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ATENÇÃO
ESPECIALIZADA AOS
POVOS INDÍGENAS
(IAE-PI): MANUAL DE
ORIENTAÇÃO
Sumário
Apresentação ...................................................................................................................... 4
Introdução ........................................................................................................................... 6
Diretrizes para o acolhimento, cuidados especiais e/ou serviços diferenciados em
estabelecimentos de Média e Alta Complexidade – MAC ................................................ 8
1) Atenção especializada integral e diferenciada à saúde indígena ................................... 8
2) Articulação dos serviços especializados aos saberes e práticas indígenas de saúde:
adequação das rotinas, procedimentos, protocolos clínicos e a construção dos projetos
terapêuticos singulares dos pacientes indígenas .................................................................. 8
3) Reconhecimento e respeito à diversidade dos saberes e práticas indígenas de saúde:
resguardos, dietas, manipulação das substâncias corporais e adequação dos cuidados à
identidade de gênero ............................................................................................................ 9
4) Acompanhamento dos cuidadores indígenas e tratamento tradicional concomitante à
terapêutica ofertada pelos serviços especializados ............................................................... 9
5) Adequação da ambiência e acolhimento diferenciado dos pacientes indígenas, seus
grupos de suporte e cuidadores indígenas.......................................................................... 10
6) Comunicação intercultural voltada para a produção de compreensão mútua: diálogo,
tradução e protagonismo dos pacientes indígenas e seus grupos de suporte
(desenvolvimento de competência comunicativa) ............................................................... 10
7) Participação dos sujeitos indígenas na construção de estratégias para articulação entre
saberes e práticas de saúde, avaliação e ética intercultural ................................................ 11
8) Atenção diferenciada aos povos indígenas de recente contato e estruturação de
serviços especializados em terras e territórios indígenas .................................................... 12
9) Cuidados paliativos adequados a pacientes em estágios terminais e manipulação do
cadáver ............................................................................................................................... 12
10) Colaboração entre os serviços especializados e as Equipes Multidisciplinares de
Atenção à Saúde Indígena (EMSI) ...................................................................................... 13
11) Formação permanente dos trabalhadores em saúde para desenvolvimento da
competência comunicativa intercultural: criação de espaços de diálogo entre profissionais e
destes com os indígenas .................................................................................................... 13
12) Hospitais Universitários - Desenvolvimento de modelos diferenciados de atenção
especializada à saúde dos povos indígenas: instalação de ambulatório e coordenação do
cuidado na rede, experiências inovadoras de ensino, pesquisa e extensão........................ 14
14) Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) ......................................................... 16
Objetivos – como fazer? ................................................................................................... 19
I) Viabilizar o direito ao intérprete, quando este se fizer necessário, e ao acompanhante,
respeitadas as condições clínicas do paciente .................................................................... 19
1
II) Garantir dieta especial ajustada aos hábitos e restrições alimentares de cada etnia,
sem prejuízo da observação do quadro clínico do paciente ................................................ 21
III) Promover a ambiência do estabelecimento de acordo com as especificidades
étnicas das populações indígenas atendidas ...................................................................... 22
IV) Facilitar a assistência dos cuidadores tradicionais, quando solicitada pelo
paciente ou pela família e, quando necessário, adaptar espaços para viabilizar tais práticas
23
V) Viabilizar a adaptação de protocolos clínicos, bem como critérios especiais de
acesso e acolhimento, considerando a vulnerabilidade sociocultural .................................. 24
VI) Favorecer o acesso diferenciado e priorizado aos indígenas de recente contato,
incluindo a disponibilização de alojamento de internação individualizado considerando seu
elevado risco imunológico ................................................................................................... 25
VII) Promover e estimular a construção de ferramentas de articulação e inclusão de
profissionais de saúde dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI/MS) e/ou outros
profissionais e especialistas tradicionais que tenham vínculo com paciente indígena, na
construção do plano de cuidado dos pacientes indígenas .................................................. 26
VIII) Assegurar o compartilhamento de diagnósticos e condutas de saúde de forma
compreensível aos usuários indígenas ............................................................................... 27
IX) Organizar instâncias de avaliação para serem utilizadas pelos usuários
indígenas relativamente à qualidade dos serviços prestados nos estabelecimentos de saúde
28
X) Fomentar e promover processos de educação permanente sobre
interculturalidade, valorização e respeito às práticas tradicionais de saúde e demais temas
pertinentes aos profissionais que atuam no estabelecimento, em conjunto com outros
profissionais e/ou especialistas ........................................................................................... 29
XI) Promover e qualificar a participação dos profissionais dos estabelecimentos nos
Comitês de Vigilância do Óbito ........................................................................................... 30
XII) Proporcionar serviços de atenção especializada em terras e territórios indígenas
31
XIII) Hospitais Universitários ..................................................................................... 32
Critérios para solicitação do IAE-PI e valores ................................................................ 36
Quem poderá receber o IAE-PI? ......................................................................................... 36
