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Estudos de caso Psicopatologia

1) Caracterize as principais alterações quantitativas da CS. Exemplifique.


Pode se destacar como principal caraterística da consciência em alterações quantitativas,
quando ocorrer o rebaixamento do campo de consciência (CS). Neste sentido, o nível de
consciência é rebaixado em condições progressivas com graduações, como por exemplo, a
obnubilação que significa um rebaixamento moderado ou leve da consciência. Neste caso o
paciente responde a um estímulo verbal.
Em outro grau de rebaixamento CS seria o sopor. Quando é possível identificar melhor o
rebaixamento da consciência, pois a fala fica prejudica, o sujeito responde mais a estímulos
dolorosos e ocorre a turvação da consciência.
Por último tem se o nível mais avançado da alteração da consciência que se denomina coma.
Neste grau, não se tem mais respostas diante de estímulos, deste modo teoricamente, não se
tem mais consciência.
Algumas síndromes podem estar associadas ao tipo de alteração quantitativa da consciência,
como delirium: síndrome confusional aguda, em que ocorrem pensamentos confusos e
desorientação temporoespacial, se caracteriza como uma síndrome intensa e em um curto
tempo.
As alterações quantitativas da consciência ocorrem diante de uma etiologia orgânica
comprovada, tais como diabetes, pressão alta, AVC e demência entre outros.
2) Caracterize as principais alterações qualitativas da CS. Exemplifique.
São alterações que ocorrem quando há um estreitamento do campo da consciência, uma
diminuição deste campo, com mudança parcial ou focal do campo. Isso significa que uma
parte do campo da CS fica preservada, normal e outra parte alterada. As principais alterações
são os estados crepusculares que podem estar associados a epilepsia, intoxicações,
traumatismo crânio-encefálico.
Ocorre neste estado uma obnubilação da CS, mantendo a atividade motora coordenada. Esse
estado surge e desaparece de forma abrupta, pode ocorrer atos explosivos violentos com
episódios de descontrole emocional. O estado segundo é um estado psicopatológico
semelhante aos estados crepusculares, porém com uma natureza mais psicogenética, fatores
emocionais, enquanto no estado crepuscular as causas mais frequentes são orgânicas.
O estado segundo assemelha-se a dissociação da consciência, que já é uma alteração
qualitativa mais avançada. Aqui, na dissociação da CS ocorre uma fragmentação ou divisão
do campo da CS, com perda da unidade psíquica comum do ser humano. São quadros
histéricos, desencadeados por uma ansiedade intensa, desencadeados por acontecimentos
psicologicamente significativos. Pode durar minutos ou horas, muito raro permanecer por
alguns dias. Outras alterações qualitativas da CS são o transe: ocorre uma atividade motora
automática e estereotipada, acompanhada de suspensão parcial dos movimentos voluntários; e
o estado hipnótico: que é uma forma de dissociação na qual o campo de atenção é restritivo a
um único pensamento, sentimento ou ideia, e é induzido por uma outra pessoa.
3) Como se examina a CS?
A CS é um estado mental e será a primeira coisa que devemos avaliar, ou seja, avaliar a
capacidade da pessoa estar desperta, interagindo com o meio, assim como decodificar
estímulos motores e sensoriais. Nesta decodificação dos estímulos há o uso da linguagem
quando a pessoa está responsiva. Em uma definição neuropsicológica, a CS, sendo este estado
de vigilância e com a clareza do sensório, sua avaliação será a partir dessa percepção dos
níveis de CS, e quais alterações ocorrem nesses níveis. A Psicologia irá conceituar a CS como
a soma total das experiências de uma pessoa em um determinado momento, designando um
campo de consciência, com uma dimensão subjetiva da atividade psíquica do sujeito frente a
uma realidade. Aqui as alterações serão percebidas nessa capacidade do Eu de interagir com o
meio e com a realidade presente.

4) Como se examina a atenção?


