Você está na página 1de 50

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

BIANCA MARIA RODRIGUES

Reciclagem mecânica-química de polietileno de baixa densidade de filmes pós consumo


em combinação com o polipropileno

Lorena
2018
BIANCA MARIA RODRIGUES

Reciclagem mecânica-química de polietileno de baixa densidade de filmes


pós consumo em combinação com o polipropileno

Trabalho de Graduação apresentado à Universidade


de São Paulo na Escola de Engenharia de Lorena
para obtenção do título de Engenheira de Materiais.

Orientador: Prof. Dr. Clodoaldo Saron

Lorena
2018
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO
CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE

Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Automatizado


da Escola de Engenharia de Lorena,
com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

Rodrigues, Bianca Maria


Reciclagem mecânica-química de polietileno de baixa
densidade de filmes pós consumo em combinação com o
polipropileno. / Bianca Maria Rodrigues; orientador
Clodoaldo Saron. - Lorena, 2018.
48 p.

Monografia apresentada como requisito parcial


para a conclusão de Graduação do Curso de Engenharia
de Materiais - Escola de Engenharia de Lorena da
Universidade de São Paulo. 2018

1. Reciclagem. 2. Reciclagem química. 3.


Polietileno de baixa densidade. 4. Zeólita zsm-5. 5.
Ziegler-natta. I. Título. II. Saron, Clodoaldo,
orient.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente aos meus pais, que sempre me apoiaram em todas minhas escolhas. À
minha mãe principalmente, por tê-la como melhor exemplo de mulher em minha vida.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Clodoaldo Saron, que manifestou paciência e sabedoria,
contribuindo no meu crescimento acadêmico.
De forma especial à mestranda e amiga Rayane, que auxiliou em todas as etapas do trabalho
em tudo que estava a seu alcance, com motivação e generosidade.
Aos amigos que conquistei e funcionários, que colaboraram com o desenvolvimento do
trabalho, cada um com sua particularidade: Camila, Denise, Alexandre, Rafael, Tayara,
Cláudia, Ohana, Pérsio, André, Marcus Vinícius, Sr. Ailton, Serginho e Renato.
À COOCAL que forneceu matéria-prima além de servir como estímulo para o desenvolvimento
do projeto.
À empresa MS Plástico que dispôs equipamento e seus funcionários para aglutinação do
material.
“Você nunca sabe que resultados virão
da sua ação. Mas se você não fizer nada,
não existirão resultados. ”
Mahatma Gandhi.
RESUMO

Rodrigues, B. M. Reciclagem mecânica/química de polietileno de baixa densidade de filmes


pós consumo em combinação com o polipropileno. 2018. 48 f. Monografia (Trabalho de
Graduação em Engenharia de Materiais) – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de
São Paulo, Lorena, 2018.

A problemática em relação aos aspectos ambientais e de saúde causada pelo uso excessivo e
descarte irregular de resíduos sólidos, acaba por ocasionar em uma crescente preocupação com
relação à sua adequada gestão. Neste estudo, a atenção se volta para os resíduos sólidos poliméricos
e uma das alternativas para auxiliar neste problema está na reciclagem, que pode auxiliar no descarte
irregular, além de ser geradora de lucros econômicos. A reciclagem pode envolver a mudança nas
propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas do material. Neste trabalho, realiza-se uma
reciclagem mecânica/ química com intuito de se obter um novo material, esperando-se inserir valor
agregado e a possível otimização do processo, além do benefício ambiental. Foram realizados
processamento e análises de resíduos pós consumo de polietileno de baixa densidade (PEBD) em
combinação com polipropileno (PP) virgem, este com teor de 30% em massa, com o uso associado
de catalisadores. Os resíduos de PEBD na cor transparente foram lavados, aglutinados e misturados
ao PP e ao catalisador zeólita ZSM-5, com teor de 5% em massa, e 0,15% de estabilizante térmico
Songnox21B®, para posterior processo de extrusão. Para a reciclagem química foi adicionado a
três, das seis amostras, o catalisador Ziegler-Natta com teor de 5% em massa, para estudo de sua
influência nesta etapa. Os materiais obtidos foram caracterizados por meio das técnicas de FTIR,
DSC, MEV e índice de fluidez. Com base nos resultados, conclui-se que ocorreram modificações
físicas e químicas no material e foi possível promover sua reciclagem.

Palavras chaves: Reciclagem, Reciclagem química, Polietileno de baixa densidade, Zeólita


ZSM-5, Ziegler-Natta.
ABSTRACT

Rodrigues, B. M. Mechanical / chemical recycling from post-consumer films of low density


polyethylene in combination with polypropylene. 2018. 48 f. Monograph (Undergraduate
Work in Materials Engineering) – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo,
Lorena, 2018.

The problematization of environmental and health aspects caused by the excessive use and
irregular disposal of solid waste, causes a growing concern about its proper management. In
this study, attention is focused on polymeric solid waste and one of the alternatives to help with
this problem is the recycling, which can aid in the irregular disposal, besides generating
economic profits. Recycling may involve changing the physical, physicochemical or biological
properties of the material. In this work, a mechanical / chemical recycling is performed in order
to obtain a new material, hoping to insert added value and the possible optimization of the
process, also the environmental benefit. The post-consumer waste of low density polyethylene
(LDPE) in combination with 30% in mass of virgin polypropylene (PP) was processed and
analyzed, with the use of catalysts. The clear color LDPE residues were washed, agglutinated
and mixed to the PP and ZSM-5 zeolite catalyst, 5% by mass, and 0.15% Songnox21B®
thermal stabilizer, for further extrusion. For the chemical recycling, the Ziegler-Natta catalyst
with 5% by mass content was added to half of the samples, to study its influence in this stage.
The obtained samples were used for analysis of FTIR, DSC, SEM and melt flow index. Based
on the results, it was concluded that the experiments modified the material physically and
chemically, in order to obtain a blend with different properties from the inicial material.

Keywords: Recycling, Chemical recycling, Low density polyethylene, ZSM-5 zeolite, Ziegler-
Natta.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Principais materiais descartados no Brasil .............................................................. 15


Figura 2 - Composição gravimétrica da fração seca reciclável dos resíduos sólidos coletados.
.................................................................................................................................................. 15
Figura 3– Perfil dos resíduos poliméricos coletados por sistemas municipais de coleta seletiva.
.................................................................................................................................................. 16
Figura 4 – Símbolos e identificação dos plásticos recicláveis. ................................................ 17
Figura 5 – Etapas da reciclagem mecânica. ............................................................................. 17
Figura 6- Representação esquemática da polimerização por adição do Polietileno. ............... 19
Figura 7 - Representação da cadeia de PEBD.......................................................................... 20
Figura 8 – Reação de polimerização do propileno. .................................................................. 21
Figura 9 – Forma estrutural do polipropileno isotático............................................................ 21
Figura 10 - Polimerização do eteno utilizando catalisador Ziegler-Natta. .............................. 24
Figura 11 – Representação estrutural da zeólita ZSM-5. ......................................................... 25
Figura 12 – Fluxograma esquemático da metodologia usada no trabalho. .............................. 27
Figura 13 - Etapa de lavagem dos resíduos de PEBD (a) Resíduo limpo dentro do equipamento;
(b) Enxágue dos resíduos limpos; (c) Resíduos pós lavagem. ................................................. 28
Figura 14 – Material aglutinado. .............................................................................................. 29
Figura 15 – Material granulado após a extrusão. ..................................................................... 31
Figura 16 – Amostra pós reciclagem química no reator. ......................................................... 32
Figura 17 – Material moído. .................................................................................................... 33
Figura 18 – Curvas de DSC de todas as amostras.................................................................... 37
Figura 19 – Resultados do ensaio de índice de fluidez para cada amostra .............................. 39
Figura 20 – Espectros de FTIR de todas amostras. .................................................................. 40
Figura 21 – MEV 1000x: a) Teste 1; b) Teste 2; c) Teste 3; d) Teste 4; e) Teste 5; f) Teste 6.
.................................................................................................................................................. 41
Figura 22 – MEV 5000x: a) Teste 1; b) Teste 2; c) Teste 3; d) Teste 4; e) Teste 5; f) Teste 6.
.................................................................................................................................................. 42
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Condições de operação da extrusora....................................................................... 30


