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TRATAMENTO DA CLASSE II

 Depois de estabelecer o diagnóstico, o próximo passo é partir para o tratamento da


maloclusão.
 A maloclusão de CLASSE II é caracterizada, segundo Angle, pela cúspide MV do 1º molar
superior ocluindo mesialmente (mais à frente) ao sulco MV do 1º molar inferior.
 É bastante prevalente na população (42% da população de 7 a 12 anos).
 Além da maloclusão dentária (cúspide ocluindo mesialmente ao sulco), há também a
maloclusão esquelética (por protusão maxilar, retrognatismo mandibular ou combinação desses
fatores); Pode haver também combinação da dentária com a esquelética.
 A etiologia da classe II é multifatorial, mas o principal fator é o GENÉTICO.
 É classificada em:

- Classe II divisão 1: Os 4 superiores inferiores estão vestibularizados (overjet acentuado); Perfil


convexo; Arcada com formato em V; Funções musculares anormais (comum os pacientes serem
respiradores bucais ou apresentarem hábitos de sucção);

- Classe II divisão 2: Incisivos centrais estão lingualizados ou verticalizados; Incisivos laterais tem
leve inclinação para mesial; Arcada achatada; Não é comum encontrar funções musculares
alteradas; Perfil reto.

- Classe II com Subdivisão: Quando apenas um lado está alterado. Pode ser direita ou esquerda.

 Diagnóstico: Para fazer um bom diagnóstico, é preciso levar em conta a fase de


crescimento (tratamento difere conforme a idade); Base óssea envolvida (ttt de classe II por
excesso de maxila é diferente da classe II por falta de mandíbula).
Para um bom diagnóstico, é preciso uma anamnese detalhada [dieta, hábitos deletérios], exame
clínico, solicitação de documentação ortodôntica.

OPÇÕES DE TRATAMENTO PARA A MALOCLUSÃO DE CLASSE II

 Aparelhos ortopédicos; distalizadores intrabucais; miniimplantes; elásticos intermaxilares;


extração de pré-molares e cirurgia ortognática.
 Dentro da ortodontia interceptativa, temos os APARELHOS ORTOPÉDICOS. Todas as
outras opções pertencem a ortodontia corretiva.
 APARELHOS ORTOPÉDICOS

- BIONATOR DE BALTERS: Foi um aparelho desenvolvido por Balters em 1960. É indicado para
tratamento de classe II que ocorrem por RETRUSÃO MANDIBULAR.

* É indicado para pacientes que apresentam trespasse horizontal aumentado e padrão de


crescimento horizontal ou normal.

* Promove avanço mandibular.

* Composto por: Alça bucinadora (promove o afastamento da bochecha do paciente, impedindo que
a musculatura exerça pressão sobre os dentes, favorecendo a expansão do arco), Alça vestibular
(está no terço incisal dos incisivos, e excita o selamento labial do paciente), Alça palatina (excita a
postura da língua do paciente no local correto, tocando no palato).

OBS: Não tem grampos de retenção, por isso, fica “meio solto” na boca dificultando, às vezes, a
adesão do paciente.

* Ao diagnosticar, molda-se o paciente e confecciona a “Mordida Construtiva” do paciente, com cera


(Dobra a cera no meio, aquece um pouco e pede para o paciente morder topo a topo, para que
estimule o avanço da mandíbula). Porém, só manda o paciente morder topo a topo se seu overjet
for menor que 3,5 mm, já que se for maior que isso, ele não irá conseguir. Nos casos de overjet
muito acentuado, tem que se trabalhar com 2 aparelhos, para avançar a mandíbula pouco a pouco
(por exemplo, o primeiro avança 4 mm da mandíbula, o segundo mais 4 mm).

* Depois de instalado o aparelho, temos que começar a fazer o desgaste dele com brocas, para que
fique um espaço entre o dente do paciente e o acrílico, estimulando a extrusão dentária = Por isso
sua indicação para pacientes com crescimento normal ou horizontal. (Se coloca esse aparelho em
um paciente vertical, ele o deixará ainda mais vertical).

