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Exame de Cabeça e Pescoço

Cabeça
 Sequência
 Tamanho e forma do crânio;
 Posição e movimentos;
 Superfície e couro cabeludo;
 Exame geral da face;
 Exame dos olhos e supercílios;
 Exame do nariz;
 Exame da região bucomaxilofacial;
 Exame otorrinolaringológico.
1. Tamanho e Forma do Crânio
Em crianças é importante determinar o perímetro craniano. Em relação ao
tamanho, podemos classificá-lo em:
 Macrocefalia: Crânio muito grande, causado normalmente por hidrocefalia.
Também pode ser causado por acromegalia e raquitismo;
 Microcefalia: Crânio muito pequeno, podendo ser congênita, hereditária etc.
Já em relação à forma, existem alterações referentes ao fechamento precoce
(cranioestenose) das suturas:
 Acrocefalia ou Crânio em Torre: Cabeça alongada para cima, pontuda,
parecendo uma torre;
 Escafocefalia: Levantamento da parte mediana do crânio (vértice), parece um
casco de navio invertido;
 Dolicocefalia: Aumento do diâmetro anteroposterior, ficando maior que o
transverso;
 Braquicefalia: Aumento do diâmetro transverso;
 Plagiocefalia: Aspecto assimétrico, saliente anteriormente de um lado e
posteriormente noutro. Pode estar relacionada à posição de dormir.
2. Posição e Movimentos
Aqui entram os torcicolos, os tiques, tremores, movimentos coreicos e o sinal de
Musset (movimentos sincrônicos da cabeça com as pulsações na insuficiência aórtica).
3. Superfície e Couro Cabeludo
A avaliação da superfície e do couro cabeludo consiste na inspeção e palpação
do crânio como um todo, a procura de saliências (tumores, bossas, hematomas e
tumefações), depressões (afundamentos) e pontos dolorosos.
No caso de crianças, as fontanelas podem indicar aumento da pressão
intracraniana (meningite e hidrocefalia), quando salientes, ou até mesmo desidratação,
quando deprimidas.
Vale lembrar que é importante analisar a superfície óssea, pois em algumas
patologias, como a sífilis ou a osteomalácia, essas superfícies ficam afundadas pela
simples compressão (deve ser realizada atrás e acima da orelha).
4. Exame Geral da Face
Durante o exame da face, observa-se simetria, expressão fisionômica ou mímica
facial, pele e pelos.
5. Exame dos Olhos e Supercílios
Os supercílios são bastante variáveis, podendo sofrer quedas (madarose), como
nos casos de mixedema, hanseníase, esclerodermia etc. Já os olhos possuem inúmeras
variáveis passíveis de observação, descritas a seguir:
 Pálpebras
Deve-se verificar a existência de edemas, retração palpebral, epicanto, ectrópio,
equimose, xantelasma (placas amareladas em alto relevo), ptose palpebral (paralisia do
III par, miastenia gravis e síndrome de Claude-Bernard-Horner) e sinal de Bell
(lagoftalmo – paralisia do músculo orbicular palpebral, impedindo o fechamento
ocular).
 Fenda Palpebral
Pode estar normal, aumentada (exoftalmia), ausente/reduzida (ptose palpebral)
ou substituída por uma prega epicântica (mongolismo).
 Globos Oculares
 Exoftalmia: Protrusão do globo ocular, unilateral (tumores oculares e/ou retro-
oculares) ou bilateral (hipertireoidismo);
 Enoftalmia: Retração do globo ocular com redução da fenda palpebral,
comum na síndrome de Claude-Bernard-Horner e na desidratação);
 Desvios: Observados nos estrabismos, podendo ser convergente (paralisia do
VI par) ou divergente (paralisia do III par);
 Movimentos involuntários: Nistagmo é o mais frequente, sendo mais
perceptível quando o paciente olha para os lados e para longe (pode ser
congênito ou adquirido).
 Conjuntivas
São róseas com uma rede vascular levemente desenhada. Podem ficar pálidas
(anemia), amareladas (icterícia) e hiperemiadas (conjuntivites). Também deve-se
investigar secreções.
