Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Para ‘conversar’ sobre traumatismo em dentes decíduos, precisamos destes quatro tópicos:
1. Introdução:
2. Etiologia dos traumatismos:
3. Diagnóstico:
4. Classificação: que é a essência da aula, sendo composta pelas características de cada traumatismo e
o tratamento.
Epidemiologia do trauma:
1. Existem dois momentos mais comuns de ocorrer os traumas: primeira infância (em virtude da
falta de coordenação motora) e nas idades entre 7 e 10 anos (a criança começa a se tornar
independente, praticar esportes, essas coisas). Esses são dois momentos apontados em geral
pelos estudos, mas sabemos que o trauma acomete todas as faixas etárias.
2. Com relação ao gênero, a literatura é altamente divergente. Porém, há um acordo em que o
gênero masculino é o mais acometido numa proporção de 2:1. Mas há uma tendência em se
igualar.
3. Em relação aos dentes, os superiores são os mais acometidos (decíduos e permanentes), devido
a sua localização. Os incisivos centrais são os mais acometidos. Vale ressaltar que o
traumatismo é múltiplo e devemos analisar todos os dentes, pois devido ao tamanho reduzido
da boca de crianças, o impacto atinge muitos dentes e os outros podem apresentar problemas.
Além disso, devemos analisar a abertura de boca, dor, desvio, pois devido ao côndilo ser muito
pequeno pode ocorrer um traumatismo neste.
4. Severidade dos traumas: a grande maioria só atinge esmalte e dentina. Atingindo polpa, deve-
se ter uma atenção especial para onde foi o trauma, o grau de contaminação e quanto tempo a
polpa está exposta. Pode-se fazer uma proteção pulpar e avaliar as repercussões, que, caso
existam, faz-se a endo (Nestes casos, não se faz a endodontia preventivamente). No entanto,
caso seja uma fratura associada à cárie (muito comum), o tratamento de primeira escolha é a
endo.
Etiologia: são as mais variáveis possível, mas os principais são: quedas, em geral. Existe um
problema em relação à documentação dos traumas, pois muitas vezes tratamos apenas as sequelas
desses traumatismo. Caso ocorra um traumatismo em que não houve fratura, não deixou dente
escurecido, nada do tipo, aquele vai ser subdiagnosticado.
Fatores que potencializam o risco de traumatismo: respirador bucal, padrão facial classe II
subdivisão I, cárie precoce na infância (deixa o dente fragilizado), obesidade infantil (dificuldade de
motricidade), entre outros.
Prevenção: protetores bucais (crianças que se expõem muito a traumatismo, como em casos de
esporte).
Diagnóstico: olhar aguçado, pensamento rápido, anamnese direcionada ao trauma (hora que
aconteceu, onde foi, achou pedaço, onde o pedaço está guardado) exame clínico bem feito e
exames complementares (radiografia, trans-iluminação, tomografia, etc). Uma coisa importante de
se perguntar é se ele fez vacina antitetânica e caso não tenha, indicar a vacina. Observar se a
criança está com dor, se os tecidos moles estão lacerados, se está sangrando e determinar a
extensão da lesão. Testes de vitalidade pulpar só são indicados para crianças maiores, pois as
menores não respondem precisamente ao teste.
No exame clínico, observar: possíveis falhas subgengivais (fraturas) e palpar tecidos edemaciados
em busca de fragmentos dentários;
Na dentição decídua, a sequela do trauma é escurecimento, normalmente. As sequelas no dente
permanente, devido ao trauma no decíduo são diversas (hipoplasias, por exemplo).
1. Concussão
- Trauma de pequena intensidade sobre os tecidos de sustentação do dente, sendo que este não
apresenta mobilidade, nem alteração de posição. Sabe-se que este dente teve um trauma devido a um
sangramento no sulco gengival.
- Não precisa de tratamento imediato. O ttt imediato é diagnosticar e deixar este dente em desuso por
24 horas (evitar sucção de chupeta e digital e evitar alimentos duros, neste dente) e deixar o paciente
com dieta líquida e pastosa durante 48 horas.
- Após a concussão, pode acontecer de o dente decíduo escurecer. Este escurecimento não
necessariamente é necrose. Na hora do impacto, ocorre um sangramento dentro do dente e este fica
aprisionado no interior dos canalículos dentários (como o esmalte é translúcido, aparece escurecido). O
próprio fluido do canalículo dentário vai diluindo aquele sangue aprisionado e vai clareando.
- Frente às concussões, devemos evitar estímulos adicionais no dente, alimentação líquida e pastosa e
CONTROLE RADIOGRÁFICO porque as sequelas podem aparecer (escurecimento de coroa, reabsorções
internas, necrose, etc).
- Algumas vezes pode ocorrer a alveólise: desenvolve-se um processo infeccioso e acontece uma lise da
parede do alvéolo, sendo necessária a exodontia.
2. Subluxação
- Trauma de intensidade baixa a moderada nos tecidos de sustentação.
- Além do discreto sangramento gengival, o dente vai apresentar mobilidade dentária sem alteração de
posição.
