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PRÉ-CLÍNICA V

Atividade de Odontopediatria

ALUNO: LUCAS GABRIEL DE SIQUEIRA.


TURMA: ODONTOLOGIA 80.
PROFESSORA: Soraia Pimenta de Araújo Guimarães.

Tratamento endodôntico em dentes decíduos

1. Com que objetivo se realiza o tratamento endodôntico dos


dentes decíduos?

R: A perda precoce de dentes decíduos pode levar a diversos problemas


de saúde bucal em crianças, por isto, mesmo diante de situações de
comprometimento pulpar o esforço para promover a manutenção destes dentes
na cavidade oral é essencial. Por isso em muitos casos é necessário realizar o
tratamento endodôntico destes dentes, que visa restabelecer a hemostasia,
diminuir ou eliminar o foco de infecção perirradicular e pode ser subdividida em
terapia conservadora e tratamento radical. Na terapia conservadora, busca-se a
manutenção da vitalidade pulpar total ou da parte radicular através de técnicas
como capeamento pulpar direto ou indireto e pulpotomia. Na terapia radical, é
realizada a pulpectomia, que consiste na retirada de todo o tecido vital, sendo
indicada para dentes decíduos com diagnóstico de pulpite irreversível ou necrose
pulpar.
2. Como pode ser realizado o tratamento endodôntico nos dentes
decíduos?

R: Para que se conduza o tratamento, é preciso se utilizar de parâmetros


clínicos e radiográficos na avaliação, o que facilitará o enfrentamento das
dificuldades apresentadas pelos dentes decíduos para o debridamento mecânico
realizado durante a instrumentação endodôntica como canais com curvaturas
acentuadas, canais acessórios, assim como a reabsorção radicular fisiológica
que dificulta a determinação de um limite apical. Além disto, o sucesso dessa
terapia depende da desinfecção dos condutos radiculares por meio de soluções
irrigadoras, assim como da capacidade antimicrobiana da pasta obturadora.

Para que a terapia endodôntica alcance êxito, é necessário que haja uma
adequada sanificação dos canais radiculares, acompanhada de obturação
satisfatória. Para a eliminação da parte orgânica e inorgânica dos canais, é
necessário ser realizado o preparo químico-cirúrgico, utilizando instrumentos
endodônticos, soluções químicas auxiliares eficazes, com o objetivo de
potencializar a ação antibacteriana da medicação intracanal nas paredes
dentinárias e nos canais acessórios, através da remoção de smearlayer,
permitindo, assim, adequado selamento do material obturador.

A descontaminação endodôntica é realizada por preparo mecânico, que


tem objetivo de dar formato e promover profilaxia dos condutos principais, e
também pelo processo químico através de soluções irrigadoras que atingem o
conduto principal e suas ramificações, facilitando a instrumentação.

3. Na terapia pulpar dos dentes decíduos, que critérios devem


ser considerados para escolher o tratamento mais indicado?

R: As indicações, os objetivos e o tipo de terapia dependem do


diagnóstico obtido de polpa saudável, pulpite reversível, pulpite irreversível ou
necrose pulpar. Dentes que apresentam sinais ou sintomas como história de dor
espontânea, fístula, inflamação periodontal não resultante de gengivite ou
periodontite, mobilidade não compatível com trauma ou período de rizólise,
radiolucidez apical ou na região de furca, reabsorções interna ou externa são
compatíveis com diagnóstico de pulpite irreversível ou necrose pulpar. Estas
características indicam o tratamento endodôntico. Dentes que apresentarem dor
provocada de curta duração ou por escovação, aliviada com a remoção do
estímulo e uso de analgésicos, são compatíveis com o diagnóstico de pulpite
reversível e candidatos à terapia para polpa vital que vão deste o capeamento
pulpar indireto até a pulpotomia.

Para a indicação de uma pulpectomia é preciso estabelecer o


diagnóstico de um condição de irreversibilidade da inflamação pulpar, ou a
necrose tecidual.

4. O mais importante e também o mais difícil aspecto da terapia


pulpar em dentes decíduos é estabelecer o diagnóstico. Por quê?

R: Pois os testes de sensibilidade pulpar não são recomendados em


dentes decíduos, devido à dificuldade de feedback confiável da criança

5. Qual a relação entre ciclo biológico do dente decíduo e a


decisão de terapia pulpar?

R: A perda precoce de dentes decíduos pode levar a diversos problemas


de saúde bucal em crianças, por isto, mesmo diante de situações de
comprometimento pulpar o esforço para promover a manutenção destes dentes
na cavidade oral é essencial. Isto porque a primeira dentição é a base
fundamental para a oclusão correta, visto que a mesma serve como guia para
posicionamento dos dentes permanentes sucessores. Devido a este fato é muito
importante manter ate o momento da esfoliação a dentição decídua.

