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Manifestações clínicas:
- Dor abdominal → variação de sua intensidade ou distribuição e início dos sintomas como náuseas e vômitos podem
indicar complicações da úlcera; se de início brusco e intensa pode indicar perfuração
- Dor epigástrica → desconforto em queimação ou corrosivo
- Dispepsia constante, não mais aliviada por alimentos nem antiácidos ou que tem irradiação para as costas → pode
indicar úlcera penetrante.
- Períodos de acalmia: desaparecimento da dor por meses ou anos, intercalados por outros sintomáticos.
Complicações
- Sangramento gastrointestinal: complicação mais comum; fezes escurecidas ou vômitos em borra de café indicam
sangramento; deve-se fazer estabilização hemodinâmica com cristaloides e hemoderivados associado a IBP parenteral.
Falência na erradicação com a terapia tríplice inicial requer emprego do tto de resgate:
- IBP (omeprazol 20mg 12/12) + levofloxacino (500mg/1x dia) + amoxicilina (1g 12/12h) por 10 dias ou
- IBP + levofloxacino + furazolidona/claritromicina (200mg 12/12h) por 7-10 dias.
Controle erradicação: mínimo 8 semanas até término tto; deve-se fazer teste respiratório com ureia marcada e,
quando indicada, nova EDA: teste da urease e histologia.
TTO cirúrgico:Indicados com intratabilidade clínica Positivo → TTO por 14 dias:
PACIENTE < 45 sem Pesquisa de H. pylori por teste terapia combinada
Indicados com
sinais de alarme respiratório de ureia (não invasivo)
Negativo → IBP por 4
semanas; se refratário
solicita EDA
PACIENTE > 45 anos EDA + teste respiratório de urease
com SINAL DE (invasivo)
ALARME UG: biopsia com 4 amostras
UD: não biopsia
IBP por 4-6 semanas; se HP tto
-se cicatrização >/= 50% combinado por 14 dias →
prolonga tto por 45 dias reavaliar com nova EDA Cicatrização/resolução →
-se cicatrização < 50% troca seguimento
ou aumenta dose de
medicação por 45 dias Reavaliação endoscópica→ avalia algoritmo de
refratariedade → considerar cirurgia
Maria Carolina Gomes Medrado
2019/1
*H.pylori: pode ser considerado FR para adenocarcinoma de
esôfago. A longo prazo causa uma pangastrite atrófica,
Problema 02 - Dispepsia e DRGE levando à redução da secreção ácida pelas células parietais
DRGE do estômago, o que melhora sintomas da DRGE.
Refluxo: deslocamento, sem esforço, do conteúdo gástrico do estômago para o esôfago. O refluxo patológico é interprandial
recorrente, de longa duração, costuma ter sintomas como pirose e regurgitação.
- Mais prevalente em idosos, sintomas mais frequentes e intensos em pessoas obesas (IMC é fator de risco de relação direta
com a gravidade da DRGE). Gestação é fator de risco;
Fisiopatologia
Defesas: barreira antirrefluxo, mecanismos de depuração intraluminal e resistência intrínseca do epitélio.
- Barreira: possui esfíncteres interno e externo, sendo que, o relaxamento transitório (não relacionado à deglutição) e que
ocorre no esfíncter interno, é o principal mecanismo fisiopatológico.
- Resistência: defesa pré-epitelial (muco+bicarbonato+água), defesa epitelial (junções intercelulares firmas que dificultam
retrofusão de íons e substâncias tamponadoras intersticiais), defesa pós-epitelial (suprimento sanguíneo)
- Hipotonia do EEI (<10mmHg): pode ser justificada pela esclerose progressiva, lesão cirúrgica do EEI, tabagismo, uso de
drogas, gestação. A esofagite erosiva é capaz de diminuir o tônus do EEI por agressões repetidas.
- Hérnia de hiato: favorecem refluxo de forma que o EEI não consegue mais ter o apoio da musculatura diafragmática como
reforço mecânico a sua função de barreira;
- Acid pocket: nos pacientes com DRGE a maioria dos episódios de refluxo ácido ocorre nas 3h após refeição. Entretanto,
durante a refeição, pela mistura do alimento à secreção gástrica e ocorrendo neutralização de pH ácido, os episódios de
refluxo deveriam diminuir e não aumentar. Isso se deve ao fato de que quando o estômago está cheio, no fundo do
estômago (onde se produz suco gástrico), parte desse suco fica por cima do bolo alimentar, formando a bolsa de ácido, que
se localiza próximo à cárdia e é refluído no relaxamento do EEI, no período pós prandial.
Quadro clínico
Pirose (3 primeiras horas após refeições e ao deitar), regurgitação
Sintomas de alarme: anemia
Disfagia, dor torácica
ferropriva e perda de peso e disfagia.
Hipersensibilidade e dor funcional são fatores agravantes
A disfagia sugere estenose péptica ou
Síndromes extra esofágicas: tosse crônica, laringite, asma, erosões dentárias.
adenocarcinoma.
Apresentações clínicas
- Sintomas típicos com EDA normal
- Esofagite erosiva: visualização na EDA que dá diagnóstico de DRGE. Pacientes normalmente queixam-se de odinofagia e tem
hemorragia digestiva oculta, que pode levar à anemia ferropriva.
- Estenose péptica: disfagia esofágica, Mais visualizada no RX do esôfago.
- Epitélio colunar: esôfago de barret → DRGE + esofagite erosiva → substitui epitélio escamoso normal por outro colunar de
padrão intestinal, por conta da cicatrização das áreas lesadas, que é muito resistente ao pH ácido, chamado epitélio ou
esôfago de Barret, assim, ao desenvolver esse epitélio, os pacientes se tornam oligossintomáticos. Deve-se acompanhar com
EDA, na ausência de displasia a cada 3-5 anos. Anual ou terapia endoscópica na displasia de baixo grau, e terapia endoscópica
na de alto grau.
*ASMA pode ser uma complicação da DRGE → ou o refluxo é a causa única para broncoespasmo ou apenas exacerba uma
asma já existente. Faz-se pHmetria de 24h em pacientes sem sintomas típicos, ou teste terapêutico com IBP em dose dupla
por 2-3 se com sintomas típicos.
Diagnóstico
- Anamnese: pirose (pelo ou menos 1x/semana, por um período mínimo de 4-8 semanas)
- Resposta à prova terapêutica: redução de 50% dos sintomas, após 1-2 semanas de uso de IBP → PRINCIPAL TESTE
CONFIRMATÓRIO
- EDA (identifica complicações; não é exame de rotina); pHmetria de 24h (padrão ouro, porém NÃO é rotina);
esofagonometria (auxilia planejamento cirúrgico), esofagografia Baritada (caracteriza hérnias de hiato).
Tratamento
- Modificações estilo de vida como evitar alimentos gordurosos, álcool, pimenta, alimentos derivados do tomate, evitar
alimentos ácidos.
- Elevar cabeceira da cama, evitar ingerir alimentos antes de deitar; reduzir peso.
- TTO empírico com inibidores da acidez
Farmacológico: inibidores da secreção gástrica ácida → não impedem refluxo, porém atenuam seus sintomas e possibilitam
cicatrização de esofagite: usa-se principalmente IBP
1. IBP: bloqueiam via final para secreção de ácido pelas células parietais do estômago. Escolha para pacientes muito
sintomáticos ou com esofagite ou outras complicações. EX: omeprazol, pantoprazol, esomeprazol 20-40mg; 1-2x ao dia.
2. BH2: bloqueiam receptores nas células parietais gástricas, inibindo 1 das 3 vias de estímulo neuroendócrino à secreção
ácida. Menos eficaz que IBP; EX: ranitina (75-150mg 2x ao dia/ cimetidina 200-400mg 2x ao dia)
3. Antiácidos: neutralizam diretamente acidez, não interferindo na secreção cloridopéptica das células parietais.
*Procinéticos: bromoprida, domperidona, metoclopramida → principalmente para pacientes com outras queixas
dispépticas (náuseas, saciedade precoce, plenitude pós-prandial) além dos sintomas do DRGE.
Cirúrgico: na refratariedade ao tto clínico e em pacientes que não podem utilizar IBP em longo prazo.
DISPEPSIA FUNCIONAL
Síndrome dispéptica: conjunto de sintomas sugestivos de afecção do trato digestivo superior. Sintomas incluem epigastralgia
(tipo úlcera), desconforto epigástrico, plenitude e empachamento pós-prandiais, saciedade precoce, sensação de distensão
do abdômen superior.
