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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

CARLAILE FERNANDA DE OLIVEIRA NOGUEIRA

Estudo de polímeros biodegradáveis e compostáveis de fontes renováveis como

alternativa aos polímeros tradicionais

Lorena

2013
CARLAILE FERNANDA DE OLIVEIRA NOGUEIRA

Estudo de polímeros biodegradáveis e compostáveis de fontes renováveis como

alternativa aos polímeros tradicionais

Monografia apresentada à Escola de


Engenharia de Lorena - Universidade de
São Paulo como requisito parcial da
conclusão da Graduação do curso de
Engenheira Bioquímica.

Orientadora: Profa. Dra. Jayne Carlos


de Souza Barboza

Lorena

2013
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE
TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS
DE ESTUDO DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
Serviço de Biblioteca
Escola de Engenharia de Lorena

Nogueira, Carlaile Fernanda de Oliveira


Estudo de polímeros biodegradáveis e compostáveis de fontes
renováveis como alternativa aos polímeros tradicionais/ Carlaile
Fernanda de Oliveira Nogueira /Orientadora Jayne Carlos de Souza
Barboza.--Lorena, 2013
73 p.

Monografia apresentada como requisito parcial para a conclusão do


Curso de Graduação de Engenharia Bioquímica - Escola de Engenharia
de Lorena da Universidade de São Paulo.

1. Biopolímeros. 2. Biodegradação 3. Resíduos biodegradáveis 4.


Polissacarídeos. I. Barboza, Jayne Carlos de Souza Orient.
Dedico este trabalho aos meus pais,
irmão, namorado e amigos por estarem
sempre presentes, pela paciência,
confiança, incentivo e amor dedicados. E,
aos meus avós por serem fonte de
inspiração e perseverança.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus de todo poder, que me iluminou na jornada de graduação de


Engenharia Bioquímica.
A prof. Dra. Jayne Carlos de Souza Barboza pela orientação e atenção prestadas
durante a execução do trabalho, além de ter sido uma professora diferenciada durante a
graduação.
Aos meus pais e irmão, que acreditaram em mim e no meu potencial, me apoiando
em todos os momentos da minha vida.
Ao meu namorado, por toda paciência e carinho dedicados neste momento. Sua
compreensão e apoio foram fundamentais nesta etapa.
Aos supervisores de estágio, Tatiana Nakashima e George Brown que me apoiaram
para que fosse possível a conclusão deste trabalho.
Aos colegas de turma, funcionários e professores pelos conhecimentos trocados,
pelo companheirismo e amizade durante o período de graduação na Escola de Engenharia
de Lorena, tornando a cidade de Lorena um lugar agradável durante esses anos de estudo e
aprendizagem.
Agradeço a todos que de forma direta ou indireta contribuíram para a realização
deste trabalho.
“A ciência nunca resolve um

problema sem criar pelo menos outros dez.”

George Bernard Shaw

“Cabe ao homem compreender que o

solo fértil, onde tudo que se planta dá, pode

secar; que o chão que dá frutos e flores pode

dar ervas daninhas, que a caça se dispersa e

a terra da fartura pode se transformar na

terra da penúria e destruição. O homem

precisa entender, que de sua boa

convivência com a natureza, depende sua

subsistência e que a destruição da natureza é

sua própria destruição, pois a sua essência é

a natureza; a sua origem e o seu fim.”

Elizabeth Jhin
RESUMO

A grande variedade de aplicações dos plásticos, a custos relativamente baixos,


unida à pressão do consumo desenfreado contribuem para que eles estejam presentes em
quantidades significativas nos lixos urbanos. O acúmulo destes resíduos gera vários
problemas ambientais uma vez que, no Brasil, pouco é reciclado. Diante dos impactos
causados por esses resíduos e seu descarte incorreto, uma alternativa viável e
extremamente importante é a substituição dos polímeros tradicionais por polímeros
biodegradáveis e compostáveis de fontes renováveis. Enfatiza-se o ciclo de vida natural
destes recursos como meio para obtenção de produtos finais menos poluentes, os quais tem
potencial de reduzir significativamente o impacto ambiental através da reciclagem
biológica e com uma vantagem adicional de se degradarem totalmente dentro de um ciclo
de compostagem, assim como a matéria orgânica. Este estudo apresenta as características
dos polímeros biodegradáveis e compostáveis, suas fontes, síntese, processamento e
aplicações através da revisão da literatura, além de indicar como preferência de estudo os
biopolímeros oriundos de fontes polissacarídicas, pela alta disponibilidade e pelo custo
relativamente baixo de obtenção. Dentre os biopolímeros estudados, aqueles que mais se
destacaram pelo potencial de substituição aos polímeros tradicionais foram: PHBx, PLA e
o amido termoplástico. Ressalta-se, ao final, que a contínua otimização da performance
destes biopolímeros é essencial para que, cada vez mais, esta estratégia seja difundida.

PALAVRAS-CHAVE: Biopolímeros. Biodegradação. Fontes renováveis. Polissacarídeos


ABSTRACT

The wide variety of applications for plastics at relatively low costs, together with
the uncontrolled consumption pressure contribute to a large amount of plastics in
municipal waste. The accumulation of these residues generates various environmental
problems in Brazil since just little is recycled. Owing to the impact of these wastes and
their incorrect disposal, a feasible and extremely important concern is the replacement of
conventional polymers for biodegradable and compostable polymers from renewable
sources. Furthermore, the natural life cycle of these resources is emphasized as a mean to
obtain final products eco-friendly, which has potential to reduce significantly the
environmental impact by biological recycling and as an advantage of fully degrade within
a composting cycle, as organic material. This study discusses the characteristics of
polymers biodegradable and compostable, their sources, synthesis, processing and
applications through literature review, focusing the polysaccharide-based biopolymers due
to its high availability and its relatively low cost of production. Among the studied
biopolymers, the highly promising ones to substitute traditional polymers were PHBx,
PLA and thermoplastic starch. It is noteworthy, finally, that the continuous optimization of
the biopolymers performance is essential thereby it is possible to keep successfully
widespread this strategy.

KEYWORDS: Biopolymers. Biodegradation. Renewable sources. Polysaccharides


LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – CICLO DE VIDA IDEAL DOS POLÍMEROS BIODEGRADÁVEIS PROVENIENTES DE FONTES RENOVÁVEIS
..................................................................................................................................................... 22
FIGURA 2 – CONCEITO ESQUEMATIZADO DE REPRESENTAÇÃO DAS CLASSES DE BIOPOLÍMEROS....................... 22
FIGURA 3 – EXEMPLOS DE CISÃO HOMOLÍTICA DE LIGAÇÃO C-N E C-C, FORMANDO ESPÉCIES RADICALARES . 24
FIGURA 4 – MECANISMO DE HIDRÓLISE DA SACAROSE EM MEIO ÁCIDO ............................................................ 24
FIGURA 5 – ESQUEMA GERAL DO PROCESSO DE DEGRADAÇÃO TOTAL DOS POLÍMEROS NO MEIO AMBIENTE. ... 26
FIGURA 6 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA FORMAÇÃO DO BIOFILME PELA COLONIZAÇÃO DE BACTÉRIAS
SOBRE A SUPERFÍCIE GENÉRICA DE UM POLÍMERO. ........................................................................ 27

FIGURA 7 – ESQUEMA REPRESENTATIVO DO PROCESSO DE CORROSÃO PROMOVIDO PELO BIOFILME. ............... 27


FIGURA 8 – PREVISÃO DO MECANISMO DE BIODEGRADAÇÃO DO POLÍMERO PEBD POR DIFERENTES ROTAS DE
DEGRADAÇÃO. .............................................................................................................................. 31

FIGURA 9 – SELOS DAS NORMAS DE BIODEGRADABILIDADE E COMPOSTABILIDADE DOS ÓRGÃOS


REGULAMENTADORES. .................................................................................................................. 32

FIGURA 10 – DIFERENTES CATEGORIAS DE BIOPOLÍMEROS BIODEGRADÁVEIS ORIUNDOS DE FONTES


RENOVÁVEIS. ................................................................................................................................ 35

FIGURA 11 – REPRESENTAÇÃO DAS ESTRUTURAS QUÍMICAS DA AMILOSE (A) E DA AMILOPECTINA (B) ............ 38
FIGURA 12 – ESTRUTURA DO GRÃO DE AMIDO MOSTRANDO O HILO E REPRESENTAÇÃO DAS REGIÕES
CRISTALINAS E AMORFAS. ............................................................................................................. 39

FIGURA 13 – FILME PRODUZIDO A PARTIR DE AMIDO. FONTE: CARR (2007). .................................................... 42


FIGURA 14 – ESTRUTURA DO LACTATO E SEUS ESTEREOISÔMEROS. ................................................................. 43
FIGURA 15 – PRINCIPAIS ROTAS DE FORMAÇÃO DO PLA E SEUS INTERMEDIÁRIOS. .......................................... 45
FIGURA 16 – MECANISMO DE SÍNTESE DO PLA: REAÇÃO A, POLIMERIZAÇÃO POR ABERTURA DE ANEL; REAÇÃO
B POLICONDENSAÇÃO DIRETA. ...................................................................................................... 45

FIGURA 17 – TALHER PRODUZIDO A PARTIR DO BIOPOLÍMERO ECO-PLA DA CARGILDOW APÓS 0, 33 E 45


DIAS EM BIODEGRADAÇÃO. ........................................................................................................... 46

FIGURA 18 – EQUIPAMENTO PARA A PRODUÇÃO DE EMBALAGENS DO TIPO CAST FILMS .................................. 47


FIGURA 19 – ELETROFOTOMICROGRAFIA (10.000 X) DOS GRÂNULOS DE PHA EM CÉLULAS DE PSEUDOMONAS
OLEOVORANS. ............................................................................................................................... 48

FIGURA 20 – ESTRUTURA MOLECULAR GERAL DE BIOPOLÍMEROS PHAS .......................................................... 49


FIGURA 21 – BIODEGRADAÇÃO DE FILMES DE PHA PRODUZIDOS POR B. CEREUS COM REFERÊNCIA AOS DIAS DE
INCUBAÇÃO PARA DEGRADAÇÃO A) 1º DIA; B) 14º DIA; C) 28º DIA; 54º DIA. .................................. 53

FIGURA 22 – ESTRUTURA MOLECULAR DO MONÔMERO DA CELULOSE (CELOBIOSE). ....................................... 54


FIGURA 23 – ESTRUTURA DE EMPACOTAMENTO DA CELULOSE, ENVIDENCIANDO AS REGIÕES AMORFAS E
CRISTALINAS, E AS NANOESTRUTURAS, CONSIDERANDO APENAS AS REGIÕES CRISTALINAS. ........ 55

FIGURA 24 – FILME COMESTÍVEL FEITO DE CARBOXIMETILCELULOSE (CMC) ................................................ 57


FIGURA 25 –ESTRUTURAS MOLECULARES DA QUITINA E SEU PRODUTO, QUITOSANA. ...................................... 58
FIGURA 26 – PROCESSO DE OBTENÇÃO DA QUITINA.......................................................................................... 60
FIGURA 27 – PROCESSO DE OBTENÇÃO DA QUITOSANA PURIFICADA ................................................................ 61
FIGURA 28 – REPRESENTAÇÃO DA ESTRUTURA MOLÉCULAR IONIZADA DA QUITOSANA ................................... 61
LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – PRINCIPAIS TERMOPLÁSTICOS NOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS BRASILEIRO. ........................... 17


GRÁFICO 2 – PRINCIPAIS MATRIZES UTILIZADAS PARA COMPOR EMBALAGENS DE POLÍMEROS
BIODEGRADÁVEIS. ...................................................................................................................... 36

GRÁFICO 3 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DE ASSUNTOS MAIS RECORRENTES EM ESTUDO DE PROSPECÇÃO DE


DEPÓSITO DE PATENTES DE BIOPOLÍMEROS. ............................................................................... 65
LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – LISTA DE DIFERENTES POLÍMEROS ORIUNDOS DE FONTES NATURAIS PASSÍVEIS DE


BIODEGRADAÇÃO PELOS RESPECTIVOS MICRORGANISMOS............................................................ 30

TABELA 2 – PROPRIEDADES FÍSICAS DE VÁRIOS COPOLÍMEROS DE PHA EM COMPARAÇÃO COM PLÁSTICOS


CONVENCIONAIS. .......................................................................................................................... 50

TABELA 3 – POTENCIAL DE SUBSTITUIÇÃO DE ALGUNS POLÍMEROS PROVENIENTES DE FONTES FÓSSEIS POR


BIOPOLÍMEROS. ............................................................................................................................. 63

TABELA 4 – GRAU DE PREFERÊNCIAS POR MATÉRIAS PRIMAS RENOVÁVEIS PARA A PRODUÇÃO DE


BIOPOLÍMEROS .............................................................................................................................. 65
LISTA DE SIGLAS