A atenção será a capacidade da pessoa de selecionar, direcionar, concentrar sua atividade
mental em determinado objeto. A consciência e a atenção estão muito relacionadas, e a
determinação do nível de CS é essencial para avaliar a atenção. A atenção pode ser voluntária:
concentração ativa e intencional da CS sobre um objeto; ou espontânea de acordo com sua
natureza, sendo esta, direcionada por um interesse momentâneo, incidental sobre determinado
objeto. A atenção pode ser avaliada de acordo com a direção, sendo externa: direcionada para
fora do mundo subjetivo do sujeito, usando do sensório, ou voltada para o interior dos
processos mentais do próprio indivíduo, sendo mais reflexiva. De acordo com a amplitude, a
atenção poderá ser focal: quando se mantem sobre um campo determinado, delimitado e
estreito da CS, ou poderá a atenção ser dispersa, quando não se concentra em um campo
determinado. Ao avaliar a tenacidade como uma qualidade da atenção, iremos avaliar
capacidade do indivíduo em fixar e manter sua atenção sobre determinada área ou objeto, em
um tema de conversa ou em um campo de atenção. Já a vigilância será avaliada na qualidade
da atenção que permite ao indivíduo mudar seu foco de um objeto para outro. As alterações
que podem ocorrem com relação á atenção, podem ser hipoprosexia(baixa atenção)
hiperprosexia (alta atenção) e aprosexia( totalmente sem atenção, como nos casos do estado
de coma). A distrabilidade é um estado patológico que se caracteriza por uma marcante
instabilidade e mobilidade acentuada da atenção voluntária.
5) Como se examina a orientação tempo e espaço?
A orientação tempo e espaço é a capacidade do indivíduo se situar quanto a si mesmo e ao
ambiente. Na psicopatologia a orientação se dá alopsíquica e autopsíquica. A primeira diz
respeito a capacidade de orientar-se em relação ao mundo (temporal e espacial). Por exemplo:
“que dia é hoje”. A segunda é a orientação do indivíduo em relação a si mesmo. Por exemplo:
“quem sou eu”.
Através da anamnese o psicólogo tem o primeiro contato com o paciente para entender o
motivo da consulta. Caso necessário o paciente pode ser acompanhado por uma equipe
multidisciplinar e outros exames podem ser realizados para verificar a condição do indivíduo.

6) Como se avalia a vivência tempo e espaço?


O tempo e espaço são dimensões fundamentais de toda a experiência humana. Após o
paciente se submeter a anamnese, exames complementares (caso necessário), o profissional
avaliará a condição do indivíduo quanto a sua vivência tempo e espaço, e conduzirá a melhor
forma de tratamento, caso haja alterações na vivência tempo e espaço. O uso de drogas, casos
de depressão grave, esquizofrenia, ansiedade e TOC podem causar alterações na vivência do
tempo. Na vivência do espaço estados, como, êxtase, maníaco, paranoide e fobias podem
causar alterações. A avaliação também se mostra muito importante entre os idosos que
sofreram acidentes neurológicos ou estão hospitalizados.

7) Avaliação das funções psíquicas acima do caso Neto. Justifique sua avaliação a partir
do filme.
A princípio, Neto não apresenta nenhuma alteração de consciência, mesmo sendo apresentado
pela sua família como pessoa com comportamento violento. Neto se apresenta desperto, tem
respostas, condizentes e hábeis eficientes perante o ambiente físico e social, mediante os
desafios e oportunidades que se apresentam na sua realidade. Não apresenta perda de
consciência, diminuição do campo de consciência ou sua fragmentação em seu cotidiano.
Suas ações comportamentais de adolescente são interpretadas pelo pai como distúrbio
violento, agressivo, rebelde e de intoxicação pelo uso da maconha.
Tendo o filme como referência, Neto vive uma alteração qualitativa da consciência, que
ocorre, após sua internação no hospital psiquiátrico. No ato de sua internação no manicômio,
a primeira ação de tratamento aplicado ao Neto é a medicação do personagem, sem uma única
anamnese realizada pelo médico psiquiatra da instituição.
A contínua medicação ministrada à Neto, é observada em várias cenas e marcada em
constâncias administração por ele mesmo, o que, permite a identificação de um processo
medicamentoso sem avaliação. Diante dessas cenas, podemos intuir o estado crepuscular, em
que ocorrem estreitamento do campo da consciência de forma transitória, bem como o
afunilamento da consciência de Neto. Esses momentos, tem impactos na restrição de seus
sentimentos e representações como sujeito.
Observa-se que ao consumir obrigatoriamente o medicamento, Neto tem suas atividades
motoras coordenadas mantidas, ele se alimenta, se movimenta em atividades diárias, mas a
cada dia se torna mais condicionado com seu corpo. A intoxicação por meio das substâncias
medicamentosas ministradas, vão atuando em seu organismo e no estreitamento do campo da
consciência. Essa ação é aplicada diariamente, sendo diminuída nos dias de visita. Nas cenas
de visitas iniciais da família, tem se a observação da obnubilação leve da consciência (mais ou
menos perceptível) é acompanhada de relativa conservação da atividade motora coordenada,
quando ele se dirige aos familiares e mesmo assim não é ouvido.
Sua vivência no hospital e os tratamentos psiquiátricos a que ele é submetido tal qual o
eletrochoque, continuidade medicamentosa, aplicação de sedativos tem ação em seu campo
de consciência, cada vez mais ele tem a diminuição do grau de clareza sensorial, se apresenta
em lentidão e com dificuldades de concentração. Neto vai desenvolvendo uma dificuldade de
integração com o ambiente por meio das integrações sensoriais e informacionais do espaço.
Neto após um momento de visita da família, implora seu retorno para casa. Ao retornar a sua
cada permanece por um período em seu quarto, observa-se um permanente estranhamento de
sua personalidade, como sujeito, tendo dificuldade de se integra a sim mesmo retornando ao
ambiente familiar. Embora apresente conservação da atividade motora, ele se mantém acuado,
comportamento produzido por motivo de fatores emocionais que se caracterizaram como
choques emocionais intensos. Isso sinaliza um direcionamento a dissociação da consciência,
não percebe como si, apresentando uma fragmentação ou a divisão do campo da consciência e
de sua vontade, uma perda da unidade psíquica comum do ser humano.
Após um tempo, Neto apresenta um nível de consciência que facilita a interação com as
pessoas e possível interação como ambiente, isso o permite pensar no trabalho e sua
capacidade e foco de atenção se direcionam a uma escolha entre estudar e trabalhar. Este
estímulo tem interferência no campo atencional e ele consegue a aplicação e foco.
Neto, após ter contato com uma mulher com quem se relacionou, recebe um ato de
indiferença aos seus sentimentos. Durante um atendimento ao cliente, ele tem contato com
uma fala, firme e característica a de seu pai. Esse momento é um estímulo aos sentimentos
emoções vivenciadas em processo de internato no hospital psiquiátrico. Percebe-se um
estreitamento transitório do campo da consciência. Neste momento ele apresenta um estado
explosivos e episódios de descontrole emocional. Sua ação na sequência e se dirigir a festa,
mesmo com essa fragmentação da consciência, mais ou menos perceptível é acompanhada da
conservação da atividade motora. Contudo, em uma festa que participa o estado se agrava e
ele se comporta violento, quebrando o ambiente.
“O estado “crepuscular” caracteriza-se por surgir e desaparecer de forma abrupta e ter duração
variável, de poucos minutos ou horas”. Durante esse estado, ocorrem, com certa frequência,
atos explosivos violentos e episódios de descontrole emocional.
Neto é internado novamente em outro hospital psiquiátrico, e vivencia outros tratamentos
psiquiátricos que vão interferir em sua consciência, de forma medicamentosa e em cruéis
torturas, cansando uma anulação de sim e tentativa de morte.
8) Caracterize, de acordo com Calderoni, a etimologia do conceito de “pathos” e de
“patico”. Explique a afirmação abaixo: “a psicopatologia e a sua história constituem um
campo vastíssimo que ultrapassa em muito a dimensão da doença mental”.
Páthos - tem o sentido etimológico de passividade e sofrimento, por isso dizemos que o
doente padece.
Pático - se refere ao que é possível aprender na paixão, no sofrimento e na doença.

