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Periodontia Diagnóstico: Instrumentação Ultrassônica 1

INSTRUMENTAÇÃO ULTRASSÔNICA
OPERATÓRIA: PRINCÍPIOS, REGULAGEM DO US, ATIVAÇÃO DA PONTA
o cálculo mais escurecido de origem subgengival,
BASES BIOLÓGICAS
sendo mais difícil ainda sua remoção.
Inicialmente, é importante lembrar que devemos
sempre lembrar de trabalhar de forma integrada em
todas as clínicas da graduação, ainda que sejam
divididas por disciplinas. Sendo assim, mesmo que
estejamos na clínica de periodontia, não devemos
deixar de observar os aspectos de coroa clínica do
paciente para fechar diagnóstico.
3) SUPERFÍCIE IMPREGNADA POR ENDOTOXINAS
ASPECTOS DE INTERESSE Existem dois tipos de células bacterianas, as gram +
(envoltas por membrana celular) e as gram - (envoltas
Podemos citar cinco aspectos importantes de
por membrana celular + parede celular).
alterações de superfície radicular causadas pela
presença de biofilme e inflamação gengival – são Na parede celular de bactérias gram negativas, temos
essenciais para a compreensão clínica e motivação do a presença de lipopolissacarídeos (LPS), que são as
tratamento de superfície radicular. Estes aspectos nos estruturas em laranja no esquema abaixo.
ajudam a compreender o porquê da raspagem ser
necessária.

1) CONTAMINAÇÃO DA SUPERFÍCIE RADICULAR


PELA PRESENÇA DE BACTÉRIAS E BIOFILME
O biofilme presente na superfície radicular implica em
colônia de bactérias vivas, com metabolismo ativo, se
Sendo assim, quando a bactéria gram negativa morre,
multiplicando, se reproduzindo e jogando, na mucosa
a parede celular se rompe e fragmenta-se em
oral, os dejetos tóxicos de seu metabolismo.
fragmentos menores de LPS, que são endotoxinas.
Estas, por sua vez, serão expostas no ambiente em que
2) PRESENÇA DE CÁLCULO
as bactérias do biofilme habitam e, dessa forma, a
A placa depositada sobre a superfície radicular pode superfície radicular ficará impregnada por
estar exposta à saliva ou ao exsudato inflamatório endotoxinas, que são substâncias tóxicas e facilmente
gengival, com diferentes cenários. absorvidas – sendo assim, são substâncias
incompatíveis com as células gengivais, e é por isso que
A placa sobre a superfície radicular que está exposta à
saliva, vai levar a placa bacteriana a um processo de o tecido inflama: como uma tentativa do organismo
calcificação, ou seja, a massa de bactérias começará a resolver a inflamação, porém as células do nosso
sistema imune não são capazes de combater a
manter cálcio em seu interior e formará o cálculo
supragengival, que é mais grosseiro, esbranquiçado, infecção.
extenso e quebradiço – mais fácil de ser removido e
4) REABSORÇÃO RADICULAR
formado às pressas.

O cálculo subgengival, que ficou exposto ao exsudato


inflamatório gengival, é mais escuro – devido à
presença de ferro pela hemoglobina do sangue –,
calcificado mais lentamente e mais rígido, sendo mais
difícil sua remoção.

Há um momento em que, em casos de reabsorção A bolsa propriamente dita fica acima do epitélio
radicular, podemos ter cálculo salivar depositado sobre juncional, que está repleta de bactérias e endotoxinas.
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Já a região mais apical estará exposta ao exsudato c) Remover endotoxinas (LPS) impregnadas na
inflamatório que levará à reabsorção radicular superfície radicular
(buracos, degraus), deixando regiões extremamente d) Alisar a superfície radicular ao remover qualquer
ásperas – estas regiões serão mais propícias para as irregularidade ou retenção
bactérias se instalarem devido à sua aspereza. e) Retornar ao estado de saúde e mantê-lo dessa
forma
Este fator de aspereza serve, também, nos casos de
restaurações mal polidas (devemos sempre deixar CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES
lisura).
Para o tratamento, devemos considerar algumas
diferenças entre a área supragengival e a área
DESCALCIFICAÇÃO RADICULAR
subgengival, uma vez que são ambientes diferentes e
Se eu tenho um tecido inflamado, sangrante, este exigem cuidados distintos.
tecido está com pH ácido devido à morte celular. Com
isso, sabemos que pH ácido em regiões calcificadas A área supragengival é exposta à saliva, calcificando-se
causa descalcificação, uma vez que o pH ácido rouba e formando cálculo mais rapidamente e em maior
íons cálcio. quantidade. É colonizada por bactérias menos
patogênicas, gram + e aeróbias.
Dentro da bolsa, esta acidificação causa uma massa
amolecida que gerará descalcificação e, ✓ Aqui podemos refletir que, ao mesmo tempo
consequentemente, aumentará chances de cáries que a saliva calcifica e forma cálculo, ela
radiculares. continua liberando íons cálcio para o esmalte
dentário