Dispepsia secundária: pacientes com sintomas da síndrome dispéptica, onde se identifica causa orgânica, doença sistêmica
ou anormalidade metabólica. Inclui-se: dispepsia associada a doença péptica, neoplasias, doenças biliopancreáticas, DM,
doenças cardiovasculares.
Dispepsia funcional: ROMA IV
Queixas dispépticas durante os últimos 3 meses, e que se iniciaram, no mínimo, 6 meses antes
do diagnóstico.
Deve ter 1 ou mais desses sintomas:
- Plenitude pós-prandial
- Saciedade precoce
- Queimação epigástrica
- Dor epigástrica
Esses sintomas devem estar presentes sem evidências de doença sistêmica, orgânica ou
metabólica, com ausência de lesões estruturais (incluindo EDA) que possam justificar os
sintomas.
Não deve haver evidências de que os sintomas melhoram ou estejam associados a alterações
no ritmo intestinal ou nas características das evacuações.
Epidemiologia
- Mais prevalentes no sexo F; podem surgir em qualquer idade.
- Problema sanitário e socioeconômico por sua cronicidade, alta prevalência e ausência de tto satisfatório.
Classificação
1. Síndrome do desconforto pós prandial: predomina sintomas de empachamento pós-prandial e/ou saciedade precoce, que
ocorre várias vezes por semana nos últimos 3 meses; Pode ter como características adicionais: distensão do abdome
superior, náuseas pós-prandiais ou eructação. Pode ter dor epigástrica simultânea.
2. Síndrome da dor epigástrica: predomina dor ou queimação localizada no epigástrio, moderada a intensa, intermitente e
que ocorre, no mínimo 1 vez/semana, nos últimos 3 meses. Pode ter como características adicionais: dor do tipo queimação,
Fisiopatologia
Condição clínica heterogênea, com fatores etiológicos como hipersecreção ácida, alterações da motilidade gastroduodenal,
da sensibilidade visceral, da acomodação gástrica, fatores psicossociais, além de gastrite associada ao H.pylori.
Achado mais consistente é o de hipersensibilidade visceral, revelada pela distensão de um balão no interior do estômago.
Pacientes com dispepsia funcional apresentam maior sintomatologia com uma menor distensão.
Dieta: relatos de que alimentos gordurosos, frutas cítricas, condimentos, café e álcool levam ao aparecimento de sintomas,
porém são poucas as evidências confirmatórias.
Motilidade gastroduodenal: a dismotilidade caracterizada por retardo do esvaziamento gástrico, alteração da acomodação
gástrica; fatores psicossociais.
Atividade mioelétrica; Hiperalgesia visceral e alodinia; Secreção gástrica de ácido:
H. pylori: roma IV considera que deve-se associar dispepsia com H.pylori nos casos em que haja melhora ou desaparecimento
dos sintomas após TTO da infecção e não da dispepsia.
Quadro clínico
- Epigastralgia, desconforto epigástrico, náuseas, vômitos, saciedade precoce, plenitude pós-prandial, distensão abdominal e
eructações.
Esses sintomas permitem agrupar 3 principais padrões clínicos de dispepsia:
1. Dispepsia tipo úlcera: dor epigástrica predominante, que alivia com antiácidos, BH2 ou alimento, eventualmente
desperta paciente à noite. Caráter periódico
2. Dispepsia tipo dismotilidade: predomina desconforto abdominal, além de saciedade precoce, náusea, peso epigástrico
pós-prandial, vômito, sensação de gases no abdome sem distensão abdominal.
Dispepsia tipo inespecífica: sintomas vagos e inespecíficos
Emagrecimento, anemia, idade > 55 anos,
Diagnóstico sangramentos (melena e hematêmese),
Necessário pelo ou menos 12 semanas de sintomatologia. febre, icterícia, vômitos frequentes;
ROMA IV: basear em anamnese + exame físico + pesquisa sinais de alarme
- Anormalidades na EDA → dispepsia secundária. Se EDA normal → diagnostica dispepsia funcional ou solicita-se novos
exames conforme indicações específicas. TESTE + e erradicação eficaz → dispepsia associada ao H. pylori
TESTE + e erradicação não eficaz (sem resolver sintomas) → dispesia
Pacientes sem sinais de alarme: funcional
- Considerar inicialmente tto empírico dos sintomas da dispepsia não investigada. Teste empírico de supressão
ácida com IBP (4-8 semanas);
- TTO empírico inicial sem melhora dos sintomas: realizar exames não invasivos para pesquisa de H.pylori
(teste respiratório, antígeno fecal ou sorologia), se + → inicia antibioticoterapia (IBP 4-8 semanas +
claritromicina + amoxicilina - antes do café e do jantar, por 7 dias;
- Se não possível realizar teste não invasivo faz-se EDA com avaliação histopatológica e teste de urease.
Tratamento
- Sintomático; primeiro deve-se tranquilizar paciente quanto ao caráter benigno do quadro, sem desmerecer os sintomas;
Avaliar dieta (saciedade precoce pode ser aliviada com fracionamento das refeições e a plenitude pós-prandial pode ser
aliviada evitando alimentos gordurosos e condimentos).
- Farmacológico: pouco eficaz e aumentam índice de efeito placebo. Pode utilizar antiácidos (sintomas leves e intermitentes),
inibidores da secreção ácida (BH2 ou IBP - preferência por IBP pois são mais eficazes no alívio da dor, por agirem no atuador
final da via de secreção ácida), procinéticos, relaxantes do fundo gástrico (sumatriptano - melhoram sintomas de saciedade
precoce), atb, ansiolíticos e antidepressivos (amtriptilina em doses baixas - melhor para pacientes com síndrome da dor
epigástrica).
globina
PLASMA SRE: destruição hemácias Hemoglobina
HEME
estercobilina urobilina
Fases do metabolismo hepático
1. Captação → bilirrubina não conjugada ligada à albumina chega ao hepatócito e se dissocia, penetrando a célula e
ligando-se a proteínas citoplasmáticas.
2. Conjugação → como a forma não conjugada é insolúvel, ela transforma-se em conjugada, que é hidrossolúvel, para
assim ser excretada do hepatócito para bile. Ocorre pela conjugação da bilirrubina com o glucoronídeo, mediado pela
glucoronil-transferase, sendo assim chamada de bilirrubina direta/conjugada.
3. Excreção → processo em que a bilirrubina conjugada sai do hepatócito para ganhar os canalículos biliares. Processo
dependente de ATP.
*Produção exagerada de BB por hemólise: excreção hepática aumentada, pode aumentar níveis de urobilinogênio
*Situações de hepatite, colestase: secreção hepatobiliar diminuída, diminui níveis de urobilinogênios fecais → fezes claras
(hipocolia/acolia fecal).
Excreção Renal: bilirrubina não é detectada na urina por métodos convencionais.
BI não é filtrada pelo glomérulo renal e BD é filtrada no glomérulo e aparece na urina, assim hiperbilirrubinemia direta leva à
bilirrubinúria.
*Síndrome colestática: aumento nível plasmático ác. biliares → BD excretada pelos rins → intensa bilirrubinúria → COLÚRIA
Icterícia
Manifestação clínica: níveis séricos de bb TOTAL > 2,5mg/dl no adulto e 8-9mg/dl no neonato.
BD direta → por ser hidrossolúvel penetra mais facilmente no tec.conjuntivo, assim a icterícia é mais acentuada do que a
produzida pela BI.
Síndrome ictérica
Colúria + acolia fecal → AUMENTO DE BD.
BI sofre 2 processos no fígado (captação e
conjugação) e a BD sofre 1 (excreção). Maria Carolina Gomes Medrado
2019/1
Síndrome de Gilbert → “GILBERTO”: mais comum em
HOMENS
Crigler-Najjar → ”Cobra naja” = grave
Menor conjugação (aumento BI) Na síndrome de Crigler-Najjar temos uma deficiência
Síndrome - Predomina sexo M moderada/grave da glicuroniltransferase, enquanto que
Gilbert - Leve deficiência da glucoronil-transferase na Gilbert a síndrome é leve.
- Hiperbilirrubinemia indireta leve e persistente
- Icterícia costuma aparecer 20 anos de idade, porém costuma ser leve. Se agrava: após jejum prolongado ou retirada
de gorduras da dieta, exercícios intensos, ingestão de álcool, administração de ácido nicotínico
- Para pensar nessa síndrome, deve-se 1º afastar hemólise por meio da contagem reticulocitária.