Tabela 2 – Composições e variáveis das amostras submetidas à reciclagem química. ............ 32
Tabela 3 – Características das amostras obtidas no DSC. ........................................................ 38
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 11
2. OBJETIVOS ................................................................................................................... 12
2.1 Objetivos específicos................................................................................................ 12
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................................................... 13
3.1 Resíduos sólidos ....................................................................................................... 13
3.1.1 Gestão e gerenciamento de resíduos sólidos.......................................................... 13
3.2 Reciclagem de polímeros......................................................................................... 14
3.3 Polímeros .................................................................................................................. 18
3.3.1 Polietileno de Baixa Densidade (PEBD) ................................................................ 18
3.3.2 Polipropileno ............................................................................................................ 20
3.4 Catalisadores de poliolefinas .................................................................................. 22
3.4.1 Catalisadores Ziegler-Natta.................................................................................... 23
3.4.2 Catalisador ZSM-5 .................................................................................................. 24
4. MATERIAIS E MÉTODOS ......................................................................................... 26
4.2 Materiais................................................................................................................... 26
4.3 Métodos .................................................................................................................... 26
4.3.1 Preparação do material / Reciclagem mecânica-química .................................... 27
4.3.1.1 Corte dos resíduos de PEBD ..................................................................................... 27
4.3.1.2 Lavagem................................................................................................................ 28
4.3.1.3 Aglutinação ........................................................................................................... 28
4.3.1.4 Secagem ................................................................................................................ 29
4.3.1.5 Dosagem e mistura das amostras ....................................................................... 30
4.3.1.6 Extrusão ................................................................................................................ 30
4.3.1.7 Reciclagem química no reator ............................................................................ 31
4.3.1.8 Moagem ................................................................................................................ 32
4.3.2 Ensaios de Caracterização ...................................................................................... 33
4.3.2.1 Calorimetria exploratória diferencial (DSC) .......................................................... 33
4.3.2.2 Índice de fluidez (MFI) ........................................................................................ 34
4.3.2.3 Espectroscopia na região do infravermelho (FTIR) ............................................... 34
4.3.2.4 Microscopia eletrônica de varredura (MEV) .................................................... 35
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................. 36
5.1 Calorimetria exploratória diferencial (DSC) ........................................................ 36
5.2 Índice de fluidez (MFI) ............................................................................................ 38
5.3 Espectroscopia na região do infravermelho (FTIR) ............................................. 39
5.4 Microscopia eletrônica de varredura (MEV) ........................................................ 41
6. CONCLUSÕES............................................................................................................... 43
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 44
11

1. INTRODUÇÃO

Ao longo dos anos devido ao uso excessivo e sem as devidas medidas de preservação,
os recursos naturais disponíveis estão cada dia mais escassos. Além disso, em consequência do
descarte irregular de resíduos sólidos nos ecossistemas, isso acaba levando a um sério problema
em relação aos aspectos ambientais, à saúde e suas interações (SILVA, 2015). Por conta disso,
a preocupação com os resíduos sólidos vem crescendo nas últimas décadas em todo o mundo,
devido à complexidade das atuais demandas sociais, econômicas e ambientais. Essa questão
acaba por induzir governos, sociedade civil e a iniciativa privada a tomar um novo
posicionamento em relação às suas atitudes, novos padrões de consumo e necessidades, na
busca da preservação do meio ambiente e de melhor qualidade de vida (SILVA, 2015).
Uma das alternativas para auxiliar nesses problemas está na reciclagem, que é
considerada atualmente, uma das principais aliadas na redução de resíduos sólidos urbanos
dispostos irregularmente e também uma fonte de lucros econômicos. A reciclagem é o processo
de modificação dos resíduos sólidos que envolve a mudança de suas propriedades físicas, físico-
químicas ou biológicas, com vistas à transformação em insumos ou novos produtos
(OLIVEIRA NETO et al., 2015).
No presente trabalho foi proposta a reciclagem mecânica-química de filmes pós
consumo de polietileno de baixa densidade (PEBD) em presença de uma fração de
polipropileno (PP) virgem, que possibilitou a obtenção de materiais com modificações físicas e
químicas. Por ser um material que acaba perdurando por décadas até se decompor, a proposta
do estudo foi produzir materiais com novas aplicações e com o intuito de proporcionar um
benefício ambiental, reduzindo o volume de resíduos poliméricos descartados em aterros
sanitários e lixões.
12

2. OBJETIVOS

Este trabalho visou desenvolver o estudo a respeito de um método de reciclagem


mecânica e química de resíduos pós-consumo de polietileno de baixa densidade (PEBD). A
proposta compreendeu a preparação de amostras de PEBD com o PP em 30% em massa e os
catalisadores zeólita do tipo ZSM-5 e Ziegler-Natta. A variação de temperatura, tempo e de
concentração dos catalisadores no reator foram parâmetros centrais de avaliação no estudo.
Ademais, as avaliações dos novos materiais desse estudo compreenderam análise térmica,
microscópica e reológica.

2.1 Objetivos específicos

 Reciclagem de resíduos pós-consumo de polietileno de baixa densidade (PEBD).


 Comparar as propriedades térmicas, estruturais e reológicas dos materiais obtidos com
diferentes composições e condições de processamento.
 Propor um novo método de processamento de reciclagem mecânica-química dos
resíduos.
13

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Resíduos sólidos

A geração de resíduos sólidos é intrínseca às atividades humanas, estando presente


desde as sociedades primitivas e ocorrendo diariamente nas atividades do homem. Houve um
aumento significativo na quantidade e nos tipos de resíduos sólidos gerados e pode-se levar em
conta alguns fatores como o processo de industrialização e o de urbanização, bem como o
considerável aumento da população brasileira. Os resíduos sólidos eram basicamente de origem
orgânica, mas passaram a ser também inorgânicos e de vários tipos, com grande potencial de
geração de problemas ambientais (LEAL; FUZZI, 2016).
A Lei 12.305 de 2010 institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que
dispõe sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, além das diretrizes relativas à gestão
integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, que segundo a lei, são definidos como:
[..] material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades
humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder
ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como
gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem
inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou
exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da
melhor tecnologia disponível (BRASIL, 2010).

3.1.1 Gestão e gerenciamento de resíduos sólidos

A PNRS estabelece que a gestão integrada de resíduos sólidos se dá pelo conjunto de


ações voltadas para a busca de soluções para os resíduos sólidos (BRASIL, 2010). Deste modo,
“[...] visa o gerenciamento destes resíduos, por meio do uso de ferramentas adequadas, capaz
de contribuir para a não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos e
disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos” (SILVA, 2015).
Todavia, a gestão e o gerenciamento dos resíduos sólidos nos dias de hoje, apresenta-se
como uma dificuldade em muitos municípios brasileiros. À vista disso, realizar esta gestão e
gerenciamento torna-se um grande desafio para o poder público e para a população dos
municípios, pois é necessário considerar suas dimensões política, econômica, ambiental,
cultural e social com controle social e sob a proposta do desenvolvimento sustentável (BRASIL,
2010) (LEAL; FUZZI, 2016).
A má gestão dos resíduos gerados acaba prejudicando o solo, água, ar e a saúde humana
(FERREIRA; CRUVINEL; COSTA, 2014). Como aponta Silva (2015), estes eventos
14

contribuem com a poluição do solo e da água superficial e subterrânea, a ocorrência de


enchentes, inundações, entupimento de bueiros, além da presença de vetores, como ratos,
baratas, entre outros. E nessa cadeia geradora, todos são responsáveis pelo que inclui no meio:
fabricante, consumidor e gestores públicos (FERREIRA; CRUVINEL; COSTA, 2014).

3.2 Reciclagem de polímeros

De acordo com Spinacé e Paoli (2005), a reciclagem de polímeros é uma alternativa


viável para minimizar o impacto ambiental causado pela disposição destes materiais em aterros
sanitários. Mostra-se como um tema de grande importância, pois começam a surgir legislações
cada vez mais rígidas no sentido de minimizar e/ou disciplinar o descarte dos resíduos sólidos,
além dos interesses ambientais e econômicos envolvidos. É relevante destacar que a reciclagem
de polímeros, bem como o método de reciclagem a ser empregado, depende de vários fatores,
como a quantidade e a qualidade do material, o custo do material e do processamento, a
existência de mercado para o produto final e a coleta seletiva dos resíduos. Quanto à coleta
seletiva, evidencia-se sua facilitação na separação prévia dos polímeros diminuindo os custos e
aumentando a eficiência da reciclagem.
Segundo dados da Abrelpe (2016) – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza
Pública e Resíduos Especiais, os índices de disposição final de Resíduos Sólidos Urbanos
(RSU) em 2016 apresentaram retrocesso no encaminhamento ambientalmente adequado dos
RSU coletados comparados a 2015 (58,7%), passando a 58,4% do montante anual disposto em
aterros sanitários. As unidades inadequadas como lixões e aterros controlados ainda estão
presentes em todas as regiões do país apresentando um elevado potencial de poluição ambiental
e impactos negativos na saúde, tendo recebido mais de 81 mil toneladas de resíduos por dia
nesse período.
O volume de materiais poliméricos descartado no Brasil apresentou em 2016 uma
porcentagem de 13,5%, como apresentado na Figura 1. Para mais, observa-se na Figura 2, que
em termos da composição gravimétrica dos resíduos coletados, os materiais poliméricos
estiveram presente em 42% da composição (ABIPLAST, 2017b).
15

Figura 1 - Principais materiais descartados no Brasil

Fonte: ABIPLAST, 2017b (Adaptado).

Figura 2 - Composição gravimétrica da fração seca reciclável dos resíduos sólidos coletados.

Fonte: ABIPLAST, 2017b (Adaptado).

