Você está na página 1de 10

ÁREA TEMÁTICA: RECICLAGEM INTERNA E EXTERNA

VALORIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE POLIPROPILENO BIORIENTADO


(BOPP) PÓS-CONSUMO: EM BUSCA DE SOLUÇÕES PRÁTICAS E
SUSTENTÁVEIS
Joice Pinho Maciel1 (joicemaciel14@gmail.com); Carline Fabiane Stalter2
(carlinestalter@gmail.com); Regina Célia Espinosa Modolo2 (reginaem@unisinos.br), Carlos
Alberto Mendes Moraes 3 (cmoraes@unisinos.br),
1 Apoena Socioambiental
2 Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil/PPGEC, Escola Politécnica, Universidade do
Vale do Rio dos Sinos/Unisinos
3 Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil/PPGEC e Programa de Pós-graduação em
Engenharia Mecânica/PPGEM, Escola Politécnica, Universidade do Vale do Rio dos
Sinos/Unisinos

RESUMO
Este trabalho trata-se de um estudo de caso com aplicação prática de valorização de resíduos de
embalagens de filme de BOPP pós-consumo na Startup Bio 8. O estudo iniciou-se, portanto, com
a problemática de beneficiar este tipo de embalagem pós-consumo, uma vez que a mesma
representa grandes impactos ambientais nos aterros sanitários. Como resultado desta aplicação
prática, foi possível realizar a valorização desse material para a produção de placas de
sinalização. Contudo, esta aplicação precisa de novos testes para verificar os parâmetros de
dureza, resistência do material, entre outros, considerando a inclusão de cargas.
Palavras-chave: BOPP, Valorização de resíduos, Reciclagem.

VALUATION OF BI-AXIALLY ORIENTED POLYPROPYLENE (BOPP)


POST-CONSUMPTION RESIDUES: IN SEARCH OF PRACTICAL AND
SUSTAINABLE SOLUTIONS
ABSTRACT
This work is comprised of a case study with a practical application for the recovery of waste
packaging of post-consumer BOPP film in Startup Bio 8. Therefore, this study began with the
problem of benefiting this type of post-consumer packaging, once the same represents large
environmental impacts for landfills. As a result of this practical application, it was possible to
perform the valorization of this material for the production of signaling plates. However, this
application needs new tests to verify the parameters of hardness, material resistance and others,
and the inclusion of loads.
Keywords: BOPP, Wast of valuation, Recycling.

1. INTRODUÇÃO
De acordo com a composição gravimétrica realizada em 18 municípios por meio da radiografia da
reciclagem no Brasil (CICLOSOFT, 2016), os resíduos plásticos são o segundo maior volume de
resíduo reciclável pós-consumo gerado, representando 11% dos resíduos gerados.
Os plásticos gerados podem ser rejeitos de processos produtivos ou embalagens pós -consumo,
que possuem um ciclo relativamente curto. As embalagens podem ser rígidas, semirrígidas e
flexíveis, compostas por um único material ou pela composição de diversos materiais. As
embalagens são úteis e importantes para armazenar temporariamente os produtos protegendo-os
e estendendo o seu prazo de vida, viabilizando sua distribuição, identificação e consumo.
(NEGRÃO e CAMARGO, 2008).