- Suspeita-se quando: não há outros sinais ou sintomas sistêmicos; não há hemólise laboratorialmente reconhecida,
provas de função hepática normais, biópsia (não necessária) normal.
- Não necessita de tto.
Síndrome - Grave e resulta da deficiência completa da glucoronil-transferase
de Crigler- - RN: hiperbilirrubinemia indireta até 45 mg/dl (BI passa facilmente barreira hematoencefálica, gerando toxicidade no
Najjar tipo SNC).
I - Provas de função hepática normais
- Cura: transplante hepático
Síndrome - Deficiência parcial (moderada-grave) da glucoronil-transferase
de Crigler- - Níveis séricos de BI relativamente mais baixos (6-20 mg/dl)
Najjar tipo - Icterícia pode não aparecer até a adolescência e complicações neurológicas são raras.
II - Fenobarbital é eficaz, ao contrário da síndrome tipo I, pois na primeira não há resposta a esse medicamento.
Paciente ictérico → confirmar aumento sérico de bilirubinas, notando tipo predominante (BDxBI)
se hiperbilirrubinemia à custa de BI → investigar hemólise → diagnósticos diferenciais: Síndromes de Gilbert e Crigler-
Najjar
se hiperbilirrubinemia à custa de BD: lesão dos hepatócitos ou obstrução das vias biliares (síndrome de colestase)
Exames de Imagem
USG abdome: escolha em casos de colestase, pesquisa de dilatação das vias biliares.
TC abdome: USG não elucidativa e diagnóstico diferencial de patologias envolvendo região biliopancreática.
CRM: sensibilidade diminuída para dectecção de pequenos cálculos ou estenoses no colédoco terminal.
CPRE: superior à USG e à TC para detectar obstruções extra-hepáticas; Escolha na suspeita de coledocolitíase; Intervenção
terapêutica → papilotomia com extração direta de cálculos.
Fisiopatologia
- Formação dos cálculos: como o colesterol não é hidrossolúvel ele precisa de um segundo lipídio para ser solubilizado. São
secretados e lançados na bile como vesículas unilamelares, que são transformadas em micelas mistas: ácidos biliares +
colesterol + fosfolipídios. Assim, quando há excesso de colesterol em relação aos fosfolipídios e sais biliares, persistem
vesículas instáveis ricas em colesterol, que vão se agregar em vesículas multilamelares → precipitação dos cristais.
- Nucleação: supersaturação é um pré-requisito para formação dos cálculos mas não é um mecanismo suficiente, pois o
tempo necessário para que os cristais de colesterol possam sofrer nucleação e crescer é mais rápido que o período durante o
qual a bile permanece na vesícula biliar.
- Hipomotilidade da vesícula biliar: durante jejum ocorre concentração da bile na vesícula biliar, e após a refeição há redução
de até 80% de seu volume pela ação da CCK. Se a vesícula descarregasse completamente toda a bile supersaturada ou que
contém cristais não haveria crescimento de cálculos.
Lama biliar: material mucoso espesso. Sua presença implica: desarranjo do equilíbrio normal entre secreção de mucina pela
vesícula biliar e sua eliminação e ocorrência de nucleação dos solutos biliares. Pode desaparecer com remoção da causa
básica.
Cálculos pigmentares: formados pela precipitação de bilirrubina na bile.
- Pretos: formados na vesícula. Maior relação com pacientes em estados hemolíticos crônicos, cirrose hepática, síndrome
de Gilbert e fibrose cística. Geralmente medem < 1cm.
Tratamento
- Cirurgia:
1. Sintomáticos → CVL (padrão): menor taxa de complicações, menor período de internação;
2. Assintomáticos → colecistectomia profiláticas em crianças, obesos mórbidos candidatos à cirurgia bariátrica, risco
elevado de CA de vesícula biliar (cálculos > 3cm; vesícula em porcelana → calcificação difusa da parede da vesícula
identificada facilmente no RX de abdome: similar a casca de ovo)
- TTO medicamentoso → pacientes com recusa em operar ou em risco cirúrgico proibitivo.
1. TTO da dor biliar com AINES: melhora da dor com maior rapidez.
2. Antiespasmódicos: atuam no relaxamento e no alívio dos espasmos da vesícula. ex: escopolamina.
3. Ursodesoxicolato: dissolve pequenos cálculos. Ineficaz para cálculos pigmentares e ruim para cálculos >5mm.
Contraindicado em gestantes.
4. Pacientes com cálculos pigmentares → analgesia
5. Pacientes com cálculos de colesterol: se pouco sintomáticos e sem complicações pode-se dissolução com URSO.
6. Gestantes: tto de suporte, controle da dor.
7. Sintomáticos, sem cálculos mas com lama biliar → colecistectomia profilática em todos os pacientes com episódios
recorrentes de dor, em que ao menos 2x, se tenha conseguido documentar presença da lama na ocasião de episódio
álgico.
Exame físico
- Avaliação geral
Exames complementares
Laboratório
- Hemograma completo: mostra inflamação e evidencia perdas agudas de sangue.
- Exame de urina: hematúria, piúria e cilindros sugerindo afecções urogenitais ou sintomas de abdome agudo inflamatório.
- Dosagem de eletrólitos: importante nos casos de diarreia e de abdome agudo obstrutivo, assim como cálcio em casos de
pancreatite aguda.
- Glicemia: pode estar aumentado em casos inflamatórios agudos, como na pancreatite. Complicador na presença de
diabetes.
- Proteínas inflamatórias: PCR muito utilizada na avaliação evolutiva e previsão de gravidade da pancreatite aguda.
- Eximas hepatobiliares e bilirrubinas: solicitadas em casos de icterícia e de dor no hipocôndrio direito para diferenciar
colestase e hepatopatias agudas.
- Gasometria arterial e acidose lática: orietam para gravidade do quadro.
- Enzimas pancreáticas: amilase e lipase contribuem para diagnóstico de pancreatite aguda (padrão-ouro).
- b-HCG: descartar gravidez ectópica.
Exames de imagem
- RX: ortostatismo, decúbitos dorsal e lateral. 1º Exame em todos os tipos de abdome, exceto o hemorrágico.
- USG: avaliação rápida e de baixo custo.
- TC: permite identificar pneumoperitônio, padrões anormais das alças intestinais e calcificações. Pode revelar lesões
inflamatórias.
- RM: colangiopancreatofragia por RM → escolha nos quadros de pancreatite aguda com icterícia; pode ser esclarecedora em
quadros de colangite aguda com forte suspeita de litíase biliar.
- Arteriografia: fundamental para diagnóstico precoce de abdome agudo vascular.
- Laparoscopia diagnóstica: em casos de abdome agudo em que não se consegue estabelecer um diagnóstico.
- Laparotomia exploradora: pacientes portadores de quadro de catástrofe intra-abdominal.
COLECISTITE - Dor inicialmente epigástrica, visceral + náuseas e vômito e posteriormente mais intensa e localizada no QSD,
podendo irradiar-se para regiões lombar direita e escapular direita.
- Febre baixa, leucocitose moderada; icterícia intensa no início do quadro
- US abdominal: sinal de Murphy ecográfico + litíase biliar + espessamento da parede vesicular
- TTO cirúrgico; iniciar antibioticoterapia no diagnóstico
ÚLCERA PÉPTICA - Pacientes idosos mais afetados pelo uso crônicos de anti-inflamatórios e AAS.
- Dor inicialmente no epigástrio, seguida de dor abdominal difusa
- Causa mais comum de perfuração
- Dor pode simular apendicite aguda à medida que migra para QID.
- Leucocitose; pneumoperitônio
OBSTRUÇÃO ALTA - Quanto mais alta, mais precoces, frequentes e intensos são os vômitos, menor distensão abdominal e
mais tardia a parada de eliminação de gases e fezes.
- Pior desidratação
OBSTRUÇÃO BAIXA - Quanto mais baixa, maior distensão abdominal, mais precoce para de eliminação de flatos e fezes, por
conta do supercrescimento bacteriano no seguimento obstruído. Vômitos tardios e de aspecto fecaloide.
