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Índice de Riqueza Inclusivo, IWI (Inclusive Wealth Index): índice mais completo que o HDI,
fazendo uma análise detalhada da produção do pais em termos de capital humano e uso
de capital natural. Mede a capacidade de uma nação em criar e manter o bem-estar das
pessoas.
O IWI define sustentabilidade como uma alteração positiva no bem-estar.
O IWI é o valor social (e não monetário) de todo o capital de uma nação (natural,
humano e produzido).
Um valor de IWI positivo significa bem-estar positivo ao longo de várias gerações.
Pegada ecológica: área de terreno/ecossistema produtivo (em qualquer local da Terra)
que seria necessária para produzir os recursos utilizados e assimilar os resíduos
produzidos por uma determinada população (valor para o cidadão médio: 2,7 hectares
per capita). É uma medida da procura de capital natural, a qual pode ser comparada com
a capacidade de regeneração ecossistemas (2,1 hectares per capita) chegando-se á
conclusão que esta já foi ultrapassada pela pegada ecológica nos anos 80 estamos a
usar mais recursos do que aqueles que a Terra tem para nos oferecer (estamos a “usar
mais do que uma Terra”).
a. Definições
Sistema de gestão ambiental (EMS – Environmental Management System): conjunto de
práticas sistemáticas usadas para gerir os processos/actividades de uma empresa no sentido
de melhorar/controlar o seu desempenho ambiental (reduzir impacte ambiental e aumentar
eficiência), garantindo que os seus produtos/serviços cumprem os seus objectivos: satisfazer
os clientes e respeitar regulamentos e metas ambientais. Os sistemas de gestão ambiental
estão integrados nos sistemas de gestão da empresa e também contribuem para a melhoria
de qualidade dos produtos, treino de pessoal e consciencialização do público em geral.
Benefícios e custos de um sistema de gestão ambiental:
Benefícios Custos
Melhor desempenho ambiental Internos (são os maiores): tempo
Prevenção de poluição despendido pelos administradores
Conservação de recursos e outros empregados
Novos clientes/mercados Externos: consultoria externa e
Maior eficiência – menores custos treino de pessoal numa
Melhor imagem pública organização independente
Mais consciência ambiental dos empregados
Instrumentos de gestão ambiental:
Normas (ex: ISO 14001, BS 7750:1992, etc.)
Environmental Management and Audit Scheme
Rótulos ecológicos
Agenda 21 local
…
b. Norma NP EN ISO 14001:2004 e aplicação
Norma da International Organization for Standardization (ISO), de carácter internacional e
voluntário e aplicável a empresas de qualquer dimensão, que tem como objectivo especificar
os requisitos padrão de um sistema de gestão ambiental e as linhas de orientação para a sua
implementação, de forma a permitir a uma organização desenvolver e implementar uma
politica ambiental dentro dos limites legais e dos aspectos ambientais significativos.
Pertence a uma família de normas relacionadas com o ambiente – ISO 14000 – que está
estreitamente relacionada com a série ISO 9000 de gestão de qualidade. Em Portugal é
aplicada pelo Instituto Português da Qualidade (IPQ) e pela Agência Portuguesa do Ambiente
(APA).
Certificação: emissão, por um organismo externo, de uma garantia por escrito – certificado
– de que o sistema de gestão cumpre os requisitos da norma.
Registo: introdução do certificado nos registos do organismo que conduziu a auditoria.
Acreditação: reconhecimento, por um organismo acreditador independente, de que o
organismo de certificação tem de facto capacidade e credibilidade para emitir certificados.
Mecanismos de certificação:
Auto declaração (não formal).
Declaração por clientes ou fornecedores (não formal).
Declaração por terceiros: organismos independentes e creditados para emitir
certificações periodicamente.
f. Rótulo ecológico
Etiqueta (atribuída segundo critérios da European Union Ecolabelling Board, EUEB) que
permite aos consumidores identificar produtos e serviços com impacte ambiental
reduzido ao longo de todo o seu ciclo de vida (ISO 14020-14025). É de caracter
voluntário e é aplicável a produtos que:
provoquem impactes ambientais não significativos
apresentem um potencial de melhoria ambiental
representem um volume importante de vendas no mercado europeu
incluam no seu volume de vendas uma parte importante destinada ao consumo e utilização
finais.
O cumprimento desta directiva exige a atribuição de uma licença ambiental (emitida pelos
órgãos competentes), a qual permite à empresa operar usando as melhores técnicas
disponíveis.
Licença ambiental: permissão atribuída a uma organização para exercer as suas
actividades e explorar as suas instalações, desde que esta garanta a prevenção e o
controlo integrados da poluição de modo a evitar, ou se tal não for possível, a reduzir
as emissões para o ar, água e solo, a produção de resíduos e a poluição sonora. É
atribuída pela APA após preenchimento do formulário de PCIP.
Melhores técnicas disponíveis, MTD (BAT – Best Available Techniques):
correspondem à fase de desenvolvimento mais avançada e eficaz das actividades e
tecnologias que são aplicáveis no contexto do sector económico em causa. São
definidas a partir de documentos produzidos por um painel europeu de especialistas,
designados BREF (Best available techniques REFerence).
