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Funções psíquicas são um conjunto de fenómenos interligados que permitem ao ser humano
actividade psíquica, raciocínio desenvolvido, linguagem articulada, inteligência sem esquecer as
dimensões biológicas, sociais, culturais e espirituais.
CURIOSIDADE
Memorize as funções de síntese: COMA
Consciência
Orientação
Memória
Atenção e concentração
1.2. Funções Cognitivas
A cognição permite aos seres humanos ter informaçãodo seu mundo, interagir ultrapassar as
dificuldades da vida quotidiana.
O exame do estado mental pode ser avaliado pelo Mini-Mental State Examination,um dos testes
que avalia um conjunto de funções cognitivas.
Sensação: fenómeno psíquico elementar produzido porestímulos nos órgãos dos sentidos.
Pensamento: fenómeno psíquico através do qual se exprimem as relações externas e internas entre
os objectos do mundo real.
Inteligência: capacidade para pensar, agir de forma racional e lógica.
ATENÇÃO Pacientes podem apresentar sonolência por causa dos efeitos colaterais
dos psicofármacos(antipsicóticos, benzodiazepinas) tornando difícil a
entrevista.
Estado crepuscular: aconduta do paciente durante o episódio é automática que pode ser ordenada
e passiva ou pelo contrário desordenada e violenta. O estado crespuscular é seguido de uma
amnésia em relação ao acontecido. É frequente em pacientes com diagnóstico de epilepsia.
Durante os ataques epilépticos: existe a súbita perda total de consciência seguida de convulsões
tónico clónicas generalizadas (CTCG).
Desorientação no tempo: o indivíduo não sabe dizer o ano, mês, data e dia de semana e período
do dia (manhã, tarde, noite).
Desorientação no espaço: doente não é capaz de identificar a cidade, bairro ou lugar onde se
encontra naquele momento.
ATENÇÃO
O examinador não deve durante a entrevista perguntar “porque é que está aqui
no hospital”. O examinador estaria nesse momento a dar a “orientação” do
paciente em relação ao lugar.
Desorientação autopsíquica: o paciente não é capaz de dizer o seu nome, idade, ocupação, etc.
Desorientação alopsíquica: o paciente não é capaz de dizer o nomes de seus familiares, parentes
próximos, de reconhecer o enfermeiro que presta cuidados, vizinhos, colegas de profissão, etc.
Fenómeno “do já visto”: o indivíduo tem a impressão de que a vivência actual já foi
experimentada no passado. É frequente esquizofrenia onde identifica o médico ou o enfermeiro
como uma pessoa da sua família.
Confabulações: o doente preenche as suas lacunas mnésicas recordando como reais factos e
acontecimentos que não ocorreram.
Alucinações Mnésicas: criações imaginativas que não correspondem imagens de épocas passadas.
Hipervigilância: aumento exagerado da atenção passiva.O doente presta atenção a estímulos não
significativos como por exemplo às alucinações.
EXEMPLO
Pacientes com alucinações auditivas, durante a entrevista paciente não
presta atenção ao clínico mas às vozes (estímulo secundário). Na descrição
do exame psiquiátrico registamosque o paciente está hipervigilante.
A alteração está relacionada com o órgão dos sentidos afectado. As alterações quantitativas são
observadas frequentemente em quadros neuróticos (neuroses ou perturbações de ansiedade).
Parestesias: sensações inadequadas que não tem relação com o estímulo habitual.
Cenestopatias: sensações imprecisas e desagradáveis vindo de órgãos internos como por exemplo
sentir calor nos rins ou formigueiro no fígado.
De acordo com o órgão sensorial afectado podemos falar de alucinações auditivas, visuais, tácteis,
olfactivas e gustativas.
Alucinações autitivas são as mais frequentes. Podem ser simples (ruídos, zumbidos) ou complexas
(voz que repete palavra ou frases completas, ou vozes que mantêm entra elas uma conversa),
audioverbais. Distinguem-se três tipos de alucinações audioverbais nomeadamente a sonorização
do pensamento ou eco do pensamento (ouvir os seus pensamentos); vozes dialogadas (diálogo
alucinatório entre duas pessoas, que falam entre si de temas desagradáveis ou agradáveis, elogiam
ou censuram o doente); vozes que interferem com a própria actividade (dando ordens ou
comentadoras).