Fisiopatologia
- Lesão células acinares → liberam enzimas pancreáticas para interstício, que precisam ficar inativas até chegarem ao
duodeno, pois tripsina e outras enzimas têm capacidade de digerir o pâncreas. Para que isso não ocorra, os ácinos
pancreáticos secretam, simultaneamente: INIBIDOR DE TRIPSINA, que inativa tripsina ainda nas células secretoras, nos ácinos
e nos ductos pancreáticos.
Tripsina → ativa outras enzimas proteolíticas, assim, sua inibição gera inibição de outras.
Lesão no pâncreas → bloqueio do ducto: assim, grande quantidade de secreção pancreática se acumula nas áreas
comprometidas do pâncreas → efeito insuficiente do inibidor de tripsina → secreções pancreáticas ativas → digestão do
pâncreas → pancreatite aguda
- Estímulo lesivo: pode provocar fusão dos grânulos contendo as enzimas inativas com vesículas lisossomais, que contêm a
catepsina B (capaz de converter tripsinogênio em tripsina na célula acinar → leva ativação das enzimas proteolíticas) →
enzimas ativas liberadas para interstício → autodigestão.
- Ativação de fosfolipase A e lipase → autodigerem gordura pancreática e peripancreática. Ácidos graxos liberados formam
complexos com o cálcio (saponificação): hipocalcemia da pancreatite.
- Aumento da resposta inflamatória: tripsina ativa fator XII em fator XIIa → ativando sistema de coagulação pela via
intrínseca (formação de microtrombos nos vasos pancreáticos, que podem contribuir para necrose). Ativa também sistema
Etiologias
Pancreatite aguda biliar: passagem de cálculos biliares (geralmente pequenos < 5mm) pela ampola de Vater; parece ser a
causa mais comum. 25-50% dos pacientes com pancreatite aguda biliar apresentam coledocolitíase associada; NÃO se
associa à pancreatite crônica; Mais comum no sexo feminino, obesos, faixa etária de 50-70 anos.
Pancreatite aguda alcoólica: compete com a biliar pela principal causa de pancreatite aguda; indivíduo já etilista (>25 g
etanol/dia) há pelo menos 5 anos (média de 15 anos). Patogênese: estímulo direto à liberação de grandes quantidades de
enzimas pancreáticas ativadas, contração transitória do esfíncter de Oddi, lesão tóxica acinar direta do etanol ou de um
metabólito, formação de cilindros proteináceos que obstruem os dúctulos.
Hipertrigliceridemia: maioria em pacientes diabéticos mal controlados e/ou com hipertrigliceridemia familiar e em
alcoolistas; Outras causas: uso de estrogênio, nutrição parenteral, uso de propofol, hipotireoidismo, síndrome nefrótica.
Níveis a partir de 500mg/dl já podem gerar quadro, porém é mais comum se >1000 mg/dl.
Hipercalcemia: causa rara. PA surge pela deposição excessiva de cálcio no ducto pancreático com ativação prematura de
tripsinogênio.
Drogas: efeito tóxico, reações de hipersensibilidade ou efeito tóxico indireto.
Infecciosas: caxumba, citomegalovírus, hepatite B, salmonela.
Pancreatite aguda idiopática: microlitíase biliar ou disfunção do esfíncter de Oddi.
Quadro clínico
Dor abdominal, náuseas e vômitos.
- Dor: em andar superior do abdome; contínua, pode se localizar em QSD, ser difusa, ou raramente, à esquerda; Disposição
em barra e irradiação para dorso; se mantém por dias; progressão rápida (intensidade máxima dentro de 10-20 minutos)
- Choque e SIRS: paciente pode estar inquieto, agitado e em flexão anterior do tórax para alívio da dor; achados sistêmicos:
febre baixa, sinais de desidratação, taquicardia, e em casos graves, choque e coma; Sinais de SIRS: FC>90bpm; T < 36ºC ou >
38ºC; Leucócitos <4000 ou > 12000; FR >20/min ou PCO < 32 mmHg.
Exame físico
- Revela desde dor à palpação até sinais de irritação peritoneal com descompressão dolorosa (Blumberg) nos casos mais
graves.
- Sinal de Grey-Turner: equimose em flancos Diagnóstico
- Sinal de Cullen: equimose periumbilical Estabelecido pela presença de 2 dos 3 critérios a seguir:
- Paniculite: necrose gordurosa subcutânea 1- dor abdominal típica no epigástrio, em faixa, que pode se irradiar para o dorso.
- Sinal de Fox: equimose na base do pênis 2- elevação de 3x ou mais no níveis séricos de lipase e/ou amilase
3- achados confirmatórios de pancreatite aguda em exames abdominais com cortes
Laboratório
Inespecífico: leucocitose comum (importante critério prognóstico); aumento de proteína C reativa (marcador de gravidade);
hiperglicemia; hipocalcemia; alargamento do TAP e PTTa; Aumento das aminotransferasaes, fosfatase alcalina e bilirrubinas.
Específico:
- Amilase sérica (>500 U/L) → costuma se elevar já no 1º dia (2-12 após início dos sintomas, e se mantem alta por 3-5dias).
- Lipase sérica (>450 U/L) → aumenta junto com amilase, porém permanece alta por um período mais prolongado (7-10
dias).
Exames de imagem
Tomografia computadorizada contrastada (helicoidal)
- Para avaliar presença de complicações, sendo indicada nos quadros graves.
- Pode mostrar: aumento focal ou difuso do pâncreas, borramento da gordura peripancreática e perirrenal, coleções líquidas
peripancreáticas, pseudocistos.
- Quando fazer: após 3º dia do início do quadro (quando complicações, como necrose, costumam estar bem estabelecidas).
INDICAÇÕES
1- Diagnóstico clínico de PA duvidoso
2- Presença de critérios clínicos de gravidade (distensão e dor abdominal, hipertemia > 39ºC e leucocitose)
3- Ranson>/= 3 ou APACHE II >/= 8.
4- Pctes com deterioração clínica a despeito de tto conservador inicial por 72h.
5- Deterioração aguda após melhora clínica inicial.
US
- Pâncreas com sinais ecogênicos clássicos de PA.
- Baixa sensibilidade pela frequente interposição de alças intestinais repletas de gás.
- USG abdominal: método de escolha para diagnóstico de litíase → causa mais comum de PA.
- SEMPRE INDICADA
RX
- Importante exame a ser pedido, principalmente na dúvida entre um abdome cirúrgico ou não.
- Pode revelar derrame pleural à esquerda ou atelectasia em bases pulmonares.
- Pode revelar: alça sentinela, sinal do cólon amputado, dilatação das alças, aumento da curvatura duodenal (aumento da
cabeça do pâncreas).
Prognóstico
- Realizar para guiar melhor a conduta terapêutica.
- Avaliação deve ser feita através de critérios clínicos e laboratoriais validados, classificando pancreatite como leve,
moderada ou grave.
- Se grave → realizar TC com contraste após 72h do início do quadro para detectar presença ou não de necrose bem como
outras complicações.
- Principais escores:
RANSON: 3 ou mais critérios definem PA.
→ 5 critérios na admissão (idade > 55 anos; leucocitose > 16000/mm³; glicose > 200 mg/dl; LDH > 350 U/L; TGO > 250 U/L).
→ 6 critérios durante as 48h iniciais: redução de hematócrito mais de 10%, aumento da ureia > 10 mg/dl; cálcio < 8 mg/dl;
PaO2 < 60mmHg; base excess mais negativo que 4,0; estimativa de perda líquida > 6l.
BISAP
APACHE-II - Aplicação à beira leito
- Considera grave a pancreatite que soma 8 ou mais pontos. - 5 parâmetros: ureia > 44 mg/dl; alteração estado
- 14 parâmetros, sendo 12 variáveis fisiológicas. mental (Glasglow <15); SIRS; > 60 anos; Derrame
- Calculados nas primeiras 24h de admissão. pleural no RX.
- 3 ou + critérios: associação ao aumento do risco de
ATLANTA mortalidade hospitalar.
- Leve: ausência de falência orgânica e de complicações locais ou à distância.
- Moderada: falência orgânica transitória (<48h duração) ou presença de complicações locais e/ou à distância.
- Grave: falência orgânica persistente (>/= 48 de duração)
Tratamento
1- Reposição volêmica, analgesia e dieta zero
2- Definir se forma leve (<3 critérios de RANSON + e APACHE II < 8; ausência de complicações orgânicas sistêmicas) ou forma
grave (RANSONS >/= 3; APACHE >/= 8; presença de complicações) → Só é possível após 48h.
