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PROCESSO INFECIOSO EM CIRURGIA BUCOMAXILOFACIAL

Prof Weber

Existem vários tipos de infecção, porém devido a altíssima frequência e uma associação
com odontologia e cirurgia mais forte do que todas outras infecções, será tratado
exclusivamente de INFECÇÃO ODONTOGÊNICA.

Existem outras infecções presentes também na área da odontologia, por exemplo em


situação de fratura da região maxilofacial, a quebra de barreiras na região de cavidade
oral pode favorecer a penetração e contaminação bacteriana. E em trauma de face pode
haver em alguns dias a quebra de barreiras anatômicas, o que favorece o aparecimento
de bactérias de uma região em outras regiões, alcançando até tecido ósseo.

Exemplo imagem : Nesta imagem, é possível observar este paciente com uma ferida na
região palpebral que foi levado até a emergência, onde foi feita a sutura na ferida,
porém, alguns dias percebeu o globo ocular avermelhando e assim, foi realizado um
exame radiográfico, percebendo então, que tinha uma faca no local. Situação Clinica:
Corpo estranho em intimidade com os tecidos faciais, vai causar infecção também.

Outro exemplo: Uma patologia que cause a quebra de barreira podendo ser:
mucosa, pele, osso, cavidade oral; pode ser foco para geração de um processo
infecioso. Um cisto radicular, não tem exsudato purulento, é só uma cavidade, porém
com a evolução da doença associada com infecção pode ocorrer a formação de secreção.
Assim, podendo ocorrer em lesões como o exemplo citado anteriormente ou qualquer
outro tipo de lesão. Isso muitas vezes acontece, após a realização de biopsica para
verificação do liquido presente no cisto, na qual o material ( instrumental) muitas vezes
está contaminado, levando microrganismo de uma região para outra.

Resumindo: As infecções podem ocorrer por:

Fratura dos maxilares


Corpos estranhos QUEBRA DA BARREIRA ANATOMICA!
Lesões com infecções secundárias

MICROBIOLOGIA DA INFECÇÃO ODONTOGÊNICA

- Cocos aeróbios Gram + ( estreptococos)

- Cocos anaeróbios Gram + ( estreptococos, peptoestreptococos, e peptococos)

- Bastonetes anaeróbios Gram – (bacteroides e fusobacterim)

A infecção odontogênico é causada por microrganismos bucal, por exemplo aquelas


presente na doença cárie.

Formula:

Infecção = n° de bactérias x virulência bacteriana

Resistência do hospedeiro
Quanto maior o numero e a virulência das bactérias e menor a resistência do hospedeiro
pior o prognostico da infecção.

CARACTERISTICA DA INFECÇÃO ODONTOGÊNICA

 ENDÓGENA
- Porque o microrganismo já esta na cavidade bucal.
 POLIMICROBIANA
- São muitas e mais especificas para causar a infecção.
 CARATER AEROBIO-ANAEROBIO
- No inicio da infecção a predominância é de aeróbias e por limitação do
ambiente vai alterando para bactérias anaeróbias.

ETIOLOGIA DA INFECÇÃO ODONTOGÊNICA

 PERIAPICAL
 PERIODONTAL
- Em infecção de origem periodontal normalmente é mais banda comparada com
a etiologia periapical, Ou seja, infecções periodontal possuem características
clinicas mais bandas do que as infecções periapical.

PERICORONARITE – Se tratando de pericoronarite, que ocorre ao redor do


3° molar ou 2° molar com capus gengival parcialmente, em situação submucoso.
É caracterizada por uma infecção odontogênica, periodontal com potencial de
gravidade importante.
Então, a pericoronarite é uma exceção das infecções de origem periodontal
em relação a gravidade.

INFECÇÃO
ODONTOGENICA
GRAVE!

Exemplo: Paciente com pericoronarite pode evoluir para ANGINA DE


LUDWIG.

HISTORIA NATURAL DA PROGRESSÃODAS INFECÇÕES


ODONTOGENICAS

1 – ORIGEM

2 – DISSEMINAÇÃO
Origem é de onde a infecção surge e disseminação para onde a infecção vai. Importante
para o conhecimento da gravidade!

Exemplo: Infecção em molar superior, causando acumulo de secreção intra ósseo, esse
acumulo de secreção vai digerir osso, vai causar uma erosão óssea, e provavelmente vai
romper a cortical desse ósseo. Se o osso apresenta uma espessura mais fina na
vestibular, e uma espessura maior no palato, é provável que o processo de erosão
exteriorize mais fácil pela vestibular. E uma vez que esse processo de exteriorização vai
para o lado vestibular a drenagem vai ser realizada pela parte vestibular e o processo vai
parar de comprometer a parede palatina, isso por que está sendo mais fácil o
desenvolvimento para o lado vestibular.