PEAD – polietileno de alta


PEBD – polietileno de baixa densidade
PET – poli(tereftalato de etileno)
PVC – poli(cloreto de vinila)
PP – polipropileno
ABIPLAST – Associação Brasileira da Indústria do Plástico
MMA – Ministério do Meio Ambiente
PBAT – poli(butilenoadipato-co-tereftalato)
ABICOM – Associação Brasileira de Polímeros Compostáveis
ACV – Análise do Ciclo de Vida
ISO – International Standards Organization
NBR – Denominação de norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABTN – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ASTM – American Society for Testing and Materials
EN – European Standardization Committee
DIN – German Institute for Standardization
JIN – Japanese Institute for Standardization
PLA – polilactato
PHB – poli(hidroxibutirato)
TPS – Amido termoplástico
PVOH – poli (álcool vinilíco)
PCL – poli (ε-caprolactona)
PHB – poli (3-hidroxibutirato)
PHBV poli (3-hidroxibutirato-co-3-hidroxivalerato)
PBS – poli(succinato de butileno)
PHB – poli(hidroxibutirato)
PCL – policaprolactona
PLLA – poli(L-ácido lático)
LDPE – polietileno de baixa densidade
HDPE – polietileno de alta densidade
PS – poliestireno
PHA – poli(hidroxialcanoatos)
P[3HB] – poli(hidroxibutirato)
PHBV – poli(hidroxibutirato-co-hidroxivalerato)
PHBHx – poli (hidroxibutirato-co-hidroxihexanoato)
PHBO – poli(hidroxibutirato-co-hidroxioctanoato)
PHBOd – poli(hidroxibutirato-co-hidroxioctadecanoato)
3Hx – 3-hidroxihexanoato
PP – polipropileno
CA – Acetato de celulose
CAP – Propionato acetato de celulose
CAB – Butirato acetato de celulose
MC – metilcelulose
HPC – hidroxipropril celulose
HPMC – hidroxipropil metilcelulose
CMC – carboximetilcelulose
PMMA – polimetil-metacrilato
PA – poliamida
PC – policarbonado
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 16
1.1 Contextualização da Problemática do acúmulo de plásticos ............................ 16
2 OBJETIVOS.......................................................................................................... 20
2.1 Objetivo Geral......................................................................................................... 20
2.2 Objetivos Específicos ............................................................................................. 20
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................ 21
3.1 Biopolímeros ........................................................................................................... 21
3.2 Degradação ............................................................................................................. 23
3.3 Biodegradação e Compostagem.............................................................................. 26
3.4 Certificação Internacional ....................................................................................... 31
4 TIPOS DE POLÍMEROS BIODEGRADÁVEIS E COMPOSTÁVEIS ......... 34
4.1 Polímeros Biodegradáveis e Compostáveis provenientes de polissacarídeos ........ 35
4.1.1 Amido Termoplástico (TPS) ............................................................................... 36
4.1.2 Polilactato (PLA) ................................................................................................ 42
4.1.3 Poli(hidroxialcanoatos) (PHA) ........................................................................... 47
4.1.4 Polímeros derivados de celulose ......................................................................... 53
4.1.5 Quitina e quitosana.............................................................................................. 58
4.2 Potencial de Substituição dos Polímeros Biodegradáveis e Compostáveis ............ 63
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 67
REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 68
16

1 INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização da Problemática do acúmulo de plásticos

" O sucesso sem precedentes dos materiais plásticos não mostra sinais
de redução. O consumo de plásticos em geral poderia crescer dos atuais 250
milhões de toneladas por ano para cerca de 1 bilhão de toneladas até o final deste
século. Na ausência de novas descobertas de fontes de petróleo para diminuir o
seu custo, tal expansão do consumo de plásticos é insustentável. Pode-se esperar
que o petróleo bruto se torne cada vez mais caro e seu fornecimento ainda mais
volátil, assim, situações ainda mais ameaçadoras atingirão a sociedade por outras
frentes” (PHILP; RITCHIE; GUY, 2013)

Dados apresentados pelo Relatório Plastics – the Facts (2012) compararam a


capacidade global de crescimento da produção de plásticos de 1950 até 2011, mostrando o
crescimento drástico da produção desde então. Na década de 90, a produção de materiais
plásticos a níveis globais era de cerca de 1,7 milhões toneladas e, a cada ano, a capacidade
máxima aumentou gradativamente, sendo que de 2010 a 2011 houve um aumento de 10
milhões de toneladas, alcançando margens de 280 milhões de toneladas produzidas
(PLASTICSEUROPE, 2012). Estimativas preveem que a produção global de plásticos
esteja crescendo a taxas de aproximadamente 5% ao ano e que, até 2015, a produção anual
deva ultrapassar 300 milhões de toneladas (REDDY et al., 2013).
A indústria brasileira do plástico representa globalmente apenas 2%, ainda assim,
de acordo com o relatório anual da Associação Brasileira da Indústria do Plástico
(ABIPLAST), "em 2012, a indústria de transformação de plástico no Brasil produziu cerca
de R$ 53,83 bilhões, transformando cerca de 6,66 mil toneladas, o que resultou em um
faturamento de R$ 56,49 bilhões, aproximadamente 7% superior ao de 2011"
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DO PLÁSTICO, 2012, p. 9). O que por
um lado representa uma ínfima fatia global, na verdade movimenta vários setores da
economia e representa uma grande preocupação em relação a questões ambientais sobre
geração de resíduos.
É de comum concordância entre diversos autores que a grande variedade de
aplicações, em que os plásticos podem ser empregados a custos relativamente baixos,
unida à pressão do consumo desenfreado são fatores para que materiais desta natureza
estejam presentes em quantidades significativas dentre os resíduos domiciliares. Por meio
17

da Política Nacional de Resíduos Sólidos do Ministério do Meio Ambiente (MMA) foi


estimado que 13,5% dos resíduos sólidos passíveis a reciclagem provenientes de
municípios brasileiros são constituídos por plásticos (MINISTÉRIO DO MEIO
AMBIENTE, 2012).
Enfatizando os tipos de polímeros mais comumente consumidos, os autores
(SPINACÉ; DE PAOLI, 2005) mostram os principais polímeros termoplásticos
encontrados nos resíduos sólidos brasileiros, considerando levantamentos feitos em
grandes cidades (Gráfico 1). O polietileno de alta e baixa densidade (PEAD e PEBD), o
poli(tereftalato de etileno) (PET), o poli(cloreto de vinila) (PVC) e o polipropileno (PP),
são os termoplásticos mais comuns nos resíduos sólidos, sendo que outros tipos de
polímeros correspondem a apenas 11% do total de material plástico.

Gráfico 1 - Principais termoplásticos nos resíduos sólidos urbanos brasileiro.


Fonte: Spniacé e DE Paol (2005).

A composição química e, principalmente, as propriedades mecânicas e térmicas,


tais como a durabilidade e a estabilidade, muito desejadas quando em substituição de
materiais tradicionais (metais, madeira e vidro), têm criado problemas ambientais no
sentido de propiciar o acúmulo de grandes volumes destes materiais poliméricos no meio
ambiente (SHAH et al., 2008). Estas características físico-químicas dos polímeros se
devem à alta massa molar média e a hidrofobicidade inerentes, as quais dificultam a ação
dos microrganismos e de suas enzimas na superfície desses materiais (FRANCHETTI;
MARCONATO, 2006). Por outro lado, uma vez iniciada a degradação dos polímeros
tradicionais, podem ser geradas substâncias nocivas como dioxinas, furanos e ftalatos, que
afetam a saúde humana e o ambiental (FORLIN; FARIA, 2002).
O problema se agrava ao constatar que a gestão dos resíduos no Brasil é ineficiente,
e que, muitas vezes, devido à precária coleta seletiva e a má administração pública dos
18

municípios, não há ao menos uma destinação final apropriada. Os resíduos são literalmente
despejados de maneira negligente em áreas desprovidas de qualquer tipo de tratamento,
lixões e aterros controlados, desconsiderando as normas sanitárias. Além disso, segundo o
MMA, apenas 20% dos materiais plásticos coletados devidamente seguem para a
reciclagem (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2012). Essa falta de controle do
planejamento sanitário leva a uma preocupação ainda maior devido ao longo tempo para
degradação total dos produtos plásticos, o qual pode variar de acordo com a composição e
emprego, chegando a 500 anos (MOTTIN et al., 2011).
Com o inevitável impacto causado pelos materiais plásticos sintéticos e na tentativa
de reduzir o número de áreas destinadas ao processo de confinamento desses produtos,
têm-se empregado quatro tipos de estratégias para solucionar o problema: Incineração,
Reciclagem, Aterros sanitários/Compostagem e a Biodegradação (FRANCHETTI;
MARCONATO, 2006). Dentre as técnicas citadas, as duas últimas se mostram bastante
eficientes quando se trata de atingir uma significativa redução do volume descartado versus
economia de energia e menor emissão de poluentes, sendo assim menos onerosas que a
incineração e mais viáveis que a reciclagem.
Empregando o conceito ambiental apresentado por estas técnicas, a possibilidade de
utilização dos polímeros biodegradáveis e compostáveis como uma alternativa à redução
do volume dos resíduos plásticos descartados se mostra um desafio técnico e científico,
fazendo-se necessário o aprimoramento da performance de seus produtos. Há ainda um
apelo ambiental bastante favorável à substituição de matérias primas oriundas do petróleo e
resinas derivadas deste através dos polímeros biodegradáveis e compostáveis, pois eles
preenchem requisitos de sustentabilidade ambiental, utilizando a biodegradação como via
para o processo de decomposição.
Simultaneamente, os biopolímeros contribuem também para a redução da emissão
de dióxido de carbono na atmosfera. Com a utilização de fontes renováveis para produção
de biopolímeros biodegradáveis, espera-se uma redução ainda maior de fatores que
impactam negativamente o meio ambiente. Isto porque a degradação biológica de materiais
renováveis utiliza do ciclo natural de reciclo do carbono, mantendo o dióxido de carbono
em seu nível pré-existente (BEACH; BOYD; URI, 1996).
Dessa forma, o presente estudo visa levantar informações sobre polímeros
biodegradáveis e compostáveis provenientes de fontes renováveis, com ênfase nas fontes
polissacarídicas, devido à ampla disponibilidade e seu custo relativamente baixo se
19

comparados aos combustíveis fósseis. No tocante à esta classe de biopolímeros escolhida


são estudadas características como estrutura e propriedades físico-químicas, o processo de
síntese e suas aplicações. Em seguida, é feita a identificação daqueles biopolímeros com
potencial à substituição dos polímeros tradicionais não biodegradáveis. E, por fim, citar a
atuação de empresas com produtos já estabelecidos e novas patentes de forma a fornecer
exemplos de iniciativas que tentam fortalecer o emprego destes materiais.
20

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Este estudo tem como objetivo levantar informações sobre polímeros


biodegradáveis e compostáveis provenientes de fontes renováveis e verificar a
possibilidade de sua utilização de forma a intervir na problemática do acúmulo de resíduos
plásticos tradicionais sintéticos no meio ambiente.

2.2 Objetivos Específicos

- Estudar a estrutura, as propriedades, a processabilidade e as aplicações dos


polímeros biodegradáveis e compostáveis de fontes através da revisão da literatura.
- Apresentar a biodegradabilidade como uma vantagem ao uso destes polímeros
provindos de fontes renováveis em substituição aos polímeros tradicionais não
biodegradáveis.
21

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Biopolímeros

De acordo com Canevarolo (2006) , tem-se a definição de polímeros e a explicação


geral de como são formados:

A palavra polímeros origina-se do grego poli (muitos) e mero (unidades de


repetição). Assim, um polímero é uma macromolécula composta por muitas
(dezenas de milhares) unidades de repetição denominadas meros, ligados por
uma ligação covalente. A matéria prima para a produção de um polímero é o
monômero, isto é, uma molécula com uma (mono) unidade de repetição.
Dependendo do tipo de monômero (estrutura química), do número médio de
meros por cadeia e do tipo de ligação covalente, pode-se dividir os polímeros em
três grandes classes: Plásticos, Borrachas e Fibras. (CANEVAROLO, 2006)

Concomitantemente às propriedades e ao processo de polimerização, outra


consideração importante para a formação dos polímeros é a fonte de matéria prima. Os
polímeros mais usados atualmente, chamados polímeros sintéticos, são compostos por
substâncias inorgânicas e orgânicas, frequentemente por carbono e hidrogênio entre outras
substâncias em menores proporções como nitrogênio, oxigênio, cloro, silicone e enxofre
(SHAH et al., 2008). Os principais materiais usados para sua fabricação são extraídos do
petróleo ou carvão mineral, o que leva a questionamentos sobre seu uso devido a questões
climáticas e por serem provenientes de fontes cuja formação demora milhares de anos.
Os biopolímeros são polímeros ou copolímeros produzidos a partir de fontes
renováveis, provenientes de animais ou plantas. São assim conhecido por possuírem um
ciclo de vida mais curto comparado às fontes fósseis e são bastante convenientes como
matéria prima para uma produção mais ecologicamente atrativa (BRITO et al., 2011; RAY;
BOUSMINA, 2005; REDDY et al., 2013). A Figura 1 apresenta as etapas principais do
ciclo de vida dos polímeros biodegradáveis provindos de fontes agrícolas e como esses
recurso naturais são fontes de impacto controlado, principalmente em se tratando do ciclo
do carbono.
22

Figura 1 – Ciclo de vida ideal dos polímeros biodegradáveis provenientes de fontes renováveis
Fonte: BRITO et al. (2011).