A área subgengival, dentro das bolsas, é exposta ao


exsudato inflamatório gengival, ao sangramento e à
presença de bactérias mais patogênicas, gram - e
anaeróbias.

✓ O pH deste meio é ácido e promove


descalcificação
REFLETINDO... ✓ Aqui há escassez e quase ausência total de
Estes cinco fatores são motivos plausíveis para que oxigênio
tenhamos ânimo para fazer a melhor raspagem das
nossas vidas em cada um dos pacientes. Isso porque a
diferença entre um dente nesta situação vulnerável e Além disso, devemos refletir sobre a diferença entre as
um dente saudável depende do nosso diagnóstico regiões coronária e radicular.
como profissional.
A coroa dental, assim como a raiz exposta por retração,
TRATAMENTO permite fácil acesso do operador e normalmente são
tratadas satisfatória e facilmente.
O tratamento baseia-se em biocompatibilizar a raiz
doente – ou seja, sair do estado de doença e chegar ao Já a superfície radicular dentro das bolsas, as bolsas ≥
estado de saúde – que pode se resumir em cinco a 5mm, as lesões de furca e a região de dentes
objetivos: posteriores, constituem um desafio terapêutico
enorme pois são áreas de acesso muito restrito ou até
a) Remover a maior quantidade possível de placa mesmo inacessíveis.
bacterina (supra e sub) – e consequentemente,
remover a maior quantidade de bactérias Sendo assim, são regiões em que não conseguimos ter
b) Remover todo o cálculo e outras concreções visualização adequada, limitando ou impossibilitando o
presentes na superfície da coroa e da raiz tratamento adequado – não vemos, mas sentimos o
cálculo, sentimos o foco inflamatório.
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Por isso, sempre deve ser exigido capacidade e APLICAÇÕES BIOMÉDICAS


habilidade extremas do operador.
O ultrassom também tem aplicações terapêuticas que
podem ser altamente benéficas, quando usado com
OBS: em casos de dente, como 3ºs molares localizados precaução.
muito posteriormente, que impedem a instrumentação
uma vez que estão em regiões inatingíveis, Frequências de ultrassom relativamente altas podem
recomendamos a “fórceps-terapia” (EU AMEI), ou seja, desmanchar depósitos de pedras e tecidos (cálculos
a exodontia do elemento dental, uma vez que este não renais, por exemplo), acelerar o efeito de drogas em
será passível de tratamento. Dentes que não podem ser uma área alvo, ressonância magnética etc.
tratados, devem ser condenados. ☹
É usado em odontologia desde a década de 1950, para
preparo cavitário e raspagem.

Na odontologia, além dos exemplos descritos


TRATAMENTO DA SUPERFÍCIE RADICULAR
anteriormente, o US pode ser usado para
O tratamento é feito pela imposição de desgaste à instrumentação endodôntica (com ressalvas).
superfície da raiz, podendo ser feito por instrumentos
manuais, sônicos, ultrassônicos e rotatórios. APARELHOS ULTRASSÔNICOS