Como serão realizados os repasses do incentivo? ............................................................. 37
Quais os critérios devem ser preenchidos para solicitar o IAE-PI para o meu
estabelecimento? ................................................................................................................ 37
Como calculo a faixa de repasse do incentivo para o estabelecimento hospitalar e
ambulatorial? ...................................................................................................................... 37
Como será composto o valor do IAE-PI? ............................................................................ 38
Para os Centros de Especialidades Odontológicas (CEO): ................................................. 38
Para os Laboratórios Regionais de Próteses Dentárias (LRPD): ........................................ 40
Para os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS): ............................................................. 40
2
Para os demais estabelecimentos de saúde: ...................................................................... 41
Hospitais Universitários:...................................................................................................... 43
Não existia registro prévio dos atendimentos à população indígena no meu
estabelecimento, como posso proceder? ............................................................................ 44
Preenchidos esses critérios, como posso solicitar a habilitação do meu estabelecimento? 44
Meu estabelecimento atende indígenas de mais de um Distrito Sanitário Especial Indígena
(DSEI), como saber a qual deles meu estabelecimento está vinculado para construir
conjuntamente o Plano de Metas e Ações? ........................................................................ 45
Instruções para solicitação do IAE-PI ............................................................................. 45
1. Etapas de preenchimento do PMA .................................................................................. 45
2. Passo a passo para o repasse do recurso do IAE-PI ................................................... 49
3. Como será efetuado o repasse do IAE-PI? .................................................................. 50
4. Como o uso do IAE-PI será monitorado? ..................................................................... 50
5. Recebo o IAE-PI no meu estabelecimento, quais são minhas obrigações? ................. 50
6. O que acontece com o estabelecimento que descumprir a portaria? ........................... 51
Marcos Legais: .................................................................................................................. 53
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Apresentação
Nesse contexto, surgiu o Incentivo para a Atenção Especializada aos Povos Indígenas (IAE-
PI), em 1999, a partir da necessidade de estipular um incentivo para favorecer a
implementação de estratégias de acolhimento diferenciado dos povos indígenas na média e
alta complexidades (MAC).
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social indígena, Secretarias Municipais de Saúde (SMS), Secretarias Estaduais de Saúde
(SES), demais estabelecimentos de saúde integrantes do SUS, entre outros.
Esse manual tem por intuito favorecer o entendimento das normativas pelos gestores locais,
detalhando os objetivos da portaria, sugerindo formas de atuação para alcance dos
resultados, descrevendo a metodologia de cálculo de recursos e repasse do incentivo com
a finalidade de proporcionar maior equidade no atendimento dos povos indígenas,
garantindo a integralidade na atenção à saúde.
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Introdução
O acesso das populações indígenas aos serviços especializados requer do SUS estratégias
diferenciadas as quais considerem as especificidades sócio epidemiológicas, culturais e
operacionais dessa população, a fim de proporcionar ao usuário indígena um acolhimento
que seja integral, diferenciado e com equidade.
O direito à atenção diferenciada aos Povos Indígenas é garantido pela Constituição Federal
em seu Artigo 231 onde é reconhecida sua organização social, costumes, línguas, crenças
e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam.
A Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas (PNASPI) reconhece aos
povos indígenas suas especificidades étnicas e culturais, seus direitos territoriais e tem
como propósito garantir o acesso à atenção integral à saúde, de acordo com os princípios e
diretrizes do Sistema Único de Saúde, de modo a favorecer a superação dos fatores que
tornam essa população mais vulnerável.
Contudo, apesar dos avanços e das conquistas do SUS, ainda existem grandes lacunas
nos modelos de atenção e gestão dos serviços no que se refere ao acesso e ao modo como
o usuário indígena é acolhido nos serviços de saúde pública, em especial nos serviços de
média e alta complexidade. Deste modo, é preciso restabelecer, no cotidiano hospitalar e
especializado, o princípio da universalidade do acesso. Por exemplo, muitos indígenas
requerem um especialista tradicional para complementar ou para atuar paralelamente ao
tratamento biomédico. Os especialistas tradicionais, por sua vez, usualmente utilizam para
seu trabalho elementos como a fumaça, o fumo e outros instrumentos que não são
habituais ao ambiente hospitalar, o que requer adaptações estruturais dos serviços que
acolhem pacientes indígenas.
Outro exemplo, diz respeito à alimentação. Durante a internação, muitas vezes são
oferecidos alimentos desconhecidos ou pouco consumidos pelos indígenas em sua rotina
diária na aldeia e/ou que não podem ser consumidos devido a questões culturais e/ou de
cuidado espiritual. Além da necessidade de adequação da dieta, o espaço e ambiente
arquitetônico também devem acolher o usuário indígena. Infelizmente, hoje, muitas das
estruturas físicas são pouco acolhedoras e adaptadas às suas necessidades.
Foi visando a adequação do atendimento nos serviços especializados aos povos indígenas
que se instituiu o Incentivo da Atenção Especializada aos Povos Indígenas (IAE-PI) no
âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
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de 2017 (Portaria de Consolidação N°6 de 28 de setembro de 2017), que tem como
objetivos:
Esse manual propõe orientações para o acolhimento, cuidados especiais e/ou serviços
diferenciados em estabelecimentos de Média e Alta Complexidade visando a oferta de
atenção equânime e integral à saúde dos povos indígenas. Espera-se que este material
contribua na construção e qualificação do Plano de Metas e Ações (PMA) para solicitação
de recursos do IAE-PI.