4. Ecoeficiência
a. Definição
Ecoeficiência (EE): eficiência de
utilização de recursos naturais para
produzir produtos a preços
competitivos e realizar serviços que
satisfaçam as necessidades humanas,
reduzindo o consumo de recursos e os
impactes ambientais, pelo menos até a
um nível correspondente à capacidade
máxima de suporte da Terra.
“criação de mais bens e serviços usando menos recursos e produzindo menos resíduos”
Objectivos:
À macroescala: desligar/separar o impacto
ambiental do crescimento económico
(decoupling) – garantir que os impactes
ambientais não sejam proporcionais ao
crescimento económico e desenvolvimento
tecnológico, como têm sido até agora (dois
lados da engenharia – gera riqueza mas
destrói o ambiente usar engenharia verde para remediar a situação).
À microescala: criar mais valor com menor impacte ambiental e menor consumo de
recursos.
Utilidade: para comparar produtos ou processos semelhantes em termos de impacto
ambiental ao longo do seu ciclo de vida e também em termos de valor acrescentado,
Medição da ecoeficiência
À microescala:
valor acrescentado
𝐸𝐸 =
impacte ambiental
À macroescala: usam-se factores que refletem a produtividade de recursos como o
aumento nas receitas/bens em relação à diminuição do uso de recursos:
Factor 4: representa o quadruplo da produtividade, ou seja, o dobro do capital
com metade dos recursos gastos
Factor 10: aumento de 10x na ecoeficiência – os defensores disto dizem que só
assim se pode atingir a sustentabilidade a nível global e não com um Factor 4,
exequível através de uma abordagem por ciclo de vida, uma mudança na forma
como os produtos são produzidos e processados e o desenvolvimento de novos
produtos. É um factor mais focado na redução do consumo de recursos que o
factor 4.
No geral: Factor X - produtividade aumenta X vezes duplicando o capital
produzido e diminuindo 2/X vezes os recursos consumidos:
capital produzido 2 × capital produzido
Produtividade = ; Produtividade′ =
consumo de recursos 2
𝑋 × consumo de recursos
Produtividade′ Eu sei que nos slides tá a
𝐹𝑎𝑐𝑡𝑜𝑟 𝑋 = =𝑋
Produtividade multiplicar por EE mas assim
A relação da ecoeficiência com os impactes ambientais (EB) é: acho que faz mais sentido!!
𝐸𝐵 = 𝑊 × 𝑃/𝐸𝐸
Sendo W a riqueza per capita e P a população mundial. Se a ecoeficiência aumentar de um
factor X e a riqueza duplicar então:
𝐸𝐵′ 𝑊′ × 𝑃′/𝐸𝐸′ 1
= = 2×1×
𝐸𝐵 𝑊 × 𝑃/𝐸𝐸 𝐹𝑎𝑐𝑡𝑜𝑟 𝑋
Estratégias para melhorar a ecoeficiência:
Redução da intensidade material
Redução da intensidade energética
Redução da dispersão de substâncias tóxicas
Aumento da reciclabilidade
Otimização do uso de materiais renováveis
Prolongamento do ciclo de vida do produto
Aumento da intensidade do serviço
Áreas de oportunidade da ecoeficiência:
Reengenharia dos processos (minimizar desperdícios/maximizar poupanças e eliminar
riscos)
Revalorização de subprodutos (usa-se menos matéria-prima virgem e mais barata)
Reconcepção de produtos (torna-los recicláveis, mais funcionalizáveis e atualizáveis)
Reconcepção dos mercados (criar serviços extra, ofertas funcionalizáveis e soluções
compreensivas)
Elementos num relatório de ecoeficiência (definidos pela GRI):
Perfil organizacional
Perfil financeiro
Perfil ambiental
Indicadores/rácios de ecoeficiência
Informação sobre as metodologias empregues
Limitações do modelo de ecoeficiência
Falta a vertente social – que lhe deve ser complementar pois é uma vertente importante,
do ponto de vista de que se deve promover mudança de mentalidades, hábitos de
consumo (preferência por produtos mais ecoeficientes e sustentáveis) e medidas
políticas necessárias à melhoria da ecoeficiência.
Não é uma metodologia rígida e única
Não é um padrão certificável
Não é uma solução milagrosa e universal – requer interpretação e implementação
específicas.
b. Ferramentas e indicadores
Classes de ferramentas para implementar a ecoeficiência: aos seguintes níveis:
Organização/gestão (EMS, GRI, gestão de ciclo de vida, etc.)
Design (análise de ecoeficiência, análise de ciclo de vida, etc.)
Compra a fornecedores (gestão de cadeia de valor, etc.)
Marketing e comunicações (rótulos ecológicos, relatórios ambientais, etc.)
Produção e distribuição (ecologia industrial, IPPC, etc.)
Gestão de infraestruturas e desenvolvimento de projectos (avaliação de impacte
ambiental, engenharia verde, etc.)
Factores que influenciam o seu uso:
Fatores de mercado
Espectativas das partes interessadas
Influências de regulamentos
Fatores de produção internos
Nível de cultura e consciencialização
Etapa na cadeia de valor
Waste Reduction Algorithm (WAR): ferramenta (algoritmo) desenvolvida pela EPA
(Environmental Protection Agency, dos EUA) que permite avaliar os potenciais impactes
ambientais (PEI) de várias alternativas de processo – avalia perigos e não riscos. O algoritmo
usa balanços de massa e energia para determinar entradas e saídas do processo, sendo estas
multiplicadas por factores de potência química (determinados segundo 7 categorias de
perigos) para determinar a sua contribuição para um índice final que mede os PEI’s.