Apoio acadêmico
1
De acordo com a Associação Brasileira de Embalagens (2017) a participação dos segmentos da
indústria de embalagens são respectivamente: papel, papelão e cartão 33,2%; Plásticos 29,7%;
Metal 26,6%; Vidro 8,7% e Madeira 1,8%. Esses dados traduzem a representatividade do
segmento das embalagens plásticas no país, e por conseguinte na geração de resíduos plásticos
pós-consumo.
Não obstante da variedade de plásticos que se tem disponíveis nos produtos que são consumidos
a exemplo do Polietileno (PE), Polietileno Tereftalato (PET), o Polietileno de Alta Densidade
(PEAD), o Policloreto de Vinila (PVC), o Polietileno de Baixa Densidade (PEBD), o Polietileno
Linear de Baixa Densidade (PELBD), o Polipropileno (PP), o Poliestireno (PS), e demais tipos
como o Acrilonitrila Butadieno Estireno (ABS), Estireno Acrilonitrilo (SAN), Etileno Acetato de
Vinila (EVA) e Poliamida (PA) como o Nylon, outras soluções conhecidas como plásticos de
engenharia foram criados, como o filme de Polipropileno Biorientado, uma variação conhecida
como BOPP, muito utilizado para embalagens e alimentos. Este plástico é conhecido como de
difícil reciclagem, usual em embalagens de salgadinhos e biscoitos.
A cadeia produtiva da reciclagem, representada pelas indústrias da reciclagem, enfrenta grandes
desafios quando assunto é o retorno dos plásticos conhecidos como os de engenharia, incluindo a
variação do filme do polipropileno biorientado. No contexto da coleta seletiva feita por
cooperativas de reciclagem, o plástico BOPP tem apresentado dificuldades de retorno à
reciclagem devido à pouca procura de compradores, baixos preços de venda e pouca
disponibilidade de informações referente à soluções tecnológicas.
Para ilustrar este cenário, conforme entrevistas realizadas por meio de telefone, reuniões e
encontros em 2017 com lideranças de 18 unidades de triagem de resíduos recicláveis do
município de Porto Alegre, apenas 4 (22%), declararam comercializar com muitas dificuldades
essas embalagens. Um verdadeiro “excesso de embalagens plásticas” sendo destinadas como
rejeito para o aterro sanitário localizado em Minas do Leão-RS.
Tal cenário é comprovado por meio dos dados apresentados no PMGRU (2012), que apontam
que do total dos resíduos gerados em Porto Alegre de 1.731t/d (96%), apenas 51t/dia (2,8%) são
encaminhados para a reciclagem e 22t/dia (1,2%) representam resíduos encaminhados para a
compostagem.
Vale ressaltar, que para a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela lei nº
12.305/2010, são considerados rejeitos, os resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as
possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e
economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final
ambientalmente adequada.
Contudo, verifica-se a necessidade de desenvolver soluções para a redução e valorização de
resíduos de BOPP, que atualmente estão ocupando desnecessariamente os aterros sanitários das
cidades brasileiras.
A utilização de plásticos no cotidiano da população facilita o armazenamento de produtos,
alimentos, além do transporte. Um dos principais fatores da sua alta demanda de produção está
relacionada com seu baixo custo de produção, além da sua versatilidade de uso e facilidade de
processamento, quando comparados com outros materiais. Nesse contexto, tudo o que
consumimos, incluindo os plásticos, devem ser destinados para tratamento final priorizando a
reciclagem, a exemplo da coleta dos resíduos sólidos realizada pela gestão dos resíduos sólidos
urbanos (RSU) nas cidades.
Nem todos os plásticos são reciclados, ou seja, voltam para a cadeia produtiva da reciclagem.
Conforme a composição gravimétrica realizada em 18 municípios por meio da radiografia da
reciclagem no Brasil (CICLOSOFT, 2016), os resíduos plásticos são o segundo maior volume de
resíduo reciclável pós-consumo gerado, representando 11% dos resíduos gerados, em
comparação a 13,1% conforme a Plastivida (2011). Na tabela 1 é possível identificar o índice de
reciclagem mecânica dos plásticos pós-consumo por tipo de resíduo plástico.

Apoio acadêmico
2
Tabela 1. Índice de reciclagem mecânica dos plásticos pós-consumo 2010 – por tipo de resíduo plástico
Material %
PET 54
PEAD 12,7
PVC 15,1
PEBD/PELBD 13,2
PP 10,8
PS/XPS 14,3
Outros tipos 8,1
Fonte: Plastivida (2011)

