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Universidade Federal de Rondônia

Núcleo de Saúde – Departamento de Medicina


Internato I – Sáude da Família

CEFALEIAS

Interna: Caroline Moreira Nicochelli


EPIDEMIOLOGIA

Mais de 90% da população tem ou já teve algum tipo de cefaleia.

Dos doentes que procuram um pronto-socorro, 16% o fazem pela cefaleia.

Mais de 75% das mulheres e 55% dos homens sentirá pelo menos uma
cefaleia intensa durante a vida.

Em mais de 90% dos casos a cefaleia não significa um problema grave.


CLASSIFICAÇÃO
CEFALEIAS PRIMÁRIAS
1) Enxaqueca ou migrânea

2) Cefaleia tensional

3) Cefaleia em salvas e outras cefaleias trigemino autonômicas (hemicrania paroxística,


hemicrania contínua e cefaleia de curta duração, unilateral, neuralgiforme com hiperemia
conjuntival e lacrimejamento).

4) Outras cefaleias primárias: em facadas, do esforço físico, da tosse, associada a atividade


sexual, persistência e diária, cefaleia trovoada primária, hemicrania contínua, cefaleia
hípnica.
CLASSIFICAÇÃO
CEFALEIAS SECUNDÁRIAS
1) Associada a trauma craniano
2) Associada a distúrbios vasculares
3) Associado a distúrbio intracraniano não vascular
4) Associada ao uso de substâncias ou a sua retirada
5) Associada a infecção não cefálica
6) Associada a distúrbios metabólicos
7) Associada a estruturas do crânio ou da face
8) Neuralgias cranianas, dor facial neuropática e dor facial central
CEFALEIAS SECUNDÁRIAS
ANAMNESE

Localização:
Localização: definir
definir se
se aa dor
dor éé holocraniana,
holocraniana, bilateral,
bilateral, unilateral,
unilateral, retro-orbital,
retro-orbital, occipital,
occipital, cervical
cervical ou
ou localização
localização mais
mais
específica;
específica; avaliar
avaliar se
se éé sempre
sempre no
no mesmo
mesmo lugar
lugar ou
ou muda
muda conforme
conforme aa crise.
crise.

Duração:
Duração: idade
idade de
de início
início ou
ou há
há quanto
quanto tempo
tempo oo paciente
paciente apresenta
apresenta aa dor;
dor; se
se aa dor
dor éé contínua
contínua ou
ou episódica,
episódica, duração
duração
de
de cada
cada episódio,
episódio, frequência
frequência das
das crises
crises ee modo
modo de
de início
início (súbito
(súbito ou
ou insidioso).
insidioso).

Características/intensidade
Características/intensidade da
da dor:
dor: definir
definir como
como éé aa dor
dor (em
(em aperto/pressão
aperto/pressão ou
ou latejante),
latejante), ee intensidade
intensidade (leve,
(leve,
dor
dor que
que não
não atrapalha
atrapalha asas atividades
atividades rotineiras;
rotineiras; moderada,
moderada, dordor mais
mais intensa,
intensa, que
que atrapalha
atrapalha as
as atividades
atividades rotineiras,
rotineiras,
mas
mas não
não impede
impede sua
sua realização;
realização; forte,
forte, dor
dor que
que impede
impede oo indivíduo
indivíduo de
de prosseguir
prosseguir com
com atividades
atividades rotineiras;
rotineiras; muito
muito
forte
forte ou
ou excruciante).
excruciante).
ANAMNESE
Sintomas
Sintomas associados:
associados: identificar
identificar sintomas
sintomas prodrômicos,
prodrômicos, duração
duração ee se
se persistem
persistem com
com aa dor.
dor. Avaliar
Avaliar se
se fatores
fatores como
como
luz,
luz, barulho
barulho ou
ou cheiros
cheiros pioram
pioram ouou atrapalham
atrapalham oo paciente
paciente durante
durante aa dor.
dor. Questionar
Questionar outros
outros sintomas
sintomas associados,
associados, como
como
náusea
náusea ouou vômito,
vômito, congestão
congestão nasal,
nasal, lacrimejamento,
lacrimejamento, olho
olho vermelho,
vermelho, diplopia,
diplopia, sintomas
sintomas visuais,
visuais, tontura,
tontura, perda
perda de
de
força,
força, parestesia,
parestesia, febre,
febre, tosse,
tosse, etc.
etc.

Fatores
Fatores desencadeantes:
desencadeantes: identificar
identificar sintomas
sintomas desencadeantes,
desencadeantes, como
como estresse,
estresse, privação
privação de
de sono,
sono, jejum
jejum prolongado,
prolongado,
álcool,
álcool, cafeína,
cafeína, período
período menstrual,
menstrual, uso
uso de
de medicamentos,
medicamentos, tipos
tipos de
de alimentos
alimentos ou
ou outros,
outros, fatores
fatores agravantes
agravantes ee de
de alívio.
alívio.

