psíquica associada ao distúrbio de conversão, funcionando como uma espécie de
personalidade pré-mórbida ou pré-requisito para a doença, está o transtorno histriônico (ou
Histérico) da personalidade.
Isso pode ser o que acontece, por exemplo, numa paciente que chega torta
(contratura) ao consultório, após ter participado de algumas práticas sexuais com o
namorado, caso essa situação estivesse em choque com seus valores morais. Nesses casos
não existem lesões orgânicas, embora sempre exista a queixa do sofrimento.
TERMO SIGNIFICADO
Toda patologia psíquica que se faz representar
Somatiforme ou Somatoforme
no orgânico ou físico
Quando a parte física envolvida diz respeito aos
Somatização órgãos e sistemas (coração, muscular,
respiratório, vagina...)
Quando a parte física envolvida diz respeito à
Conversão comunicação corporal da pessoa (cinco sentidos,
musculatura, coordenação...)
Quando a parte envolvida diz respeito ao
Dissociação
próprio psiquismo (confusão mental, delírios,
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TERMO SIGNIFICADO
desorientação...)
Doenças determinadas, agravadas ou
desencadeadas por razões emocionais com
Psicossomática
alterações orgânicas constatáveis (asma,
hipertensão, dermatites, diabetes...)
Fonte: Elaborado pelo autor (2015)
O longo itinerário médico das pessoas com transtorno doloroso deve-se à convicção
que eles têm de que deve existir, em algum local, um médico que tenha a "cura" para sua
dor. Eles podem gastar tempo e dinheiro na busca de um árduo objetivo.
Transtorno Neurovegetativo:
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No sistema cardiovascular, por exemplo, pode haver aceleração da frequência sem
nenhuma correspondência clínica. Para ilustrar melhor as diferenças de classificação
podemos dizer que, se fosse uma Somatização no sistema cardiovascular, teríamos uma
palpitação sem aumento da frequência ou uma dor sem alterações orgânicas. Se fosse um
Transtorno Psicossomático do sistema cardiovascular teríamos uma extrassistolia de fundo
emocional eletrocardiologicamente constatável. No transtorno neurovegetativo, por sua
vez, teríamos um aumento da frequência sem causa clínica aparente.
Entretanto, para ser doença, essa preocupação deve causar sofrimento significativo
ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida
do indivíduo.
De um modo geral, qualquer outra parte do corpo pode ser o foco de preocupação,
notadamente os genitais, seios, nádegas, abdômen, braços, mãos, pés, pernas, quadris,
ombros, espinha, regiões corporais maiores, ou tamanho geral do corpo. A preocupação
pode concentrar-se simultaneamente em diversas partes do corpo.
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O mais comum é que a queixa do paciente com transtorno dismórfico corporal seja
específica, como por exemplo, lábio "torto" ou nariz "chato". Por vezes essa queixa pode ser
vaga, do tipo "face caída" ou olhos "inadequadamente fixos". Em vista do seu embaraço com
essas preocupações, algumas pessoas com esse transtorno evitam descrever seus "defeitos"
em detalhes, podendo referir-se apenas à sua "feiúra" geral.
Esses pacientes podem estar sempre tentando disfarçar ou camuflar seu "horrendo
defeito", e fazem isso deixando crescer a barba para encobrir cicatrizes faciais imaginadas,
por exemplo, ou usando chapéu para esconder uma imaginada perda de cabelos, ou ainda
colocar enchimentos em cuecas para aumentar um pênis "pequeno".
O sofrimento e a disfunção frequentemente associados a este transtorno, podem
provocar repetidas hospitalizações e ideação suicida, tentativas ou suicídio completo. O
transtorno dismórfico corporal pode estar associado com Transtorno Depressivo Maior,
Transtorno Delirante Persistente, Fobia Social e Transtorno Obsessivo-Compulsivo
Transtorno Dissociativo:
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denominado de Neurose Histérica do Tipo Dissociativo. A Amnésia Psicogênica é uma das
apresentações desta neurose, assim como a Fuga Psicogênica, o Distúrbio de Personalidade
Múltipla e o Distúrbio de Despersonalização.
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referida como acontecendo a partir de tal momento e durando até tal instante.
Algumas pessoas com esse tipo de histeria podem ter amnésia para episódios, por
exemplo, de automutilação, de ataques violentos ou de tentativas de suicídio. Outras vezes a
amnésia se apresenta de modo bastante súbito em tempos de guerra ou em resposta a um
desastre natural.
Pode haver ainda, uma espécie de amnésia seletiva, quando então a pessoa
consegue recordar alguns, mas não todos, eventos durante um período limitado de tempo. É
o que pode acontecer, por exemplo, com um veterano de guerra capaz de recordar apenas
algumas partes de uma série de experiências de um episódio de combate violento.
Há ainda três outros tipos de amnésia, menos comuns que as duas anteriores; a
generalizada, contínua e a sistematizada. Na amnésia generalizada, o fracasso em recordar
abrange toda a vida da pessoa. Os indivíduos com este raro transtorno em geral se
apresentam à polícia, às salas de emergência ou aos serviços de psiquiatria de hospitais
gerais.