Estima-se, também, que, em 2016, o consumo aparente de transformados plásticos


(resultado da soma da produção com importações, menos exportações) sofreu uma retração de
6,1%. Além disso, a produção física do setor de transformados plásticos teve queda de 5,35%
frente a 2015, alcançando 6,24 milhões de toneladas. Isso resultou no terceiro ano consecutivo
de retrocesso, com 17,0% de redução acumulada em 2014, 2015 e 2016 (ABIPLAST, 2017a).
A Pesquisa Ciclosoft sobre a coleta seletiva em cidades brasileiras é realizada pelo
Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre) e em um dos dados, mostrados na Figura
16

7, podemos observar o perfil dos resíduos poliméricos coletados em 2016, no qual a quantia de
PEBD correspondia a 14% do total coletado (CEMPRE, 2016).

Figura 3– Perfil dos resíduos poliméricos coletados por sistemas municipais de coleta seletiva.

Misto
PS 9%
1%
PP
9%

PET
42%

PEBD
14%

PEAD PVC
23% 2%

Fonte: CEMPRE, 2016 (Adaptado).

Tendo em vista o setor de reciclagem de materiais poliméricos, nota-se significativos


benefícios socioambientais da reciclagem destes materiais. Dados indicam que a cada 1
tonelada de material reciclado, a emissão de Gases de Efeito Estufa na atmosfera é reduzida em
1,53 tonelada. Obtém-se a redução de 1,1 tonelada em média de resíduo polimérico disposto
em aterros, com uma economia média de 75% de energia. Além disso, são evitados 450 litros
de água na produção e por fim gera empregos de 3,16 catadores para recolher esse volume de
material no mês (ABIPLAST, 2017b).
Para polímeros, foi criada uma identificação com o fim específico de encaminhamento
para programas de reciclagem. A simbologia que se observa na Figura 8 é mais utilizada e segue
a Norma NBR 13230 da ABNT que se baseia em critérios internacionais. Ela é muito
importante para orientar os consumidores e programas de coleta seletiva, especialmente
catadores e sucateiros que atuam na triagem e enfardamento do material que será encaminhado
à indústria de reciclagem (CEMPRE, 2008).
17

Figura 4 – Símbolos e identificação dos plásticos recicláveis.

Fonte: CEMPRE, 2008.

A reciclagem de polímeros é classificada em quatro categorias: primária, secundária,


terciária e quaternária. São realizados processos de reciclagem mecânica ou física tanto na
reciclagem primária como a secundária, sendo que se diferenciam uma da outra pela matéria-
prima utilizada. Na reciclagem primária utilizam-se polímeros pré-consumo, e na secundária,
polímeros pós-consumo (ROMÃO; SPINACÉ; PAOLI, 2009). A reciclagem terciária também
é chamada de química, pois nela é promovida a decomposição química controlada do material,
e a quaternária de energética, na qual o processo é baseado na combustão dos polímeros,
visando o aproveitamento do seu conteúdo energético (ROMÃO; SPINACÉ; PAOLI, 2009).
As etapas da reciclagem mecânica envolvem a separação do resíduo polimérico,
moagem, lavagem, secagem, reprocessamento e transformação do grânulo em produto final,
como ilustrado na Figura 9.

Figura 5 – Etapas da reciclagem mecânica.

Fonte: CANDIAN, 2007 (adaptado).


18

Segundo a Plastivida (2013), a reciclagem mecânica é a forma mais disseminada no


Brasil para transformar os resíduos (pós-industriais ou pós-consumo) em novos produtos,
prontos para serem reinseridos no mercado de consumo. A pesquisa também aponta que a
indústria brasileira de reciclagem mecânica de plásticos (IRmP) reciclou 21% do total dos
plásticos pós-consumo no país no ano de 2012.
De acordo com Candian (2007) e Fernandes (2010), a reciclagem química consiste na
utilização de processos químicos que provocam a despolimerização total ou parcial do
polímero, como a pirólise (baixa temperatura), degradação térmica (alta temperatura) ou a
fratura catalítica, utilizada nas poliolefinas.
A pirólise consiste na despolimerização por aquecimento, transformando os materiais
poliméricos em compostos de pesos moleculares menores, os quais podem ser utilizados como
fonte de matéria-prima na indústria química. A pirólise ou degradação catalítica de poliolefinas
é de grande interesse. A fratura catalítica é baseada no contato do polímero com um catalisador,
que promove rompimento de sua cadeia. Com a adição de catalisadores, espera-se reduzir a
temperatura e tempo de decomposição, juntamente com a modificação dos produtos
(CANDIAN, 2007; FERNANDES, 2010; PESSÔA, 2018).

3.3 Polímeros

A palavra polímero origina-se do grego poli (muitos) e mero (unidade de repetição).


Dessa forma, define-se polímero como uma macromolécula composta por dezenas de milhares
de unidades de repetição, estas denominadas meros, que são ligadas por ligação covalente. O
monômero é a matéria-prima para a produção de um polímero, isto é, uma molécula com uma
(mono) unidade de repetição (CANEVAROLO JR, 2010).

3.3.1 Polietileno de Baixa Densidade (PEBD)

Como afirma Wasilkoski (2002), a estrutura do polietileno é planar e obedece a


conformação zig-zag, sendo constituído pela repetição da unidade -(CH2-CH2)-, como ilustra a
Figura 1, e finalizado com grupos CH3. Convencionalmente sua polimerização ocorre a partir
do monômero etileno (C2H4), que se encontra no estado gasoso.
19

Figura 6- Representação esquemática da polimerização por adição do Polietileno.

Fonte: SANTOS, 2016.

Dependendo das condições reacionais e do sistema catalítico empregado na


polimerização, podem ser produzidos cinco tipos diferentes de polietileno:

1) Polietileno de baixa densidade (PEBD ou LDPE);


2) Polietileno de alta densidade (PEAD ou HDPE);
3) Polietileno linear de baixa densidade (PELBD ou LLDPE);
4) Polietileno de ultra alto peso molecular (PEUAPM ou UHMWPE);
5) Polietileno de ultra baixa densidade (PEUBD ou ULDPE).

O PEBD combina as seguintes propriedades: tenacidade, alta resistência ao impacto,


alta flexibilidade, boa processabilidade, estabilidade e propriedades elétricas notáveis. É um
polímero parcialmente cristalino (50 – 60%), cuja temperatura de fusão (Tm) está na região de
110 a 115 °C. Este polímero pode ser processado por extrusão, moldagem por sopro e
moldagem por injeção (COUTINHO; MELLO; MARIA, 2003).
O processo de produção de PEBD utiliza pressões entre 1000 e 3000 atmosferas e
temperaturas entre 100 e 300 °C. Temperaturas acima disso geralmente não são utilizadas, pois
o polímero tende a se degradar. A reação é altamente exotérmica, dificultando a remoção do
excesso de calor do meio reacional. Por conta disso e das altas pressões, ocorre uma grande
quantidade de ramificações de cadeia, as quais têm uma importante relação com as propriedades
do polímero, tornando-se únicas em comparação aos polietilenos lineares e os de alta densidade
(COUTINHO; MELLO; MARIA, 2003; PISTOR; CHIESA; ZATTERA, 2010).
As moléculas deste polímero contêm cadeias curtas e longas como ilustrado na Figura
2. As ramificações consistem principalmente de grupos etil e butil juntamente com algumas
ramificações longas. Devido à natureza do processo de polimerização a alta pressão pelo qual
o polietileno de baixa densidade é produzido, as ramificações de etil e butil são frequentemente
20

agrupadas em conjunto. Ramificações de cadeia longa ocorrem em intervalos aleatórios ao


longo do comprimento da cadeia principal e podem, por sua vez, ser ramificadas. As numerosas
ramificações características de moléculas de polietileno de baixa densidade inibem a sua
capacidade de cristalização, reduzindo a densidade do polímero em relação ao polietileno de
alta densidade. O polietileno de baixa densidade tipicamente tem densidade na faixa de
aproximadamente 0,90-0,94 g/cm³ (PEACOCK, 2000, tradução nossa).

Figura 7 - Representação da cadeia de PEBD.

Fonte: PEACOCK, 2000

De acordo com Fisch (2004), o mercado de polietileno avançou acentuadamente ao


longo dos anos e seu excepcional desenvolvimento deve-se principalmente à: ótima
versatilidade em termos de propriedades, possibilitando as mais diversas aplicações; aspecto
ambiental, pois poliolefinas são absolutamente atóxicas e consideradas inertes ao meio
ambiente; menor consumo de energia de produção em relação a outros materiais compatíveis
na mesma função; baixo custo devido a disponibilidade abundante de matéria-prima e, por fim,
baixo custo de obtenção, adotando processos muito versáteis e não poluente.
Como aponta Ferreira (2007), o PEBD está presente em diversas aplicações, inclusive
nas aplicações de descarte rápido, como é o caso de sacolas plásticas e de embalagens de
alimentos. Logo, o seu percentual de descarte acaba sendo também muito grande.