Dentro do segmento dos biopolímeros, ou também chamados bioplásticos, existe


uma dicotomia, pois, apesar de provir de fontes renováveis, nem todo biopolímero é
necessariamente biodegradável e compostável. Por outro lado, sabe-se que existem
polímeros biodegradáveis que provém de fontes fósseis, como o poli(butilenoadipato-co-
tereftalato) (PBAT). Isso ocorre porque a biodegradabilidade depende da facilidade com
que os microrganismos acessam o material, fazendo com que o meio ambiente o reabsorva,
e não faz referência apenas à origem da matéria prima. A Associação Brasileira de
Polímeros Compostáveis (ABICOM) demonstra este conceito esquematizado na Figura 2.

Figura 2 – Conceito esquematizado de representação das classes de biopolímeros


Fonte: ABICOM (2009)
23

Estas questões comparativas têm sido significantes para o aumento do interesse de


pesquisadores, empresas em todo o mundo e, consequentemente, do mercado em geral para
a substituição de polímeros sintéticos. Incentivos à investigação e ao desenvolvimento de
alternativas mais ecologicamente sustentáveis sugerem os plásticos biodegradáveis e
compostáveis como uma alternativa possível a materiais tradicionais nas seguintes
situações identificadas: quando a reci1clagem é impraticável (como em aplicações em que
não se pode tolerar contaminantes), quando não é econômica (incineração) ou, ainda,
quando o impacto ambiental precisa ser diminuído. Além disso, os biopolímeros
biodegradáveis configuram uma opção para assegurar uma recuperação ambiental mais
eficiente e contribuir para atitudes que proporcionam à sociedade um ambiente mais limpo,
saudável e sustentável, preconizando a Química Verde.

3.2 Degradação

A degradação ou fragmentação de um polímero consiste em qualquer mudança


física ou química no polímero que pode ser iniciada por fatores ambientais como: calor,
luz, radiação de alta energia, tensão mecânica, ataque químico ou biológico, os quais
resultam na quebra de ligações, formação de novos grupos funcionais ou transformações
químicas. As reações sofridas acarretam mudanças drásticas irreversíveis nas propriedades
dos polímeros (deterioração da funcionalidade) e subsequentes transformações (formações
de estruturas menores e mais homogêneas). Em consequência disso, as características
mecânicas, ópticas ou elétricas são alteradas ou perdidas e o que se tem visualmente são
fissuras, rachaduras, erosão, descoloração, separação de fases ou delaminação (SHAH et
al., 2008).
A degradação ocorre desde o processamento até o meio ambiente com o descarte do
produto final. O tipo de polímero e o processo de polimerização irão influenciar a
estabilidade do produto final e a sua suscetibilidade a determinados tipos de reações de
degradação. Em se tratando das reações de polimerização, o tipo de grupo químico ou
resíduo que permanece na cadeia polimérica poderá atuar como ligação fraca, facilitando a
degradação térmica, ou como absorvedor de luz (cromóforo), facilitando a degradação
fotoquímica. Com relação ao processamento, pode-se dizer que, em todos os tipos de
24

processamentos, os materiais poliméricos estarão sujeitos a diferentes esforços que


poderão causar degradação ou gerar grupos químicos que irão iniciar ou acelerar os
processos de degradação (DE PAOLI, 2008).
De acordo com De Paoli (2008), qualquer que seja a fonte ou forma de iniciação da
degradação, ela está sempre relacionada ao rompimento de uma ligação química covalente,
seja na cadeia principal ou na cadeia lateral. Estes rompimentos geram os radicais livres,
moléculas ou macromoléculas que fornecerão energia para o rompimento de sucessivas
ligações do polímero. De Paoli (2008) fez ainda uma análise da forma com que cada grupo
de polímero se comporta com a iniciação do processo de fragmentação:

No caso de poliolefinas, que são obtidas por reações de adição, a quebra da


ligação química na cadeia principal corresponderá à quebra de uma ligação C-C
de menor energia, reduzindo a massa molar da cadeia polimérica (Figura 3). Para
os polímeros obtidos por reações de condensação (poliamidas, poliésteres ou
policarbonato), a cisão na cadeia principal também pode ocorrer por
desfragmentação da ligação C-C, mas o principal efeito causador pode ser a
hidrólise, devido à susceptibilidade à água (Figura 4).

Figura 3 – Exemplos de cisão homolítica de ligação C-N e C-C, formando espécies


radicalares
Fonte: De Paoli (2008)

Figura 4 – Mecanismo de hidrólise da sacarose em meio ácido


Fonte: GABRIEL (2009).
25

A hidrólise é uma das reações de degradação mais importante quando se trata da


exposição do polímero ao meio ambiente. A maioria dos polímeros biodegradáveis e
compostáveis provenientes de fontes naturais são macromoléculas polissacarídicas,
poliésteres ou poliamidas, contendo grupos químicos com ligações do tipo C-O-C e C-N-
C, afetados quando expostos a presença de umidade e aquecimento, condições favoráveis
para acelerar a velocidade da reação hidrolítica. A hidrólise promove a quebra destas
ligações com a adição de oxigênio ou hidroxilas. Outras condições ambientais que também
favorecem a iniciação da degradação por hidrólise são a exposição a meio ácido ou básico
e a presença de hidrolases, enzimas hidrolíticas específicas (DE PAOLI, 2008).
Como os polímeros são muito grandes para atravessarem a membrana dos
microrganismos, o que configura um dos obstáculos pelos quais a biodegradação não é tão
efetiva nas resinas não biodegradáveis, as reações de iniciação da fragmentação dos
materiais poliméricos se faz imprescindível, para uma biodegradação mais efetiva,
constituindo a primeira fase do processo. Ao originar moléculas menores, como
oligômeros, dímeros e monômeros, as cadeias se tornam pequenas o suficiente para
atravessar a membrana semi-permeável, expondo a matriz biodegradável passível à
atividade biológica. Este processo de fragmentação do polímero pode também ser chamado
despolimerização e dependerá das características dos polímeros, como: flexibilidade,
taticidade, cristalinidade, peso molecular, tipos de grupos funcionais, substituintes
presentes na estrutura dos polímeros, plastificantes ou aditivos (SHAH et al., 2008).
Entende-se que formas associadas das reações de iniciação são possíveis para
degradar os polímeros. Todavia, é importante considerar, no caso da despolimerização, os
tipos de produtos intermediários gerados, pois podem ser formadas substâncias de baixa
massa molar que se difundem para o meio ambiente e se volatilizam. Barão (2011) e De
Paoli (2008) ressaltam que, em relação a resinas poliméricas para embalagens, ao mesmo
tempo em que se pode usar sua capacidade de despolimerização para promover a
reciclagem química como vantagem no pós consumo, deve-se atentar à toxidez dos
subprodutos das reações de degradação, principalmente quando ainda em uso, e evitar
possíveis contaminações do produto embalado, devido à migração de componentes
indesejáveis ou contaminantes provenientes da embalagem.
Considerando o meio ambiente como escopo de estudo, a degradação biológica
pelas exoenzimas, enzimas extracelulares, irá gerar produtos finais orgânicos mais simples
ou inorgânicos, como CO2, H2O e CH4, considerada a segunda etapa para degradação total
26

do polímero. Este processo pode ser chamado também de mineralização ou


biomineralização, onde produtos orgânicos se tornam produtos inorgânicos, como
mostrado na Figura 5. As etapas seguintes que envolvem a atuação de microrganismos
serão melhor discorridas no próximo item.

Figura 5 – Esquema geral do processo de degradação total dos polímeros no meio ambiente.
Fonte: Adaptado de ABICOM (2009)

3.3 Biodegradação e Compostagem

Como visto, a maioria dos plásticos é resistente à biodegradação. Este é o motivo


pelo qual as forças abióticas são as principais iniciadoras da degradação do polímero no
meio ambiente. A susceptibilidade dos polímeros à degradação enzimática depende da
relação propriedades versus estrutura. Além da barreira pelo tamanho do polímero, existem
diferentes fatores que governam a biodeterioração tais como as características dos
polímeros, os tipos de microrganismos e a natureza das reações de iniciação
(FRANCHETTI; MARCONATO, 2006; SHAH et al., 2008).
As características dos polímeros desempenham papel fundamental na
biodeterioração, pois, durante a primeira etapa de degradação das macromoléculas, quando
o polímero é ainda insolúvel, a fragmentação proporciona um aumento da área de contato
entre o material e os diversos microrganismos. Nesta etapa, a atuação de enzimas
extracelulares ocorre apenas na superfície do polímero, com a formação do biofilme,
conforme Figura 6 (DA SILVA, 2013). A área, a tensão e a morfologia da superfície do
material são pontos importantes para que ocorra o processo de biodecomposição, pois,
através do mecanismo interfacial em que o polímero é suporte e substrato, é favorecida a
27

colonização de microrganismos em sua superfície e, consequentemente, isto contribui para


um melhor acesso ao substrato e maior velocidade de degradação (FRANCHETTI;
MARCONATO, 2006).

Figura 6 – Representação esquemática da formação do biofilme pela colonização de bactérias


sobre a superfície genérica de um polímero.
Fonte: Adaptado de GRANER et al (2005)

Os microrganismos podem agir de diversas formas sobre a superfície polimérica:


por deposição de material extracelular excretado (fouling), por degradação de compostos
extraídos do polímero (lixiviação), pela ação do biofilme, seu pH e seu potencial de
oxidação (corrosão) conforme mostrado na Figura 7 (FRANCHETTI; MARCONATO,
2006). Um exemplo de atuação biológica é o crescimento de fungos, que penetram nos
polímeros ainda sólidos, causando a diminuição da estabilidade mecânica, com o
entumescimento em pequena escala e a ruptura (SHAH et al., 2008).

Figura 7 – Esquema representativo do processo de corrosão promovido pelo biofilme.


Fonte: Dreeszen (2003)
28

A biodegradação ocorre por dois mecanismos principais dependo do meio e da


natureza do polímero: hidrólise e oxidação biológicas. A hidrólise biológica ocorre através
das hidrolases, enzimas específicas que promovem a quebra do material orgânico na
presença de água, principalmente de polímeros com hetero-cadeias (celulose, amido e
poliésteres alifáticos). Se a hidrólise for biocatalisada para a quebra de ligações peptídicas
ou ligações ésteres, estarão presentes as proteases, uma classe de enzimas hidrolíticas
específicas em quebrar estes tipos de ligações. Os fungos também produzem enzimas
hidrolíticas que promovem a quebra de ligações ésteres, chamadas estearases. A hidrólise,
em presença de oxigênio, é comumente seguida pela oxidação biológica e posterior
peroxidação. O mecanismo da oxidação se dá a partir de monoxigenases e dioxigenases, as
quais inserem oxigênio na cadeia e causam a quebra das ligações, formando cadeias
carbônicas menores (ácidos carboxílicos, aldeídos e cetonas) usadas na bioassimilação.
Concomitantemente a essas enzimas, existem outras capazes de quebrarem o polímero em
blocos, hidróxiácidos, os quais também servem como fonte de nutriente para os
microrganismos (FRANCHETTI; MARCONATO, 2006).
Emprega-se o termo biodegradável a um material, quando, sob a exposição
enzimática em condições ótimas aos microrganismos, ele é decomposto a CO2, H2O e CH4,
compostos inorgânicos ou biomassa, sendo este o mecanismo predominante da degradação
deste material (SHAH et al., 2008). É de comum acordo entre os autores Brito et al.
(2011), Ray e Bousmina (2005) e Shah et al. (2008) a definição de biodegradação como a
decomposição de um material orgânico pelo ataque enzimático ou biológico de
determinado conjunto de microrganismos (bactérias, fungos, algas de ocorrência natural),
os quais devem possuir enzimas adequadas para romper algumas das ligações químicas da
cadeia principal da macromolécula, sendo necessárias condições favoráveis de
temperatura, umidade, pH, metais e disponibilidade ou não de oxigênio.
A descrição do que são polímeros, unida ao conceito de biodegradabilidade conduz
a ideia central de como os polímeros biodegradáveis podem se mostrar uma solução aos
problemas ambientais. Simultaneamente, estes polímeros podem também ser considerados
compostáveis, o que condiz a se decompor em um local próprio destinado a compostagem
a uma taxa de decomposição consistente (PEELMAN et al., 2013) e esperada para
aproximadamente dias ou meses, formando CO2, H2O, minerais e matéria orgânica
estabilizada (adubo ou húmus), sem gerar resíduos visíveis, distinguíveis ou tóxicos
(ADAMS et al., 2007; BRITO et al., 2011).
29