Os plásticos mais descartados são os de vida curta, conhecidos como aqueles que usualmente
são descartados em prazo máximo de 2 anos (PLASTIVIDA, 2012). Porém, o que se vivencia são
os resíduos plásticos pós-consumo que são descartados em segundos, horas dias, meses,
principalmente as embalagens de alimentos, higiene e limpeza, maior fração de embalagens
consumidas.
Quanto ao tipo de reciclagem de plásticos mais utilizada no Brasil, pode-se citar a mecânica, que
permite, mesmo com algum grau de contaminação, que a resina seja reciclada por várias vezes.
Conforme o Valor Econômico (2011), uma das principais vantagens da reciclagem do plástico está
relacionada ao seu processo, que economiza em torno de 70% de energia, considerando todo o
seu ciclo de produção, desde a exploração da matéria-prima até a produção do produto final.
Outro fator importante na reciclagem dos plásticos é o seu potencial de geração de renda e
inclusão produtiva de catadores de materiais recicláveis, uma vez que em torno de 23,62% da
quantidade de materiais são coletados e triados por eles, sendo responsável por 40,59% da sua
renda (IPEA, 2012).
Nesse contexto, só é possível aumentar a destinação de plásticos pós -consumo para que se
transformem novamente em matéria-prima de um processo industrial, se os mesmos forem
separados para não comprometer as propriedades do produto final e a eficiência dos processos, e
se tecnicamente esses materiais possam ser reciclados, mediante a disponibilidade da cadeia de
compra e venda e soluções tecnológicas. Outro fator é que as resinas plásticas precisam ser
separadas criteriosamente entre si, para facilitar seu retorno à cadeia produtiva da reciclagem.
A principal matéria-prima utilizada para a produção do BOPP é o polipropileno, polímero
termoplástico obtido pelo processo de polimerização do propeno, subproduto da nafta. O PP
virgem utilizado na produção de filmes de BOPP é o H504XP, fornecido pela empresa Braskem,
trata-se de uma resina de polipropileno homopolímero de baixo índice de fluidez e indicada para
processos de extrusão de filmes biorientados em equipamentos de alta velocidade. (BRASKEM,
2016).
De acordo com Aumiller et al. (2014), o filme de BOPP é um material flexível que pode ser
utilizado em várias aplicações, sendo elas de processos de embalagens de alimentos ou de
cosméticos. O diferencial do uso do filme de BOPP são suas propriedades, que garantem
propriedades como rigidez, barreira de gases, resistência a várias temperaturas, brilho e
transparência. Além das embalagens de BOPP serem amplamente utilizadas na indústria
alimentícia, conforme a Figura 1, também são aplicadas na indústria de produção de fitas
adesivas, rótulos e no segmento de higiene e limpeza. (KARASKI et al. 2016).

Apoio acadêmico
3
Figura 1. Embalagens de filme de BOPP

Fonte: eCycle (2017)

Uma das vantagens do seu uso é o seu custo, adequação técnica e mercadológica. (MORTARA,
2009). Na indústria, a produção dos filmes de BOPP pode ser realizada por meio dos proces sos
de extrusão, formação e estiramento longitudinal, estiramento transversal, tração e tratamento da
película orientada e o enrolamento (MIGUEL, et al. 2003).
De acordo com Laceta et al. (2013), a destinação de final de resíduos de filmes para embalagens
de alimentos e seu uso representa 58% dos resíduos destinados aos aterros sanitários.
Conforme estudo realizado por Stalter (2017), uma das principais indústrias fabricantes de filme
de BOOP encontra-se localizada no estado do Rio Grande do Sul, local onde os filmes são
produzidos nas versões transparente, opaco, metalizado e mate, sendo o seu princ ípio de
produção, o mesmo para todos os outros tipos de filme, seguindo os procesos de extrusão,
estiramento, enrolamento e corte. E, somente depois que as bobinas de filme de BOPP recebem
um tratamento superficial chamado de corona, que ativa a superficie do filme através de descarga
elétrica provocando uma reação química (quebra de algunas ligações e liberação de ozônio), as
mesmas estão prontas para serem vendidas para posterior impressão, processo realizado por
outra empresa na cadeia das embalagens, conhecida como processo de impressão flexográfica.
Um dado importante produzido por Stalter (2017), refere-se ao levantamento de aspectos e
impactos ambientais (LAIA), do processo de produção e processo de impressão flexográfica do
filme BOPP, apontando significância crítica para os aspectos de consumo de energia elétrica,
emissão de ozônio, óleo utilizado em máquinas e consumo de água. O que reforça que
alternativas para redução dos impactos tanto na fonte geradora (processo produtivo), quanto em
seu ciclo de vida que priorizem o seu retorno à reciclagem são necessárias e urgentes.
Assinado em 25/11/2015, o acordo setorial para a implantação do sistema de logística reversa de
embalagens em geral, coloca de um lado os principais representantes dos fabricantes dos
produtos de embalagens plásticas, de outro a União por intermédio do Ministério de Meio
Ambiente (MMA), seguidos dos intervenientes anuentes, que atuam no segmento da reciclagem,
tanto do setor privado, como por representações associativas e confederativas.
Entre as principais considerações legais e estruturais, acordo setorial para a implantação do
sistema de logística reversa de embalagens em geral (2015), estão:
a) Política Nacional de Resíduos Sólidos ("PNRS"), instituída pela Lei n° 12.305/2010,
regulamentada pelo Decreto no. 7.404/2010, estabelece a responsabilidade compartilhada pelo
ciclo de vida dos produtos por parte dos fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes,
consumidores e titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos
sólidos, na gestão integrada dos resíduos sólidos urbanos; a obrigação dos fabricantes,
importadores, distribuidores e comerciantes de estruturar e implementar Sistemas de Logística
Reversa, mediante retorno de produtos caracterizados como embalagens após o uso pelo
consumidor;
b) medidas que devem ser adotadas por meio da PNRS pelos obrigados, a saber: a compra de
produtos ou embalagens usadas, a disponibilização de postos de entrega voluntária e a atuação
em parceria com cooperativas ou outras formas de associação de catadores de materiais
reutilizáveis e recicláveis;