Alucinações tácteis frequentes em perturbações mentais tóxicas. Os doentes sentem como que,
pequenos animais como baratas, aranhas, percevejos, pulgas, piolhos e formigas sobre a pele.
Acontece no delírium tremens e os doentes, durante a observação, tentam retirar esses animais e
colocar sobre a mesa para mostrar ao clínico que naturalmente não os vê.
Peudoalucinação: percepção de um objecto ou fenómeno que não está no meio ambiente habitual
(ouvir vozes de pessoas dentro da cabeça).
Roubo de pensamento: o doente acredita que outras pessoas lhe roubam o pensamento e encontra
explicações nas influências telepáticas ou em aparelhos de rádio, internete, através dos quais são
captadas no acto mesmo de serem pensados.
Ideia sobrevalorizada: ideia real, onde o indivíduo atribui um muito valor ou importância a ideia
que na verdade não tem.
Ideia fixa: ideia real que aparece na consciência do indivíduo contra a sua vontade,
persistentemente. É reconhecida como estranha, e a pessoa não consegue afastar-se dela.
Ideia obsessiva: ideia que surge na consciência contra a sua vontade e de forma repetida. É
reconhecida pelo doente como não tendo lógica. O indivíduo tem tendência a rejeitar, mas nessa
luta surge a ansiedade. Exemplos de obsessões incluem pensamentos de que as mãos estão
contaminadas ou que deixou o fogão ligado ou a porta aberta.
Ideia fóbica: medo de um objecto ou situação que não representa um perigo real. O doente não
consegue evitar a presença da ideia nem o medo. O medo é reconhecido como irracional, sendo no
entanto incapacitante. Muitas vezes o paciente adopta atitudes para evitar o situação.
Ideia deliranteou delírio: caracterizada por não ser real nem verdadeira, ser de conteúdo absurdo,
traduzir doença, ser persistente e constante, não se corrigir pela experiência nem argumentação
lógica.Quanto ao conteúdo das ideias delirantes podemos classificá-las em ideias delirantes de dano
ou prejuízo onde outras pessoas conhecidas ou não querem provocar algum dano a si ou a seus
familiares.Ideias delirantes de perseguição com o pensamento de perseguição a si e familiares
pretendendo difamá-lo, maltratá-lo ou mesmo matá-lo.Ideias delirantes de referência onde acredita
que pessoas falam sobre ele, que se riem dele. O doente passa a ser o centro das atenções.Ideias
delirantes de grandeza onde o paciente sente-se superior em capacidades intelectuais e força física,
acreditando ser descendente de uma ilustre família ou ocupar altos postos no exército (delírio
ambicioso), ser autor de invenção de aparelhos especiais e descobertas científicas (delírio de
invenção). Ideias delirantes de auto-acusação em que o paciente acusa-se por crimes ou de morte
de familiares chegados. Frequente na depressão grave.Ideias delirantes de negação onde doente
nega a sua existência. No delírio hipocondríaco há preocupações e queixas de ser portador de
doenças grave (tuberculose, tumor cerebral, SIDA) sem possibilidade de cura. Delírio de ciúmeque
adquire a forma de delírio de infidelidade conjugal. Para o enfermo a sua esposa recebe cartas
secretas, visita indivíduos estranhos.Na rua observa que indivíduos fazem sinais especiais para a
esposa. Começa a duvidar da legitimidade dos filhos. Manifesta-se na esquizofrenia paranóide com
grande significado do ponto de vista médico-legal. O delírio erótico ocorre em artistas de teatro,
cantoras populares, pelos quais o doente encontra-se perdidamente apaixonado.Estão certos de que
são correspondidos e, para reforçar esta crença, interpretam os gestos e o olhar do artista no palco
como provas de amor. No delírio de influência, os pacientes sentem-se vítimas de influências
telepáticas, de radiações, de choques elécticos, colocados à distância, referindo-se a máquinas,
especialmente inventadas, com os quais os inimigos influenciam ou controlam seus pensamentos.
2.2.4. Inteligência
Euforia: estado de ânimo vivenciado com prazer e alegria. A pessoa não consegue explicar ou
justificar a causa de sua alegria.
Moria: estado de alegria própria dos pacientes com atraso mental severo, tumor cerebral.
Disforia: estado de mal humor impreciso, de irritabilidade. Pode ser referido na epilepsia,
demência e depressão.