Pensando especificamente na periodontia, o


Quanto maior o desgaste, maior a sensibilidade pós-
tratamento da superfície radicular, principalmente
operatória – o cemento na área instrumentada é
associado a bolsas ≥ 5mm, representa um grande
removido quase totalmente e os túbulos dentinários
desafio ao cirurgião dentista, que pode ser facilitado
são expostos, provocando reações pulpares. Sendo
com os instrumentos US.
assim, o excesso de instrumentação DEVE ser evitado
e pode ser considerado iatrogênico uma vez que pode Antigamente os aparelhos eram magnetostritores
levar a pulpites. (cuidado com pacientes que usam marcapassos), hoje
em dia são piezoelétricos.
“Não raspe uma superfície que não precisa ser
raspada” GEORGETTI, Marco
OBS: As pontas de ultrassom não precisam de
O equilíbrio entre a lisura da raiz para o bem da gengiva movimentos específicos para o seu funcionamento.
e a instrumentação sem excessos para evitar reações Basta apenas encostar na superfície radicular e a
pulpares excessivas deve ser essencial. vibração ultrassônica faz o trabalho “sozinha”. Além
disso, não é necessário afiar a ponta, mais uma
CARACTERÍSTICAS E FUNCIONAMENTO vantagem em relação as curetas manuais.

O ULTRASSOM
MOVIMENTO DA PONTA
É um som que vibra em uma frequência superior
Em um estudo, verificou-se que a ponta de ultrassom
àquela que o ouvido humano pode perceber, ficando
se move em diferentes direções, num movimento
acima de 20.000Hz (frequência). Dispositivos
elíptico, que varia para cada tipo de ponta.
ultrassônicos operam de 20kHz até vários gigahertz.

Existem diversos aparelhos que usam as ondas A extremidade da ponta tem uma amplitude de
ultrasônicas, com diversos objetivos e que usam movimento muito grande, que é maior do que outras
diferentes frequências. regiões da ponta.
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A vibração dos aparelhos sônicos (ligados no equipo, A primeira ponta (A) é mais robusta e usada para tirar
ou seja, funcionam a ar), fica entre 3.000-5.000 Hz, grandes massas de cálculo. A terceira (B) também pode
enquanto os aparelhos ultrassônicos (elétricos) vibram ser usada com esse objetivo
numa frequência entre 25.000-50.000 ciclos/segundo
(Hz). As duas últimas pontas têm uma pequena esfera no
seu ápice e são usadas para descontaminação de
Isso significa que a ponta faz o seu movimento nessa região de furca.
frequência. Para efeito de comparação, as pontas em
alta rotação giram 300.000 vezes/minuto. COMPONENETES

Os componentes são divididos da seguinte maneira:


Essa vibração, gerada eletricamente, se transforma
num movimento de desgaste.

POTÊNCIA X FREQUÊNCIA

A frequência de vibração de cada aparelho é


constante. Na potência máxima, a ponta vibra sempre
na mesma frequência.

A variação na potência altera a capacidade da ponta


em desgastar a superfície da raiz, pois essa variação • Caneta ou peça de mão – é ligada ao aparelho por
altera a amplitude de deslocamento da ponta que um fio; onde se conecta a ponta;
vibra. • Ponta – Região que se entra em contato com as
superfícies dentárias; responsável pela ação do
Logo, maior potência = maior capacidade de desgaste aparelho
e vice-versa. • Montador – Peça que permite o encaixe correto da
ponta na caneta; o “aperto” que o montador causa
Dica: Iniciar o trabalho com potência, para raspar a
faz com que se perca o mínimo de energia
superfície e finalizar o trabalho com potência menor,
para alisar a superfície.
Dica: Para raspagem, usar até 50% da potência

Aparelhos com menor frequência não Ponta fina – 50%; Ponta espessa e rígida – 30%
necessariamente são piores. O que faz a diferença é a
potência (capacidade de desgaste) e as pontas que o IRRIGAÇÃO E REGULAÇÃO
aparelho oferece, além da capacidade do operador. Como a interação da ponta com a raiz provoca calor por
atrito, devemos usar recursos para que esse calor se
PONTAS
dissipe, de modo que não haja efeitos deletérios aos
No mercado existem diversos tipos de ponta, embora tecidos orais, principalmente a raiz, visto que a polpa é
as que venham com os aparelhos não sejam tão muito sensível a mudanças de temperatura.
versáteis.
Para isso existe a refrigeração por água, que sai da
ponta.