3- Forma grave: orientar conduta posterior pelo resultado da TC contrastada
4- Observar surgimento de complicações tardias
5- Recomeçar dieta enteral no momento adequado
Forma Grave:
- Analgesia: opiáceos, pois a dor em geral é de forte intensidade. Controle com a Meperidina caso ainda assim a dor seja de forte
intensidade, já vimos que é possível o uso de morfina.
- Ressuscitação Volêmica (A medida mais importante!!!): normalizar a diurese, a pressão arterial, a frequência cardíaca e a pressão
venosa central. Na pancreatite grave, pelo menos 6 litros de cristaloide devem ser repostos nas primeiras 24h. O fluido de escolha
pode ser o Ringer lactato ou o soro fisiológico.
- Suporte Nutricional: dieta oral zero por períodos prolongados, tornando necessário outro tipo de suporte nutricional, que deve ser
iniciado de preferência nas primeiras 48h, devido ao estado hipercatabólico da pancreatite grave.
Diarreias agudas
- Mais de 90% dos casos causados por agentes infecciosos, sendo frequentemente acompanhados por vômitos, febre e dor
abdominal.
- 10% por medicamentos, intoxicações, isquemia e outros.
- Agentes infecciosos: transmissão fecal-oral ou ingestão de alimentos ou água contaminados
- Grupos de risco:
1. Viajantes → Escherichia coli, Shigella, Aeromonas, Coronavirus e Salmonella
2. Consumidores de alimentos
3. Imunodeficientes Diarreia aguda
4. Cuidadores de creches e seus familiares - < 14 dias
- Diarreia volumosa, em água de arroz, com cheiro de peixe → PENSAR EM CÓLERA
5. Pessoas em instituições de longa permanência
- DESIDRATAÇÃO: “PESO“ → P (prega); E (estado geral), S (sede), O (olhos) +
pulsos, enchimento capilar, lágrimas, mucosas, débito urinário.
Diarreia por C. difficile
- Disenteria e dor abdominal + pseudomembranas fibrinosas em mucosa colônica +
Maria Carolina Gomes Medrado
colite → megacólon. Pode surgir até 2 meses após antibioticoterapia
2019/1
- Intoxicação alimentar: ingestão de alimentos contaminados por bactérias, fungos, vírus, parasitos ou substâncias químicas.
Intervalo relativamente curto entre ingestão de alimento suspeito e início dos sintomas.
1. Sintomas em < 6h → suspeitar de intoxicação por S. aureaus: náuseas, vômitos intensos, cólicas, diarréia aquosa, em
geral autolimitada e que cessa em algumas horas. tto: reposição hidroeletrolítica VO e sintomáticos.
2. Sintomas em 12-72h → Suspeitar de Clostridium botulinum: clínica depende de quantidade de toxina ingerida e da
resistência do hospedeiro; sintomas discretos ou intensos (náuseas, vômitos, diarreia, que se associam a repercussões
neurológicas que se inicam com alterações da visão. TTo específico com antitoxina e medidas de suporte.
- Rotavírus: gastrenterite viral, principalmente em crianças 6m-2 anos de idade; manifestações desde portadores
assintomáticos a formas graves com desidratação e evolução para óbito. Febre geralmente baixa (1-2dias), vômitos
precedem diarreia, que é aquosa, profusa, amarelada-esverdeada e raramente contém muco (8 ou + evacuações por dia).
VACINA (2-4 meses de vida).
- Diarreia dos viajantes: modo abrupto, 4-6 evacuações por dia + cólicas e náusea; autolimitada, mas pode ser progressiva
evoluindo para disenteria ou até para diarreia crônica.
- Eschericia coli: diarreias dos turistas, que duram > 72h. TTO para estabilização clínica
- Shigella: transmissão pessoa-pessoa, alimentos e água; disenteria clássica: febre, cólicas, diarreia com muco e sangue. 8-10
evacuações por dia . TTO: reidratação, e em casos graves ou paciente vulnerável para agravamento do quadro →
ciprofloxacino 5 dias.
- Salmonella: quadro autolimitado, com febre nos 3 primeiros dias e diarreia por até 10 dias. Pode evoluir com bacteremia,
causando endocardite, meningite, artrite, osteomielite.
Quadro clínico
- Avaliar quando: diarreia profusa com desidratação, fezes francamente sanguinolentas, febre >/= 38,5ºFC, duração > 48h
sem melhora, uso recente de atb, novos surtos na comunidade, dor abdominal grave.
- Abordagem: determinar se é inflamatória (invasiva) ou não inflamatória (não invasiva)
- Exame físico: avaliar estado de hidratação, nutricional, estado de alerta, capacidade de beber e diurese.
1. Dor leve difusa à palpação
2. Ruídos hidroaéreos aumentados - Diarreia > 7-10 dias
- Piora progressiva
- >/= 6 episódios por dia
Diagnóstico - Diarreia aquosa profusa, acompanhada de franca desidratação
- Investigação inicial - Paciente idoso frágil
- Análise microbiológica das fezes - Paciente imunodeprimido
- Solicitar exames quando: - Diarreia adquirida no hospital (internação maior/igual 3 dias)
- Sinais de comprometimento sistêmico (ex: alteração estado
mental, disfunção renal)
- Sinais de diarreia inflamatória ou invasiva
a. Febre (Tax > 38,5ºC)
b. Presença de sangue, pus e muco (disenteria)
c. Dor abdominal muito intensa
Exames a serem pedidos: - EAF (Elementos anormais nas fezes) → pesquisam-se células (hemácias e leucócitos) e muco.
- Coprocultura
- Pesquisa de toxina do C. difficile (se internação ou uso recente de ATB).
- Testes parasitológicos ( 3 amostras de EPF + pesquisa fecal de antígenos de Giardia e Ameba) se:
a. Diarreia > 10 dias
b. Região endêmica
c. Surto com origem em fonte comum de água
d. Infecção pelo HIV
e. Prática de sexo anal
Tratamento
- Paciente com diarreia e hidratado → PLANO A
- Paciente com diarreia e algum grau de desidratação → PLANO B
- Paciente com diarreia e desidratação grave → PLANO C
Soro caseiro: 1l de água filtrada ou fervida + 1 colher de café rasa com sal + 1 de açúcar.
Agente andiarreicos: loperamida. Indicados apenas em diarreias não inflamatórias, pois aumentam chance de complicações.
Investigação inicial
- Caracteriza se alta ou baixa, investigar causas secundárias, fazendo diagnóstico diferencial de diarreia funcional (causas
orgânicas não encontradas, diarreia alternada com constipação, episódios frequentes de cólica abdominal).
- Avaliar perda ponderal, sinal de desnutrição, alternância dos hábitos diarreias e de constipação, início dos sintomas.
- Classificar se:
1. Aquosa- Secretória ou Osmótica: intolerância a lactose, drogas, tumores
2. Inflamatória: enterocolite retoulcerativa, doença de Crohn
3. Gordurosa: pancreatite crônica, doença celíaca, colestase
- Exames inespecíficos → doença funcional ou orgânica?
1. Hemograma: desvio à esquerda, neutrofilia/neutropenia; anemia; deficiência de ferro, deficiência de B12
2. Albumina
3. Ureia e creatinina
4. Provas de atividade inflamatória: PCR, VHS, alfa1-glicoproteínas → aumentados: inflamação
5. Perfil nutricional/metabólico: hipoalbuminemia → perda nutricional
6. Anticorpo antiedomísio Iga: doença celíaca
7. T3, T4 e T4 livre, TSH: hipertireoidismo
8. Estudo das fezes: pesquisa de agentes infecciosos, sangue oculto, gordura, pH fecal.
- Endoscopia: EDA → diarreia alta (doença celíaca, parasitoses); colonoscopia → diarreia baixa(DII, colites)
- Imagem: trânsito de ID (avaliar desordens do jejuno e do íleo); TC com contraste oral (avaliar trânsito do ID).
Diagnóstico
- Identificação da síndrome + exclusão de outras causas
- Sintomas sugestivos → APLICAR CRITÉRIOS ROMA IV →
Hemograma, PCR ou calprotectina, sangue oculto nas fezes, EPF e coprocultura
Critérios para SII e sem sinais de alerta → exames dispensáveis
Colonoscopia quando: diarreia importante (>300ml/dia) como manifestação clínica, para afastar DII; indicada também em
pacientes > 50 anos ou suspeita de neoplasia.