A hiperemia conjuntival pode ser causada por:
 Conjuntivite: Dilatação difusa dos vasos, máxima na periferia do olho;
 Infecção da Córnea, Irite Aguda e Glaucoma Agudo: Vasos radiais em
torno do limbo;
 Hemorragia Subconjuntival: Área vermelha homogênea que se torna
amarelada e depois desaparece.

 Esclerótica, Córnea e Cristalino


Deve-se buscar por alterações de cor. Lembre de não confundir a icterícia com
a cor amarelada na esclerótica de pessoas negras (gordura subconjuntival).

Obs.: As cataratas que tornam opaco o cristalino, aparecem a olho nu como áreas
esbranquiçadas no interior das pupilas.
Obs.²: O pterígio é um espessamento triangular da conjuntiva bulbar que cresce na
superfície externa da córnea.
 Pupilas
 Forma: São arredondadas ou levemente ovaladas, normalmente;
 Localização: Centrais;
 Tamanho: Midríase (dilata), miose (contrai), anisocórica (pupilas de tamanho
desigual);
 Reflexos: Fotomotor, consensual (contração pupilar de um lado com
estimulação do outro), acomodação-convergência (contração das pupilas e
convergência dos globos oculares à medida que se aproxima um foco
luminoso).
 Movimentação Ocular
Faz-se o movimento em “H” ou em “estrela”.
6. Exame do Nariz
Inspeção Externa: Verifica-se a existência de deformidades e indicativos de lesões
(inclusive na pele). Ainda podem ser observadas lesões destrutivas de etiologia
neoplásica ou inflamatória (como na blastomicose e na hanseníase), além do nariz em
sela encontrado na sífilis contraída no período intrauterino. Deve-se observar também a
presença de “batimentos das asas do nariz”, bem como os corrimentos ou fluxos nasais,
juntamente com suas características.
É importante averiguar a permeabilidade do nariz, comprimindo a parede
cartilaginosa de uma das narinas e pedindo para o paciente inspirar, seguindo-se de
palpação sobre os seios paranasais frontal e maxilar (dor indica sinusite).
Obs.: O nariz hipertrófico é observado na acromegalia e no mixedema.
7. Exame da Região Bucomaxilofacial
A região bucomaxilofacial engloba a maxila, a
mandíbula, a cavidade bucal, o complexo dentoalveolar, a
ATM, os músculos da mastigação, as cavidades paranasais e
as glândulas salivares (encontram-se nas regiões média e
inferior).
Por meio de linhas imaginárias que passam entre o cabelo e a testa, pela
sobrancelha, pela base do nariz e pelo queixo, dividimos o rosto em 3 regiões: superior,
média e inferior.
Para melhor examinar o paciente, divide-se o exame em extrabucal e intrabucal.
O exame extrabucal consiste nas análises já discutidas, bem como avaliação da simetria
e da forma das estruturas da região bucomaxilofacial.
É importante palpar também a musculatura da mastigação, principalmente
quando há queixa de dor, em diferentes pontos da extensão muscular. Além disso,
também se palpa a ATM, para o diagnóstico de tendinites (lateral), capsulites e
retrodiscites (posterior). A palpação lateral deve ser digital ou bidigital, 1cm à frente do
trago e a palpação posterior com a polpa digital do dedo mínimo posicionada no interior
da entrada do conduto auditivo, ambas com a boca do paciente aberta e fechada.
 Semiotécnica do Exame Intrabucal
Para realizar esse exame, utiliza-se da inspeção, palpação, olfação e percussão.
Para isso, é importante conhecer as lesões mais frequentes encontradas nessa região,
descritas a seguir:
 Ulcerações
Também chamadas de úlceras aftosas, podem ser maior, menor e herpetiforme.