Tratamentos
Tratamentos realizados:
realizados: identificar
identificar tratamentos
tratamentos utilizados
utilizados ee se
se fez
fez tratamento
tratamento profilático
profilático para
para cefaleia.
cefaleia. Se
Se paciente
paciente
está
está usando
usando analgésico
analgésico duas
duas ou
ou mais
mais vezes
vezes por
por semana,
semana, suspeitar
suspeitar de
de cefaleia
cefaleia por
por abuso
abuso de
de analgésico.
analgésico.
SINAIS DE ALARME

A primeira ou pior cefaleia da vida ou início súbito

Cefaleias de início recente

Cefaleia nova após os 50 anos

Cefaleia associada a alterações do exame neurológico,


rebaixamento do nível de consciência, rigidez de nuca ou
febre
SINAIS DE ALARME

Cefaleia após traumatismo de crânio

Cefaleia de esforço

Cefaleia progressiva ou refratária ao tratamento

Cefaleia nova em paciente com história de neoplasia,


infecção pelo HIV ou coagulopatias
EXAME FÍSICO

Avaliar se pressão arterial e/ou temperatura estão elevadas

Oroscopia, otoscopia e avaliação dos seios da face na presença de


sintomas associados

Palpação cervical e do crânio em busca de hipertonia muscular


cervical, pontos dolorosos
EXAME FÍSICO

Palpação trajeto da artéria temporal superficial pensando em


diagnóstico diferencial
de arterite temporal em pacientes com mais de 50 anos.

Palpação da articulação temporomandibular (ATM).


EXAME
NEUROLÓGICO

 Exame do estado mental: nível de consciência normal, deprimida ou hiperalerta.


 Exame dos pares cranianos: (I) Olfatório, (II) Óptico: acuidade visual e campo visual; (III e IV)
reflexo pupilar, (V) Trigêmeo: sensibilidade facial, reflexo corneano, teste motor facial e simetria
facial.
 Exame motor: prova dedo-nariz; Rebote.
 Exame sensorial: Romberg;
 Reflexos: Babinski.
 Sinais de irritação meníngea: a rigidez de nuca pode estar associada à meningite ou hemorragia
subaracnóidea.
INVESTIGAÇÃO
DIAGNÓSTICA

RM é mais sensível que a TC, sobretudo para avaliar os tecidos moles

TC tem mais valor na demonstração de sangue no espaço subaracnóideo ou no


parênquima encefálico

RX simples do crânio podem demonstrar fraturas e aumento dos diâmetros da sela turca

RX dos seios da face são indicadas quando houver suspeita de sinusopatia e as da coluna
cervical, quando houver história de traumatismos
INVESTIGAÇÃO
DIAGNÓSTICA
Indicações de exame de LCR

Cefaleia de início súbito (após a Cefaleia acompanhada de sinais de


execução da TC do crânio) infecção

Suspeita de sangramento ou processos Suspeita de pseudotumor cerebral ou


inflamatórios hipotensão liquórica

Cefaleia
Cefaleia em
em doente
doente com
com síndrome
síndrome dede
Cefaleia associada a déficits de nervos
imunodeficiência
imunodeficiência adquirida
adquirida (SIDA)
(SIDA) na
na ausência
ausência
cranianos de
de lesões
lesões com
com grande
grande efeito
efeito de
de massa
massa
RESUMINDO...
ENXAQUECA
ENXAQUECA

25% dos
6 a 7% dos 18 a 20% das
enxaquecosos
homens mulheres
com auras

Fatores desencadeantes: estresse emocional, alimentos, medicamentos,


substâncias inaladas, estímulos luminosos, problemas do sono, fadiga, jejum.
Ansiedade, pânico, depressão e transtornos bipolares são comorbidades comuns
das enxaquecas.
Critérios diagnósticos de migrânea (enxaqueca) sem aura

A. Pelo menos cinco crises preenchendo os critérios de B a D


B. Cefaleia durando de 4 a 72 horas (sem tratamento ou com tratamento ineficaz)
C. Cefaleia preenche ao menos duas das seguintes características:
1. Localização unilateral
2. Caráter pulsátil
3. Intensidade moderada ou forte
4. Exacerbada por, ou levando o indivíduo a evitar atividades físicas rotineiras
D. Durante a cefaleia, pelo menos um dos seguintes sintomas:
1. Náusea e/ou vômitos
2. Fotofobia e fonofobia
E. Não atribuída a outro transtorno
Critérios diagnósticos de migrânea (enxaqueca) com aura
A. Pelo menos duas crises que preenchem os critérios de B a D
B. Aura consistindo em pelo menos um dos seguintes:
1. Sintomas visuais completamente reversíveis, incluindo características positivas
(p. ex.,luzes tremulantes, manchas ou linhas) e/ou características negativas (p. ex.,
perda visual)
2. Sintomas sensitivos completamente reversíveis, incluindo características
positivas (p. ex., formigamento) e/ou características negativas (p. ex., adormecimento)
3. Alteração da linguagem (afasia) completamente reversível
C. Pelo menos dois dos seguintes:
1. Sintomas visuais homônimos e/ou sintomas sensitivos unilaterais
2. Pelo menos um sintoma de aura desenvolve-se gradualmente
em cinco minutos e/ou diferentes sintomas de aura ocorrem em
sucessão de cinco minutos
3. Cada sintoma dura entre 5 e 60 minutos
D. Cefaleia que preenche os critérios de B a D para migrânea sem aura
começa durante a aura ou dentro de 60 minutos do início dela
E. Não atribuída a outro transtorno
Tratamento da crise
de leve intensidade
Tratamento da crise de
moderada intensidade
Tratamento da crise
de forte intensidade
Profilaxia de crises