Tratamento
- Suporte psicossocial: explicar benignidade e cronicidade do processo.
- Medidas gerais: atividade física, evitar tabagismo, refeições regulares e não copiosas, diminuir estresse.
- Mudanças dietéticas: evitar alimentos que induzem ou agravem sintomas, como: cafeína, alimentos gordurosos e ricos em
carboidratos, além de maior ingestão de fibras.
- Farmacológico: indicados em casos graves e refratários, sendo individuzalizado.
1. Antiarreicos (loperamida): alteração predominante é diarreia;
2. Anticonstipantes (polietilenoglicol): casos e constiapação predominante. ROMA IV recomenda uso de
secretagogos que agem nos canais de cloro da borda em escova dos enterócitos, estimulante secreção de
água e eletrótio (lubiprostona e linaclotide).
3. Analgésicos antiespasmódicos (escopolamina): se dor em cólica
4. Antidepressivos/psicotrópicos (amitriptilina): contra diarreia e dor abdominal.
Doença Celíaca
- Enteropatia autoimune de caráter permanente, induzida por grãos como trigo, cevada e centeio, que só aparece em
indivíduos geneticamente predispostos expostos ao glúten contido nesses órgãos.
- Glúten: um dos principais componente é a gliadina → fração tóxica diretamente envolvida na gênese da DC.
- Acomete principalmente brancos, e sexo feminino.
- Iceberg → casos clínicos óbvios (tríade clássica de perda ponderal + esteatorreia + meteorismo) são minoria, com a maioria
dos pacientes manifestando quadros brandos ou atípicos que podem passar despercebidos.
Fisiopatologia
- Interação entre ingestão de glúten e fatores ambientais, genéticos e imunológicos.
- Glúten: parcialmente digerido na luz intestinal, assim, para desenvolver doença é necessária alteração da permeabilidade
da parede intestinal.
- Surgimento idioṕático de lesões inflamatórias que ascendem - Pode acometer qualquer parte do sistema digestivo, desde a boca até
homogeneamente pela mucosa do cólon. o ânus.
- Exclusiva do cólon - Provoca alterações patológicas inflamatórias transmurais.
- Exclusiva da mucosa - Pode acometer diferentes locais ao mesmo tempo, separados por
- Tipicamente ascendente e uniforme, sem áreas de mucosa normal trechos de mucosa normal.
entremeadas. - Geralmente se inicia com formação de úlceras aftoides.
- Hiperemia, edema, mucosa friável, erosões, ulcerações e exsudação - Presença de granulomas não caseosos
de muco, pus ou sangue; formação de pseudopólipos. - Ileocolite; colite de crohn; ileíte de crohn; cavidade oral, mucosa
- Proctite → proctosigmoidite → colite esquerda → colite extensa → gastroduodenal.
pancolite - Manifestações variam em função da sua localização no TGI
Manifestações extraintestinais: articulares (artralgias, artrite aguda); cutaneomucosas (eritema nodoso, pioderma
gangrenoso); oculares (uveíte, conjuntivite, episclerite); hepatobiliares (pericolangite, colangite esclerosante); renais
(formação de cálculos); ósseas (osteoporose e osteomalácia)
Complicações
- Sangramentos: macroscópicos são mais frequentes na RCU do que na DC (nessa pesquisa de sangue oculto é positiva na
maioria das vezes).
- Megacólon tóxico, perfuração, peritonite: inflamação compromete a camada muscular. Deve ser tratado de forma clínica
intensiva (corticoide e antimicrobiano de amplo espectro) e ausência de resposta em 12-24h pode indicar colectomia para
evitar perfuração.
Diagnóstico
- Retossigmoideoscopia com biópsias: exame de escolha na suspeita clínica de RCU → comprometimento uniforme e
contínuo, manifesto por perda do padrão vascular da mucosa, exsudatos, friabilidade, ulcerações, granulosidde e
pseudopólipos; Na DC quando o reto tá comprometido mostra “pedras em calçamentos”.
- Colonoscopia com biópsia (RCU): indicada na suspeita de doença grave (> 6 evacuações diárias e sinais sistêmicos).
Contraindicada na suspeita de megacólon tóxico.
- Íleocolonoscopia com biópsias (DC): comprometimento salteado, manifesto por úlceras aftosas.
- Exclusão de infecções bacterianas e parasitárias.
- RX simples: RCU → ulcerações superficiais, pseudopólipos; DC→ ulcerações assimétricas focais, fístulas, preservação do
reto.
- Marcadores sorológicos: p-ANCA→ pacientes com RCU; ASCA → pacientes com DC
Tratamento
- Sulfassalazina: usados nas DII leve-moderada e no tto de manutenção. Não usar em formas graves, pois geram intolerância
gástrica, risco de piorar processo inflamatório.
- Corticoides: usados para controle de formas agudas moderadas ou graves; Nunca usar na manutenção. Opções: prednisona
VO, hidrocortisona EV.
RCU DC
- Dieta: dieta rica em fibras para pacientes com constipação; - Suplementação com ferro, proteínas, cálcio,
pobre em frutas e vegetais frescos, cafeína e carboidratos magnésio, ácido fólico e vitaminas hidrossolúveis,
não absorvíveis para pacientes com cólicas abdominais ou lipossolúveis e B12.
diarreia; reposição de ferro para pacientes com perdas - Exclusão de fibras para estenose intestinal ou
sanguíneas; reposição de ácido fólico para pacientes em tto diarreia
com sulfassalazina. - Exclusão de gorduras para má absorção de gorduras
- Medicamentoso: depende da extensão e gravidade. É - Exclusão de lactose quando intolerante à lactose.
dividido em fase aguda e de manutenção. - Medicamentoso: aminossalicilatos na manutenção;
- Cirúrgico: complicações azitioprina na manutenção das remissões.
RCU → atinge somente mucosa do cólon de forma contínua e ascendente; Pode evoluir para “cano de chumbo”
Diagnóstico? Retossigmoidoscopia (mucosa eritematosa, friável, edemaciada + pseudopólipos) + biópsia (criptites)
DC → pode evoluir para “pedras em calçamento”
DC: diagnóstico → Ileonoscopia (pedras de calçamento, úlceras aftóides) + biópsia (granuloma não caseoso)
Fisiologia da defecação
Fezes → reto → distensão da parede retal → sinais aferentes propagam para plexo mioentérico → ondas peristálticas no
cólon descendente, sigmoide e reto → empurra fezes em direção ao reto.
- Ocorre relaxamento do esfíncter anal interno na medida em que essas ondas se aproximam do ânus, e ai, se o externo
estiver relaxado consciente e voluntariamente ocorre a defecação.
- Necessário ainda reflexo de defecação parassimpático que intensificam as ondas peristálticas e relaxam o esfíncter interno.
Constipação crônica
- Refere-se à defecação difícil, infrequente ou aparentemente incompleta, persistente.
- Na escala de Bristol os formatos tipo I (pequenas, em bolotas ou endurecidas) e 2 (em forma de salsicha, empelotada,
escurecida) estão relacionados com a constipação.
- Maioria dos estudos mostra prevalência em idosos; outros FR incluem sexo feminino, sedentarismo, polifarmácia,
depressão, baixo nível socioeconômico e certos hábitos alimentares.
Etiologia e Fisiopatologia
Constipação intestinal primária
Quando a causa não for definida deve-se considerar o diagnóstico de um distúrbio idiopático:
1. Com tempo de trânsito colônico normal: também chamada de funcional. Constipação associada a desconforto ou dor
abdominal. Diferenciar com SII.
2. Com trânsito colônico lento: baixa frequência evacuatória e distensão abdominal.
3. Distúrbios anorretais (dissinergia pélvica): sensação de evacuação incompleta ou “obstrução anal” e necessidade de
manipulação digital para evacuar. Causa frequente na 3ª idade, principalmente em mulheres.
Avaliação clínica
- Anamnese minunciosa, confirmando se paciente está realmente constipado com base na frequência, consistência, esforço
excessivo, tempo de defecação prolongado ou necessidade apoiar períneo ou manipular o anorreto.
- Pesquisar dor ou desconforto abdominal (pode sugerir SII)
- Questionar sobre repressão ao reflexo evacuatório, história de abuso de laxativos, hábitos alimentares e medicamentos de
uso regular.
- Antecedentes obstétricos; tipo de dieta; fatores emocionais.