Abúlia: perda total do desejoou vontadede fazer as actividades habituais embora ainda as realize.
Frequente na depressão grave, esquizofrenia.
Hiperbúlia: aumento exagerado do desejo de fazer as coisas. Observável nos episódios de mania.
Anorexia: perda parcial ou total do desejo de ingerir alimentos. Há uma alteração do instinto de
conservação da vida.
Malácia: perversão do apetite levandoa comer coisas como cinza, madeira, papel, sabão, animais
(largatixas, baratas, monhocas, vermes). Observável noatraso mental grave e na demência senil.
Conduta sexual
Exibicionismo: exibicão publica de órgãos genitais à distância com tendência a repetir nas mesmas
horas e nos mesmos locais. Muitos praticam tal acto nos elevadores, quando apercebem que uma
mulher entra parao elevador sozinha.
Sadismo: tendência mórbida a obter satisfação sexual infligindo dor física ou moral ao parceiro.
Fetichismo: tendência mórbida em obter prazer sexual utilizando um fetiche que pode ser peça de
roupa (roupa interior, fato de bombeiro etc.) ou qualquer outro objecto.
Pedofilia: tendência mórbida em obter prazer sexual com crianças, usualmente no início da
puberdade.
Algofilia: perda da reacção de defesa do paciente perante objectos ou situações que ameacem ou
a integridade e segurança do organismo.
Taquilália: o doente fala rápido e muitas palavras ao mesmo tempo como resultado de uma
aceleração dos processos psíquicos.
Logorreia: discurso rápido com muitas ideias por vezes não relacionadas. Maneira incessante de
falar. Comum nos casos de agitação psicomotora, episódios maníacos e na embriagues patológica.
Ecolália: repetição, como um eco, das últimas palavras que o doente escuta. Observa-se em
doentes catatónicos.
Neologismos: palavras ou grupo de palavras criadas pelos doentes ou palavras já existentes que
são utilizadas com outro sentido ou significado. Sintoma comumna esquizofrenia paranóide.
Afasia motora: incapacidade para emitir palavras por iniciativa própria embora o paciente
compreenda perfeitamente o que lhe dizem.
Ecopráxia: repetição inconsciente dos movimentos e actos que o doente observa no à sua volta.
Actos compulsivos:ritual ou sequência dos movimentos realizado para evitar ansiedade produzida
por pensamentos obsessivos. Observável na perturbação obsessiva compulsiva.
Actos impulsivos: são actos simples, isolados, súbitos, involuntários e sem finalidade.
Negativismo: tendência permanente e instintiva a reagir contra toda solicitação do mundo exterior.
Característico dos quadros catatónicos.
Depois desta descrição o formando está habilitado para fazer o exame psiquiátrico e o diagnóstico
semiológico, juntando alietoriamente sinais e sintomas colhidos na história clínica.
ATENÇÃO
O exame psiquiátrico ou exame do estado mental faz parte do exame objectivo.
Mudanças, tendências, práticas sexuais e vida afectiva: idade da menarca (♀) e caracteres
sexuais secundários,educação sexual, mudanças na adolescência, vícios, namoro, relação sexual,
primeira gravidez, estado de saúde dos filhos, relacionamento conjugal actual.
História da Doença Actual (HDA): ordem cronológicados sintomas, forma de início (súbito,
insidioso) e evolução. Inventário de sintomas psiquiátricos, estado actual do quadro e tratamentos
efectuados.Inquirir sobre seguimento em consultas, medicaçãohabitual econsumo de bebidas
alcoólicas. Fazer a revisão de sintomas gerais (febre, tosse, diarreia, vómitos, emagrecimento).
C. Exame objectivo: exame físico geral (sinais vitais), exame neurológico resumido e exame
psiquiátrico ou exame do estado mental.
O exame do estado mental começa no momento em que o clínico vê o doente pela primeira vez
(entrando para o gabinete de consulta ou no leito na cama, ou mesmo na sala de espera). Na
primeira parte do exame psiquiátrico regista-se o aspecto, atitude, postura, actividade, vestuário e
cuidado no vestir, contacto com o olhar. Atitude refere-se à forma como o doente enfrenta a
entrevista (colaborante, hostil ou demasiado íntimo). Desleixo no vetuário ocorre na depressão,
mania, esquizofrenia, autonegligência (devido a demência ou psicose grave, por exemplo) ou
grandes privações (sem abrigo). Depois regista-se a sequência descrita na semiologia psiquiátrica.
a. Tipo de entrevista
Muita informação é obtida através de questões directas (linguagem verbal) e outra tem de ser
inferida a partir do comportamento do doente (linguagem não verbal).