Para regular o aparelho deve, primeiramente, estar


montado e com a ponta devidamente apertada. O
aparelho deve ser colocado na potência mínima e
acionado. O fluxo de água deve ser gotejante, sem
spray. Quando regulado a potência pode ser alterada.
A ponta “PerioSlim” (segunda na foto) é o melhor tipo
para descontaminação de bolsas profundas, por ser USO DA PONTA
fina e longa.
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A ponta deve ser colocada paralela à superfície As pontas de ultrassom que são feitas para uso em
radicular, não perpendicularmente. Esse cuidado deve furcas tem o mesmo formato da sonda Nabers, o que
ser feito para evitar destruição tecidual. facilita o procedimento.

DESGASTE DA PONTA

As pontas desgastadas têm menor eficiência e


demandam maior tempo de trabalho. Como a ponta é
a área de maior movimento, quando mais desgastada,
menor a amplitude desse movimento.

Quando a ponta está desgastada o clínico tende a


tentar compensar fazendo força contra o elemento, o
que não deve ser feito.
ULTRASSOM X MANUAL
A substituição das pontas, portanto, deve ser
O principal objetivo é a remoção do cálculo subgengival, frequente. A necessidade de troca pode ser vista no
que apresenta maior dificuldade em dentes gabarito oferecido pelo fabricante.
multirradiculares, principalmente quando há lesão de
furca.

Com a sonda milimetrada encontra-se o cálculo, sendo


removido pela raspagem. O cálculo deve ser
encontrado, a ponta do ultrassom deve tocar e
pulverizar o cálculo.

Não se deve, com instrumento nenhum, ultrapassar o


fundo da bolsa.
CONCLUSÕES - LITERATURA

A instrumentação manual é mais traumática para o • Instrumentos ultrassônicos tem resultados


paciente (barulhos, sensações, risco de danos semelhantes aos instrumentos manuais na
teciduais), enquanto para o operador é mais sensível a remoção de placa, cálculo e endotoxinas
técnica e ergonomia. bacterianas (desde que bem utilizados);
• Raspagem ultrassônica produz menos dano à
Já o ultrassom não necessita de movimentos superfície radicular;
específicos como as curetas. A movimentação deve ser • As furcas podem ser mais bem acessadas com uso
apenas suave, intermitente e ininterrupta (não pode de pontas de ultrassom (apesar de ainda ser difícil);
parar a ponta num lugar só), com a ponta pressionada • As endotoxinas podem ser facilmente removidas
contra a superfície dental. O ultrassom é menos por raspador ultrassônico (qualquer atrito pode
traumático, porém ainda sim é uma experiência remover);
desagradável para o paciente. • Uma desvantagem importante dos US é a
produção de aerossóis;
Os dois métodos, quando bem empregados,
desmobilizam o biofilme subgengival. PERGUNTAS

ÁREAS DE FURCA 1. O que é ultrassom?


2. Qual a frequência do aparelho? São todos
A área da furca é uma das mais complicadas para se
iguais?
fazer a descontaminação, principalmente quando as
3. O aparelho deve ser usado em qual potência?
raízes são próximas.
4. Como regular o aparelho e a água?
5. Qual o movimento de raspagem com o US?
6. Ponta usada e nova, há diferença?
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7. Qual o melhor instrumento, manual ou faça raspagem na presença de fatores