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Diretrizes para o acolhimento, cuidados especiais
e/ou serviços diferenciados em estabelecimentos
de Média e Alta Complexidade – MAC
Com o objetivo de garantir uma atenção integral à saúde dos povos indígenas, a Política
Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas (PNASPI) prevê o desenvolvimento de
um modelo de atenção diferenciado à saúde que leve em consideração as especificidades
culturais, epidemiológicas e operacionais em contextos indígenas. Este modelo diferenciado
se desenvolve por meio da adequação dos serviços de saúde às realidades sócio-médicas
indígenas e do emprego de tecnologias e métodos comunicativos interculturais em todos os
níveis de complexidade da assistência à saúde. Portanto, o princípio da atenção
diferenciada à saúde indígena também deve ser observado pelos estabelecimentos da rede
de média e alta complexidade do SUS, de modo a qualificar os serviços e garantir a
integralidade da atenção à saúde dos sujeitos indígenas.
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produção de saúde que devem ser considerados no processo de elaboração e execução
das ações de saúde em todas as instâncias do cuidado.
Cada povo indígena possui um conjunto de saberes, práticas e praticantes acionados para
promover saúde, bem como prevenir ou tratar as doenças que os acometem. Dentre as
práticas realizadas pelos povos indígenas estão os cuidados com a gestação, o parto e o
pós-parto, os rituais de passagem e as terapêuticas empregadas para a recuperação da
saúde.
Sendo assim, se deve tanto observar especial cuidado para com a manipulação das
substâncias corporais dos sujeitos indígenas, quanto criar condições para que dietas
culturalmente adequadas sejam observadas. Estes cuidados, que devem ser informados
pelo paciente indígena, são fundamentais para a sua adesão ao tratamento terapêutico
indicado.
Garantir a assistência dos cuidadores tradicionais aos pacientes indígenas pode contribuir
para o bem-estar do paciente e para a sua adesão ao tratamento de saúde. As terapêuticas
indígenas geralmente atuam em uma outra dimensão constitutiva da enfermidade – a
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espiritual, por exemplo –, diferente da focada pela clínica médica e suas especialidades. De
acordo com os conhecimentos dos povos indígenas, outras dimensões do ser também são
responsáveis pelo processo de adoecimento. Assim, tais estratégias devem contribuir para
agilizar a recuperação do paciente, abreviando o período que o mesmo e o seu grupo de
suporte devem permanecer nos estabelecimentos de saúde.
Outro direito dos povos indígenas à atenção diferenciada à saúde no âmbito da média e da
alta complexidade diz respeito à necessidade de se desenvolver, em conjunto com os
próprios indígenas, estratégias culturalmente adequadas de acolhimento aos pacientes,
seus grupos de suporte e cuidadores tradicionais.
10
desenvolver competência comunicativa para entender as demandas indígenas, bem como,
se fazer entender por eles.
Os indígenas precisam ser ouvidos e a escuta do profissional precisa ser qualificada para
compreender o sentido da fala indígena. Os sujeitos indígenas devem ser aliados/parceiros
ativos no processo terapêutico e de restabelecimento da saúde dos pacientes, participando
na construção dos seus projetos terapêuticos baseados na articulação com os saberes e
práticas das medicinas tradicionais indígenas. Por isso, os profissionais de saúde devem
estar aptos para dialogar com os saberes, práticas e formas de fala dos povos indígenas,
desenvolvendo as competências comunicativas interculturais necessárias para efetivar o
direito desses povos de terem acesso à atenção integral e diferenciada aos serviços de
saúde.
Além disso, esses espaços acolherão as negociações sobre a melhor forma de conduzir o
tratamento terapêutico dos pacientes quando houver incompatibilidades entre os
procedimentos recomendados pelos serviços e os saberes e práticas indígenas usados
pelas terapêuticas tradicionais. A participação indígena no processo de construção dos
modelos diferenciados de atenção especializada constitui condição ética fundamental para
garantir a integralidade da atenção à saúde prestada aos sujeitos e coletivos indígenas.
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8) Atenção diferenciada aos povos indígenas de recente
contato e estruturação de serviços especializados em
terras e territórios indígenas
Especial atenção deve ser dada aos pacientes indígenas de recente contato devido à sua
condição de elevada vulnerabilidade social e epidemiológica, e a situação de diferença
cultural radical por eles enfrentada diante da necessidade de serem atendidos na rede de
média e alta complexidade do SUS.
Medidas devem ser tomadas para proteger a saúde desses pacientes, devido ao elevado
risco a que os mesmos estão submetidos quando em contato com a sociedade não-
indígena, por não possuírem memória imunológica aos agentes patogênicos comuns em
nosso ambiente. Por isso, se faz necessária a adoção de cuidados especiais para prevenir
o máximo possível o desenvolvimento dessas doenças que podem acarretar quadros
epidemiológicos extremos em um curto espaço de tempo.