- Lentificação, sensação de frio, queda de cabelo e rouquidão → alerta para hipotireoidismo (que pode ser a causa).
- Sinais e sintomas de alarme como: mudança na frequência evacuatória, idade > 50, sangue nas fezes, anemia, perda de
peso, HF de CA colorretal → investigação mais ampla
- Exame físico e toque retal
Exames complementares
- Constipação de longa data e sem sinais/sintomas de alarme: abordagem pragmática, desconsiderando realização de
extensão investigação com exames complementares, e envolve modificações dietéticas e comportamentais + uso de
laxativos
- Solicitar: hemograma, dosagem sérica de hormônios tireoidianos, glicemia de jejum, EAS e urocultura, cálcio, potássio,
magnésio e creatinina → avaliar possíveis causas secundárias
- Sorologia para Chagas: dependendo epidemiologia do paciente
- Colonoscopia: se paciente com sinais/sintomas de alarme
- Retossigmoidoscopia: afastar doenças orgânicas
- Enema opaco: obrigatório na constipação de início recente, para afastar carcinoma. Vem sendo substituído pela colono
Avaliação funcional: Determinação do tempo de trânsito colônico: administração VO de marcador radiopaco, considerando
patológico retenção de 20% do contraste ao final do 5º dia.
- Normal: < 20% do contraste ao final do 5º dia
- Lento: > 20% dos marcadores espalhados
- Obstrutivo: > 20% marcadores região retossigmoide
Avaliação psicológica
Fármacos
- Agentes formadores de massa ou hidróxido de magnésio (1ª linha), depois bisacodil (estimulante) e depois polietilenoglicóis
(osmótico)
- Constipação refratária ao tto clínico medicamentoso → procurar definir processo fisiopatológico de base da constipação: se
funcional (dieta rica em fibras, formadores de massa, osmóticos salinos), se trânsito intestinal lento (drogas procinéticas), se
distúrbios anorretais (biofeedback).
- Formadores de massa: fibras solúveis (ex: psyllium) e fibras insolúveis (ex: farelo de trigo). Aumentam bolo fecal e
estimulam mecanimante peristaltismo, diminuindo tempo de trânsito intestinal e aumentando frequência evacuatória.
- Osmóticos: causam amolecimento das fezes e aumentam atividade propulsora dos cólons. Incluem os salinos como
hidróxido de magnésio, açúcares pouco absorvíveis (lactulose, sorbitol) e o polietilenoglicol (PEG - menos distensão
abdominal e flatulência, pois não é degradado pela microbiota).
- Estimulantes: bisacodil. Aumentam motilidade e secreção intestinal estimulando plexo mioentérico colônico e alterando
fluxo de água e eletrólitos.
- Emolientes: diminuem tensão superficial e facilitam entrada de água nas fezes, levando ao amolecimento. Indicação nos
casos de fissura anal e hemorróidas.
- Lubrificantes; Enterocinéticos
Medidas não farmacológicas: reeducação do hábito intestinal, ingestão de fibras e ingestão hídrica, atividade física.
*Caso forem identificadas patologias ou uso de medicações que contribuam para a constipação, a primeira medida deve ser
a retirada da respectiva medicação ou tratamento da doença de base. As outras medidas incluem:
1. Reeducação do hábito intestinal
2. Ingestão de fibras
4. Atividade física: respeitar limites individuais.
Quando não há melhora com adoção das medidas gerais, deve ser instituído o tratamento farmacológico.
HA primária
- Não se identifica causa, apenas alguns fatores como dieta, obesidade, diabete, hereditariedade, fumo. Não tem cura, mas
pode ser controlada por MEV, dieta e em alguns casos pela administração de anti-hipertensivos.
HA secundária
- Distúrbios como coartação de aorta, hiperaldosteronismo, apneia do sono, doenças das artérias renais, aterosclerose e
doenças endócrinas.
Volume intravascular
- Aumento da ingestão de NaCl, excreção urinária de sódio → aumento do equilíbrio de sódio mantido à custa de um
aumento da PA: “Natriurese pressórica” → pode envolver aumento da taxa de filtração glomerular, diminuindo capacidade
de absorção dos túbulos renais e, possivelmente fatores hormonais, como fator natriurético.
Sistema renina-angiotensina-aldosterona
- Agentes de regulação da PA, por meio das propriedades vasoconstritoras da angiotensina II e propriedades de retenção de
sódio da aldosterona.
- Angio II aumenta PA por: vasoconstrição direta, estimulação da síntese e liberação da aldoresterona, aumento da
reabsorção tubular de sódio, estímulo de sede e de liberação de hormônio antidiurético, e por aumento da atividade
simpática mediada por suas ações no SNC.
- Receptor AT1: vasocontrição; Receptor AT2: vasodilatação
- Medições da PA fora do consultório devem ser estimuladas, suas principais vantagens são: maior número de medidas
obtidas, refletem atividades usuais dos examinandos, abolição ou sensível redução do efeito de avental branco (EAB), maior
engajamento dos pacientes com o diagnóstico e o seguimento.
Indicações Suspeita de HAB: HA estágio 1 no consultório; PA alta no consultório em indivíduos assintomáticos sem LOA e com
clínicas para baixo risco CV total
MAPA ou Suspeita de HM: PA entre 130/85 e 139/89 mmHg no consultório; PA<140/90 mmHg no consultório em indivíduos
MRPA assintomáticos com LOA ou com alto risco CV total.
Identificação do EAB em hipertensos; grande variação da PA no consultório na mesma consulta ou em consultas
diferentes; hipotensão postural, pós-prandial, na sesta ou induzida por fármacos; PA elevada de consultório ou
suspeita de pré-eclâmpsia em mulheres grávidas; confirmação de hipertensão resistente.
Indicações Discordância importante entre PA no consultório e em casa; avaliação do descenso durante e sono; suspeita de
específicas HA ou falta de queda da PA durante o sono habitual em pessoas com apneia do sono, DRC ou diabetes; avaliação
Medição residencial da PA
MRPA → obtenção de 3 medições pela manhã, antes do desjejum e da tomada da medicação e, 3 à noite, antes do jantar,
durante 5 dias. Valores anormais: PA>/= 135/85 mmHg.
MAPA → possibilita identificar alterações circadianas da PA, sobretudo em relação às medições durante o sono, que têm
implicações prognósticas consideráveis. Valores anormais: médias de PA de 24h >/= 130/80 mmHg, vigília 135/85 mmHg e
sono >/= 120/70 mmHg.
Diagnóstico
Avaliação clínica
Pré- Hipertensão: PAS entre 121 e 139 e PAD entre 81-89 mmHg
Hipertensão 1: PAS 140-159 e PAD 90-99 mmHg ITB: medição PAS no braço e tornozelo em ambos
Hipertensão 2: PAS 160-179 e PAD 100-109 mmHg os lados. Normal: relação PASbraço/tornozelo >
Hipertensão 3: >/= 180 ou >/= 110 mmHg. 0,9, leve se 0,71-0,90, moderada: 0,41-0,70 e
grave 0,00-0,40.
Exame físico
- Dados antropométricos: peso, altura (calcular IMC), circunferência abdominal, FC.
- Palpação, ausculta do coração, carótidas e pulsos, medida do ITB, realização de fundoscopia.
Laboratório
- Identificar FRCV, pesquisas de LOAS, pesquisa de presença de outras doenças associadas, estratificação risco CV global,
avaliação de indícios para suspeita de HA secundária.
- FRCV adicionais: homens > 55 e mulheres > 65; tabagismo, dislipidemias: triglicérides > 150 mg/dl, LDL-C > 100 mg/dl, HDL-
C < 40 mg/dl; DM; história familiar prematura de DCV: homens < 55 anos e mulheres < 65 anos.
Tratamento
Medidas não medicamentosas + uso de fármacos anti-hipertensivos
- Hipertensos estágios 2 e 3 e/ou de alto risco → Indivíduos com PA >/= 160/100 mmHg e/ou portadores de risco CV
estimado alto, devem iniciar imediato tto medicamentoso associado à terapia não medicamentosa.
- Hipertensos estágios 1 de risco baixo e moderado → tentar terapia não farmacológica por 3 e 6 meses, respectivamente,
sendo que, a falta de controle da PA condicionará o início da terapia farmacológica.
- Pré-hipertensos (PA 130-139/85-89 mmHg) → considerar tto medicamentoso em pacientes com história prévia de DCV ou
com risco CV alto, sem DCV.