- AEB (Aparelho extra-bucal): Aparelho indicado para maloclusão classe II esquelética por
PROTRUSÃO MAXILAR. Também é indicado para tratamento de classe II dentária, por meio da
distalização do molar ou ancoragem.
* Componentes: Arco facial (interno e externo); Tala cervical ou casquetes para apoiar o aparelho;
Elásticos para unir a tala ou casquete ao arco facial.

* Tipos de apoios: Cervical (tração baixa); Com casquete regulável (tração occipital); Tração alta.

Na tração baixa, o vetor de força é exercido para baixo. Mas se for decompor essa força, há um
componente de distalização e um componente de extrusão => Indicado para pacientes classe II
com sobremordida e braquifaciais!

Na tração occipital, o vetor de força é horizontal, somente para trás. Então o componente é
APENAS de distalização => Indicado para pacientes meso-faciais.

Na tração alta, tem-se, ao decompor, um componente de distalização e um de intrusão => Indicado


para pacientes classe II dolicofaciais ou com mordida aberta.

* No arco, é confeccionado também as baionetas (dobras), que servem para o aparelho parar
naquela posição na boca do paciente (stop).

* Os elásticos que são colocados ligados à tala ou casquete exercem uma força, que deve ser
controlada. Existem 2 tipos de forças: a ortodôntica (ação dentária) e a ortopédica (ação
esquelética). Se fosse usar esse aparelho para classe II dentária, usa-se 250 a 350 gramas de força
(força menor). Se for esquelética, a força utilizada é de 400 a 600 gramas (força maior). Outra
diferença é que quando quero uma força ortodôntica, é indicada a utilização do aparelho 24 horas
por dia, se quero uma força ortopédica, utiliza-se o aparelho de 12 a 14 horas por dia.

OBS: O nível dessa força é medida pelo dinamômetro ou tensiômetro.

OBS: Qual o aparelho para tratar classe II divisão II? O que acontece é que antes de tratar a classe
II divisão II propriamente dita, temos que transformá-la em classe II divisão I primeiro, e trata-la
como tal. Porque todos os aparelhos partem do principio que há um overjet acentuado.
- SPLINT MAXILAR: Desenvolvido por Thurow em 1985. É utilizado para tratar a classe II divisão I.
É muito parecido com o aparelho anterior, a diferença é que é acoplada uma placa de acrílico com
cobertura oclusal de todos os dentes superiores do paciente.

* Pra que serve a placa de acrílico? Quando o paciente toca o acrílico, vai DESCOCLUIR,
facilitando a movimentação dentária; melhora de desvio mandibular se houver interferência oclusal;
distribui de maneira uniforme a força de todo o arco dentário.

* Houve algumas modificações nesse aparelho, para ampliar suas indicações: Acréscimo de um
parafuso expansor (para aumentar a dimensão transversal da maxila); Acréscimo de grampos de
Adams; Acrescentou um arco vestibular.

* Tem efeito somente ORTOPÉDICO. Não tem efeito ortodôntico. A indicação é sempre o uso por
12/14 horas por dia.

* Depois de alcançar os efeitos desejáveis, pode pedir ao paciente para usar o aparelho apenas
para dormir, para servir como contenção, evitando recidivas.

* Pode-se acrescer a esse aparelho também uma grade palatina, para corrigir além da classe II,
uma mordida aberta e interposição de língua.

 Até agora, todos os aparelhos que vimos estavam incluídos na ortodontia interceptativa.
Agora vamos ver alguns dos tratamentos que pertencem a ortodontia corretiva.

- DISTALIZADOR INTRA-BUCAL: Existem muitos distalizadores, mas hoje falaremos sobre o


PENDEX. É uma modificação do aparelho pêndulun, com o acréscimo de um parafuso expansor.

* É composto por “molas elásticas”, que para ativá-las, o dentista puxa e elas se movem,
ocasionando a distalização.

* Após o uso desse aparelho, é preciso utilizar mantenedor de espaço para impedir que o dente volte.
- MINIIMPLANTE OU MINIPARAFUSO: É um parafuso que é rosqueado na gengiva, e trabalha
usando-o como apoio (ancoragem) => A ancoragem é quando há algo fixo como apoio, não
causando efeitos colaterais. Vai ser colocado um elástico nesse parafuso, puxando os dentes para
trás.

* Utilizado em pacientes adultos.

- ELÁSTICOS INTERMAXILARES: Grande utilização na ortodontia. Tirados durante as refeições e


higiene.

* Força exercida do canino superior para o molar inferior => Efeito maxilo-mandibular.

- EXTRAÇÃO DE PRÉ-MOLARES: Pode-se tratar a classe II com esse mecanismo compensatório,


que é a extração de 2 pré-molares superiores.

* Indicação: Paciente adulto tem alteração esquelética, com maxila bem protruída e não quer fazer
cirurgia.

* Com a extração de pré-molares, é corrigida a classe II do canino. A de molar permanece.

- CIRURGIA ORTOGNÁTICA: Somente em pacientes adultos, sendo um tratamento mais radical, em


ambiente hospitalar, com anestesia geral.
TRATAMENTO DE MALOCLUSÃO CLASSE III

 A classe III se caracteriza pela cúspide MV do primeiro molar superior ocluindo


distalmente ao sulco MV do primeiro molar inferior.
 Prevalência baixa na população (3%) comparada à classe II, mas há muita procura dos
pacientes para o seu tratamento, devido ao prejuízo estético desse tipo de maloclusão.
 Principais características: Perfil côncavo; Pode acontecer cruzamento de mordida
(anterior e posterior) => Nem sempre é cruzada; Arco inferior protruído em relação ao superior;
Pode apresentar subdivisões (esquerda ou direita).
 Pode ser classificada em:

- Dentária: Relação dentária da cúspide MV do primeiro molar superior ocluindo distalmente ao


sulco MV do primeiro molar inferior.

- Esquelética: Problemas na base óssea = Excesso de crescimento mandibular ou deficiência de


crescimento maxilar ou combinação das duas.

- Funcional/Pseudo-classe III: Há um avanço mandibular/desvio devido a alguma interferência


oclusal. Essa interferência é normalmente um contato dentário, obrigando a musculatura a sair da
posição normal, porque a posição patológica fica mais confortável para ela.

É importante diagnosticar precocemente, porque a pseudo-classe III pode evoluir para uma classe
III verdadeira.

Tratamento: Diagnóstico precoce! O diagnóstico é feito através da manipulação do paciente,


colocando-o em relação cêntrica. Quando em MIH ele está classe III, e em relação cêntrica em
classe I, essa maloclusão é devido a alguma interferência oclusal. Quando o paciente em classe III
verdadeira, ele permanece em classe III tanto em MIH como em RC.

Outra forma é que quando for uma pseudo-classe III com mordida cruzada anterior, quando se
coloca o paciente em RC a mordida se descruza.

 Etiologia: Multifatorial.

- Tem fatores ambientais:

Hipertrofia de amigdalas = a amigdala muito grande protui a língua do paciente, estimulando o


crescimento mandibular;
Respiração bucal, distúrbios hormonais, perda precoce de dentes decíduos.

- Fatores genéticos = PRINCIPAL FATOR.

 Diagnóstico: É preciso diagnosticar qual base óssea está envolvida (se é mandíbula,
maxila ou ambos); Severidade; Idade do paciente (tratamento pode ser ortodôntico, ortopédico
ou cirúrgico). É preciso um exame clínico, anamnese e documentação ortodôntica completa.

 TRATAMENTO DA CLASSE III

- APARELHO PROGÊNICO: Muito utilizado. Não é aparelho ortopédico, é ortodôntico. Pertence a


ortodontia interceptativa.

* Possui os grampos no arco superior, porém o arco desce para o arco inferior.

* Indicações: Classe III dentária (não é ortopédico); Classe III funcional; Mordida cruzada anterior;
Contenção do tratamento da classe III esquelética.

* Componentes: Grampos de Adams nos molares; Grampos auxiliares; Pode ter ou não plano
posterior em acrílico (para quando tem mordida cruzada, pois desoclui e diminui o trabalho do
aparelho para o descruzamento); Arco de Escheler (arco vestibular invertido); Podem ser
acrescentados dispositivos (como parafuso expansor, quando o paciente tem alterações
transversais ou molas digitais para descruzar dentes).

* Mecanismo de ação: É um aparelho com forças ortodônticas, que vai servir inclinando
lingualmente os incisivos inferiores; inclinando vestibularmente os incisivos superiores (que pode
ser super-ativado com o acréscimo de molas digitais) e liberando o crescimento maxilar após
correção da mordida cruzada.

* Às vezes, o dentista sabe que o caso do paciente é esquelético, precisa de aparelhos


ortopédicos, mas mesmo assim indica ao paciente o uso do progênico, porque? Para aumentar a
aceitação do aparelho pelo paciente (os ortopédicos não são bonitos); Além de que esse aparelho
consegue descruzar a mandíbula e liberar seu crescimento e pode (nem sempre ocorre) tratar o
paciente com classe III esquelética ~> Só se o paciente estiver em crescimento.
* Considerações clínicas: 24 horas por dia (pois é ortodôntico); Remover durante refeições e
higienização;

- MÁSCARA FACIAL: Mais usado para classe III esquelética, com ótimos resultados.

* Todas as máscaras faciais tem um apoio no mento e um no frontal.

* Alguns autores desenvolveram outros tipos de máscaras, um alegando que a máscara facial
tradicional pode deixar o paciente estrábico, desenvolveu outro tipo (mas com o mesmo apoio no
frontal e mento). Existem também máscaras faciais confeccionadas individualmente, através da
moldagem da face do paciente.

* A máscara é utilizada para casos de classe III esquelética por DEFICIÊNCIA DE MAXILA. Não
tem nenhum efeito sobre mandíbula.

* Antes de usar a máscara facial, sempre tem que ser feita a disjunção da maxila = Aparelho
disjuntor. O disjuntor deve ser confeccionado com “ganchos” onde vão ser apoiados os elásticos
que irão da máscara para o disjuntor.

No disjuntor, deve ser feita ¼ de volta pela manhã e ¼ de volta pela noite, por 7 dias.

* Porque disjuntar?

1 – Correção de mordida cruzada posterior (se o paciente tiver);

2 – Deslocamento anterior da maxila (pode até descruzar a mordida);

3 – Rompimento do sistema sutural da maxila (com o rompimento, a máscara consegue a


protrusão da maxila, sem esse rompimento a maxila não protrui) = Função mais importante.

O rompimento das suturas é observado através de radiografias.

* Força utilizada no aparelho de no mínimo 300 g e uso 12/14 horas por dia => Aparelho
ortopédico.
* Há elásticos que unem o aparelho disjuntor à máscara facial. Por isso, mesmo após a disjunção,
o aparelho não deve ser retirado, porque é lá que vai ser um dos apoios para a força ortopédica.

- MENTONEIRA: Tem um apoio no mento e outro com um casquete na cabeça. Eficácia


contestada, pois é muito difícil impedir o crescimento da mandíbula, o que podemos é redirecioná-
lo.

* Indicação: Crescimento mandibular excessivo.

* Contra-indicação: Pacientes dólico-faciais. A mentoneira não consegue segurar a mandíbula, ela


gira a mandíbula para trás e para baixo = Aumento do crescimento vertical do paciente (aumenta
o terço inferior da face)

* Efeito ortopédico, gerando remodelação da mandíbula, redirecionando seu crescimento.

* Direção da força 45º, força pesada, utilização do aparelho de 12 a 14 horas por dia.

- SKY HOOK: Tem apoio no mento e casquete na cabeça (que possui os ganchos que vão servir
de apoio para os elásticos) = É uma mistura de máscara facial com mentoneira.

* Indicação: Problemas maxilo-mandibulares (protrusão maxila e retrusão mandíbula)


* Também só pode ser utilizada com disjunção prévia.

* Componentes: Base em acrílico no mento (moldagem individual); Alças laterais de ancoragem


(servirão de apoio aos elásticos do casquete occipital); Alças verticais (Acompanha o contorno do
mento e sobe paralelas ao lábio superior); Casquete occipital.

* As alças verticais vão estar ligadas aos elásticos intra-bucais, que vão do molar superior ao
canino inferior (classe III).

- APARELHO FIXO: Pacientes adultos. Pertence a ortodontia corretiva.

Tratamento com braquetes e elásticos ortodônticos, onde há a inclinação de dentes para tratar a
classe III.

Não melhora totalmente o perfil, só de leve.

A professora mostrou um caso clínico

- CIRURGIA ORTOGNÁTICA: Somente em pacientes adultos, sendo um tratamento mais radical,


em ambiente hospitalar, com anestesia geral.

A professora mostrou um caso clínico

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