O doente delirante pode ser desconfiado ou estar assustado. Deverá assegurar-lhe que não corre
perigo. É prudente manter maior distância física e menor contacto com o olhar.
Um doente agitado ou violento causa medo às pessoas à sua volta. É importante transmitir ao
doente que o objectivo é proteger-lhe. Todos objectos perigosos devem ser retirados e, se
necessário, solicitar apoio de mais pessoal para segurança.
Os doentes com depressão têm pouco interesse na entrevista. Devem ser mais estimulados.
Sentem-se geralmente aliviados ao serem abordados sobre ideias de suicídio.
O doente com demência pode não compreender as perguntas, podendo até tornar-se hostil como
defesa para não revelar as suas dificuldades cognitivas.
b. Técnica da entrevista
O clínico deve saber escutar com atenção, mostrando interesse e respeito, orientando a entrevista
de modo a explorar e aprofundar as múltiplas áreas alteradas, os sintomas e sinais evidentes.Deve
sempre assegurar ao doente que as informações que presta são confidenciais.
Síndrome é um conjunto de sinais e sintomas que definem um quadro clínico sem etiologia
específica.O conhecimento dos síndromes permite melhor orientação na conduta terapêutica, antes
mesmo dos resultados dos exames complementres e do diagnóstico nosológico.
LÉMBRA-TE
É tarefa do TM fazer o diagnóstico sindromático das perturbações mentais
agudas, descartar causas médicas ou orgânicas, estabilizar o quadro e
referir para o técnico de psiquiatria ou clínico geral.
Estupor depressivo: surge na depressão grave. Os doentes mantêm-se imóveis e rígidos, com
mutismo e negativismo passivo.
Estupor orgânico: para além da imobilidade há sintoma e sinais de uma patologia orgânica de base.
Furor epiléptico: extrema agitação, destrutiva e agressiva, com amnésia em relação ao acontecido.
9.7. Síndrome Psicopático
Conjunto de aspectos da condutacaracterizados pela dificuldade em adaptar-se à regras e normas
da sociedade. Queixas que evidenciam permanente conflito com a lei.
11.1. CID-10
11.2. DSM-V
Neuroses: grupo de doenças que tem como causa conflitopsicológico. Conceito de conflito,foi
introduzido por Segismundo Feud para explicar como se desenvolvem e como tratar as neuroses.
Nas neuroses há sintomas homólogos ou quantitativos , que podem ser vivenciados qualquer
indivíduo em algum momento na vida como por exemplo reações de medo, reacções de ansiedade,
reacções de excitabilidade, reacções de inibição, insónia. Os sintomas são compreensíveis, existe
uma relação lógica entre a situação e a queixa ou sintoma. Pode-se estabelecer uma relação de
empatia no diálogo clínico-paciente. A desorganização da personalidade é menos profunda.
O indivíduonão perde o contacto com a realidade. Afecta de forma mais focalizada a
afectividade, necessidades de sono alimentação e sexuais. Respondem à psicoterapia.
Psicoses: o indivíduo perde o contacto com a realidade. Existe uma profunda desorganização
da personalidade. Os sintomas são heterólogos ou qualitativos, uma vez presentestraduzem
doença (ideias delirantes, alucinações).Os sintomas são incompreensíveis, não existe uma
relação lógica entre a causa e o sintoma.Esses sintomas não permitem estabelecer uma relação de
empatia na entrevista clínica. Afecta de forma difusa os fenómenos psíquicos, incluindo esfera
cognitiva, afectiva e da conduta. Respondem ao tratamento com antipsicótico.
Não existe uma causa única para o aparecimento de doença mental mas um conjunto de factores.
Uma mesma causa pode produzir efeitos diversos no mesmo indivíduo ou em indivíduos
diferentes, de acordo com a sua intensidade, idade do indivíduo e com seu estado psicológico.
Por último, as causas de predomínio psicógeno que resultariam da insatisfação das necessidades
do ser humano, desde as fisiológicasàsde autorealização(pirâmide das nessecidades de Maslow).