Através da tecnologia de compostagem é possível fazer a eliminação de plásticos


biodegradáveis também em conjunto com papéis sujos e contaminados com matéria
orgânica, o que é uma vantagem para o problema atual da coleta seletiva precária. Esta
tecnologia é usada para a eliminação de materiais orgânicos e lixos domésticos, os quais
contam 25-30% do total de resíduos sólidos municipais (BASTIOLI, 2001).
Desde que sejam biodegradáveis, ou seja, desde que o polímero apresente em sua
estrutura polimérica cadeias alifáticas e grupos funcionais hidrolisáveis como inferiram
Franchetti e Marconato (2006), o ataque biológico por células vivas pode ocorrer tanto em
plásticos naturais ou sintéticos. Todavia, não apenas o tipo de material, mas também as
condições existentes no meio ambiente são fatores proeminentes para definir quais os
grupo dominantes de microrganismos potenciais e as vias para degradação (SHAH et al.,
2008). Em termos gerais, as condições necessárias para que a biodegradação e o
crescimento destes organismos ocorram se apresentam em ambientes com disponibilidade
de umidade, nutrientes, minerais, temperatura em torno de 20-60 ºC e pH entre 5-8
(CHIELLINI; SOLARO, 1996).
Consórcios de organismos diferentes atuam para a biodegradação em condições
distintas, as quais podem ocorrer tanto na presença como na ausência de oxigênio, em
aerobiose ou anaerobiose respectivamente. Estes processos são representados pelas reações
1 e 2 a seguir (BRITO et al., 2011):

Biodegradação Aeróbica:
CPOLÍMERO + O2  CO2 + H2O + CRESÍDUO + CBIOMASSA ...................(1)

Biodegradação Anaeróbica:
CPOLÍMERO CO2 + CH4 + H2O + CRESÍDUO + CBIOMASSA ....................(2)

Quando O2 está disponível, microrganismos aeróbios são os principais responsáveis


pela destruição de materiais complexos, sendo biomassa microbiana, CO2 e H2O os
produtos finais. Entretanto, sob condições anóxicas, um conjunto de microrganismos
anaeróbios são, na maioria, os responsáveis pela deteriorização do polímero. Os produtos
primários serão biomassa microbiana, CO2, CH4 e H2O sob condições metanogênicas. Em
se tratanto de aterros sanitários, há frequentemente a coexistência de outras condições:
hidrolíticas e fermentativas, acidogênicas e acetogênicas (ZANTA; FERREIRA, 2003). É
30

importante notar que a biodeterioração e a degradação do polímero como substrato para


microrganismos raramente pode atingir 100% e a razão é que uma pequena porção do
polímero será incorporada na biomassa microbiana, húmus e outros produtos naturais
(SHAH et al., 2008).
Na Tabela 1, Shah et al. (2008) compilou uma lista de diferentes polímeros de
fontes naturais passíveis de serem biodegradados pelos diferentes microrganismos.

Tabela 1 - Lista de diferentes polímeros oriundos de fontes naturais passíveis de


biodegradação pelos respectivos microrganismos.

Polímeros de fontes naturais Microrganismos


Poli(3-hidroxibutirato-co-3-mercaptopropionato) Schlegella thermodepolymerans
Poli(3-hidroxibutirato) Pseudomonas lemoignei
Poli(3-hidroxibutirato-co-3-mercaptopropionato) Pseudomonas indica K2
Poli(3-hidroxibutirato) e
Poli(3-hidroxibutirato-co-3-hidroxivalerato) Streptomyces sp. SNG9
Poli(3-hidroxibutirato-co-3-hidroxipropionato) Ralstonia pikettii T1
Poli(3-hidroxibutirato-co-3-hidroxipropionato) Acidovorax sp. TP4

Alcaligenes faecalis
Poli(3-hidroxibutirato), poli(3-hidroxipropionato),
poli(4-hidroxibutirato), poli(succinato de etileno) Pseudomonas stutzeri
e poli(adipato de etileno) Comamonas acidovorans

Poli(3-hidroxibutirato) Alcaligenes faecalis


Poli(3-hidroxibutirato) Schlegella thermodepolymerans
Caenibacterium thermophilum
Clostridium botulinum
Poli(3-hidroxibutirato-co-3-hidroxivalerato) Clostridium acetobutylicum
Policaprolactona Clostridium botulinum
Clostridium acetobutylicum
Policaprolactona Fusarium solani
Poli(ácido lático) Fusarium moniliforme
Penicillium roquefort
Amycolatopsis sp.
Bacillus brevis
Rhizopus delemer

Fonte: Adaptado de Shah et al. (2008).

ArvanitoyanniS et al. (1998) mostraram uma tentativa de modelar o processo de


biodegradação do polímero PEBD, sendo que A é uma reação com etapas de oxidação e
31

quebras tanto na cadeia principal quando nas extremidades e B é uma reação com etapas
apenas de quebra das extremidades da cadeia polimérica. Apesar de diferentes rotas de
fragmentação, ambas acabam chegando em um intermediário comum para a biodegradação
(Figura 8).

Figura 8 – Previsão do mecanismo de biodegradação do polímero PEBD por diferentes rotas


de degradação.
Fonte: ARVANITOYANNIS et al. (1998).

3.4 Certificação Internacional

Normas técnicas reconhecidas internacionalmente estabelecem os requisitos


mínimos para que um material seja considerado biodegradável, fornecendo procedimentos
obrigatórios para a qualidade do produto. Estas normas contêm definições, testes e
condições para uma eficiente biodegradação e compostagem, as quais são estabelecidas por
diferentes organizações. Elas existem também com o objetivo de criar padrões para que
32

com a crescente demanda mundial, os bioplásticos não se tornem prejudiciais ao meio


ambiente (ADAMS et al., 2007).
Os principais organismos regulamentadores, reconhecidos internacionalmente,
estão elencados seguidos por algumas de suas respectivas normas de biodegradabilidade e
compostabilidade (ABICOM, 2009; ADAMS et al., 2007; CUILBERT, CONTARD,
2005).

Associação Brasileira de Normas Técnicas - NBR 15448–1 e 15448–2


American Society for Testing and Materials - ASTM D6400 e D883
European Standardization Committee - EN13432, EN 14995
International Standards Organization - ISO14855
German Institute for Standardization - DIN 54900
Japanese Institute for Standardization (JIN) - GreenPla

A Figura 9 mostra os selos de algumas destas normas.

Figura 9 – Selos das normas de biodegradabilidade e compostabilidade dos órgãos


regulamentadores.
Fonte: ABICOM (2009)

Com o propósito de assegurar que o plástico irá se decompor assim como outros
materiais orgânicos no solo, de acordo com Adams et al. (2007), o período de degradação
de polímeros biodegradáveis deve ser comparável ao período de decomposição da matéria
orgânica. Em outras palavras, considera-se como padrão um período de 180 dias para total
degradação.
33

Os materiais orgânicos desaparecem completamente por serem fonte de alimento


para organismos no solo e assim deve ser com plásticos verdadeiramente biodegradáveis.
Como os polímeros biodegradáveis se degradam em uma variedade de ambientes,
incluindo aterros, ambiente marinho, sistema de compostagem, ou apenas com a influência
de luz solar, as normas destacam três componentes principais para a determinação de um
material como sendo biodegradável (ADAMS et al., 2007):

A utilização do material seja fonte de alimento ou energia para


microrganismos;
A biodegradação completa ocorra em um período de tempo definido;
O material seja completamente consumido pelo meio ambiente, sem deixar
quaisquer resíduos ou partículas que possam comprometer o solo.

Como uma vantagem adicional para a produção de polímeros biodegradáveis e


compostáveis, os países desenvolvidos estão cooperando para o estabelecimento de normas
que sejam validadas entre eles, facilitando assim o comércio destes produtos a níveis
internacionais (ADAMS et al., 2007).
Estas certificações são contempladas em vários estudos para prever o real impacto
causado pelos polímeros biodegradáveis e compostáveis e seus produtos finais, podendo
submetê-los a testes efetivos de Análise do Ciclo de Vida (ACV). A análise ACV é um
exercício que se baseia na necessidade de conhecer e acompanhar todo o ciclo de vida,
produção, uso e eliminação do produto, para, assim, obter verdadeiramente os reais
impactos ambientais de cada material. Ela deve ser realizada segundo as normas da série
ISO 14140, a qual prevê avaliação do produto em quatro fases: definição de objetivo e
escopo, análise de inventário, avaliação de impactos ambientais e interpretação. O ciclo é
repetido até que se possa obter um resultado definitivo, no que diz respeito a eficiência
ambiental do sistema (IBICT, 2012).
34

4 TIPOS DE POLÍMEROS BIODEGRADÁVEIS E COMPOSTÁVEIS

Após dez anos de pesquisas e desenvolvimento, materiais provenientes de fontes


renováveis começaram a apresentar performances específicas para a sua utilização em
aplicações para diversos setores, oferecendo uma solução original tanto do ponto de vista
técnico quanto ambiental. Hoje, alguns bioplásticos disponíveis no mercado são usados
para aplicações específicas em que a biodegradabilidade é requerida, como por exemplo
em bolsas e sacolas compostáveis, talheres para fast food (copos, colheres, pratos, canudos,
etc), embalagens (espumas solúveis para embalagens industriais, película de embrulhar,
papel laminado, embalagens de alimentos), embalagens para agricultura, entre outros
(BASTIOLI, 2001).
Os polímeros biodegradáveis e compostáveis podem ser encontrados facilmente na
natureza dentro do grupo de biopolímeros e podem ser provenientes de diferentes
categorias de fontes renováveis, tais como: polissacarídeos, proteínas e lipídeos. Exemplos
de matérias primas para a produção de polímeros biodegradáveis são: derivados de plantas
(Ex. amido, celulose, cana-de-açúcar, batata, milho), derivados de fontes animais e
proteínas (Ex. proteínas isoladas de soja, gelatina, quitina, quitosana), biossíntese por
bactérias utilizando fontes renováveis, dentre outras (BRITO et al., 2011; CUTTER, 2006;
MARTINS, 2010).
A Figura 10 mostra, de forma resumida, os biopolímeros subdivididos em três
categorias e relaciona-os com as principais fontes renováveis através das quais eles podem
ser produzidos. Os polímeros biodegradáveis e compostáveis são encontrados em todas as
três categorias: provenientes de biomassa, classe que engloba os polissacarídeos e serão
estudadas com mais detalhe nas seções seguintes; proveniente da polimerização de
biomonômeros, os quais são obtidos de fontes renováveis metabolizadas por
mircrorganismos; e provenientes da biossíntese de componentes bacterianos (biopolímeros
microbianos), os quais ainda representam uma pequena fatia no mercado de biopolímeros.
35

Figura 10 – Diferentes categorias de biopolímeros biodegradáveis oriundos de fontes


renováveis.
Fonte: Adaptado de CUTTER (2006)

4.1 Polímeros Biodegradáveis e Compostáveis provenientes de polissacarídeos

Os polissacarídeos representam a fração de biopolímeros mais abundantes,


contando com o amido, a celulose e a quitina em proporções preponderantes (BRITO et al.,
2011), além de serem disponíveis em todo mundo, o que acarreta no baixo custo destas
fontes renováveis se comparadas a outras matérias primas. Essa classe de biomateriais é
muito diversa e altamente versátil em virtude da facilidade em se fazer modificações nas
suas moléculas naturais, podendo atingir melhoras de performance para aplicações
específicas através da derivatização química (FERREIRA; GIL, 2006).
Vantagens particulares dos polissacarídeos se referem à boa biocompatibilidade e à
densidade próxima aos meios biológicos, o que sugere aplicações principalmente nas áreas
biomédicas e farmacêuticas (FERREIRA; GIL, 2006). Sob o mesmo ponto de vista, as
características de boa barreira ao CO2 e O2 e a fraca barreira ao vapor de água são fatores
importantes para aplicação na área de embalagens (PINHEIRO et al., 2010). Considerando
ainda a área de embalagens, um estudo de prospecção feito por Machado et al. (2012)
identificou que as patentes depositadas mundialmente apontam a preferência de utilização
de matrizes polissacarídicas para a produção de polímeros biodegradáveis, conforme
mostra o Gráfico 2.
36

1
Gráfico 2 - Principais matrizes utilizadas para compor embalagens de polímeros
biodegradáveis.
Fonte: MACHADO et al.(2012)

Essas são apenas algumas aplicações gerais, outras características dos polímeros
biodegradáveis e compostáveis de fontes sacarídicas serão discorridas. Será feita a
apresentação da fonte renovável de origem, da estrutura, das propriedades, da síntese e
aplicabilidade desses biopolímeros, destacando os representantes mais comuns: Amido
termoplástico, polilactato (PLA), poli(hidroxibutirato) (PHB), derivados de celulose e
derivados de quitina.

4.1.1 Amido Termoplástico (TPS)

4.1.1.1 Fonte renovável de origem do biopolímero

O amido é uma fonte natural, amplamente disponível e facilmente biodegradável


(PEELMAN et al., 2013). Sua utilização é potencial devido as suas propriedades químicas
e estruturais, além de outras vantagens, como: a geração de produtos finais de custo
acessível e a pronta disponibilidade para processamento, sem a necessidade de etapas
onerosas de extração. Segundo Brito et al. (2011), em comparação a outras fontes
polissacarídicas, o amido é certamente um dos materiais mais versáteis para uso potencial
em polímeros. Ele pode ser convertido em produtos químicos como etanol, acetona e
ácidos orgânicos, usados na produção de polímeros sintéticos, pode ainda produzir
37

biopolímeros através de processos fermentativos ou também ser hidrolisado e empregado


como monômero ou oligômero. Isso faz com que ele seja um recurso bastante promissor
para produzir materiais poliméricos biodegradáveis.