Dependendo do caso a ser tratado e das etnias referenciadas na rede de média e alta
complexidade - levando em consideração questões de vulnerabilidade social, a dificuldade
geográfica de acesso, a diferença cultural -, se deve considerar a possibilidade de estruturar
no âmbito das terras e dos territórios, e em parceria com o SASISUS, apoio de serviços de
atenção especializada.
Em casos terminais ou mesmo quando o paciente indígena vier a óbito enquanto estiver
sob a responsabilidade dos serviços especializados de saúde, a manipulação do corpo ou
mesmo do cadáver deve ser conduzida de modo a respeitar as formas como os povos
indígenas lidam com a morte e experienciam o luto. Normas e práticas funerárias e a
importância do luto (resguardos) são, muitas vezes, fundamentais para a manutenção da
saúde da rede de parentesco e da comunidade indígena da qual faz parte o paciente. As
comunidades indígenas devem ser informadas do óbito e o corpo do paciente deverá
retornar à aldeia o quanto antes, de modo a viabilizar que a sua rede de parentesco possa
realizar as práticas funerárias importantes para o bem-estar da comunidade. Quando
houver necessidade de realização da autópsia é recomendável que se obtenha junto aos
familiares o consentimento para a realização do procedimento.
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10) Colaboração entre os serviços especializados e as
Equipes Multidisciplinares de Atenção à Saúde Indígena
(EMSI)
Os serviços ofertados pelas EMSI no âmbito dos Distritos Sanitários Especiais
Indígenas/Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (DSEI/SASISUS) são responsáveis
pela atenção primária à saúde junto às comunidades indígenas e devem resolver a maior
parte das enfermidades e agravos à saúde por elas enfrentados. Os problemas de saúde
que não são solucionados no âmbito da atenção primária devem ser encaminhados à rede
de referência de média e alta complexidade do SUS.
Para que a integralidade da atenção à saúde indígena seja efetivada se faz necessário a
colaboração entre os serviços especializados e as EMSI, de modo a facilitar a adequação
dos estabelecimentos e dos procedimentos, rotinas e protocolos de cuidado dos pacientes
indígenas a serem realizadas pelos estabelecimentos da média e alta complexidade. Da
mesma forma, a estratégia colaborativa contribuirá para implicar e informar as EMSI quanto
à recuperação do paciente indígena tanto no período em que o mesmo estiver internado,
quanto no momento em que o paciente retornar para a sua comunidade, já que a elas cabe
a responsabilidade de cuidar da sua recuperação.
Além disso, a formação permanente em saúde deve articular as ações dos serviços ao
ensino e à pesquisa científica sobre os diferentes aspectos, dimensões e especificidades
que conformam a atenção à saúde indígena.
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12) Hospitais Universitários - Desenvolvimento de
modelos diferenciados de atenção especializada à saúde
dos povos indígenas: instalação de ambulatório e
coordenação do cuidado na rede, experiências
inovadoras de ensino, pesquisa e extensão
Para tanto, poderão instalar ambulatórios especializados de atenção à saúde indígena com
o objetivo de coordenar o cuidado dos pacientes indígenas que transitam nos diferentes
âmbitos da rede de atenção, observando o princípio da articulação entre os serviços de
saúde e os saberes, práticas e cuidadores indígenas da saúde. Esses ambulatórios são
espaços propícios para a formação de profissionais para atuar na saúde indígena,
possibilitando a realização de experiências inovadoras que possam impactar na qualificação
da política nacional de atenção à saúde indígena.
14
incorpora as representações socioculturais dos povos indígenas, e as práticas indígenas de
cuidado.
A saúde bucal em área indígena é realizada por meio das Equipes Multidisciplinares de
Saúde Indígena (EMSI) que incluem os cirurgiões dentistas, auxiliares e técnicos em saúde
bucal. Quando existe uma demanda de maior complexidade, os pacientes indígenas são
encaminhados para realização de ações nos Centros de Especialidades Odontológicas
(CEO).
O acesso à atenção especializada deve ocorrer por meio de pactuação entre os DSEI e os
municípios e estados de sua área de abrangência que oferecem os serviços, considerando
os princípios doutrinários do SUS de integralidade da atenção e universalidade do
atendimento. Portanto, é da competência de todas as esferas do governo garantir o
atendimento em todos os níveis de atenção aos povos indígenas.
Espera-se que o IAE-PI favoreça a atenção diferenciada e culturalmente adaptada nos CEO
e LRPD e ajude no custeio e na articulação com os municípios e estados para a
reorganização da rede de atenção à saúde bucal, com o objetivo de ampliar acesso da
população indígena ao tratamento odontológico especializado, principalmente aqueles
identificados com maior demanda, como a endodontia e prótese dentária.
Havendo a pactuação com os LRPD, as etapas clínicas, como moldagem, prova dos
dentes, instalação e proservação, poderão ser realizadas pelas equipes de atenção básica
dos DSEI, e as etapas laboratoriais pelos LRPD, conforme estabelecido na Política
Nacional de Saúde Bucal. Para isso, é fundamental que os DSEI garantam os insumos e
instrumentais necessários para as etapas clínicas do tratamento protético, bem como a
eventual atualização profissional dos odontólogos dos DSEI, caso haja necessidade.