Como revisão deve se lembrar que os incisivos centrais possuem inclinações diferentes
dos incisivos laterais. Os incisivos laterais possuem inclinações mais para distal e mais
para palatina.

Ainda falando sobre a história natural da progressão das infecções odontogenicas,


temos que lembrar dos músculos dessa região, o músculo milo-hioideo, digastrico,
bucinador, todos eles tem uma relação importante em que caminho a secreção
purulenta vai tomar.

4.DIAGNOSTICO DA INFECÇÃO ODONTOGENICA:

CLINICO:

 Osteíte periapical;
 Celulite;
 Abscesso.

ANAMNESE

Inicio

Duração
Saber tudo isso
Rapidez da evolução é muito
importante!!!
Sintomas presentes

Historia médica progressa

EXAME FISICO

Inspeção

Palpação

Sinais vitais: Temperatura, freqüência cardíaca, freqüência respiratória, pressão


sanguínea.
OBS: Com relação ao diagnostico exames laboratoriais e exames de imagens têm
valores secundários no que diz respeito a infecções odontogênicas.

OBS: deve-se tirar a radiografia antes de começar a anamnese, para poder já


dizer o diagnostico.

(Imagem) se ver na radiografia, um molar decíduo cariado.

Ressonância magnética, de um paciente que removeu o terceiro molar a um mês atrás e


começou a sentir dor, no exame clinico nada se nota.

 PRINCÍPIOS DO TRATAMENTO DAS INFECÇÕES


ODONTOGENICAS

 Severidade da infecção conta com os seguintes quesitos:


- Localização anatômica
- Velocidade de progressão da infecção
- Comprometimento das vias aéreas

**O paciente chega com o rosto muito inchado, com febre, dor intensa, e quando o
dentista pergunta a quando tempo esta naquele estado, ele responde que dormiu bem e
acordou daquele jeito, então tem uma evolução rápida, em menos de 12 horas o paciente
teve uma piora significante. E existem casos que demora mais, isso significa é um
pouco menos preocupante.

 DEFINIÇÃO DE CELULITE:
É uma infecção difusa dos tecidos moles que vão esta circunscrita, ou
confinada a uma área, mas ao contrario do abscesso tende a espalhar por
um espaço tecidual e ao longo dos ramos faciais ( de fascia muscular)

 DEFINIÇÃO DE ABSCESSO:

Lesão purulenta circunscrita e localizada. Diferenças entre ambos:

CELULITE X ABSCESSO

Agudo Agudo ou crônico

Intensa generalizada Localizada

Grande Pequeno

Limites difusos Bem delimitados

Endurecida Flutuante

Sem pus Com pus

Maior potencial de gravidade Menor potencial de gravidade

Aeróbicos Anaeróbicos.

O abscesso crônico costuma não doer, porque a dor do abscesso e da celulite também é
feita por pressão e quando drena que permite que o que estava causando grande pressão
lá dentro a dor melhora e passa.

OBS: clinicamente o que nos indica se tem um abscesso crônico é a drenagem ou a


presença de uma fistula
 CRITERIOS DE GRAVIDADE:
 Infeção de progressão muito rápida
 Taquipneia ou dificuldade de respirar
 Dificuldade de deglutição
 Envolvimento dos espaços faciais
 Hipertermia
 Trismo
 Aparência toxica
 Comprometimento da defesa do hospedeiro

PORQUE EXISTEM INFECÇÕES GRAVES OCASIONADAS POR DENTES


DECÍDUOS??? QUESTÃO DE PROVA!!!

COM RELAÇÃO AOS ESPAÇOS PRIMÁRIOS DA MAXILA

 Espaço canino
 Espaço Bucal
 Espaço infratemporal

COM RELAÇÃO AOS ESPAÇOS PRIMÁRIOS DA MANDÍBULA

 Espaço submentoniano
 Espaço bucal
 Espaço submandibular
 Espaço sublingual

Esses espaços primários da maxila e mandíbula são espaços que logo após a seleção
problema for exteriorizada, vai alcançando esses espaços dependendo de qual foi o
dente que causou.

O molar inferior, devido a inclinação, o acumulo e a secreção nessa região e a relação


do musculo milo-hioideo ser mais baixo a drenagem vai ocorrer pelo espaço sublingual.