ultrassônico? iatrogênicos (restauração em excesso, bordas de
8. Qual o melhor instrumento para furcas? restaurações a nível subgengival, ponto de
9. Qual instrumento desgasta mais a superfície contato aberto, lesões de cárie).
radicular 5. Da presença, quantidade e profundidade das
10. Existe alguma desvantagem no uso dos US? bolsas – quanto mais profunda a bolsa, maior a
dificuldade da intervenção.
USO CLÍNICO - PROTOCOLOS 6. Da quantidade de cálculo presente (supra e
subgengival). O cálculo em si não é o problema,
Esses protocolos apresentados são sugestões para
utilizarmos na clínica. O protocolo pode ser adaptado mas quanto mais cálculo existir, mais trabalho
teremos – a partir disso podemos calcular
de acordo com cada paciente. Devemos seguir as
quantas sessões e o tempo de cada uma.
orientações do professor em clínica.
7. Qualidade e grau de higiene realizada pelo
DESCONTAMINAÇÃO BUCAL E TRATAMENTO DE paciente.
BOLSAS PROFUNDAS
SUGESTÃO DE USO CLÍN ICO DO RASPADOR
Descontaminação bucal e tratamento de bolsas ULTRASSÔNICO
profundas são duas coisas distintas, embora façam
parte do mesmo protocolo. Podemos realizar esse CONSIDERE:
procedimento com ultrassom ou com instrumentos A. se é um procedimento de descontaminação, isto é,
normais. a simples remoção da maior quantidade possível
de depósitos moles e duros das superfícies supra
Lembrando que podemos utilizar 4 instrumentos gengivais. Em outras palavras, é uma limpeza de
diferentes para fazer raspagem: curetas, ultrassom, modo macro/mais grosseiro.
aparelhos sônicos e brocas. B. se é um procedimento de tratamento de
superfície radicular associada a bolsas profundas
CONSCIÊNCIA (> ou = 5mm). Não temos visualização, apenas
sentiremos o cálculo dentro da bolsa.
Antes de iniciar o tratamento tenha sempre
consciência:
DESCONTAMINAÇÃO INIC IAL
1. Tenha sempre consciência do diagnóstico e das Seja qual for o diagnóstico, iniciamos pela
causas da doença ou condição que está sendo descontaminação inicial, que significa iminuir a "carga
tratada. bacteriana".
2. De todos os fatores que contribuem para a
instalação e manutenção da presença de placa Procedimento
bacteriana – não adianta fazer raspagem se
1. "Limpe" completamente TODAS as superfícies
ainda existem esses fatores. supra gengivais, sejam raízes ou coroas.
3. De todos os fatores relacionados à manifestação 2. Procure realizar o procedimento em TODOS os
(fenótipo) ou grau inflamatório presente em dentes numa mesma sessão.
cada área a ser especificamente tratada (cada 3. Penetre o sulco/bolsa levando a ponta sem
dente, face e bolsa). provocar desconforto ao paciente.
4. você pode planejar mais de uma sessão se
necessário, mas procure trabalhar em todos os
Lembrando que o paciente pode ter outros
dentes na mesma sessão, repetindo todos os
fatores associados: condição sistêmica, dentes na sessão seguinte também.
tabagismo, respiração bucal, uso de drogas e 5. Não há necessidade de polimento coronário
medicamentos. neste momento, mas pode ser feito dependendo
do tempo disponível (usar escova ou taça de
4. Da presença de fatores iatrogênicos – borracha com qualquer pasta abrasiva).
geralmente esses fatores são eliminados de
Considerações
acordo com a intervenção do profissional. Jamais
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os tecidos ao redor, face vestibular e