15
14) Centros de Atenção Psicossocial (CAPS)
Dessa forma, o CAPS é, por excelência, um ponto de atenção estratégico da RAPS por ter
porta aberta às demandas da população e ser apto a apoiar os serviços de atenção básica
e/ou hospitalares no acolhimento e na assistência às pessoas em sofrimento mental ou que
façam uso prejudicial de álcool e outras drogas.
I - CAPS I: atende pessoas com transtornos mentais graves e persistentes e também com
necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas de todas as faixas
etárias; indicado para Municípios com população acima de vinte mil habitantes;
II - CAPS II: atende pessoas com transtornos mentais graves e persistentes, podendo
também atender pessoas com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras
drogas, conforme a organização da rede de saúde local, indicado para Municípios com
população acima de setenta mil habitantes;
III - CAPS III: atende pessoas com transtornos mentais graves e persistentes. Proporciona
serviços de atenção contínua, com funcionamento vinte e quatro horas, incluindo feriados e
finais de semana, ofertando retaguarda clínica e acolhimento noturno a outros serviços de
saúde mental, inclusive CAPS Ad, indicado para Municípios ou regiões com população
acima de duzentos mil habitantes;
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IV - CAPS AD: atende adultos ou crianças e adolescentes, considerando as normativas do
Estatuto da Criança e do Adolescente, com necessidades decorrentes do uso de crack,
álcool e outras drogas. Serviço de saúde mental aberto e de caráter comunitário, indicado
para Municípios ou regiões com população acima de setenta mil habitantes;
O processo de articulação do DSEI com estes pontos de atenção exige desde uma
articulação em nível de gestão, quanto uma aproximação técnica entre profissionais. Desta
maneira, se faz importante a participação de gestores e profissionais dos DSEI nos fóruns
de pactuação da RAPS. Os Grupos Condutores Estaduais e Municipais da RAPS,
estabelecidos pelo Anexo V da PORTARIA DE CONSOLIDAÇÃO Nº 3, são importantes
espaços nos quais é discutido o desenho da RAPS, bem como a efetivação do
monitoramento e avaliação dos processos de implantação da rede. Orienta-se que o PMA
possa contar também com a colaboração destes grupos, espaços privilegiados de
articulação, pactuação, avaliação e monitoramento da RAPS, e que envolvam nesse
processo, além do DSEI, a participação da FUNAI e demais atores institucionais que
fizerem sentido.
A discussão intersetorial sobre saúde mental envolve diversos órgãos governamentais que
trabalham diretamente com povos indígenas e com saúde mental, em diferentes aspectos e
níveis. Neste sentido, consideram-se necessários três principais elementos para a
qualificação da articulação das redes de atenção à saúde: a) alinhamento conceitual; b)
estreitamento das relações interinstitucionais; e c) facilitação dos fluxos de atenção e
matriciamento.
Para a elaboração e execução dos objetivos elencados pela portaria é necessário que os
CAPS sejam apoiados pela Secretaria de Saúde do Estado ou Município, a depender da
gestão do serviço, e orientado pelo DSEI de referência do seu território que será o principal
ator neste processo, pois norteará acerca das especificidades culturais de cada etnia e os
modos como são compreendidas as experiências de sofrer e cuidar dos fenômenos
psíquicos, assim como, conhecer os significados cosmológicos e espirituais atribuídos a
eles.
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Objetivos – como fazer?
Essa sessão aborda alguns exemplos de como colocar em prática os objetivos da Portaria
do IAE-PI. As possibilidades não se encerram nas propostas aqui colocadas e os
estabelecimentos podem propor ações que estejam de acordo com suas características
locais e capacidade de ação. Nesse processo é essencial que os estabelecimentos se
subsidiem de informações sobre as etnias atendidas no território para o cumprimento dos
objetivos, pois a população indígena é muito diversa. Para tanto, a construção do Plano de
Metas e Ações (PMA) em conjunto com o DSEI, as CASAI da área de abrangência do
estabelecimento e Conselho Distrital Indígenal (CONDISI) é fundamental. Outros atores
importantes como FUNAI, ONG indigenistas, Universidades, entre outros, também podem
fazer parte da construção dos planos, caso seja necessário.
Intérprete
Para viabilizar o direito do usuário ao intérprete, principalmente, àqueles pacientes que não
têm domínio da língua portuguesa, os serviços especializados poderão fazer várias
propostas.
Sugestões de atividades:
Articular a parceria com Agentes Indígenas de Saúde - AIS, que possuem como
uma das suas atribuições realizar a tradução linguística e cultural entre os
profissionais de saúde e os sujeitos indígenas;
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Identificar de indigenistas ou de pesquisadores que atuem com o povo ao qual
pertence o indígena, e saber a língua para articular um apoio;
Acompanhante
Sugestões de atividades:
SAIBA MAIS!
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II) Garantir dieta especial ajustada aos hábitos e
restrições alimentares de cada etnia, sem prejuízo da
observação do quadro clínico do paciente
Sugestões de atividades:
Nos CAPS, além da adequação alimentar aos usuários, pode-se também promover
oficinas com alimentos tradicionais ou de troca de saberes sobre práticas
alimentares.