Elas podem ser causadas por traumatismos, desnutrição, microrganismos, corpos
estranhos e má higiene bucal. Normalmente são benignas, podendo desencadear um
processo inflamatório na região;
 Nódulos
São lesões bem delimitadas com superfície lisa, podendo gerar sinais de
inflamação. Engloba as neoplasias benignas (lipoma, papiloma etc.), granuloma,
desenvolvimentos anormais do toro palatino/mandibular etc.;
 Vesículas e Bolhas
São manifestações comuns de doenças de natureza infecciosa, traumática, como
no rompimento dos ductos glandulares e autoimune, como no caso do herpes e do
pênfigo;
 Manchas e Placas
Podem ser resultantes de fatores endógenos ou exógenos. Manchas vermelhas
podem ser oriundas de condições vasculares (malformações), traumáticas, infecciosas e
distúrbios potencialmente malignos. Manchas acastanhadas podem indicar produção
excessiva de melanina, focal ou difusa. O sarcoma de Kaposi, uma das manifestações
da AIDS, pode apresentar-se como mancha escura na boca, especialmente palato.
 Exame dos Lábios
Os lábios devem ser inspecionados e palpados para se averiguar coloração,
forma, textura e flexibilidade, assim como a presença de lesões. Eles apresentam uma
semimucosa (vermelhão do lábio – exposta ao lado externo) e uma mucosa (reveste os
lábios internamente).
É preciso averiguar a cor, se há palidez ou cianose, bem como múltiplas
pigmentações (síndrome de Peutz-Jeghers).
A presença de uma linha fibrótica esbranquiçada pode um sinal precoce de
queilite actínica, apresentando-se normalmente no lábio inferior, sendo considerada uma
lesão potencialmente maligna. A anomalia congênita mais usual é a fenda labial (lábio
leporino).
É importante pesquisar, também, a presença de edema, como em edemas
alérgicos, herpes labial, lesões ulceradas.
A mucosa labial normal é úmida, brilhante, rósea mais intensa que na
semimucosa. Apesar de lisa, ela tem várias irregularidades devido às glândulas salivares
menores. É importante distender os lábios para observar a mucosa até a região de
transição para a mucosa que reveste a borda alveolar (fundo de vestíbulo), bem como a
região do freio labial. É possível encontrar também um excesso de tecido labial,
chamado de “lábio duplo”, com formação de uma prega (pode ser congênito ou
adquirido).
 Exame da Cavidade Bucal
 Semiotécnica
Uma das condições essenciais para analisar a cavidade bucal é uma boa
iluminação, bem como uma espátula para afastar as mucosas e a língua. É importante
retirar próteses removíveis antes do início do exame.
Para se examinar a cavidade oral, utiliza-se a inspeção e a palpação, juntamente
com o olfato e a percussão. Também é preciso ter um conhecimento sobre as várias
mucosas presentes na boca, descritas a seguir.
 Mucosa Jugal
Possui uma coloração róseo-avermelhada e relativamente homogeneizada. A
afecção mais encontrada é a afta. É composta por várias estruturas, como:
 Carúncula: Fica na altura do segundo molar;
 Linha alba: Área de atrição entre os dentes;
 Grânulos de Fordyce: Glândulas sebáceas ectópicas parecendo múltiplas
pápulas amareladas/esbranquiçadas, podendo ser confundidas com placas
leucoplásicas.;
 Pigmentações melânicas.
Em crianças é comum encontrar a estomatite por candidíase (sapinho) – parece
placas brancas, múltiplas e ligeiramente elevadas, parecendo um “leite coalhado”. Essas
lesões são facilmente desprendidas do tecido, deixando uma ferida avermelhada e
dolorida. Já as placas brancas não raspáveis sem relação com outras causas podem
indicar leucoplasias.
As manchas de Koplik – minúsculas manchas esbranquiçadas circundadas por
uma aréola vermelha e situadas quase sempre na bochecha.
Fissuras nas comissuras labiais (queilite – também pode ser causada pela
deficiência no complexo B) são observadas em pacientes com dentaduras inadequadas,
favorecendo a proliferação de microrganismos.
 Palato Duro
Para a inspeção do palato duro (“céu da boca”), o paciente deve inclinar cabeça
para trás e abrir a boca. Em colorações normais apresenta-se com coloração rosa-pálido,
esbranquiçada com uma textura firme. Principais estruturas:
 Pregas palatinas transversais;
 Papila incisiva;
 Rafe do palato;
 Fossetas palatinas;
 Toro palatino.