4.1.1.2 Estrutura química e Propriedades

O amido é encontrado na forma de grânulos, usualmente extraído de cereais (milho,


trigo, arroz), de tubérculos (batata), e de raízes (mandioca), sendo que, em cada uma destas
fontes, a formação dos grãos é relativamente similar, uma vez que são compostos
basicamente pelas mesmas substâncias: amilose e amilopectina. Contudo, a característica
dos grãos depende da relação entre as quantidades existentes destas substâncias químicas.
Isso define seu tamanho, forma, massa molar, distribuição de massa molar e grau de
ramificação (BRITO et al., 2011), variando entre tipos e espécies de plantas e grau de
maturação (RAY; BOUSMINA, 2005).
Esta mistura de polissacarídeos é composta em termos gerais por cerca de 10–20%
amilose e 80–90% amilopectina em amidos naturais, caracterizados pelas ligações
glicosídicas, formadas por polímeros D-glicopiranos. Segundo Brito et al. (2011), o amido
encontrado em cereais naturalmente contem 72- 82% em peso de amilopectina e 18-33%
em peso de amilose. A cevada (Hordeum vulgare) e arroz (Oryza sativa) podem conter até
70% de amilose. Tipos modificados geneticamente podem conter menos de 1% em peso de
amilose, como o amido waxy, termo em inglês cuja tradução significa ceroso.
As moléculas de amilose consistem tipicamente de 200-20.000 unidades de glicose
unidas por ligações α-(1-4), formando por polímeros D-glicopiranos (RAY; BOUSMINA,
2005). Sua massa molecular é de 105 – 106 g/mol e compõem grande parte da estrutura
linear, tendo seu formato tridimensional helicoidal. Apesar de seu limitado papel na
formação de cristais, a amilose pode influenciar na organização das duplas hélices,
interferindo na densidade de empacotamento das cadeias de amilopectina e possibilitando a
formação de complexos de inclusão (BRITO et al., 2011).
As moléculas de amilopectina são formadas por polímeros de D-glicopiranos em
sua cadeia principal com ligações α-(1-4) e, a cada 20-30 unidades de glicose
aproximadamente, pequenas cadeias de cerca de 30 unidades de glicose são ligadas à
38

cadeia principal por ligações α-(1-6), constituindo as ramificações. Este polissacarídeo é o


mais importante das duas frações, pois sozinho é suficiente para formar o grânulo
(DENARDIN, 2008), responsável pelas regiões cristalinas e amorfas do polímero. Na
composição do amido, moléculas de amilopectina podem conter em até dois milhões de
unidades de glicose. Com peso molecular um pouco mais elevado (107 – 109 g/mol) em
relação à amilose, a quantidade de amilopectina é essencial no desempenho do produto
polimérico final (BRITO et al., 2011). A Figura 11 ilustra a cadeia polissacarídica da
amilose e amilopectina, respectivamente a e b.

Figura 11 – Representação das estruturas químicas da amilose (a) e da amilopectina (b)


Fonte: BRITO et al. (2011).

Além de prever as características dos grãos, a relação percentual entre fração linear
e o número de ramificações é essencial para prever o comportamento do amido em
solução. As propriedades do amido são dependentes da estrutura tridimensional formada
por esta mistura de moléculas polissacarídicas, variações nas proporções entre estes
componentes e em suas estruturas podem resultar em grânulos de amido com propriedades
físico-químicas muito diferentes, que podem afetar as aplicações industriais (MALI;
GROSSMAN; YAMASHITA, 2010).
A mudança de propriedades devido à diferença das estruturas do amido em solução
foi pesquisada por Denardin (2008), quando, em soluções aquosas com longos
comprimentos de cadeia e menores graus de ramificações, observa-se maior cristalinidade,
temperatura de gelatinização, grau de retrogradação, viscosidade e firmeza de gel; Em
soluções aquosas contendo grande número de cadeias ramificadas curtas, tem-se menores
cristalinidade granular, temperatura de gelatinização, mudança na entalpia, viscosidade e
grau de retrogradação, em consequência disso maior grau de digestibilidade.
Originalmente, estes polissacarídeos citados são organizados de forma alternada em
camadas, variando em camadas semicristalina e amorfa seguindo uma simetria central,
com o hilo ao centro, identificado como o ponto inicial de crescimento de grão. A região
39

cristalina é constituída pelas duplas hélices das cadeias paralelas da amilopectina, sendo
mais compacta. A região amorfa das camadas semicristalinas e as camadas amorfas são
menos ordenadas e composta por amilose e pontos de ramificação das cadeias laterais de
amilopectina, pequenas frações não ordenadas (DENARDIN, 2008), serão estas as frações
passíveis de iniciar a degradação (Figura 12).

Figura 12 – Estrutura do grão de amido mostrando o hilo e representação das regiões


cristalinas e amorfas.
Fonte: BRITO et al. (2011).

Quanto à permeabilidade, segundo Denardin (2008) a superfície do grânulo é


relativamente impermeável a enzimas e outras moléculas grandes, devido ao compacto
empacotamento das cadeias de amilopectina. Segundo o mesmo autor, a porosidade dos
grânulos de amido à água e a pequenas moléculas solúveis ocorre devido à expansão
reversível das regiões amorfas, que ocorrem em todo o grânulo durante a hidratação,
formando uma fase gel contínua (DENARDIN, 2008), afrouxando o empacotamento, pois
a água acaba realizando ligações de hidrogênio com o polímero desfazendo as ligações de
hidrogênio intermoleculares (MALI; GROSSMAN; YAMASHITA, 2010).
Este fenômeno é utilizado tanto para processar os grãos de amido quanto para
degradá-los no meio ambiente, mecanismo conhecido por gelatinização. A gelatinização
resulta na perda da ordem molecular (grau de cristalinidade) pelo rompimento da estrutura
impermeável e derretimento dos cristais, tornando as estruturas mais disponíveis ao acesso
de enzimas e a melhores condições de processamento em equipamentos tradicionais
(BRITO et al., 2011; MALI; GROSSMAN; YAMASHITA, 2010). Caso a estrutura retorne
às condições inicias devido à possibilidade de reversão do fenômeno, a reassociação das
40

ligações intermoleculares proporcionará a formação de um complexo mais estável, rígido e


quebradiço, fenômeno conhecido como retrogradação e configura o envelhecimento do
produto o qual o amido está aplicado.

4.1.1.3 Síntese

Para ser processado, os grãos de amido precisam passar por um tratamento que
reduza o seu tamanho. Ao mesmo tempo, este tratamento deve reduzir a sensibilidade à
umidade e fragilidade de seus polímeros, cuja temperatura de fusão é maior que a
temperatura de degradação. Para obter produtos com aceitação comercial, o amido é
geralmente modificado através da gelatinização (desestruturação dos grãos) ou também
pode ser misturado a outros polímeros para melhorar suas propriedades e processabilidade
(PRADELLA, 2006; RAY; BOUSMINA, 2005).
Para produzir um bioplástico proveniente de amido, alto conteúdo de água e
plastificantes são necessários. Plastificantes como açúcares ou glicóis, por exemplo
glicerol ou sorbitol, são utilizados para conferir as propriedades térmicas e resistência
mecânica desejadas ao produto. A gelatinização não ocorre sem a presença de um
plastificante, cujas vantagens principais são: diminuir a temperatura de gelatinização,
reduzir a recristalização e melhorar a flexibilidade do produto final. A este amido
modificado, dá-se o nome de amido termoplástico (TPS, do inglês thermoplastic starch)
(BRITO et al., 2011).

4.1.1.4 Processabilidade e Aplicações

Os autores Brito et al. (2011) indicam uma forma de processamento do amido,


enfatizando como a água pode interferir na processabilidade do polímero.

O TPS é geralmente produzido processando-se uma mistura de amido e


plastificante em extrusora sob temperaturas de 140 – 160°C, ou mesmo em
misturadores internos sob condições semelhantes. Se a composição final contiver
41

apenas água como plastificante, em níveis acima de 15 – 20%, ela mantém suas
propriedades termoplásticas. Entretanto, se a temperatura de processo for
superior a 100°C, a água evapora e o material fundido expande. Se controlada,
esta expansão é um efeito desejado, explorado na produção de amido expandido.

O amido termoplástico oferece como atrativo baixo custo e habilidade para ser
moldado em equipamentos convencionais de processamento de termoplásticos (BRITO et
al., 2011). Além disso, pode ser empregado juntamente com plásticos sintéticos totalmente
biodegradáveis, produzindo blendas biodegradáveis de baixo custo (RAY; BOUSMINA,
2005).
De acordo com os autores Brito et al. (2011) e Peelman et al. (2013), alguns dos
polímeros que podem ser misturados ao amido incluem quitina, quitosana, pectina,
celulose, poli (ácido lático) – PLA, poli (álcool vinilíco) – PVOH, Poli (ε-caprolactona) –
PCL e poliésteres derivados de bactérias, Poli (3-hidroxibutirato) – PHB, poli (3-
hidroxibutirato-co-3-hidroxivalerato) – PHBV. As blendas destas misturas de materiais
têm sido aplicadas com sucesso a nível industrial para espuma (amido expandido), filme
por sopro, moldagem por injeção, moldagem por sopro e aplicações de extrusão na
confecção de filmes flexíveis.
Aplicações apenas com amido termoplástico também são possíveis, principalmente,
em se tratando de produtos de descarte rápido (PRADELLA, 2006). Filmes, sacolas, itens
moldados, produtos termoformados e itens de higiene pessoal (BRITO et al., 2011) são
produtos bastante comuns de suas aplicações.
Filmes e revestimentos são possíveis de serem produzidos por amidos
termoplásticos e encontram aplicação principalmente na área de embalagens para
alimentos. O filme é uma película formada pela secagem (casting) da solução do
biopolímero separadamente do alimento, enquanto que o revestimento pode ser uma
suspensão ou uma emulsão aplicada diretamente na superfície do alimento que após
secagem leva à formação de um filme (PINHEIRO et al., 2010). Filmes de amido tem a
vantagem de serem transparentes, fáceis de processar, fornecem boa barreira contra
oxigênio e dióxido de carbono, são facilmente biodegradáveis e compatíveis com a maioria
dos materiais (Figura 13). Suas desvantagens são alta permeabilidade ao vapor de água,
solubilidade em água, resistência mecânica baixa.
42

Figura 13 – Filme produzido a partir de amido.


Fonte: Carr (2007).

4.1.2 Polilactato (PLA)

4.1.2.1 Origem

Os polilactatos (PLA) são poliésteres termoplásticos derivados de fontes renováveis


como açúcares e amidos. Para garantir um baixo custo dos polímeros, a rota química acaba
sendo a mais utilizada para a produção de PLA, utilizando como fonte o ácido láctico da
via biológica. O ácido láctico pela rota bioquímica é obtido a partir da conversão de
polissacarídeos em dextrose, seguida por fermentação até ácido láctico. Entretanto, o ácido
láctico pode tanto ser biologicamente ou quimicamente sintetizado.

4.1.2.2 Estrutura química e Propriedades

PLA é um poliéster termoplástico, linear, alifático, semicristalino ou amorfo,


biocompatível, biodegradável, tendo a transparência como característica de seus produtos
finais. Por ser derivado de monômeros do ácido láctico e devido à existência de dois
isômeros ópticos do ácido láctico, L- e D-ácidos lácticos, três composições
estereoquímicas diferentes do lactato podem ser encontradas, por exemplo L,L-lactato,
43

D,D-lactato e L,D-lactato. A composição estereoquímica determina as propriedades finais


do polímero (PEELMAN et al., 2013).
É comercialmente disponível nas formas: mistura de poli(L-lactato) e mesolactato
ou apenas D-lactato. A quantidade de D enantiômeros é conhecida por afetar as
propriedades do PLA, assim como ponto de fusão, grau de cristalinidade (RAY;
BOUSMINA, 2005). A Figura 14 mostra a estrutura do lactato e seus estereoisômeros.

Figura 14 – Estrutura do lactato e seus estereoisômeros.


Fonte: Adaptado de BRITO et al. (2011)

O PLA é conhecido por ter boas propriedades mecânicas, plasticidade térmica e


biocompatibilidade, além de tudo, sua fabricação não é onerosa, sendo, por isso, um
polímero promissor para vários fins e aplicações. Muitas destas propriedades são
comparáveis às dos polímeros de fontes fósseis, especialmente, o elevado módulo de
elasticidade, transparência, comportamento termoplástico, biocompatibilidade e boa
capacidade de moldagem (BRITO et al., 2011). Estes autores também consideram o PLA
altamente similar ao poli(tereftalato de etileno) (PET), além de considerar suas
propriedades térmicas e mecânicas superiores a demais poliésteres alifáticos
biodegradáveis, como o poli(succinato de butileno) (PBS), o poli(hidroxibutirato) (PHB) e
a policaprolactona (PCL).
Sob condições de alta temperatura e elevada umidade, o PLA irá se degradar
rapidamente e se desintegrará dentro de semanas ou meses. O principal mecanismo de
degradação é a hidrólise, seguido pelo ataque de bactérias, sobre os resíduos fragmentados.
Dimensões da peça, cristalinidade e misturas (blendas, compósitos, nanocompósitos)
afetam a taxa de degradação (BRITO et al., 2011).
Sob condições normais de uso, o PLA é muito estável e mantém a sua massa
molecular e propriedades físicas durante anos. Todavia, uma vantagem competitiva em
detrimento aos polímeros não biodegradáveis é quando expostos à degradação em
compostagem, uma vez que seus produtos se degradam rapidamente tanto em condições
44

aeróbicas como em condições anaeróbicas. Outra vantagem importante é sobre os


polímeros sintéticos, pois, mesmo quando queimado, o PLA não produz gases de óxido de
nitrogênio. Ele não danifica o incinerador e promove significante economia de energia
(RAY; BOUSMINA, 2005).