21
III) Promover a ambiência do estabelecimento de acordo
com as especificidades étnicas das populações
indígenas atendidas
Sugestões de atividades:
Criar condições para a instalação de redes (quando for o caso) para a acomodação
de pacientes ou outras estruturas de acordo com a especificidade da etnia e
condições clínicas do paciente;
22
IV) Facilitar a assistência dos cuidadores tradicionais,
quando solicitada pelo paciente ou pela família e,
quando necessário, adaptar espaços para viabilizar tais
práticas
Sugestões de atividades:
Quando estas práticas, porventura, não forem condizentes com as normas que
regulam as condutas terapêuticas, a orientação é que os profissionais busquem
dialogar e entrar em consenso com os especialistas sobre a adequação desses
procedimentos ao contexto da estrutura onde serão realizados. O diálogo é uma
prática fundamental para que as questões sejam solucionadas.
23
Vale lembrar que existem diversos tipos de especialistas ou cuidadores tradicionais,
de acordo com a localidade ou etnia: pajés, parteiras, curandeiros, curandeiras,
xamãs, raizeiros, rezadores, entre outros.
Sugestões de atividades:
Facilitar o acesso aos exames diagnósticos, articulando com outras instâncias, caso
o estabelecimento não disponha dos mesmos, para que sejam realizados em menor
tempo possível.
24
Optar por medicamentos ou tratamentos com posologias mais adequadas ao
contexto do paciente.
Permitir que a puérpera e sua família tenham acesso à placenta, uma vez que este
órgão possui significado importante em diversas culturas indígenas e deve receber
tratamento especial.
Considerando que os povos indígenas de recente contato são mais suscetíveis a certos
agravos e enfermidades devido a sua condição imunológica, os estabelecimentos de saúde
devem priorizar os pacientes indígenas de recente contato, garantindo condições para a
proteção e recuperação da sua saúde.
Sugestões de atividades:
25
Destinar aos pacientes indígenas alojamentos individualizados que permitam que o
mesmo seja acompanhado por seus familiares e cuidadores indígenas, quando
solicitado.
Importante! Deve-se ter atenção em relação aos demais objetivos, como: alimentação
diferenciada, acesso ao intérprete e acompanhantes, entre outros. A disponibilização
de intérpretes com vínculo com os pacientes de recente contato tem o intuito de
reduzir o impacto do contato com a sociedade abrangente, favorecer a compreensão
dos procedimentos adotados bem como aumentar a aderência ao tratamento.
Sugestões de atividades:
26
Organização de agenda de encontros com os profissionais do DSEI (incluindo
profissionais das equipes multidisciplinares de saúde indígena, referências técnicas
ou CASAI), com os profissionais tradicionais indígenas e outros especialistas para a
construção de planos de cuidado dos pacientes baseados no princípio da articulação
entre os serviços de saúde e as medicinas e saberes indígenas.
Sugestões de atividades:
27
Proporcionar que os profissionais de saúde, antes de iniciarem determinados
procedimentos, consultem o paciente ou seu acompanhante, além de explicarem a
justificativa e os efeitos possíveis do procedimento; Utilizar linguagem acessível e
repetir a informação quantas vezes for necessário, assegurando que ela seja
compreendida. Acionar intérprete quando necessário;
Sugestões de atividades:
A avaliação dos usuários indígenas e seu grupo de suporte deve ser permanente,
estando os profissionais envolvidos com as condutas de saúde preparados para a
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escuta qualificada e dispostos a adequar sua ação às recomendações e demandas
dos mesmos.
Sugestões de atividades:
29
Promover oficinas de qualificação em comunicação, interculturalidade e outros
temas pertinentes.
Sugestões de atividades:
30
Importante! As portarias MS/GM N°1.119/2008 e N° 72/2010 tornaram obrigatória a
vigilância de óbitos maternos, de mulheres em idade fértil (MIF), infantis e fetais por
todos os serviços de saúde que integram o Sistema Único de Saúde (SUS).
Sugestões de atividades:
31
Possibilitar o deslocamento da equipe de especialistas ao território com o intuito de
realizar matriciamento das equipes de saúde indígena, executar atividades em
conjunto e acompanhar casos específicos.
Os ASI devem se constituir como uma porta de entrada exclusiva e diferenciada para os
indígenas referenciados pelo Subsistema de Saúde Indígena (SASISUS). O primeiro
atendimento ao paciente indígena deve ser realizado pela equipe de referência do ASI que
o encaminhará para as especialidades dentro do complexo hospitalar da universidade.
O ASI é o elo de interlocução entre o hospital e o DSEI, devendo, inclusive, ser responsável
pelo relatório de alta do paciente e outras medidas que contribuam com a continuidade de
tratamento quendo o paciente indígena retornar ao seu território.
O ASI deve contar minimamente com uma estrutura de clínica básica exclusiva aos povos
indígenas referenciados ao complexo hospitalar universitário. A clínica básica em um
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ambulatório de saúde indígena deve contar com uma equipe multiprofissional a qual será
resposável pela coordenação do cuidado ao paciente indígena, acolhimento, promoção e
educação em saúde, dentre outros cuidados que visam atender o indígena dentro de sua
especificidade.