3.3.2 Polipropileno

Quimicamente o propileno é um hidrocarboneto insaturado que possui fórmula


molecular C3H6 e reage sob ação de catalisadores produzindo grandes moléculas por poliadição
como apresentado na Figura 3.
21

Figura 8 – Reação de polimerização do propileno.

Fonte: PETRY, 2011.

O polipropileno, produto da polimerização de propileno, pode apresentar-se em três


formas distintas: isotático, sindiotático e atático. Os processos em geral são voltados para
produção da forma isotática, sendo também a mais comercializada. Nesta forma, todas as
metilas estão voltadas para o mesmo lado da cadeia polimérica, como demonstra a Figura 4
(REGINATO, 2001).

Figura 9 – Forma estrutural do polipropileno isotático.

Fonte: REGINATO, 2001.

O polipropileno (PP) é um polímero termoplástico essencialmente linear e altamente


cristalino, da classe das poliolefinas. Possui excelente combinação de propriedades térmicas e
mecânicas, podendo ser modificado para uma variedade de aplicações, por meio de
copolimerização, orientação e outras técnicas. Pode-se variar as características físicas do
polímero para se obter uma larga faixa de propriedades térmicas e mecânicas.
Esse polímero tem ponto de fusão superior ao da maioria das poliolefinas por conta da
maior rigidez estrutural ocasionada pela rotação do grupo lateral metil. O ponto de fusão para
o PP isotático pode chegar ao valor máximo de 176 ºC, enquanto para o PP sindiotático o limite
é de 135 ºC. Para ambos os casos o ponto de fusão é dependente da porcentagem de fase
cristalina no polímero. O PP atático não possui ponto de fusão pois não cristaliza, apresentando
somente temperatura de transição vítrea (ROSÁRIO et al., 2011 apud PP, 1996;
CANEVAROLO, 2007).
22

Os valores de temperatura de transição vítrea encontrados variam muito por conta do


uso de diferentes técnicas de medidas, além da influência da taticidade e da massa molar.
Obtém-se valore de Tg para o PP isotático que vão de -13 a 0 ºC e para a forma atática de -18
a 5ºC. Para mais, o PP, assim como as poliolefinas, é considerado biologicamente resistente a
microorganismos.
Quanto às propriedades mecânicas do PP, consideram-se amplas devido à sua
cristalinidade. A fase cristalina mantém a resistência mecânica a altas temperaturas devido ao
ponto de fusão relativamente alto. Já em baixas temperaturas, o PP encontra-se fragilizado na
temperatura de transição vítrea (Tg), pois as regiões amorfas se tornam vítreas. Para evitar tal
efeito, normalmente o polímero é copolimerizado com o etileno.
As principais técnicas de processamento do polipropileno são: moldagem por injeção,
filmes, termoformagem e extrusão e também moldagem por sopro (ROSÁRIO et al., 2011 apud
MOORE, 1996; CANEVAROLO, 2007).

3.4 Catalisadores de poliolefinas

Nas últimas décadas vêm se aprimorando cada vez mais os sistemas catalíticos para a
polimerização de olefinas, isso pode ocorrer através da modificação dos catalisadores atuais ou
também pelo desenvolvimento de novos sistemas ativos (CUNHA; FORTE; ZACCA, 2000).
Para a produção em escala industrial, atualmente faz-se uso em geral de catalisadores à
base de metais de transição, como os catalisadores Ziegler-Natta, Phillips e metalocênicos, além
de iniciadores de radicais livres.
Os catalisadores se classificam em homogêneos e heterogêneos, por conta do seu estado
físico no meio da polimerização. Como exemplos de catalisadores homogêneos destacam-se os
sistemas metalocenos-MAO, além dos catalisadores à base de alcóxidos de Ti (WOLF, 2004).
Ademais, os catalisadores heterogêneos podem ser suportados ou não. Os catalisadores
suportados são obtidos pela adsorção física e química das moléculas do catalisador na superfície
do sólido, que atua como o suporte. Dessa forma, somente os sítios localizados na superfície do
catalisador estão disponíveis para polimerização. Usualmente, os suportes mais utilizados em
catalisadores Ziegler-Natta heterogêneos são a sílica (SiO2) e o cloreto de magnésio (MgCl2).
Já como um exemplo clássico de catalisador heterogêneo não suportado, pode-se ressaltar o
cloreto de titânio (TiCl3) (WOLF, 2004).
23

3.4.1 Catalisadores Ziegler-Natta

O advento dos catalisadores Ziegler-Natta para polimerizar olefinas como o eteno e o


propeno representou um grande marco nos processos de polimerização. A aplicação destes
sistemas catalíticos nesses processos propiciou o controle de características estéricas e
estruturais das cadeias poliméricas, levando à obtenção de resinas poliolefínicas com
propriedades plenamente diferentes dos materiais anteriormente produzidos por outras rotas
(MACHADO; PINTO, 2011).
Os catalisadores Ziegler-Natta são baseados em metais de transição, capazes de
polimerizar e copolimerizar α-olefinas e dienos. São caracterizados pela combinação de sais de
metais de transição, que são usualmente titânio, zircônio ou vanádio (grupos IV-VIII da tabela
periódica) com compostos organometálicos que apresentam metais, como alumínio geralmente,
(grupos I-IV da tabela periódica), quase sempre ligados a grupamento alquilas. Tais compostos,
ao entrarem em contato, são muito eficientes na polimerização estereoespecífica de α-olefinas
e dienos, polimerização na qual se formam cadeias poliméricas com elevado grau de
organização molecular interna, com meros dispostos organizada e ordenadamente no espaço
(MACHADO; PINTO, 2011).
Segundo uma visão simplificada, os catalisadores Ziegler-Natta são formados por uma
combinação de cloreto de titânio (TiCl3) com um alquilalumínio (Al(C2H5)3), suportado em
cloreto de magnésio (TiCl3-Al(C2H5)3/MgCl2). A Figura 10 ilustra o mecanismo de
polimerização por coordenação do eteno com este tipo de catalisador, onde R é o radical livre
(LIMA, 2014).
24

Figura 10 - Polimerização do eteno utilizando catalisador Ziegler-Natta.

Fonte: PEACOCK, 2000.

Barrera (2015) ressalta que a polimerização de eteno bem como na de propeno, o sistema
catalítico do tipo Ziegler-Natta é muito eficiente, produzindo homo- e copolímeros sob
condições reacionais em solução, suspensão, em massa e em reatores fase gás. A maioria das
poliolefinas produzidas industrialmente atualmente utiliza o sistema catalítico Ziegler-Natta
(TiCl4 / AlEt3).

3.4.2 Catalisador ZSM-5

Como cita Gianeto (1990, apud MIGNONI; DETONI; PERGHER, 2007), a zeólita
ZSM-5 pertence a uma família de zeólitas que foram nomeadas com as iniciais de sua inventora
ZSM (“Zeolite Socony Mobil”), também conhecida como pentasil. Estas zeólitas têm como
característica um alto grau percentual de silício (relação Si/Al compreendida entre 15 e infinito).
Nota-se pela Figura 11 que sua estrutura apresenta dois sistemas de canais que se entrecruzam,
um que é retilíneo e o outro é sinosuidal, aos quais se ingressa por aberturas formadas por dez
membros (10MR) de diâmetro com cerca de 6 Å (PERGHER et al., 2005).
25

Figura 11 – Representação estrutural da zeólita ZSM-5.

Fonte: PERGHER et al., 2005.

Na síntese da zeólita ZSM-5 utilizam-se vários reagentes: sílica, aluminato de sódio,


hidróxido de sódio, água, reagente orgânico, etc. A síntese é realizada em autoclaves com
aquecimento e a cristalização da fase zeolítica ocorre no período de uma a duas semanas
(MIGNONI; DETONI; PERGHER, 2007).
De acordo com Grecco, Rangel e Urquieta-gonzález (2013), as zeólitas possuem
algumas propriedades únicas devido a suas características estruturais, tornando-as úteis em
diversas aplicações industriais, especialmente em catálise, tais como:
área superficial específica elevada; dimensões moleculares dos poros, canais e
cavidades, que lhes conferem diferentes tipos de seletividade de forma; capacidade de
adsorção elevada; facilidade na separação de reagentes e produtos; possibilidade de
modelar as propriedades eletrônicas dos sítios ativos; possibilidade de pré-ativar as
moléculas dentro dos poros, pela existência de campos elétricos elevados e do
confinamento molecular e, propriedades ácidas e básicas (GRECCO; RANGEL;
URQUIETA-GONZÁLEZ, 2013).
26

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.2 Materiais

Para a realização deste trabalho foram utilizados resíduos pós consumo de filmes de
polietileno de baixa densidade (PEBD) nas cores branca e transparente obtidos por meio de
doação da Cooperativa de Catadores de Lorena (COOCAL). A empresa Braskem foi
responsável pela doação do polímero polipropileno virgem na forma de pellets. Os catalisadores
para as reações de quebra e recombinação das cadeias poliméricas utilizados foram a zeólita do
tipo ZSM-5 obtida por doação pela empresa Fábrica Carioca de catalisadores e o Ziegler-Natta
foi encomendado com a empresa Sigma-Aldrich Brasil. Além destes, também foi utilizado o
estabilizante térmico SONGNOX 21 B FF que já se encontrava disponível no Departamento de
Engenharia de Materiais da EEL-USP.