Se esse musculo estivesse inserido mais alto, teríamos a infecção drenando o espaço
submandibular, sendo um pouco mais difícil de tratar.
ENVOLVIMENTO DOS ESPAÇOS FACIAIS SECUNDÁRIOS

 Espaço massetérico
 Pterigomandibular
 Temporal superficial e profundo
 Faríngeo lateral
 Retrofaríngeo
 Pré-vertebral

Se a infecção tem a possibilidade de alcançar o espaço pré-vertebral temos um potencial


de gravidade muito maior de se alcançar o espaço vestibular.

Se estivermos diante de uma infecção odontogênica, que alcançou os espaços faciais


secundários tem um grande potencial de gravidade.

AVALIAÇÃO DA DEFESA DO HOSPEDEIRO

FATORES DIRETAMENTE ASSOCIADOS A CAPACIDADE DE DEFESA DO


SISTEMA IMUNE

 Diabetes
 Terapias com corticoides
 Transplante de órgãos
 Malignidade
 Pacientes com câncer
 Doença renal crônica
 Alcoolismo
 Paciente soropositivo
 Subnutrição

DECIDIR SOBRE O AMBIENTE DE TRATAMENTO

 Tratamento a nível ambulatorial


 Tratamento a nível hospitalar

Quem decide isso são os critérios de gravidade

INDICAÇÃO PARA HOSPITALIZAÇÃO


 Temperatura maior que 38º,3º
 Desidratação
 Ameaça para as vias aéreas
 Infecção em espaços anatômicos com severidade gradual (moderada ou
alta)
 Necessidade de anestesia geral
 Necessidade de controle hospitalar para doença sistêmica de base

O que é tratar cirurgicamente um abscesso?

Primeiro, a drenagem é cirúrgica e a outra a remoção da causa

Celulite

É mais difícil tratar a celulite que o abscesso, deve ser tratado cirurgicamente (drenagem
cirúrgica) para:

 Para estabelecer manutenção de vias aéreas pérvias


 Localização anatômica que determina a gravidade
 Envolvimento de múltiplos espaços faciais
 Infecção de progressão muito rápida
 Necessidade de tratar sob anestesia geral

Escolher E Prescrever A Terapia Antibiótica

Princípios Básicos:

 É necessário usar antibiótico? Nem sempre, mas numa situação infecciosa


precisa! Um abscesso crônico já com fístula e baixa secreção purulenta, trata-se
a causa, prescreve-se um anti-inflamatório e analgésico.

Indicações Para o uso de Antibiótico:

 Infecção aguda
 Tumefação difusa
 Comprometimento das defesas do hospedeiro
 Pericoronarite grave
 Osteomielite

Pericoronari
te

Situações em que é desnecessário o uso do antibiótico:

 Abscesso crônico bem localizado


 Abscessos reduzidos localizados ao lado vestibular
 Alvéolo seco
 Esterilização do canal radicular
 Pericoronarite Branda

Alvéolo seco

O que também interfere na escolha do Antibiótico

1. Qual a gravidade da infecção?


2. O tratamento cirúrgico adequado pode ser estabelecido?
3. Qual o estado de defesa do paciente?

Seleção do Antibiótico

1 . Microbiologia da infecção em questão


2. Na infecção odontogênica a terapia inicial: uso empírico de antibiótico (quando não
foi feito o antibiograma pra saber qual antibiótico deve-se prescrever)
3. Seleção de bactericida ou bacteriostático
4. Amplo ou pequeno espectro
5. Estágio da infecção
6.Toxicidade e efeitos colaterais
7. Custo

Antibióticos de uso mais frequente na odontologia :


 Penicilinas
 Clindamicina
 Metronidazol
 Cefalosporinas
 Eritromicina: não muito utilizada
 Tetraciclinas
 Aminoglicosídeos
 Vancomicina
Sempre deve acompanhar o paciente após a remoção da causa e prescrição do
antibiótico, pois não se sabe o quanto o paciente pode piorar a depender da infecção.

Causas de Falha no Tratamento

 Cirurgia inadequada
 Defesas do hospedeiros deprimidas
 Corpo estranho ou permanência da causa
 Falta de colaboração do paciente
 Dose do antibiótico baixa
 O diagnóstico bacteriano errado
Angina de Ludwig

É uma celulite aguda que invade os espaços submandibular, sublingual e submentoniano


bilateralmente.
Tratamento

 Diagnóstico pode ser feito precoce


 Manutenção de vias aéreas desobstruídas
 Antibioticoterapia em altas doses e com associação de antibióticos
 Remoção do agente causador
 Drenagem cirúrgica precoce
 Terapia de suporte

Complicações
 Evolução para o mediastino (mediastinite)
 Sepse generalizada
 Facite necrotizante cervico-facial : necrose no rosto na região cervico-facial
 Obstrução das vias aéreas
 Morte

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