5. REACH
c. Definição e objectivos
Registration, Evaluation, Authorisation and Restriction of Chemicals (REACH): legislação
europeia relativa à utilização segura de substâncias químicas, à sua avaliação, registo,
autorização e restrição, visando a proteção da saúde humana e do ambiente. Substitui
legislação da UE relacionada com produtos químicos.
Objectivos:
Assegurar um elevado nível de proteção da saúde humana e ambiente.
Desenvolver uma política integrada para produtos químicos com base nos princípios da
precaução e sustentabilidade.
Permitir livre circulação de substâncias químicas no espaço da UE.
Promover inovação e competitividade na indústria química europeia.
Permitir que sejam as empresas a comprovar a segurança dos produtos.
Promover métodos alternativos de avaliação de perigo.
Substância: elemento químico e todos os seus compostos, naturais ou artificiais, incluindo
aditivos (no caso de polímeros) e impurezas mas excluindo solventes facilmente separáveis.
É a base do REACH – cada substância tem um e um só registo. Algumas substâncias, como
medicamentos e resíduos, não devem ser registadas.
Substância de integração progressiva (phase-in): substâncias que cumpre pelo menos um
dos seguintes requisitos:
Listadas na EINECS (European Inventory of Existing Commercial Chemical Substances)
Produzidas na UE mas que não deram entrada no mercado europeu após 01/06/1992
As que já não são consideradas polímeros.
Substâncias na lista de autorização: são substâncias que precisam de uma autorização
especial antes de serem colocadas no mercado. Estas substâncias fazem parte do grupo de
substâncias de grande preocupação (SVHC – Substances of Very High Concern), que são todas
as substâncias:
carcinogénicas, mutagénicas ou tóxicas para a reprodução de organismos
persistentes e bioacumulativas
para as quais há provas cientificas de efeitos sérios comparáveis com os dois casos
anteriores.
Participantes:
Os produtores
Os importadores
O consumidor final (incluindo formuladores, reimportadores, produtores de artigos,
etc.)
As companhias que produzem ou importam substâncias químicas são obrigadas a recolher
informação sobre elas (propriedades, usos, etc.) e registá-las na base de dados central da
ECHA (European CHemicals Agency)
Organizações responsáveis pela implementação do REACH em Portugal:
APA
DGAE (Direção Geral de Atividades Económicas)
DGS (Direção Geral de Saúde)
d. Registo no REACH
1) Inquérito (para substâncias não phase-in ou phase-in que não tiveram pré-registo):
preparação de um dossier de inquérito (pela plataforma REACH-IT ou IUCLID 5) e submissão
desse dossier à ECHA para se determinar que dados são precisos, que dados estão disponíveis
e se há outros potenciais candidatos.
2) Partilha de dados com outros candidatos a registo e discussão de preços com estes.
3) Registo: preparação de um dossier de registo (usando a plataforma IUCLID 5), com dois
componentes:
Dossier técnico: identificação da organização candidata, da substancia e seus usos e dos
testes conduzidos (e como foram conduzidos)
Relatório de segurança químico: contem informação sobre perigos para a saúde,
propriedades físico-químicas, perigos para o ambiente e cenários de exposição
(aplicável apenas a partir de um certo volume de produção/importação).
e submissão desse dossier à ECHA. Os custos de registo envolvem pagamento de honorários
à ECHA e honorários relativos a dados e consultoria.
e. Partilha de informação
MSDS (Material Safety Data Sheets): documento que contem informação sobre
propriedades da substancia, os seus perigos e instruções para manuseamento, transporte,
eliminação, transporte, combate a incêndios e primeiros socorros. Deve ser entregue pelo
fabricante a todos os utilizadores e fornecedores a jusante deste.
Dois mecanismos de partilha de informação:
Substance Information Exchange Forum (SIEF): grupo formado por todos os candidatos
a registo onde estes podem trocar informação entre si (2ª fase do procedimento de
registo) de modo a evitar duplicação de informação, e podem chegar a acordo quanto à
classificação e rótulo da substância. É eleito um líder que é responsável por entregar um
dossier de líder da comissão conjunta à ECHA (com informação sobre classificação,
rotulagem e sumário dos testes feitos).
Inquéritos
Motivação:
Várias substâncias químicas sintéticas estão associadas a problemas de saúde e
ambientais
A produção da indústria química tem vindo a aumentar 3% ao ano.
12 Princípios básicos:
1) Prevenir desperdícios
2) Implementar a economia de átomos (tentar maximizar a incorporação/transformação de
todos os materiais introduzidos no processo)
3) Usar métodos de síntese química com menos perigos
4) Desenhar substâncias mais seguras
5) Usar solventes e materiais auxiliares mais seguros
6) Projectar processos energeticamente eficientes (condições de operação moderadas,
idealmente à pressão e temperatura ambientes)
7) Usar matérias-primas renováveis (ex: biomassa)
8) Reduzir derivações (uso de compostos químicos para modificar propriedades físico-
químicas do sistema, ex: surfactantes)
9) Usar catálise
10) Projectar produtos biodegradáveis
11) Desenvolver técnicas de análise em tempo real para prevenção e controlo de poluição.