4.3 Métodos

As etapas da preparação e caracterização das amostras pode ser observada


resumidamente pelo fluxograma da Figura 12.
27

Figura 12 – Fluxograma esquemático da metodologia usada no trabalho.

Fonte: própria do autor.

4.3.1 Preparação do material / Reciclagem mecânica-química

4.3.1.1 Corte dos resíduos de PEBD

Os resíduos de PEBD pós consumo nas cores brancas e transparente foram selecionados
aleatoriamente em relação ao tamanho das sacolinhas e filmes. Por conta da grande quantidade
de impurezas e contaminações, foi realizado o corte manual das amostras com uma tesoura para
evitar acúmulo da sujeira durante a lavagem do material.
28

4.3.1.2 Lavagem

A lavagem dos resíduos foi realizada em um equipamento da marca MAGIDO, modelo


L55 CT, que teve seu uso adaptado, já que seu uso principal seria para a lavagem de nióbio.
Para o processo da lavagem o material foi submetido a um fluxo circulante de uma solução de
NaOH comercial a 3,5% m/v e 70 ºC por um período de 5 minutos. Em cada lavagem foram
usados cerca de 500 g de amostra e a mesma solução foi utilizada do início ao fim desta etapa.
Após retirado do equipamento, o material passou por uma etapa de enxágue em recipiente com
água limpa para que a solução de hidróxido de sódio fosse retirada (Figura 13).

Figura 13 - Etapa de lavagem dos resíduos de PEBD (a) Resíduo limpo dentro do equipamento; (b) Enxágue dos
resíduos limpos; (c) Resíduos pós lavagem.

Fonte: própria do autor.

4.3.1.3 Aglutinação

O material limpo foi submetido ao processo de aglutinação, que consiste na disposição


do material em um cilindro com uma hélice giratória na parte inferior. O material é aquecido
em torno de 80 ºC devido à fricção das hélices com o material e, em seguida, adiciona-se um
pouco de água para provocar um resfriamento repentino, passando a promover a aglutinação.
Como resultado obtém-se a contração e fragmentação dos filmes em partículas, como
29

demonstrado na Figura 14 e, dessa forma, a densidade aparente do polímero aumenta, tornando-


se adequado para as novas etapas de processamento termomecânico.
O procedimento foi realizado na empresa Plástico MS no município de Canas-SP no
aglutinador da marca UINCO-FLEX, modelo 46LUF1000, com uma capacidade máxima de
250 kg.

Figura 14 – Material aglutinado.

Fonte: própria do autor.

4.3.1.4 Secagem

Foi realizada a secagem do PEBD e PP antes que se fosse dado continuidade às etapas
de dosagem, mistura e extrusão das composições. Essa etapa é importante para se evitar
possíveis defeitos como manchas e bolhas na extrusão, por conta da umidade. Além do mais, o
aumento da temperatura proveniente dessa operação pode ser proveitoso para os
processamentos termomecânicos quando feitos em imediato. Partiu-se dos estudos de Grillo
(2016) para a realização da secagem a uma temperatura de 80 ºC do PEBD e PP por período
aproximado de 14 horas, para o posterior processo de extrusão.
30

4.3.1.5 Dosagem e mistura das amostras

Com o material seco seguiu-se para a etapa de dosagem das amostras. Foi estabelecido
que para a reciclagem mecânica do material (extrusão) seria empregada apenas uma
composição de material. Esta composição baseou-se em uma mistura de PEBD com 30 % de
PP em massa. Na pesagem, adicionou-se ainda 5% da massa total do catalisador zeólita ZSM-
5 e 0,15% de estabilizante térmico Songnox21B® de forma que somasse 1 kg de material.

4.3.1.6 Extrusão

Foi realizada a extrusão da composição obtida para promover a mistura mecânica dos
componentes poliméricos no estado fundido e, dessa forma, ocorrer a reação do estabilizante
térmico Songnox21B® e catalisador zeólita ZSM-5 com os materiais. Esta operação foi
realizada em uma extrusora mono-rosca piloto da marca IMACOM, instalada no Departamento
de Engenharia de Materiais da EEL/USP. As condições de operação da extrusora estão
apresentadas na Tabela 1.

Tabela 1 – Condições de operação da extrusora.

PARÂMETRO VALOR
Rotação da rosca 40 RPM
Temperatura Zona 1 110 ºC
Temperatura Zona 2 160 ºC
Temperatura Zona 3 160 ºC
Temperatura Zona 4 180 ºC
Fonte: própria do autor.

O material após extrudado foi granulado na forma de pellets, como ilustrado na Figura
15, em um equipamento próprio para o corte que se encontra acoplado à extrusora, realizando
o processo a uma rotação de 100 r.p.m.
31

Figura 15 – Material granulado após a extrusão.

Fonte: própria do autor.

4.3.1.7 Reciclagem química no reator

Para a reciclagem química o material na forma de pellets foi fracionado em amostras


para teste de 100 g cada. Foram realizados seis testes, nos quais três estavam na presença do
catalisador Ziegler-Natta, cada um com 5 % em massa. Para estes testes, além da presença do
catalisador, houve uma variação de temperatura e tempo das amostras no reator, como
apresentado na Tabela 2. Os patamares de temperatura variaram entre 8 e 10 min, e em cada
teste foi obedecido um tempo de rampa de 20 min. Alguns testes foram realizados previamente
para estabelecer as condições de temperatura e tempo com melhores resultados.
32

Tabela 2 – Composições e variáveis das amostras submetidas à reciclagem química.

ZIEGLER- TEMPO TEMPERATURA


IDENTIFICAÇÃO
NATTA (%) (min) (ºC)
TESTE 1 0 8 390
TESTE 2 5 8 390
TESTE 3 0 10 390
TESTE 4 5 10 390
TESTE 5 0 10 400
TESTE 6 5 10 400
Fonte: própria do autor.

Os testes foram realizados em um forno tubular horizontal de modelo FT


1200/H/3Z/GAZ-CLP. As amostras em forma de pellets foram distribuídas ao longo de um
cadinho em aço inox para a reciclagem química. Pode-se observar a aparência das amostras
obtidos pela representação do Teste 6 na Figura 16. Visualmente, todas as amostras
apresentaram características muito semelhantes, em termos de cor e morfologia.

Figura 16 – Amostra pós reciclagem química no reator.

Fonte: própria do autor.

4.3.1.8 Moagem

Após a reciclagem química do material, as amostras foram encaminhadas à moagem


para que se pudesse realizar o ensaio de índice de fluidez. O processo foi realizado em um
moinho da marca Rone, modelo número 150 com produção máxima de 30 kg/h. Ao final o
material apresentava-se na forma ilustrada pela Figura 17.
33

Figura 17 – Material moído.

Fonte: própria do autor.

4.3.2 Ensaios de Caracterização

A caracterização dos materiais englobou as técnicas de calorimetria exploratória


diferencial (DSC), ensaio de índice de fluidez, espectroscopia no infravermelho por
transformada de Fourier (FTIR) e microscopia eletrônica de varredura (MEV).

4.3.2.1 Calorimetria exploratória diferencial (DSC)

A Calorimetria exploratória diferencial (DSC) é uma técnica usada para medir


mudanças nos fluxos de calor associados com as transições materiais. Essa técnica de análise
térmica fornece dados qualitativos e quantitativos, calor absorvido em processos endotérmicos
e calor emitido em exotérmicos. Geralmente seu uso está baseado na determinação da
temperatura de transição vítrea (Tg) e da temperatura de fusão cristalina (Tm) de materiais
poliméricos (SOUZA, 2007).
34

As análises de calorimetria exploratória diferencial foram feitas em um equipamento


NETZSCH STA 449F3 Júpiter e aplicou-se o seguinte método:

1) Resfriamento a -150°C com ajuda de nitrogênio líquido;


2) Aquecimento a 20°C/min até 300°C;
3) Isoterma de 10 min;
4) Resfriamento 20°C/min até -150°C;
5) Isoterma de 5 min;
6) Aquecimento a 20°C/min até 300°C.

Após repolimerização em reator as amostras foram cortadas em partículas pequenas e


pesadas, com massas que obedecessem ao intervalo de 10 a 14 mg. Cada amostra analisada foi
encapsulada em cadinhos de alumínio herméticos.
Neste teste os gases usados foram: nitrogênio, como gás de purga, e o gás protetivo
hélio. Para a análise dos resultados foram considerados os dados do segundo aquecimento.