As lesões mais frequentes incluem ulcerações traumáticas, candidíase,
neoplasias das glândulas salivares menores, fendas palatinas, sarcoma de Kaposi etc.
Manchas enegrecidas podem ser causadas por mercúrio presente em restaurações de
amálgama presentes na mucosa.
 Palato Mole
É a parte móvel do palato (posterior), apresentando coloração rósea mais intensa
que o palato duro. Os músculos do palato possuem diversas funções, como: deglutição
(tensor do véu palatino, palatoglosso e elevador do véu palatino), respiração
(palatofaríngeo) e fonação (músculo da vulva).
Mudanças na coloração frequentemente refletem hábitos do indivíduo (cor
amarelada pela alta ingesta de caroteno, ou vermelho-escura associada ao tabagismo).
 Língua
Solicita-se que o paciente abra a boca e coloque a língua para fora, e o médico a
segura pela ponta da língua com uma gaze e observando-a como um todo. Normalmente
tem uma coloração rósea-avermelhada, levemente úmida, ligeiramente rugosa no dorso
e na margem lateral, lisa e brilhante na sua face inferior. Ainda é possível observar
algumas estruturas anatômicas:
 Papilas filiformes: Terço anterior (Ápice da língua);
 Papilas fungiformes: Terço médio e posterior;
 Papilas circunvaladas: Terço posterior;
 Tonsila lingual: Base da língua;
 Papilas folhadas: Borda lateral;
 Veias;
 Frênulo da língua.
As alterações encontradas mais frequentemente na língua são:
 Língua saburrosa: Acúmulo de substância branco-acinzentada ou
amarelada em sua superfície, relacionado com a má-higiene. Em tabagistas
essas substâncias podem adquiria uma cor acastanhada devido à nicotina;
 Língua seca: Indica alteração do fluxo salivar e/ou desidratação, podendo
ainda ser devido a uma reação medicamentosa;
 Língua lisa: Nota-se uma superfície lisa do dorso lingual, ao invés de sua
rugosidade característica. A atrofia das papilas fungiformes/filiformes é uma
das causas dessa alteração, como anemia e desnutrição proteica;
 Língua pilosa: Os pelos aqui correspondem às papilas filiformes alongadas,
e a cor varia de amarelada à preta;
 Língua geográfica: Designação dada quando se percebe áreas
avermelhadas irregulares, delimitadas por bordas esbranquiçadas e
circinadas. As áreas avermelhadas correspondem à atrofia epitelial,
contrastando limites esbranquiçados (normais);
 Língua fissurada: Caracterizada pela presença de sulcos irregulares,
podendo estar associada à falta de vitamina do complexo B. Isso favorece o
acúmulo de saburra, ardência e queimação, principalmente com alimentos
ácidos;
 Língua crenada: Apresenta suas margens marcadas pelo contorno dos
dentes, devido a uma maior pressão exercida pelos limites dentários. Pode
estar associado à macroglossia, hábitos de sucção da língua ou cavidade
bucal pequena;
 Macroglossia: Língua grande, pode ser causada por hipotireoidismo,
acromegalia e amiloidose;
 Língua trêmula: Tremor lingual, suspeitar de hipertireoidismo, alcoolismo
e parkinsonismo;
 Desvio da língua da linha mediana;
 Glossite: Inflamação generalizada da língua, caracterizada basicamente pela
vermelhidão. Paciente reclama de dor/desconforto causado por alimentos
quentes.
 Assoalho Bucal
O assoalho é examinado por inspeção e palpação bimanual. O paciente deve
levantar a língua para melhor examinação. Os tecidos devem se apresentar hidratados,
ricos em vascularização. Pode-se identificar as seguintes estruturas:
 Carúncula sublingual;
 Pregas sublinguais;
 Frênulo lingual.
 Reborda Alveolar
É a porção óssea da maxila e da mandíbula que contém os dentes e seus tecidos
de suporte. A perda precoce dos dentes leva a reabsorção da reborda e dificuldade para
reabilitação com próteses.
Sua avaliação deve ser feita pela inspeção visual, direta e indireta, além da
palpação (analisar também volume e regularidade). Já os dentes devem ser avaliados
morfologicamente, números e integridade.