Apoio acadêmico
4
c) atender conforme estabelece o artigo 15, inciso I, do Decreto no. 7.404/2010, todas as ações de
implantação e operacionalização do acordo, sempre em observância às exigências específicas
previstas em lei ou regulamento, normas estabelecidas pelos órgãos do SISNAMA, do SNVS, do
SUASA e em outras normas aplicáveis.
Um montante de empresas por meio do acordo setorial, decidiram unir esforços, formando uma
coalizão para a implementação de ações para Sistemas de Logística Reversa de resíduos de
embalagens não perigosas que compõem a fração seca dos resíduos sólidos urbanos ou
equiparáveis.
De acordo com a cláusula terceira da operacionalização do Acordo Setorial da Logística Reversa
de Embalagens em geral (2015), a mesma deve atender o âmbito da responsabilidade
compartilhada pelo ciclo de vida das embalagens, observando as etapas de: separação, descarte,
transporte, triagem, classificação e destinação, priorizando (...) que as mesmas deverão ser
encaminhadas para a destinação final ambientalmente adequada.
As embalagens plásticas estão consideradas no acordo setorial, sendo objeto de monitoramento
por meio de metas estabelecidas, em que, as ações conjuntas das empresas e demais agentes da
cadeia de responsabilidade compartilhada possam propiciar a redução de no mínimo 22% das
embalagens dispostas em aterro, até 2018, o que corresponde ao acréscimo da taxa de
recuperação da fração seca em 20%, representando no mínimo a média de 3.815,081 tonelada
por dia que deverá ser aferida mensalmente.

2. OBJETIVO
Apresentar um estudo de caso de valorização de resíduos de polipropileno biorientado (BOPP)
pós-consumo, para a transformação em uma placa de sinalização com apoio técnico da Startup
Cooperativa Bio8.

3. METODOLOGIA
Foi realizada uma pesquisa bibliográfica para os temas da Cadeia da Reciclagem no Brasil,
Características e Produção do Filme de Polipropileno Biorientado (BOPP) e Acordo Setorial da
Logística Reversa de Embalagens. A pesquisa bibliográfica visa explicar um problema a partir de
referências teóricas publicadas em livros, anais, artigos, podendo ser realizada
independentemente, ou como parte de outros tipos de pesquisa, justificando os limites e
contribuições da própria pesquisa. (RAMPAZZO, 2002).
O estudo de caso apresentado é uma aplicação prática de valorização de embalagens filme de
BOPP pós-consumo para produção de uma placa de sinalização de 50cm de diâmetro, pesando
em média 3,5kg, realizada em parceria com a Startup Bio8, localizada no município de São
Leopoldo/RS.
A Bio8 é uma Startup Cooperativa, que propõe em seu modelo de negócio a valorização de
resíduos sólidos através de licenciamento, conectando geradores, empreendedores e mercados.
A Bio8 nasceu em janeiro de 2017 com o nome de Ciclo Reverso, e desde então vem
desenvolvendo soluções para a gestão de resíduos sólidos. A Bio8 credita que aterrar resíduos
não gera receita, benefícios socioambientais e nem ganho de imagem, significando custo para as
empresas.
Foram selecionados (triados) com apoio da cooperativa de reciclagem Cooperfeitoria, localizada
no bairro Feitoria/São Leopoldo várias embalagens de BOPP (transparente, opaca, metalizada e
mate) e encaminhadas para unidade da Bio8. Para o processo de valorização das embalagens de
BOPP foram adotadas as seguintes etapas:

a) Moagem do material em equipamento de Moinho


Nesta etapa, as embalagens de BOPP tipo metalizada, opaca, transparente e mate foram
separadas e trituradas para reduzir o volume.