12) Projectar sistemas inerentemente seguros (que evitem acidentes)
Utilidade da química verde
Prevenção de poluição por melhoria de condições de operação (rendimento, consumo
energético, etc.)
Desenvolvimento de processos mais “verdes”: processos que recorram a reagentes não
tóxicos e com menor impacte ambiental. Ex.: evitar usar compostos com cloro se o
produto final não contem cloro
Desenvolvimento de produtos alternativos mais “verdes”: ex. substituir os CFC’s
Substituição de químicos (Ex: biocombustíveis em vez de combustíveis derivados do
petróleo, plásticos coloridos em vez de metal pintado, engenharia genética em vez de
herbicidas e pesticidas, etc.)
Informação necessária sobre as substâncias:
Propriedades físico-químicas
Toxicologia e ecotoxicologia
Análises de exposição
Dados de transporte no ambiente
Regulamentações
Utilização (na industria química, a nível laboratorial ou noutras actividades)
Produção de resíduos e emissões
Há que encontrar o balanço entre informação de interesse público (no sentido da divulgação
e transparência) e de interesse privado (no sentido de evitar a divulgação de segredos de
mercado)
b. Engenharia verde
Definição: aplicação de conceitos de engenharia para desenvolver e comercializar processos
sustentáveis projectados com ajuda da química verde.
12 Princípios básicos
1) Inerente ao invés de circunstancial (designs inerentemente seguros para prevenir
acidentes, em vez de tentar controla-los)
2) Prevenção em vez de tratamento
3) Otimizar processos de separação
4) Maximizar eficiência energética, material, temporal e espacial
5) Projectar com base em saídas (output pulled) e não entradas (input pushed)
6) Conservar a complexidade de sistemas
7) Durabilidade ao invés de imortalidade
8) Ir ao encontro das necessidades, minimizando o excesso
9) Minimizar diversidade de materiais
10) Integrar correntes de massa e energia
11) Projectar produtos que mantenham o seu valor mesmo após terem excedido o seu tempo
de vida no mercado
12) Usar materiais renováveis em vez de esgotar os não renováveis.
b. Medidas de mitigação
São medidas que visam a redução das emissões de gases de efeito de estufa, tais como:
Usar novas tecnologias e energias renováveis.
Tornar equipamentos velhos mais eficientes em termos energéticos.
Mudar práticas de gestão e hábitos de consumo
As medidas devem ser implementadas ao nível de:
Agricultura
Florestas
Energia
Manufatura
Transporte
Turismo
Infraestruturas
Resíduos
Protocolo de Kyoto: tratado internacional, assinado por 192 países desenvolvidos (Anexo I) e
em vias de desenvolvimento (Não Anexo I) (mas não ratificados por todos), cujo único objectivo
é a redução das emissões de GEE nesses países. Esta redução é feita por estabelecimento de
metas a cumprir até um determinado ano por cada país. Assim há uma quantidade máxima de
GEE – quantidade atribuída, dada em toneladas de CO2 equivalentes – que é permitida a cada
pais emitir até à data limite. Caso as emissões não excedam o a quantidade atribuída, então o
que sobra pode ser vendido a outro país no mercado de carbono. Caso as emissões excedam
este máximo devem-se adquirir mais licenças por mecanismos de flexibilidade de mercado.
Mecanismos de mercado do Protocolo de Kyoto:
Mecanismo de desenvolvimento limpo: pretende encorajar a participação de países em
desenvolvimento por troca de tecnologia entre estes e os países desenvolvidos.
Mecanismo de implementação conjunta: permite a países do Anexo I investirem em
projectos de redução de emissões noutro pais do Anexo I em alternativa a reduzir
emissões nele próprio.
Mecanismo de comércio de licenças de emissão (mercado de carbono)
Instrumentos de aplicação do Protocolo de Kyoto em Portugal:
Programa Nacional para as Alterações Climáticas (PNAC): conjunto de políticas e medidas
de aplicação sectorial através das quais se visa o cumprimento do Protocolo de Kyoto.
Plano Nacional de Atribuição de Licenças de Emissão (PNALE II): define as condições a que
ficam sujeitas as instalações abrangidas pelo Comércio Europeu de Licenças de Emissão
de gases com efeito de estufa.
Fundo Português do Carbono (FPC): instrumento financeiro do Estado para o
investimento no mercado das emissões de carbono
Roteiro Nacional de Baixo Carbono (RNBC): estabelece as políticas a prosseguir e as metas
nacionais a alcançar em termos de GEE, com base em cenários prospetivos de emissões
para 2030 e 2050.
c. Medidas de adaptação
Adoção de medidas para
reduzir a vulnerabilidade de
ecossistemas e torna-los mais
resistentes às alterações
climáticas (ex: utilização
sustentável de terras
agrícolas, redução da
desflorestação, etc.)
Estratégia Nacional de
Adaptação às Alterações
Climáticas: tem como
objectivos:
Desenvolver os
conhecimentos sobre
alterações climáticas
Reduzir a vulnerabilidade e aumentar a capacidade de resposta
Participar, sensibilizar e divulgar
Cooperar a nível internacional
ECOLOGIA INDUSTRIAL
1. Introdução e analogias com ecologia biológica
a. Conceito de ecologia industrial
Ecologia industrial: é o estudo de organismos tecnológicos e da sua interação com os
sistemas que os rodeiam (tal como a ecologia biológica é o estudo de organismos biológicos
e da sua interação com o mundo físico), nomeadamente do seu uso de recursos, potenciais
impactes ambientais e as vias pelas quais estes podem ser modificados deliberadamente e
racionalmente, de modo a se poder ter e manter sustentabilidade a nível global (num
contexto de evolução económica, social e cultural contínua).