CLASSE MEDICAMENTO RECOMENDAÇÃO CONTRA INDICAÇÃO

Beta bloqueador Propanolol 40 mg HAS Asma, DPOC, insuficiência


Ansiedade cardíaca, doença vascular
periférica

Antidepressivo tricíclico Amitriptilina 25 mg Depressão Infarto, arritmia, epilepsia


Distúrbio do sono

Anticonvulsivantes Topiramato 25-200mg/dia Teratogênico


Valproato de sódio 500-
1500 mg/dia
CEFALEIA TENSIONAL
CEFALEIA
TENSIONAL

Critérios diagnósticos para cefaleia tipo tensão

A.
A. Cefaleia
Cefaleia tem
tem pelo
pelo menos
menos duas
duas dasdas seguintes
seguintes características:
características:
1.
1. Localização
Localização bilateral
bilateral
2.
2. Caráter
Caráter emem pressão/aperto
pressão/aperto (não(não pulsátil)
pulsátil)
3.
3. Intensidade
Intensidade fraca
fraca aa moderada
moderada
4.
4. Não
Não éé agravada
agravada porpor atividades
atividades físicas
físicas rotineiras
rotineiras como
como caminhar
caminhar ou
ou subir
subir escadas.
escadas.
B.
B. Ambos
Ambos osos seguintes
seguintes
1.
1. Ausência
Ausência de de náusea
náusea ou ou vômitos
vômitos (anorexia
(anorexia pode
pode ocorrer)
ocorrer)
2.
2. Fotofobia
Fotofobia ouou fonofobia
fonofobia (apenas
(apenas uma
uma delas
delas pode
pode estar
estar presente)
presente)
C.
C. Não
Não atribuída
atribuída aa outros
outros transtornos
transtornos
TRATAMENTO

Crises de leve
Demais crises
intensidade
Profilaxia de crises

Profilaxia das crises


Amitriptilina 10 a 150 mg/dia
Nortriptilina 50 a 150 mg/dia
Imipramina 25 a 150 mg/dia
Clorimpramina 25 a 150 mg/dia
Mianserina 15 a 30 mg/dia
Fluoxetina 20 a 60 mg/dia
Sertralina 50 a 100 mg/dia
CEFALEIA EM SALVAS
CEFALEIA EM
SALVAS

Fatores desencadeantes:
nitrato, álcool, sono alterado

Mais frequente em homens


CEFALEIA EM
SALVAS
TRATAMENTO

Sumatriptano: 6 mg/dia via subcutânea ou 20 mg via inalatória

Oxigênio a 7 litros por minuto por 15 minutos com máscara facial

Não oferecer Paracetamol, AINEs e opioides

Orientação dos pacientes sobre hábitos que desencadeiam as crises


Profilaxia de crises

360 a 480 mg
diariamente
40 mg, iniciando-se
a retirada após três
dias de tratamento,
seguindo o ritmo de
5 mg/dia
RESUMINDO...
ACOMPANHANDO
O TRATAMENTO
REFERÊNCIAS
1. CLÍNICA MÉDICA, volume 6: doenças dos olhos, doenças dos ouvidos, nariz e garganta, neurologia, transtornos mentais –
2ed- Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Barueri, SP: Manole, 2016.
2. Pinto,MEB; Wagner, HL; Klafke A; Ramos A, Stein AT, Castro, FED, Pereira, CF; Sarmento, E. Cefaleias em adultos na atenção
primária à saúde: diagnóstico e tratamento. Projeto diretrizes, 2009.
3. Classificação Internacional de cefaleias 3ª Edição – 2014.
4. Escola de Saúde Pública de Santa Catarina Bibliotecária responsável: Eliane Maria Stuart Garcez – CRB 14/074. Eventos
agudos na atenção básica – cefaleia. UFSC. Florianópolis, 2013.
5. Deusvenir de Souza Carvalho. O uso do topiramato na enxaqueca. RBM Abr 13 V 70 N 4 págs.: 144-149. São Paulo, 2013.
http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=5361 Acesso em: 28 de janeiro de 2018.
6. Resumo Clínico de Cefaleias. TelessaúdeRS/UFRGS 2016. Porto Alegre – RS.

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