6. Qual a importância do exame radiográfico para o


tratamento endodôntico dos dentes decíduos?

R: Identificar trauma na raiz, presença de lesões perirradiculares, fraturas


na raiz e/ou infiltrações em restaurações.

7. Teste de vitalidade pulpar em dentes decíduos. Deve ser


realizado? Por quê?

R: Os testes de sensibilidade pulpar não são recomendados em dentes


decíduos, devido à dificuldade de feedback confiável da criança.
8. O que se deve observar no exame clínico e visual, dos tecidos
dentários e de suporte, dos dentes decíduos indicados para tratamento
endodôntico?

R: No exame clínico, podemos dividí-lo em duas partes. A primeira seria


o exame do dente onde se observaria a localização da lesão, a quantidade de
remanescente dental e a alteração de cor coronária. A segunda parte seria
examinar os tecidos de suporte com objetivo de se identificar: abcesso, fístulas e
a coloração do tecido gengival.

9. Capeamento pulpar direto em dentes decíduos. Em que situação


deve ser indicado este tratamento?

R: A indicação do capeamento pulpar direto em dentes cariados é


quando há uma exposição pulpar durante o procedimento operatório Este
procedimento tem mais sucesso se a polpa for assintomática. O objetivo é
manter a vitalidade, de forma que não haja sinais e sintomas como sensibilidade,
dor ou algum tipo de inchaço após o tratamento. Deve ocorrer também a cura
pulpar e formação de dentina reparadora. Radiograficamente, não deve haver
patologias externas e reabsorção radicular interna.

10.Em que consiste a pulpotomia em dentes decíduos?

R: A pulpotomia em dentes decíduos é uma técnica conservadora de terapia


pulpar amplamente utilizada em Odontopediatria, sendo de fundamental importância
para evitar a perda prematura desses dentes, quer seja por alterações provocadas
pela cárie dentária ou traumatismo dentário.

11 Contraindicações de pulpotomia em dentes decíduos?

R: A pulpotomia em dentes decíduos é contraindicada quando o dente


possui lesão periapical, lesões na bi ou trifurcação das raízes dos molares ou/e em
dentes com grande destruição coronária.

12. Quando e como utilizamos o formocresol na técnica de pulpotomia em


dentes decíduos? Como identificar clinicamente a ação deste medicamento?
R: Utilizamos o formocresol quando a polpa estiver vital, com ou sem dor
provocada, em que não se tenha a presença de fístula, edema clinicamente e lesão
periapical radiograficamente. Primeiro se anestesia o paciente; realiza o isolamento
absoluto; remove o tecido cariado com brocas, remove o teto da câmara pulpar;
remove a polpa coronária até a entrada dos canais radiculares com colheres para
dentina; irriga-se com soro fisiológico ou hipoclorito 0,5%( líquido de Dakin); seca
com bolinhas de algodão esterilizadas até obter hemostasia; coloca bolinha de
algodão estéril embebida no formocresol por 5 a 10 minutos, sobre os cotos
pulpares remanescentes, tomando todo o assoalho da câmara pulpar;
posteriormente remove a bolinha de algodão com formocresol e avalia se houve a
fixação no tecido pulpar remanescente. Clinicamente identifica-se a ação desse
medicamento quando o dente apresenta ausência de dor, sem sangramento e de
cor acastanhada.

13. Quando e como utilizamos o formocresol diluído na técnica de


pulpotomia em dentes decíduos?

R: Utilizamos o formocresol diluído quando não se consegue a fixação total


da polpa devido à sintomatologia dolorosa ou sangramento, sendo menos irritante a
polpa radicular e aos tecidos periapicais. Prepara-se a solução de formocresol em
sua fórmula original, posteriormente uma parte dessa solução é juntada a quatro
partes do diluente (três partes de glicerina + uma parte de água).

14. Quando e como utilizamos o hidróxido de cálcio na técnica de


pulpotomia em dentes decíduos?

R: Utilizamos o hidróxido de cálcio quando é necessário um curativo de


demora com corticoesteroide. Primeiro se realiza a anestesia o paciente; realiza o
isolamento absoluto; remove o tecido cariado com brocas, remove o teto da câmara
pulpar; remove a polpa coronária até a entrada dos canais radiculares com colheres
para dentina; irriga com soro fisiológico; colocação de curativo de demora (bolinha
de algodão estéril embebida em corticosteroide - otosporin, por 48 horas); selamento
da cavidade com cimento de óxido de zinco/ eugenol- IRM. Após 48 horas,
anestesia e isola novamente; remove o selamento de curativo de demora; coloca a
pasta de hidróxido de cálcio (LC OU CALEM + óxido de zinco p.a) sobre os
remanescentes radiculares e assoalho da câmara pulpar; coloca uma sub-base e
realiza a restauração final.