Sugestões de atividades:
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conhecimentos interdisciplinares importantes para qualificar os modelos de atenção à saúde
indígena. Da mesma forma, constituem instâncias privilegiadas para o desenvolvimento de
projetos políticos-pedagógicos para a formação de profissionais aptos para atuar na
atenção à saúde dos povos indígenas.
Sugestões de atividades:
Nestes projetos, é muito importante que sejam envolvidos profissionais que tenham
experiência com saúde indígena bem como antropólogos, especialistas de referência e
especialistas tradicionais.
Sugestões de atividades:
34
comunicação (hangout®, skype®, whatsapp®, telegram®, entre outras) em conjunto
com os DSEI;
35
Critérios para solicitação do IAE-PI e valores
Unidades mistas1;
Aqueles estabelecimentos que atuam como centros de referência na rede para garantia de
integralidade do cuidado dos usuários indígenas são o foco do incentivo. O recurso do IAE-
PI tem natureza de custeio e poderá ser utilizado pelos estabelecimentos para propiciar
adequações na estrutura física (pequenas reformas), alimentação diferenciada, qualificação
de pessoal e de novas tecnologias, adequação de rotinas entre outros, com o intuito de
“repensar os processos assistenciais” no âmbito ambulatorial e hospitalar, favorecendo a
atenção diferenciada aos povos indígenas. Tal medida beneficiará toda a rede vinculada ao
SUS nas Regiões de Saúde.
1
Atividades ambulatoriais de média e alta complexidade
2 Atividades ambulatoriais de média e alta complexidade
36
Como serão realizados os repasses do incentivo?
Os repasses poderão ser realizados por descentralização orçamentária para órgão ou
entidade da administração pública direta ou indireta ou na modalidade fundo a fundo, do
Fundo Nacional de Saúde (FNS) ao Fundo de Saúde do estado ou município ao qual esteja
vinculado o estabelecimento de saúde pleiteante que presta atendimento de média e alta
complexidade na área de abrangência dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas – DSEI.
Além dos critérios preliminares, seu estabelecimento deverá comprovar que atende aos
CRITÉRIOS MÍNIMOS de quantitativo de atendimento à população indígena, conforme a
listagem abaixo:
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Procedimentos de Alta Complexidade (APAC) e Registro das Ações Ambulatoriais de
Saúde (RAAS).
A média de atendimentos será calculada pela produção vigente nos últimos 06 meses
anteriores à solicitação de repasse. O estabelecimento deverá sempre registrar o campo
raça/cor para comprovação de atendimento à população indígena.
Valor fixo dos CEO será calculado sobre o valor base de custeio mensal do MS para CEO
tipo I:
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O valor variável será calculado da seguinte forma: cada objetivo estipulado no PMA
acrescentará 10% do valor fixo calculado no valor final do incentivo a ser repassado
(mínimo 2 e máximo 5 objetivos).
Exemplo:
4) Valor variável para os objetivos da portaria = R$ 8.250 x 10% = R$825 por objetivo
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Para os Laboratórios Regionais de Próteses Dentárias (LRPD):
Para os LRPD será adotada a seguinte fórmula de cálculo:
Valor fixo dos LRPD será calculado percentualmente sobre o valor base mínimo de custeio
mensal do MS para LRPD* que produzem de 20 a 50 próteses, conforme a Portaria GM
N°1.825, de 24 de agosto de 2012 (*Valor base = R$ 7.500).
O LRPD que cumprir o objetivo XII com no mínimo 50% da produção de próteses realizada
em terra/território indígena, receberá o dobro dos valores definidos de acordo com a faixa
de produção de próteses para pacientes indígenas (valores fixos).
Exemplo:
2) Valor fixo para um LRPD que produz 10 próteses para indígenas/mês = R$ 7.500 x
30% = R$ 2.250
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VALOR FIXO + VALOR VARIÁVEL
Valor fixo para os CAPS será calculado sobre o valor base de custeio mensal do MS para
cada tipo de CAPS conforme a figura abaixo:
O valor variável representará 10% sobre o fixo calculado de acordo com o tipo de CAPS
(mínimo 2 e máximo 9 objetivos).
Exemplo:
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O valor fixo será baseado no número de atendimentos/internações de pacientes indígenas
realizados pelo estabelecimento por mês:
O valor variável será calculado a partir de um incremento percentual sobre o valor fixo para
o cumprimento dos objetivos contidos no Art. 275 da Portaria (Mínimo 2 e máximo os 13
objetivos).
Exemplo:
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3) Valor variável para cada objetivo – Objetivo I (R$ 3.800); Objetivo II (R$ 3.800);
Objetivo IV (R$ 5.700);
Hospitais Universitários:
Estarão aptos a receber percentual adicional de incentivo, conforme a figura abaixo. Para
fazerem jus ao percentual adicional os Hospitais Universitários deverão celebrar termo de
cooperação técnica junto ao órgão central da SESAI.
*Não cumulativos
Exemplo:
3) Valor variável para cada objetivo – Objetivo I (R$ 6.850); Objetivo II (R$ 6.850);
Objetivo III (R$ 3.425); Objetivo IV (R$ 10.275);
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Não existia registro prévio dos atendimentos à população
indígena no meu estabelecimento, como posso proceder?