4.1.2.3 Síntese

A conversão do lactato a molécula de alto peso molecular, polilactato, é conseguida


por meio de duas rotas: policondensação direta ou polimerização através da abertura do
anel dos monômeros do lactato (BRITO et al., 2011). O alto peso molecular do PLA é
geralmente produzido pela polimerização através da abertura do anel dos monômeros do
lactato (RAY; BOUSMINA, 2005).
Uma polimerização por abertura de anel do lactato leva a formação dos dois
enantiômeros L- e D- ácido lático em várias taxas. Este tipo de polimerização apresenta a
vantagem de produzir polímeros com maiores pesos moleculares e permitir o controle das
propriedades finais do PLA pelo ajuste das proporções e sequências das unidades de L- e
D- ácido lático (BRITO et al., 2011). A reação química leva a formação de um diéster
cíclico, o lactato, conforme ilustrado na Figura 15, como um passo intermediário a
produção do PLA. O ácido lático sintetizado biologicamente produz quase exclusivamente
o L-ácido lático, devido às rotas biológicas, levando a produção do poli(L-ácido lático)
(PLLA), com baixo peso molecular. Os principais mecanismos de síntese do PLA estão
ilustrados na Figura 16, onde a reação a, representa a polimerização por abertura de anel, e
a reação b policondensação direta, característica da biossíntese.
45

Figura 15 – Principais rotas de formação do PLA e seus intermediários.


Fonte: PRADELLA (2006).

Figura 16 - Mecanismo de síntese do PLA: reação a, polimerização por abertura de


anel; reação b policondensação direta.
Fonte: Adaptado de RAY e BOUSMINA (2005).
46

4.1.2.4 Processabilidade e Aplicações

O PLA tem sido produzido comercialmente por empresas de diferentes partes do


mundo. Viu-se que suas propriedades, principalmente, quando melhoradas em termos de
processamento e aplicação podem ser comparadas as de termoplásticos tradicionais. Como
exemplo, tem-se a Cargill-Dow que desenvolveu um processo livre de solvente acoplado a
um processo de destilação para a produção do PLA, com pesos moleculares controlados,
de forma contínua, sem a necessidade de separar o intermediário lactato, gerando o ECO-
PLA polímero biodegradável (Figura 17) (RAY, BOUSMINA, 2005).

Figura 17 – Talher produzido a partir do biopolímero ECO-PLA da CargilDOW após


0, 33 e 45 dias em biodegradação.
Fonte: CHIELLINI e SOLARO (1996)

A Mitsui Toatsu (representante da Mitsui Chemicals) utiliza um processo baseado


em solvente, pelo qual é obtido PLA de alto peso molecular produzido diretamente por
condensação, acoplando a destilação azeotrópica para remover continuamente a água da
reação (RAY; BOUSMINA, 2005). O Laboratório Nacional de Argonne, em Chicago, está
desenvolvendo o processo inverso, a transformação de resíduos de alimentos em polímeros
PLA (CHIELLINI; SOLARO, 1996).
As possibilidades de processamento deste material são muito amplas. Por
apresentarem transparência elevada e taxa de cristalização relativamente baixa, o PLA é
um candidato proeminente à fabricação de filmes orientados biaxialmente, embalagens
termoformadas e garrafas moldadas por injeção por sopro, dentre várias outras aplicações.
Podem ser aplicados na confecção de fibras para indústria têxtil, sacolas plásticas, filmes
para agricultura, e outras aplicações e processamentos como extrusão de moldes de filmes
(cast films extrusion), utilizado para polímeros fundidos (Figura 18). Por ser
biocompatível, o PLA pode ser usado como material para implantes cirúrgicos, sistemas de
47

administração de medicamentos e fibras para suturas (BRITO et al., 2011; PEELMAN et


al., 2013; PRADELLA, 2006).

Figura 18 – Equipamento para a produção de embalagens do tipo cast films.


Fonte: BINDER e WOODS (2009)

Atualmente, os polilactatos são vistos como os polímeros mais promissores para


uso comercial utilizado em substituição ao polietileno de baixa densidade (LDPE),
polietileno de alta densidade (HDPE), poliestireno (PS) e poli (tereftalato de etileno) (PET)
(PEELMAN et al., 2013).

4.1.3 Poli(hidroxialcanoatos) (PHA)

4.1.3.1 Origem

Os poli(hidroxialcanoatos) (PHA) são poliésteres termoplásticos produzidos por


uma ampla variedade de microrganismos a partir de fontes diversas de carbono, como
milho, cana-de-açúcar e óleos vegetais extraídos de soja e palma. Os tipos de monômeros,
polímero e copolímeros produzidos dependem da fonte de carbono e do metabolismo do
48

microrganismo atuante. Mais de cem tipos de compósitos de PHA são conhecidos,


entretanto o principal polímero da família dos PHAs é o poli(hidroxibutirato) (PHB) ou
P[3HB] (BRITO et al., 2011; PEELMAN et al., 2013). Outros copoliésteres também
conhecidos desta família são:
poli(hidroxibutirato-co-hidroxivalerato) (PHBV)
poli (hidroxibutirato-co-hidroxihexanoato) (PHBHx,)
poli(hidroxibutirato-co-hidroxioctanoato) (PHBO)
poli(hidroxibutirato-co-hidroxioctadecanoato) (PHBOd)

Em condições de excesso de fontes de carbono, mas limitação de pelo menos um


nutriente importante para o crescimento dos microrganismos que os produzem (N, P, Mg,
Fe), normalmente este polímero é armazenado para consumo futuro. O polímero pode ser
encontrado dentro das células bacterianas em forma de grânulos, atingindo cerca de 90%
de sua massa em base seca (Figura 19) (BRITO et al., 2011).

Figura 19 – Eletrofotomicrografia (10.000 x) dos grânulos de PHA em células de Pseudomonas


oleovorans.
Fonte: CHIELLINI e SOLARO (1996)

4.1.3.2 Estrutura Química e Propriedades

As propriedades e capacidade de degradação dos PHAs oferecem potencial para


substituição de polímeros não degradáveis no futuro. A ampla possibilidade de gerar
copolímeros, devido à facilidade em modificar seus grupos funcionais, provê as
oportunidades para o desenvolvimento de uma infinidade de produtos com propriedades
diferentes e, com isto, a possibilidade de melhoria das funcionalidades destes bioplásticos.
49

A Figura 20 ilustra a estrutura molecular geral dos poli(hidroxialcanoatos) (PHAs),


enfatizando as possibilidades de substituição dos grupos químicos neste polímero.

Figura 20 – Estrutura molecular geral de biopolímeros PHAs.


Fonte: BRITO et al. (2011).

Na estrutura apresentada, quando m = 1, R = CH3, a estrutura monomérica é do 3-


hidroxibutirato, que dará origem ao poli(3-hidroxibutirato) PHB ou P[3HB]; quando m = 1
e R = CH2CH3 a estrutura monomérica é do 3-hidroxivalerato (3 HV); quando m = 1 e R =
C3H7 a estrutura monomérica é do 3-hidroxihexanoato (3Hx) e assim por diante (BRITO et
al., 2011).
Os grânulos de PHB encontrados dentro das células in vivo são completamente
amorfos, mas, após isolamento, eles se tornam cristalinos com propriedades comparáveis
às do polipropileno (PP) no que diz respeito às suas propriedades físicas, porque são
similares em relação ao ponto de fusão, ao grau de cristalinidade, e às temperaturas de
transição vítrea, sendo que para o PHB a cristalinidade se encontra acima de 50%,
temperatura de fusão, Tm, na faixa de 175°C e temperatura de transição vítrea, Tg, na faixa
de 5°C (BRITO et al., 2011; CHIELLINI; SOLARO, 1996; PEELMAN et al., 2013).
Apesar da semelhança, o PHB é mais duro e mais quebradiço do que o PP, como
consequência de suas temperaturas características, as quais indicam alta fragilidade e
rigidez. O PHB apresenta também resistência a solvente muito menor, entretanto sua
resistência natural à radiação ultravioleta é melhor, comparando-se novamente ao PP.
Embora tenham muitas propriedades interessantes, a fragilidade inerente e a baixa
resistência acaba restringindo a gama de aplicações, principalmente, em se tratando do
ramo de filmes para embalagens de alimentos (RAY; BOUSMINA, 2005)
Uma das soluções encontradas para reduzir esta fragilidade elevada foi a utilização
de copolímeros juntamente com compósito, tais como hidroxivalerato ou hidroxiapatita
(RAY; BOUSMINA, 2005). Em adição a isto, alguns microrganismos produzem formas
não convencionais de PHA, através de substrato simples, como glicose e sacarose. Os
biopolímeros de PHAs produzidos nestes casos apresentam outras propriedades desejáveis
como piezoeletricidade reforçada, atividade óptica não-linear, biodegradabilidade e
50

biocompatibilidade. Este tipo de polímero ainda se encontra em estudo, porém apresenta


claro potencial para concorrer com polímeros funcionais sintetizados quimicamente
(BRITO et al., 2011).
Na Tabela 2, encontra-se um resumo geral das principais propriedades físicas dos
copolímeros de PHA de forma comparativa aos plásticos convencionais.

Tabela 2 - Propriedades físicas de vários copolímeros de PHA em comparação com


plásticos convencionais.

Fonte: PRADELLA (2006)

Devido às amplas possibilidades de modificações do PHA, tanto em relação a


utilização de diferentes microrganismos, quanto em relação as diversas possibilidades de
fontes de carbono, tem-se que a composição dos copolímeros formados e sua massa molar,
estão atreladas à natureza química destas fontes, às condições de reação e operação no
biorreator e ao tipo de organismo empregado. Desta maneira, o benefício de modular
racionalmente as características do polímero no biorreator oferece a oportunidade de gerar
uma ampla gama de aplicações dos polímeros formados, nestas circunstâncias, ainda em
potencial de descoberta.
51

4.1.3.3 Síntese

O poliéster é produzido em células microbianas por meio de processo fermentativo.


As fontes de carbono assimiladas são biotransformadas em unidades de hidroxialcanoatos,
polimerizadas e armazenadas na forma de inclusões insolúveis em água no citoplasma da
célula. A capacidade de realizar este processo de polimerização é dependente da presença
de uma enzima conhecida como PHA sintase (BRITO et al., 2011).
Dentre vários microrganismos utilizados para a produção deste polímero, a bactéria
Alcaligenes eutrophus é um dos microrganismos mais frequentemente usado para a
biossíntese de PHAs, podendo crescer em grandes reatores fermentativos (RAY;
BOUSMINA, 2005). Quando, então, as células chegam no estado de equilíbrio (steady
state), células e material polimérico são separados e o polímero é extraído com solventes,
clorofórmio, cloreto de metileno ou cloreto de propileno (CHIELLINI; SOLARO, 1996;
PEELMAN et al., 2013).
Uma possibilidade de avanço para a produção de PHA está depositada na produção
a partir de fontes renováveis, usando a engenharia genética, através de microorganismos
selvagens e recombinantes, plantas transgênicas, e por processo in vitro. Nenhuma dessas
opções é predominante sobre as demais, pois cada uma tem seus pontos fortes. As
características do PHA produzido por estes sistemas serão diferentes. Por exemplo, pode
não ser possível produzir com eficiência PHA possuindo grupos funcionais especiais a
partir de plantas transgênicas. Por outro lado, a pureza do PHA produzido por sistemas in
vitro é de importância para aplicações médicas (BRITO et al., 2011).
O sucesso de plantas transgênicas, que produzem grandes quantidades de PHA,
pode, eventualment, tornar esse preço comparável com o dos plásticos convencionais. Por
outro lado, a aplicação do PHA no campo da medicina não é prejudicada pelo custo de
produção por ser aplicação de ponta. Assim, os PHAs são usados para confecção de
tecidos, na administração de medicamentos e são ainda polímeros com potencial de
aplicações terapêuticas (BRITO et al., 2011).
Brito et al. (2011) afirma que a síntese do PHA com novas estruturas monôméricas
é um campo interessante de pesquisa. Um número cada vez maior de espécimes de
bactérias tem mostrado habilidades incomuns de sintetizar vários PHAs não convencionais,
isso é um dos motivos de interesse e atratividade de empregar estes polímeros.
52