Há um “trânsito” de conceitos entre a paixão e a loucura e entre loucura e emoção. Dessa


forma, o psiquismo passa por movimentos e tudo que está à nossa volta afeta nossa relação
com o mundo, nos aproxima dos fatos que serão capazes de nos adoecer, ou produzir prazer.
Os desejos podem gerar consequências tais que tanto prazeres quanto sofrimentos ficam lado
a lado diante das inúmeras possibilidades advindas deste universo, vai mais além do que um
conceito específico chamado, doença mental. Os apetites do sujeito não podem ser
considerados como loucura se deslocados do contexto.
9) Psicopatologia é o mesmo que neuropsiquiatria ou psiquiatria biológica? Justifique
sua resposta.
Cada uma tem sua especificidade, embora se entrelacem em diagnósticos, pois cada uma delas
em seu contexto, tem um jeito diferente de olhar para um mesmo sistema, podendo vir a
contribuir com diagnósticos claros. Cada uma das especialidades tem sua autonomia assim,
nesse sentido, a psicopatologia se afasta um pouco da neuropsiquiatria e da psiquiatria
biológica, pois se limita aos fenômenos anormais da mentalidade, através da fenomenologia,
mas também, se aproxima com suas importantes contribuições através da semiologia.
10) Explique a afirmação abaixo: “Se os antigos nos legaram a ideia de que loucura é
paixão, se o cristianismo articulou a paixão com o pecado e ligou a loucura ao
demoníaco, a modernidade dirá que a loucura é desrazão, transformando-a em doença
mental”.
Cada período histórico apresenta em seu contexto as crenças, os valores e os preceitos morais
que estão sendo vivenciados na sociedade. Aquilo que não é de fato palpável, permite ao ser
humano elaborar proposições que estão na linha da ir além, do que ultrapassa os limites do
considerado normal ou aceitável. Este além tem marcações de ideias, sentimentos, sentidos,
crenças e materialidade da realidade. Assim, a loucura está sempre atrelada ao que é difícil de
se explicar, se tocar ou constituir como concreto.
A loucura ocupa o lugar do invisível, e se aproxima do que é considerado anormal, do que não
é considerado aceitável, fora da razão, sendo um estado em que não se é apto a responder por
seus atos, diante do que é quase invisível, excluído. Ao longo do tempo o que se perceve nos
discursos é um processo de anulação não se vê um corpo, um sujeito, não se vê a sua condição
biopsicossocial. Se vê um doente mental que não pode ser curado, mas sim controlado, diante
das condições morais que se juga na sociedade como racional, diante as estruturas,
influencias, ambientes e ações que se determinam nos fatores e fatores biológicos,
fatores psicológicos (estado de humor, de personalidade, de comportamento e fatores sociais
(socioeconômicos, culturais, familiares e outros).

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