15. Em que consiste a pulpectomia em dentes decíduos?

R: A pulpectomia em dentes decíduos consiste na remoção total dos tecidos


pulpares coronário e radicular, seguidos de biomecânica e obturação do canal
radicular.

16. Indicação e contraindicações para se realizar uma pulpectomia em


dentes decíduos.

R: A pulpectomia tem como indicações: alteração irreversível ou necrose da


polpa; integridade do assoalho da câmara pulpar; rizólise inferior à metade do
comprimento da raiz; integridade da cripta óssea que envolve o dente permanente. E
como containdicações: presença de lesões periapicais extensas que envolvam a
cripta do dente sucessor, identificadas radiograficamente pela perda da continuidade
da lâmina dura em torno do saco folicular do germe; grande mobilidade associada a
perda significativa de osso alveolar; dentes decíduos com grande perda de estrutura
radicular (+ de 2/3); impossibilidade de reconstrução; perfuração do assoalho da
câmara; evidência radiográfica de reabsorção externa/interna; reabsorção
envolvendo cripta do permanente; paciente com estado de saúde debilitado.

17. O sucesso da terapia pulpar nos dentes decíduos depende de quais


fatores?

R: O sucesso da terapia pulpar nos dentes decíduos depende da redução ou


eliminação do agente infectante, instrumentação adequada, irrigação eficiente,
obturação com materiais antibacterianos compatíveis.

18. Descreva a técnica de uma necropulpectomia em dentes decíduos.

R: Realiza-se a radiografia de diagnóstico, seguida da odontometria, depois


se realiza a abertura coronária e esvaziamento, seguido da desinfecção e
modelagem dos canais radiculares, finaliza-se com a obturação.

19. Como deve ser realizada a odontometria no tratamento endodôntico de


dentes decíduos anteriores e posteriores?
R: A odontometria em dentes anteriores deve ser realizada diminuindo 2 mm
devido reabsorção lingual, e em dentes posteriores deve-se diminuir 1 mm.

20. O que representa clinicamente, a presença de uma fístula em dentes


decíduos?

R: Representa clinicamente que a polpa sofreu necrose.

21. Que curativo de demora se utiliza para realizar a neutralização na 1ª fase


do tratamento endodôntico de dentes decíduos necrosados com fistula?

R: É utilizado como curativo de demora para a neutralização na primeira fase


do tratamento o tricresol.

22. Que curativo de demora se indica, após realizar a biomecânica, no


tratamento endodôntico de dentes decíduos necrosados?

R: É indicado a pasta de hidróxido de cálcio (pasta calem) após realizar a


biomecânica de dentes decíduos necrosados.

23. Soro fisiológico X Hipoclorito de sódio. Quando utilizamos estas soluções


irrigadoras no tratamento endodôntico de dentes decíduos?

R: O hipoclorito de sódio é utilizado em casos de necropulpectomia, por sua


ação quelante, dissolvendo tecidos que podem estar no canal radicular e também é
antisséptico. Já o soro fisiológico é utilizado em casos de pulpotomia, já que a
intenção é manter o tecido vivo, e também pode ser utilizado como irrigante final nas
pulpectomias.

24. Comente a respeito da utilização das seguintes pastas obturadoras no


tratamento endodôntico de dentes decíduos?

R: Pasta de Cimento de óxido de Zinco (p.a)/eugenol é a mais utilizada, a


polpa em contato com a pasta apresenta inflamação crônica. Quanto maior a
quantidade de eugenol, maior a inflamação. O eugenol é irritativo para os tecidos
periapicais e pode produzir necrose do osso e cemento, material extravasado
através do ápice pode permanecer nos tecidos periapicais e levar meses ou anos
para ser reabsorvido.
Pasta de Hidróxido de cálcio (Calem) e óxido de zinco (p.a) ou LC indicada
em casos de bio e necropulpectomia, acelera a reabsorção radicular do dente
decíduo.

Pasta Guedes-Pinto indicada para realizar a obturação, tem elevado


potencial bactericida, é uma pasta de iodofórmio (antisséptico e antimicrobiano),
pmcc (ação bacteriostática, alta citotoxicidade) e rifocort (antibiótico e corticoide).

Pastas iodoformadas indicada em necropulpectomias, o iodofórmio é anti-


séptico, cicatrizante e apresenta propriedade de sublimação. O excesso de pasta
extravasado no ápice é reabsorvido em uma a duas semanas.

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