4.1.3.4 Processabilidade e Aplicação

Em relação ao processamento, o PHB e o PHBV são os dois tipos mais conhecidos


de PHAs, outros tipos estão ainda em estágio de desenvolvimento e suas tecnologias de
processamento industrial não são bem conhecidas (BRITO et al., 2011).
Como o PLA, os PHAs são também sensíveis às condições de processo e, da
mesma forma, precisam ter plastificantes adicionados para que as condições de
processamento sejam melhoradas, aumentando, assim a faixa de processamento do
material fundido. Os homopolímeros PHB e PHBV possuem propriedades termoplásticas e
podem ser processados como termoplásticos clássicos (CHIELLINI; SOLARO, 1996).
Dependendo da composição monômérica formada, poderá ter emprego na confecção de
embalagens, itens de descarte rápido e filmes flexíveis (PRADELLA, 2006).
Através da injeção em molde, polímeros de PHBV foram utilizados para a
produção de frascos de shampoo (Wella AG) e, mais recentemente, foram empregados
também como frascos para cosméticos nos Estados Unidos e no Reino Unido
(CHIELLINI; SOLARO, 1996). Outras aplicações de polímeros PHBV são em aparelhos
ortopédicos, produtos de higiene pessoal, embalagens para specialties, mostrando-se
proeminente no campo de novos produtos com maior valor agregado, o que facilita o seu
emprego e estimula pesquisas para a redução de seu custo.
Conforme identificado por Brito et al. (2011), as áreas de maior destaque para as
aplicações encontradas são de embalagens e aplicações médicas. A principal desvantagem
do PHA na sua utilização como commodity biodegradável é seu custo de produção elevado
comparado aos polímeros provenientes do petróleo, mesmo assim seu mercado potencial
inclui embalagens, itens de usos descartáveis, utilidades domésticas, eletrodomésticos,
eletroeletrônicos, agricultura e estabilização do solo, adesivos, tintas e revestimentos.
Embora muitas possibilidades venham sendo exploradas para baixar seu custo de
produção, Brito et al. (2011) afirma que o PHA é um polímero em potencial, mas que
ainda não está em condições de concorrer com plásticos convencionais, tais como
polipropileno e poliestireno, principalmente devido ao alto custo e pelas restritas
possibilidades de aplicações.
Apesar de alguns desafios e estudos contínuos nesta área, o PHA tem uma
vantagem relevante sobre os polímeros tradicionais devido à biodegradabilidade em
53

diferentes meios, aterros, compostagem, e sistemas aquáticos. As enzimas responsáveis por


sua degradação são excretadas por certo número de fungos e bactérias no meio ambiente
(solo, água fresca, lodo, água do mar, compostagem, ar).
Sob degradação, oligômeros e monômeros produzidos pela degradação do PHA são
novamente assimilados pelos microorganismos como nutrientes, concluindo o ciclo de vida
do polímero conforme observação de Vijaya Abinaya et al. (2012) (Figura 21).

Figura 21 – Biodegradação de filmes de PHA produzidos por B. cereus com referência aos dias
de incubação para degradação a) 1º dia; b) 14º dia; c) 28º dia; 54º dia.
Fonte: Vijaya Abinaya et al. (2012)

4.1.4 Polímeros derivados de celulose

4.1.4.1 Origem

A celulose é o composto orgânico mais comum na natureza, sendo um polímero de


anidroglicose. Ela constitui entre 40 e 50% de quase todas as plantas por estar presente nas
células vegetais, desde plantas mais desenvolvidas a gramíneas. Outras fontes em que se
pode encontrar a celulose são em algas marinhas e fontes artificiais. O algodão é a forma
mais pura em que se pode encontrar a celulose, entretanto o bambo, a madeira, rami e
54

cascas de árvores também apresentam frações representativas (KLOCK et al., 2005;


REDDY et al., 2013). Os subprodutos agrícolas também podem ser fontes de celulose.
Os polímeros que podem ser formados a partir de celulose dependem das reações
químicas passíveis de ocorrer. Entre elas estão as reações: de degradação da celulose, de
adição e de substituição. Como resultado destas, podem ser formados os polímeros:
Acetato de celulose (CA), Propionato acetato de celulose (CAP) e Butirato acetato de
celulose (CAB), os quais são materiais termoplásticos produzidos pela esterificação da
celulose (PEELMAN et al., 2013); outros ainda, produzidos pela substituição parcial de
grupamentos hidroxilas da celulose, a metilcelulose (MC), hidroxipropril celulose (HPC),
hidroxipropil metilcelulose (HPMC) e carboximetilcelulose (CMC) (SOARES et al.,
2004); entre outros polímeros.

4.1.4.2 Estrutura química e Propriedades

A celulose é um polissacarídeo de cadeia linear com empacotamento e tamanho de


estrutura suficientes para ser insolúvel em solventes orgânicos. A sua estrutura molecular é
formada por ligações β-1,4-D-anidroglicose (Figura 22).

Figura 22 – Estrutura molecular do monômero da celulose (celobiose).


Fonte: REDDY et al.(2013).

A sua estrutura parcialmente cristalina é devido à existência de frações altamente


ordenadas constituídas pelos feixes de microfibrilas que unidas formam as fibrilas, e
regiões menos ordenadas ou amorfas (Figura 23).
55

Figura 23 – Estrutura de empacotamento da celulose, envidenciando as regiões amorfas


e cristalinas, e as nanoestruturas, considerando apenas as regiões
cristalinas.
Fonte: REDDY et al.(2013)

Dependendo da fonte de celulose, as fibras podem se apresentar em uma mistura de


diferentes tamanhos. Isso afeta significativamente o grau de polimerização encontrado em
cada uma destas fibras. Este grau varia desde a fibra mais degradada com grau de
polimerização de cerca de 200 (celulose regenerada) a um grau de cerca de 12.000
(celulose nativa). Esta característica reflete nas propriedades dos polímeros. Com um grau
de polimerização elevado, a celulose nativa apresenta grau de cristalinidade entre 50 a
70%. O arranjo entre suas moléculas é bastante compacto e há um grande número de
interações inter e intramoleculares entre as hidroxilas de cadeias paralelas e da própria
cadeia. A forte tendência à formação de ligações de hidrogênio é um dos principais fatores
responsáveis pela rigidez deste polímero (KLOCK et al., 2005).

4.1.4.3 Síntese

Em geral, o rompimento das ligações glicosídicas leva também ao rompimento de


moléculas com menor grau de polimerização, o que afeta diversas propriedades da cadeia
molecular da celulose (viscosidade, peso molecular, resistência, etc.). Por isso, este método
não é tão empregado em aplicações industriais, pois a degradação do polímero leva a perda
da resistência física. A degradação da celulose pode tanto ocorrer via hidrólise quanto
através de compostos oxidantes ou por microrganismos, sendo esta última característica da
degradação natural do polímero (KLOCK et al., 2005).
Mesmo assim, quando deseja-se produzir alguns tipos de polímeros como o acetato
de celulose (CA), a reação de degradação hidrolítica é utilizada para sua manufatura. A
56

hidrólise da celulose pode ser heterogênea ou homogênea, dependendo da solubilidade no


meio de reação. Dentre estas, conforme descreveu Klock et al. (2005), a hidrólise
heterogênea é mais utilizada, pois a celulose mantém sua estrutura fibrosa, e a homogênea
gera a quebra em monômeros de D-glicose, característica de atividades na indústria de
papel e celulose.
Durante o processo da hidrólise heterogênea, ocorrem basicamente as seguintes
etapas: primeiramente, faz-se a solubilização das regiões amorfas da celulose, que são mais
acessíveis à penetração do reagente. Em seguida, há uma diminuição da velocidade de
reação devido ao ataque químico nas regiões cristalinas e a inserção dos grupos químicos
desejados de acordo com o reagente químico adicionado. Muitas vezes, esta reação é
acompanhada por reações de oxidação (KLOCK et al., 2005).
As reações de adição, consistem em realizar o entumescimento das regiões amorfas
dos polímeros com agentes de inchamento que promovem a quebra das ligações de
hidrogênio. Em tal estrutura, aumenta-se a facilidade de um reagente químico penetrar e
propagar a reação de forma que os derivados de celulose resultantes são relativamente
homogêneos. Os compostos derivados desta reação são intermediários importantes devido
a maior reatividade, tendo capacidade de gerar produtos mais uniformes que a própria
celulose (ex. ésteres, xantatos, entre outros) (KLOCK et al., 2005).
O benefício obtido ao produto final por utilizar compostos derivados da celulose
alcalina, industrialmente, decorre da capacidade de aumentar o brilho e resistência à tração
em aplicações têxteis (KLOCK et al., 2005). Por outro lado, a estabilidade de compostos
resultantes de reações de adição está condicionada à presença de excesso de agente
entumescedor, cuja remoção causa regeneração da celulose. Caso esta regeneração seja
controlada, existem aplicações industriais a ela. Os produtos finais poderão ser fibras ou
filmes, porém não poderão ser produzidos pelo processo de fundição (REDDY et al.,
2013).
Como uma continuidade às reações de adição, as reações de substituição utilizam o
entumescimento intracristalino para substituir grupos hidroxilas da celulose por
esterificação com outras cadeias contendo grupos hidroxilas. Esta reação é também
conhecida por produzir ésteres de celulose, o qual possui várias aplicações industriais.
57

4.1.4.4 Processabilidade e Aplicações

Assim como no caso de polímeros baseados no amido, devido à natureza


hidrofílica, os polímeros baseados em celulose não modificados também apresentam
fatores limitantes para as suas aplicações no setor de embalagens, uma vez que não
possuem uma barreira a água muito eficiente e lhes faltam melhores propriedades de
estabilidade à longo tempo e resistência mecânica. Outras desvantagens são baixa
capacidade de processamento e fragilidade (PEELMAN et al., 2013).
Por isso, os ésteres de celulose são comumente processados na forma de pó com o
emprego de diversos plastificantes e aditivos. Há vários estudos nesta área para encontrar
aditivos e plastificantes ecologicamente seguros. Estudos recentes estão tentando substituir
plastificantes que representam risco ambiental para produzir formulações mais
sustentáveis, como citratos ou blendas de citratos com óleos vegetais (RAY; BOUSMINA,
2005). Os polímeros extrudados destas misturas formam bioplásticos de celulose
paletizados em diferentes graus com aplicações na indústria têxtil, indústria de plásticos e
filmes, entre outras aplicações específicas, como chapas de raios X (KLOCK et al., 2005).
Os polímeros derivados de celulose podem ainda ser utilizados para a confecção de filmes
e revestimentos comestíveis, exemplo encontra-se na Figura 24 (SOARES et al., 2004).

Figura 24 - Filme comestível feito de Carboximetilcelulose (CMC)


Fonte: CUILBERT e CONTARD (2005).

Apesar de avanços na área ainda serem necessários, um dos principais fatores a ser
explorados é a elevada capacidade de biodegradação, a qual pode ocorrer facilmente por
hidrólise enzimática devido à existência de vários grupos hidrolisáveis. Essa característica
58

é inicialmente indesejável industrialmente, mas, se controlada de forma adequada, pode ser


responsável por gerar boas taxas de degradação do produto final no meio ambiente.

4.1.5 Quitina e quitosana

4.1.5.1 Origem

A quitina é um polissacarídeo abundante na natureza, presente principalmente no


exoesqueleto de animais invertebrados, crustáceos e insetos, além de ser encontrada nas
paredes celulares de fungos e microrganismos (RAY; BOUSMINA, 2005). O grande
interesse por este material concerne no fato de ele ser renovável, biocompatível,
biodegradável, não tóxico e com excelentes propriedades adsorventes (REDDY et al.,
2013).

4.1.5.2 Estrutura Química e Propriedades

A quitosana ou poli-β(1,4)-2-amino-2-deoxi-D-glicose, é um produto da quitina


desacetilada, poli(N-acetil-D-glicosamina) (Figura 25).

Figura 25 –Estruturas moleculares da quitina e seu produto, quitosana.


Fonte: REDDY et al.(2013)

Os autores Ray e Bousmina (2005) e Reddy et al. (2013) afirmam que a quitina em
elevados graus de desacetilação, pode ser considerada quitosana, sendo que em números o
59

primeiro autor prediz sobre graus maiores que 50%, o segundo considera graus maiores ou
iguais a 75%. O fato é que a quitosana configura um copolímero da quitina com grupos
glicosamina e N-acetilglicosamina. Estes agrupamentos são importantes, pois conferem
alta solubilidade em solventes orgânicos, formando soluções viscosas, homogêneas e
claras. Em adição a isto, quitosana é considerada um polímero semi-cristalino dado que
esta propriedade é dependente da extensão da desacetilação. Além disso, os grupamentos
amino e hidroxi livres da quitosana são susceptíveis a reações e modificações,
possibilitando a formação de outros copolímeros, com diferentes graus de cristalinidade.
É valido ressaltar também que o polímero obtido da desacetilação deve ser
caracterizado adequadamente quanto à massa molar, grau de acetilação e distribuição ao
longo da cadeia polimérica. Estas características podem influenciar na biodegradabilidade
do mesmo e, principalmente, na acessibilidade enzimática, influenciando a hidrólise do
polissacarídeo (SILVA; SANTOS; FERREIRA, 2006).