Apoio acadêmico
5
b) Pesagem do material triturado
Como a amostra de BOPP não alcançou o peso de 6Kg necessário para a aplicação do molde de
40cm (placa de sinalização), foi adicionada 2kg embalagens de ráfia (PE) já triturada, 2kg de
mistura de (PP) e (PEAD). A relação de material ficou 2kg (40%) de BOPP para 4kg (60) de
mistura de PE, PP e PEAD.

c) Processo da massa
O material foi adicionado no equipamento Alawik, um misturador interno de rotor para a
preparação da massa. A temperatura para a preparação dessa amostra chegou a 110 graus. Um
diferencial deste equipamento é que o material pode ser colocado sem passar pelo processo de
Moagem, porém, exige mais tempo para processar o material, o que implica mais consumo de
energia elétrica, conforme a Figura 2.

e) Prensa hidráulica
Nesta etapa a massa preparada foi levada para aplicação no molde, placa de sinalização de 40cm
de diâmetro, conforme Figura 4.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Conforme o processo de valorização de resíduos de filme de BOPP, corpo de prova, foram
registrados os seguintes etapas e resultados:

De acordo com a Figura 2, a massa foi processada não ultrapassando os 110 graus. Este
parâmetro foi garantido pela trituração do material, etapa que antecedeu o processamento do
material, e que contribuiu para a redução de consumo de energia nesta etapa.

Com a massa pronta, conforme a Figura 3, a mesma foi retirada do equipamento Alawik,
utilizando luvas próprias para altas temperaturas, e posteriormente levada para a prensa
hidráulica, Figura 4 e 5, onde a massa foi prensada ao molde da placa de sinalização com
diâmetro de 45cm. Após 5 minutos, a placa foi retirada do molde para acabamento, Figura 6.

Após o acabamento, a placa pronta, Figura 7, apresentou em alguns pontos um aspecto


esbranquiçado, proveniente do material plástico não processado (derretido) completamente. Não
foi identificado durante o teste qual o plástico apresentou esse aspecto esbranquiçado.

Figura 2. Preparo da massa Figura 3. Massa pronta

Fonte: acervo da autora Fonte: acervo da autora

Apoio acadêmico
6
Figura 4. Prensagem da massa Figura 5. Prensagem da massa

Fonte: acervo da autora Fonte: acervo da autora

Figura 6. Peça pronta para acabamento Figura 7. Peça pronta

Fonte: acervo da autora Fonte: acervo da autora

Para esta aplicação, foi possível a utilização de embalagens de BOPP pós-consumo nos
processos produtivos de beneficiamento de plásticos da Startup Bio8. Neste caso, foi realizada a
produção de uma placa de sinalização, indicando que mediante outros testes específicos é
possível a produção de outros produtos a exemplo de tijolos, telhas e meio-fio para loteamento.
A máquina Alawik, é simples e fácil de operar, trata-se de uma misturadora que processa
diferentes tipos de polímeros, como PE, PS, PP, ABS e PVC, além de resíduos de papel, papelão
e serragem, pó de MDF, pó de borracha de pneu, EVA, Isopor, espuma e poliuretano.
Outros aspectos positivos devem ser considerados nesta aplicação, o uso de sistema de
prensagem que dispensa o uso de injetoras e mão de obra qualificada, reduzindo os custos e
simplificando o processo, além do baixo consumo de energia da máquina, pois o derretimento dos
polímeros é realizado apenas com o atrito, sem a energia elétrica como atrito. Com a geração do
calor, o material se funde naturalmente, gerando uma economia de em torno de 50% a menos,
caso fosse utilizar um sistema convencional que não mistura tudo.
O material produzido (corpo de prova), placa de sinalização apesar de aparentemente resistente,
precisa passar por testes de dureza, resistência, entre outros parâmetros, uma vez que seu uso é
aplicável em áreas externas, garantindo qualidade ao produto para comercialização.
Como se tratou de um primeiro corpo de prova, não foi possível realizar outros testes fazendo o
uso de cargas orgânicas ou inorgânicas adicionais na massa plástica utilizando as embalagens de

Apoio acadêmico
7
filme BOPP pós-consumo. Outra questão levantada, que durante os testes, não foi elaborado um
estudo preliminar de aspectos e impactos da produção, para uma avalição mais ampla sobre os
impactos ambientais positivos e negativos do referido processo de reciclagem. Vale ressaltar, que
durante este estudo, não foi identificado outros estudos no que se refere à aplicação ou
valorização de específica de BOPP.