Esta é portanto uma abordagem que envolve o estudo do organismo industrial como um
sistema, e em conjunto com os sistemas que o rodeiam, tentando-se optimizar o ciclo de
vida dos materiais (desde a sua extração e processamento até ao produto final e sua
eliminação) em termos de recursos, energia e capital gastos.
No âmbito da ecologia industrial entende-se por organismo industrial não só a atividade
ligada à indústria propriamente dita mas todo o resultado de atividades humanas
(indústria, agricultura, construção, serviços,
geração de energia, transportes, etc.)
Os sistemas podem ser estudados a várias escalas
de tamanho, desde a nano-escala (moléculas) até
à mega-escala (atmosfera, ecossistemas…), e de
tempo.
Metabolismo industrial: estudo de fluxos de energia e matéria num sistema industrial (tal
como se faz no metabolismo biológico), usando leis de conservação de massa e energia,
com o objectivo de reduzir ao mínimo o desperdício de materiais “residuais” (pois na
natureza estes materiais não são desperdiçados, sendo transformados) tenta-se evita-
se o termo desperdício (material inútil). Assim produtos que chegaram ao fim da sua vida
útil são reaproveitados e incorporados em novos produtos.
Interação entre indústria e ambiente: as políticas usadas no passado e no presente pelas
indústrias têm em vista remediar problemas apenas com lucros ou segurança das pessoas
em mente. Assim algumas das soluções do passado com estes objectivos em mente
tornaram-se problemas ambientais no presente. A ecologia industrial representa uma
abordagem sustentável para os problemas, com foco global e no futuro.
b. Analogia entre organismos industriais e biológicos
Característica de organismos biológicos Existe em organismos industriais?
Capacidade de desenvolver uma atividade Sim: indústrias desenvolvem várias actividades
autónoma (mesmo havendo interdependência autonomamente, como a transformação de recursos
entre alguns organismos) e sua aquisição.
Utilizam recursos materiais e energéticos: Sim: transformam matérias-primas em produtos
consumo de energia para transformar nutrientes com consumo de energia e produção de resíduos
em produtos com produção de resíduos e calor (efluentes líquidos e gasosos, resíduos sólidos, etc.).
Diagrama de fluxo de energia de um
organismo biológico: Diagrama de fluxo de energia de um organismo
industrial:
A – Assimilação
E – Ingestão de energia
R – Respiração (utilização em equipamentos, p.ex.
A – Assimilação NU – Não usado motores)
I – Ingestão G – Crescimento H – Perdas de calor
R – Respiração P – Produção P – Produção
S – Armazenagem B – Biomassa Balanço: E = A + H = P + R + H
Biomassa pode-se alterar com o tempo se se Não há armazenamento; “Biomassa” não se altera
alterar o balanço com o tempo
Não no sentido literal de dar origem a outro
organismo industrial mas dá origem a produtos.
Capacidade de reprodução
Outros organismos industriais semelhantes só
(geração de um ser semelhante)
podem ser criados por agentes externos
(engenheiros e construtores)
Capacidade de responder a estímulos externos Sim: respondem a alterações na disponibilidade de
(ex: alterações na temperatura, humidade, recursos (matérias-primas e recursos energéticos),
possibilidade de reprodução, etc.) preços, mercados, etc.
Seres multicelulares têm origem numa só célula e Não há evolução significativa e previsível em
evoluem a partir dela organismos industriais
Mesmo que os organismos industriais não cumpram todos estes requisitos podemos considerar
uma definição mias genérica de organismo como: “entidade com organização interna capaz de
manter actividades vitais”, alargando assim a definição de organismo industrial. Contudo há
duas condições que tem de ser satisfeitas para que uma entidade seja classificada como
organismo neste caso:
A entidade não pode ser passiva – deve ter atividades consumidoras de recursos
durante o seu ciclo de vida
Pode manufacturar outros organismos ou produtos que não sejam considerados
organismos.
Medidas de eficiência de um organismo:
Assimilação 𝐴 𝐴
Eficiência de assimilação = = (ou no caso de org. ind. )
Ingestão 𝐼 𝐸
Produção 𝑃 𝑃
Eficiência de produção bruta = = (ou no caso de org. ind. )
Ingestão 𝐼 𝐸
Produção 𝑃
Eficiência de produção liquida = =
Assimilação 𝐴
Estas formas são aplicáveis a organismos biológicos semelhantes (ou a um só
organismo), dai serem difíceis de aplicar também a organismos industriais pois há
grande variedade em termos de capacidade de produção, idade, tipos de equipamentos,
etc.
Analogia para cadeias alimentares
Cadeia alimentar é a transferência de
recursos (nutrientes e energia) entre
organismos – níveis tróficos.