4.1.5.3 Síntese

A quitosana pode ser obtida por tratamento ácido ou alcalino da quitina. No


entanto, o tratamento ácido não é muito utilizado devido à suscetibilidade das ligações
glicosídicas à hidrólise ácida. (SANTANA, 2012).
A extração de quitina do exoesqueleto de caranguejos e camarões é feita através de
um tratamento com carbonato de cálcio que os dissolve. Métodos similares para a
desacetilação da quitina são encontrados na literatura, o primeiro, descrito por Ray e
Bousmina (2005), em que a quitosana é obtida através do tratamento da quitina com 40%
de hidróxido de sódio (NaOH) por um período de 1-3 horas à 120ºC gerando rendimento
de 70%, e o segundo método, apresentado por Santana (2012) com binômio tempo versus
Temperatura diferente, temperatura elevadas (normalmente superiores a 60ºC) e longos
tempos de reação, e adição de NaOH 40 a 50%. Contudo, Santana (2012) afirma que o
rendimento deste método não constitui um problema na maioria dos casos, uma vez que a
desacetilação da quitina raramente é completa e um grau de desacetilação de
aproximadamente 60% é suficiente para permitir a solubilização do polímero. Na Figura
26 encontra-se o fluxograma genérico de obtenção da quitina.
60

Figura 26 – Processo de obtenção da quitina.


Fonte: Adaptado de MOURA et al. (2006)

Na Figura 27 encontra-se uma sequência de etapas gerais para obtenção de


quitosana pura, após desacetilação da quitina seca.
61

Figura 27- Processo de obtenção da quitosana purificada.


Fonte: Adaptado de MOURA et al. (2006)

Como a quitosana é uma poliamina alifática, está envolvida em reações típicas de


aminas. A maioria das aplicações em que se emprega a quitosana está baseada na natureza
polieletrolítica e habilidade quelante dos grupamentos aminas (RAY; BOUSMINA, 2005),
obtendo o polímero ionizado (Figura 28).

Figura 28 –Representação da estrutura molécular ionizada da quitosana.


Fonte: RAY e BOUSMINA (2005)
62

4.1.5.4 Processabilidade e Aplicações

A principal aplicação destes polímeros é na fabricação de fibras e filmes. Existe


ainda, outras aplicações de bastante valor agregado, como na área medicinal, onde podem
ser coadjuvantes na redução do colesterol e na perda de peso (captura e elimina gorduras
por mecanismo de excreção de ácidos biliares), manufatura de lentes de contato, na área de
cosméticos e em processos de purificação e tratamento de água (CUNHA, 2011; SILVA;
SANTOS; FERREIRA, 2006).
Por ser uma base fraca e ter habilidade de trocar íons, a quitosana pura pode ser
aplicada no desenvolvimento de sensores modificados para detecção de ânions, baseando-
se em filmes casting de quitosana sobre a superfície dos vidros dos eletrodos de carbono.
Ao mesmo tempo, esses dispositivos acabam perdendo a estabilidade ao longo do tempo
como é característico dos filmes de quitosana. (RAY; BOUSMINA, 2005).
Um aumento robusto da estabilidade destes filmes foi obtido cobrindo-os com
camadas de sílica orgânica, o que acaba formando camadas de sol-gel. Este e muitos outros
estudos analisam a melhora da performance desses biopolímeros aplicando compósitos que
resultem em melhoras nas propriedades desejada. No caso da quitosana, foi identificado
por Ray e Bousmina (2005) uma vantagem sobre outros biopolímeros com cadeias
helicoidais ou enoveladas, a sua estrutura extensa formada por seus polímeros facilita que
eles sejam intercalados por camadas de compósitos.
Existe também um grande interesse médico em relação a estas aplicações, uma vez
que as fibras destes polímeros são bastante úteis para materiais que recobrem feridas e
preenchem espaço de tecidos mortos e para estruturas absorventes, como em suturas.
Ainda com uma aplicação médica, há estudos com a quitosana para aplicá-la em presença
de fluídos do corpo humano. Estruturas congeladas e liofilizadas de quitosana em meio
com ácido acético, originam moldes que podem ser utilizados na regeneração de tecidos ou
transplante de células (REDDY et al., 2013).
Quanto ao interesse para o emprego em embalagens, as principais vantagens em
utilizar biopolímeros de quitosana e quitina são que seus filmes apresentam: atividade
antimicrobiana e antifúngica, boas propriedades mecânicas, baixa permeabilidade a
oxigênio e dióxido de carbono (PEELMAN et al., 2013), como resultado, obtém-se a
manutenção da cor e redução do escurecimento dos alimentos embalados (ASSIS; DE
63

BRITTO; FORATO, 2009). Em adição, os filmes de quitosana são resistentes, altamente


transparentes, de longa duração, flexíveis e difíceis de rasgar (SANTANA, 2012),
prolongando o tempo de prateleira dos produtos embalados.

4.2 Potencial de Substituição dos Polímeros Biodegradáveis e Compostáveis

A Tabela 3 resume algumas potencialidades de substituição de alguns polímeros de


fontes fósseis por polímeros biodegradáveis e compostáveis provenientes de fontes de
biomassa sacarídica. Como destaque, tem-se os polímeros PHBHx, com potencial de
substituir seis dos polímeros tradicionais elencados, tendo a potencialidade de substituição
completa do polipropileno (PP), assim como o seu copolímero PHB, substituição completa
também do polietileno de baixa densidade (PEBD) e do polietileno de alta densidade
(PEAB).

Tabela 3 - Potencial de substituição de alguns polímeros provenientes


de fontes fósseis por biopolímeros.

Fonte: BRITO et al. (2011)

Um segundo polímero com potencialidade diferenciada é o polilactato (PLA). O


estudo feito por Brito et al. (2011) identificou também potencial parcial para a substituição
de cinco dos polímeros tradicionais. Uma sugestão que indica o motivo pelo qual estes
polímeros, em especial, foram mais proeminentes é que uma das características
coincidentes entre ambos os polímeros é a utilização de rotas bioquímicas para a síntese de
polímeros e fontes renováveis diversas como matéria prima. Isto cria uma variedade de
64

maneiras com que estes polímeros podem ser modificados mais facilmente e, como
resultado, as diversas propriedades que podem ser obtidas. Esses ganhos podem ser através
de microrganismos diferentes, em condições operacionais diferentes, objetivando ganhos
em escala, da contribuição de técnicas da engenharia genética, otimizando rotas
tecnológicas com a criação de microrganismos superprodutores e, cada vez mais, através
da intensificação do uso de fontes renováveis de matérias primas e energia de baixo custo.
Outra observação importante é que os polímeros PEAD, PP e PS, de fontes fósseis,
possuem potencial parcial de serem substituídos pela maioria dos polímeros
biodegradáveis e compostáveis tratados neste estudo. O que confirma não só o avanço dos
biopolímeros neste campo, mas também assegura que esforços estão sendo feitos para a
melhoria das propriedades dos polímeros biodegradáveis, visto que as performances destes
estão cada vez mais similares aos polímeros sintéticos.
De acordo com Mottin et al. (2011), na segmentação da demanda de polímeros
convencionais, destacam-se as área de embalagens (41%), descartáveis (11%) e construção
civil (12%). As áreas de embalagens e descartáveis são responsáveis, principalmente, pelo
consumo de PE, PP e, em destaque, do PET, especificamente nos frascos e garrafas. A área
de construção civil é responsável, em grande parte, pelo consumo e aplicação do PVC e
seus compostos na confecção de tubos, conexões e revestimentos para cabos elétricos.
Estas são áreas potenciais de aplicação dos polímeros biodegradáveis na substituição futura
destas commodities, como foi verificado pelo potencial da Tabela 3.
Todavia, com a vantagem de ser biodegradável e biocompatível, os polímeros
biodegradáveis e compostáveis podem ainda assumir posição em setores mais específicos.
Uma análise sobre o setor de bioplásticos foi realizada por Machado et al. (2012), através
de estudo de prospecção sobre os principais assuntos de patentes depositadas em todo o
mundo, que perceberam a existência de grande interesse no consumo desses materiais
poliméricos pelos setores de embalagens e indústria farmacêuticas (Gráfico 3). Isso foi
confirmado, neste estudo, em que as aplicações identificadas foram majoritariamente na
área de embalagens seguida pelas áreas médicas.
65

Gráfico 3 - Representação gráfica de assuntos mais recorrentes em estudo de prospecção de


depósito de patentes de biopolímeros.
Fonte: MACHADO et al. (2012)

Uma questão essencial a ser considerada são as fontes renováveis que estão sendo
consideradas para a produção de polímeros biodegradáveis e compostáveis, visto que esta é
uma das motivações para tamanha atenção a eles. Carr (2007) identificou que, nos últimos
anos, a matéria prima predominante para a produção de polímeros biodegradáveis é o
amido de milho (produção mundial 64% em milho), indicando a questão da
disponibilidade como primordial para a escolha da matéria prima. Entretanto, a autora
percebeu ainda a ampla diversidade de fontes de amido que podem ser empregadas no
desenvolvimento de bioplásticos e, assim, como uma sugestão mais adequada a cada
localidade, indicou empregar a fonte de amido mais abundante e disponível na sua
localidade. Esta informação concordam com as informações identificadas pelo estudo feito
por Da Silva (2013) mostrado na Tabela 4. O Brasil como grande produtor de cana-de
açúcar deve investir em tecnologias de processamento desta matéria prima para ampliar a
produção de polímeros biodegradáveis no país, usufruindo do baixo custo que a grande
disponibilidade de cana pode proporcionar.

Tabela 4 - Grau de preferências por matérias primas renováveis para a


produção de biopolímeros

Fonte: Adaptado de Da Silva (2013)


66

Quanto aos biopolímeros quitina e quitosana, tratam-se de biopolímeros que


atualmente despertam bastante interesse devido à possibilidade de aplicações específicas e
ao alto valor agregado de seus produtos, entretanto sua obtenção através da fonte de
matéria prima marinha enfrenta barreiras de sazonalidade da oferta. Esta sazonalidade da
matéria prima juntamente com a possibilidade de ocorrência de elevados níveis de
contaminantes limita a produção de quitosana de elevada qualidade e pureza. Isso acaba
elevando o custo de produção e, consequentemente, acaba sendo um entrave para a difusão
de suas aplicações em grande escala.
Em relação aos polímeros de derivados de celulose, apesar da diversidade de
aplicações e derivatizações químicas em que podem atuar, estudos recentes tem dado
preferência a aplicações destes derivados como fibras e compósito biodegradáveis, os quais
apresentam inúmeras vantagens principalmente em relação a melhoras de performance dos
biopolímeros, tais como: menor abrasão aos equipamentos de processamento, menor peso,
melhor capacidade de isolamento térmico e sonoro, menor custo, possibilidade de ser
incinerados (COELHO, 2005).
67

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Um dos maiores desafios ambientais da atualidade é o esgotamento dos recursos


não renováveis e a redução da quantidade de lixo urbano, principalmente, não tratada.
Neste contexto, os plásticos são apontado como um dos principais agentes multiplicadores
desses resíduos, devido aos grandes volumes gerados por itens de descarte rápido e ao
longo tempo de degradação destes materiais. Dessa forma, torna-se essencial o
desenvolvimento de alternativas que possam sustentar o consumo por produtos sem
comprometer os recursos e o meio ambiente.
O presente trabalho aliou os conceitos de biodegradação dos biopolímeros ao ciclo
de vida mais curto das fontes naturais para apresentar as principais características dos
polímeros biodegradáveis e compostáveis, enfatizando a aplicabilidade destes materiais em
substituição aos polímeros sintéticos tradicionais. Os polímeros biodegradáveis e
compostáveis de fontes renováveis oriundos de polissacarídeos mostraram uma
performance ainda inferior se comparados aos polímeros usuais, além de sua produção
gerar etapas dispendiosas que aumentam o custo do produto final.
Mesmo com o alto custo de processamento comparados, a disponibilidade das
fontes naturais e seu baixo custo relativo tendem a compensar o balanço econômico, caso o
desenvolvimento esperado para estes polímeros seja atingido. Se por um lado, os polímeros
biodegradáveis ainda não são capazes de competir com os polímeros tradicionais, por
outro, eles vem sendo estudados intensamente com o objetivo de ter sua performance
melhorada através de investimento em otimização de processamento, otimização da
conversão de matéria prima em produto e utilização de fontes de baixo custo e mais
ecologicamente sustentáveis.
Diante destes fatos, vê-se que alguns polímeros biodegradáveis e compostáveis
como o PHBx, PLA e TPS começam a se destacar devido à possibilidade de modificação
controlada de suas estruturas, visando a melhoria de suas propriedades, e por ter como
vantagem adicional a biodegradabilidade e a biocompatibilidade. Assim, faz-se
imprescindível a contínua valorização do desenvolvimento dos biopolímeros através do
apoio e financiamento dos órgãos governamentais para que investimentos nesta área
continuem sendo feitos, unindo esforços a grandes empresas e centros de pesquisas, para
que eles continuem sendo aplicados com objetivo de atender a problemas globais.
68

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