4.3.2.2 Índice de fluidez (MFI)

O índice de fluidez é um modo de caracterizar uma resina, estabelecido como o peso em


gramas de polímero que é extrudado sob uma carga fixa através de um capilar padrão durante
um determinado tempo (GAMBETTA, 2001).
O ensaio foi realizado seguindo os procedimentos estipulados pela norma técnica ASTM
D1238 em um plastômetro de extrusão da marca CEAST, modelo 702100, utilizando uma carga
de 2,16 kg e temperatura de 190°C. O ensaio foi realizado com as amostras moídas e secas.
O índice de fluidez foi obtido a partir da média aritmética de 10 corpos de prova para
cada uma das seis amostras, com um intervalo de tempo de corte de 1 minuto.

4.3.2.3 Espectroscopia na região do infravermelho (FTIR)

A espectroscopia de absorção na região do infravermelho concede informações sobre as


propriedades estruturais de diversos materiais, além de relatar os movimentos de deformação,
torção, rotação e vibração das ligações em uma molécula. Essas vibrações dão origem a um
espectro de absorção característico dos grupos funcionais que formam a molécula
(FERNANDES, 2010).
35

Para a realização dessa análise, as amostras foram preparadas a partir de raspas dos
materiais que passaram pela moagem e posteriormente prensadas a 80 kN com brometo de
Potássio (KBr) para a formação de pastilhas. Os materiais foram analisados pelo método de
transmissão, com os valores de absorbância medidos no intervalo de 400-4500 cm-1. Os
espectros foram determinados em um espectrofotômetro da marca SHIMADZU modelo IRP
PRESTIGE-21.

4.3.2.4 Microscopia eletrônica de varredura (MEV)

Para a obtenção de imagens através da microscopia eletrônica de varredura (MEV), as


amostras analisadas foram fraturadas criogenicamente após uma imersão em nitrogênio líquido
e posteriormente fixadas sobre um cilindro de baquelite com o auxílio de uma fita de carbono,
como ilustrado na Figura 18.
Em seguida, em uma metalizadora MED020 (BAL-TEC / MCS NULTICONTROL
SYSTEM), uma fina camada de prata de aproximadamente 20 nm foi depositada na superfície
das amostras. Para essa análise foi utilizado o equipamento da marca HITACHI e modelo
TM3000 empregando uma voltagem de 5 kV.
36

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 Calorimetria exploratória diferencial (DSC)

A técnica de Calorimetria exploratória diferencial foi usada para se obter dados


qualitativos dos materiais, como a identificação de picos exotérmicos e endotérmicos, bem
como dados quantitativos, como a quantidade de calor absorvido e emitido durante as transições
dos materiais. A partir dos resultados também foi possível realizar cálculos de entalpia dos
polímeros para que se pudesse obter valores acerca da cristalinidade dos materiais.
As curvas de DSC de todas as amostras, que possuem suas composições descritas na
Tabela 2, estão apresentadas na Figura 18, nas quais pode-se destacar a presença de três picos
endotérmicos. Um dos picos está situado por volta de 125 ºC, possuindo uma inflexão anterior
ao seu ponto mínimo. Essa inflexão encontra-se em torno de 110 ºC, característica da
temperatura de fusão do PEBD. O terceiro pico, localizado próximo a 160 ºC representa a
temperatura de fusão do PP. É válido salientar que as temperaturas de transição vítreas do PP
(-15ºC) e do PEBD (-100ºC) não puderam ser identificadas.
Ao examinar as curvas com os dois picos de fusão dos polímeros após processamento
termomecânico e químico, nota-se que visualmente não houve mudanças substanciais nos picos
entre uma análise e outra.
37

Figura 18 – Curvas de DSC de todas as amostras.

Fonte: própria do autor.

Para mais, foram realizados os cálculos de entalpia dos polímeros a partir da área do
pico de fusão obtido na análise e também do grau de cristalinidade conforme Equação 1. Os
resultados estão apresentados na Tabela 3, com dados das temperaturas de fusão 1, que
correspondem ao PEBD e as temperaturas de fusão 2, ao PP.

∆�� ×
�� % = (1)
∆�0

Nesta equação, ∆�� corresponde à variação de entalpia da amostra e ∆� à variação de


entalpia de fusão do polímero 100% cristalino (OLIVEIRA et al., 2015). Nesse caso, assume-
se a variação de entalpia de fusão para o polietileno de baixa densidade em ∆� = 140 J/g e para
o polipropileno ∆� = 207 J/g (CANEVAROLO, 2007). Levando-se em conta o fato de que os
materiais possuíam uma composição de PEBD com 30% em massa de PP, seguiu-se essa
38

proporção dos polímeros para realização do cálculo da cristalinidade, de forma que suas
entalpias foram calculadas separadamente e somadas ao final, como apresentado na Tabela 3.

Tabela 3 – Características das amostras obtidas no DSC.

Amostras TF ¹ (°C) TF ² (°C) �� ¹ (J/g) �� ² (J/g) Cristalinidade (%)


Teste 1 111,8 161,7 39,06 20,13 19,53 + 2,92 = 22,45
Teste 2 113 163,1 38,81 25,02 19,41 + 3,63 = 23,03
Teste 3 112,7 163,2 42,34 17,14 21,17 + 2,48 = 23,65
Teste 4 112,3 162,8 45,42 17,12 22,71 + 2,48 = 25,19
Teste 5 112 162,4 29,23 9,27 14,62 + 1,34 = 15,96
Teste 6 113 163,1 44,59 22,28 22,30 + 3,23 = 25,52
Fonte: própria do autor.

Para um melhor estudo do comportamento da blenda formada, toma-se como base as


análises realizadas por Camargo (2017) em seu trabalho. As condições de processamento dos
materiais em estudo são semelhantes, exceto pelo fato de que o material utilizado para pesquisa
de Camargo partiu de resíduos pós-industriais de PEBD. Para tanto, obteve-se dados de
cristalinidade do material investigado para fim de comparação. Para um material constituído de
PEBD e PP com 70% e 30% em massa, respectivamente, sem adição de catalisadores, obteve-
se uma cristalinidade de 38,34%. A partir disso, nota-se que a adição dos catalisadores
apresentou uma tendência na diminuição da cristalinidade do material. Essa característica pode
ser interpretada neste caso, como uma propensão do material em formar copolímeros, devido à
recombinação molecular das cadeias poliméricas em presença dos catalisadores.

5.2 Índice de fluidez (MFI)

O resultado da medição do índice de fluidez é um valor que retrata a facilidade do


polímero para fluir, sendo esta uma relação inversa da viscosidade. O que influencia
principalmente seu valor é o peso molecular médio, a distribuição de peso molecular e também
a quantidade de ramificações longas. Os resultados de índice de fluidez estão expostos na Figura
19.
39

Figura 19 – Resultados do ensaio de índice de fluidez para cada amostra.

Fonte: própria do autor.

O índice de fluidez para os testes realizados variou de 1,046 g/10min até 2,129 g/10
min. Desta forma, pode-se afirmar que houve uma tendência na redução da massa molecular
média do material, pois esta varia inversamente ao índice de fluidez. Percebe-se, a partir dos
resultados obtidos, que a adição dos catalisadores promoveu rompimento de cadeias
poliméricas e também certo grau de recombinação, explicando a redução da massa molecular
média do material, bem como uma consequente diminuição gradativa na sua viscosidade.
É possível notar uma discrepância no Teste 4 em relação aos outros testes na tendência
ao aumento do índice de fluidez. Esse comportamento pode ser explicado pela etapa de
reciclagem química dos materiais, na qual foi realizada em dois dias distintos. Os três primeiros
testes foram feitos em um dia e posteriormente os restantes, porém o teste de número 4 foi
realizado ao final da atividade. Isso demonstrou uma possível diferença nas características da
amostra por conta do aquecimento prévio do reator nos testes anteriores e, dessa forma, durante
o tempo de rampa para o último material, houve um aquecimento maior do que nos outros
testes.

5.3 Espectroscopia na região do infravermelho (FTIR)

As análises de FTIR foram efetuadas a fim de determinar os grupos funcionais e avaliar


as mudanças químicas nos materiais após a reciclagem química.
40

A Figura 20 apresenta os resultados de FTIR obtidos por transmitância em todos os


testes realizados. Em todas amostras destacam-se as bandas características de estiramento da
ligação O-H, em 3650-3600 cm-1. Estas bandas podem ser atribuídas a possíveis fragmentos de
NaOH residuais devido à etapa de lavagem realizada nas amostras com este composto, de forma
que ele possa ter interferido na análise.
É possível perceber a presença de uma banda característica em 3000-2840 cm-1 de
alcanos, atribuídas ao estiramento simétrico e assimétrico de ligações C-H. Essa banda pode ser
observada no Teste 1, porém encontra-se mascarada nos outros testes, devido ao pico da ligação
O-H em 3650-3600 cm-1 já citada.
A banda de 1690-1650 cm-1 deve estar relacionada ao estiramento da ligação C=O, por
uma suposta reação da zeólita ZSM-5 com o grupo carbonila. Além disso, por conta da presença
de ligações O-H advindas de resíduos do NaOH, pressupõe-se que no processo de
repolimerização na reciclagem química, ocorreu a ligação C=O. A presença do catalisador nesta
etapa pode ter estimulado essa reação, visto que estas bandas características nas amostras em
sua presença (T2, T4 e T6) apresentaram-se com maior intensidade.
Por fim, em torno de 720 cm-1 observa-se bandas características de alcanos responsáveis
pela deformação angular de C-H, que também se demonstraram mais intensas nas amostras em
presença do catalisador (T2, T4 e T6) (SILVERSTEIN; WEBSTER, 1996).

Figura 20 – Espectros de FTIR de todas amostras.

Fonte: própria do autor.


41

5.4 Microscopia eletrônica de varredura (MEV)

Foram obtidas imagens de cada teste realizado, nas regiões as quais as amostras foram
submetidas a fratura frágil. Pode-se notar nas imagens contidas na Figura 21 em geral, uma
matriz de PEBD com partículas dispersas de PP. Por um lado, na Figura 21e, distingue-se uma
superfície de fratura em que não se observa a presença de domínios de fase dispersa,
apresentando certa homogeneidade. Outro detalhe se encontra na Figura 21f, onde há uma
ocorrência de vacâncias na amostra.

Figura 21 – MEV 1000x: a) Teste 1; b) Teste 2; c) Teste 3; d) Teste 4; e) Teste 5; f) Teste 6.

Fonte: própria do autor.


42

Na Figura 22 encontram-se as mesmas superfícies de fratura da figura anterior, agora


com 5000x de ampliação, e constata-se que não é possível ver com clareza a influência do
catalisador Ziegler-Natta no material, visto que dentre todos os testes aqui expostos, havia
variação na sua presença ou não no material (Figura 22b, Figura 22d e Figura 22f com presença
de Ziegler-Natta).
É válido destacar que na etapa de reciclagem química do material no reator, houve
dificuldade quanto à dispersão do catalisador Ziegler-Natta nas amostras, apresentando
heterogeneidade nos produtos obtidos. Esse fato acaba se tornando mais evidente ao se analisar
as imagens superficiais das amostras, nas quais se encontram com características distintas.

Figura 22 – MEV 5000x: a) Teste 1; b) Teste 2; c) Teste 3; d) Teste 4; e) Teste 5; f) Teste 6.

Fonte: própria do autor.


43

6. CONCLUSÕES

A reciclagem mecânica-química de polietileno de baixa densidade misturado a


polipropileno com 30% em massa é praticável, todavia alguns aspectos devem ser levados em
consideração para estudos futuros em torno da temática sugerida. Acredita-se que para a etapa
de reciclagem química, um procedimento ideal seria aquele no qual ocorra mistura ou agitação
do material durante o processo, para que se pudesse ter uma maior produtividade, que é
oferecida pelos catalisadores.
De acordo com resultados de FTIR observou-se uma provável contaminação nas
amostras por conta da etapa de lavagem em solução de NaOH. É importante que se estude a
viabilidade da lavagem em tal condição, embora esta tenha sido efetiva no quesito de limpeza
do material pós consumo. Pode-se levar em conta também que a etapa de enxágue deva ser
realizada com mais cautela.
Após reciclagem química, o material obteve uma diminuição em sua cristalinidade em
todas amostras, segundo análise de DSC, com possível aumento na reticulação das cadeias
poliméricas. Além disso, segundo dados de índice de fluidez, notou-se diminuição da
viscosidade do material à medida em que ocorreu aumento de tempo e temperatura nos testes.
Esse comportamento pode ser explicado por uma tendência no aumento de ramificações nas
cadeias dos polímeros.
Com este trabalho, pôde-se obter aspectos sobre a influência dos catalisadores em tais
condições de reciclagem que antes eram desconhecidas e se apresentam importantes diante da
problemática da reciclagem de resíduos sólidos. É essencial a contínua busca em criar
alternativas para a reciclagem de resíduos como estes, que apresentam pouco valor agregado,
mas que através de um estudo mais aprofundado das possibilidades de reprocessamento do
mesmo, pode-se obter meios para reduzir os problemas gerados ao meio ambiente.
44

REFERÊNCIAS

ABIPLAST. (Org). ABIPLAST divulga balanço parcial de 2016 e as expectativas para


2017. São Paulo, 2017a. Disponível em: <http://www.abiplast.org.br/noticias/abiplast-divulga-
balanco-parcial-de-2016-e-as-expectativas-para-2017/20170103124952_j_271>. Acesso em:
11 abr. 2018.

ABIPLAST. (Org). Perfil 2016. São Paulo, 2017b. Disponível em:


<http://file.abiplast.org.br/file/download/2017/Perfil_2016_Abiplast_web.pdf>. Acesso em:
14 abr. 2018.

ABRELPE. (Org.). Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2016. São Paulo, 2016.
Disponível em: < http://www.abrelpe.org.br/Panorama/panorama2016.pdf >. Acesso em: 05
abr. 2018.

BARRERA, Eliana Cristina Galland. Modulação das características de polietilenos


produzidos por metalocenos e pós-metalocenos suportados através da natureza do
suporte.2015. 111 f. Tese (Doutorado) - Curso de Química, Instituto de Química, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2015. Disponível em:
<https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/129682/000977200.pdf?sequence=1>.
Acesso em: 22 maio 2018.

BRASIL. Constituição (2012). Lei nº 12305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional
de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras
providências. Política Nacional de Resíduos Sólidos. 2. ed. Brasília, DF: Edições Câmara, 18
maio 2012. n. 81. Disponível em:
<https://fld.com.br/catadores/pdf/politica_residuos_solidos.pdf>. Acesso em: 06 mar. 2018.

CANDIAN, Lívia Matheus. Estudo do polietileno de alta densidade reciclado para uso em
elementos estruturais. 2007. 167 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia de
Estruturas, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2007. Disponível em:
<http://web.set.eesc.usp.br/static/data/producao/2007ME_LiviaMatheusCandian.pdf>. Acesso
em: 11 maio 2018.

CANEVAROLO JUNIOR, Sebastião V. Ciência dos Polímeros: Um texto básico para


tecnólogos e engenheiros. 3. ed. São Paulo: Artliber Editora, 2010. 280 p.

CEMPRE. (Org). A Rotulagem Ambiental aplicada às embalagens. São Paulo, 2008. 15 p.


Disponível em: <http://cempre.org.br/artigo-publicacao/artigos>. Acesso em: 09 abr. 2018.

CEMPRE. (Org). Ciclosoft 2016. São Paulo, 2016. Disponível em:


<http://cempre.org.br/ciclosoft/id/8>. Acesso em: 09 abr. 2018.

CUNHA, Fernanda O. V.; FORTE, Madalena C.; ZACCA, Jorge J.. Avaliação do desempenho
de catalisadores híbridos Ziegler-Natta/metaloceno na homo- e copolimerização de
etileno. Polímeros, [s.l.], v. 10, n. 3, p.122-129, set. 2000. FapUNIFESP (SciELO).
http://dx.doi.org/10.1590/s0104-14282000000300008.
45

FERNANDES, Glauber José Turolla. Reciclagem química de polietileno utilizando sílica


mesoporosa tipo SBA-15 avaliada por termogravimetria e espectrometria de massas.2010.
115 f. Tese (Doutorado) - Curso de Química, Centro de Ciências Exatas e da Terra,
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2010. Disponível em:
<http://www.repositorio.ufrn.br:8080/jspui/bitstream/123456789/17787/1/GlauberJTF_TESE.
pdf>. Acesso em: 11 maio 2018.

FERREIRA, Evaldo de Melo; CRUVINEL, Karla Alcione da Silva; COSTA, Eliabe Soares da.
Disposição final dos resíduos sólidos urbanos: diagnóstico da gestão do município de Santo
Antônio de Goiás. Revista Monografias Ambientais, [s.l.], v. 13, n. 3, p.3401-3411, 31 ago.
2014. Universidad Federal de Santa Maria. http://dx.doi.org/10.5902/2236130813520.
Disponível em: <https://periodicos.ufsm.br/remoa/article/view/13520/pdf>. Acesso em: 09
mar. 2018.

FERREIRA, Flávia Gonçalves Domingues. Fotodegradação e efeito combinado da radiação


gama/biodegradação em blendas polietileno/amido. 2007. 129 f. Dissertação (Mestrado) -
Curso de Engenharia Química, Centro de Tecnologia e Geociências, Universidade Federal de
Pernambuco, Recife, 2007. Disponível em:
<https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/6637/1/arquivo7834_1.pdf>. Acesso em: 14
maio 2018.

FISCH, Adriano Giraldi. Modelagem da Cinética de Polimerização em Lama de


Eteno.2004. 137 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Química, Departamento de
Engenharia Química, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2004.
Disponível em:
<http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/4164/000453342.pdf?sequence=1>.
Acesso em: 08 maio 2018.