O toro mandibular é a alteração óssea mais frequente, já a dentária é a cárie e a
dos tecidos de suporte, a doença periodontal.
 Gengivas
Para examinar as gengivas utilizam-se a inspeção e a palpação. Devemos
analisar cor, consistência, forma, desenvolvimento e presença de lesões. As gengivas
normais têm coloração róseo-avermelhada, são firmes e não apresentam lesões de
qualquer natureza.
A palidez significa perda da coloração normal, podendo significar anemia.
Também pode ser cianótica, traduzindo maior quantidade de hemoglobina reduzida no
sangue. Já na icterícia, as gengivas se tornam amareladas. O local mais adequado para
verificar a icterícia é nas proximidades do freio lingual.
Podemos observar também hipertrofia gengival, ficando rugosas e passando a
cobrir parte do dente (podem ser observadas na leucemia).
As gengivites são causadas por placas bacterianas, tornando-se avermelhadas,
esponjosas e facilmente sangráveis.
No caso da doença periodontal (periodontite) ocorre a afecção tanto da gengiva
quanto do osso de suporte que sofre reabsorções e formam as bolsas periodontais.
 Dentes
Deve-se observar o número e o estado dos dentes, incluindo-se o
reconhecimento de próteses dentárias porventura existentes. Em crianças, observa-se se
o aparecimento dos dentes está ocorrendo de forma normal.
Também deve-se observar o alinhamento da arcada dentária, observando se há
alguma deformação mandibular/maxilar.
 Glândulas Salivares
As glândulas salivares podem ser maiores e menores. As menores são difusas,
espalhadas por toda a cavidade. Já as maiores compreendem as glândulas parótidas,
submandibulares e sublinguais. Em condições normais elas não são visíveis, tornando-
se intumescidas e doloridas em processos inflamatórios e na obstrução dos ductos
salivares. Pode-se realizar a estimulação manual dessas glândulas (“ordenha”).
 Músculos da Mastigação
Os músculos da mastigação são compostos por masseter, temporal, pterigoideos
e digástrico. O exame deles é feito junto com o exame da ATM.
 Articulação Temporomandibular (ATM)
A ATM difere-se das outras devido às suas superfícies não serem recobertas por
cartilagem hialina, mas sim por tecido fibroso avascular. Ela deve ser examinada por
inspeção, palpação e ausculta, em repouso e durante sua movimentação. Também se
avaliam a abertura da boca, desvios e sinais de tumefação, dor e ruídos.
Desposicionamentos do disco articular podem levar a instabilidade, ruídos, limitações
da abertura bucal (limitação da função), assimetrias dos movimentos mandibulares e
dor. A presença de dor à palpação lateral da articulação sugere presença de capsulite e
tendinite; dor à palpação posterior da ATM (via canal auditivo externo) pode ser
compatível com retrodiscite.
8. Exame Otorrinolaringológico
Para realizar esse exame, basta uma lanterna, uma espátula e um otoscópio. O
exame é feito por meio da inspeção e palpação. Deve-se procurar por ulcerações,
abaulamentos, nódulos, variações de cor e modificações morfológicas, bem como
possíveis secreções.
 Orofaringoscopia
Para tal exame, é necessário ter uma lanterna e um abaixador de língua,
permitindo a visualização das seguintes estruturas:
 Rinoscopia
Exame nasal. Para tal, utiliza-se um espéculo nasal (um instrumento que permite
uma maior abertura do orifício nasal), permitindo a visualização do vestíbulo, septo e
cornetos. É interessante permitir que o paciente incline sua cabeça para trás, de modo a
facilitar o exame, bem como levantar o ápice do nariz com o polegar, enquanto o resto
da mão repousa sobre a cabeça do paciente. A mucosa normal é úmida, rósea e lisa.
 Otoscopia
Exame do conduto auditivo, realizado com um otoscópio. O otoscópio permite a
visualização da mucosa, da pele, dos pelos etc. Também é possível visualizar, ao fundo,
a membrana timpânica, côncava, brilhante, de cor perolada e fixa ao cabo do martelo.
Analisa-se sua integridade, cor, aspecto, forma e contorno.