1. O procedimento de descontaminação pode ser lingual/palatina.
suficiente para o tratamento de gengivites ou
outras condições em que há presença de bolsas Para maxila é indicado técnica de bloqueio: pós-
rasas (<5mm PCS). túber ou infraorbitária.
2. De acordo com a necessidade de cada caso,
podem ser realizadas múltiplas sessões. Não existe impedimento para realizar anestesia
3. Se a instrumentação for realizada e raspagem dos 4 quadrantes em uma única
delicadamente, pode ser feita sem o uso de sessão.
anestesia. Evite o uso de anestésicos na
descontaminação inicial. Discussão:
4. Oriente sempre a higiene bucal. MOTIVE MUITO - Anestesia infiltrativa para dentes superiores e
seu paciente em todas as sessões. pterigomandibular para dentes inferiores nem
5. O polimento supragengival pode ser feito ao final sempre é suficiente.
de cada sessão ou em consulta específica para
orientação de higiene bucal e polimento, 3. Planeje quantas sessões julgar necessárias (de
conforme conveniência. acordo com a sua capacidade individual),
estabelecendo previamente o tempo clínico de
trabalho para cada sessão.
PROCEDIMENTO PARA TRATAMENTO DE SUPERFÍCIE 4. Mesmo que o planejamento seja para a
RADICULAR ASSOCIADA A BOLSAS ≥ 5MM raspagem subgengival dos dentes de um único
quadrante, realize a descontaminação
supragengival com ultrassom de TODOS os
Procedimento
demais dentes, na mesma sessão.
1. Este procedimento deve ser realizado após a
descontaminação inicial.
2. Procure iniciá-lo somente após a eliminação de EXEMPLO:
todos os fatores que retém placa na área em  Paciente com gengivite/periodontite
questão (restaurações com excesso cervical,  Várias bolsas até 5mm;
cáries etc.) – se houver uma cavidade de cárie,  17 bolsas ≥ 5mm;
devemos selar antes da raspagem.  Lesões de furca.
3. De acordo com a possibilidade de cada paciente,
este deve estar realizando controle mecânico 1. Descontaminação inicial + controle químico +
(escovação) já sob nova orientação e com orientação de higiene oral
motivação. Indique o uso de fio dental e escova 2. Faça anestesia da área onde se encontram bolsas
interdental. mais profundas, por exemplo o quadrante C.
4. O controle químico da placa (clorexidina 0,12%, 3. Introduza a ponta do ultrassom dentro da bolsa
óleos essenciais, cloreto cetil-peridinio/listerine) e procure remover meticulosamente todo o
pode e deve ser instituído a partir deste cálculo (aspereza) que encontrar (primeiro
momento ou a partir da última sessão de encontre o cálculo e depois acione o pedal do
descontaminação inicial. Lembrando que o ultrassom).
controle químico é secundário ao controle 4. Coloque a ponta do instrumento em contato com
mecânico. a superfície radicular, friccionando-a contra esta
5. Inicie e finalize esta fase do tratamento no superfície com movimentos intermitentes e
menor intervalo de tempo possível!!! contínuos, até que a superfície se transforme em
"a mais lisa possível". Isso demanda tempo e
habilidade.
Considerações 5. Penetre a ponta até o limite da profundidade da
bolsa: "até onde a ponta alcançar"; bolsa 7mm,
1. Faça anestesia (sem haver obrigatoriedade). A penetre ao menos 7mm; não force a penetração
instrumentação de bolsas profundas pode causar para não desgastar a crista óssea.
sangramento e muito desconforto ao paciente. 6. Quando julgar o trabalho finalizado na área
2. Anestesie a área profundamente, este é um escolhida, repita o procedimento de
procedimento cirúrgico invasivo! A anestesia descontaminação em todas as demais áreas,
deve incluir a polpa dentária assim como todos quadrantes A, B e D. Penetre as demais
Periodontia Diagnóstico: Instrumentação Ultrassônica 8

bolsas/sulcos até a profundidade na qual a PLANEJAMENTO DE CASO CLÍNICO 01:


instrumentação não provoca dor.
7. Incentive o paciente a manter a melhor higiene  Paciente MTMC, sexo feminino, 62anos, saudável,
possível, assim como a persistir com o controle fumante.
químico também.  Diagnóstico: gengivite/peridontite
8. Nas próximas sessões, repita este procedimento  Bolsas ≥ 5mm = 17 bolsas em quadrantes
para os demais quadrantes.

CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES
• Na faculdade, as sessões de atendimento são
semanais, por vezes intervalos maiores.
Porém, é interessante que todas as sessões de
raspagem subgengival sejam realizadas no
menor intervalo de tempo possível.

Pode ser planejada a realização de mais de uma


sessão na mesma semana.

• Se o planejamento estabelece, por exemplo, 4


sessões de raspagem subgengival, poderiam ser
realizadas duas sessões numa semana e mais
duas na semana seguinte. Isso reduz o tempo
total do tratamento e é clinicamente mais
adequado que um tratamento prolongado ao
longo de meses.