Fuga Psicogênica:
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Há, na Fuga Dissociativa ou Psicogênica, essencialmente, um desejo incontido de se
afastar de experiências emocionalmente dolorosas mas, durante o período em que o
paciente está foragido, pode se comportar de modo aparentemente normal ao julgamento
dos outros. O principal diagnóstico diferencial para a Fuga Psicogênica é o comportamento
do Estado Crepuscular, que pode acontecer na epilepsia do lobo temporal.
Há relatos de casos onde pessoas com Fuga Dissociativa cruzam fronteiras e viajam
milhares de quilômetros. Durante uma fuga, os indivíduos em geral parecem não ter
psicopatologia e não despertam atenções. Em algum momento o indivíduo é levado ao
atendimento médico, geralmente por causa de amnésia para eventos recentes, estado
confusional ou falta de consciência da identidade pessoal. Retornando ao estado pré-fuga, a
pessoa pode não recordar o que ocorreu durante a fuga.
A maioria das fugas não envolve a formação de uma nova identidade mas, quando
isso ocorre, a nova identidade assumida durante a fuga é caracterizada por traços mais
gregários e desinibidos do que aqueles que caracterizavam a identidade anterior.
A pessoa com esse quadro pode assumir um novo nome, uma nova residência e
envolver-se em atividades sociais complexas e bem integradas, que não sugerem a presença
de um transtorno mental. Juntamente com o quadro de Fuga Dissociativa pode haver
sintomas de depressão, disforia, tristeza, culpa, estresse, conflitos, impulsos suicidas e
agressivos.
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Segundo o DSM.IV, nos casos de Personalidade Múltipla existe em geral uma
identidade primária, portadora do nome correto do indivíduo. Com frequência essa
identidade costuma ser passiva, dependente, culpada e depressiva.
Ao invés de sentir-se “possuído” por uma outra personalidade há, aqui, uma
sensação de irrealidade para com o próprio corpo. Entre as causas orgânicas que mais
apresentam o sintoma da Despersonalização está a Epilepsia, a qual deve ser prontamente
distinguida do Transtorno Dissociativo. Normalmente a despersonalização é acompanhada
de grande sensação de ansiedade.
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isto é apenas uma sensação e de não ser realmente um autômato.
Síndrome de Ganser:
A Síndrome de Ganser pode ser considerada a apoteose das histerias. Nesse caso,
se fosse nominalmente possível, o termo mais correto seria Loucura Histérica. Trata-se de
um Transtorno Dissociativo que se manifesta por uma produção voluntária de
sintomatologia psiquiátrica muito severa, exuberante e inusitada. No exame desses
pacientes podemos perceber respostas incoerentes e discurso despropositado, cujo objetivo
é convencer solidamente o observador de que o paciente, de fato, está louco.
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Transtornos Somatoformes:
Apesar dos médicos nada encontrarem de anormal nos pacientes com Transtorno
Somatoforme, as queixas persistem. E quando há alguma alteração orgânica, esta
normalmente não justifica a queixa.
A pergunta que sempre está presente diante de casos histéricos com somatização é
quanto à intencionalidade consciente dos sintomas. Nos Transtornos Somatoformes a
intencionalidade é inconsciente, ou seja, pode haver uma espécie de “planejamento”
inconsciente da sintomatologia, a qual passa a se manifestar involuntariamente. Esse quadro
difere dos Transtornos Factícios e da Simulação, onde os sintomas físicos não são
conscientemente intencionais, isto é, voluntários.
Transtorno de Somatização:
Quem trabalha em saúde está familiarizado com aquele tipo de paciente que
apresenta queixas múltiplas, imprecisas, confusas e difusas. Normalmente começam dizendo
“... não sei nem por onde começar doutor.” Essas pessoas costumam se sentir
inconformadas com resultados negativos dos muitos exames que se submetem.
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A característica principal do Transtorno de Somatização é a elaboração de múltiplas
queixas somáticas pelo paciente, queixas essas recorrentes e clinicamente significativas.
Uma queixa é considerada clinicamente significativa quando resulta ou acaba determinando
algum tratamento médico. Também pode ser considerada clinicamente significativa quando
é capaz de causar algum prejuízo no funcionamento social ou ocupacional da pessoa.
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obrigatoriamente, excluir a existência de alguma doença orgânica real. Não deve ser
negligenciada a possibilidade, mais que comum, dos pacientes somatizados clássicos
portarem, simultaneamente, algum outro transtorno clínico orgânico.
Um dos primeiros passos para o tratamento dos pacientes com somatização deve
ser conscientizá-los sobre a importante participação dos fatores emocionais na
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sintomatologia queixada, tentar uma mudança no significado cultural de suas doenças e
incentivar maior honestidade pessoal sobre sua natureza emocional. O inimigo natural desta
iniciativa tem sido sempre o aspecto depreciativo das ocorrências histéricas, ou o caráter
ficcioso que a sociedade empresta aos componentes psicogênicos dos sintomas, ou ainda, à
falsa ideia de que toda ocorrência psíquica depende da boa vontade do paciente.