 Laringoscopia
Analisa-se a base da língua, a cartilagem epiglótica, a hipofaringe e o interior da
laringe, onde vemos as pregas vocais.
 Doenças Mais Comuns
Amigdalite, rinites, sinusites, otites, laringites, cerume, câncer de laringe e
corpos estranhos compõe as doenças mais habituais dessa região.
 Amigdalite aguda: Infecção das amigdalas palatinas, causada normalmente
pelo estreptococo beta-hemolítico (difteria é um tipo de amigdalite aguda);
 Rinite catarral aguda: Infecção das fossas nasais, com congestão das
mucosas e acúmulo de secreções;
 Sinusite aguda: Prolongamento da infecção nasal aguda aos seios da face;
 Otite média aguda: Infecção da orelha média, geralmente decorrente de uma
infecção respiratória;
 Rolha ceruminosa ou epitelial: Acúmulo de cerume ou de descamação
epidérmica, obstruindo o conduto auditivo externo;
 Laringite: Processo inflamatório da laringe, com tosse acompanhada de
secreção catarral/purulenta e rouquidão;
 Câncer da laringe: Acomete mais comumente as pregas vocais, tendo como
sintoma inicial a rouquidão (mais frequente em tabagistas). Caso seja tratado
precocemente, tem índice de cura em quase 100%.
 Corpos estranhos;
 Outras doenças: Tonturas, náuseas, vômitos etc.

Pescoço
O pescoço normal tem formato quase cilíndrico, de contorno regular, com duas
leves saliências ocasionadas pelo músculo esternocleidomastoideo (separa o triângulo
anterior e posterior do pescoço) e uma central, que é o pomo de adão (proeminência
laríngea da tireoide).
De acordo com o biotipo do paciente, o pescoço pode sofrer algumas variações.
Assim, nos brevilíneos o pescoço é curto e grosso, enquanto nos longilíneos é alongado
e fino. Já em relação ao sexo, notamos apenas a proeminência laríngea que é mais
acentuada nos homens.
 Sequência
 Pele;
 Forma e volume;
 Posição;
 Mobilidade;
 Turgência ou ingurgitamento das jugulares;
 Batimentos arteriais e venosos.
1. Pele
Deve-se ficar atento para os sinais flogísticos (dor, edema, calor, rubor) e
fistulização nas áreas que recobrem os linfonodos, bem como cicatrizes.
2. Forma e Volume
Alterações na forma e no volume decorrem de aumentos da tireoide (bócio), dos
linfonodos (sua hipertrofia leva ao surgimento de saliências lateralmente às áreas em
que se situam), das parótidas (fazem proeminências na parte lateral alta, atingindo a
parte lateral da face) e da presença de tumores (deformam de forma irregular o
pescoço).
3. Posição
O pescoço se localiza medianamente, seguindo o eixo da coluna, e a alteração
mais frequente é o torcicolo. Além disso, afecções na coluna podem causar um desvio
do pescoço.
4. Mobilidade
Dentro da mobilidade temos a movimentação passiva e ativa. Para avaliar a
mobilidade do pescoço, pede-se ao paciente para ele realizar movimentos de flexão,
extensão, rotação e lateralidade, anotando-se a existência de contratura, resistência e
dor. A rigidez da nuca é indicativo da irritação meníngea.
5. Turgência ou Ingurgitamento das Jugulares
A turgência das jugulares tem grande valor diagnóstico na hipertensão venosa,
um sinal de insuficiência ventricular direita.
Sinal de Kussmaul: Aumento da amplitude da pulsação jugular durante a inspiração
(insuficiência ventricular direita, estenose tricúspide, pericardite constritiva etc.).
6. Batimentos Arteriais e Venosos
Pulso carotídeo e pulso venoso.
Reflexo Hepatojugular: Aumento da turgência jugular (> 4 cm) das veias jugulares
quando se faz compressão de 10s sobre o fígado, com o paciente em decúbito dorsal
com elevação da cabeça (indicador de insuficiência ventricular direita).