Uma cadeia alimentar biológica inicia-
se nos organismos denominados
produtores primários (1º nível
trófico), ou seja, aqueles que usam
energia e nutrientes minerais para
produzir matéria orgânica – plantas,
algas, etc. Esta é assimilada por níveis
tróficos superiores – primeiro
herbívoros (que comem os
produtores primários), de seguida os
carnívoros que comem estes e por fim
os organismos decompositores que
convertem os resíduos dos restantes
níveis tróficos em matéria que pode
de novo ser assimilada pelos
produtores primários. Os 4 níveis
tróficos são então:
Extractores
Produtores
Consumidores
Decompositores
Alguns organismos são
simultaneamente consumidores e
produtores (especialmente em
níveis tróficos intermédios).
Em termos de diagramas de fluxos
de energia uma cadeia alimentar
pode ser representada desenhando
as produções de cada organismo a
entrar no organismo seguinte na
cadeia.
O fluxo de energia vai
diminuindo ao longo da cadeia
devido à respiração e energia
não utilizada (P1 > P2 >… > Pn-1
> Pn)
Em níveis tróficos superiores a eficiência de assimilação é maior mas devido às
maiores exigências de respiração as eficiências de produção bruta e líquida são
menores.
Numa cadeia biológica só é necessária entrada de energia no início da cadeia,
nos organismos designados autotróficos. Os restantes organismos –
heterotróficos – obtêm energia a partir da matéria orgânica produzida pelos
autotróficos.
Uma cadeia alimentar industrial é caracterizada da mesma maneria que a biológica,
mas com as seguintes diferenças:
O decompositor é neste caso uma unidade de reciclagem, podendo inclusive
enviar material para o consumidor final (mas o mais comum é enviar para o
produtor primário tal como os decompositores biológicos)
Existe um nível adicional – agente de desmontagem – cujo objectivo é reter
matéria em níveis tróficos mais elevados, passando o mínimo á unidade de
reciclagem.
As perdas ao longo da cadeia são muito maiores do que nas cadeias biológicas.
Assim são necessárias entradas adicionais de energia em cada nível,
provenientes geralmente de combustíveis fósseis e nucleares. O resultado disto
é um aumento de produção de energia ao longo dos níveis tróficos (Pn > Pn-1 >…
> P2 > P1)
No caso de cadeias industriais existem 3 tipos de agentes extractores
(adquirotróficos) a atuar em diferentes níveis:
a) Companhias mineiras (extraem matérias-primas que inauguram a cadeia
alimentar)
b) Companhias de exploração de petróleo, gás natural e carvão, que fornecem
a energia aos vários níveis tróficos
c) Agentes de reciclagem que reintroduzem em qualquer ponto da cadeia
materiais previamente usados.
Isto significa que há uma grande variedade de recursos e de fontes de recursos
usadas pelos níveis tróficos superiores (transformotróficos)
Outras diferenças entre organismos biológicos e industriais:
Organismos industriais são mais rápidos a responder a mudanças externas (ex.:
falta de nutrientes/matérias-primas: organismos industriais podem numa
questão de dias/semanas encontrar uma nova fonte; organismos biológicos
precisam de décadas ou mesmo milénios de adaptação)
Organismos industriais conseguem responder melhor a um aumento de procura
de recursos.
Organismos industriais têm iniciativa, definindo o ambiente á sua volta
(enquanto que os biológicos são definidos pelo ambiente que os rodeia).
Um exemplo de uma
cadeia alimentar
industrial onde há
sinergias entre níveis
tróficos é o ecoparque em
Kalundborg (Dinamarca).
As várias unidades do
complexo industrial
aproveitam os resíduos
umas das outras e trocam
matéria e energia entre si
e com o município de
Kalundborg.
c. Conceitos de ecologia populacional aplicados a produtos
Ecologia populacional: estudo da distribuição espacial, demografia, dinâmica temporal
e evolução de uma espécie ou conjunto de espécies de uma população.
No caso de organismos industriais é possível aplicar os conceitos de ecologia
populacional a produtos, isto porque os produtos, tal como as espécies, desaparecem
se o nicho de mercado onde estão inseridos (no caso de espécies biológicas o termo
seria habitat) desaparecer ou se aparecer outro organismo superior nesse nicho (ex:
discos de vinil foram substituídos por CD’s, cassetes por DVD’s, etc.). Neste caso
interessa estudar o produto na perspetiva dos recursos que consome e possíveis
impactes ambientais deste.
Métricas de consumo de recursos:
Taxa absoluta de consumo de um recurso i, 𝛼𝑖 , numa dada zona geográfica:
𝛼𝑖 = 𝑄𝑈𝑖
sendo 𝑄 a taxa de produção do produto (unidades/ano) e 𝑈𝑖 o consumo do recurso
i por cada unidade de produto produzida (kg/unidade).
Taxa relativa de consumo, 𝜌𝑖 : taxa de consumo do recurso i no produto em causa
relativamente ao consumo anual total do recurso i:
𝜌𝑖 = 𝛼𝑖 ⁄𝑅𝑖
sendo 𝑅𝑖 a taxa global anual de consumo do recurso i.
A taxa relativa de consumo pode então ser baixada de forma sustentável reduzindo
𝑄 (e ao mesmo tempo substituindo o produto por outro com a mesma função mas
que use outro recurso) e/ou reduzindo 𝑈𝑖 (reduzir a quantidade de recurso no
produto mantendo a mesma função – desmaterialização), mas não aumentando
𝑅𝑖 .