• Não há contraindicação para a realização de


todos os procedimentos de raspagem
subgengival da boca inteira em uma única
sessão.
PLANEJAMENTO:
Existem apenas limitações e cuidados específicos
para cada paciente.
✓ 1ª sessão: descontaminação bucal inicial +
motivação.
Esteja atento às condições sistêmicas, à idade, à
✓ 2ª sessão: selamento de cáries; remoção de
condição física e emocional de cada paciente.
excessos de restauração; polimento de
restaurações e superfícies ásperas; ajuste de
Isso vai influenciar a possibilidade de maior ou
prótese removível "que incomoda” +
menor tempo de atendimento numa única
motivação.
sessão, assim como vai orientar a respeito do
✓ 3ª sessão: nova descontaminação bucal +
anestésico e da técnica anestésica a ser
orientação de higiene bucal (OHB) + motivação
empregada, o uso de antibióticos e/ou
✓ 4ª-6ª sessão (3 sessões neste caso):
analgésicos.
tratamento da superfície radicular associada a
bolsas ≥ 5mm + motivação.
• Dominar a técnica anestésica e suas
considerações correlatas é fundamental. Lembrando: anestesia e raspagem de bolsas
profundas de uma área + descontaminação do
• Lembre-se: raspagem é um procedimento restante da boca. Na sessão seguinte,
cirúrgico, provoca lesões aos tecidos, anestesiar e raspar bolsas profundas de outra
desconforto durante o procedimento e no pós- área + descontaminação do restante da boca.
operatório.
✓ 7ª sessão: revisão (controle de qualidade) +
• Cuidados farmacológicos terapêuticos OHB + polimento coronário + motivação.
associados podem ser indicados.
Periodontia Diagnóstico: Instrumentação Ultrassônica 9

ocorrer. Mas são apenas possibilidades, podem


Após estes procedimentos, intervalo mínimo de 3 ou não ocorrer.
semanas, em controle domiciliar: escovação +
bochechos. • Realize SEMPRE a REAVALIAÇÃO!

✓ 8ª sessão: REAVALIAÇÃO - periograma de A partir deste momento, dependendo do


reavaliação resultado:
- O tratamento periodontal segue para a Fase
Comparar a condição inicial com a atual e Cirúrgica, se indicado.
planejar a sequência do tratamento: - Ou o paciente recebe alta e é orientado sobre a
Complementação Cirúrgica ou Manutenção e rotina de Manutenção e Controle.
Controle.

RESULTADO ESPERADO: boca livre de placa e CASO CLÍNICO 02:


inflamação, sem bolsa e com ganho de
inserção.
PERIOGRAMA INICIAL
 Paciente com índice de sangramento (ISS) = 84% e
TRATAMENTO PERIODONTAL
com 16 bolsas ≥ 5mm

• Raspagem é um procedimento difícil, demanda


habilidade técnica e tempo de aprendizado.

• Raspagem é apenas um dos procedimentos que


o Tratamento Periodontal emprega. A raspagem
elimina os agentes causais e ajuda a eliminar a
inflamação, na melhor das hipóteses.

• Raspagem de nenhuma maneira é todo o


tratamento.

• Realizar a raspagem NÃO significa eliminar a


doença ou as deformidades teciduais.

O paciente não fica livre das retenções,


mobilidades, retenções de furca ou bolsas
profundas.

• O resultado da raspagem subgengival DEPENDE


diretamente da qualidade da descontaminação
radicular obtida pela instrumentação.

• O resultado independe do método de


instrumentação utilizado (raspagem manual, REAVALIAÇÃO
ultrassônica, sônica ou rotatória). Todas são  Paciente com índice de sangramento = 27% e com
válidas. 10 bolsas ≥ 5mm
 ISS = 27% ainda é muito alto. O paciente não pode
• O controle de placa realizado pelo paciente é ter alta.
fundamental e influencia positivamente a  A presença de 10 bolsas ≥ 5mm também impedem
reparação tecidual. a alta do paciente.
 Dessa forma, o paciente possui indicação de
• Espera-se que, após o tratamento adequado, a tratamento cirúrgico para eliminação de bolsa.
inflamação gengival seja substituída por quadro
de saúde, sem inflamação. Assim como
diminuição da profundidade das bolsas pode
Periodontia Diagnóstico: Instrumentação Ultrassônica 10

QUESTÕES

1. Descontaminação bucal é a mesma coisa que


raspagem?
2. O que fazer se meu paciente tem bolsas
profundas?
3. Como tratar gengivite?
4. Quantas sessões de raspagem são necessárias?
Posso raspar tudo de uma única vez?
5. Terminei a raspagem, e agora, acabou o
tratamento?
6. O que acontece com a raiz quando há bolsa?
7. Qual as diferenças entre as áreas supra e
subgengival?
8. Do que devo me lembrar sempre? (sobre o
excesso de instrumentação/pulpite)

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