Exame da Tireoide
 Semiotécnica
Existem duas formas de se abordar o exame de tireoide: anteriormente ou
posteriormente. Independente da manobra, pede-se para o paciente realizar algumas
deglutições enquanto se palpa a glândula (ela se eleva ao deglutir). Além disso, a flexão
do pescoço ou rotação para um dos lados relaxa o esternocleidomastoide, facilitando a
palpação.
 Abordagem Anterior
Paciente sentado ou em pé e o examinador sentado ou em pé em sua frente. Com
os dedos indicadores e médios palpa-se a glândula, enquanto os polegares garantem
apoio ao se fixarem no tórax do paciente. Aqui, a mão palpa o lado oposto (mão direita,
lobo esquerdo etc.)
 Abordagem Posterior
Paciente sentado e o examinador de pé atrás dele. As mãos rodeiam o pescoço
com os polegares fixos na nuca, e a ponta dos dedos indicadores e médios quase se
tocarem na linha mediana. Aqui, a mão palpa o lobo correspondente (mão direita, lobo
direito).
 Características a Serem Analisadas
 Volume: Normal ou aumentado, difuso ou segmentar. Qualquer aumento é
designado bócio;
 Consistência: Normal, firme, endurecida ou pétrea;
 Mobilidade: Normal ou imóvel (aderida aos planos superficiais e
profundos);
 Superfície: Lisa, nodular ou irregular;
 Temperatura da pele: Normal ou quente;
 Frêmito e sopro: Presente(s) ou ausente(s);
 Sensibilidade: Dolorosa ou indolor.
Em pessoas normais, a tireoide é lisa, elástica, móvel, indolor, temperatura
normal da pele e sem frêmito. As alterações possíveis de serem encontradas indicam a
existência de bócio, processo inflamatório e neoplasias. Se a tireoide estiver aumentada,
deve-se fazer ausculta da região correspondente.
 Bócio
A alteração mais comum da tireoide é o bócio, que pode ser difuso ou nodular.
Eles são classificados em tóxicos (com hipertireoidismo) e não tóxicos (sem
hipertireoidismo). O bócio não tóxico é o puberal e o endêmico, causado por deficiência
de ingestão de iodo. Já no bócio difuso (ou hipertrofia difusa), a glândula está
aumentada em sua totalidade, incluindo o istmo e os lobos laterais, não sendo
verificados nódulos isolados palpáveis. As causas incluem doença de Graves (bócio
toxico), tireoide de Hashimoto e bócio endêmico.
O bócio nodular pode ser único, correspondendo a um cisto, tumor benigno ou
maligno, ou multinodular, no qual observam-se dois ou mais nódulos. Este tipo de bócio
pode ser neoplásico ou não neoplásico (hipertrofia). Para uma diferenciação segura, e
necessária investigação complementar (ultrassonografia e punção-biopsia).

Obs.: O exame físico da tireoide não permite caracterizar o hiperfuncionamento da


glândula. Isso é conseguido com outros dados do exame clínico e por meio de exames
complementares apropriados.
Obs.²: A presença de frêmito e sopro indica um fluxo sanguíneo aumentado e é bastante
sugestiva de bócio tóxico.
 Tireoidites
 Tireoidite aguda: É um processo inflamatório decorrente de invasão
bacteriana da glândula;
 Tireoidite subaguda: Pode ser causada por vírus ou por agressão autoimune;
 Tireoidite de Hashimoto: É uma doença autoimune, decorrente da agressão o
tecido tireoidiano por anticorpos. Na fase inicial, pode determinar hiperfunção
tireoidiana, frequentemente evoluindo para hipotireoidismo;
 Tireoidite de Riedel: É muito rara e sua fisiopatologia é desconhecida.

Exame dos Linfonodos


Os exames físicos dos linfonodos só permitem a palpação de linfonodos
superficiais. Eles se dividem em:
 Grupo Ganglionar da Cabeça e do Pescoço: Na região cervical, os linfonodos
são classificados em seis níveis, dentro dos triângulos anatômicos do pescoço.
Na região da base do crânio e na face estão localizadas as seguintes cadeias
ganglionares: occipital, pré-auricular, retroauricular, parotídea e faciais/bucais.