Métricas de impacto ambiental:
Taxa absoluta de um impacte ambiental do tipo j, 𝜀𝑗 , numa dada área geográfica:
𝜀𝑗 = 𝑃𝐼𝑗
Recursos Hitchhiker: são recursos que existem em conjunto com outros recursos de
maior abundância (e também com interesse para a indústria) na mesma rocha.
Muitos destes recursos são obtidos apenas por extração dos recursos primários da
rocha e assim a extração de ambos está interligada (e assim mesmo que se preveja
um tempo de depleção alto para um recurso hitchhiker o tempo de depleção do
recurso primário a que ele está ligado será sempre o valor limitante).
Recursos energéticos
Uso de recursos energéticos:
Aquisição de matérias-primas
Transformação das matérias-primas em produtos
Energia primária:
energia associada a
recursos da natureza. A
maioria desta energia
provém de combustíveis
fósseis e nucleares,
estando uma
percentagem muito
menor associada à
fontes renováveis
(sobretudo biomassa e
energia hídrica).
Energia final: energia fornecida no ponto de utilização – cerca de 75% da energia
primária, sendo 1/3 usado na industria.
O principal problema dos combustíveis fósseis é serem não renováveis (limitados):
o petróleo tem um tempo de depleção de 50 anos e o gás natural de menos de 100
anos. Como alternativa imediata surge o carvão com um tempo de depleção de 200
anos mas os problemas ambientais associados a estes combustíveis fósseis levam
a humanidade a investir em energias renováveis (embora estas tenham também
limitações, tecnológicas e de natureza).
Restrições associadas à disponibilidade e à extração de recursos
Restrições geográficas: recursos estão distribuídos desigualmente pelo Mundo,
encontrando-se por vezes em áreas de difícil acesso para extração. Isto significa que
há recursos cuja produção é dominada por certas regiões do planeta (p.ex. petróleo
no Médio Oriente, gás natural na Rússia e EUA, carvão na China, etc.) dependendo
as restantes regiões do comércio a nível global para obter estes recursos (o qual
está condicionado por factores geopolíticos – ex: embargos, guerras, etc.)
Restrições energéticas: a extração de
minérios requer grandes
quantidades de energia, dependendo
do tipo de mineral e sua abundância
na rocha (grade).
Minerais cuja concentração
esteja acima da barreira
mineralógica podem ser
facilmente extraídos por
esmagamento, moagem e flotação a baixos custos.
Minerais associados a rochas (concentração abaixo da barreira mineralógica)
requerem técnicas de extração mecânicas/químicas mais avançadas e com
necessidades energéticas muito maiores. Isto torna o custo do recurso muito
maior e inviável para certas aplicações.
Restrições ambientais: a extração de recursos traz uma série de impactes
ambientais, nomeadamente:
Perturbação de ecossistemas á superfície ou abaixo dela (por exemplo devido
a minas a céu aberto).
Uso intensivo de água.
Toxicidade de alguns compostos usados em extração química ou libertados
durante a extração mecânica e/ou fundição.
2. Avaliação de ciclo de vida (LCA)
a. Introdução à LCA
Avaliação de ciclo de vida: estudo dos impactos ambientais de um produto durante
todo o seu ciclo de vida (desde a extração das matérias-primas até ao seu
processamento após este perder utilidade). Os impactos ambientais são avaliados em
termos do consumo de recursos e energias e emissões para o ar, água e solos.
Exemplos de utilizações mais comuns de uma LCA:
A nível geral:
Comparação de escolhas alternativas.
Identificação de medidas para melhorar o impacto ambiental.
Determinação das interações entre produto/processo e ambiente.
…
A nível particular:
Definição do desempenho de um produto ao longo do seu ciclo de vida.
Ferramenta auxiliar para gestão (identificação de melhoramentos do produto
ou novos produtos, otimização do processo, politicas ambientais, etc.).
Comparação do desempenho ambiental de um produto com os produtos
concorrentes.
…
Passos de uma LCA:
I. Definição de objectivo e âmbito (Norma ISO 14041)
II. Análise de inventário (Norma ISO 14041)
III. Avaliação de impacto ambiental (Norma ISO 14042)
IV. Interpretação de resultados (Norma ISO 14043)
c. II – Análise de inventário
Etapa na qual se recolhem dados acerca do processo e se relacionam estes com a
unidade funcional, sendo identificadas e calculadas as cargas ambientais inerentes a cada
produto/actividade.
Cargas ambientais: quantidade de substâncias, ruídos ou vibrações que são emitidas ou
retiradas com efeitos nefastos. As cargas ambientais de um produto podem ser obtidas
através de um balanço entre entradas e saídas de cargas ambientais nas fronteiras
definidas. Estas são definidas em função dos vários produtos do processo, ou seja, estão
distribuídas por estes.
PASSOS:
1) Recolher dados sobre todos os fluxos de entradas e saídas: fluxos de e para o ambiente e
outros processos. Fontes de dados: bases de dados eletrónicas, literatura, informação não
publicada e medições/cálculos (entre os quais os balanços de massa e energia para estimar
os dados à saída).
2) Normalizar os dados recolhidos, tendo como referencia a unidade funcional definida (por
exemplo se os dados tiverem por ton de produto e a unidade funcional for 1 kg de produto
então passa-se a ton a kg).