Por meio da Portaria N° 344, de 1º fevereiro de 2017, foi instituída a obrigatoriedade dos
serviços preencherem o quesito raça/cor nos sistemas de informação em saúde. Caso o
estabelecimento não tenha informações sobre os atendimentos/internação de pacientes
indígenas, poderá capacitar seu pessoal para o registro do campo raça-cor dos formulários
do SUS, com o intuito de levantar o quantitativo mínimo necessário para pleitear o recurso.
Cabe lembrar que, em 2012 foi publicada a Portaria 854 SAS/MS, que estabelece os
procedimentos específicos dos CAPS e determina que os mesmos sejam registrados,
principalmente, via RAAS (antiga APAC para CAPS). Essa Portaria institui uma lógica
de registros não mais centrada na produção do profissional e vinculada à questão do
faturamento, mas sim atenta ao percurso e ao itinerário do usuário no serviço,
vinculada ao Projetos Terapêuticos Singulares (PTS). Importante lembrar que a
Portaria nº 344, de 1º fevereiro de 2017, determina a obrigatoriedade dos serviços
registrarem o quesito raça/cor nos sistemas de informação em saúde.
Sugere-se que o preenchimento do PMA seja realizado por meio de oficina conjunta entre o
estabelecimento e o DSEI de abrangência (equipes do DSEI, da CASAI e dos Conselhos
Distritais de Saúde Indígena) para qualificar o instrumento e dinamizar o processo de
habilitação/homologação. Os DSEI receberão material de apoio para conduzir/orientar o
processo de formulação do PMA e realizar oficinas com os estabelecimentos. O passo a
passo do preenchimento do PMA pode ser consultado a seguir.
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Meu estabelecimento atende indígenas de mais de um Distrito
Sanitário Especial Indígena (DSEI), como saber a qual deles
meu estabelecimento está vinculado para construir
conjuntamente o Plano de Metas e Ações?
O PMA deve ser enviado apenas para um DSEI de referência. Constam nos anexos a
listagem dos municípios e de seus respectivos DSEIs de abrangência para consulta. Em
caso de municípios que estejam em áreas sobrepostas a dois DSEI, sugere-se que o
estabelecimento contate a sede do DSEI mais próximo.
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Preenchimento dos dados cadastrais do estabelecimento e do DSEI:
Neste campo devem ser incluídas as justificativas técnicas para homologação da unidade,
incluindo o DSEI de abrangência, etnias atendidas, serviços disponibilizados, experiência
prévia com o IAE-PI (caso a unidade já tenha recebido o incentivo anteriormente), dentre
outros dados que demonstrem a resolutividade e importância do estabelecimento na rede
de atenção aos povos indígenas da localidade. Sugere-se que esse campo seja preenchido
conjuntamente com o DSEI para qualificação prévia das informações prestadas.
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Relacionando os objetivos elencados na Portaria nº 2.663 de 11 de outubro de
2017:
Para CAPS – Mínimo de 2 objetivos, máximo de 9 objetivos listados no Art. 275 da Portaria.
Para CEO – Mínimo de 2 objetivos, máximo de 5 objetivos listados no Art. 275 da Portaria.
Para LRPD – Máximo 1 objetivo, sendo este exclusivamente o objetivo XII do Art. 275
(Proporcionar serviços de atenção especializada em terras e territórios indígenas). Os
LRPD são os únicos estabelecimentos que não tem estabelecido um mínimo de objetivos,
ou seja, podem receber apenas o valor fixo previsto pela portaria caso não tenham
possibilidade de firmar o objetivo para acréscimo do valor variável.
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Elencando os resultados esperados a partir do PMA:
Folha de assinaturas:
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2. Passo a passo para o repasse do recurso do IAE-PI
Passo 1: O estabelecimento deverá entregar uma cópia do documento físico do PMA ao
DSEI de abrangência (para saber o DSEI de abrangência, conferir a tabela em anexo nesse
manual).
Passo 2: O DSEI apreciará o PMA entregue pelo estabelecimento e realizará uma análise
técnica de pertinência no prazo de 15 (quinze) dias a contar do recebimento da
documentação. Serão avaliados pelo DSEI os seguintes aspectos:
Passo 3: Após avaliação, o DSEI submeterá o PMA via Sistema Eletrônico de Informações
(SEI!) para o Departamento de Atenção à Saúde Indígena (DASI/SESAI).
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O valor aprovado do incentivo financeiro e os objetivos de que trata o Art. 275 a
serem cumpridos.
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Informar o atendimento prestado ao indígena por meio dos sistemas de informações oficiais
do SUS com preenchimento dos campos raça/cor e etnia (quando disponível no SIA e SIH).
Para atendimentos não passíveis de serem registrados individualmente, como no caso dos
CAPS, o estabelecimento deverá informar via RAAS (antiga APAC para CAPS) ou BPA-I o
campo raça/cor.
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Marcos Legais:
Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, que dispõe sobre as condições para a promoção,
a proteção e a recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços
correspondentes e dá outras providências;
Portaria nº 254, de 31 de janeiro de 2002, Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos
Indígenas (PNASPI);
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