- O tratamento é contenção semi-rígida durante 7 a 14 dias + orientações da concussão (alimentação,
evitar traumas e controle radiográfico)
- Na literatura recomenda-se o desgaste do dente antagonista para evitar o trauma, mas não adotamos
esta postura.
- esplintagem: profilaxia na vestibular. Condiciona as vestibulares, aplica-se sistema adesivo, e com
pelotas de resina fixa-se um fio semi rígido. A esplintagem não pode terminar em um dente que sofreu
trauma. Após 7 dias, analisa-se a mobilidade. Caso ainda esteja com mobilidade, deixa a esplintagem
mais 7 dias.
- Recomendar a higienização para evitar gengivite e outros problemas.
- Em pacientes que possuem condições, indicar o fio dental super-floss que permite uma boa
higienização.
3. Luxações (intrusivas, extrusivas e laterais)
- Nestes casos, o dente apresenta sangramento, mobilidade e alteração de posição.
- Laterais: coroa vai para lingual, palatina ou vestibular. Geralmente, vai para a lingual. Tem que ter
cuidado, pois a raiz tende, geralmente, a ir para o lado oposto.
- Antes de reposicionar, palpa-se no ápice do dente para analisar se não houve fratura de osso. Caso
tenha ocorrido, reposiciona-se o osso e faz uma esplintagem RÍGIDA (único caso em que se faz rígida).
- Caso seja só o dente, faz-se uma esplintagem semi rígida.
- O tratamento é reposicionar (no sentido inverso da força que ela recebeu) e esplintar.
- Normalmente, anestesia-se para reposicionar quando já faz muito tempo que houve o trauma.
Quando é na hora do trauma, onde não se criou coágulo, muitas vezes, não há necessidade.
- Em casos de luxação intrusiva (o dente entrou), em algumas vezes, o dente entra tudo, parece até que
avulsionou. A tendência é que as forças sejam opostas aquela que levou à intrusão e o dente re-
erupcione. O dente decíduo, como é pouco implantado, com cerca de uma semana, ele volta ao local.
- Caso a intrusão seja muito forte, pode ocorrer um reparo e o dente ficar no lugar da intrusão e pode
ocorrer uma fibrose na gengiva, neste caso faz-se uma ulectomia e espera o dente re-erupcionar. Se
depois de 4 meses, o dente decíduo não voltar para o lugar, deve ser feita a exodontia, pois este pode
atrapalhar a erupção do permanente.
- Em caso de intrusão de dente permanente em que este não voltou para o lugar, faz-se o
tracionamento ortodôntico.
- Tratamento: primeiramente, aguardar a erupção. Se não ocorrer e for decíduo -> exodontia. Se não
ocorrer e for permanente, outras opções.
- Em caso de luxação extrusiva, coloca-se o dente novamente no local. O que se deve analisar é o grau
de extrusão e quanto tempo ele ficou extruido, pois, se for muito tempo, para recolocar é necessário
muita força e, algumas vezes, não se recoloca na posição original, necessitando, assim, de desgaste
posterior. Da mesma forma, reposiciona no local na mesma hora, recomenda-se alimentação pastosa e
líquida e ‘descanso oclusal’ no dente.
4. Avulsão
- Deslocamento total do dente para fora do alvéolo.
- Primeira coisa que devemos saber é se o paciente viu onde aquele dente caiu, se achou o dente e
quanto tempo (com exatidão) faz desde a ocorrência do trauma.
- Quanto mais rápido o dente for recolocado, maior a chance de sucesso.
- Quando o dente não pode ser colocado na hora, onde este dente deve ser conservado? Existem várias
alternativas de líquido para isso -> leite (isotônico, ph alcalino, relativamente isento de bactérias). Mas,
o importante é não realizar o ressecamento das fibras do ligamento periodontal (podendo armazenar
em soro, água e saliva). Meio seco, aumenta a chance de reabsorção radicular em 85%.
- De 15 a 30 minutos existe 90% de chance de o reimplante ser bem sucedido. Após 30 minutos, essa
chance cai para 70%. Após 60 minutos, a chance é de 25% de dar certo. Depois de duas horas, é
praticamente inexistente a chance de dar certo.
- Mesmo após duas horas, DEVE SEMPRE RECOLOCAR NO LUGAR! Explicar aos pais!
- O insucesso é uma reabsorção em que o dente é reabsorvido, fica mole e cai.
- Depois da recolocação, faz-se a esplintagem e tratamento endodôntico (endo é preventivo! Tem que
ser feita!). Há relatos na literatura onde se faz a endo com o dente na mão, ainda.
- Este tratamento dito até agora é para DENTES PERMANENTES JOVENS! Em dentes decíduos, NÃO
DEVEMOS REIMPLANTAR! O tratamento é não reimplantar.
- Não se reimplanta porque é bastante complicado. Se for um dente em que já se iniciou a rizólise, não
há muita necessidade. Quando não começou o processo de rizólise, a criança é muito pequena e talvez
não seja fácil realizar a endo.
- A esplintagem é semi-rigida durante 7 a 14 dias.