3) Alocar (distribuir) as emissões e extração de recursos de um dado processo a todos os seus
produtos (ex: numa refinaria produz-se gasolina, gasóleo, nafta, etc. – as cargas ambientais
são distribuídas por todos estes produtos). Critérios de alocação:
No caso de um só produto observado este recebe toda a carga ambiental.
Divisão entre vários produtos feita proporcionalmente em função da massa,
volume e/ou conteúdo energético dos produtos (ex: se um produto tiver 1 kg e
outro 2 kg então o primeiro recebe [1/(2+1)]100% = 33% da carga ambiental e o
segundo recebe [2/(2+1)]100% = 67%)
Na presença de reações químicas a divisão é feita em função de uma base molar ou
do calor de reação.
4) Cálculo das cargas ambientais: baseado no conceito de
ecovector – vector contendo os valores de várias cargas
ambientais (depleção de recursos, emissões de poluentes,
produção de resíduos sólidos, poluição sonora, etc.). Cada
fluxo de energia ou matéria tem associada a si um
ecovector, cujas unidades são kg/kg e kg/Kwh,
respetivamente (ou CA/kg e CA/kWh para cargas que não
sejam emissões nem consumo de recursos, como p.ex.
barulho e radiação).
Também os produtos têm ecovectores a si associados, sendo o objectivo desta etapa da
análise de inventário calcular esses ecovectores. Para tal usam-se balanços às cargas
ambientais no processo (de acordo com as fronteiras já definidas). Para um processo
genérico definido pelo seguinte diagrama (IEi – entradas de energia (kWh), IPi – entradas
de matéria (kg), Pi – produtos (unidade funcional), Wi – resíduos (kg)):
Eutrofização = ∑ EP𝑖 × 𝑚𝑖
𝑖=1
sendo mi a massa de substância emitida (resultado vindo da análise de inventário).
Acidificação: a acidifação das chuvas acontece devido às emissões de óxidos de azoto
(NOx) e enxofre (SOx) que reagem com o vapor de água atmosférico e radicais OH
formando ácido nítrico e sulfúrico, respectivamente. Ao cair nos solos e águas a chuva
ácida altera o seu pH afectando os ecossistemas destas. Para além disso edifícios são
corroídos como resultado deste fenómeno. A substância de referência é o SO2,
definindo-se um potencial de acidificação, PA, tal que PA do SO2 é 1. Assim as emissões
de outros poluentes que provocam acidificação são convertidas a kg equivalente de SO2
(kg eq. SO2) multiplicando as emissões por PA:
𝑛𝑆𝐴
Acidificação = ∑ PA𝑖 × 𝑚𝑖
𝑖=1
sendo mi a massa de substância emitida (resultado vindo da análise de inventário).
Smog de verão: designado de efeito fotoquímico, é a transformação de poluentes
primários, como óxidos de azoto e compostos orgânicos voláteis (COV) em ozono e
nitratos de peroxiacilo, PAN (poluentes secundários) na troposfera por acção de
radiação solar. O ozono troposférico e os PAN são tóxicos para o ser humano,
provocando irritações nos olhos e vias respiratórias e mesmo morte se a exposição for
prolongada. Para os poluentes primários define-se o potencial fotoquímico de criação
de ozono, PFCO, como sendo a capacidade de compostos orgânicos voláteis em gerar
ozono troposférico, usando-se como composto de referência o etileno, para o qual PFCO
= 1. Assim as emissões de compostos orgânicos voláteis e NOx são convertidas a kg
equivalente de etileno (kg eq. C2H4) pelo seu valor de PFCO:
𝑛𝑝𝑜𝑙.𝑝𝑟𝑖𝑚
Smog Inverno = ∑ 𝑚𝑖
𝑖=1
sendo mi a massa de partículas emitida (resultado vindo da análise de inventário).
Pesticidas: os pesticidas são substâncias com efeitos tóxicos, afectando tanto a saúde
humana, por contaminação de lençois freáticos, como toda a fauna e flora do
ecossistema. O indicador do efeito de pesticidas é calculado por soma da massa de
substância activa em cada um desses pesticidas:
𝑛𝑝𝑒𝑠𝑡
Por fim, tendo sido obtidos os valores dos indicadores finais estes são agrupados de
modo a calcular o valor do ecoindicador, usando factores de peso subjetivos que
reflectem a importância que cada uma das 3 categorias anteriores tem para o analista.
De modo a tentar modelar esta subjetividade e encontrar factores subjectivos usa-se a
teoria cultural. De acordo com esta teoria existem 5 arquétipos de pessoas, conforme
as tendências para estas se integrarem num grupo (group) e as influencias que as
condições externas têm nas suas vidas (grid):
Individualista: fraca tendência para integração em grupos e fraca influência de
condições externas. Tendem a ser independentes mas tentam controlar outros.
Equalitário: têm fortes ligações a grupos mas não são influenciados por
condicionantes externas. Não há diferenciação no grupo mas pode haver conflitos.
Hierarquista: forte ligação ao grupo e condicionados fortemente pelo exterior.
Neste tipo de situação há pessoas a controlar outras e há estabilidade.
Fatalista: fraca ligação a grupos (tendências individualistas) mas forte influência por
agentes externos (tendem a ser controladas).
Autonomista: não têm afinidade para grupos nem são influenciados por
condicionantes externas.