Uma história de muitas queixas físicas com início antes dos 30 anos, que ocorrem
por um período de vários anos e resultam em busca de tratamento ou prejuízo significativo
no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes de funcionamento
do indivíduo. Cada um dos seguintes critérios deve ter sido satisfeito, com os sintomas
individuais ocorrendo em qualquer momento durante o curso do distúrbio:
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explicado por uma condição médica geral conhecida ou pelos efeitos diretos de uma
substância (droga de abuso, medicamento).
5.2.1 Esquizofrenia
Além disto, não se deve fazer um diagnóstico de esquizofrenia quando existe uma
doença cerebral manifesta, intoxicação por droga ou abstinência de droga. Os transtornos
que se assemelham à esquizofrenia, mas que ocorrem no curso de uma epilepsia ou de
outra afecção cerebral deve ser codificado; os transtornos que se assemelham à
esquizofrenia, mas que são induzidos por drogas psicoativas devem ser classificados em com
quarto caractere comum.
Esquizofrenia Paranoide:
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perturbações do afeto, da vontade, da linguagem e os sintomas catatônicos, estão ausentes,
ou são relativamente discretos.
Esquizofrenia Hebefrênica:
Esquizofrenia Catatônica:
Esquizofrenia Indiferenciada:
Depressão Pós-esquizofrênica:
Esquizofrenia Residual:
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lentidão psicomotora; hipoatividade; embotamento afetivo; passividade e falta de iniciativa;
pobreza da quantidade e do conteúdo do discurso; pouca comunicação não-verbal
(expressão facial, contato ocular, modulação da voz e gestos), falta de cuidados pessoais e
desempenho social medíocre.
Esquizofrenia Simples:
Outras Esquizofrenias:
▪ Ataque Esquizofreniforme.
▪ Esquizofrenia Cenestopática.
▪ Psicose Esquizofreniforme.
▪ Transtorno Esquizofreniforme.
Hipomania:
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inibições sociais pode levar a condutas imprudentes, irrazoáveis, inapropriadas ou
deslocadas.
Anorexia Nervosa:
Bulimia Nervosa:
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nervosa ocorrido de alguns meses a vários anos antes.
Hiperfagia psicogênica:
Personalidade Paranoica:
▪ Expansiva paranoide.
▪ Fanática.
▪ Paranoide.
▪ Querelante.
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▪ Sensitiva paranoide.
Personalidade Esquizoide:
Personalidade Dissocial:
▪ Amoral.
▪ Antissocial.
▪ Associal.
▪ Psicopática.
▪ Sociopática.
▪ Agressiva.
▪ Borderline.
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▪ Explosiva.
Personalidade Histriônica:
▪ Histérica.
▪ Psicoinfantil.
Personalidade Anancástica:
▪ Compulsiva.
▪ Obsessiva.
▪ Obsessiva-compulsiva.
Personalidade Ansiosa:
Personalidade Dependente:
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Características da personalidade dependente:
▪ Astênica.
▪ Inadequada.
▪ Passiva.
Características da personalidade:
▪ Excêntrica.
▪ Imatura.
▪ Narcísica.
▪ Passivo-agressiva.
▪ Psiconeurótica.
▪ Haltlose (egoístas, irresponsáveis e hedonista).
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e recorrente. E essa recorrência é tão contundente, que raramente ocorre abstinência pelo
resto da vida depois de uma única tentativa de tratamento. As recaídas da drogadicção são a
norma. Portanto, a adicção deve ser abordada mais como uma doença crônica, como se
fosse diabetes ou hipertensão arterial.
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Intoxicação Aguda:
Uso Nocivo:
É um padrão de uso de substância psicoativa que causa danos à saúde. O dano pode
ser físico (como no caso de hepatite decorrente da administração de drogas injetáveis) ou
mental (episódio depressivo secundário a um grande consumo de álcool).
5.3.2 Toxicomania
▪ Irresistível desejo causado pela falta que obriga a continuar a usar droga.
▪ Tendência a aumentar a dose.
▪ Dependência de ordem psíquica (psicológica), às vezes física acerca dos efeitos
das drogas.
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As primeiras 18-24 horas de abstinência:
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REFERÊNCIAS
ANGERAMI, Camon. E a Psicologia Entrou no Hospital. São Paulo: Pioneira, 1995. p.147
FENICHEL, Otto. Teoria Psicanalítica das Neuroses. Rio de Janeiro: Atheneu, 1981. p.131-
155.
FREIRE COSTA, Jurandir. História da psiquiatria no Brasil. Rio de Janeiro, Campus, 1980.
NEMIAH, John C. Fundamentos da Psicopatologia. 2ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1976. P.253
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ANOTAÇÕES: ____________________________________________________________
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