5. CONCLUSÃO
Este estudo de caso foi positivo considerando a valorização de um resíduo sólido em um produto,
placa de sinalização, considerando que os resíduos de BOPP atualmente são destinados aos
aterros sanitários (em torno de 58%). Outros aspectos positivos deste estudo, são os
desdobramentos associados aos custos com o processo produtivo, e a redução de custos com a
logística.
No caso das embalagens de filme de BOPP, iniciativas iguais a esta em parceria com a Startup
Cooperativa Bio8, que realiza a valorização de vários tipos de plásticos, resolve uma parte da
problemática, mas se tratando do seu ciclo de vida, há um desafio, no que se refere ao seu
retorno à cadeia produtiva da reciclagem (comercialização) e suas características de difícil
reciclabilidade, ainda não estudas em profundidade.
Outro fator importante, que esta alternativa de beneficiamento de resíduos de filme de
polipropileno BOPP, podem ser incorporados em cooperativas de reciclagem, agregando valor a
este material, reduzindo custos com a logística do material, criando oportunidade de geração de
renda com a fabricação e comercialização de produtos a partir de material recicláveis , além de
reduzir significativamente o volume de resíduos plásticos que estão sendo destinados aos aterros
sanitários.
Vale ressaltar que, nessa lógica, uma análise crítica sobre a regulação relacionada a produção
dessas embalagens de BOPP deve ser feita no sentido de investir em design de embalagens
sustentáveis e que respeitem o ciclo e vida e retorno à cadeia produtiva, reduzindo os impactos
ambientais gerados devido aos seus impactos no meio ambiente e saúde pública.
Todas essas ações trabalhadas de maneira integrada, trazem soluções positivas ao cenário
caótico apresentado, onde 58% das embalagens plásticas, estão sendo destinadas à aterros
sanitários, infringindo o atendimento legal da PNRS, Lei 12.305/2010, que menciona que só
deverão ser destinados aos aterros, rejeitos, resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as
possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e
economicamente viáveis.

AGRADECIMENTOS
À Startup Bio8, os agradecimentos por permitir a realização deste estudo de caso, bem como de
acreditar que novas soluções de valorização de resíduos sejam possíveis.

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DO PLÁSTICO (ABIPLAST). Perfil 2014. São Paulo,


2014. Disponível em: <http://file.abiplast.org.br/download/links/
2015/perfil_abiplast_2014_web.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2017.

AUMILLER, A. et al. Análise do processo produtivo de filmes poliméricos utilizando a metodologia


de produção mais limpa. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental –
REGET, Santa Maria, v. 18, n. 2, p. 887-907, 2014. Disponível em:
<https://periodicos.ufsm.br/reget/article/view/13723/pdf>.

BIO8. Tecnologia para valorização de resíduos. Quem somos. Disponível em: <
http://www.bio8.com.br/quem-somos>. Acesso em: 28 mar. 2018.

Apoio acadêmico
8
BRASIL. Lei federal n. 5.764, de 16 de setembro de 2071. Institui a Política Nacional de
Cooperativismo institui o regime jurídico das sociedades cooperativas, e dá outras providências.
Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5764.htm>. Acesso em: 15 abr. 2016.

BRASKEM. Polipropileno H 504XP, [S.l.], 2016. Disponível em:


<https://www.braskem.com.br/busca-de-produtos>. Acesso em: 20 novembro 2017.

CICLOSOFT. Radiografando a Coleta Seletiva 2016. Disponível em: <


http://cempre.org.br/ciclosoft/id/8>. Acesso em: 02 abr. 2018.

COMPROMISSO EMPRESARIAL PARA RECICLAGEM (CEMPRE). Sobre o cempre. Disponível


em: < http://cempre.org.br/sobre/id/1/institucional>. Acesso em: 20 jan. 2016.

DEMAJOROVICK, Jacques. LIMA, Márcia. Cadeia de reciclagem: um olhar para os catadores.


São Paulo: Edições SESC SP, 2013.