- Hipertensos idosos → início de terapia farmacológica anti-hipertensiva em idosos a partir de níveis de PAS >/= 140 mmHg,
desde que bem tolerado e avaliando-se condições gerais do indivíduo.
Metas pressóricas
- Mais conservadoras para idosos, pessoas com alto risco CV, incluindo diabéticos.
- MEta pressórica < 130/80 mmHg para pacientes de alto risco CV.
- Meta pressórica <130/80 mmHg hipertensos estágios 1 e 2 e risco CV alto.
- MEta pressórica <140/90 mmHg hipertensos estágio 3, mesmo com risco CV alto.
- MEta pressórica <150/90 mmHg hipertensos idosos >/= 80 anos.
Tratamento medicamentoso
Paciente deve ser orientado sobre importância do uso contínuo, da eventual necessidade de ajuste de doses, da troca ou
associação de medicamentos e do eventual aparecimento de efeitos adversos.
Medicamento deve: ser eficaz por VO, ser bem tolerado, poder ser usado no menor número de tomas por dia, ser iniciado
com as menores doses efetivas, poder ser usado em associação.
Diuréticos
- Efeito anti-hipertensivo não está diretamente relacionado às doses utilizadas, porém, os efeitos colaterais estão.
- Preferência aos DIU tiazídicos ou similares (clortalidona, hidroclorotiazida e indapamida) em doses baixas.
- DIU de alça (furosemida e bumetanida) aos casos de insuficiência renal (creatinina > 2,0 mg/dl ou RFG calculado < 30
ml/ml/1,73m²) e situações de edema (IC ou insuficiência renal).
- Poupadores de potássio (espironolactona e amilorida) são habitualmente utilizados em associação com os tiazídicos ou DIU
de alça.
Betabloqueadores
- Promovem diminuição inicial do débito cardíaco e da secreção de renina, havendo readaptação dos barorreceptores e
diminuição das catecolaminas nas sinapses nervosas.
- Fármacos de 3ª geração (carvedilol, nebivolol) têm ainda efeito vasodilatador por mecanismos diferentes: o carvedilol tem
seu efeito de bloqueio concomitante do receptor alfa-1-adrenérgico e o nebivolol, por aumentar a síntese e liberação de NO
no endótelio vascular.
- Efeitos adversos: broncoespasmo, bradicardia, distúrbios da condução atrioventricular, vasoconstrição periférica, insônia,
pesadelos, depressão psíquica, astenia e disfunção sexual.
➔ BB de 1ª e 2ª geração: formalmente contraindicados em pacientes com asma brônquica, DPOC e bloqueio
atrioventricular de 2º e 3º graus, podem acarretar intolerância à glicose, induzir ao aparecimento de novos
casos de DM, hipertrigliceridemia com elevação do LDL-colesterol e redução da fração HDL-colesterol.
➔ BB de 3ª geração: impacto neutro ou até podem melhorar o metabolismo da glicose e lipídico, possivelmente
em decorrÊncia do efeito de vasodilatação com diminuição da resistência à insulina e melhora da captação de
glicose pelos tecidos periféricos.
Alfabloqueadores
- Agem como antagonistas competitivos dos alfa1 receptores pós-sinápticos, levando à redução da RVP sem maiores
mudanças no débito cardíaco.
- Representantes: doxazosina, prazosina e terazosina.
Vasodilatadores diretos
- Hidralazina e minoxidil
- Atuam diretamente, relaxando musculatura lisa arterial, levando redução da RVP.
- Efeitos adversos: cefaleia, flushing, taquicardia reflexa; hirsutismo (minoxidil).
Classificação e etipopatogenia
- DM1: predomina em pacientes jovens não obesos (crianças e adolescentes). Cursa com destruição primária das células
beta e hipoinsulinismo absoluto.
- DM2: predomina em adultos obesos (>45 anos) mas tem se tornado cada vez mais frequentes em crianças e adolescentes
por conta da epidemia de obesidade. Cursa com resistência periférica à insulina, que ao longo do tempo se associa à
disfunção progressiva das células beta (exaustão secretória).
- DM gestacional: intolerância à glicose diagnosticada durante a gestação que não configura quadro franco de DM segundo
critérios diagnósticos para pacientes não grávidas.
- Outros: DM associada ao uso de drogas, endocrinopatias e outros.
DM1 DM2
- Doença autoimune ou idioática que leva à destruição de células beta, - Fatores que justificam
levando ao hipoinsulinismo absoluto. hiperglicemia: resistência à insulina e
- Interação entre fatores genéticos e ambientais deficit secretório das células beta.
- Infecções virais e/ou exposição a antígenos: Mimetismo gerando insulite - Primeiro surge resistência à insulina
(inflamação das ilhoras pancreáticas). → célula beta trabalha em excesso
- Fase assintomática: destruição progressiva das células beta antes que o → atinge exaustão secretória →
pâncreas se torne incapaz de produzir insulina em níveis satisfatórios. hipoinsulinismo relativo.
Quando a massa de células beta atinge um ponto crítico: instalação abrupta - Interação de fatores genéticos e
dos sintomas (falsa impressão de que todo o processo teve início agudo). ambientais; influência genética
- Autoanticorpos em paciente assintomático: preditor de risco para DM1. maior que na tipo 1.
- Incidência bimodal: pico entre 4-6 anos e 10-14 anos.
DM1 DM2
- Quadro clássico, início agudo → POLIS - Pacientes podem passar anos ou décadas assintomáticos
(poliúria, polidpsia, polifagia e - Em 50% dos casos reconhecimento da doença só é feito quando LOA já
emagrecimento). presentes e irreversíveis
- Crianças pequenas: 1º sintoma pode ser - Menos frequente: sintomas de franca hiperglicemia (poliúria, polidpsia),
enurese noturna e candidíase vaginal sendo raro o surgimento de cetoacidose diabética.
- Acantasose nigrans
LADA: aparece em indivíduos mais velhos e evolui de forma insidiosa, sendo comumente confundido com DM2. No entanto,
estabelece com o tempo um hipoinsulinismo ABSOLUTO, produzindo manifestações clínicas mais características de DM1.
Medidas preventivas: redução peso corporal, execícios físicos, consultas frequentes para reforçar alcance das metas,
metformina para pacientes de muito alto risco, exames anuais para rastreio de DM.
FR para DM2
Obesidade grave, sedentarismo, parente de 1º grau acometido, etnia, história de DM gestacional, história de doenças
cardiovasculares, estados pré-diabéticos, HAS, HDL < 25 mg/dl, triglicérides > 250 mg/dl, SOP, acantose nigrans.
Rastreio DM1: apenas pacientes de alto risco (parentes de 1º grau de um indivíduo acometido). Pesquisa autoanticorpos
característicos no soro. SE +: orientar paciente quanto possibilidade de surgimento da doença e estratégias para estilo de
vida mais saudável;
Tratamento Antidiabéticos orais: quais aumentam secreção de insulina? como agem?
DM 1 - SecretagoGos → Sulfonilureia (aumenta secreção basal) / Glinidas
- TTO com reposição endógena de insulina; rígido controle glicêmico. (aumenta secreção pós-prandial - diminui glicemia pós-prandial).
Insulinas de ação intermediária? NPH e Lenta
- Metas de glicemia capilar e A1C para pacientes DM 1 pediátricos: - Tempo de início? 2-4h
1. Antes das refeições 90-130 mg/dl - Pico? 4-10h
2. Antes de deitar 90-150 mg/dl - Duração do efeito? 10-18h
3. A1C < 7,5%
Modificações terapêuticas obrigatórias quando metas não estiverem sendo alcançadas ou na presença de glicemias muito
baixas.
- Composição de dieta individualizada; preferência de alimentos com baixo índice glicêmico
- Exercício físico regular
- Insulinoterapia: esquema 1 (2 aplicações); esquema 2 (múltiplas aplicações de insulina), esquema 3 (infusão contínua).
1. ⅔ da dose diária pela manhã e ⅓ na noite
2. Esquema basal/bolus: NHP antes do café e antes do jantar ou ceia (insulina basal) + insulina regular antes do
café, almoço e jantar (bolus); ou NPH antes do café, almoço e jantar (basal) + insulina regular antes do café,
almoço e jantar (bolus).
3. Infusão subcutânea contínua ou bombas de insulina
Terapia farmacológica: