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CIRURGIAS PERIODONTAIS: REDUÇÃO OU ELIMINAÇÃO DE BOLSA PERIODONTAL E CIRURGIA ÓSSEA

1. Todo plano de tratamento começa pelo exame


Vamos abordar sobre duas técnicas voltadas para o clínico, avaliação das informações obtidas sobre
tratamento da doença periodontal: a redução ou a o caso do paciente e a determinação do
eliminação de bolsa periodontal, e também a cirurgia diagnóstico correto.
óssea. A partir do diagnóstico conseguimos realizar um
plano de tratamento para o caso.

INTRODUÇÃO 2. Na periodontia precisamos realizar como


primeira etapa os procedimentos básicos, onde
• Tradicionalmente, a cirurgia é considerada um
focamos no controle do biofilme: orientar a
tratamento complementar ao tratamento
higiene, raspagem, dar polimento, corrigir
realizado antes (tr. básicos ou inicial, que é o
excessos de restauração.
tratamento relacionado à causa).
Os procedimentos básicos tem por objetivo
- Para começar o tratamento periodontal
remover placa e cálculo. Foto à esquerda com
devemos focar o tratamento no agente etiológico
sinais de inflamação, sangramento gengival,
da doença periodontal (o biofilme), dessa forma,
aumento de volume gengival, grande quantidade
o paciente deve aprender a higienizar
de placa e cálculo, retração gengival, existe
corretamente, e temos que raspar, aplanar e polir
edema, alteração de cor e forma da gengiva,
a superfície radicular de modo a remover todo
também há bolsas periodontais.
agente etiológico, permitindo que o paciente
Após a remoção da placa e cálculo, permitimos
possa realizar uma boa higienização, que seja
que os tecidos periodontais voltem à
compatível com a saúde.
característica de normalidade.

• Como objetivo desse tratamento complementar


devemos facilitar o acesso a superfície radicular,
a cirurgia procura melhorar a condição de acesso
e, consequentemente, o acesso à higiene feita
pelo paciente, assim como o acesso feito pelo
profissional à manutenção da saúde no longo
prazo.
Após os procedimentos básicos, vemos que os
• Também devemos facilitar higiene oral feita pelo tecidos reduzem as características inflamatórias.
paciente. Na foto à direita vemos um tecido de cor mais
rosado, com contornos mais próximos da
• Favorecer a manutenção da saúde periodontal no normalidade, com melhor qualidade de higiene
longo prazo realizada pelo paciente, oferecendo uma outra
condição bucal.
*A cirurgia periodontal só deve ser realizada
Melhoramos as condições bucais de modo que o
depois dos procedimentos básicos finalizados,
paciente e o profissional possam realizar o controle do
pois primeiro reduzimos a quantidade bacteriana
biofilme e a manutenção da saúde periodontal com
total, favorecendo o procedimento cirúrgico com
maior facilidade ao longo do tempo
menor risco de infecção, além disso, os tecidos
moles periodontais estarão mais firmes do ponto
PLANO DE TRATAMENTO PERIODONTAL – REAVALIAÇÃO de vista de qualidade de colágeno e sem edema,
isso permite que as incisões sejam mais precisas,
Essas técnicas estão logo após a reavaliação do plano e o paciente terá uma vascularização mais
de tratamento, vamos ver como tomar a decisão para próxima da normalidade (na inflamação os vasos
realizar essas técnicas cirúrgica. estão dilatados e há uma proliferação de vasos
devido ao processo inflamatório, logo, uma
Como estruturar o plano de tratamento: cirurgia realizada no momento da inflamação
presente terá maior sangramento).
3. A fase seguinte ocorre após 1 mês (no mínimo) Não obrigatoriamente vamos decidir fazer a
ou vários meses depois da finalização dos cirurgia nesses casos, mas temos que reavaliar a
procedimentos básicos, realizamos a reavaliação necessidade da complementação cirúrgica –
– é nesse momento que determinamos se já será que o paciente é fumante? Reduziu ou parou
conseguimos recuperar a saúde periodontal ou de fumar? Será que a diabetes está controlada?
se precisaremos de alguma complementação
cirúrgica, para que a gente possa considerar que Reavaliar nos tecidos moles a existência de
o paciente recuperou a saúde periodontal. retrações gengivais, áreas de ausência de mucosa
▪ Nos casos em que o paciente já recuperou a mastigatória suficiente, inserção alta de freio ou
saúde periodontal podemos colocá-lo em brida (próximos à margem gengival) – esses itens
um plano de tratamento periodontal de são chamados de “programas mucogengivais”
suporte ou em controle e manutenção. que precisam ser corrigidos em diversas
▪ Mesmo nos casos em que decidimos pela situações.
complementação cirúrgica, após os
procedimentos básicos esse paciente
também será engajado num programa de
tratamento periodontal de suporte.

Na reavaliação verificamos quais os sinais clínicos


de doença que ainda estão presentes (ex:
sangramento à sondagem), qual a condição dos
tecidos moles (ex: ainda há bolsas periodontais
residuais?), qual a condição dos tecidos duros
(ex: ainda há defeitos ósseos verticais na região Reavaliar nos tecidos duros a existência de
de furca?), verificar se o paciente ainda apresenta defeitos ósseos verticais (que dificultam
mobilidade, e como o paciente vem se naturalmente a instrumentação radicular
comportando em relação à colaboração (ex: tem principalmente no fundo das bolsas), se há
efeito uma boa higiene? Alcança 20 % das faces perdas ósseas na região de furca (que dificultam
observadas? Se o paciente for diabético, será que a instrumentação radicular e o acesso à
está controlado?). higienização do paciente e manutenção da saúde
ao longo do tempo), ver qual a severidade da
perda óssea observada. Tudo isso se relaciona
com as dificuldades que teremos em tratar
adequadamente a superfície radicular e também
se relaciona ao risco que o paciente pode ter de
recidiva da doença periodontal.

Onde há bolsas residuais maiores que 4mm,


Reavaliar a mobilidade (Grau I, II, III) dos dentes.
sangramento à sondagem, defeitos ósseos
verticais, envolvimento de furca → repensar!

Lembrando dos parâmetros clínicos de sucesso:


▪ Eliminação ou redução dos sinais clínicos de
inflamação
▪ A estabilidade dos níveis clínicos de inserção
– saberemos ao longo de tempo por isso
devemos anotar isso na ficha periodontal
▪ Controle de placa compatível com saúde
4. Faz-se a complementação cirúrgica – abordada • Fornece acesso total à superfície radicular,
nesta aula permitindo debridar, raspar, aplanar, deixando
limpa e lisa a superfície radicular.
5. Depois da complementação cirúrgica teremos a • O resultado clinico da cirurgia será, pelo menos,
complementação oclusal/protética. a redução de PCS, que é um dos objetivos dessa
técnica, sulcos mais rasos são mais facilmente
6. Faz-se a revisão do tratamento como um todo. mantidos em saúde ao longo do tempo.
• Também temos o objetivo de causar mínimo
7. Esse paciente estará inserido no programa de trauma ao periodonto e desconforto ao
tratamento periodontal de suporte. paciente.

Quando realizar a cirurgia:


CIRURGIA PERIODNTAL E RETALHO
• Após os procedimentos básicos pois termos
Definição de retalho de espessura total (RET):
menor contagem bacteriana na boca, os tecidos
engloba o epitélio e toda espessura de tecido
moles já estarão mais enrijecidos e colagenados
conjuntivo, inclusive o periósteo.
facilitando as incisões e o manuseio dos tecidos,
paciente já consegue uma melhor higienização, Ao observar clinicamente na foto abaixo: o retalho
menor inflamação reduz também o está rebatido, temos acesso a superfície radicular e ao
sangramento. tecido ósseo subjacente. À esquerda vemos uma linha
• Precisamos avaliar a necessidade do caso, vermelha delineando como esse retalho foi
verificar se o paciente precisa de mais remoção executado, tanto a incisão que remove o epitélio da
de cálculo ou se ele precisa que resolvam as bolsa até o topo da crista óssea, quanto toda a
sequelas que a doença periodontal causou nos espessura desse retalho que vai desde o epitélio oral
tecidos moles. até o conjuntivo, chegando até o periósteo que
• Deve-se ter habilidade do profissional. Se o CD recobre todo o processo alveolar.
não tem experiência cirúrgica, é melhor fazer o
tratamento não cirúrgico.
• Avaliar o custo/benefício – será que fazendo
mais sessões de raspagem o dente em questão
terá perda de nível de inserção que leva à
extração? Ou o dente tem um tempo muito curto
de sobrevida (sendo mais indicado a extração)?
• Condição do paciente - Será que o paciente
diabético está controlado para que possa fazer a
Definição de retalho de espessura parcial (REP):
cirurgia? Ou o paciente não consegue fazer um
engloba o epitélio oral e parte da espessura de tecido
controle adequado? Então o melhor é manter
conjuntivo, não atingindo o periósteo. Não eleva o
esse paciente no programa de controle e
periósteo. Parte do tecido conjuntivo e o periósteo
manutenção periódicos.
são mantidos, protegendo o tecido ósseo subjacente.
À esquerda vemos como é feita a incisão: removendo
o epitélio da bolsa e dividindo a espessura do tecido
CIRURGIA PERIODONTAL A RETALHO gengival, levando o epitélio e parte do conjuntivo para
Objetivos dessa técnica cirúrgica: o retalho, e uma parte do conjuntivo está protegendo
o processo alveolar.
• A incisão primária faz a remoção do epitélio da
bolsa e tecido conjuntivo inflamado/correção de
defeitos de tecido mole (crateras gengivais,
bolsas periodontais)
• Fornece acesso ao tecido ósseo ao rebater o
retalho de espessura total após a 1ª incisão, isso
permite curetar/desbridar os defeitos do tecido
inflamado presente no intraósseo e junto da raiz.
Duas situações clínicas: Por outro lado, quando em região palatina tem bolsas
RET: nos dá acesso ao tecido ósseo e ao defeito mais profundas, e queremos reduzir de modo
eficiente essas bolsas, podemos desenhar arcos mais
infraósseo entre os dois molares.
acentuados (imagem à direita), removendo toda essa
REP: o tecido ósseo está protegido pelo tec conjuntivo parede da bolsa, além do epitélio, de modo que
possamos ter um remanescente de tecido mole mais
próximo do tecido ósseo subjacente e remanescente.
Em corte transversal vemos como as incisões são
feitas, a incisão primaria pode ser feita diretamente
voltada para a crista – Histologicamente vemos a
posição que essa incisão teria em direção à crista
óssea; ou podemos distanciar na região palatina ou
vestibular e levar essa incisão mais para a apical, junto
com o tecido ósseo, de modo a permitir que que haja
RETALHO DE WIDMAN MODIFICADO (Ramfjord mais redução da bolsa periodontal.
e Nissle, 1974)
É um dos retalhos mais utilizados na nossa clínica
diária, esse retalho não pretende eliminar a bolsa,
mas apenas reduzir a PCS e nos dará acesso à
superfície radicular de modo que conseguimos
instrumentar mais a superfície, remover e desbridar
todo tecido inflamado dentro dos defeitos e ao redor
Se necessário fazemos as incisões relaxantes, essas
da superfície radicular, e nos permitirá uma boa
incisões obrigatoriamente partem da MG e devem
adaptação do retalho e proteção do tecido ósseo
alcançar a mucosa alveolar, ou seja, deve ultrapassar
subjacente. É uma técnica muito eficiente.
a linha mucogengival, e sempre deve se localizar no
ângulo distovestibular ou mésiovestibular do último
COMO É EXECUTADA: dente incluído no retalho.
A primeira incisão: começa redesenhando a nova Nunca deve estar no meio da papila ou no meio da
margem com uma incisão em bisel invertido, voltada face vestibular – essas são posições erradas das
para a crista óssea subjacente, distante da superfície incisões relaxantes.
dentária em 0,5 a 1mm, para que seja possível
remover o epitélio da bolsa.
• Iniciar o retalho (0,5 a 1 mm da MG)
• Essa incisão desenha a nova margem gengival
• No momento da sutura ocorre um deslocamento
apical da posição da MG, mas não é um
deslocamento do retalho, apenas incisamos uma
parte da margem gengival, isso que dá uma nova
posição da MG (na verdade esse é um retalho A primeira incisão é realizada com uma lâmina
reposto – vamos entender como é executado) delicada (15C), que recontorna a margem gengival e
• Remover o epitélio da bolsa busca penetrar na região interproximal, formando um
• Localização da incisão primária: depende da faixa arco ao redor do dente de modo que na hora de
de gengiva inserida que a região a ser operada suturar, consigamos proteger esse tecido ósseo
possui. Então, a margem gengival que vamos interproximal da melhor maneira possível.
incisar e remover, vai depender da faixa de
gengiva inserida – isso deve ser avaliado antes da
primeira incisão.
À direita vemos que podemos ter incisões feitas no
topo da margem gengival ou ligeiramente à distância
da superfície da raiz (aquela distância de 0,5 a 1mm).
Após a incisão primária, vamos usar um elevador de Feita a terceira incisão, o desbridamento e curetagem
periósteo ou uma espátula de freer, e vamos elevar o na região cirúrgica será facilitado, dessa forma, vamos
retalho de espessura total cerca de 2 a 3 mm apical à pegar as curetas e remover esse colar de tecido, todo
crista óssea, então, primeiro o retalho é elevado antes o tecido de granulação e, inclusive os defeitos
que a gente faça a segunda incisão. infraósseos (como na foto a esquerda).

A segunda incisão é uma incisão intra-sulcular, Temos que remover o tecido mole, inflamado e
utilizamos a lâmina 12 ou 15C, colocamos a lâmina também verificar toda a superfície radicular, nas áreas
junto à superfície radicular e levamos ela até atingir de concavidade, de furca, de convexidade, junto à
novamente a crista óssea, contornamos todo o dente junção cemento-esmalte – toda a superfície radicular
separando esse “colar de tecido mole” da superfície deve ser tratada nesse momento, para finalizar limpa
radicular. e lisa. Então vamos instrumentar, irrigar, secar com
gaze e examinar para conseguir um bom tratamento.

Já elevado o retalho, conseguimos com o próprio Depois disso vamos irrigar bastante a área cirúrgica,
elevador de periósteo ou com um afastador, afastar adaptar o retalho e suturar, procurando sempre a
esse retalho de modo que a gente consiga observar a melhor adaptação possível desse retalho na área
crista óssea e todo o colar de tecido mole. Isso faz com operada. Em geral usamos a sutura simples (a
que possamos usar um bisturi de Orban – na esquerda) ou colchoeiro vertical (a direita)
terceira incisão – e incisar a região interproximal
tanto com o acesso vestibular quanto o lingual, de
modo que isso facilite a remoção do colar de tecido
com as curetas.

Em alguns tipos de retalho ficam indicadas,


eventualmente, uma osteoplastia (não remove tecido
ósseo que faz parte do periodonto de sustentação),
que só remove espessura de tecido ósseo, então ela
modifica um pouco a forma desse tecido, de modo a RETALHO DESLOCADO APICALMENTE (Fridman,
favorecer a adaptação desse retalho e o fechamento 1962)
dos bordos.
Esse retalho tem como objetivo:
• Eliminar as bolsas periodontais – deixando
apenas sulcos rasos
• Acesso ao tecido ósseo/osteotomia –
preconizando que cortemos o tecido ósseo para
eliminar totalmente os defeitos ósseos
• Acesso à superfície radicular – para melhor
instrumentação dessa região
• Aumento da faixa de gengiva inserida

VANTAGENS DO RETALHO DE WIDMAN MODIFICADO DESVANTAGENS DO RETALHO DESLOCADO


APICALMENTE
• Permite uma adaptação do retalho mais
favorável Suponha que a doença periodontal provoque uma
• Mínimo trauma aos tecidos – quando perda óssea de 5mm, se elevarmos a nossa margem
comparado à eliminação de bolsa com gengival a 5mm para apical, obteremos uma
osteotomia exposição radicular de pelo menos 5mm ocasionando:
• O resultado final do tratamento oferece uma • Exposição radicular
menor exposição radicular – teoricamente • Comprometimento estético
teremos menor retração das margens • Sensibilidade radicular
gengivais do que quando eliminação bolsas • Remoção de tecido ósseo por ressecção – é mais
(vamos entender isso). traumática do que quando se utiliza o retalho de
Widman.
• Nesse tipo de técnica é normal que os dentes
apresentem mais mobilidade, e mais
sensibilidade ao frio por conta da exposição
As cirurgias periodontais tem como objetivo melhorar radicular.
o acesso à superfície radicular, reduzir ou eliminar as
bolsas periodontais. Temos sequelas provocadas pelas
doenças periodontais, como as bolsas, envolvimento COMO É EXECUTADO:
de furca, defeitos infraósseos – e existem técnicas • Incisão primária: também é realizada até 1mm,
para tratar desses problemas. no topo da crista marginal, em direção a crista
Os problemas mucogengivais muitas vezes são óssea. Não realizamos a incisão de grande área
tratados com técnicas específicas, como a técnica de de margem porque não queremos remover
recobrimento radicular de ganho de mucosa tecido mole como na técnica anterior,
mastigatória, nesse caso estamos falando de técnicas precisamos deslocar todo esse tecido para a
cirúrgicas voltadas para o tratamento periodontal. apical.
Sempre realizamos antes o tratamento não cirúrgico, • Preservar gengiva inserida
que em grande parte das vezes é suficiente para • Deslocar posição da MG
devolver a saúde periodontal do paciente, mas em • Remover o epitélio da bolsa
alguns casos vamos precisar das técnicas cirúrgicas– • Incisão secundária: É obrigatório que realizemos
isso depende principalmente da condição do paciente, uma incisão relaxante – pois ela promove a
da gravidade da doença, da situação e do resultado liberação do retalho, de modo que possamos
final do tratamento não cirúrgico. deslocá-lo mais para a apical. Isso funciona
apenas para a região vestibular, não região
palatina não funciona, assim precisamos excisar
o tecido mole e afinar o retalho na região
palatina, sendo assim uma técnica um pouco
diferente.
• Localização: área proximal distante do defeito

O retalho é deslocado e suturado numa região mais


apical, junto a superfície da crista óssea. Alguns
autores recomendam que o retalho fique bem
próximo a crista óssea.

Já falamos do posicionamento e execução da incisão


relaxante. Idealmente para um retalho deslocado
apicalmente, teremos duas incisões uma mais distal e
outra mais mesial de modo que todo o tecido do
retalho seja deslocado pra uma região apical.

Nesta fase temos bastante raiz exposta tanto por


vestibular quanto por lingual.

Este é um caso clínico, em que na imagem a esquerda


observamos a situação inicial do paciente com bolsas
Na imagem a esquerda temos a completa recuperação
periodontais. Realizou-se o tratamento não cirúrgico
da cirurgia, com retrações de 1 a 2mm entre o 1ºM e
prévio. A excisão primária permitirá que se preserve
o 2ºPM retração de 3 a 4mm. Essa é uma técnica que
ao máximo o tecido do retalho.
leva a essa condição.
Pela própria característica do retalha, algumas vezes
conseguimos suturar usando parte do periósteo e
outras vezes não, por esse motivo realizamos a
proteção da área operada com cimento cirúrgico,
estabilização do retalho deslocado apicalmente.

Observamos aqui a elevação do retalho, e observamos CUNHA DISTAL (Robinson, 1966)


tecido mole e duro.
Na região distal dos últimos molares é comum
encontrarmos bolsas mais profundas – que
juntamente com alguma técnica utilizamos a cunha
distal
Objetivos:
• Eliminação da bolsa periodontal
• Acesso ao tecido ósseo/osteotomia
Os dentes estão sendo despregados e • Acesso à superfície radicular
instrumentados. Observamos que o tecido ósseo foi • Proteção dos tecidos periodontias
recontornado (observar a região de furca), pois entre remanescentes
as raízes o tecido ósseo, se encontra mais
arredondado, deixando as raízes expostas após a
osteotomia.
Numa imagem oclusal observamos o tamanho da
A cunha distal convencional é desenhada como uma tuberosidade.
cunha distal convencional. Temos então uma incisão
que contorna toda a coroa do último dente, de modo
que o retalho tenha mais mobilidade, na distal na
superfície um triângulo (primeira incisão). Depois com
uma segunda incisão, realiza-se o afinamento do
retalho por dentro. A lâmina entra inclinada como
exemplificado na imagem (linha em vermelho, Na imagem a esquerda, temos o desenho da incisão,
separando a região do tecido a ser curetada, que está que contornará a lateral distal do dente, em seguida
dentro do defeito ósseo. Feito isso, se necessário, são feitas 2 incisões paralelas e outra incisão unindo
realizamos uma plastia na região, promovendo uma as incisões paralelas, de modo que haja mobilidade
captação dos bordos e sutura. suficiente no retalho vestibular e no palatino.

Realizamos agora a 2ª incisão que será na área já


Um outro tipo de cunha é a cunha modificada, em que incisionada, iremos elevar os retalhos com os
a 1ª incisão sempre contornará a coroa dos dentes elevadores de periósteo e curetar todo o tecido mole
adjacentes, principalmente o último dente. São da região, desbridando a área e tratar a superfície
realizadas 2 incisões paralelas na distal do último radicular.
dente. A segunda incisão é paralela para afinar o
retalho, junto da crista óssea, o retalho é afinado por
vestibular e por palatina. Logo em seguida vamos
instrumentar a raiz, curetar e desbridar os defeitos e
vamos suturar o retalho para conseguir a sua
coaptação. Por vezes se a tuberosidade da maxila for
muito grande, na região distal ocorrerá uma Devemos realizar farta irrigação e suturando. Vemos
deformidade, quase que uma hiperplasia, assim com uma diferença na posição do tecido, quando
uma gengivectomia vamos remover o tecido. comparamos a coroa do 1ºM na região distal, ou ainda
quando comparada a região da tuberosidade. Para a
regularização do tecido, realizou e excisão completa
do tecido.

No caso apresentado acima, observamos a presença


de uma bolsa de 6mm.
Pós-operatório.
CIRURGIA ÓSSEA (Schluger, 1949; Goldman, Caso de exostose bastante volumosa na vestibular na
1950) região de molares e pré molares inferiores. A
execução de exostose assim só é possível com
Introdução: osteotomia. Além da exostose havia cratera
• Segundo esses autores a periodontite resulta em interproximal para ser tratada.
contorno ósseos irregulares
• Foi preconizado então a eliminação das bolsas
periodontais deve ser acompanhado da
regularização desses defeitos.
Objetivos:
• Eliminação de defeitos infra-ósseos e de crateras
interproximais
• Redução/afinamento de margens ósseas
Elevou-se um retalho de espessura total, e a exostose
espessas
foi removida, entre os dentes existem pequenas
• Estabelecimento de contornos ósseos
concavidades, que os sulcos realizamos como o
“fisiológicos”
primeiro passo da técnica, com o objetivo de
As margens gengivais acompanham as cristas ósseas regularizar, remover crateras e deixar o contorno
adjacentes, ou seja, o contorno regular, o término ósseo mais suave na região. Após isso a osteoplastia
mais afilado junto a superfície da raiz e do dente, é o deixará os contornos mais suavizados. A osteotomia
que os autores procuram com a osteotomia e a irá remover tecido ósseo na face livre do dente, de
osteoplastia. modo que haja essa harmonização, ou suavização.
Na imagem a direita após a recuperação podemos ver
Osteoplastia: uma retração gengival de aproximadamente 2 mm.
• É o recontorno ósseo que não remove “osso de
suporte”. Ex. afinamento de bordos ósseos OSTEOTOMIA:
espessos e estabelecimento de contorno ósseo
“fisiológico” nas faces e vestibular e
lingual/palatina).

Osteotomia:
• É o recontorno que remove “osso de suporte”,
afetando o periodonto de sustentação. (Ex.
eliminação de paredes em crateras ósseas ou
paredes de defeitos infra-ósseos). Os instrumentos utilizados para a realização da
osteotomia são: o osteótomo; brocas esféricas de
TÉCNICA DE RESSECÇÃO ÓSSEA carbide ou diamantadas nos formatos apresentados;
• Sulco verticais limas; cinzéis que funcionam como enxada;
• Harmonização óssea radicular
• Nivelamento ósseo interproximal
• Osteoplastia marginal
TÉCNICA DE OSTEOTOMIA – REPRESENTAÇÃO removidos cerca de 3mm de tecido ósseo na
GRÁFICA vestibular. Essa remoção é feita por meio de
osteotomia, e é remoção de periodonto de
sustentação sadio. Feito isso, o autor começa a
suavizar a relação do tecido ósseo com os dentes,
antes da realização da sutura.

A – Topografia óssea

B – Sulcos verticais – nas inste proximais estão mais


aprofundados, com o objetivo de nivelar o tecido Temos mais um caso, no qual há uma exostose
ósseo vestibular, com o fundo das crateras bastante acentuada na vestibular dos molares, e um
interproximais. defeito ósseo em uma parede também na vestibular
do 2º M. Para a resolução do caso, foi se realizado uma
C – Harmonização óssea e nivelamento interproximal osteotomia bastante extensa, e podemos observar a
– realizado com brocas ou cinzeis, recortamos e região interproximal mais coronária do efetivamente
regularizamos o tecido ósseo na vestibular de modo a a parede óssea vestibular.
harmonizar essa vestibular de acordo com os sulcos
que fizemos com as regiões de cratera.

D – Osteoplastia marginal – de modo que tudo fique


mais suavizado, sulcos e cristas ósseas vestibulares.

Outro caso, localizado na anterior na distal do IL.


Existia um defeito vertical. O autor realizou uma
osteotomia na região da parede vestibular do lateral,
suavizando toda a estrutura óssea na região de canino
e do lateral.

Na imagem acima, na vestibular entre os molares e o


1ºM e o 2ºPM, crateras interproximais. Observamos
também o espessamento do rebordo ósseo nessa
região.

Defeito em área de furca, e cratera interproximal.

São preparados os sulcos interproximais, buscando


remover o osso que está criando a cratera, logo em
O retalho foi elevado, e os sulcos são preparados.
seguida esse tecido ósseo será removido para suavizar
o tecido interproximal e o tecido vestibular. Lembrar
que quando as gengivas se formam as papilas
interproximais são maiores do que as faces
vestibulares. Isso é fisiológico, e por esse motivo é que
o tecido vestibular é levado mais para apical. Foram
RESULTADOS DA TERAPIA CIRÚRGICA PERIODONTAL
• Redução da profundidade clínica de sondagem
(PCS) – Permite maior controle da placa, e acesso
profissional ao desbridamento regular durante a
terapia de suporte, sendo mais eficiente.
Observar, que após o desbridamento, é possível ver as • Ganhos clínico de inserção – manutenção dos
crateras interproximais entre 1ºM e 2ºPM. A esquerda ganhos, que permite a manutenção da saúde
antes a osteotomia e a direita após o procedimento. A periodontal
osteotomia busca evitar qualquer envolvimento de • Redução do sangramento a sondagem – as
furca, ainda que o tecido ósseo seja levado a apical a técnicas cirúrgicas nos levam a uma redução do
região da furca. sangramento, desde que haja um controle de
placa compatível à saúde.
• Retração gengival – sempre ocorre pois, há uma
inflamação da gengiva e presença de edema,
conforme essa situação se resolve há uma
retração natural
• Remodelação de defeitos infra-ósseos
• Favorecem o controle de placa, tanto por parte
Pós-operatório, retração de aproximadamente 2 a
do paciente quanto por parte do profissional.
3mm.
• Importância do controle de placa doméstico e do
Outro caso passo a passo: tratamento periodontal de suporte (TPS)
regulares ao longo dos anos, para que esses
resultados sejam realmente efetivos.
CASOS DE TRATAMENTO PERIODONTAL