FERRAZ, Lucimare; GOMES, Mara Helena de Andrea; BUSATO, Maria Assunta. O catador de
materiais recicláveis: um agente ambiental. Cadernos EBAPE.BR, Rio de Janeiro, v. 10, n. 3, p.
763-768, set. 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1679-
39512012000300017&script=sci_arttext> Acesso em: 17 maio 2014.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Pesquisa nacional de


saneamento básico 2008. Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/
home/estatistica/populacao/condicaodevida/pnsb2008/PNSB_2008.pdf>. Acesso em: 25 out.
2014.
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Situação social das catadoras e dos catadores
de material reciclável e reutilizável - Brasil. Brasília, 2013. Disponível em:
<http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=20986>. Acesso
em: 25 out. 2015.

INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA (IPEA). Diagnóstico sobre os catadores de


resíduos sólidos. Relatório de Pesquisa. Brasília: IPEA, 2012. Disponível em: <
http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/relatoriopesquisa/120911_relatorio_catadores_r
esiduos.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2017.

INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA (IPEA). Pesquisa sobre pagamento por


serviços ambientais para gestão de resíduos sólidos. Brasília, 2010. Disponível em: <
http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/100514_relatpsau.pdf>. Acesso em: 20 dez.
2017.

KARASKI, Tiago Urtado et al. Embalagem e sustentabilidade: desafios e orientações no contexto


da economia circular. 1. ed. São Paulo: CETESB, 2016.Disponível em:
<http://www.abre.org.br/wp-content/uploads/2012/08/embalagem_sustentabilidade.pdf>.

LECETA, I. et al. Avaliação ambiental de filmes à base de quitosana. Jornal de Produção Mais
Limpa, [S.l.], v. 41, p 312-318, 2013

MACIEL, Joice; PASQUALETO, Kellen. A inclusão dos catadores na gestão integrada de resíduos
sólidos em São Leopoldo. São Leopoldo: ObservaSinos, 2016.

MACIEL, Joice Pinho. Indicadores para qual sustentabilidade? : elementos teórico-metodológicos


para a análise da eficiência multidimensional de empreendimentos econômicos solidários de

Apoio acadêmico
9
reciclagem do Vale dos Sinos – RS / Joice Pinho Maciel. – 2016. Dissertação (Mestrado) –
Universidade do Vale dos Sinos.

MOVIMENTO NACIONAL DOS CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS (MNCR). O que é o


movimento? São Paulo, 7 jun. 2008. Disponível em: <http://www.mncr.org.br/sobre-o-mncr>.
Acesso em: 11 maio 2014.

MORTARA, Aldo. Filmes de BOPP. In: CAMILO, Assunta Napolitano (Coord.). Embalagens:
design, materiais, processos e máquinas. São Paulo, 2009. p. 187-196.

NEGRÃO, Celso; CAMARGO, Eleida. Design de embalagens: do marketing à produção. São


Paulo: Novatec, 2008.

PLASTIVIDA – Instituto Socio-Ambiental dos Plásticos. Monitoramento do índice de reciclagem


mecânica dos plásticos no Brasil 2011.2012. Disponível em: http://www.plastivida.org.br. Acesso
em: 10 janeiro 2018.

PLASTIVIDA – Instituto Socio-Ambiental dos Plásticos. Monitoramento do índice de reciclagem


mecânica dos plásticos no Brasil 2010.2011. Disponível em: http://www.plastivida.org.br. Acesso
em: 10 janeiro 2018.

RAMPAZZO, Lino. Metodologia científica: para alunos do curso de graduação e pós -graduação.
São Paulo: Loyola, 2002.

SINIR. ACORDO SETORIAL PARA IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA DE LOGÍSTICA REVERSA DE


EMBALAGENS EM GERAL; de 25 de novembro de 2015. Disponível em: <http://
www.sinir.gov.br/.../Acordo_embalagens.../58e2cc53-3e38-420a-97fd-dba2ccae4cd3>. Acesso
em: 02 mar. 2018.

STALTER, Carline Fabiane. Avaliação ambiental e econômica do processo de embalagem de


utilidades domésticas a partir da abordagem de produção mais limpa / Carline Fabiane Stalter. –
2017. Dissertação (Mestrado) – Universidade do Vale dos Sinos.

VALOR Econômico. Análise Setorial. Resíduos Sólidos: logística reversa, 2011.

YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento de métodos. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010.

Apoio acadêmico
10

Você também pode gostar