FUZZI, Fernanda Regina; LEAL, Antônio Cezar. Resíduos sólidos urbanos no município de
pirapozinho, são paulo, brasil: impactos socioambientais decorrentes da disposição em local
inadequado (lixão) e dificuldades e desafios na organização dos catadores de materiais
recicláveis. Geosaberes: revista de estudos geoeducacionais, Fortaleza, v. 6, n. 3, p. 217 -
229, jul. 2015. ISSN 2178-0463. Disponível em:
<http://www.geosaberes.ufc.br/geosaberes/article/view/470>. Acesso em: 09 mar. 2018.

GAMBETTA, Rossano. Modelagem e Simulação de Reatores de Polimerização em Leito


Fluidizado. 2001. 138 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia, Departamento de
Engenharia Química, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2001.
Disponível em:
<http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/3162/000333228.pdf?sequence=1>.
Acesso em: 23 maio 2018.

GIANETO, G. P. Zeolitas Características, propriedades y aplicaciones industriales.


Ediciones Innovación Tecnológica: Caracas, 1990.

GRECCO, Saulo de Tarso Figueiredo; RANGEL, Maria do Carmo; URQUIETA-


GONZÁLEZ, Ernesto Antonio. Zeólitas hierarquicamente estruturadas. Química Nova, [s.l.],
v. 36, n. 1, p.131-142, 2013. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0100-
40422013000100023.
46

GRILLO, Camila Cezar. Reciclagem de rejeitos de polietileno de baixa densidade


provenientes de uma cooperativa de catadores na forma de madeira plástica. 2016.
Dissertação (Mestrado em Materiais Metálicos, Cerâmicos e Poliméricos) - Escola de
Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena, 2016. Doi:10.11606/D.97.2016.tde-
13092016-105832. Acesso em: 13 abr. 2018.

LIMA, Raimundo Nonato Teixeira. Estudo da pré-polimerização do Catalisador Ziegler-


Natta em uma Planta Comercial de Produção de Polietileno. 2014. 98 f. Dissertação
(Mestrado) - Curso de Engenharia Química, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2014.
Disponível em: <https://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/18601>. Acesso em: 04 maio 2018.

MACHADO, Fabricio; PINTO, José Carlos. Uma revisão sobre polimerização de olefinas
usando catalisadores Ziegler-Natta heterogêneos. Polímeros, [s.l.], v. 21, n. 4, p.321-334, 1
nov. 2011. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0104-14282011005000058.

MIGNONI, Marcelo L.; DETONI, Chaline; PERGHER, Sibele B. C.. Estudo da síntese da
zeólita ZSM-5 a partir de argilas naturais. Química Nova, [s.l.], v. 30, n. 1, p.45-48, fev. 2007.
FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0100-40422007000100010.

MOORE, E.P. Polypropylene handbook. Polymerization, characterization, properties,


processing, applications. 1 ed. New York: Hanser Publishers. 1996. 419 p.

OLIVEIRA, Ana C. F. de et al. Estudo comparativo de dois métodos de análise de


cristalinidade, raios-x e dsc, usando o polietileno linear de baixa densidade (pebdl) injetado,
irradiados por radiação gama. Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, Natal, out.
2015. Disponível em:
<http://www.iaea.org/inis/collection/NCLCollectionStore/_Public/48/036/48036495.pdf>.
Acesso em: 22 maio 2018.

OLIVEIRA NETO, Geraldo Cardoso de et al. Produção mais limpa: estudo da vantagem
ambiental e econômica na reciclagem de polímeros. Interciencia, Caracas, v. 40, n. 6, p.364-
373, jun. 2015. Disponível em: <http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=33938675002>.
Acesso em: 15 jan. 2018.

PEACOCK, A. J. Handbook of Polyethylene: Structures, Properties, and Applications. V.


1. ed. Marcel Dekker, New York, 2000. Disponível em: <
https://books.google.com.br/books?id=OPuWyxwJwJwC&printsec=frontcover&hl=pt-
BR#v=onepage&q&f=false>. Acesso em: 13 abr. 2018.

PERGHER, Sibele B. C. et al. Materiais magnéticos baseados em diferentes zeólitas para


remoção de metais em água. Química Nova, [s.l.], v. 28, n. 5, p.751-755, out. 2005.
FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0100-40422005000500003.

PESSÔA, Vitor Alves de Figueiredo. Reciclagem e reutilização de materiais poliméricos


plásticos. 2018. 50 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia de Materiais, Escola Politécnica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2018. Disponível em:
<http://monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024679.pdf>. Acesso em: 11 maio
2018.
47

PETRY, André. Mercado brasileiro de polipropileno com ênfase no setor


automobilístico. 2011. 35 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia Química, Departamento
de Engenharia Química, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011.
Disponível em: <http://hdl.handle.net/10183/36895>. Acesso em: 02 maio 2018.

PISTOR, Vinicius; CHIESA, Amauri; ZATTERA, Ademir J.. Estudo do reprocessamento de


polietileno de baixa densidade (PEBD) reciclado do processamento de extrusão de filmes
tubulares. Polímeros, [s.l.], v. 20, n. 4, p.269-274, 12 nov. 2010. FapUNIFESP (SciELO).
http://dx.doi.org/10.1590/s0104-14282010005000045.

PLASTIVIDA. Monitoramento dos índices de reciclagem mecânica de plásticos no


Brasil. 2013. Disponível em:
<http://www.plastivida.org.br/images/temas/Apresentacao_IRMP_2012.pdf>. Acesso em: 17
maio 2018.

REGINATO, Alex Sandro. Modelagem e Simulação dos Reatores de Polimerização em


Fase Líquida do Processo Spheripol. 2001. 163 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de
Engenharia Química, Departamento de Engenharia Química, Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Porto Alege, 2001. Disponível em:
<http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/3317/000336021.pdf?sequence=1>.
Acesso em: 02 maio 2018.

ROMÃO, Wanderson; SPINACÉ, Márcia A. S.; PAOLI, Marco-a. de. Poli(tereftalato de


etileno), PET: Uma revisão sobre os processos de síntese, mecanismos de degradação e sua
reciclagem. Polímeros, [s.l.], v. 19, n. 2, p.121-132, jun. 2009. FapUNIFESP (SciELO).
Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/s0104-14282009000200009. Acesso em: 02 abr.
2018.

ROSÁRIO, Francisco et al. Resíduos de sisal como reforço em compósitos de polipropileno


virgem e reciclado. Polímeros, [s.l.], v. 21, n. 2, p.90-97, 29 abr. 2011. FapUNIFESP (SciELO).
http://dx.doi.org/10.1590/s0104-14282011005000021.

SANTOS, Cássia Thais Silva. Obtenção de blendas poliméricas a partir da reciclagem de


sucatas de aparelhos celulares e polietileno de baixa densidade reciclado. 2016. 116 f.
Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Química, Instituto de Tecnologia, Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, 2016. Disponível em:
<https://tede.ufrrj.br/handle/jspui/1736>. Acesso em: 15 maio 2018.

SILVA, Luciana Uruga da. Disposição final de resíduos sólidos urbanos e a


responsabilidade dos geradores e do poder público. 2015. 54 f. Monografia (Especialização)
- Curso de Gestão Ambiental em Municípios, Diretoria de Pesquisa e Pós-graduação,
Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Medianeira, 2015. Disponível em:
<http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/6563/1/MD_GAMUNI_VI_2014_56.pd
f>. Acesso em: 06 mar. 2018.

SILVERSTEIN, Robert M.; WEBSTER, Francis X. Spectrometric Identification of Organic


Compounds. 6. ed. New York: John Wiley & Sons, Inc., 1996. 494 p.

SOUZA, Marcos Rogério de. Blenda de poli (tereftalato de etileno) com polietileno de baixa
densidade. 2007. Dissertação (Mestrado em Engenharia Metalúrgica e de Materiais) - Escola
48

Politécnica, University of São Paulo, São Paulo, 2007. Doi:10.11606/D.3.2007.tde-03062008-


173546. Acesso em: 25 maio 2018.

SPINACÉ, Márcia Aparecida da Silva; PAOLI, Marco Aurelio de. A tecnologia da reciclagem
de polímeros. Química Nova, [s.l.], v. 28, n. 1, p.65-72, fev. 2005. FapUNIFESP (SciELO).

WASILKOSKI, Cleuza Maria. Caracterização do polietileno de baixa densidade através da


técnica de análise dinâmico-mecânica e comparação com a análise por impedância
dielétrica. 2002. 116 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia, Setor de Tecnologia,
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2002. Disponível em:
<http://www.aneel.gov.br/documents/656835/14876412/Dissertacao_Cleuza.pdf/70f658fa-
56ac-4361-bbb0-49ba4155ec18>. Acesso em: 15 maio 2018.

WOLF, Carlos Rodolfo. Preparação, caracterização e aplicação de catalisadores Ziegler-


Natta na produção de Polietileno de Alta Densidade. 2004. 144 f. Tese (Doutorado) - Curso
de Engenharia, Escola de Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, 2004. Disponível em:
<http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/117393/000447281.pdf?sequence=1>.
Acesso em: 17 maio 2018.

Você também pode gostar