Caso realizado pelo professor Luiz Lima há 25 anos


atrás, de uma periodontite crônica, de modera a
severa. Observou-se presença de bolsas com variação
de profundidade de 4 a 8mm. Na radiografia
observamos um defeito infra ósseo, tanto na distal do
2ºM e do 1ºM. Pelo defeito infra ósseo é provável que
exista defeito de furca na distal.
O dente 22 encontra-se estruído, além da presença de
bolsa de 8mm na distal do 22, sangramento a
sondagem placa, cálculo.
Foi realizado o tratamento inicial, voltado a causa,
orientação de higiene, raspagem, após reavaliação,
optou-se pela terapia cirúrgica nos quadrantes
posteriores. Todos os sextantes posteriores, foram
operados utilizando-se o retalho de widman
Reparo pós cirúrgico do caso apresentado.
modificado, tanto superiores quanto inferiores.
Enquanto na região dos sextantes anterior na região Esse estudo mostra que para a grande maioria dos
de canino a canino superior e posterior, o tratamento pacientes o tratamento é bastante eficiente, ainda
não cirúrgico foi aplicado. Essa escolha foi feita, que possa ocorrer recidiva localizada, até mesmo
porque já se sabia pela literatura que um tratamento eventual perda dentária, a grande maioria se
não cirúrgico é capaz de oferecer um resultado clínico beneficiará de não ter perda dentária, mantendo o
de saúde periodontal, o que permitiria a manutenção controle de placa e o tratamento periodontal de
da saúde ao longo do tempo. Na região anterior suporte.
naturalmente pela característica é composta por Uma pequena parcela desses pacientes, de 8 a 16%
dentes unirradiculares que são mais susceptíveis ao que são mais susceptíveis a doença periodontal e
sucesso do tratamento. eventualmente há outros fatores associados a
evolução da doença, ocasionarão problemas e
eventual perda dentária.

CONCLUSÕES

• Técnicas cirúrgicas melhoram as condições para o


Resultado do tratamento a aproximadamente 1,5 controle de placa e a manutenção de saúde
anos depois da realização do tratamento. periodontal.

• As diferentes técnicas cirúrgicas para tratamento


periodontal resultam em redução da PCS, ganho
clínico de inserção, recessão gengival, remodelação
dos defeitos ósseos, redução dos índices de
sangramento e sondagem.

Caso tratado com controle de 10 anos. • Controle de placa doméstico e TPS regulares são
essenciais para que esse resultado seja alcançado.

Qual o prognóstico do tratamento de • O tratamento não-cirúrgico também permite a


periodontite crônica e agressiva? A recuperação da saúde periodontal.
manutenção de dentes é possível e previsível
no longo prazo? • O tratamento cirúrgico é complementar ao não-
cirúrgica e busca soluções mais específicas a sequelas
Perda dentária na fase de manutenção periodontal da doença periodontal.
Autor Período Dentes Pacientes Pacientes
perdidos por sem que
razões nenhuma perderam
periodontais perda 4 ou mais
dentária dentes

Hischfeld & 15 a 53 1,8/ paciente 50% 16,8%


Wasserman anos
(1978)

Chambrone 10 a 36 0,4/paciente 64,2% 8,3%


& anos
Chambrone
(2006)

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