 Grupo Ganglionar dos Membros Superiores
 Linfonodos axilares;
 Linfonodos epitrocleanos.
 Grupo Ganglionar dos Membros Inferiores
 Linfonodos das virilhas;
 Linfonodos poplíteos.
 Grupo Ganglionar do Tórax
 Grupo Ganglionar do Abdome.

 Semiotécnica
O exame dos
linfonodos se faz por meio da
inspeção e da palpação, um
método completando o outro.
A palpação é realizada com as
polpas digitais e a face ventral
dos dedos médio, indicador e
polegar. No caso da
extremidade cervical,
ajustasse a cabeça em uma
posição que relaxe os
músculos do pescoço,
inclinando levemente a
cabeça para o lado que se
deseja examinar.
Os linfonodos
cervicais são mais facilmente
palpáveis com o examinador
posicionado atrás do paciente.
Os linfonodos da cadeia
jugular são mais bem examinados apreendendo-se o músculo esternocleidomastoideo
entre o polegar e os dedos indicador e médio de uma das mãos.
Complementa-se o exame utilizando as polpas digitais da mão direita para a
palpação dos linfonodos do nível I. Para o exame dos grupos ganglionares do nível V,
com a mão esquerda segurasse delicadamente a cabeça do paciente, em ligeira rotação,
utilizando-se as polpas digitais da mão direita executando-se movimentos circulares,
delicadamente, na região correspondente aos linfonodos.
A palpação dos linfonodos das cadeias bucal, parotídea, pré-auricular,
retroauricular e occipital deve ser feita por compressão bidigital (estrutura mole contra
estrutura rígida), utilizando a polpa dos dedos indicador e médio, executando-se
movimentos giratórios.

 Palpação
Para a palpação dos linfonodos axilares, retropeitorais e epitrocleanos, o
examinador deve se colocar à frente do paciente. Com o paciente sentado ou de pé, o
examinador segura o membro superior do lado a ser examinado, ligeiramente fletido,
com a mão do mesmo lado a ser analisado. A fossa axilar será examinada com a mão
oposta ao lado a ser analisado, em posição de garra. Deve-se executar deslizamento
suave com a pele contra o gradil costal da região axilar e infra-axilar, na região anterior,
medial e posterior da fossa axilar.
A palpação dos linfonodos retropeitorais é realizada com o examinador em
frente ao paciente, e, com a mão em pinça, procede-se à compressão e ao deslizamento
em toda a face posterior acessível do músculo grande peitoral.
A palpação dos linfonodos epitrocleanos se faz em continuação à palpação dos
linfonodos axilares e retropeitorais. Para isso, mantém-se o membro superior do
paciente em flexão, segurando o antebraço com a mão do mesmo lado a ser analisado.
Com a mão contrária, em posição de “pinça”, procede-se à compressão e ao
deslizamento da goteira epitrocleana. Geralmente, apenas um linfonodo é palpável neste
local.
Para palpar os linfonodos inguinais, o paciente deve estar deitado, com a região
a ser examinada despida, sendo a palpação dos linfonodos inguinais ou crurais feita com
os dedos do examinador em extensão, deslizando suavemente, em movimentos
circulares ou lineares.
A palpação dos linfonodos poplíteos é realizada com o paciente em decúbito
ventral, com a perna semifletida. O examinador mantém os dedos estendidos ou em
garra. Cumpre ressaltar que os linfonodos desta região raramente são palpáveis.
Completa-se a investigação examinando o trajeto linfático. Havendo linfangite,
surgem na pele finas estrias vermelhas.
 Características Semiológicas
Em condições normais, os linfonodos são individualizados, móveis, indolores e
de consistência borrachosa. Durante a inspeção, analisa-se os seguintes pontos:
 Localização;
 Tamanho/Volume: Entre 0,5 - 2,5 cm;
 Coalescência: Massa formada pela junção de 2+ linfonodos;
 Consistência: Endurecido (processos neoplásicos ou inflamatórios com
fibrose) ou mole (processo inflamatório e/ou infeccioso com formação
purulenta;
 Mobilidade;
 Sensibilidade;
 Alteração da Pele: Sinais flogísticos e de fistulização.

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